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Resumos de Parasitologia - por Giulia Magno Rocha

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PARASITOLOGIA
Elaborado por: Giulia Magno Rocha
Aula 1 - Parasitologia
Giulia Magno Rocha
Malária
Plasmodium
Há casos de malária principalmente em zonas de mata Atlântica. Na Bahia está bem presente em Ilhéus, Itabuna, Porto
Seguro, Trancoso vem tendo aumento nos casos de malária.
Principalmente na Amazônia, Acre, Pará, etc.
● Protozoários pertencentes à família Plasmodiidae e gênero Plasmodium.
● Conhecidos > 150 espécies de Plasmodium.
● Apenas 4 espécies parasitam o homem:
- Plasmodium falciparum*
*Tem maior letalidade!
- Plasmodium vivax
- Plasmodium malariae
- Plasmodium ovale (específica de algumas regiões na África).
● Agentes etiológicos da Malária humana.
● O ciclo acontece em boa parte de forma intracelular.
Malária
● Doença causada por protozoários “não flagelados” pertencentes ao gênero Plasmodium e transmitida ao
homem pela picada de insetos fêmeas do gênero Anopheles.
O Anopheles nesse caso é o hospedeiro definitivo, porque o ciclo se completa nele através da reprodução sexuada.
● Impaludismo, febre palustre, sezão, maleita, tremedeira ou febre intermitente.
● Infecção de evolução crônica com episódios de caráter agudo.
● 1 milhão de mortes/ano (maioria: crianças).
Acontece mais em crianças principalmente pela modulação do sistema imunológico, em crianças essa resposta imune
ainda é precária.
● Problema de saúde pública mundial.
*Boa parte do ciclo ocorre de forma intracelular, ou seja, depende de uma célula para desenvolver seu ciclo reprodutivo.
Distribuição geográfica
● 300 - 500 milhões de casos/ano.
● 90% na África.
● 10% (Américas Central e do Sul).
● América do Sul: Amazônia brasileira (500 mil casos/ano).
● PA, RO e AM - maior intensidade de transmissão:
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Projetos de colonização e expansão das fronteiras agrícolas.
Construção de estradas e hidrelétricas.
Extração de madeira e mineração.
↓
Condições socioeconômicas precárias.
Epidemiologia
● Homem: principal fonte da infecção.
● Cadeia de transmissão:
- Gametóforo (indivíduo portador de gametócitos).
- Mosquito transmissor.
- Homem susceptível.
● Transmissão doméstica e noturna.
A transmissão acontece mais a noite, principalmente de forma intradomiciliar, ou seja, os insetos que habitam o domicílio
ou a região em torno do domicílio fazem parte da cadeia de transmissão.
● Resistência natural: negros, amarelos, portadores de máformação hemoglobínica (anemia falciforme,
talassemias).
Alguns indivíduos apresentam resistência natural. Em algumas comunidades passaram a ter mutações na formação das
hemácias, esses indivíduos evolutivamente passaram a ter as hemácias em forma de foice (anemia falciforme) e nessas
comunidades as taxas de malárias decaíram, porque o Plasmodium necessita de proteínas que estão presentes nas
regiões que foram perdidas da hemácia para se aderir e penetrar e continuar seu ciclo evolutivo.
● Distribuição geográfica:
- 90 países endêmicos → 50% África, Índia e Brasil Brasil (região norte e centro-oeste).
- Alta prevalência na Amazônia:
- População dispersa.
- Migrações constantes.
- Moradias inadequadas.
- Resistência do P. falciparum.
- Garimpos clandestinos, etc.
- Recrudescência (torna-se mais forte) → descuido das autoridades sanitárias.
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Vetores
● Mosquitos fêmeas do gênero Anopheles.
● Subgêneros: Nyssorhynchus
Kertszia
● Principais espécies:
Anopheles Nyssorhynchus darlingi*
É o mais comum no Brasil.
O Anopheles darlingi durante o repasto sanguíneo, a região do dorso do inseto fica completamente vermelha,
porque está com sangue
A. (N) aquasalis
A. (N) albitarsis
A. (K) belator
A. (K) cruzi
Morfologia do Plasmodium
● Morfologia bastante variada:
- Esporozoíto.
- Criptozoítos.
- Trofozoíto.
- Esquizontes.
- Rosácea ou merócito.
- Merozoíto.
- Macro e Microgametócitos.
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- Macro e microgametas.
- Ovo ou zigoto.
- Oocineto.
- Oocisto.
*Hipnozoítos - P. vivax - recaídas tardias.
Parte dessas formas evolutivas acontecem na fase da doença que é chamada de pré-eritrocitária, acontece antes do
parasito invadir as hemácias. O ciclo pré-eritrocitário ocorre dentro das células do fígado, os hepatócitos. Acabando o
ciclo nos hepatócitos, tem-se a fase eritrocitária, onde os parasitos (as formas evolutivas) completam o ciclo do humano
no interior das hemácias.
A fase pré-eritrocitária nos hepatócitos e eritrocitária nas hemácias.
- O P. falciparum é a espécie mais comum no Brasil (em especial na Bahia), tem ciclo de desenvolvimento mais
rápido, consegue se reproduzir de forma mais acelerada e desenvolve manifestações clínicas mais rapidamente.
- No P. vivax existe uma forma evolutiva que só existe nele, que é o hipnozoíto. Significa que os hipnozoítos
conseguem se alojar nos hepatócitos e ficar em latência, ou seja, consegue ficar parado sem o processo de
reprodução por anos e fatores imunológicos principalmente podem despertar o hipnozoíto em outra fase da vida e
o mesmo voltar ao seu ciclo de reprodução.
Exemplo de indivíduo com hipnozoíto: o indivíduo que teve malária e tratou, nunca mais foi em região endêmica para
malária e depois de 2-5 anos o mesmo volta a ter os mesmos sintomas da malária. Não significa que a pessoa tenha
contraído novamente, se a espécie foi o P. vivax, nesse caso pode ter gerado hipnozoítos que voltaram ao ciclo de
reprodução normal, ou seja, o tratamento não foi eficaz o suficiente para eliminar todos os hipnozoítos. Os hipnozoítos
ficam alojados no fígado.
Habitat
● Homem:
- (Hospedeiro intermediário).
O homem é um hospedeiro intermediário acidental.
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- Fase pré-eritrocitária (hepatócitos).
A primeira fase não ocorre nas hemácias, porém ocorre no fígado.
- Fase eritrocitária (hemácias).
A segunda fase ocorre exclusivamente nas hemácias.
● Mosquito:
- (Hospedeiro definitivo).
É hospedeiro definitivo porque consegue desempenhar a reprodução sexuada desses gametas, o cruzamento desses
gametas no intestino médio do inseto favorece a formação de novas formas evolutivas de transmissão. Basicamente no
mosquito essa reprodução acontece no intestino, e depois os novos parasitos migram para as glândulas salivares, que são
chamadas de probóscide (o “bico” do inseto). Através de um novo repasto sanguíneo o inseto libera a saliva e a mesma
contém formas evolutivas do Plasmodium.
- Interior da matriz peritrófica (epitélio intestinal, hemolinfa e glândulas salivares).
Ciclo evolutivo do Plasmodium
● No homem:
- Reprodução assexuada - Esquizogonia.
No homem a reprodução ocorre de forma assexuada por reprodução binária, ou seja, no interior das células-alvo vão ser
formadas bolsas, que são chamadas de esquizogonia.
A esquizogonia é uma forma de reprodução assexuada por divisão binária, ou seja, uma forma evolutiva vai se dividir
em duas, quatro, oito, dezesseis, trinta e dois por diante, a ponto de levar a ruptura da célula, a célula estará com
quantidade de parasitos tão grande que vão se romper e esses parasitos vão cair na corrente sanguínea e se disseminar,
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iniciando a fase eritrocitária. A fase pré-eritrocitária que ocorre no fígado do hospedeiro vai variar a depender da espécie, a
P. falciparum é a espécie mais rápida de desenvolvimento biológico.
- Fases:
1) Fase pré-eritrocítica ou tissular:
- P. falciparum – 6 dias.
Leva 6 dias para penetrar nos hepatócitos, se reproduzir, romper os hepatócitos e chegar nas hemácias.
- P. vivax - 8 dias.
- P. malariae - 12 a 16 dias.
2) Fase eritrocítica:
As manifestações que estão presentes nessa fase, como febre, calafrios, intervalos de febre, acontecem graças à invasão
das hemácias.
*O acesso malárico é uma fase eritrocitária.
- P. falciparum - 36 - 48h (terçã maligna).
No máximo dura 48h o ciclo de reprodução no interior das hemácias; acabando o ciclo de reprodução essas hemácias são
rompidas e a ruptura da mesma leva a fenômenos inflamatórios, como febre alta.
A febre terçã tem intervalos de 2 dias.
- P. vivax - 48h (terçã benigna).A inflamação provocada aqui é reduzida.
- P. malariae - 72h (quartã benigna).
● No vetor:
- Reprodução sexuada - Esporogonia.
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O que irá acontecer? O inseto faz o repasto sanguíneo, o consumo de sangue e durante o repasto libera saliva, a mesma
contém formas evolutivas do parasito, basicamente são os esporozoítos.
*A saliva de insetos possuem propriedades anticoagulantes, possuindo heparina que é um potente anticoagulante. Essa
saliva também é muito vasodilatadora, ou seja, após o consumo de sangue o vaso se torna mais dilatado e haverá maior
permeabilidade vascular, terá mais acesso aos conteúdos intravasculares. A saliva do inseto também estimula prurido,
manifestação alérgica, porque estimulam os mastócitos, que são células que ficam no tecido e possuem histamina
(potente agente inflamatório).
Continuando: o inseto entra em contato com a pele da pessoa e durante o repasto sanguíneo libera os esporozoítos que
vão migrar até chegar no fígado. Todo o sangue venoso passa pelo fígado, então os esporozoítos facilmente chegarão a
nível hepático e irão precisar mudar um pouco de forma, necessitando ficar mais afilados para invadir a célula-alvo, se
transformando em criptozoítos. Os criptozoítos (é um esporozoíto que precisou se afilar, sendo mudança conformacional)
conseguem invadir a célula e começa o ciclo de desenvolvimento pré-eritrocitário; o criptozoíto consegue adentrar a célula
hepática e iniciar o ciclo de desenvolvimento. Quando o criptozoíto entra, inicia-se o ciclo de reprodução assexuada, que é
o processo de esquizogonia; no processo de reprodução assexuada antes do mesmo ocorrer, o parasito foi “esperto”,
existe um grupo de células que se chamam de células de Kupffer (são macrófagos, células da resposta imunológica com
função fagocítica de destruir agentes patogênicos). Os criptozoítos basicamente adentram as células de Kupffer, e dentro
das mesmas fazem um vacúolo parasitóforo para se protegerem de moléculas produzidas pelas próprias células de
Kupffer. As células de Kupffer conseguem migrar para dentro do fígado e é essa migração a qual o parasita está
interessado; a célula de Kupffer passa por uma região chamada de espaço de Disse e após o espaço de Disse que se
tem uma grande concentração de hepatócitos, e nesses inicia-se o ciclo de reprodução assexuada.
