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gestao ambiental e responsabilidade social

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Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 2, n.5, Edição Especial, outubro 2011 686 
GESTÃO AMBIENTAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL: UMA QUESTÃO 
PASSAGEIRA? 
 
Érica Cristiane Dos Santos Campaner - ecristiane.Santos@Hotmail.Com 
Heloisa Helena Rovery Da Silva - heloisa@Unisalesiano.Edu.Br 
 
 
RESUMO 
 
A sociedade atual se encontra num processo de intensa mudança, que inclui 
a maneira de pensar, perspectivas, metas e objetivos das pessoas. Diante desta 
nova proposta de conscientização, a educação ambiental objetiva a formação de 
indivíduos capazes de compreender o mundo e agir de forma consciente, ou seja, 
uma sociedade socialmente responsável. A medida que a humanidade vai tomando 
consciência do seu papel social, muito tem se questionado acerca da 
Responsabilidade Social das empresas, pois embora muitas organizações, 
consideram-se socialmente responsáveis o assunto responsabilidade social só 
ganhou maior destaque a partir dos anos 90, período onde houve maior pressão da 
sociedade, meios de comunicação e ONG’s sobre o mundo organizacional. A gestão 
socioambiental é o caminho para as organizações que decidiram assumir 
responsabilidade social e adotar as melhores práticas para tornar mais sustentáveis 
seus processos produtivos. 
 
Palavras-chave: Gestão Ambiental. Responsabilidade Social. 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Neste final do século XX e princípio do século XXI, as organizações 
brasileiras enfrentaram um ambiente caracterizado pela incerteza, pela inovação 
tecnológica, pelos novos paradigmas de gestão e por uma impressionante 
velocidade de mudança nos campos da educação, da informação e do 
conhecimento. 
A gestão ambiental deixou de ser um assunto somente de ecologistas para se 
tornar assunto da atualidade. 
A ameaça à sobrevivência humana em fase de degradação dos recursos 
naturais, a extinção das espécies da fauna e da flora, e o aquecimento da 
temperatura devido à emissão de gases poluentes fizeram com que a questão 
ambiental ocupasse um lugar de destaque nos diversos debates mundiais, 
facilitando o engajamento das organizações (empresas, companhias, corporações, 
firmas e instituições), governos e comunidade. 
 
Nesse contexto, gestão ambiental não é apenas uma atividade filantrópica 
ou tema para ecologistas e ambientalistas, mas também uma atividade que 
pode propiciar ganhos financeiros para as empresas. Se existe uma 
maneira de garantir o sucesso de uma gestão sócio ambiental ela está 
diretamente ligada à conscientização de todos, indústrias, chefes de 
governo, órgãos ambientais, entidades e sociedade. (TACHIZAWA, 2006, 
p. 26) 
 
Esse novo estilo de administração induz à gestão ambiental associada à ideia 
 
 
 
 
 
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de resolver problemas ecológicos e ambientais da organização. Ela demanda uma 
dimensão ética, cujas principais, motivações são a observância das leis e a melhoria 
da imagem da organização. 
Essa não é mais uma moda passageira que teve um pico e depois entrou em 
declínio, pelo contrário, indica que todos estão muito mais comprometidos com as 
questões ambientais, pois a responsabilidade social é a forma de gestão empresarial 
pautada pela relação ética com todos os públicos com os quais ela se relaciona. 
Poucos assuntos cresceram tanto em importância nas organizações quanto a 
gestão ambiental e responsabilidade social corporativa. As organizações têm cada 
vez mais aumentado sua preocupação com estes temas, ingressando nesta 
tendência mundial e aperfeiçoando sua visão sobre o que é ser socialmente 
responsável. O desafio atual enfrentado pelas organizações é de alcançar soluções 
capazes de harmonizar o plano econômico, ambiental e social. 
A gestão socioambiental é o caminho para as organizações que decidiram 
assumir responsabilidade social e adotar as melhores práticas para tornar mais 
sustentáveis seus processos produtivos. 
Segundo Tachizawa (2006), a gestão ambiental e a responsabilidade social, 
tornam-se importantes instrumentos gerenciais para capacitação e criação de 
condições de competitividade para as organizações, qualquer que seja seu 
segmento econômico. 
Portanto, a pesquisa pretende demonstrar que: as organizações que primam 
pela preservação do meio ambiente são reconhecidas como organizações 
socialmente responsáveis? 
E, para enfatizar os objetivos e responder ao problema, foi realizada uma 
pesquisa bibliográfica, como forma de pressuposto teórico e análise. 
 
