Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 2, n.5, Edição Especial, outubro 2011 686 GESTÃO AMBIENTAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL: UMA QUESTÃO PASSAGEIRA? Érica Cristiane Dos Santos Campaner - ecristiane.Santos@Hotmail.Com Heloisa Helena Rovery Da Silva - heloisa@Unisalesiano.Edu.Br RESUMO A sociedade atual se encontra num processo de intensa mudança, que inclui a maneira de pensar, perspectivas, metas e objetivos das pessoas. Diante desta nova proposta de conscientização, a educação ambiental objetiva a formação de indivíduos capazes de compreender o mundo e agir de forma consciente, ou seja, uma sociedade socialmente responsável. A medida que a humanidade vai tomando consciência do seu papel social, muito tem se questionado acerca da Responsabilidade Social das empresas, pois embora muitas organizações, consideram-se socialmente responsáveis o assunto responsabilidade social só ganhou maior destaque a partir dos anos 90, período onde houve maior pressão da sociedade, meios de comunicação e ONG’s sobre o mundo organizacional. A gestão socioambiental é o caminho para as organizações que decidiram assumir responsabilidade social e adotar as melhores práticas para tornar mais sustentáveis seus processos produtivos. Palavras-chave: Gestão Ambiental. Responsabilidade Social. INTRODUÇÃO Neste final do século XX e princípio do século XXI, as organizações brasileiras enfrentaram um ambiente caracterizado pela incerteza, pela inovação tecnológica, pelos novos paradigmas de gestão e por uma impressionante velocidade de mudança nos campos da educação, da informação e do conhecimento. A gestão ambiental deixou de ser um assunto somente de ecologistas para se tornar assunto da atualidade. A ameaça à sobrevivência humana em fase de degradação dos recursos naturais, a extinção das espécies da fauna e da flora, e o aquecimento da temperatura devido à emissão de gases poluentes fizeram com que a questão ambiental ocupasse um lugar de destaque nos diversos debates mundiais, facilitando o engajamento das organizações (empresas, companhias, corporações, firmas e instituições), governos e comunidade. Nesse contexto, gestão ambiental não é apenas uma atividade filantrópica ou tema para ecologistas e ambientalistas, mas também uma atividade que pode propiciar ganhos financeiros para as empresas. Se existe uma maneira de garantir o sucesso de uma gestão sócio ambiental ela está diretamente ligada à conscientização de todos, indústrias, chefes de governo, órgãos ambientais, entidades e sociedade. (TACHIZAWA, 2006, p. 26) Esse novo estilo de administração induz à gestão ambiental associada à ideia Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 2, n.5, Edição Especial, outubro 2011 687 de resolver problemas ecológicos e ambientais da organização. Ela demanda uma dimensão ética, cujas principais, motivações são a observância das leis e a melhoria da imagem da organização. Essa não é mais uma moda passageira que teve um pico e depois entrou em declínio, pelo contrário, indica que todos estão muito mais comprometidos com as questões ambientais, pois a responsabilidade social é a forma de gestão empresarial pautada pela relação ética com todos os públicos com os quais ela se relaciona. Poucos assuntos cresceram tanto em importância nas organizações quanto a gestão ambiental e responsabilidade social corporativa. As organizações têm cada vez mais aumentado sua preocupação com estes temas, ingressando nesta tendência mundial e aperfeiçoando sua visão sobre o que é ser socialmente responsável. O desafio atual enfrentado pelas organizações é de alcançar soluções capazes de harmonizar o plano econômico, ambiental e social. A gestão socioambiental é o caminho para as organizações que decidiram assumir responsabilidade social e adotar as melhores práticas para tornar mais sustentáveis seus processos produtivos. Segundo Tachizawa (2006), a gestão ambiental e a responsabilidade social, tornam-se importantes instrumentos gerenciais para capacitação e criação de condições de competitividade para as organizações, qualquer que seja seu segmento econômico. Portanto, a pesquisa pretende demonstrar que: as organizações que primam pela preservação do meio ambiente são reconhecidas como organizações socialmente responsáveis? E, para enfatizar os objetivos e responder ao problema, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, como forma de pressuposto teórico e análise. 