Terminando o ciclo esquizogônico uma nova forma evolutiva será formada, após intensa divisão binária é formado os
merozoítos. Os merozoítos são as formas evolutivas que rompem os hepatócitos e caem na circulação sanguínea e
nessa os merozoítos conseguem rapidamente invadir uma hemácia, iniciando o ciclo eritrocitário.
No ciclo eritrocitário os merozoítos começam a desenvolver um modo de reprodução assexuado; dentro das hemácias os
merozoítos se transformam primeiramente em trofozoíto jovem e esse amadurece, começando então a intensa divisão
binária, até que se formem novos merozoítos. Gerando novos merozoítos essa hemácia será rompida e os mesmos
saem das hemácias e vão infectar novas hemácias, e é nesse momento que a febre começa. A cada intervalo de ruptura
de hemácias, estimula-se a inflamação, tendo a febre.
*Não se sabem quantos, mas a cada ciclo de reprodução dentro das hemácias, formam-se gametas. Ou seja, os
trofozoítos jovens geram microgametócitos e macrogametócitos e esses gametas não conseguem por questões do
ambiente fecundar, a não fecundação faz com que o hospedeiro humano seja intermediário. Durante o ciclo que leva a
ruptura da hemácia, o inseto que faz o repasto sanguíneo vai absorver os microgametócitos (masculino, que seria o
equivalente ao espermatozoide) e macrogametócitos (feminino, seria o equivalente ao óvulo), que são os gametas
masculinos e os femininos; no intestino do inseto esses gametas vão encontrar as condições ideais para poderem
fecundar, quando fecunda forma um zigoto que vai formar um oocineto (embrião) e este forma um oocisto que vai gerar
novos esporozoítos que migram para a glândula salivar do inseto, que durante o repasto sanguíneo serão eliminados
juntos com a saliva.
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Tem o complexo apical e nesse tem algumas proteínas que aderem aos eritrócitos e invadem os mesmos. O complexo
apical é ligado a uma estrutura macro, que é chamada de roptrias, e além desses tem-se os micronemas.
As roptrias são as “duas bolsas grandes” e essas contém algumas proteínas com função enzimática, e graças a liberação
dessas enzimas que o parasito consegue invadir a célula de forma acelerada.
O inseto ao liberar a forma evolutiva no tecido humano, entra em contato principalmente com células da resposta imune
dérmicas, macrófagos, fibroblastos por exemplo, que tem na derme, mas essas células serão apenas uma ponte para que
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consigam chegar na corrente sanguínea. Chegando na corrente sanguínea os esporozoítos chegam até o sistema porta
hepático.
*Alguns estudos mostram que ainda no tecido os esporozoítos conseguem invadir, por exemplo, os macrófagos e se
replicar no interior deles para utilizá-los como uma ponte de ligação para a corrente sanguínea.
Vão utilizar as células de Kupffer como forma de atravessar o espaço de Disse e chegar nos hepatócitos.
Transmissão humana
Basicamente os esporozoítos iniciam todo o processo de cadeia de transmissão, liberados junto com a saliva do parasito.
● Maior valor epidemiológico:
- Inoculação de esporozoítos infectantes pela picada de insetos fêmea do gênero Anopheles.
● Outras formas:
Tem apenas uma pequena possibilidade. Não tendo nenhuma forma documentada de transmissão via hematológica de
forma indireta.
- Induzida → inoculação de sangue fresco:
1) Transfusão de sangue e seus derivados.
2) Agulhas contaminadas.
3) Acidentes com profissionais da área de saúde.
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Aspectos patológicos
Mal-estar, cefaleia, cansaço e mialgia.
↓
Ataque paroxístico agudo: ruptura das hemácias, calafrio e sudorese (15 minutos a 1 hora).
↓
Desaparecimento dos sintomas.
Graças as hemácias o transporte de oxigênio chega aos tecidos, quem faz o carreamento é a hemoglobina. Um tecido que
deixa de receber oxigênio é fadado à destruição. A diminuição da taxa de oxigenação vai levar a maioria dessas
manifestações a nível muscular.
Os acessos maláricos ocorrem graças a ruptura das hemácias, a cada ciclo de ruptura o sistema de monócitos começa a
produzir moléculas inflamatórias, principalmente as citocinas, aqui seriam o TNF e IL-1, essas duas são produzidas em
grande concentração em tentativa de provocar um ambiente inflamatório; ao chegar no hipotálamo desregulam todo o
centro hipotalâmico. À medida que se tem intervalo entre o ciclo parasitário nas hemácias os sintomas desaparecem, por
isso tem-se o acesso malárico ocorrendo nos intervalos, e esses intervalos são os intervalos de reprodução assexuada
no interior das hemácias.
Aspectos patogênicos
● Os acessos maláricos se repetem com intervalos diferentes, de acordo com a espécie do plasmódio:
- P. falciparum - Intervalos de 36 a 48 horas (terçã maligna).
- P. vivax - Acessos em dias alternados, 48 em 48 horas (terçã benigna).
- P. malariae - Acessos se repetem a cada 72 horas (febre quartã).
● Sem tratamento, os acessos se repetem durante uma semana ou mais, depois declinam e desaparecem.
● Recrudescências: pode reaparecer em dias ou semanas depois.
No caso do P. vivax, pode gerar fenômenos de recrudescência. Na recrudescência o parasito entra em estado de latência
e dias ou semanas depois com qualquer diminuição de resposta imunológica começa o ciclo de reprodução. Ou o
indivíduo foi tratado e meses depois volta a ter a manifestação clínica, isso é um aspecto característico do P. vivax, que
consegue desenvolver os hipnozoítos, que são os parasitos em latência desligados nos hepatócitos.
“As recrudescências correspondem, pois, ao reaparecimento em curto prazo de manifestações clínicas, devidas à
persistência do ciclo hemático e sua reagudização (elevação da parasitemia).Distinguem-se das recaídas da malária
porque estas últimas apresentam-se mais tardiamente, por vezes depois de meses ou anos de evolução silenciosa do
parasitismo (isto é, sem ciclo hemático).” (REY)
● As recaídas ocorrem, devido à reativação dos hipnozoítas que se encontravam inativos no fígado (1 mês a 1-2
anos).
● Citoaderência e rosetas.
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● Destruição de eritrócitos:
- Presente em todos os tipos de malária.
- Anemia (destruição de eritrócitos parasitados, não parasitados (por auto-anticorpos) e disfunção da MO).
● Lesão capilar (P. malariae):
- Lesão glomerular.
- Perda maciça de proteínas na urina.
● Sequestro de eritrócitos parasitados (P. falciparum):
- Aderência de hemácias parasitadas à parede endotelial dos capilares – Citoaderência.
- Moléculas de adesão: ICAM-1 e selectina-E.
- Obstrução da microcirculação.
- Redução do fluxo de oxigênio.
- Cérebro, rins e fígado.
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● Liberação de citocinas (toxicidade):
- Fase aguda.
- Ação direta ou indireta (parasito).
- TNF-α.
- Febre.
- Hipoglicemia (inibição da gliconeogênese).
- Efeitos na placenta (gravidades na gestação).
- Coma (Óxido nítrico).
Recapitulando: na saliva do inseto do gênero Anopheles tem-se os esporozoítos. Estima-se que de 15 a 200
esporozoítos estejam na saliva. Os esporozoítos são liberados junto com a saliva e entram na corrente sanguínea.
O esporozoíto não tem flagelo, porém o parasito criou um modo de rearranjo molecular, a estrutura da membrana
plasmática consegue se remodelar, fazendo com que o mesmo se desloque; tem-se algumas proteínas que ajudam na
locomoção, que são a circum-esporozoíto e a trombospondina, essas duas promovem a locomoção do parasito e o adere
nas células-alvo, assim o parasito consegue invadir qualquer célula que desejar.
A célula que faz uma ponte de ligação entre a corrente sanguínea e os hepatócitos é a célula de Kupffer, então os
criptozoítos atravessam a célula de Kupffer e a mesma durante o ato de migração passa pelo espaço de Disse, chegando
nos hepatócitos. O parasito tem inicialmente um tropismo pelos hepatócitos, nos hepatócitos inicia-se o ciclo de
desenvolvimento parasitário.
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O modo de reprodução assexuada leva a esquizogonia e a formação dos merozoítos. Na esquizogonia começa a
formação dos merozoítos e estes levam a ruptura dos hepatócitos, esse ato gera resposta inflamatória a nível hepático,
como por exemplo a hepatomegalia, podendo ter icterícia associada. Os merozoítos após a ruptura de hepatócitos caem
na corrente sanguínea e vão invadir as células-alvo da fase eritrocitária, que são as hemácias. Adentra o eritrócito e inicia
esquizogonia e esse ciclo varia entre espécies.
A cada ciclo de reprodução assexuada haverá a formação de gametas, macrogametócitos e microgametócitos.
Cada espécie possui atração particular por proteínas das hemácias, o P. falciparum tem atração pelas glicoforinas, que
são proteínas que estão na superfície das hemácias, além das proteínas Duffy; o P. vivax tem atração por reticulócito
(são células imaturas, eritrócitos jovens - quem tem muito são os recém-nascidos), que são células que não estão
completamente desenvolvidas; o P. malarie tem predileção por hemácias maduras.
Existem indivíduos que têm a proteína Duffy positiva e outros que são Duffy negativos. Foi visto em indivíduos
que são Duffy negativos que o parasito tem maior dificuldade de penetrar na célula, tendo resistência natural ao
parasitismo.
O inseto vai carregar no próximo repasto sanguíneo, no próximo consumo de sangue os macro e microgametócitos. Então,
ao succionar e fazer o repasto sanguíneo no intestino médio, esses gametas começam a fazer a fecundação. Quando
ocorre a fecundação no intestino, forma-se um zigoto e o mesmo gera novos esporozoítos que na glândula salivar do
inseto vão infectar outras pessoas, novos hospedeiros.
