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Excesso de legítima defesa (artigo 33º CP): põe-se a propósito dos casos em que o agente vai para além do que era necessário, falta o requisito da necessidade do meio. O contra-ataque deve limitar-se ao estritamente necessário para impedir a lesão do bem jurídico, a legítima defesa não é um direito de vingança, nem de fazer justiça pelas próprias mãos. Se o agente foi além do necessário, falta um requisito de legítima defesa, por isso não podemos falar nela, o comportamento é ilícito. É preciso distinguir entre excesso extensivo de legítima defesa e excesso intensivo de legitima defesa. O excesso extensivo reporta-se ao erro dos pressupostos fácticos da legítima defesa (artigo 16º CP). o excesso intensivo reporta-se ao excesso de meios empregues da ação de defesa. Dentro do excesso intensivo distingue-se entre excesso intensivo esténico e excesso intensivo asténico. No esténico o emprego do meio, além de excessivo, fica a dever-se a ódio, desejo de vingança, o agente excede porque quer fazer justiça pelas próprias mãos. Nestas hipóteses aplica-se o artigo 33º, nº1 CP e a pena pode ser especialmente atenuada. Aqui afirma-se a ilicitude, existe culpa e por conseguinte punição. No caso do excesso intensivo asténico o emprego do meio excessivo deve-se a medo, pânico, perturbação, susto, que fazem com que o agente seja incapaz de medir a necessidade do meio e por isso vá além do necessário. Neste caso, é preciso abrir mais duas hipóteses. Ou a astenia não é censurável segundo o padrão do Homem Médio ou é censurável. Se não for censurável aplica-se o artigo 33º, nº2 e exclui-se a punibilidade. Mantêm-se a ilicitude, mas o facto ilícito não será punível. Se a astenia for censurável de acordo com o critério da exigibilidade do Homem Médio, aplica-se o artigo 33º, nº1 permitindo-se uma atenuação especial da pena. 6. Estado de Necessidade Ofensivo Alguém que está numa situação de perigo, coloca em causa um bem jurídico próprio ou alheio, sem possibilidade de recorrer à força pública para impedir a lesão e o Direito admite que se salve o bem jurídico em perigo à custa de um bem jurídico de terceiro que em nada contribuiu para o perigo do bem, que está na sua paz jurídica- presente uma ideia de solidariedade humana. O Estado de necessidade nem sempre foi entendido como um tipo justificador. Na história houve 3 orientações: ▪ Teoria Subjetiva: reconduzia o estado de necessidade à figura mais geral da coação psicológica ou moral, sendo uma causa de exclusão da culpa. Assim, a conduta seria em si mesma ilícita, mas devido à situação de perigo e à coação resultante do perigo, não era censurável, a conduta seria ilícita, mas não culposa. ▪ Teoria Objetiva: é obra dos penalistas de influência hegeliana, que diziam que, em certas situações, o estado de necessidade excluía o próprio ilícito, tornava a conduta na sua objetividade lícita quando a vida ou a integridade física estavam em perigo e o titular do bem salvaguardava-os à custa de bens jurídicos patrimoniais. Surgia como causa de exclusão da ilicitude ▪ Teoria diferenciada: considera que há casos em que o estado de necessidade exclui apenas a culpa, mas em casos também a ilicitude. Deste modo, diferencia duas situações, sendo que tudo depende da ponderação de bens, dos concretos bens em conflito. Exclui a ilicitude quando o
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