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História geral e do Brasil - Vol 3 Claudio Vicentino-31

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o	fIM	Da	guerra	frIa	e	a	Nova	orDeM	MuNDIal	 241
Outro sério problema para os Estados na eco-
nomia globalizada é o volume gigantesco dos valores 
financeiros em circulação pelo mundo, que tanto po-
dem estimular fortemente a economia desta ou da-
quela região, com imensos investimentos de capitais, 
quanto sufocá-la, com a saída dos capitais aplicados. 
Nesse quadro monetário internacional têm surgi-
do propostas para sua alteração, visando a uma maior 
garantia de estabilidade nos fluxos e valores. Um exem-
plo é a sugestão feita em 1995, e reiterada nos anos se-
guintes pelo G24, grupo dos 24 países representantes 
das nações em desenvolvimento da América Latina, 
África e Ásia. Na proposta, tomando o FMI como 
avalista, seria criado um novo padrão monetário in-
ternacional baseado num valor médio de uma cesta 
composta das cinco principais moedas do mundo. O 
contexto dessas discussões pode ser mais bem com-
preendido se for traçado um breve histórico da ordem 
monetária internacional ao longo do século XX.
Até meados dos anos 1990, a economia mundial, 
em contínua expansão, contou com várias ordens 
monetárias, cuja variação espelhou as transforma-
ções históricas do capitalismo.
do padrão-ouro à supremacia do dólar: 
o sistema Bretton Woods
Do século XIX a 1914, o mundo capitalista oci-
dental contou com um sistema monetário susten-
tado no padrão-ouro. Isso significava que todas as 
moedas nacionais eram convertidas em quantidades 
fixas e padronizadas de ouro, o que determinava as 
respectivas taxas cambiais nas relações comerciais e 
de fluxos de capitais entre as nações. Essa foi a épo-
ca da predominância internacional da libra esterlina 
inglesa.
Com a Primeira Guerra Mundial, a conversibili-
dade foi abandonada em meio às crescentes emissões 
monetárias dos vários países, originando as taxas fle-
xíveis em vigor na década de 1920. Tal sistema definia 
a relação entre as moedas, obtida com base em seus 
valores em 1914, multiplicados pelo diferencial de in-
flação entre elas.
A ordem flexível permitiu amplos fluxos de capi-
tais especulativos, provocando profundas oscilações, 
que afetaram o intercâmbio internacional de merca-
dorias e de serviços e os próprios valores monetários. 
Ao mesmo tempo, deu-se a ascensão da supremacia 
internacional do dólar norte-americano, expressando 
a liderança dos Estados Unidos no mundo ocidental.
Próximo do final da Segunda Guerra Mundial, 
em 1944, a ordem monetária internacional foi nova-
mente reorganizada no Acordo de Bretton Woods, 
que criou o Fundo Monetário Internacional (FMI) e 
o Banco Mundial. Nessa localidade do estado de New 
Hampshire, Estados Unidos, reuniram-se represen-
tantes de 44 países, incluindo a União Soviética, e 
definiu-se um regime de câmbio em que o ouro e o 
dólar eram transformados no eixo central do sistema 
monetário internacional.
p	 o	 acordo	 de	 Bretton	 Woods	 determinava	 que	 os	 estados	
unidos	garantiriam	a	conversão	do	dólar	em	ouro	entre	os	
bancos	centrais	dos	países,	baseada	na	paridade	de	35	dó-
lares	 por	 onça-troy	 de	 ouro	 (exatamente	 31,104	 gramas).	
Na	 foto	 de	 1944,	 os	 representantes	 reunidos	 em	 Bretton	
Woods.
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No fundo, o dólar substituía a posição que fora 
antes ocupada pela libra esterlina. Esse sistema, po-
rém, começou a apresentar dificuldades pouco tempo 
depois, principalmente devido à emissão progressiva 
de dólares por parte dos Estados Unidos, a fim de ga-
rantir recursos para financiar seus gastos públicos, 
como os programas sociais do presidente Kennedy e 
a política externa, principalmente a Guerra do Vietnã.