No ponto de vista clínico os sintomas começam a nível hepático, mas vão aparecer em maior gravidade quando estiver no
ciclo eritrocitário. No ciclo eritrocitário ocorre a destruição dos eritrócitos parasitados, ou seja, essas hemácias vão se
romper e ao acontecer isso tem-se manifestação imunológica; no sangue tem várias células, que são os leucócitos da
resposta imune, principalmente os monócitos e linfócitos, as mesmas vão reconhecer que algum dano está acontecendo
no hospedeiro, e ao reconhecer isso as células começam a produzir as citocinas, e as mesmas tem função de ativar mais
inflamação, e quanto mais tiver inflamação, maior será a tentativa de controlar a invasão que o parasito fez no hospedeiro.
Quais são as moléculas produzidas por essas células? TNF e IL-1 e menor porção, IFN-γ; essas vão ativar mais a
resposta imune; a produção dessas moléculas ocorre à medida que se tem destruição celular. No falciparum tem
destruição celular até 24h, malarie até 72h. A ativação da resposta imune será a principal característica das manifestações
clínicas. Graças a inflamação o indivíduo tem diminuição da gliconeogênese, ou seja, o ciclo das glicoses cai, podendo
gerar no indivíduo hipoglicemia. Essas moléculas induzem a produção de radicais livres, que são lesivos, por exemplo o
óxido nítrico e a grande produção de radicais oxidativos leva a um dano neurológico, por exemplo. Pode levar a lesão
vascular, inflamação exacerbada leva a danos vasculares, podendo o indivíduo ter edema principalmente em membros
inferiores e a depender do caso pode ter rosácea.
*O baço remove as hemácias velhas e danificadas, destruindo-as; e também armazena células de defesa.
Se tem muitas hemácias danificadas, o baço irá trabalhar mais, ocorrendo a esplenomegalia. Ou seja, aumenta
muito a atividade esplênica, fruto da intensa destruição das hemácias. No baço tem em grande quantidade macrófagos, o
parasito passa a utilizar os macrófagos que residem no baço para continuar o seu ciclo, que é o pré-eritrocitário.
Manifestações clínicas
● Malária assintomática.
● Malária não complicada.
● Malária grave.
Malária assintomática:
● Sem manifestação clínica e ausência ou baixa parasitemia.
● Alta prevalência de assintomáticos na região amazônica.
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Malária não complicada:
● Debilidade física, palidez, náusea e vômito.
Malária grave e complicada:
● Adultos não-imunes, crianças e gestantes.
● Convulsões, vômitos repetidos, hiperpirexia, e icterícia.
● Malária cerebral.
● Insuficiência renal aguda.
● Edema pulmonar agudo (gestantes).
Imunidade na malária
● Antígenos complexos e variáveis nas diferentes formas do parasita → resposta humoral e celular.
● Espécie-específica e estágio-específica.
● Grupos de risco: crianças (1- 3 anos) e gestantes.
● Tipos de imunidade:
1) Natural ou inata: inerentes aos hospedeiros (fatores genéticos e raciais) → Traço falciforme; Algumas
populações africanas são resistentes ao P.vivax (Duffy-negativo).
2) Adquirida: após anos de exposição à infecção natural; dependente de exposição contínua.
Imunidade concomitante - persistência do parasita em presença da imunidade → mecanismos de escape.
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● Evidência do papel da resposta celular e humoral na defesa contra plasmódios:
- A administração prévia de IL-12 a macacos ou camundongos previne a infecção.
- IFN-y produzido por células NK ou CD4 Th1 aumenta a síntese de NO (óxido nítrico) em hepatócitos.
- Transferência de soro de indivíduos adultos para crianças, em área endêmica de malária, resulta em uma
temporária mas significante redução da parasitemia.
- Na infecção causada pelo P. chabaudi a resposta Th1 é importante para controle na fase inicial da infecção, mas
no período tardio, anticorpos (IgG1) são essenciais para a completa eliminação dos parasitos.
Malária - Tratamento
● Objetivos:
1) Eliminação de estágios assexuados sanguíneos – sinais e sintomas característicos da malária.
2) Eliminar estágios hepáticos latentes (hipnozoítos) na infecção por P. vivax.
3) Interromper a transmissão vetorial – eliminação de gametócitos circulantes.● Esquemas de tratamento:
- Radical clássico (P. vivax e P. malarie).
- Específico para P. falciparum (específico para a Amazônia, casos de resistência).
● Sucesso:
- Depende da precocidade do tratamento.
Drogas utilizadas
● Atuação diferente nas várias espécies e formas do parasita:
- Quinina (usada há 300 anos).
- Cloroquina → formas sanguíneas e gametócitos (P. falciparum - resistência).
Elimina o ciclo eritrocitário da infecção, se conseguir coibir, a inflamação que aconteceria no ciclo eritrocitário é eliminada.
É uma droga imunomodulatória, consegue manipular a resposta pró-inflamatória e diminuir a produção das citocinas
inflamatórias, como por exemplo TNF, IL-1 e IFN-γ. É a droga de primeira escolha junto com a primaquina.
- Primaquina → gametócitos, bloqueia a transmissão para o vetor, profilaxia.
Bloqueia o ciclo pré-eritrocitário.
- Pirimetamina
- Sulfonamidas
- Derivados de plantas medicinais (artemisina, ascaridole, etc.)
Profilaxia
● Tratar o homem doente.
● Proteger o homem sadio.
● Combater o transmissor.
● Individual:
- Quimioprofilaxia.
- Profilaxia de contato (repelentes, telas, ingestão de alho,etc.).
- Imunização (spf - 66).
● Coletiva:
- Combate ao vetor adulto (borrifação).
- Combate às larvas (larvicidas, controle biológico,etc.).
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- Saneamento básico.
- Melhoria das condições de habitação.
- Educação sanitária – conhecimento adquirido e transmitido.
Diagnóstico
Segundo a OMS, o diagnóstico é necessário para iniciar a terapêutica.
Coleta-se o sangue e diretamente nas hemácias observar se consegue localizar os trofozoítos dentro das hemácias.
● Clínico:
- Áreas endêmicas: indivíduos com febre.
- Áreas não endêmicas: informações sobre área de residência, relatos de viagens indicativas de exposição,
transfusão de sangue ou compartilhamento de seringas/agulhas.
● Laboratorial:
- Apesar dos avanços nas técnicas imunológicas, continua sendo feito pela tradicional pesquisa do parasito no
sangue periférico (parasitológico direto).
Diagnóstico clínico
● Período de incubação:
- Plasmodium falciparum – 9 -14 dias.
- P. vivax – 12 -17 dias.
- P. malariae – 18 - 40 dias.
● Fase inicial:
- Mal-estar, cefaleia, cansaço, mialgia e febre.
- Ataque paroxístico agudo (acesso malárico): sudorese e febre (> 40ºC).
● Após fase inicial: febre intermitente (esquizogonias).
- P. falciparum, P. vivax – 48h.
- P. malariae – 72h.
Diagnóstico laboratorial
1) Métodos parasitológicos:
Pesquisa do parasito no sangue periférico:
- Gota espessa (padrão ouro; a gota espessa é a visualização do parasito por microscopia óptica, após coloração
pelo método de Walker ou Giemsa).
- Esfregaços em camada delgada.
2) Métodos imunológicos:
Pesquisas de anticorpos ou antígenos do parasita:
- Imunocromatografia (testes rápidos).
- ELISA (Enzyme linked immunosorbent assay).
- PCR (Reação da polimerase em cadeia).
Métodos mais adequados para a identificação dos Plasmodium spp.
1) Métodos parasitológicos:
Pesquisa do parasito no sangue periférico (Gota espessa ou esfregaços sanguíneos).
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Vantagens:
1- Permite a diferenciação específica dos parasitas a partir da sua morfologia e das alterações nas hemácias infectadas.
2 - Simplicidade de realização.
3 - Baixo custo.
4 - Eficiência diagnóstica.
Métodos de Quantificação da Parasitemia
1) Método tradicional de avaliação semiquantitativa (em cruzes):
- Número de campos a examinar: 100.
- Número inferior a 40 parasitos nos 100 campos examinados: anotar o número encontrado. Por exemplo: 37
parasitos em 100 campos.
- Quando o número total de parasitos contados situar-se entre 40 e 60 parasitos por 100 campos, registrar: +/2
(meia cruz).
2) Estimativa da parasitemia a partir da avaliação semiquantitativa:
- Número de campos a examinar: 100.
- Classificar a parasitemia em cruzes, de acordo com o método tradicional de avaliação semiquantitativa,
anteriormente mencionado.
- Registrar o intervalo de parasitemia por μl, conforme o quadro a seguir (100 campos microscópicos equivalem a
0,2μl de sangue):
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Esfregaços sanguíneos corados: hemácias infectadas
e não infectadas pelos Plasmodium (sp.)
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Morfologia das formas evolutivas do P. falciparum
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Gametócitos do P. falciparum
Morfologia das formas sanguíneas do P. falciparum
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Morfologia das formas evolutivas do Plasmodium vivax
Morfologia das formas sanguíneas do Plasmodium malarie
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Aula 2 - Parasitologia
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Tricomoníase
O modo de transmissão é feito de forma direta
Tricomoníase
Principal IST não viral, ou seja, é uma infecção sexualmente transmissível. Porém existem outras formas de contrair, como
através do contato direto com fômites.
Só tem uma forma evolutiva, que são os trofozoítos; não possui forma cística. Porém, alguns autores mencionam que
existe a possibilidade do desenvolvimento de cistos como forma de latência.
● Filo: Sarcomastigophora.
● Classe: Zoomastigophorea.
● Ordem: Trichomonadida.
● Família: Trichomonadidae.
● Gênero: Trichomonas.
Trichomonas vaginalis (a que tem maior interesse clínico).
Epidemiologia
● Transmissão sexual e de ampla distribuição geográfica.
● Mais frequente entre as ISTs não virais.
● Alta prevalência em grupos de baixo nível socioeconômico.
● Patógeno sensível à dessecação e altas temperaturas.
● O trofozoíto pode viver durante 3 horas na urina e 6 horas no sêmen.
● Em locais de alta umidade sobrevivem mais tempo.
Tem maior predisposição a manter os trofozoítos íntegros.
● Grupo de maior incidência: mulheres (20 - 30 anos) homens (> 30 anos).
● Homens: infecção benigna e assintomática.
Os trofozoítos conseguem se aderir na mucosa, porém dificilmente conseguem causar adesão suficiente nos homens para
causar lesão. Porém esse homem se torna um vetor de transmissão.
Sendo importante em um casal por exemplo, que ocorra o tratamento de ambos.
● Fatores de risco: idade, atividade sexual, nº de parceiros, outras ISTs, fase de ciclo menstrual e condições
socioeconômicas.