 
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
1.1.1 Ser mais responsável socialmente é fator de competitividade 
 
A Responsabilidade Social Empresarial tornou-se um fator de competitividade 
para os negócios. No passado, o que identificava uma organização competitiva era 
basicamente o preço de seus produtos. Depois, veio a onda da qualidade, mas 
ainda focada nos produtos e serviços. Hoje, as organizações devem investir no 
permanente aperfeiçoamento de suas relações com todos os públicos dos quais 
dependem e com os quais se relacionam: clientes, fornecedores, parceiros e 
colaboradores. 
 
Fabricar produtos ou prestar serviços que não degradem o meio ambiente, 
promover a inclusão social e participar do desenvolvimento da comunidade 
de que fazem parte, entre outras iniciativas, são diferenciais cada vez mais 
importantes para as empresas na conquista de novos consumidores ou 
clientes. (INSTITUTO ETHOS; SEBRAE, 2003, p. 6) 
 
Pelo retorno que traz, em termos de reconhecimento – imagem – e melhores 
condições de competir no mercado, além de contribuir substancialmente para o 
futuro do país, o movimento da Responsabilidade Social Empresarial vem crescendo 
no Brasil. A mídia está cada vez mais fiscalizadora e os consumidores, por sua vez, 
mais exigentes. 
O negócio baseado em princípios socialmente responsáveis não só cumpre 
 
 
 
 
 
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as suas obrigações legais como vai além. Tem por premissa relações éticas e 
transparentes, e assim ganha condições de manter o relacionamento com parceiros 
e fornecedores, clientes e colaboradores, governo e sociedade. Ou seja: quem 
aposta em responsabilidade e diálogo vem conquistando mais clientes e o respeito 
da sociedade. 
É verdade que muitas organizações já contribuem para a melhoria das 
comunidades nas quais estão presentes. Mas esta deve ser uma postura 
sistemática, para enraizar valores como a solidariedade no meio social. (INSTITUTO 
ETHOS, 2003). 
O consumidor cobra do setor empresarial um elevado grau de 
responsabilidade social e de compromisso com a preservação do meio-ambiente. 
Muitas pessoas apóiam a criação de leis de incentivo e as práticas socialmente 
responsáveis, mesmo que isso implique em aumento de preços ou impostos. São 
provas inequívocas de que a atuação solidária é fator de competitividade em 
qualquer mercado. 
Trata-se de uma maneira efetiva do consumidor colocar em prática o seu lado 
cidadão. Se há muitos fatores determinantes quando se deve decidir entre marcas 
distintas, é certo que ganha importância o engajamento social de cada organização. 
É fato que o consumidor demonstra preocupação com a responsabilidade 
corporativa. 
Mais do que agregar valor aos produtos e serviços de uma organização, as 
diferentes maneiras de apoio ao Terceiro Setor garantem transparência ao 
relacionamento com todos os seus públicos, incluindo a parcela de consumidores-
cidadãos. É preciso entender que as corporações são co-responsáveis pelo 
desenvolvimento social, e este deve pautar o planejamento estratégico de todas as 
ações. (TIEGHI, 2006) 
A ideia de que a ética norteia relações no mundo dos negócios aplica-se 
também a preservação de recursos naturais e humanos. É possível afirmar que a 
sustentabilidade empresarial está condicionada hoje a três pilares: econômico-
financeiro, ambiental e social. As demandas de planejamento tendem a serpensadas necessariamente sob este prisma, que possibilita a sobrevivência em 
segmentos cuja concorrência é cada vez mais acirrada. (TIEGHI, 2006) 
O desafio atual é adequar a gestão empresarial a indicadores sociais a cada 
dia mais determinantes nas relações com o público, salienta Tieghi (2006). 
É essencial, mais do que realizar campanhas esporádicas, difundir o conceito 
de marca-cidadã, segundo o qual a organização deve promover projetos sociais em 
conformidade com seus valores e princípios. Isso ajuda a criar uma imagem sólida o 
bastante para fidelizar o cliente. Mas não bastam discursos bem intencionados ou 
estratégias de marketing; é preciso engajar o público, fazendo com que ele abrace 
esta causa. 
Conforme Tieghi (2006), estimular boas práticas de gestão social é o primeiro 
passo no sentido de elevar o patamar de consciência da organização. A seguir, essa 
nova postura deve atingir todos os stakeholders, modificando substancialmente a 
interação da empresa com a sociedade. O impacto tende a ser extremamente 
positivos para os negócios. Afinal, a quebra de paradigmas está se revelando eficaz 
justamente na ponta responsável pelas mudanças na cadeia: o consumidor final. 
Este novo cenário mundial da gestão empresarial é resultado da globalização 
que exige novas demandas e desafios. Produtividade, competitividade e 
compromisso social são requisitos básicos de sustentabilidade e sucesso dos 
negócios. 
 