A emissão descontrolada de dólares resultou em 
inflação exportada para a economia mundial, atrain-
do, por um lado, os protestos de várias personalidades 
internacionais, especialmente do presidente francês 
Charles de Gaulle, e, por outro, a crescente troca das 
reservas em dólares de vários países por respectivas 
quantidades em ouro, colocando em risco as próprias 
reservas em ouro dos Estados Unidos.
Em 1971, o presidente norte-americano Richard 
Nixon quebrou o Acordo de Bretton Woods simples-
mente suspendendo a conversibilidade do dólar ao 
ouro, e pouco depois desvalorizando o dólar e liberan-
do seu preço em relação ao ouro e a outras moedas.
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242	 Do	pós-guerra	ao	século	XXI
o reinado do dólar: o antissistema 
Bretton Woods e as crises
Em 1976, oficializou-se outra ordem monetária 
internacional, que deixava livre a taxa cambial dos 
países. Era um antissistema Bretton Woods, inspira-
do nos monetaristas (neoliberais) norte-americanos 
liderados por Milton Friedman, em que prevaleciam 
as taxas flutuantes das moedas, livremente determi-
nadas pelos mercados.
Foi dentro desse antissistema que, na década de 
1970, ocorreu uma acentuada desvalorização do dólar 
em relação a algumas moedas fortes, especialmente o 
iene (Japão) e o marco alemão, situação que só foi re-
vertida durante os anos 1980, com o governo Reagan. 
Graças ao pagamento de altas taxas de juros aos in-
vestimentos feitos nos Estados Unidos, foram atraídos 
enormes capitais internacionais, sem, contudo, anular 
os constantes deficits norte-americanos.
O grande fluxo de recursos para os Estados Uni-
dos dispensava a emissão de moeda e até servia para 
cobrir despesas. A partir de 1985, o governo norte-
-americano, sob o comando do secretário do Tesouro 
James Baker, retomou passo a passo a normalização 
da taxa cambial do dólar, desvalorizando-o em rela-
ção ao iene e ao marco alemão e conservando a taxa 
cambial flutuante. Essa medida, que facilitava as idas 
e vindas do capital especulativo, resultou em violen-
tas oscilações das taxas cambiais das nações.
Um exemplo das consequências desestabiliza-
doras que podem ser provocadas pela entrada de 
grande volume de investimentos seguida de fuga 
de capitais especulativos aconteceu no México, em 
1994-1995, obrigando o governo desse país a buscar 
ajuda financeira internacional, especialmente nos 
Estados Unidos e em órgãos internacionais. O empe-
nho norte-americano visou, antes de tudo, evitar uma 
completa quebradeira no México, cujas dificuldades, 
temia-se, poderiam irradiar-se para todo o Nafta. Para 
o México, mesmo assim, a crise derrubou o PIB em 
mais de 7%, dobrou o desemprego e fez a inflação sal-
tar de 7,1%, em 1994, para mais de 48%, em 1995. O 
“efeito tequila” – como ficou conhecido – respingou 
em vários outros países latino-americanos.
A especulação monetária repetiu-se com uma 
onda de novos colapsos financeiros, como aconteceu, 
em 1997, em alguns países do Sudeste Asiático; em 
1998, na Rússia; e em 1999, no Brasil. Foi nessa situação 
de crise que nasceu o G20, grupo que congrega repre-
sentantes das grandes economias dos países emergen-
tes e desenvolvidos, com o objetivo de obter estabilida-
de financeira e política para evitar novas crises interna-
cionais. Mesmo assim, os rastros de frequentes crises 
continuaram. Entre os anos de 2000 e 2002, foi a vez da 
Turquia e da Argentina, provocando efeitos em vários 
outros países, inclusive no Brasil. Até mesmo a situa-
ção norte-americana após os atentados terroristas de 
setembro de 2001 serviu de palco para acentuadas os-
cilações nos investimentos, o que reforçou a volatilida-
de do sistema financeiro internacional. Vários países, 
buscando evitar depender de empréstimos interna-
cionais (FMI) ou de ataques especulativos nos últimos 
anos, empenharam-se em acumular reservas, alguns 
deles chegando a socorrer a entidade em 2009, frente o 
alastramento da crise iniciada em 2008.