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A pessoa que já tem outras infecções vai proporcionar que o T. vaginalis entre com maior facilidade.
Para mulher, os ciclos menstruais mexem com o pH e com a microbiota vaginal; a modificação de ciclo menstrual também
pode favorecer a infecção. Um pH mais alcalino (básico) seria o suficiente para favorecer essa infecção.
Morfologia
● Possuem somente a forma trofozoíto.
Contém estruturas que favorecem a locomoção, que são os prolongamentos citoplasmáticos.
● Célula polimórfica (elipsoide ou esféricos).
● Capazes de emitir pseudópodes.
Seriam “falsas pernas”, ou seja, o citoplasma desse parasita se ramifica a ponto de causar uma formação de novos
prolongamentos, se aderindo com maior facilidade na mucosa.
● Dimensões após fixação e coloração: 10-30 x 5-12 µm.
● Estruturas:
- Locomoção: uma membrana ondulante e 4 flagelos livres superiores.
- Axóstilo: estrutura rígida, formada por microtúbulos, que se projeta através do seu centro até sua extremidade
posterior.
- Núcleo grande e elipsóide.
- Citoplasma (vacúolos, granulações, etc.)
Os hidrogenossomos captam glicose e convertem a glicose em ATP, além de outras estruturas como piruvato, algumas
classes de carboidratos.
Morfologia (Trofozoíto)
Centralmente o trofozoíto tem uma estrutura chamada de axóstilo, que é uma estrutura rígida que dá sustentação a todo o
corpo do parasito.
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A membrana ondulante serve para promover a locomoção do parasito, então junto dos pseudópodes a membrana
ondulante consegue ter movimentos, favorecendo a distribuição parasitária.
Possui quatro flagelos superiores que servem para movimentação.
Tem núcleo central. Algumas membranas laterais também servem para a maior integridade do corpo do parasito, como
por exemplo o corpo parabasal (também dá sustentação para o parasito).
O parasito não tem mitocôndria (serve para respiração celular).O parasito tem centenas de vacúolos e esse são
chamados de hidrogenossomos; esses vacúolos captam alguns radicais, por exemplo a glicose e converte a glicose em
ATP, além de outras estruturas que também vão ser convertidas em ATP, e algumas classes de carboidratos também
serão aproveitados como fonte energética.
*Em pessoas diabéticas, é fornecido uma matriz energética mais forte para o parasito; conseguindo o parasito fazer mais
divisão binária, consegue se replicar muito mais.
*”Como fonte de energia, o flagelado utiliza glicose, frutose, maltose, glicogênio e amido.” (NEVES, 2016)
Aspectos biológicos
● Local da infecção: trato geniturinário (homem e mulher).
● Reprodução: divisão binária simples.
● Fisiologia: anaeróbios facultativos, crescem bem em pH 5 - 7,5 (para a mucosa genitourinária é um pH
mais alcalino) e temperatura entre 20 - 40°C.
*Anaeróbios facultativos: na presença de oxigênio, realizam respiração aeróbia e, na ausência desse gás, realizam os
processos anaeróbios.
*Em alguns estudos mostram que até 60ºC o parasito consegue sobreviver.
● Transmissão:
- Através da relação sexual (doença venérea) - 95%.
- Via não sexual - 5%:
➢ Contaminação através do parto.
➢ Fômites úmidos ou molhados.
➢ Duchas ou assentos de vasos sanitários contaminados.
➢ Calcinha e roupa de cama.
Ciclo biológico
Ciclo monoxênico.
Só tem um hospedeiro, sendo a troca direta (não tem vetor, inseto ou animal silvestre para fazer uma ponte), sendo
indivíduo-indivíduo.
1) Trofozoítos na secreção vaginal, próstata, urina ou sêmen do hospedeiro.
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2) Colonização e reprodução (divisão binária).
O processo de divisão binária causa um fenômeno chamado de atapetamento, formando tapetes. A pessoa terá na
mucosa genital um tapete de trofozoítos aderidos com seus pseudópodes na mucosa urogenital. Isso tudo irá
favorecer que o contato direto, principalmente por via sexual com que estes trofozoítos se desprendam e tenham
aderência na mucosa de um novo hospedeiro.
3) Trofozoítos nas secreções do novo hospedeiro.
Aspectos patogênicos
● Condições ideais ao crescimento do patógeno:
- Aumento do pH vaginal (pH normal: 3,8 - 4,5; pH ideal: > 5.0).
*Meninas anteriores à puberdade possuem o pH vaginal extremamente ácido (3,8 - 4,5), e isso as protege contra as
infecções mais diversas. Existe uma bactéria em específico que mantém o pH vaginal ácido durante a fase inicial da vida,
que é o Lactobacillus acidophilus.
“O estabelecimento de T. vaginalis no sítio de infecção inicia com o aumento do pH, visto que o pH normal da vagina é
ácido (3,8 - 4,5) e o organismo desenvolve-se em pH maior que 5,0. A elevação do pH vaginal na tricomoníase é evidente,
com uma redução concomitante de Lactobacillus acidophilus e um aumento na proporção de bactérias anaeróbicas.”
(NEVES, 2016)
➢ Diminuição de Lactobacillus acidophilus e aumento de bactérias anaeróbias.
Com a mudança hormonal à partir dos 12-13 anos que inicia a variação hormonal e o início do ciclo menstrual, essa
variação hormonal faz com que as temperaturas corpóreas mudem e faz com que tenha a eliminação dos Lactobacillus
acidophilus, e sem eles o pH deixa de ser ácido e passa a ter caráter um pouco mais alcalino.
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● Ações patogênicas:
- Ativação de intenso processo inflamatório.
A adesão dele na mucosa genitourinária provoca o processo inflamatório.
- Enzimática (cisteína-proteinases): degrada proteínas de matriz extracelular, citotóxica e hemolítica, com
capacidade de degradar IgG, IgM e IgA.
O parasito consegue se proteger criando um mecanismo de proteção contra a própria resposta inflamatória; o mesmo
produz uma enzima que é uma cisteína, chamada de cisteína-proteinase e essa enzima degrada algumas proteínas,
como os anticorpos.
Se um anticorpo da classe IgA, IgG, IgM e IgE tentar se aderir, o parasito produz cisteína-proteinase e essa destrói a
estrutura primária do anticorpo, logo o mesmo terá dificuldade de se aderir e isolar a atividade parasitária.
*A função do anticorpo é se ligar a uma estrutura para isolar a mesma, impedindo a disseminação.
Patogênese decorrente da intensa resposta inflamatória:
● Problemas relacionados com a gravidez:
- Rompimento da placenta, parto prematuro, baixo peso ao nascer, feto natimorto e morte neonatal.
O problema em mulheres grávidas não é o parasito em si, mas o processo inflamatório que o parasitismo causa na
mucosa urogenital. A grande concentração de proteínas de inflamação podem levar a processos inflamatórios na região da
placenta e induzir parto prematuro, bebê com baixo peso e inclusive a morte do neonato.
● Problemas relacionados com a fertilidade:
- Infertilidade feminina por oclusão da trompas de falópio (dano nas células ciliadas da mucosa tubária).
O atapetamento em grande concentração na região da mucosa genital pode fazer o trofozoíto chegar na região uterina, e
esse processo inflamatório levará a menor propensão de fertilidade para essa mulher.
“O risco de infertilidade é duas vezes maior em mulheres com história de tricomoníase comparado com as que nunca
tiveram tal infecção. T. vaginalis está relacionado com doença inflamatória pélvica, pois infecta o trato urinário superior,
causando resposta inflamatória que danifica as células ciliadas da mucosa tubária, inibindo a passagem de
espermatozóides ou óvulos através da tuba uterina.” (NEVES, 2016)
● Transmissão do HIV:
- Atua como cofator na propagação do vírus.
Em um estudo relata que mulheres especialmente que têm Trichomonas vaginalis aumentam em até 100 vezes o risco de
transmissão de HIV.
Quanto mais o aprofundamento do parasito, mais lesão aquela mucosa irá desempenhar; se tem um ambiente lesivo, uma
relação sexual de risco irá favorecer a entrada de um agente viral.
“A infecção por T. vaginalis tipicamente faz surgir uma agressiva resposta imune celular local com inflamação do epitélio
vaginal e exocérvice em mulheres e da uretra em homens. Essa resposta inflamatória induz uma grande infiltração de
leucócitos, incluindo células-alvo do HIV como linfócitos TCD4+ e macrófagos, aos quais o HIV pode se ligar e
ganhar acesso. Além disso, T. vaginalis frequentemente causa pontos hemorrágicos na mucosa, permitindo o
acesso direto do vírus para a corrente sanguínea. Desse modo, há um aumento na porta de entrada para o vírus em
indivíduos HIV negativos. Semelhantemente, em uma pessoa infectada pelo HIV, os pontos hemorrágicos e a inflamação
podem aumentar os níveis de vírus nos fluidos corporais e o número de linfócitos e macrófagos infectados pelo HIV
presentes na região genital. Isso resulta em aumento de vírus livres e ligados aos leucócitos, expandindo a porta de saída
do HIV. Deste modo, há uma probabilidade oito vezes maior de exposição e transmissão de parceiro sexual não infectado.
Além disso, um aumento da carga viral na secreção uretral tem sido documentado em indivíduos com tricomoníase. Um
aumento na secreção de citocinas (interleucinas 1, 6, 8 e 10), conhecidas por aumentar a suscetibilidade ao HIV, está
sendo agora demonstrado durante a tricomoníase. T. vaginalis tem a capacidade de degradar o inibidor de protease
leucocitária secretória, um produto conhecido por bloquear o ataque do HIV às células, podendo esse fenômeno
também promover a transmissão do vírus. Além disso, muitos pacientes são assintomáticos e, mantendo-se
sexualmente ativos, propagam ainda mais a infecção. Estima-se que 24% das infecções pelo HIV são diretamente
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atribuídas à tricomoníase. Essas descobertas sugerem que o diagnóstico e o tratamento para a infecção por T. vaginalis
em homens e mulheres podem reduzir significativamente a transmissão do HIV.” (NEVES, 2016)
*Por exemplo, se uma mulher apresenta secreção amarelada, esse amarelado é de migração celular; durante o processo
inflamatório algumas células migram para o tecido lesionado para protegerem a pessoa. A primeira célula que migra para
tentar defender é o neutrófilo; cerca de 70% dos leucócitossão neutrófilos, sendo esses que vão ativamente sair do vaso
sanguíneo e migrar para o tecido. Quanto maior a lesão, maior será a migração de neutrófilos, embora o neutrófilo seja a
primeira célula a migrar e a que terá maior concentração, a mesma é a primeira a morrer, estima-se que o tempo de
meia-vida do neutrófilo não ultrapassa uma hora.