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 1.1.1 Ser mais responsável socialmente é fator de competitividade A Responsabilidade Social Empresarial tornou-se um fator de competitividade para os negócios. No passado, o que identificava uma organização competitiva era basicamente o preço de seus produtos. Depois, veio a onda da qualidade, mas ainda focada nos produtos e serviços. Hoje, as organizações devem investir no permanente aperfeiçoamento de suas relações com todos os públicos dos quais dependem e com os quais se relacionam: clientes, fornecedores, parceiros e colaboradores. Fabricar produtos ou prestar serviços que não degradem o meio ambiente, promover a inclusão social e participar do desenvolvimento da comunidade de que fazem parte, entre outras iniciativas, são diferenciais cada vez mais importantes para as empresas na conquista de novos consumidores ou clientes. (INSTITUTO ETHOS; SEBRAE, 2003, p. 6) Pelo retorno que traz, em termos de reconhecimento – imagem – e melhores condições de competir no mercado, além de contribuir substancialmente para o futuro do país, o movimento da Responsabilidade Social Empresarial vem crescendo no Brasil. A mídia está cada vez mais fiscalizadora e os consumidores, por sua vez, mais exigentes. O negócio baseado em princípios socialmente responsáveis não só cumpre Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 2, n.5, Edição Especial, outubro 2011 688 as suas obrigações legais como vai além. Tem por premissa relações éticas e transparentes, e assim ganha condições de manter o relacionamento com parceiros e fornecedores, clientes e colaboradores, governo e sociedade. Ou seja: quem aposta em responsabilidade e diálogo vem conquistando mais clientes e o respeito da sociedade. É verdade que muitas organizações já contribuem para a melhoria das comunidades nas quais estão presentes. Mas esta deve ser uma postura sistemática, para enraizar valores como a solidariedade no meio social. (INSTITUTO ETHOS, 2003). O consumidor cobra do setor empresarial um elevado grau de responsabilidade social e de compromisso com a preservação do meio-ambiente. Muitas pessoas apóiam a criação de leis de incentivo e as práticas socialmente responsáveis, mesmo que isso implique em aumento de preços ou impostos. São provas inequívocas de que a atuação solidária é fator de competitividade em qualquer mercado. Trata-se de uma maneira efetiva do consumidor colocar em prática o seu lado cidadão. Se há muitos fatores determinantes quando se deve decidir entre marcas distintas, é certo que ganha importância o engajamento social de cada organização. É fato que o consumidor demonstra preocupação com a responsabilidade corporativa. Mais do que agregar valor aos produtos e serviços de uma organização, as diferentes maneiras de apoio ao Terceiro Setor garantem transparência ao relacionamento com todos os seus públicos, incluindo a parcela de consumidores- cidadãos. É preciso entender que as corporações são co-responsáveis pelo desenvolvimento social, e este deve pautar o planejamento estratégico de todas as ações. (TIEGHI, 2006) A ideia de que a ética norteia relações no mundo dos negócios aplica-se também a preservação de recursos naturais e humanos. É possível afirmar que a sustentabilidade empresarial está condicionada hoje a três pilares: econômico- financeiro, ambiental e social. As demandas de planejamento tendem a serpensadas necessariamente sob este prisma, que possibilita a sobrevivência em segmentos cuja concorrência é cada vez mais acirrada. (TIEGHI, 2006) O desafio atual é adequar a gestão empresarial a indicadores sociais a cada dia mais determinantes nas relações com o público, salienta Tieghi (2006). É