A crise de 2008 tem sido apontada como a mais 
grave da economia capitalista desde 1929. Iniciou-se 
nos Estados Unidos, no final do governo de George 
W. Bush, prosseguindo durante o primeiro mandato 
de Barack Obama. Irradiando-se pelo mundo, a crise 
abalou as crenças num mercado autorregulado – não 
precisando de controle externoa ele – e nos fundamen-
tos neoliberais, reativando o intervencionismo estatal 
para conter colapsos econômicos ainda mais intensos 
e profundos por todo o sistema internacional. Estima-
va-se que, em meados de 2009, o volume de recursos 
despejados pelos tesouros e bancos centrais do planeta 
teria chegado a US$ 9 trilhões para socorrer bancos e 
empresas. Propagaram-se as desvalorizações de bens e 
perdas de investimentos, sendo que somente nos Esta-
dos Unidos estimava-se o prejuízo de US$ 13 trilhões 
no valor de suas propriedades, mais de 6 milhões de 
empregos perdidos e uma taxa de desemprego que pa-
recia atingir “o nível mais alto registrado desde 1940”.5
A partir de 2010, nos destaques sobre economia 
internacional, ganhavam espaço as crises financeiras 
dos países do sul da Europa, cujas dívidas externas pú-
blicas e privadas somavam mais de US$ 3,4 trilhões, 
a maior parte delas tendo como credores os bancos 
de Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Suíça. 
Esses países em crise financeira eram chamados de 
Piigs (acrônimo de Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Es-
panha), uma forma depreciativa de se referir às cinco 
economias (em inglês tem sonoridade e escrita seme-
lhante a “porcos”), cujas dificuldades e possibilidade de 
calote irradiavam a crise para todo o sistema da Zona 
do Euro. Firmava-se a convicção de que o sistema mo-
netário internacional continuava à mercê da força de 
seu gigantismo, com suas seguidas e sérias crises.
5 KRUGMAN, Paul. Como puderam os economistas errar tanto? O Estado de S. Paulo, 6 set. 2009. p. B8.
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	 o	fIM	Da	guerra	frIa	e	a	Nova	orDeM	MuNDIal	 243
Na Europa, para dar conta dessa situação, dis-
cutiam-se medidas de socorro e atuações, apesar de 
todas as dificuldades e divergências entre seus Es-
tados-membros. Não apenas entre Estados, mas tam-
bém no interior das próprias nações, já que os efeitos 
das medidas atingiam diferentemente os diversos 
grupos sociais. Entre as principais respostas apresen-
tadas, boa parte recaía sobre políticas de austeridade, 
como não substituição dos funcionários aposentados, 
redução dos salários nominais, fortes cortes nas des-
pesas públicas, diminuição dos serviços sociais e au-
mento de tributação. Medidas com grande resistência 
social, ativando grandes manifestações públicas e di-
ficuldades políticas. 