A secreção começa esbranquiçada, ganha tons amarelados e depois esverdeados e após isso mais escurecidos, essa
mudança de coloração é de acordo com o acúmulo de migração celular, ou seja, para tentar combater a infecção, células
migram do vaso sanguíneo para o tecido e o acúmulo dessas células mortas formam a bolsa de pus.
Tricomonose e HIV
● Aquisição do HIV:
- Resposta inflamatória local intensa com infiltração de leucócitos.
→ Linfócitos TCD4+ e macrófagos (células-alvo do HIV)
- T. vaginalis origina pontos hemorrágicos na mucosa.
- T. vaginalis induz produção de IL-1, IL-6, IL-8 e IL-10 → aumento da susceptibilidade ao HIV.
● Transmissão do HIV:
- Pontos hemorrágicos e inflamação aumentam os níveis de vírus da mucosa intestinal e número de linfócitos
TCD4+ e macrófagos infectados na mucosa genital.
Qual a célula que o vírus HIV utiliza? Linfócito TCD4+.
À medida que o atapetamento acontece, a lesão também vai ocorrendo e isso leva a lesão vascular, ou seja, pontos
hemorrágicos na mucosa começam a aparecer. No momento em que a mulher está em constante exposição, essa
exposição faz com que, por exemplo o vírus HIV em uma próxima relação sexual consiga entrar com maior facilidade, não
tendo mais tantas zonas de mucosa para atravessar até chegar na vascularização, porque a vascularização já está
exposta graças a esses pontos hemorrágicos, e na circulação terá elevados níveis de linfócitos T. Os linfócitos T vão
favorecer a adesão viral e a disseminação viral.
Além dos linfócitos TCD4+ tem uma célula tecidual que favorece a disseminação do vírus HIV, que são os macrófagos.
Inicialmente tem os macrófagos como porta de entrada do vírus, que os utilizam para chegar com maior facilidade na
vascularização. O processo inflamatório será maior, quanto maior dano tecidual maior será a exposição para outros
agentes infecciosos.
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Tudo começa quando a célula, o leucócito, está dentro do vaso sanguíneo. No momento que ocorre o atapetamento que
acontece no tecido a adesão do parasito no tecido vai causar algum tipo de lesão, essa lesão faz com que as células que
já residem no tecido, como por exemplo os macrófagos (célula tecidual).
Os macrófagos aderidos vão liberar citocinas (proteínas que estimulam a inflamação), e estimula a inflamação atraindo
células inflamatórias para o lugar onde iniciou a inflamação e ativa essas células, quanto maior a ativação de células
inflamatórias mais tem inflamação; a produção dessas moléculas faz com que o leucócito que está no vaso sanguíneo
comece o processo de rolamento sobre o endotélio vascular até sair do vaso sanguíneo, e esse processo se chama de
diapedese (é quando agentes externos, ou seja, extravasculares estimulam a migração de célula que está dentro da
vascularização para fora da vascularização), a primeira célula a sair é o neutrófilo. Quanto maior a saída do neutrófilo da
vascularização, mais secreção a pessoa terá, ou seja, mais pus; a morte dos neutrófilos forma uma bolsa de pus que
tem um odor fétido e a tonalidade da secreção tem relação direta com a migração leucocitária. A morte rápida dos
neutrófilos favorece a formação da secreção.
Resposta imune
O parasito produz uma proteína, que é a cisteína-proteinase; essa cisteína quebra os anticorpos da classe IgG, IgA e IgE
e ao quebrar o parasita consegue escapar da resposta inflamatória. Boa parte da resposta imune adaptativa não consegue
ter eficácia no controle dessa infecção, porque o parasita consegue escapar.
● Presença de anticorpos protetores (IgG e IgA).
● Resposta celular ineficiente.
● Mecanismo de escape do parasito:
- Revestimento com proteínas plasmáticas do hospedeiro, dificultando o reconhecimento do sistema imune.
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Resposta imunológica
Tudo inicia na resposta imune inata (é a primeira linha de defesa), quem está envolvido principalmente nesse tipo de
resposta são os fagócitos e essas células são os macrófagos (está no tecido), neutrófilos (está no vaso sanguíneo) e
células dendríticas (está no tecido), essas células com exceção dos neutrófilos já estão prontos para fazer a defesa, isso
é importante porque no momento em que um agente agressor, por exemplo o Trichomonas vai se aderir na mucosa essas
células irão emitir sinalização para as outras.
A sinalização é feita através das citocinas; os macrófagos e células dendríticas produzem várias moléculas
inflamatórias como TNF, IL-1, IL-12 e que são proteínas inflamatórias, essas proteínas ativam outras células, tanto células
da resposta imune inata quanto células da resposta imune adaptativa. Além disso, tem os neutrófilos, que estão dentro da
vascularização e a medida que tem a produção desses sinais, dessas citocinas os neutrófilos tendem a migrar, eles saem
do vaso sanguíneo por diapedese e migram para o tecido.
O neutrófilo tem função fagocítica, o mesmo tenta destruir o parasito, quando não consegue destruir o parasito por
fagocitose ele libera uma rede de proteínas e essas proteínas conseguem isolar o patógenos, são chamadas de Nets,
esse processo é chamado de netose. O neutrófilo libera essas proteínas para controlar o processo, porém o neutrófilo
utiliza tanto a capacidade celular que ao liberar as Nets, ele morre.
A resposta inata é não especializada, a mesma vai tentar defender contra tudo, porém não tem direcionamento, ou
seja, não tenta destruir especificamente um agente patogênico, qualquer agente patogênico que adentrar tenta
com a mesma potência. Porém com alguns agentes infecciosos precisa de especialização, ou seja, ter mecanismos que
destruam especificamente aquele agente patogênico. Por isso os macrófagos, neutrófilos e células dendríticas são
chamadas de APCs (células apresentadoras de antígenos), as mesmas vão apresentar o patógeno para a resposta imune
adaptativa, que é especializada.
Os linfócitos são da resposta imune adaptativa; tem dois grupos principais de linfócitos, que são os linfócitos T e
os B.
Qual a função dos linfócitos B? Produzir anticorpos. Quando o linfócito B recebe o contato de uma APC, ou seja, de
uma célula fagocítica, o linfócito B se diferencia em uma célula madura que é produtora de anticorpos e essa célula se
chama de plasmócito.
O plasmócito libera anticorpos, tendo 5 classes de anticorpos, que são: IgM, IgE, IgG, IgD, IgA e cada anticorpo tem uma
função diferente.
● O IgA é um anticorpo produzido na mucosa, então o mesmo protege contra agentes agressores que estão na
mucosa gastrointestinal, urogenital, etc.
O anticorpo isola, então se tem um agente invasor o anticorpo se liga no agente invasor e vai isolando o mesmo, não
permitindo que ele continue o ciclo de disseminação, de divisão binária por exemplo.
● O IgE também está relacionado com mucosas, mas esse tem um aspecto mais importante nas alergias, por
exemplo. Graças ao IgE os mastócitos e eosinófilos liberam histamina, que é vasodilatador e em uma inflamação
quanto mais vasodilatação ocorrer maior será a migração dos leucócitos e quanto mais migração de leucócitos,
mais inflamação a pessoa vai ter.
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Porém o parasito nesse caso não permite que os anticorpos promovam algum tipo de ação, graças a produção da
cisteína.
● Os linfócitos T têm função efetora; a função efetora seria a de destruir, ter eficácia no controle da infecção. Tem
aqui dois tipos de linfócitos, o TCD4+ e TCD8+.
● Os TCD4+ são chamados de auxiliares e têm a função de comandar, vão produzir citocinas que controlam
todo o restante da resposta inflamatória; eles se diferenciam em dois grupos de células, que são o Th1 e Th2.
- O Th1 (TNF, IFN, IL-6 e IL-12) vai produzir citocinas inflamatórias que vão ativarmais inflamação, a Th2
(IL-10, TGF-β) produz citocinas regulatórias e que diminuem o processo inflamatório; porém geralmente
tem maior produção de Th1 e por isso as infecções tendem a gerar quadros inflamatórios mais potentes.
● O TCD4+ produz essas moléculas para controlar, produz as citocinas e vão comandar o TCD8+.
● O TCD8+ é citotóxico, uma vez ativado ele destrói o que TCD4+ comandar; se o TCD4+ enviar um sinal dizendo
que uma célula infectada por um vírus tem que ser destruída, o TCD8+ a destrói produzindo proteínas que levam a
destruição da célula ou patógeno; essas proteínas são as granzima B e perforina. A granzima B e a perforina
juntas vão entrar no organismo infectado, ou seja, na célula infectada ou no patógeno (nesse caso o
trofozoíto) e vão causar a apoptose nessa célula, causando a destruição da mesma.
Sinais e sintomas
● Mulher:
- Período de incubação: 3 a 20 dias.
- Vaginite e cervicites (secreção vaginal abundante, amarelo-esverdeada, bolhosa, de odor fétido).
A vaginite leva a um prurido intenso; o prurido é fruto da saída da histamina e da adesão da mesma no macrófago, célula
dendrítica, mastócito e na vascularização. Quanto maior o prurido, maior vai ser a zona irritativa.
*A medida que se tem lesão tecidual a histamina passa a ser liberada, a mesma é vasodilatadora e estimula os eventos
inflamatórios.
- Prurido e irritação vulvo-vaginal.
- Dor e dificuldade para as relações sexuais.
- Dor ao urinar (disúria) e aumento da frequência miccional (polaciúria).
● Homem:
- Infecção normalmente assintomática.
- Uretrite (pouca secreção com discreta ardência miccional).
- Outras complicações: prostatite e cistite (raros).
“Geralmente há infecção masculina quando o cônjuge apresenta tricomoníase. Nos homens, a infecção costuma ser
subclínica e benigna, mas pode produzir uretrites e próstato-vesiculites, acompanhadas de disúria e polaciúria, com
secreção matutina mucóide ou purulenta, prurido e escoriações no sulco bálano-prepucial. Há casos de evolução crônica."
(REY, 2008)
Profilaxia
Estratégias semelhantes às recomendadas para o controle de outras DST:
- Prática do sexo seguro, uso de preservativos, evitar contato com parceiros infectados, tratamento imediato do
casal.
Controle:
- Diagnóstico em pacientes assintomáticos.
- Triagem de mulheres sexualmente ativas.
- Tratamento dos doentes.
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Tratamento
● Devem ser tratados o paciente e o parceiro.