 
 
 
 
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É importante entender o que envolve a diversidade, hoje com uma definição 
muito mais ampla do que há 20 anos. A organização que valoriza a diversidade é 
vista como ética, o que a faz obter o reconhecimento da sociedade. Portanto, 
empresa e sociedade beneficiam-se econômica e socialmente com a diversidade, 
benefícios estes usufruídos por empresas do mundo inteiro. (GOVATTO, 2003) 
 
1.1.2 Encontrando o caminho para a gestão socialmente responsável 
 
Uma organização que assume uma postura comprometida com a 
responsabilidade social e a gestão ambiental torna-se agente de uma profunda 
mudança cultural, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e 
solidária. Conforme Instituto Ethos e Sebrae (2003), o mundo está mudando, 
decorrente de três fatores: 
a) a revolução tecnológica: como satélites, telecomunicações, eliminaram 
distâncias e multiplicaram a troca de informações via televisão, jornais, 
rádio, telefone, internet; 
b) a revolução educacional: que é conseqüência do número cada vez maior 
de pessoas que freqüentam escolas e querem mais informações; 
c) a revolução cívica: que é representada por milhões de pessoas 
organizadas de todo o mundo reunidas em associações e organizações 
não governamentais (ONG’s), defendendo seus direitos e seus interesses, 
como a promoção social e a proteção ambiental. 
Nos fatores revolução tecnológica e educacional, os limites ambientais não 
explicam por si só, o momento em que se vive. Outras variáveis merecem destaque. 
No Brasil de 1900, somente uma minoria da população tinha acesso à educação, 
hoje se tem um número alto de pessoas alfabetizadas, capazes de ler, escrever e 
obter informações. Segundo o Censo Demográfico do IBGE, no ano de 2000, o 
número de pessoas alfabetizadas ultrapassou a marca dos 120 milhões, 
representando 75% da população. (INSTITUTO ETHOS; SEBRAE, 2003). 
Esse imenso exército de pessoas, preparadas para ler e escrever, está em 
contato com uma das maiores revoluções do comportamento do século: a 
tecnologia. O acesso ao rádio, telefone, jornais, televisão, computadores e internet 
cresce a olhos vistos. As pessoas estão em contato direto com um grande número 
de informações sobre qualquer tema de interesse e, por isso, estão cada vez mais 
capazes de ler, produzir informações e notícias. 
A revolução cívica é uma mudança profunda na forma como as pessoas se 
organizam para resolver seus problemas e defender seus interesses na última 
década. Nesse processo de transformação, pessoas de todas as idades, regiões, 
níveis sociais, religiões, orientações sexuais e políticas, profissões estão se 
organizando em torno de causas que consideram importantes para si mesmas, para 
sua comunidade ou para o futuro das próximas gerações. 
Assim nascem milhares de organizações da sociedade civil, como ONG’s, as 
associações de bairros, de escolas, de direitos dos animais, de defesa do meio 
ambiente, enfim, um número imenso de organizações que representam os mais 
diversos interesses. Nosso dia-a-dia está cheio de contatos com essas 
organizações. Obviamente, este enorme movimento causa impactos no mundo dos 
negócios, trazendo desafios e oportunidades. 
E estes fatores ocorrem num momento em que se chega ao limite do uso dos 
recursos naturais. Os desafios que hoje se apresentam têm que ser vistos como 
ótimas oportunidades de negócios , ampliando a participação das organizações no 
 