norte e sul: desigualdades e 
meio ambiente
A globalização e suas políticas neoliberais ao 
mesmo tempo que motivaram surtos de otimismo 
desenvolvimentista em alguns setores sociais, tam-
bém atraíram críticas quanto a seus efeitos sociais 
e sobre o meio ambiente. Entre os aspectos mais 
criticados estava o agravamento das desigualdades 
econômicas e sociais em todo o mundo. Contribuí-
ram para isso: as privatizações; a globalização finan-
ceira, enquanto os instrumentos de regulação, os 
bancos centrais nacionais, estavam fragmentados 
em cerca de 190 nações; o enxugamento do Estado; 
a diminuição de custos na produção; a transferência 
de centros produtivos para regiões mais atraentes 
do ponto de vista financeiro. Somados, esses fatores 
provocaram processos de dinamização comercial 
e financeira e, ao mesmo tempo, 
altos índices de desemprego e de 
concentração de renda, com bol-
sões de riqueza ou de pobreza e 
miséria. Contudo, vários governan-
tes, nos últimos anos, buscaram 
combinar as políticas neoliberais e 
sociais, temperando medidas que, 
se não reverteram por completo as 
desigualdades sociais, consegui-
ram alavancar o desenvolvimento 
econômico e a inclusão social, 
despencando as taxas de pobreza 
e miséria, exemplos evidentes entre 
BRICS, América Latina e diver-
sos outros países. Mesmo assim, 
continuaram carregando enormes 
p	 Jovem	coletando	água	em	uma	área	ocupada	por	cerca	de	quarenta	mil	pessoas	
nos	arredores	de	Madri,	espanha,	formando	um	bolsão	de	pobreza	na	capital	es-
panhola.	foto	de	2010.
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a UniãO EUrOPEia dividida
Durante doze anos, a Zona do Euro – inspirada pelos dogmas 
liberais – funcionou como uma simples união monetária, sem equi-
valente político e social. Os déficits comerciais dos países do sul 
constituíam a imagem oposta dos excedentes registrados no norte. 
A moeda única inclusive serviu à Alemanha, ao “esfriar” sua econo-
mia depois da custosa reunificação de 1990.
Mas a crise da dívida balançou esse equilíbrio. Berlim reagiu 
exportando sua receita de austeridade, o que agravou a polarização 
social no seio dos Estados do sul e as tensões econômicas no cora-
ção da Zona do Euro. Surge agora um eixo norte-credor/sul-deve-
dor, nova divisão do trabalho orquestrada pelos países mais ricos.
TSIPRAS, Alexis. Nossa solução para a Europa. 
Le Monde Diplomatique Brasil, n. 67, fev. 2013. p. 20.
índices de desigualdades sociais e suas consequên-
cias. Um exemplo da reversão, segundo o Banco 
Mundial, foi o indicador sobre o total da população 
que vivia com renda indivi dual inferior a US$ 1,25 
(o novo método para definir a linha de pobreza), o 
qual chegou a 1,39 bilhão de pessoas em 2005, 25% 
da população mundial, caindo para 1,29 bilhão em 
2008, sendo a China a principal responsável por 
essa diminuição. 
∏	 charge	 publicada		
na	Folha de S. Pau-
lo,	em	fevereiro	de	
2012.
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244	 Do	pós-guerra	ao	século	XXI
Outra área que tem causado preocupação rela-
ciona-se ao agravamento dos problemas ambientais 
e ao aproveitamento dos recursos naturais, que pa-
recem incompatíveis com o crescimento econômico 
mundial. Um possível controle do problema exigiria 
uma atuação planetária, porém prevalece uma teimo-
sa ausência de regras e falta de ação de órgãos inter-
nacionais, resultando na incapacidade de uma atua-
ção efetiva mundial.
Estudiosos insistem na não sustentabilidade do 
meio ambiente frente à dinâmica de nossa socieda-
de produtora/consumista. Um exemplo contunden-
te são as mudanças climáticas como decorrência do 
consumo dos recursos naturais, muito além do que a 
natureza consegue repor. Estima-se que a elevação da 
temperatura do planeta neste século, devido ao efeito 
estufa advindo principalmente pela emissão de po-
luentes, será de 1,4 a 5,8 graus, ampliando o número 
e a dimensão de furacões, inundações e secas, provo-
cando a elevação dos oceanos e o desaparecimento 
de diversas ilhas e regiões. Segundo Nicolas Stern, ex-
-economista-chefe do Banco Mundial, as mudanças 
climáticas poderão resultar numa recessão econômi-
ca mundial jamais vista, com uma perda de cerca de 
20% do Produto Bruto Mundial.