● Drogas utilizadas: derivados imidazólicos:
Inibem o desenvolvimento do parasito e favorecem a destruição parasitária.
- Metronidazol;
A depender do quadro infeccioso vai ser utilizado em dose única, ou se o quadro for avançado com lesão e secreção em
altas concentrações irá utilizar por 7 dias.
- Tinidazol;
- Ornidazol;
- Nimorazol;
- Secnidazol.
● Metronidazol: 2 g via oral (dose única) ou 500 mg duas vezes ao dia por 7 dias.
Diagnóstico
● Clínico:
- Difícil diferenciar de outras ISTs.
“O diagnóstico da tricomoníase não pode ser baseado somente na apresentação clínica, pois a infecção poderia ser
confundida com outras DSTs, visto que o clássico achado ia cérvice com aspecto de morango é observado somente em
2% das pacientes e o corrimento espumoso somente em 20% das mulheres infectadas. Se a clínica fosse utilizada
isoladamente para o diagnóstico, 88% das mulheres infectadas não seriam diagnosticadas e 29% das não infectadas
seriam falsamente indicadas como tendo infecção. A investigação laboratorial é necessária e essencial para o diagnóstico
da tricomoníase uma vez que leva ao tratamento apropriado e facilita o controle da propagação da infecção.” (NEVES,
2016)
● Parasitológico:
- Exame direto a fresco (exame de rotina usual).
- Exame de esfregaços fixados e corados
➢ Giemsa, Leishman, Imunoperoxidase, Hematoxilina férrica, etc.
- Cultura.
● Imunológico:
- Importante para identificar pacientes assintomáticos:
- Aglutinação, imunofluorescência e ELISA.
“O imunodiagnóstico por meio de reações de aglutinação, métodos de imunofluorescência (direta e indireta) e técnicas
imunoenzimáticas (ELISA) tem contribuído para aumentar o índice de certeza do resultado. Estas técnicas não substituem
os exames parasitológicos (microscópio e cultura), mas podem completá-los, quando negativos. Os métodos imunológicos
têm significado maior naqueles casos de pacientes assintomáticos, permitindo uma triagem adequada com a possibilidade
de um tratamento precoce e uma diminuição do risco da transmissão. Testes imunocromatográficos têm sido usados no
diagnóstico da tricomoníase e apresentam sensibilidade de 75 a 83% e especificidade de 97 a 99%, além de o resultado
ser fornecido em 10 minutos.” (NEVES, 2016)
Coleta das amostras
● Homem:
- Matinal, antes de urinar, sem uso de medicamento.
- Material: secreção uretral, sêmen, urina, secreção prostática e material sub-prepucial.
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● Mulher:
- Antes da higiene vaginal (18 - 24h), sem tratamento anterior com medicação oral, cremes ou géis.
- Material: secreção vaginal ou cervical.
● Preservação das amostras:
- Líquidos de transporte: salina glicosada, solução de Ringer ou solução de Locke → até 24h.
- Meios de transporte: Stuart e Amies → até 24h.
Trichomonas vaginalis (trofozoítos)
Notar a morfologia flagelar típica.
Coloração pelo Giemsa.
● Esfregaço de secreção vaginal contendo trofozoítos de Trichomonas vaginalis.
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Células epiteliais:
Superficiais, intermediárias, profundas.
Leucócitos: PMN e neutrófilos.
Fungos e Bactérias,
Muco,
Hemácias,
Espermatozóides,
T. vaginalis, etc.
Trofozoíto de T. vaginalis
GIEMSA
Trofozoíto de T. vaginalis
GRAM
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Aula 3 - Parasitologia
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Ancilostomose
Ancilostomídeos - Epidemiologia
● Distribuição mundial.
Não é exclusivo de países “pobres”.
● Endêmico nas zonas rurais.
● Falta de instalações sanitárias e o hábito de defecar no solo (peridomicílio) e andar descalço.
● Maior frequência em crianças > 6 anos, adolescentes e adultos mais velhos.
● Desenvolvimento dos ovos: umidade > 90%, ausência de raios solares, solo arenoso e rico em matéria
orgânica (a larva consome o solo, que tem alta concentração de matéria orgânica), temperatura de 25 -
35ºC, etc.
● Monteiro Lobato (1919): “ O Jeca não é assim - está assim”.
Etiologia
É uma infecção provocada por um helminto.
➢ Ancylostominae: para seres humanos os de maior interesse são A. duodenale e A. caninum e em pequenas
quantidades tem a A. braziliense. Tem maior capacidade de dano tecidual, e ele consome mais sangue.
➢ Brunostominae.
Essas subfamílias tem de diferente o vestíbulo bucal: a Ancylostominae a boca é um pouco mais aberta e a dentição
do parasito tem dois pares de presas, tendo então 4 presas (4 cutículas) extremamente afiadas; o Necator americanus, o
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assoalho bucal tem forma de ventosa, ao invés de presas ele tem lâminas cortantes, ou seja, o sistema de sucção do
mesmo é mais potente, e ele possui 2 lâminas quitinosas.
Qual deles consegue perfurar com maior profundidade a mucosa, o Necator ou Ancylostoma? O Ancylostoma. A
presença das presas faz dessa subfamília um parasito que tem maior capacidade de dano tecidual, ou seja, o mesmo
consome mais sangue; o repasto sanguíneo, o consumo nutricional da subfamília Ancylostominae vai acontecer melhor
que o do Necator americanus.
Qual deles se adere com mais força? O Necator americanus, porque ele cria um sistema de vácuo no assoalho bucal,
trabalhando por sucção.
Morfologia
● Vermes adultos:
- Forma do corpo (cilíndricos com dimorfismo sexual).
- Tamanho (0,5 - 1,8 cm de comprimento. x 400 – 600 µm largura).
É um parasito macroscópico. A fêmea é maior do que o macho, porque a mesma possui vários úteros, precisando
armazenar uma alta concentração desses ovos e por esse motivo ela é mais alongada do que o macho.
- Cauda da fêmea (afilada).
- Cápsula bucal (dentes ou lâminas cortantes).
● Ovos (similares entre as espécies):
- Ovais (60 x 40 m).
Afêmea consegue colocar cerca de até 1.000 ovos (algumas literaturas referem até 30.000). A fêmea faz ovoposição em
alta concentração.
Os ovos por serem ovoides possuem uma dupla camada a qual protege o embrião. No solo o embrião irá se desenvolver,
absorver a matéria orgânica presente no solo e ao longo do processo vai haver a transformação das larvas.
“Os ovos das várias espécies são muito parecidos, ovóides ou elípticos, de casca fina e transparente. Diferem, entretanto,
principalmente pelo tamanho médio: o de A. duodenale mede ao redor de 60 pm, e o de N. americanus, de 70 pm. Entre a
casca e a célula-ovo há sempre um espaço claro que diminui à medida que avança a segmentação.” (REY, 2008)
Giulia Magno Rocha
● Larvas:
- Rabditoides - esôfago com dilatações.
É a que inicia o processo de desenvolvimento, a característica anatômica da mesma é que o esôfago é dilatado. Por ter
esôfago dilatado vai conseguir consumir uma maior concentração de matéria orgânica, sendo isso melhor para o
desenvolvimento. Após o desenvolvimento no solo vai se transformar em larva filarioide.
“Essas larvas alimentam-se ativamente no solo, ingerindo principalmente bactérias, e crescem de modo a alcançarem 400
µm de comprimento no terceiro dia, quando tem lugar a primeira muda. A larva rabditóide de segundo estádio cresce até
um tamanho de 500 a 700 µm. Começa, então, a modificar-se, passando seu esôfago à configuração filarióide, e
sobrevém a segunda muda ou ecdise.” (REY, 2008)
- Filarioides (infectantes) – esôfago retilíneo.
Larva mais madura, por ser mais afilada entra em contato com a pele e consegue infectar a pessoa.
Ancylostoma duodenale
Cápsula bucal apresenta 2 pares de presas triangulares em sua margem superior.
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● Macho:
- 8-11 mm x 400 µm.
- Extremidade posterior com bolsa copuladora.
*O macho tem uma estrutura chamada de bolsa copulatória ou cloaca em sua porção terminal, através desta que ele
começa a entrar em contato com a vagina da fêmea. Inicia o processo através da bolsa copuladora, porém a ejeção dos
espermatozoides acontece em um ducto ejaculatório. Basicamente diz que isso é chamado de dimorfismo sexual, que
é quando consegue claramente separar quem é macho de quem é fêmea.
● Fêmea:
- 10-18mm x 600µm.
- Extremidade posterior (cauda) afilada.
Necator americanus
Possui as mesmas características corporais do Ancylostoma, com a fêmea muito mais alongada que o macho e o macho
contendo na parte terminal uma bolsa copulatória.
Tem no vestíbulo bucal um sistema de ventosas, a musculatura da cabeça do mesmo é mais forte que o Ancylostoma
duodenale, tendo maior capacidade de sucção. Possui duas lâminas quitinosas que causam perfuração na mucosa
intestinal do hospedeiro.
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Cápsula bucal larga, apresenta duas placas ou lâminas cortantes, em forma de meia-lua.
● Macho:
- 5-9mm x 300 µm.
- Extremidade caudal com bolsa bem desenvolvida.
● Fêmea:
- 9-11mm x 350µm.
- Extremidade posterior afilada.
*Se tiver extremidade formada de gancho, esses ganchos são a bolsa copulatória, tratando-se de um macho. Se a cauda
for retilínea, trata-se de uma fêmea. Para identificar se é Necator ou Ancylostoma precisa observar o assoalho bucal do
parasito.
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Por que precisa causar uma perfuração? Graças a essa perfuração que a principal fonte nutricional tanto do Necator
quanto do Ancylostoma duodenale será sangue. Necessita consumir sangue para o metabolismo.
Ciclo biológico de Ancylostomidae de humanos
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A) Ovo recém-eliminado com as fezes;
B) Ovo com larva de primeiro estádio;
C) Eclosão da larva de primeiro estádio;
D) Larva de primeiro estádio, com tamanho original de 300 pm;
E) Formação da larva de segundo estádio com restos de bainha e com tamanho original de 400 pm.
F) Larva de terceiro estádio ou infectante, com tamanho original de 600 pm.
As linhas tracejadas e setas indicam as vias de penetração da larva infectante:
1) Transcutânea: circulação, cava, coração, pulmão, traqueia, faringe, laringe (ingestão), esôfago, estômago e
intestino delgado;
2) Oral: ingestão, esôfago, estômago e intestino delgado.
Ovos típicos de Ancilostomídeos (blastômeros)
Oval (60µM X 40µM)
Possui duas camadas que conferem proteção ao embrião, o desenvolvimento embrionário ocorre principalmente no solo.