essencial, mais do que realizar campanhas esporádicas, difundir o conceito de marca-cidadã, segundo o qual a organização deve promover projetos sociais em conformidade com seus valores e princípios. Isso ajuda a criar uma imagem sólida o bastante para fidelizar o cliente. Mas não bastam discursos bem intencionados ou estratégias de marketing; é preciso engajar o público, fazendo com que ele abrace esta causa. Conforme Tieghi (2006), estimular boas práticas de gestão social é o primeiro passo no sentido de elevar o patamar de consciência da organização. A seguir, essa nova postura deve atingir todos os stakeholders, modificando substancialmente a interação da empresa com a sociedade. O impacto tende a ser extremamente positivos para os negócios. Afinal, a quebra de paradigmas está se revelando eficaz justamente na ponta responsável pelas mudanças na cadeia: o consumidor final. Este novo cenário mundial da gestão empresarial é resultado da globalização que exige novas demandas e desafios. Produtividade, competitividade e compromisso social são requisitos básicos de sustentabilidade e sucesso dos negócios. Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 2, n.5, Edição Especial, outubro 2011 689 É importante entender o que envolve a diversidade, hoje com uma definição muito mais ampla do que há 20 anos. A organização que valoriza a diversidade é vista como ética, o que a faz obter o reconhecimento da sociedade. Portanto, empresa e sociedade beneficiam-se econômica e socialmente com a diversidade, benefícios estes usufruídos por empresas do mundo inteiro. (GOVATTO, 2003) 1.1.2 Encontrando o caminho para a gestão socialmente responsável Uma organização que assume uma postura comprometida com a responsabilidade social e a gestão ambiental torna-se agente de uma profunda mudança cultural, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e solidária. Conforme Instituto Ethos e Sebrae (2003), o mundo está mudando, decorrente de três fatores: a) a revolução tecnológica: como satélites, telecomunicações, eliminaram distâncias e multiplicaram a troca de informações via televisão, jornais, rádio, telefone, internet; b) a revolução educacional: que é conseqüência do número cada vez maior de pessoas que freqüentam escolas e querem mais informações; c) a revolução cívica: que é representada por milhões de pessoas organizadas de todo o mundo reunidas em associações e organizações não governamentais (ONG’s), defendendo seus direitos e seus interesses, como a promoção social e a proteção ambiental. Nos fatores revolução tecnológica e educacional, os limites ambientais não explicam por si só, o momento em que se vive. Outras variáveis merecem destaque. No Brasil de 1900, somente uma minoria da população tinha acesso à educação, hoje se tem um número alto de pessoas alfabetizadas, capazes de ler, escrever e obter informações. Segundo o Censo Demográfico do IBGE, no ano de 2000, o número de pessoas alfabetizadas ultrapassou a marca dos 120 milhões, representando 75% da população. (INSTITUTO ETHOS; SEBRAE, 2003). Esse imenso exército de pessoas, preparadas para ler e escrever, está em contato com uma das maiores revoluções do comportamento do século: a tecnologia. O acesso ao rádio, telefone, jornais, televisão, computadores e internet cresce a olhos vistos. As pessoas estão em contato direto com um grande número de informações sobre qualquer tema de interesse e, por isso, estão cada vez mais capazes de ler, produzir informações e notícias. A revolução cívica é uma mudança profunda na forma como as pessoas se organizam para resolver seus problemas e defender seus interesses na última década. Nesse processo de transformação, pessoas de todas as idades, regiões, níveis sociais, religiões, orientações sexuais e políticas, profissões estão se organizando em torno de causas que consideram importantes para si mesmas, para sua comunidade ou para o futuro das próximas gerações. Assim nascem milhares de organizações da sociedade civil, como ONG’s, as associações de bairros, de escolas, de direitos dos animais, de defesa do