Como destaca o jornalista Washington No vaes,6 
segundo dados levantados sobre o ano de 2005, as 
emissões de gases que provocam o efeito estufa chega-
ram a 25 bilhões de toneladas, sendo 25% desse total 
por parte dos Estados Unidos, numa evolução mundial 
que tem crescido acima de 1% ao ano desde o ano 2000. 
São questões que escapam às tradicionais divisões 
ideo lógicas, já que nem o capitalismo nem o socialismo 
se mostraram capazes de criar padrões de produção e 
consumo sustentáveis, e matrizes enérgicas compatí-
veis com as necessidades e possibilidades do planeta.
Segundo relatório do Programa das Nações Uni-
das para o Desenvolvimento (Pnud), da ONU, 80% da 
produção e do consumo estão nos países industriali-
zados, que abrigam menos de 20% da população mun-
dial. O Brasil ocupa a posição de quarto maior emis-
sor de poluentes do planeta, sendo que 75% desses 
poluentes decorrem dos desmatamentos, queimadas 
e mudanças no uso do solo, principalmente na Ama-
zônia, apesar de alguns avanços nos últimos anos.
No final do século XX, a Organização Inter-
nacional do Trabalho (OIT) divulgou que estavam 
desempregados ou subempregados mais de 30% da 
população economicamente ativa (PEA) do mundo, 
formada por cerca de 1 bilhão de pessoas.Taxas ele-
vadíssimas de desemprego atingiam inclusive países 
europeus desenvolvidos, como Espanha, França e 
Alemanha. Destacando somente o número de desem-
pregados que haviam sido registrados em 2007, a OIT 
chegava a um total de 179,5 milhões e, ante a crise 
internacional iniciada em 2008, estimavam-se acrés-
cimos progressivos, sendo que em 2012 alcançou 197 
milhões (dos quais 73,8% eram jovens). As estimativas 
da OIT para 2013 é de um acréscimo de 5,1 milhões e 
mais 3 milhões de desempregados em 2014. 
Nesse quadro, ou o Estado estava desempenhan-
do cada vez menos a função de garantir o bem-estar e 
de agir para atenuar as diferenças sociais, ou estava se 
mostrando impotente para controlar a piora da situa-
ção. No início do século XXI, os grupos humanos me-
nos favorecidos, especialmente as crianças dos países 
pobres, eram as principais vítimas de uma realidade 
injusta e concentradora de renda. 
Numa ordem internacional em que o mercado 
passou a ser cada vez mais o eixo da vida, da organiza-
ção social e da política, não é de estranhar a crescente 
valorização do consumo, definidor do status social, 
orientador de objetivos e metas indivi-
duais, e a destruição do meio ambiente em 
virtude da exploração mal planejada dos 
recursos naturais. Com uma população 
mundial de cerca de 7 bilhões de habitan-
tes em 2013, acrescentava-se o aumento de 
aproximadamente 70 milhões a cada ano, 
potencializando as fragilidades do meio 
ambiente.
∏	 poluição	lançada	por	uma	grande	usina,	em	Xan-
gai,	china,	em	28	de	janeiro	de	2010.	os	impactos	
causados	pela	poluição	têm	desencadeado	suces-
sivos	protestos	na	china.
Q
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6 Disponível em: <www.camara.gov.br/internet/tvcamara/default.asp?selecao=MAT&Materia=44814&velocidade=100k>. Acesso em: 6 nov. 2009.
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	 o	fIM	Da	guerra	frIa	e	a	Nova	orDeM	MuNDIal	 245
Para rEcOrdar: a evolução do capitalismo – globalização
atividadEs
1.	 	orientando-se	pelo	esquema-resumo	e	utilizando	 informações	do	capítulo	estudado,	explique	os	 fatores	que	
contribuíram	para	o	fim	da	união	soviética	em	1991.	