É um ciclo monoxênico (indivíduo-indivíduo).
Ovo de Ancilostomídeos (recém-eliminado - sem segmentação)
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Inicia quando o indivíduo parasitado faz a eliminação dos ovos do parasito no solo.
Qual o local de habitação desses parasitos no hospedeiro humano? No intestino delgado, principalmente na região do
duodeno e jejuno.
No intestino delgado as fêmeas e machos irão parasitar. O vestíbulo bucal se liga na mucosa intestinal do hospedeiro e a
ovoposição ocorre.
Durante a cópula, as fêmeas sobrevivem e o macho morre após a cópula.
As fêmeas parasitam principalmente a região do intestino delgado; todo o processo de absorção nutricional
ocorre no intestino delgado e tudo o que não serve vai migrar para o intestino grosso.
O ovo do parasito não é reabsorvido por essa mucosa, o mesmo tende a migrar para o intestino grosso e nesse
local haverá a mistura dos ovos do parasito com o material fecal, e esses ovos são eliminados para o meio
externo.
Para o meio externo o ovo já vai embrionado, o embrião para que se desenvolva necessita de algumas condições:
boa oxigenação, umidade superior a 90%, temperatura que varia entre 20 - 35ºC (a nível de solo é considerado elevado),
todos esse fatores juntos criam uma situação ideal para o desenvolvimento do embrião, a matéria orgânica será
consumida pelo parasito, tudo isso junto faz com que o parasito gere uma larva e a mesma ecloda o ovo.
O ovo eclode e inicialmente libera uma larva chamada de L1 (rabditoide), a qual tem esôfago dilatado para consumir
mais matéria orgânica; a larva L1 no solo faz o consumo de matéria orgânica e se transforma em larva L2, que já é um
pouco mais amadurecida, e achata o esôfago se tornando mais afilada. A larva L2 se transforma na L3, que não é mais
rabditoide, sendo agora uma larva filarioide e é potencialmente infectante, tendo capacidade de invadir um tecido.
Por que a larva filarioide tem capacidade de penetrar um tecido e a rabditoide não? Por causa da estrutura
anatômica. A estrutura da rabditoide a deixa mais corpulenta.
A larva filarioide é extremamente afilada, o que a faz buscar um folículo piloso principalmente, ou seja, o folículo piloso
se transforma em uma porta de entrada para a larva filarioide. A larva filarioide começa a ter movimentos que são
chamados de movimentos serpentiformes, essa larva começa a se mover ativamente para penetrar na pele,
principalmente na região dos membros inferiores, que é onde está em maior contato com o solo. Porém não é apenas na
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pele que as larvas podem penetrar, pode entrar através de tecido conjuntivo (o qual é altamente vascularizado) e a
larva pode se aproveitar desse tecido que é mais fino e mais vascularizado para penetrar com mais facilidade; a
larva também pode se aderir a mucosa oral e a partir dessa ganhar a circulação.
Quem penetra de fato é a larva L3.
*A entrada da larva na pele gera um quadro inflamatório pruriginoso, ou seja, coceira.
Se porventura ocorrer a ingestão da larva haverá outro ciclo acontecendo. Por ingestão, a maior parte das larvas
morrem, o suco gástrico (composto por enzimas, ácido clorídrico) destrói boa parte das larvas, porém as que
sobreviverem irão sobreviver sem os dentes, porque a dentição é composta de proteína, e as enzimas gástricas
conseguem destruir a proteína. Entretanto, mesmo assim conseguem migrar para o intestino delgado e se aderirem.
O habitat alvo para que o parasito faça a adesão é o intestino delgado.
A larva L3 cai na corrente sanguínea e dá-se início ao ciclo de Loss. O ciclo de Loss é quando uma larva consegue
seguir através da corrente sanguínea. O ciclo venoso faz comque essa larva chegue no coração; se a penetração
ocorre nos pés a penetração no coração chega na veia cava inferior. No coração pelo fluxo sanguíneo a larva ainda em
L3 vai chegar no pulmão através da artéria pulmonar; a tosse tem relação com o parasitismo.
No pulmão a presença dessa larva vai desencadear uma síndrome, que é chamada de síndrome de Loeffler ou
pneumonia eosinofílica. A larva L3 no pulmão encontra algumas células, primeiramente os macrófagos (célula tecidual;
à medida que os macrófagos reconhecem qualquer estrutura que tem como estranha o mesmo começa a produzir
citocinas), no pulmão os macrófagos começam a produzir moléculas inflamatórias, mas diferentemente de uma
bactéria, vírus ou protozoário aqui os macrófagos passam a ativar os eosinófilos. Ativam os eosinófilos por se
tratar de um parasito grande, um macrófago não consegue fazer fagocitose, e assim produz uma citocina chamada de
IL-5 e a mesma ativa eosinófilo. O eosinófilo possui grânulos de histamina.
No pulmão, na tentativa de defender contra a presença da larva, o macrófago além de ativar eosinófilo vai ativar a
IL-4 e essa ativa célula B, que faz a produção de anticorpos, principalmente anticorpos da classe IgE.
IgE se liga aos eosinófilos e faz com que os mesmos liberem histamina, quanto mais liberação de histamina mais
vasodilatação e mais inflamação no tecido.
Por que esse tecido ao inflamar faz com que o parasito fuja? Porque a resposta inflamatória é agressora, ao agredir e
tentar controlar a infecção a larva tende a sair do pulmão e fazer movimento ascendente, “nadando” até a traqueia,
faringe, laringe, esôfago e a larva chega próximo do assoalho bucal e a pessoa engole. O ato de deglutir novamente
faz com que a larva ainda em L3 chegue ao estômago.
*A tosse seca é fruto da pneumonia eosinofílica (ou síndrome de Loeffler), esse indivíduo está desenvolvendo a
síndrome de Loeffler, que é a passagem da larva pelo pulmão. À medida que ela passa pelo pulmão vai ativando eosinófilo
e este provoca inflamação para tentar expulsar a larva. A síndrome de Loeffler é passageira e vai acontecer durante o
ciclo da larva no pulmão; a larva deixou o pulmão e a tendência é que os eosinófilos diminuam a concentração, a
concentração de histamina e essa manifestação clínica desapareça.
*Na microbiologia tem pneumonias típicas e atípicas. Nesse caso teria uma pneumonia extremamente atípica e quem
causa é a larva do parasito.
A passagem da larva pelo pulmão, chegando na traqueia, laringe, faringe vai causar fenômenos como tosse,
aumento de secreção mucosa na região de laringe, faringe e traqueia, rouquidão também pode ocorrer fruto do
processo inflamatório.
O que tem no intestino delgado que atrai mais o parasita? A absorção nutricional dos macronutrientes acontece no
intestino delgado, principalmente na região superior. Então, por ser uma maior fonte de absorção nutricional é que o
parasito vai querer se estabelecer; encontra fonte nutricional e vai se aderir. Ao aderir, a larva L3 vai se transformar em
uma larva maior, que é a L4 e essa vai consumir matéria orgânica como proteínas, carboidratos, lipídios e sangue
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(tem alta concentração de proteínas, principalmente a albumina). A larva L4 se transforma em larva L5 e por fim
em um verme adulto, isso tudo ocorre preso na mucosa.
Quando se transforma em verme adulto, haverá reprodução sexuada, ambos macho e fêmea presos na mucosa do
intestino.
O verme adulto preso no intestino delgado vai consumir além dos nutrientes que a pessoa está absorvendo e fazer
hematofagismo (consumo de sangue). Dentro da hemácia tem alta concentração de proteína, que é a hemoglobina;
com a espoliação sanguínea vira fonte nutricional e por isso o indivíduo entra em estado de anemia extremamente
severa, essa anemia vem do hematofagismo, do consumo exagerado de sangue.
O ciclo da hemoglobina utiliza ferro, dessa forma se está consumindo hemoglobina, também consome ferro; vem daí a
importância desse indivíduo suplementar a alimentação com sulfato ferroso.
De onde vem a prostração, a letargia e a inapetência? É fruto da diminuição do aporte de oxigênio. Se não tem muita
hemoglobina como a mesma irá transitar, levar oxigênio para o tecido? Quanto menos oxigenação, menor atividade
metabólica tecidual. Então esse indivíduo se torna prostrado, astênico.
Como há um consumo extremamente forte de sangue o indivíduo gera um quadro de hipoalbuminemia, passa a ter um
menor desenvolvimento muscular e em alguns casos pode desenvolver quadro de mialgia.
A síndrome de Pica tem a ver com o consumo de ferro, o indivíduo quando tem uma diminuição de ferro a nível
metabólico começa a apresentar algumas manifestações neurológicas; vem daí a vontade de comer areia, reboco de
parede, etc, diz-se que esse indivíduo está com anemia ferropriva.
O processo inteiro da infecção dura em média 30 dias.
Se o indivíduo deglutir a larva em L3, o que ocorre? Vai cair direto no estômago, não desenvolvendo a síndrome de
Loeffler. A larva pularia etapas, rapidamente iria cair no estômago, chegando até a mucosa intestinal.
Larva rabditoide
Primeiro (L1) e segundo estádio (L2).
No solo:
- Movimentos serpentiformes.
- Alimentam-se de matéria orgânica e microrganismos.
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Larva filarioide
Terceiro estádio (L3 infectante).
No solo:
- Movimentos serpentiformes.
- Não se alimentam (cutícula externa que fecha a cavidade bucal).
- Produção de enzimas que facilitam a penetração nos tecidos.
Aspectos biológicos
● Habitat:
- Intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo).
● Transmissão:
Penetração da L3 filarioide (infectante):
1 - Ativa (via transcutânea) → ciclo pulmonar.
2 - Passiva (via oral) → sem ciclo pulmonar.
● Formas de transmissão não observadas em humano:
Auto-infecção endógena, infecção intra-uterina ou transmamária (colostro).
Ciclo Biológico
1) Meio externo → Vida livre
- Ovo, ovo embrionado, L1, L2 e L3 (larva infectante filarioide).
- Condições favoráveis para embrionia: boa oxigenação, temperatura elevada, umidade alta (>90%).
- Tropismo da larva filarioide: termo e hidrotropismo positivos e geotropismo negativo.
2) Meio interno → Vida parasitária
- L3, L4, L5 e verme adulto.
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- Circulação sanguínea ou linfática → Coração → Pulmões (L4) → Árvore brônquica → Intestino delgado (L5 →
formas adultas).