 
 
 
 
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mercado. A gestão socialmente responsável e os novos valores sociais abrem 
espaço para o surgimento de novos negócios como, por exemplo, o 
desenvolvimento de produtos e serviços ambientalmente sustentáveis. Isto influencia 
o mundo dos negócios, criando desafios e oportunidades para todos. 
De acordo com Instituto Ethos e Sebrae (2003), os desafios diante do novo 
quadro ambiental são: redesenhar processos para melhor uso dos recursos naturais; 
conhecer melhor a origem e o destino do material usado e processado; entender as 
particularidades desses aspectos no negócio. As oportunidades são: reduzir gastos 
em função da melhor administração dos recursos; criar produtos e serviços 
elaborados com maiores cuidados em relação ao impacto ambiental e que atendam 
aos consumidores mais atenciosos. 
 
1.3 Transformações empresariais, gestão ambiental e responsabilidade 
social 
 
As organizações no novo contexto necessitam partilhar do entendimento de 
que deve existir um objetivo comum, e não conflito, entre desenvolvimento 
econômico e proteção ambiental, tanto para o momento presente como para as 
futuras gerações. 
Em razão das exigências da sociedade de um posicionamento mais 
consistente e responsável das organizações, a fim de minimizar a diferença 
verificada entre resultados econômicos e sociais, bem como da preocupação 
ecológica que tem ganhado destaque significativo, e em face de sua relevância para 
a qualidade de vida das populações, tem-se exigido das organizações um novo 
posicionamento em sua interação com o meio ambiente. 
As organizações tendem a mudar, tornando ultrapassados os dias da 
produção em massa e da padronização. As novas organizações passam a 
sobreviverem baseadas na informação, em detrimento do acesso às matérias-
primas; o cliente transforma-se no centro da organização, pois a cadeia de produção 
e processo de gestão são adaptados por todas as organizações. 
Assim, o novo paradigma da organização é completamente diferente do 
nascido há cerca de 100 anos que corresponde às teorias clássicas de organização 
e de gestão. Estabelecendo um contraste entre as velhas e as novas organizações, 
verifica-se que o importante agora é a inteligência; a capacidade de fazer uso 
inteligente da informação e criar ideias que acrescentam valor e aumentem a 
competitividade. As novas organizações são achatadas na estrutura, a estrutura 
perde a importância e ganha destaque o posicionamento de áreas funcionais 
voltadas para o gerenciamento das questões de proteção ao meio ambiente e da 
responsabilidade social. (TACHIZAWA, 2006) 
A necessidade de fazer mudanças e de aumentar a competitividade suscitou 
o aparecimento das mais diversas abordagens destinadas a solucionar crises 
organizacionais, e os novos tempos passariam a caracterizar-se por uma rígida 
postura dos clientes, voltada à expectativa de interagir com organizações que sejam 
éticas, com boaimagem institucional no mercado, e que atuem de forma 
ecologicamente responsável. 
 
Com as novas tecnologias de informação, serão induzidas novas formas de 
administração, criando assim um novo tipo de gestor. Esse profissional dos 
novos tempos tenderá a trabalhar em organizações menos hierárquicas, 
onde o ambiente informacional possibilitará que grande número de pessoas 
possam se comunicar rapidamente por redes informatizadas. Como reflexo 
 
 
 
 
 
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da implementação dessas tecnologias da informação para a gestão 
ambiental e responsabilidade social, obter-se-ão ganhos consideráveis na 
redução do consumo de papel, eliminação do uso de mídias magnéticas 
para arquivamento de informações (disquetes, CDs e dispositivos de 
backup e meios de armazenamento digital equivalentes). Outro ganho 
considerável seria a maior eficácia em sistemas de monitoramento da 
proteção ao meio ambiente e do gerenciamento da responsabilidade social 
com o suporte dos recursos da informática. Tais resultados impactam de 
forma positiva a gestão ambiental e a responsabilidade social nas 
organizações à medida que contribuem para um menor impacto ambiental 
e, de outro lado, melhoram o desempenho sistêmico da gestão ambiental e 
da responsabilidade social. (TACHIZAWA, 2006, p. 49) 
 
