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Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 1 US DO ÚTERO/LEIOMIOMA/ADENOMIOSE Avaliação: USG Transabdominal (TA) e Transvaginal (TV). USTV: bexiga da paciente deve estar vazia, frequências mais elevadas, melhor resolução da imagem e visualização melhor do útero e anexos. O útero deve então ser identificado sempre em seu eixo longitudinal. Esse pode não estar no verdadeiro plano sagital anatômico devido às variações de posição. É importante identificar conclusivamente a bexiga urinária para excluir a possibilidade de uma massa complexa ou cística da linha média, normalmente de origem ovariana. Tal massa pode ser confundida com a bexiga. Caso haja dúvidas se uma estrutura cística na pelve representa a bexiga, a identidade da bexiga deve ser confirmada pelo seu esvaziamento ou preenchimento. ACHADOS NORMAIS NA FASE PRÉ-MENSTRUAL O período pré-menstrual começa no nascimento e continua até o momento das menstruações. O útero é pequeno, com fundo involuido e colo mais destacado, aumentando à medida que se aproximam os anos férteis. O tecido endometrial não é normalmente identificado, mas raramente pode ser visto como uma listra hiperecóica muito fina. ACHADOS NORMAIS NOS ANOS FÉRTEIS C Canal vaginal Imagem sagital da linha média após o esvaziamento mostra uma pequena quantidade ele urina residual na bexiga (B). U - Útero. C - Massa ovariana cística grande semelhante à bexiga distendida, porém, a massa é mais redonda que a bexiga. Fundo do útero – seta curta Colo uterino – seta longa (Útero normal em uma criança de 7 anos). US transabdominal da Pelve A: vagina normal como uma estria hiperecóica (selas – paredes colabadas da vagina) posterior à bexiga (B) e caudal ao colo uterino (C) e (U), útero. B: tampão absorvente na vagina superior como uma estrutura espessa ecogênica (sela longa com sombreamento posterior). Uma estria vagina normal (selas curtas) é observada caudal ao tampão absorvente. C: vagina distendida por líquido. D: sangue e produtos da concepção distendendo a vagina. Mostra distenção importante da vagina por material heterogêneo (H) que corresponde a coágulos de sangue e produtos da concepção. A paciente estava mediante um aborto espontâneo no momento do US. Setas pretas, superfície posterior da vagina. Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 2 MIOMÉTRIO E ENDOMÉTRIO NAS FASES MENSTRUAIS US transvaginal da Pelve OBS: Embora a espessura global de ambos os padrões seja similar, a aparência estriada parece representar um momento quando o endométrio é particularmente receptivo Implantação. OBS: no US nem sempre é possível identificar a zona juncional. O melhor exame para identificá-la é a RM. MIOMÉTRIO NORMAL Ecogenicidacle de nível baixo, uniforme, menor do que aquela do endométrio. Ou seja, o miométrio é hipoecoico em relação ao endométrio. A superfície serosa normalmente não é observada. As veias subserosas podem aparecer como espaços anecóicos proeminentes. Em mulheres que deram à luz, o útero é maior em todas as 3 dimensões, aumentando com cada gravidez em até 6 vezes. Antes da puberdade: o colo uterino tem tamanho similar ou é mais proeminente do que o corpo e o fundo uterinos. A: fim da menstruação - o endométrio é uma linha hiperecóica fina, delimitada, normalmente tem somente 2 a 3 mm ele espessura. B: fase Proliferativa ou Estrogênica - endométrio uniformemente hiperecóico (setas brancas). A camada hipoecóica (setas pretas) é observada profundamente no endométrio, corresponde à zona de junção. C: meio do ciclo - aparência estriada (camada tripla ou aparência trilaminada ou “Sinal da Boca”), que consiste em três linhas hiperecóicas que circundam duas camadas hipoecóicas. Antes da ovulação, endométrio preparado para a ovulação. D: fase Secretora ou de Progesterona – o endométrio se espessa até 15mm