meio ambiente, enfim, um número imenso de organizações que representam os mais diversos interesses. Nosso dia-a-dia está cheio de contatos com essas organizações. Obviamente, este enorme movimento causa impactos no mundo dos negócios, trazendo desafios e oportunidades. E estes fatores ocorrem num momento em que se chega ao limite do uso dos recursos naturais. Os desafios que hoje se apresentam têm que ser vistos como ótimas oportunidades de negócios , ampliando a participação das organizações no Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 2, n.5, Edição Especial, outubro 2011 690 mercado. A gestão socialmente responsável e os novos valores sociais abrem espaço para o surgimento de novos negócios como, por exemplo, o desenvolvimento de produtos e serviços ambientalmente sustentáveis. Isto influencia o mundo dos negócios, criando desafios e oportunidades para todos. De acordo com Instituto Ethos e Sebrae (2003), os desafios diante do novo quadro ambiental são: redesenhar processos para melhor uso dos recursos naturais; conhecer melhor a origem e o destino do material usado e processado; entender as particularidades desses aspectos no negócio. As oportunidades são: reduzir gastos em função da melhor administração dos recursos; criar produtos e serviços elaborados com maiores cuidados em relação ao impacto ambiental e que atendam aos consumidores mais atenciosos. 1.3 Transformações empresariais, gestão ambiental e responsabilidade social As organizações no novo contexto necessitam partilhar do entendimento de que deve existir um objetivo comum, e não conflito, entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental, tanto para o momento presente como para as futuras gerações. Em razão das exigências da sociedade de um posicionamento mais consistente e responsável das organizações, a fim de minimizar a diferença verificada entre resultados econômicos e sociais, bem como da preocupação ecológica que tem ganhado destaque significativo, e em face de sua relevância para a qualidade de vida das populações, tem-se exigido das organizações um novo posicionamento em sua interação com o meio ambiente. As organizações tendem a mudar, tornando ultrapassados os dias da produção em massa e da padronização. As novas organizações passam a sobreviverem baseadas na informação, em detrimento do acesso às matérias- primas; o cliente transforma-se no centro da organização, pois a cadeia de produção e processo de gestão são adaptados por todas as organizações. Assim, o novo paradigma da organização é completamente diferente do nascido há cerca de 100 anos que corresponde às teorias clássicas de organização e de gestão. Estabelecendo um contraste entre as velhas e as novas organizações, verifica-se que o importante agora é a inteligência; a capacidade de fazer uso inteligente da informação e criar ideias que acrescentam valor e aumentem a competitividade. As novas organizações são achatadas na estrutura, a estrutura perde a importância e ganha destaque o posicionamento de áreas funcionais voltadas para o gerenciamento das questões de proteção ao meio ambiente e da responsabilidade social. (TACHIZAWA, 2006) A necessidade de fazer mudanças e de aumentar a competitividade suscitou o aparecimento das mais diversas abordagens destinadas a solucionar crises organizacionais, e os novos tempos passariam a caracterizar-se por uma rígida postura dos clientes, voltada à expectativa de interagir com organizações que sejam éticas, com boaimagem institucional no mercado, e que atuem de forma ecologicamente responsável. Com as novas tecnologias de informação, serão induzidas novas formas de administração, criando assim um novo tipo de gestor. Esse profissional dos novos tempos tenderá a trabalhar em organizações menos hierárquicas, onde o ambiente informacional possibilitará que grande número de pessoas possam se comunicar rapidamente por redes informatizadas. Como reflexo Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 2, n.5, Edição Especial, outubro 2011 691 da implementação dessas tecnologias da informação para a gestão