Ancilostomídeos – Ciclo biológico
A. duodenale – 20.000 ovos/dia.
N. americanus – 10.000 ovos/dia.
● Pele:
1) Circulação: coração, pulmões;
2) Brônquios, bronquíolos, traqueia (L4);
3) Faringe, laringe, esôfago;
4) Intestino delgado (L5);
5) Verme adulto.
● Ingestão de larvas L3:
1) Perda da cutícula no estômago.
2) Intestino delgado (L4 e L5).
3) Verme adulto.
Ancilostomídeos- Patogenia
● Fase aguda:
- Migração das larvas (tecido cutâneo e pulmonar) e instalação dos vermes adultos no intestino delgado.
“Prurido na pele da região invadida pelas larvas, com eritema edematoso ou erupção papulo-vesiculosa. Elas aparecem
poucos minutos depois da penetração larvária e duram alguns dias.” (REY, 2011)
Giulia Magno Rocha
“Dias depois, as manifestações respiratórias, que correspondem ao ciclo pulmonar da evolução larvária, costumam ser
muito discretas. Tosse seca ou com expectoração, estertores pulmonares e sinais radiológicos da síndrome de Loeffler,
talvez com febre, podem aparecer nas infecções por A. duodenale. Mais constante é uma eosinofilia sanguínea alta, que
chega a 30% e, mesmo, a 60% no primeiro mês da doença.” (REY, 2011)
“Quando a carga parasitária adquirida for grande, entre a terceira e a quinta semana surgem: mal-estar abdominal,
localizado na região epigástrica, anorexia, náuseas e vômitos; pode haver cólicas e alguma diarreia, febre ligeira, cansaço
e perda de peso. Em crianças e indivíduos subnutridos, as infecções maciças chegam a simular um quadro de abdome
agudo, de úlcera duodenal ou de apendicite; ou levam rapidamente a um quadro de anemia grave, com dilatação cardíaca,
insuficiênciacirculatória e, eventualmente, a morte.” (REY, 2011)
● Fase crônica:
- Permanência do verme adulto + espoliação sanguínea + deficiência nutricional (desnutrição) → alterações
fisiológicas, bioquímicas e hematológicas.
Aspectos clínicos
Ancylostoma duodenale realizando hematofagia.
Clinicamente quem será mais agressivo, Necator ou o A. duodenale? O A. duodenale.
Giulia Magno Rocha
A taxa de espoliação sanguínea no Necator é menor e por isso a manifestação clínica será menor.
Ancilostomídeos – Quadro Clínico
● Manifestações cutâneas:
- Ocorrem nos locais de penetração das larvas L3 (eritema, finas pápulas pruriginosas, nas reinfecções são
mais violentas);
- Presença de infecções secundárias.
● Manifestações pulmonares:
- Febre baixa, tosse seca, e dispneia; Síndrome de Loeffler;
- Eosinofilia (escarro e sangue).
Em alguns casos a depender do grau de pneumonia eosinofílica essa inflamação pode levar a ruptura vascular, e o
indivíduo gerar hemoptise (a pessoa começa a escarrar com secreção sanguinolenta).
● Manifestações intestinais:
- Lesões inflamatórias, dor epigástrica, alterações de apetite, náuseas, vômitos;
- Perda contínua de sangue - anemia ferropriva;
- Perda contínua de proteínas;
TGI;
- Astenia, dispneia, taquicardia, cefaleia.
“Em casos de parasitismo intenso, a mucosa fica edemaciada e com infiltração leucocitária, onde predominam os
eosinófilos.” (REY, 2011)
*Com menos oxigênio circulante e síndrome de Loeffler ocorrendo, o indivíduo pode desenvolver diminuição da respiração,
ou seja, dispneia. Tudo isso são manifestações provocadas pelo consumo exagerado de sangue provocado pelo parasito.
*Em crianças pode haver atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor, retardo mental, mostrando-se necessário um
diagnóstico extremamente rápido e que consiga fazer a suplementação nutricional adequada.
Anemia ancilostomótica crônica: palidez, cansaço, falta de ar, palpitações, taquicardia, lassidão e preguiça →
retardamento físico e mental.
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Ao longo dos dias de infecção, a taxa de ferro e de hemoglobina decai bastante, chegando a um limiar quase que
negativo, principalmente em crianças.
Aspectos imunológicos
● Ancilostomose aguda:
- Eosinofilia e aumento de anticorpos IgE e IgG (não protetores).
● Ancilostomose crônica:
- Eosinofilia e aumento de IgE total e anticorpos específicos (IgG, IgA e IgM).
Diagnóstico
● Epidemiológico ou coletivo:
Observação do quadro geral da população.
● Clínico ou individual:
Anamnese e associação com sintomatologia.
● Diagnóstico direto ou parasitológico:
1) Exame parasitológico das fezes → Sedimentação espontânea, centrífugo-flutuação, Willis.
2) Coprocultura → Cultura em ágar.
● Diagnóstico indireto ou imunológico:
- Precipitação, hemaglutinação, difusão em gel, ELISA, etc.
- Sem utilidade na prática.
Controle
● Países desenvolvidos:
- Barateamento e produção de calçados, drogas anti-helmínticas eficazes e acessíveis → redução dos casos.
● Países em desenvolvimento:
- Falta de saneamento básico e educação sanitária, alimentação pobre, escassez de medicamentos anti-helmínticos
→ aumento dos casos.
● Medidas preventivas coletivas e individuais.
● Tratamento em massa da população.
● Busca de uma vacina.
Tratamento
● Terapia individual:
Utilização de anti-helmínticos:
PAMOATO DE PIRANTEL
(Piranver, Combantrin)
→ Inibe a colinesterase causando a paralisia
do verme. (10-20mg/kg/3 dias)
MEBENDAZOL
(Pantelmin, sirben)
→ Age bloqueando a captação de glicose e
aminoácidos. (100 mg/2 vezes ao dia/3
dias)
ALBENDAZOL
(Zentel)
→ Larvicida (400 mg/dia, dose única)
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Albendazol e Mebendazol são drogas que eliminam as formas larvárias do parasito. O Mebendazol consegue
destruir o verme adulto.
Com o avanço da ciência há uma mistura de drogas, que é o Annita, é um combinado dessas drogas. O Anitta já tem
dose única.
*Suplemento alimentar → Rico em proteínas e ferro.
*Anemia → Sulfato ferroso.
➢ O que chama atenção nesse caso no ponto de vista clínico em relação a Ancilostomose?
- Lesão cutânea que favorece a entrada.
- Ulceração da mucosa no estômago não tem a ver com o parasito, porém se fosse no intestino, teria correlação.
- Tosse seca e expectoração → ciclo de Loeffler.
- No hemograma percebe-se que os eritrócitos têm 3.5, estando com baixa concentração de células.
- Hemoglobina com baixa concentração.
- Tem muitos reticulócitos, que são hemácias jovens. A medida em que a qualquer distúrbio hematológico a medula
começa a produzir hemácias em um volume grande, liberando hemácias que não estão completamente formadas.
A presença desses reticulócitos (células jovens, indica hematopoese aumentada) tem relação com o parasitismo.
- Nível de eosinófilo circulante está alto; esse indivíduo tem larva e verme adulto, porque se o indivíduo está
desenvolvendo síndrome de Loeffler ainda tem larvas, mas se tem manifestações intestinais como no caso o
consumo de sangue também tem o verme adulto.
*O amarelão tem relação direta com a icterícia; a icterícia acontece principalmente com destruição de hemácias.
Giulia Magno Rocha
Aula 4 - Parasitologia
Giulia Magno Rocha
Enterobius vermicularis
e
Strongyloides stercoralis
Strongyloides stercoralis
Quanto mais se dissemina mais consegue gerar um quadro de maior gravidade; por ele ser menor tem maior capacidade
de disseminação.
● Classe: Nematoda.
● Ordem: Rhabdiasoidea.
● Família: Strongyloididae.
● Gênero: Strongyloides.
● Espécie: Strongyloides stercolaris.
É um parasito onde a transmissão é orofecal ou transmissão direta.
S. Fulleborni eventualmente pode exercer parasitismo (comum em animais e muito raro em humanos).
Strongyloides stercoralis
● Agente etiológico da estrongiloidíase ou estrongiloidose.
● Pequeno nematódeo encontrado no solo ou água contaminada.
● Várias espécies do gênero Strongyloides (> 52).
● Homem → Strongyloides stercoralis.
● Regiões tropicais e subtropicais: alta prevalência.
Devido a temperatura alta no solo para propiciar desenvolvimento da larva.
● Maioria das infecções: assintomáticas.
● Imunodeprimidos: enterite (quadro inflamatório no intestino delgado) ou enterocolite (quadro inflamatório
mais grave).
Todo parasito que tem parte do ciclo acontecendo no solo o mesmo precisa de oxigênio, umidade e um solo extremamente
rico em matéria orgânica e um ambiente que gira em torno de 35º C.
Importância da Estrongiloidíase
● Comum em áreas rurais.
Falta de saneamento básico, pessoas que podem defecar no solo. Porém em zonas urbanas normalmente periféricas
também tem, por falta de saneamento básico adequado.
● Fácil transmissão (vários mecanismos).
Adentra pela pele, utiliza o folículo piloso e o início da infecção causa prurido e na disseminação chega na corrente
sanguínea.
Giulia Magno Rocha
● Cronicidade e autoinfecção: formas graves de hiperinfecção e disseminação, além da reagudização em
indivíduos imunodeprimidos.
Tem autoinfecção, a pessoa pode continuar se reinfectando.
● Parasito oportunista.
● Estrongiloidíase grave pode levar à morte.
O indivíduo imunossuprimido pode morrer.
Formas evolutivas
● Fêmea partenogenética parasita.
Ovovivípara – elimina na mucosa intestinal o ovo já larvado (larva rabditoide - L1).
“As fêmeas parasitas são partenogenéticas e produzem larvas que no meio externo podem dar machos e fêmeas de vida
livre.” (REY, 2008)
● Fêmea de vida livre (2n).
● Macho de vida livre (n).
Tem menor tempo de vida que a fêmea.
● Ovos (semelhantes aos dos ancilostomídeos) - originados de fêmeas parasitas e de vida livre;
● Larva rabditoide - L1 e L2 (vestíbulo bucal curto) - originados de fêmeas parasitas e de vida livre;
● Larva filarioide - L3 (forma infectante – cauda “entalhada”).
Por que o macho não consegue parasitar como a fêmea? Porque ele acasala tanto com a fêmea que ele não
sobrevive, fica sem ATP e morre.
A larva rabditoide no solo se for 2n vai levar a fêmea de vida livre; larva no solo rabditoide n vai levar a macho de
vida livre.
A característica

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