para sofrer posterior descamação. Fica uniformemente hiperecóico e seus limites podem ser bem menos definidos. Com o início das menstruações, o tecido endometrial se desprende, tornando o endométrio mais fino, e o ciclo se reinicia. Camada hipoecóica fina, identificada profundamente no endométrio. É o limite entre o endométrio e o miométrio ou à margem mais interna do miométrio. Está distorcida no quadro de adenomiose, fibróides difusos, e carcinoma endometrial invasivo. Veias subserosas Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 3 Anos férteis: o corpo e o fundo uterinos são mais proeminentes do que o colo uterino. PÓS-PARTO: avaliação transabdominal. O útero pós-parto involui em até 7 semanas. O comprimento é avaliado por 2 eixos longitudinais ao longo do canal endometrial. O comprimento no pós-parto é influenciado pela paridade. Endométrio normal: menos de 15 mm e mais de 10 mm (mostra- se fino). > 15 mm: considerar produtos retidos, hemorragia ou infecção. Avaliado no caso de febre inexplicável ou de dor pélvica (preocupação quanto à placenta retida ou endometrite). Achado na endometrite: acúmulo de fluido ou de gás na cavidade endometrial. Focos endometriais brilhantes (gás) são normais no pós-parto. A clínica fará o diagnóstico diferencial com endometrite e guiará a indicação da realização da US. Só se faz US com queixa de febre ou dor pélvica. Espessamento focal do endométrio numa paciente no pós parto e que está sangrando: retenção placentária. Focos ecogênicos com sombra preta = calcificações (reflete completamente) Focos ecogênicos com sombra suja = reverberação do gás (forma indefinida) O útero normal pode ter posições diferentes. Mais comumente ele está em ANTEVERSOFLEXÃO. Por convenção: - Fundo do útero voltado para a esquerda: antevertido. - Fundo do útero voltado para a direita: retrovertido. OBS: FLEXÃO relaciona-se com o CORPO UTERINO e VERSÃO com o COLO UTERINO e a versão compara-se com a vagina. Outra posição variante normal comum do útero é denominada flexão, quando o corpo uterino está dobrado nele próprio, antefletido e retrofletido. No endométrio de um útero retrovertido ou retrofletido pode ser difícil a obtenção da imagem, criando uma falsa impressão de um mioma grande hipoecóico posterior. OBS: US vê muito mal lesões de colo de útero. Não pode avaliar nem NIC III. LEIOMIOMA OU FIBROIDE Fibroides ou miomas são as neoplasias benignas mais comuns de tecido mole. Únicos ou múltiplos, pequenos ou grandes, exofíticos ou com prolapso no canal endometrial. Criança Adulto Antevertido Antevertido Retrofletido Antefletido Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 4 Crescem até a menopausa e depois involuem pois possuem receptores para estrógeno e progesterona. Dor e sangramento vaginal. Metrorragia (sangramento irregular que acontece fora do período menstrual) OBS: leiomioma apresenta sangramento irregular fora do ciclo menstrual, já a adenomiosa apresenta sangramento dentrodo ciclo. CARACTERÍSTICAS NA US Massa/nódulo sólida hipoecóica Ecogenicidade variada Causam algum grau de sombreamento acústico Calcificação (áreas hiperecóicas bem definidas com sombreamento acústico agudo) Necrose (hipoecoicos ou anecóicos) Pode ter degenerações (miomas com crescimento rápido) Exofítico: diferenciar se é pediculado ou subseroso US transabdominal da Pelve US transabdominal longitudinal - Mioma exofítico pediculado/haste hipoecoica: conexão do mioma e útero US endovaginal axial: Mioma exofítico subseroso/ Seta: endométrio US endovaginal axial: aumento acentuado do útero e lobulação do contorno uterino causado por múltiplos miomas grandes (M) US transabdominal longitudinal: útero aumentado por múltiplos miomas densamente calcificados (setas) com sombra acústica posterior. US transabdominal axial: mioma necrótico com acúmulo de fluido de forma irregular causado por necrose. Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 5 LOCALIZAÇÃO DOS MIOMAS ADENOMIOSE Clínica Dor pélvica crônica Sangramento menstrual excessivo (menorragia) “Endometriose interna” OBS: lembrar que nos leiomiomas há METRORRAGIA, sangramento uterino irregular e FORA DO CICLO MENSTRUAL. Melhor método: US transvaginal. 3 tipos: FOCAL, DIFUSA e CÍSTICA. FOCAL Adenomioma: nódulo miometrial heterogêneo e mal definido. Alguns consideram este tipo separado. O doppler colorido auxilia no diagnóstico diferencial com leiomioma e o leiomiossarcoma e também diferencia um mioma de uma adenomiose. Parece um leiomioma intramural. DIFUSA Mais comum Parênquima heterogêneo Áreas hiperecóicas: ilhas de glândulas endometriais Áreas hipoecoicas: associado a hipertrofia muscular OBS: os focos de endométrio induzem a proliferação do miométrio e a zona juncional não poderá ser mais vista. CÍSTICA Pequenos cistos anecoicos menores do que 1cm dentro do miométrio Área hipoecoica: miométrio Área hiperecoica: ilhas de glândulas endometriais Miométrio heterogêneo e espessado ventralmente Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 6 RESUMO DOS ACHADOS ULTRASSONOGRÁFICOS Presença de focos endometriais (hiperecoicos) no miométrio (hipoecoico) Desaparecimento da zona juncional Assimetria das paredes do útero Cistos anecoicos menores que 1 cm no miométrio Parênquima do útero heterogêneo Nódulos heterogêneos Faixas hipoecoicas miometriais “PERSIANA” RM DA PELVE - ADENOMIOSE ENDOMÉTRIO: alta intensidade do sinal, espessura variando de 1 a 7 mm, dependendo do ciclo menstrual. ZONA JUNCIONAL: Faixa com baixa intensidade do sinal na interface do endométrio e do miométrio e não deve exceder a espessura de 8 mm. MIOMÉTRIO: geralmente exibe intensidade intermediária do sinal nas imagens ponderadas em T2. T1: Útero exibe sinal intermediário IMAGENS CONTRASTADAS: realce progressivo do endométrio com gadolínio com hiperintensidade nas imagens tardias. Realce pelo contraste varia no miométrio. O canal cervical é revestido por epitélio da endocérvix, onde podem ser visíveis pequenas dobras. RM da pelve axial em T2 1: músculo reto abdominal 2: veia ilíaca externa 3: artéria ilíaca externa 4: músculo obturador interno 5: ovário esquerdo 6: endométrio 7: zona juncional 8: miométrio 9: ovário direito Junção endométrio-miométrio irregular ou indistinta Pequenos cistos anecoicos menores do que 1cm dentro do miométrio múltiplas massas sólidas pequenas hipoecoicas que dão aparência heterogênea de “roído por traças” ao miométrico Espessura miometrial assimétrica (não causada por miomas) Estrias hipoecoicas miometriais são faixas de sombra acústica = “Sinal da Tempestade” Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 7 10: reto O exame padrão-ouro para avaliação da ZONA JUNCIONAL é a RM. É possível distinguir o espessamento da parede da zona juncional. Na US só será possível observar isso se a adenomiose estiver muito evoluída. A RM é um ótimo exame para a avaliação de LEIOMIOMAS, limitar a sua extensão e estudar as áreas que não foram afetadas pelas células neoplásicas. A RM é o complemento da US e dá uma visão mais detalhada das estruturas. RM ponderada em T2 axial Diferenciação zonal do corpo uterino, com nítida delimitação da zona juncional com relação à alta intensidade do sinal do complexo endometrial e miométrio exlerno. O canal endocervical (asterisco) é revestido por presas de mucosa, as pregas palmares e apresenta-se bastante hiperintenso devido ao gel ultrassonográfico que foi utilizado para distender a parede. RM ponderada em T2 - Sagital ESTADIAMENTO DO CÂNCER DE COLO DE ÚTERO ESTADIAMENTO FIGO Exame clínico e exames básicos (cistoscopia, retossigmoidoscopia, enema opaco, urografia excretora e radiografias do tórax). Altamente dependente do examinador Principal limitação é a falta de integração do estado dos linfonodos. Mesmo não incorporadas às recomendações FIGO, RM – TC – PET/TC estão sendo acrescentadas ao esquema de estadiamento. RM Indicações para avaliação de câncer cervical pré-tratamento: Tumores cervicais com mais de 2 cm, suspeita de extensão endocervical e dificuldade para avaliar o colo uterino clinicamente. TC Utilizada no estadiamento pré-operatório e no planejamento do tratamento. Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 8 A RM é superior à TC no estadiamento global. Ambas as técnicas são usadas para planejamento de radioterapia. Estadiamento de Câncer Cervical pela Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) – não avalia os linfonodos. USA COMO COMPLEMENTO RM, TC E PET. Achados de Imagens para Detecção e Estadiamento de Tumores de Colo do Útero Massa sólida focal originada no interior do estroma cervical. Extensão do tumor = T2 (Transaxiais, Sagitais) T2 = Lesão HIPERINTENSA contra o estroma fibrovascular normal hipointenso T1 = Maioria ISOINTENSA em comparação ao miométrio CONTRASTE DINÂMICO – Realce precoce (15 a 30 seg.) Diferenciação ótima entre a maioria dos cânceres e os tecidos em torno GADOLÍNEO INTRAVENOSO: necrose, pequenos cânceres não identificados em T2, fístulas nos estágios avançados TC = HIPO À HIPERATENUAÇÃO FATORES QUE LIMITAM A DETERMINAÇÃO DO TAMANHO DO TUMOR = edema peritumoral, cervicite, alterações pós-biópsia. O gadolíneo vai diferenciar áreas de necrose e tumores pequenos que não foram avaliados em T2 A depender da vascularização e da presença de necrose ou de produtos do sangue, as imagens ponderadas em T2 exibem intensidade do sinal intermediária a alta. CÂNCER DE COLO DE ÚTERO NA RM T2: HIPERINTENSO T1: ISOINTENSO EM RELAÇÃO AO ÚTERO Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 9 Somente os estágiosIB e acima são visíveis à RM ESTÁGIO IA: carcinoma invasivo microscópico apenas ESTÁGIO IB o Massa clinicamente visível e confinado ao colo o Anel intacto de estroma cervical em torno; o TC = massa HIPODENSA OU HIPERDENSA ESTÁGIO IIA o Invasão vaginal o TC = Hiperdensa o RM = espessamento da parede vaginal; ESTÁGIO IIB o Invasão do paramétrio o TC margens cervicais irregulares, cordões no paramétrio, massa excêntrica ESTÁGIO IIIA o Invasão para o terço inferior da vagina o RM T2 espessamento contínuo ou ruptura da parede vaginal HIPOINTENSA; ESTÁGIO IIIB o Invasão para a parede lateral da pelve; Hidronefrose o TC e RM franca invasão tumoral ESTÁGIO IVA o Invasão da mucosa da bexiga ou do reto ou extensão além da pelve verdadeira o RM T2 rotura focal da parede vesical normal com baixa intensidade do sinal. ESTÁGIO IVB o Metástases à distância o Propagação peritoneal Câncer cervical em estágio IB2 RM ponderada em T2 sagital mostra massa com mais de 4 cm de diâmetro (seta), demonstrada no aspecto posterior da cérvix, fazendo protrusão na vagina. Esta mostra alta intensidade do sinal (asterisco) pela opacincação com gel de ultrassonograna. A baixa intensidade do sinal normal no colo posterior é substituída pela massa com intensidade do sinal intermediária. RM axial ponderada em T2 mostra pequena orla periférica de estroma cervical normal com baixa intensidade do sinal (setas), descartando invasão do paramétrio. Câncer cervical em estágio IVA Renata Valadão Bittar – Medicina Unit 10 RM sagital em T2. Vê-se grande aumento de volume do colo por grande massa com intensidade do sinal intermediária. Estende-se ao terço médio da vagina anterior. Ruptura da baixa intensidade do sinal da parede posterior profunda da bexiga e superfície irregular da parede vesical. (B) ao longo de uma distância de 2,5 cm (seta). RM axial T2 mostra aumento de volume de linfonodo ilíaco esquerdo sugestivo de metástase (seta). A cistoscopia confirmou invasão da mucosa da parede vesical.
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