ambiental e responsabilidade social, obter-se-ão ganhos consideráveis na redução do consumo de papel, eliminação do uso de mídias magnéticas para arquivamento de informações (disquetes, CDs e dispositivos de backup e meios de armazenamento digital equivalentes). Outro ganho considerável seria a maior eficácia em sistemas de monitoramento da proteção ao meio ambiente e do gerenciamento da responsabilidade social com o suporte dos recursos da informática. Tais resultados impactam de forma positiva a gestão ambiental e a responsabilidade social nas organizações à medida que contribuem para um menor impacto ambiental e, de outro lado, melhoram o desempenho sistêmico da gestão ambiental e da responsabilidade social. (TACHIZAWA, 2006, p. 49) O gestor, por meio da criação de uma cultura empresarial em torno da qualidade, pode alavancar resultados significativos no âmbito das organizações. O futuro não acena com qualquer indicação de menor ênfase em produtos de qualidade de serviços. Na verdade, essa ênfase deverá crescer. Cada vez mais, organizações enfatizam a oferta de produtos e serviços de melhor qualidade e concentram-se na satisfação do cliente. Essa tendência tem fortes implicações em todas as partes da organização. Os principais gestores precisarão dar efetivo suporte ao pessoal operacional, pois o nível de desempenho da organização vai refletir diretamente a qualidade final do produto ou serviço por ela oferecido. 1.4 Gestão com pessoas e questões ambientais e de responsabilidade social A marca ainda é fator primordial para o êxito de uma organização, pois influencia o gosto dos consumidores, e em grande parte dos casos, ajuda a manter a lealdade do mercado. É capaz de contribuir para a longevidade da organização e, ainda, assegurar a valorização dos ativos e de todo o balanço patrimonial. Tal influência repete-se sobre o público interno das organizações. Nesse caso, entretanto, há mudanças indicando que, por mais valor que tenha, a marca sozinha não garante a fidelidade dos talentos. (TACHIZAWA, 2006) Imagem da organização, liderança e tradição no mercado, até o momento, eram suficientes para atrair e manter a colaboração dos melhores executivos. Hoje, evolui-se para uma situação em que, antes de fechar um contrato de trabalho, os profissionais mais capacitados querem ter a certeza de que a organização oferece desafios, oportunidade de desenvolvimento, plano de carreira e bom ambiente de trabalho. Conferem, ainda, se o comportamento social e os valores éticos da organização são compatíveis com os seus e dedicam especial atenção a consistentes e criativas políticas de remuneração. Juntas, essas características sustentam outro tipo de marca: a que dá à organização o status de um lugar bom para trabalhar ou salário/ambiente. 1.5 Gestão ambiental e responsabilidade social: uma questão passageira? Em face das mudanças e crescentes expectativas de clientes, de fornecedores, do pessoal interno e dos gestores, a organização do futuro tem de agir de forma responsável em seus relacionamentos internos e externos. Modismo ou não, o fato é que o marketing a partir de agora passa a procurar Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 2, n.5, Edição Especial, outubro 2011 692 novas estratégias de persuasão do cliente, a marca não é apenas um elemento de distinção, mas um promotor de valores políticos sociais e ambientais. Este novo consumidor, consciente de seu papel na preservação dos recursos, entende que cabem as organizações uma boa parte de responsabilidade pelas sociedades futuras. Os novos tempos caracterizam-se por uma rígida postura dos clientes, voltada à expectativa de interagir com organizações que sejam éticas, com boa imagem institucional no mercado e que atuem de forma ecologicamente responsável. Em outras palavras, devem atuar para melhorar a sociedade como um todo, desde sua inclusão em programas de saúde e educação, por exemplo, até questões que contribuam para a preservação do meio ambiente. E, pelo que tudo indica, não se trata de mais um modismo, já que o tema também passou a fazer