O gestor, por meio da criação de uma cultura empresarial em torno da 
qualidade, pode alavancar resultados significativos no âmbito das organizações. O 
futuro não acena com qualquer indicação de menor ênfase em produtos de 
qualidade de serviços. Na verdade, essa ênfase deverá crescer. 
Cada vez mais, organizações enfatizam a oferta de produtos e serviços de 
melhor qualidade e concentram-se na satisfação do cliente. Essa tendência tem 
fortes implicações em todas as partes da organização. Os principais gestores 
precisarão dar efetivo suporte ao pessoal operacional, pois o nível de desempenho 
da organização vai refletir diretamente a qualidade final do produto ou serviço por 
ela oferecido. 
 
1.4 Gestão com pessoas e questões ambientais e de responsabilidade 
social 
 
A marca ainda é fator primordial para o êxito de uma organização, pois 
influencia o gosto dos consumidores, e em grande parte dos casos, ajuda a manter a 
lealdade do mercado. É capaz de contribuir para a longevidade da organização e, 
ainda, assegurar a valorização dos ativos e de todo o balanço patrimonial. Tal 
influência repete-se sobre o público interno das organizações. Nesse caso, 
entretanto, há mudanças indicando que, por mais valor que tenha, a marca sozinha 
não garante a fidelidade dos talentos. (TACHIZAWA, 2006) 
Imagem da organização, liderança e tradição no mercado, até o momento, 
eram suficientes para atrair e manter a colaboração dos melhores executivos. Hoje, 
evolui-se para uma situação em que, antes de fechar um contrato de trabalho, os 
profissionais mais capacitados querem ter a certeza de que a organização oferece 
desafios, oportunidade de desenvolvimento, plano de carreira e bom ambiente de 
trabalho. 
Conferem, ainda, se o comportamento social e os valores éticos da 
organização são compatíveis com os seus e dedicam especial atenção a 
consistentes e criativas políticas de remuneração. Juntas, essas características 
sustentam outro tipo de marca: a que dá à organização o status de um lugar bom 
para trabalhar ou salário/ambiente. 
 
1.5 Gestão ambiental e responsabilidade social: uma questão passageira? 
 
Em face das mudanças e crescentes expectativas de clientes, de 
fornecedores, do pessoal interno e dos gestores, a organização do futuro tem de agir 
de forma responsável em seus relacionamentos internos e externos. 
Modismo ou não, o fato é que o marketing a partir de agora passa a procurar 
 
 
 
 
 
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novas estratégias de persuasão do cliente, a marca não é apenas um elemento de 
distinção, mas um promotor de valores políticos sociais e ambientais. 
Este novo consumidor, consciente de seu papel na preservação dos recursos, 
entende que cabem as organizações uma boa parte de responsabilidade pelas 
sociedades futuras. 
Os novos tempos caracterizam-se por uma rígida postura dos clientes, voltada 
à expectativa de interagir com organizações que sejam éticas, com boa imagem 
institucional no mercado e que atuem de forma ecologicamente responsável. 
Em outras palavras, devem atuar para melhorar a sociedade como um todo, 
desde sua inclusão em programas de saúde e educação, por exemplo, até questões 
que contribuam para a preservação do meio ambiente. E, pelo que tudo indica, não 
se trata de mais um modismo, já que o tema também passou a fazer parte da pauta 
dos cidadãos. 
 
A questão ambiental não pode mais ser vista como entrave ou modismo no 
dia-a-dia da indústria. Degradação ambiental não é o ‘mal necessário’ 
indispensável para que haja desenvolvimento. Ao contrário, o 
desenvolvimento sustentável da sociedade deveria coincidir com o 
crescimento sustentado da economia: a proteção ambiental é intrínseca à 
vida humana e faz bem aos negócios. O gestor de meio ambiente deve 
poder demonstrar isso aos líderes de negócios. Um conjunto de 
competências envolvendo formação e habilidades comportamentais é fator 
de sucesso para esse profissional. (EPELBAUM, 2007) 
 
Vários mega-investidores estão realocando seus capitais na área de energias 
alternativas, biocombustíveis e tecnologias limpas, com a visão de que esses 
segmentos fazem parte de uma solução ambiental global e representam grandes 
oportunidades de negócios. É crescente também o grupo de organizações de classe 
mundial que incluem elementos ambientais em suas estratégias empresariais, desde 
a extração de recursos até a cadeia de consumo. Assim, a operação 
ambientalmente amigável está cada vez mais relacionada à sobrevivência e ao 
crescimento das organizações. 
Uma organização pode perder um negócio se não comprovar que é 
ambientalmente ou socialmente responsável, afirma Barbosa (apud FAÇA..., 2008). 
 