2.	 	partindo	do	esquema-resumo,	associe	o	processo	de	globalização	ao	fortalecimento	das	teorias	neoliberais.	
MERCADO SOCIEDADE
NEOLIBERALISMO
NOVA ORDEM MUNDIAL
EUA, JAPãO, ALEMANhA E 
PAíSES DESENVOLVIDOS
blocos econômicos
Norte/Sul
superação das 
fronteiras
liderança
novos 
integrantes
BRIC e 
emergentes
teóricos: Friedrich Hayek e 
Milton Friedman
aplicação: Margareth Thatcher, 
Ronald Reagan e Helmut Kohl
CAPITAL
ECONOMIA DE MERCADO
TRABALHO
PRIORIDADE SOCIAL
p
Modernidade e liberalismo
1ª- e 2ª- Revolução Industrial
Século XX: guerras e lideranças 
dos Estados Unidos
1929: crise liberal e o 
keynesianismo (bem-estar social)
3ª- Revolução Industrial
•	microeletrônica/química fina
•	biotecnologia
•	megainvestimentos
•	superconcentração de capitais
p
Questão social e lutas trabalhistas
Socialismos
Sindicatos e mobilização
Revolução Russa de 1917
•	URSS – planificação
URSS – crise
•	Gorbatchev
1989: queda do Muro de Berlim
Dezembro de 1991: fim da União 
Soviética
Guerra Fria
3
3
•	Nafta
•	União Europeia
•	Bloco do Pacífico
•	“Estado mínimo” – exclusão social
•	crise do Estado de bem-estar social
•	migrantes e xenofobia
para mercadorias e capitais,
não para trabalho e direitos
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246	 Do	pós-guerra	ao	século	XXI
1 conhecendo o ponto de vista de um geógrafo
	 No	texto	a	seguir,	o	geógrafo	Carlos	Walter	Porto-Gonçalves	faz	algumas	considerações	sobre	os	limites	
existentes	 na	 relação	 das	 sociedades	 com	 a	 natureza.	 Leia-o	 e,	 a	 seguir,	 responda	 às	 questões	 que	 o	
acompanham.
a)	 O	autor	refere-se,	no	início	do	seu	texto,	ao	discurso	malthusiano.	Mobilizando	seus	conhecimentos	de	Geo-
grafia,	pesquise	quem	foi	Thomas	Malthus	e	que	teoria	ele	defendia	acerca	do	crescimento	populacional.	
b)	Cite	ao	menos	dois	recursos	no	planeta	cujo	esgotamento	representa	um	risco	iminente.	
c)	 Para	Carlos	Walter	Porto-Gonçalves,	a	quem	deve	ser	atribuída	a	responsabilidade	para	o	esgotamento	
dos	recursos	naturais	do	planeta?
d)	Na	opinião	do	autor,	é	possível	a	concretização	do	sonho	de	criar	uma	sociedade	em	que	todos	os	habi-
tantes	gozem	dos	padrões	de	vida	hoje	desfrutados	pelas	classes	sociais	mais	elevadas?	Por	quê?
2 leitura e interpretação de texto
	 O	texto	que	se	segue	foi	escrito	em	junho	de	2004	pelo	romancista	moçambicano	Mia	Couto	para	o	perió-
dico	Savana.	Leia-o	atentamente	e	depois	responda	às	questões	que	o	acompanham.
ExErcíciOs dE história
Quando se sabe que 20% dos habitantes mais ricos do planeta consomem cerca de 80% da matéria-prima 
e energia produzidas anualmente, vemo-nos diante de um modelo-limite. Afinal, seriam necessários 
cinco planetas para oferecermos a todos os habitantes da Terra o atual estilo de vida que, vivido pelos 
ricos dos países ricos e pelos ricos dos países pobres, em boa parte é pretendido por aqueles que não 
partilham esse estilo de vida. Vemos, assim, que não é a população pobre que está colocando o planeta e 
a humanidade em risco, como insinua o discurso malthusiano.
