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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA xxx VARA CRIMINAL DO JURI DA COMARCA DE xxx
Processo nº: xxx
JERUSA, já qualificada nos autos do PROCESSO CRIMINAL em epígrafe que lhe move o MINISTÉRIO PÚBLICO, Justiça Pública, por seu advogado, abaixo subscrito, cujo instrumento de procuração segue em anexo, inconformado com a respeitável decisão prolatada por Vossa Excelência, que incidiu a acusada nos artigos 121 e 18, I do Código Penal, vem, perante Vossa Excelência, interpor
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
Dentro do prazo legal e com fundamento no artigo 518, IV do Código de Processo Penal consoante as razões recursais que seguem em anexo.
Assim a recorrente pleiteia o RECEBIMENTO E O PROCESSAMENTO DO PRESENTE RECURSO e espera que Vossa Excelência exerça o juízo de retratação, previsto no art. 589, parágrafo único do Código de Processo Penal, a fim de que IMPRONUNCIE A RÉ do crime capitulado no artigo 121 e 18, I do Código Penal para o crime capitulado no art. 302 do Código de trânsito brasileiro.
Desse modo, caso Vossa Excelência não exerça o juízo de retratação, a recorrente requer o envio dos autos ao Egrégio Tribunal de Justiça esperando o provimento do presente Recurso em Sentido Estrito.
Nestes Termos,
Pede deferimento.
Local/Data
Advogado xxx
OAB nº xxx
Razões de Recurso em Sentido Estrito
Processo crime nº xxx
Recorrente: JERUSA
Recorrido: Ministério Público
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE xxx COLENDA CÂMARA CRIMINAL DOUTA PROCURADORIA DE JUSTIÇA
Colenda Câmara Criminal, a respeitável decisão proferida pelo Meritíssimo Juiz de Direito da xxx Vara Criminal da Comarca xxx está em total discordância com os ditames legais, sendo imperiosa a sua reforma, conforme exposição a seguir:
I – DA TEMPESTIVIDADE
O presente recurso em sentido estrito MERECE SER PROVIDO, para que seja DESCLASSIFICADO o homicídio doloso (art. 121 c/c 18, I do Código Penal) para o crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302, do Código de Trânsito Brasileiro).
II – DOS FATOS
JERUSA, atrasada para importante compromisso profissional, dirige seu carro bastante preocupada, mas respeitando os limites de velocidade. Em uma via de mão dupla, Jerusa decide ultrapassar o carro à sua frente, o qual estava abaixo da velocidade permitida.
Para realizar a referida manobra, entretanto, Jerusa não liga a respectiva seta sinalizadora do veículo e, no momento da ultrapassagem, vem a atingir, Diego, motociclista que, em alta velocidade, conduzia sua moto no sentido oposto da via.
Não obstante a presteza no socorro que veio após o chamado da própria Jerusa e das demais testemunhas, Diogo falece em razão dos ferimentos sofridos pela colisão.
III – DO DIREITO
PRELIMINARES:
1. Nulidade por incompetência do juízo, nos termos do art. 564, I do Código de Processo Penal
Assim, como a INEXISTÊNCIA da ocorrência de crime doloso contra a vida, o tribunal do júri não é competente para apreciar a questão, em razão pela qual deve ocorrer a desclassificação, nos termos do artigo 419 do Código de Processo Penal.
2. Ausência de pressuposto ou condição para o exercício da ação penal, o que deveria ter motivado, desde o início, a rejeição liminar da peça acusatória, conforme previsão no artigo 395, II do Código de Processo Penal.
Dessa forma, percebe-se NITIDAMENTE que a conduta que melhor se adequa ao caso ora discutido é a conduta prevista no artigo 302 do Código de Trânsito brasileiro, razão pela qual a Recorrente deverá responder somente pela prática de Homicídio culposo na Direção de Veículo Automotor.
IV – DO MÉRITO
A apelante foi erroneamente, condenada pelo crime de homicídio simples na modalidade dolosa pelo juízo ad quo. No caso aqui citado, Jerusa, apesar de preocupada, observa os limites de trânsito impostos pelo CTB e ao bom senso comum, seguindo seu caminho mantendo a velocidade dentro da permitida no local em que se encontrava. Porém, por um descuido, Jerusa não ligou a seta sinalizadora do veículo.
Deste modo, não há como afirmar que a Recorrente incorreu em culpa, isso porque para que se caracterize o dolo eventual se faz necessário, além da previsão do resultado, que o agente assumo o risco pela ocorrência do mesmo, nos termos do artigo 18, inciso I do Código Penal, o que confirma que o nobre representante do Ministério Público Estadual não foi feliz ao adotar a Teoria do Consentimento.
Sendo que, Excelência houve culpa exclusiva da vítima, pois ela vinha trafegando em sua moto em alta velocidade, que não houve possibilidade de frear o seu veículo e evitar a colisão com o veículo da denunciada o que elimina, na conduta da acusada, o dolo e a culpa. Sem a presença de elemento subjetivo, não existe a possibilidade de caracterização de tipificação penal. Consequentemente, deve ser defendida a tese de que a conduta de Jerusa se caracteriza como fato atípico, sendo incabível a sua pronúncia.