parte da pauta dos cidadãos. A questão ambiental não pode mais ser vista como entrave ou modismo no dia-a-dia da indústria. Degradação ambiental não é o ‘mal necessário’ indispensável para que haja desenvolvimento. Ao contrário, o desenvolvimento sustentável da sociedade deveria coincidir com o crescimento sustentado da economia: a proteção ambiental é intrínseca à vida humana e faz bem aos negócios. O gestor de meio ambiente deve poder demonstrar isso aos líderes de negócios. Um conjunto de competências envolvendo formação e habilidades comportamentais é fator de sucesso para esse profissional. (EPELBAUM, 2007) Vários mega-investidores estão realocando seus capitais na área de energias alternativas, biocombustíveis e tecnologias limpas, com a visão de que esses segmentos fazem parte de uma solução ambiental global e representam grandes oportunidades de negócios. É crescente também o grupo de organizações de classe mundial que incluem elementos ambientais em suas estratégias empresariais, desde a extração de recursos até a cadeia de consumo. Assim, a operação ambientalmente amigável está cada vez mais relacionada à sobrevivência e ao crescimento das organizações. Uma organização pode perder um negócio se não comprovar que é ambientalmente ou socialmente responsável, afirma Barbosa (apud FAÇA..., 2008). CONCLUSÃO As necessidades de mudanças, que conduzem a uma nova visão do mundo são urgentes e, de certa forma, já estão ocorrendo. Atualmente, por exemplo, as exigências do cidadão não recaem apenas por produtos ou serviços de qualidade, mas também são de natureza ética. Muitas pessoas, em especial jovens, estão dispostas a contribuir com boas causas e existirá uma procura crescente por organizações não apenas voltadas para a produção e lucro, mas que também estejam preocupadas com a solução de problemas mais amplos como preservação do meio ambiente e bem estar social. Percebe-se assim, claramente, a necessidade da moderna gestão empresarial em criar relacionamentos mais éticos no mundo dos negócios. As organizações devem estar atentas a todos os públicos impactados pelo negócio. Emerge então, a partir da linha histórica e conceitual tratada neste estudo, a Responsabilidade Social Empresarial. Seja uma nova tendência em gestão estratégica ou apenas mais uma moda Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 2, n.5, Edição Especial, outubro 2011 693 empresarial, o fato é que o tema tornou-se uma questão de sobrevivência em um mercado globalizado, onde os consumidores estão cada vez exigentes não só quanto a qualidade e preço dos produtos e serviços, mas a todo seu processo produtivo, onde já não são mais tolerados o lançamento de dejetos industriais no meio ambiente, a utilização da mão-de-obra infantil e propagandas enganosas. As organizações são consideradas grandes pólos de interação social, seja com fornecedores, com a comunidade ou com os próprios funcionários. Têm, portanto, uma grande responsabilidade em disseminar valores que influenciem em mudanças sociais concretas, transmitindo através de sua imagem uma perspectiva estratégica de coerência, ética etransparência, capazes de aliar a racionalidade empresarial a subjetividade das demandas sociais. Daí a possibilidade de atuação dos profissionais de Recursos Humanos, entre eles o psicólogo, capacitado a sensibilizar, discutir e disseminar tais valores a tal ponto que estejam realmente incorporados nos processos, práticas e em documentos estratégicos como os de definição dos códigos de conduta e ética, missão e visão empresarial. A organização que não está atenta a estes fatores inviabiliza seus negócios, pois permanece presa à noção de negócio voltada apenas para os shareholders e não à atenção aos mais diversos stakeholders. Trata-se de um redirecionamento de objetivos: de lucros para lucros aliados a princípios; de decidir, anunciar e defender- se para dialogar, investir e comunicar; de políticas compensatórias e obrigações legais para pró-atividade, ética e coerência nas práticas de responsabilidade social. As práticas socialmente responsáveis, mesmo