A promessa moderna de que os homens e as mulheres, sendo iguais por princípio, são iguais na prá-
tica não pode concretamente ser realizada se a referência de estilo de vida para essa igualdade for o 
american	way	of	life. Mais do que nunca vemos que a modernidade é colonial, não só na medida em que 
não pode universalizar seu estilo de vida, mas pelo modo como, pela colonização dos corações e mentes, 
procura instilar a ideia de que é desejável e, acima de tudo, possível que todos se europeízem ou ameri-
canizem. Entretanto, esse estilo de vida só pode existir se for para uma pequena parcela da humanidade, 
sendo assim, na sua essência, injusto. [...]
É, assim, enorme o risco que se coloca para toda a humanidade e todo o planeta quando se unifica ou se 
pretende unificar um mesmo estilo de vida. A homogeneização é, deste modo, contrária à vida, tanto no 
sentido ecológico quanto cultural. O que a espécie humana – homo	sapiens	sapiens – fez ao longo de sua 
aventura no planeta foi construir diferentes sentidos culturais para suas práticas, a partir de diferentes 
vivências com diferentes ecossistemas e as variadas trocas entre culturas que ao longo da história se 
pode experimentar.
PORTO-GONÇALVES,	Carlos	Walter.	O desafio ambiental.	Rio	de	Janeiro:	Record,	2004.	p.	31-32.
Os americanos entregam o poder aos iraquianos: este foi o cabeçalho que, esta semana, dominou o 
noticiário internacional. A manchete está cheia de equívocos. Não estamos perante um fato mas diante 
de um argumento. O que os americanos entregaram não foi o “poder”, mas uma situação de caos quase 
incontrolável. Também não é verdade que esse “poder” (que é realmente uma ausência de poder) tenha 
sido entregue aos “iraquianos”. Foi provisoriamente entregue a um grupo bem identificado a quem falta 
ainda força efetiva e representatividade formal.
A imagem do atual Iraque foi fabricada por acumulação de logros e mentiras de diferentes sinais e prove-
niências. Um dos maiores equívocos que consumimos provém do uso da palavra “guerra” para designar 
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	 o	fIM	Da	guerra	frIa	e	a	Nova	orDeM	MuNDIal	 247
a)	 O	artigo	acima	foi	escrito	por	ocasião	do	fim	da	ofensiva	norte-americana	no	Iraque	em	2004.	De	acordo	
com	seus	estudos,	o	que	motivou	os	ataques	dos	Estados	Unidos	ao	país	do	Oriente	Médio?
b)	Qual	é	a	crítica	que	o	escritor	Mia	Couto	dirige	aos	Estados	Unidos?
c)	 Além	dos	Estados	Unidos,	Mia	Couto	dirige	suas	críticas	a	outro	alvo,	embora	o	faça	de	maneira	não	tão	
clara.	Que	alvo	é	esse?	Explique.
d)	Em	jornais,	revistas	e	sites	da	internet	pesquise	a	situação	política,	social	e	econômica	do	Iraque	hoje.	
Tendo	em	mente	os	 resultadosda	pesquisa,	 responda:	Mia	Couto	acertou	ao	prever,	 em	2004,	uma	
escalada	de	violência	e	um	crescimento	da	instabilidade	política	no	Iraque	após	o	fim	da	ofensiva	norte-
-americana?	Explique.
aquilo que ocorre naquele país. Fala-se em “guerra” no Iraque. Não existe guerra. Existe, sim, uma ex-
pedição punitiva, uma renovada cruzada do “bem” contra o “mal”.
Outro logro: fala-se de “resistência iraquiana” como se houvesse uma única força política e militar parti-
lhando os mesmos propósitos nacionalistas contra a intervenção norte-americana. Não existe. A situação 
é muito mais complexa do que isso. As intenções terroristas dos radicais religiosos têm pouco a ver com 
os interesses do povo iraquiano.