Jurisprudência:
AI 831778
Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA
Julgamento: 16/12/2010
Publicação: 01/02/2011
Decisão
automotor, não concedendo a esse Agente os benefícios que são concedidos àqueles processados por homicídio culposo” (fls. 336-337). 4. A decisão agravada teve como fundamento para a inadmissibilidade do recurso extraordinário a harmonia do julgado recorrido com a jurisprudência do Supremo Tribunal (fls. 368-370). O Agravante assevera que estariam presentes os pressupostos de admissibilidade do recurso extraordinário. Analisados os elementos havidos nos autos, DECIDO. 5. Razão jurídica não assiste ao Agravante. 6. Este Supremo Tribunal assentou a constitucionalidade do art. 302 do Código de Trânsito Brasileiro: “DIREITO PENAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. HOMICÍDIO CULPOSO. DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. CONSTITUCIONALIDADE. ART. 302, PARÁGRAFO ÚNICO, LEI 9.503/97. IMPROVIMENTO. 1. A questão central, objeto do recurso extraordinário interposto, cinge-se à constitucionalidade (ou não) do disposto no art. 302, parágrafo único, da Lei nº 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro), eis que passou a ser dado tratamento mais rigoroso às hipóteses de homicídio culposo causado em acidente de veículo. 2. É inegável a existência de maior risco objetivo em decorrência da condução de veículos nas vias
Outras ocorrências
Decisão (2)
ARE 889427
Relator(a): Min. GILMAR MENDES
Julgamento: 09/06/2015
Publicação: 12/06/2015
Decisão
imprudência e negligência, colidiu seu automóvel GM Blazer com o veículo GM Corsa Classic, causando lesões corporais na condutora e a morte da filha dela. Após regular trâmite da instrução, a denúncia foi julgada procedente e o então réu, condenado pela prática dos delitos descritos nos arts. 302 e 303, do Código de Trânsito Brasileiro, às penas de 2 anos e 4 meses de detenção, em regime aberto, substituída por duas restritivas de direito, sendo uma de prestação de serviços à comunidade e a outra pecuniária, correspondente a dez cestas básicas, além da suspensão da habilitação para dirigir veículo automotor por dois meses. Irresignada, a defesa interpôs apelação perante o Tribunal de Justiça Carioca. O recurso teve provimento negado, nos termos da ementa a seguir transcrita: “APELAÇÃO. Código de Trânsito Brasileiro. Arts. 302 e 303. lesão corporal culposa e homicídio culposo na direção de veículo automotor em formal. Sentença condenatória. Apelo defensivo suscitando preliminares de nulidade do processo, com pedido meritório de absolvição. Preliminar de ocorrência de decadência do direito de representação pela vítima Luzinete com relação ao crime de lesão culposa. Rejeição
Legislação
LEG-FED LEI-009503 ANO-1997 ART-00302 ART-00303 CTB-1997 CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
Outras ocorrências
Decisão (3)
Tribunal de Justiça do Paraná - TJ-PR – PROCESSO CRIMINAL – Recursos – Apelação: APL XXXXX-27.2016.8.16.0017 PR XXXXX-27.2016.8.16.0017
Ementa
APELAÇÃO CRIMINAL. Homicídio Culposo na direção de veículo automotor (Art. 302 do Código de Trânsito Brasileiro). Sentença Condenatória. Recurso da defesa. Pedido de absolvição. Dúvida acerca da inobservância dos deveres de cuidado. Aplicação do InDubio Pro Reo. Absolvição com fundamento no Art. 386, VII, do Código de Processo Penal. Recurso Provido (TJPR-1º C. Criminal – XXXXX-27.2016.8.16.0017 – Maringá – Rel.: Juiz Naor R. de Macedo Neto – J. 06.12.2018)
Tribunal de Justiça do Mato Grosso TJ-MT: XXXXX-60.2021.8.11.0000 MT
EMENTA
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO – art. 121, §§ 2º, IV e 4º do CP – Sentença de Pronúncia – Acidente de Trânsito – Homicídio doloso – pedido desclassificatório para homicídio culposo – procedência – falta de elementos mínimos de prova que justifique quem a pronúncia a título de crime doloso contra a vida – desclassificação de dolo eventual para culpa, demonstrada a imprudência do Recorrente – Condenação pelo artigo 302 da Lei 9503/97 – Recurso Provido, de acordo com o parecer da PGJ.
	
V – DO PEDIDO
Diante do exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso em sentido estrito, com a finalidade de:
a) Preliminarmente, que seja reconhecida a nulidade arguida, anulando-se a decisão de pronuncia;
b) Na hipótese de rejeição da preliminar, quanto ao mérito requer-se a absolvição sumária;
c) Se Vossa Excelência entender por bem não acolher o que foi pedido no mérito, pleiteia-se subsidiariamente, a despronúncia da Recorrente, que seja reformada a respeitável sentença de pronúncia, desclassificando o homicídio doloso para o crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor.
Nestes Termos,
Pede deferimento.
Local /09/08/2016
Advogado
Oab nº xxx

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