que não tenham surgido a partir de valores, princípios e convicções louváveis por parte dos dirigentes das organizações, mas sim de um movimento de sobrevivência mercadológica, não devem ser confundidas nem usadas como ferramentas de bens tangíveis e intangíveis. Os resultados são alcançados em longo prazo, mas pode-se afirmar que fazer o bem compensa economicamente: traz o reconhecimento e prestígio dos consumidores, dá maior visibilidade e aceitação da marca, traz uma boa reputação empresarial, além de motivar funcionários, impactando na retenção/captação destes talentos e no clima organizacional. A complexidade do assunto certamente não cabe em algumas poucas linhas, mas a troca de ideias e experiências é fundamental ao longo do caminho de realinhamento de rumos necessários. Suscitar reflexões sobre alguns aspectos importantes da questão é o que se pretende aqui. Como se trata de uma questão multidisciplinar, parece ser mais adequado partir do geral para o específico, do cenário atual da sustentabilidade para o planejamento da gestão ambientalmente social. REFERÊNCIAS ANDRADE, R. O. B; TACHIZAWA, T.; CARVALHO, A. B. Gestão Ambiental: enfoque estratégico aplicado ao desenvolvimento sustentável. São Paulo: Makron Books, 2000. EPELBAUM, M. A influência da gestão ambiental na competitividade e no sucesso empresarial. 2004. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo. ______. Gestão ambiental ganha força. Ellux Consultoria, São Paulo, 25 jun. 2007. Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 2, n.5, Edição Especial, outubro 2011 694 Disponível em: < http://www.elluxconsultoria.com.br/gamb.pdf > Acesso em: 10 jan. 2009. FAÇA a coisa certa e colha os dividendos. Editora Valete, São Paulo, [s.d.]. Disponível em: < http://www.editoravalete.com.br/site_clube/reportagens/ed_268/268.html > Acesso em: 13 nov. 2008. GOULART, V. A responsabilidade social no Rio de Janeiro. Revista Eletrônica Focus Voice. Rio de Janeiro, nov. 2005. Disponível em: < http://www.focusvoice.com.br/princi.htm > Acesso em 5 nov. 2007. GOVATTO, A. C. M. Diversidade corporativa: um novo fator de competitividade. Empregos. São Paulo, 24 jun. 2003. Disponível em: < http://carreiras.empregos.com.br/carreira/administracao/planejamento/020301- diversidadecorporativa_vendamais.shtm > Acesso em: 13 nov. 2008. IBIDE, M. L. Recursos humanos e responsabilidade social: a experiência da Fundação Nova América. São Paulo: FSB Comunicação, 2006. INSTITUTO ETHOS de Empresas e Responsabilidade Social; SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Responsabilidade Social Empresarial para Micro e Pequenas Empresas: passo a passo. São Paulo, SP / Brasília, DF: Baleia Comunicação, 2003. Disponível em < http://www.uniethos.org.br/_Uniethos/Documents/responsabilidade_micro_empresas _passo.pdf > Acesso em: 12 set. 2007. INSTITUTO ETHOS de Empresas e Responsabilidade Social. Perguntas freqüentes. São Paulo, 2009. Disponível em: < http://www.ethos.org.br/DesktopDefault.aspx?TabID=3344&Alias=Ethos&Lang= > Acesso em: 10 jan. 2009. SABBADINI, L. G. Importância das ações de relações públicas na responsabilidade social. In: PRANDO, R. A. et al. Marketing para o terceiro setor. São Paulo: Instituto Presbiteriano Mackenzie, 2006, p. 134-140. SIQUEIRA, E. S; SPERS, V. R. E. Responsabilidade social: o potencial transformador da atuação social das empresas. Piracicaba: Ottoni, 2003. SOVINSKI, M. A responsabilidade social como estratégia de crescimento. Administradores.com.br – O portal da administração, São Paulo, 20 mar. 2006. Disponível em: < http://www.administradores.com.br/membros.jsp?pagina=membros_espaco_aberto_ corpo&idColuna=1940&idColunista=6675 > Acesso em: 12 set. 2007. TACHIZAWA, T. Gestão ambiental e responsabilidade social corporativa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2006. TIEGHI, C. Responsabilidade social é fator de competitividade. Associação AFRAS – Franquia Solidária, São Paulo, 2006. Disponível em: < http://www.franquiasolidaria.com.br/portal/index.php?noticias > Acesso em: 4 mar. 2008.
Compartilhar