Sem glória e sem crédito, os norte-americanos fazem de conta que passam o poder para as mãos dos 
iraquianos. Os noticiários falam de uma “viragem”. Mas o cenário que hoje se abre no Iraque não é uma 
nova página. É um livro contaminado. Mais do que isso, é um livro armadilhado. A intervenção americana 
ajudou a extremar conflitos internos e deu força a fundamentalismos que irão manter-se mesmo sem a 
presença militar estrangeira.
[...]
Com Saddam, o Iraque era um país impossível. Sem ele, e com a intervenção de Bush, converteu-se num 
país inviável. À violência do Estado se seguiu uma violência contra o Estado (qualquer que seja o formato 
que esse Estado vier a adotar).
A administração Bush esperaria que o mundo se inclinasse de gratidão perante a missão “humanitária-
-militar” que fez cair Saddam Hussein. Sucedeu o inverso. Nem a comunidade internacional tirou o cha-
péu nem, muito menos, os iraquianos se mostraram reconhecidos. Um mundo de ingratos, dirão os cava-
leiros do Eixo do Bem. Mas mesmo dentro dos Estados Unidos as apreensões se acumulam à medida que 
diariamente morrem jovens soldados americanos. O presidente Bush bem pode interditar que se tirem 
fotos dos caixões. Mas não pode evitar que esse luto pese na alma dos seus concidadãos.
Os americanos sempre agiram em nome do “bem” e da “boa consciência”. Essa mesma consciência faz 
com que a defesa dos interesses americanos seja apresentada como a defesa dos interesses de toda a 
humanidade. [...]
A sucessão de mentiras construída para credenciar a ocupação acabou desabando como um baralho de 
cartas (ou seria um baralho sem cartas?). Os torturadores das prisões do Iraque, Guantánamo e Afega-
nistão estão sentando a tal “boa consciência” na cadeira dos condenados. Os americanos contemplam 
no espelho do horror que atribuíam invariavelmente aos outros. Afinal, o “mal” não reside sempre fora: 
está dentro destes “boys” e das suas chefias, acende-se diariamente nas televisões dos lares dos pacatos 
cidadãos americanos. Em quantos despertará a lucidez perante um mundo que não é feito de “anjos” e 
“demônios”?
A 11 de Setembro ruíam as torres gêmeas em Nova Iorque. Depois disso foi ruindo outro edifício perante 
uma certa ingenuidade: a ideia de uma democracia acima de suspeita, de uma América tolerante, de uma 
nação que pode inspirar a humanidade.
De demonstração de força de alguém que se pretende polícia universal, a ocupação do Iraque revelou, 
afinal, a incapacidade de entender os outros, a arrogância de quem imagina o mundo como um quintal 
em redor da casa-grande.
O Iraque revelou a impotência daquele que é hoje a grande única potência.
COUTO,	Mia.	A	impotência	da	grande	potência.	In:	Pensatempos.	Lisboa:	Caminho,	2005.	p.	41-44.
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248	 DO	pós-guerra	aO	séculO	xxi
O Brasil no século XXi13
CApítUlo
democracia e neoliberalismo
Vivemos, atualmente, o mais longo período de regime democrático 
da história do Brasil desde a proclamação da República em 1889. Neste 
capítulo vamos estudar que conquistas ocorreram ao longo das três últi-
mas décadas. Que signifi cados a Constituição de 1988, conhecida como “A 
Constituição Cidadã”, adquiriu?
O Brasil tem sido classifi cado como um local seguro para se fazer 
investimentos. Que consequências isso pode ter para a população? Que 
relações essa conjuntura tem com a questão do neoliberalismo?
A refl exão sobre o Brasil do século XXI implica não apenas o resgate 
e a interpretação de sua história recente, mas também a análise do cená-
rio político, econômico e social estabelecido na atualidade.
para pensar HistOricamente
p	 Museu	 nacional	 Honestino	 gui-
marães	 (Museu	 da	 república),	
projetado	 por	 Oscar	 niemeyer,	
em	brasília.	Foto	de	2010.
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