 
CONCLUSÃO 
 
As necessidades de mudanças, que conduzem a uma nova visão do mundo 
são urgentes e, de certa forma, já estão ocorrendo. Atualmente, por exemplo, as 
exigências do cidadão não recaem apenas por produtos ou serviços de qualidade, 
mas também são de natureza ética. Muitas pessoas, em especial jovens, estão 
dispostas a contribuir com boas causas e existirá uma procura crescente por 
organizações não apenas voltadas para a produção e lucro, mas que também 
estejam preocupadas com a solução de problemas mais amplos como preservação 
do meio ambiente e bem estar social. 
Percebe-se assim, claramente, a necessidade da moderna gestão 
empresarial em criar relacionamentos mais éticos no mundo dos negócios. As 
organizações devem estar atentas a todos os públicos impactados pelo negócio. 
Emerge então, a partir da linha histórica e conceitual tratada neste estudo, a 
Responsabilidade Social Empresarial. 
Seja uma nova tendência em gestão estratégica ou apenas mais uma moda 
 
 
 
 
 
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empresarial, o fato é que o tema tornou-se uma questão de sobrevivência em um 
mercado globalizado, onde os consumidores estão cada vez exigentes não só 
quanto a qualidade e preço dos produtos e serviços, mas a todo seu processo 
produtivo, onde já não são mais tolerados o lançamento de dejetos industriais no 
meio ambiente, a utilização da mão-de-obra infantil e propagandas enganosas. 
As organizações são consideradas grandes pólos de interação social, seja 
com fornecedores, com a comunidade ou com os próprios funcionários. Têm, 
portanto, uma grande responsabilidade em disseminar valores que influenciem em 
mudanças sociais concretas, transmitindo através de sua imagem uma perspectiva 
estratégica de coerência, ética etransparência, capazes de aliar a racionalidade 
empresarial a subjetividade das demandas sociais. Daí a possibilidade de atuação 
dos profissionais de Recursos Humanos, entre eles o psicólogo, capacitado a 
sensibilizar, discutir e disseminar tais valores a tal ponto que estejam realmente 
incorporados nos processos, práticas e em documentos estratégicos como os de 
definição dos códigos de conduta e ética, missão e visão empresarial. 
A organização que não está atenta a estes fatores inviabiliza seus negócios, 
pois permanece presa à noção de negócio voltada apenas para os shareholders e 
não à atenção aos mais diversos stakeholders. Trata-se de um redirecionamento de 
objetivos: de lucros para lucros aliados a princípios; de decidir, anunciar e defender-
se para dialogar, investir e comunicar; de políticas compensatórias e obrigações 
legais para pró-atividade, ética e coerência nas práticas de responsabilidade social. 
As práticas socialmente responsáveis, mesmo que não tenham surgido a 
partir de valores, princípios e convicções louváveis por parte dos dirigentes das 
organizações, mas sim de um movimento de sobrevivência mercadológica, não 
devem ser confundidas nem usadas como ferramentas de bens tangíveis e 
intangíveis. 
Os resultados são alcançados em longo prazo, mas pode-se afirmar que fazer 
o bem compensa economicamente: traz o reconhecimento e prestígio dos 
consumidores, dá maior visibilidade e aceitação da marca, traz uma boa reputação 
empresarial, além de motivar funcionários, impactando na retenção/captação destes 
talentos e no clima organizacional. 
A complexidade do assunto certamente não cabe em algumas poucas linhas, 
mas a troca de ideias e experiências é fundamental ao longo do caminho de 
realinhamento de rumos necessários. Suscitar reflexões sobre alguns aspectos 
importantes da questão é o que se pretende aqui. Como se trata de uma questão 
multidisciplinar, parece ser mais adequado partir do geral para o específico, do 
cenário atual da sustentabilidade para o planejamento da gestão ambientalmente 
social. 
 
 
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