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TEMPOS E MÉTODOS AULA 2 CONVERSA INICIAL Caros alunos, bem-vindos a mais uma aula de Tempos e Métodos. Agora que já conhecemos o histórico do estudo de tempos, passaremos a estudar pontos mais importantes desta disciplina, que os auxiliarão muito em sua vida profissional. Nesta aula, veremos as terminologias empregadas em estudo de tempos, os instrumentos utilizados para a realização de um estudo de tempos, conheceremos a divisão do minuto em centésimos de minuto, veremos, também, os princípios de economia de movimentos. Todas as áreas de uma empresa têm seus termos técnicos utilizados e cabe aos gestores os conhecerem, pois um termo que o gestor não conheça pode levá-lo a uma decisão errada. No estudo de tempos, isso também ocorre. Imagine que você seja responsável pela área de Engenharia Industrial de sua empresa e, em uma reunião da diretoria, perguntam-lhe: qual o takt time necessário para atender à demanda de um determinado cliente? Qual o método empregado na fabricação do produto? Qual o tempo padrão de fabricação do eixo propulsor? Qual a capacidade produtiva instalada de nossa fábrica? Qual o gargalo da produção do produto? Veja quantos termos técnicos são usados apenas nessas perguntas. Se você não os conhecer, poderá dar uma resposta errada e, com isso, comprometer os resultados de sua empresa. TEMA 1 – TERMINOLOGIAS Conhecer os termos utilizados nas empresas, em relação a estudo de tempos e métodos, é de vital importância aos gestores, independentemente de sua área de atuação, pois uma interpretação errada de um termo pode levar a uma decisão errada, causando grandes perdas para a empresa. Durante as aulas, inúmeras terminologias aparecerão e, nesta aula 2, já começaremos a mostrar algumas e exemplificá-las. 1. Avaliação de desempenho: comparação entre habilidade e esforço. Por exemplo: se você observar dois trabalhadores executando a mesma tarefa por um longo período, será que ambos terão a mesma habilidade? Estarão gastando a mesma energia? Possivelmente não, embora um método de trabalho bem elaborado vise à unificação e à padronização de 2 movimentos, evitando que operadores diferentes obtenham resultados diferentes. 2. Arranjo físico: mesmo que layout, ou leiaute: disposição de máquinas, equipamentos, bancadas, operadores etc. Por exemplo: uma mesa de trabalho que contenha pastas, objetos pessoais, telefone, computador, calculadora etc. A união de todos esses objetos citados compõe o arranjo físico dessa mesa, o qual deve ser otimizado o máximo possível, para facilitar a utilização dos objetos por seu usuário, evitando, assim, perdas ao longo da jornada de trabalho. 3. Ciclo: realização completa de todos os elementos que se repetem a cada produto processado. Exemplo: um processo de montagem de canetas, desde o início até se obter o produto montado. 4. Cronoanalista: profissional treinado que vai definir o melhor método para se realizar uma determinada tarefa e vai treinar o operador. 5. Cronometrista: profissional que fará a tomada de tempos em tarefas já analisadas pelo cronoanalista. 6. Elemento: é uma divisão da tarefa e é composto de uma sequência de movimentos. Por exemplo: alcançar uma peça, pegá-la e juntá-la a outra peça, formando um conjunto. 7. Elemento cíclico: é o movimento simples que se repete a cada ciclo. Exemplo: pegar, soltar, juntar, mover etc. 8.Elemento não cíclico: elemento que ocorre em intervalos predeterminados, como trocar caixa de peças a cada 20 ciclos, trocar ferramentas a cada 150 ciclos etc. 9. Esforço: energia física gasta para realizar uma tarefa. Por exemplo: descarregar caminhão, empurrar caixa de peças etc. 10. Habilidade: é a aptidão, destreza ou agilidade demonstrada pelo operador durante a realização de uma tarefa. Um exemplo é a realização de um determinado trabalho sem desperdiçar movimentos, ou seja, não fazer movimentos desnecessários. 11. Método: é a maneira como é executado um processo, em relação à sequência dos movimentos que influenciam no tempo. É o melhor caminho a chegar ao resultado final com o menor desperdício possível. 12. Operação: é um conjunto de elementos cíclicos e não cíclicos necessários à execução de uma tarefa. 3 13. Ritmo normal: ritmo que um trabalhador deve manter para trabalhar por oito horas diárias sem esforço extra, cansaço físico e/ ou mental. 14. Tempo padrão: é o tempo necessário para um trabalhador treinado, qualificado, trabalhando em ritmo normal, executar uma quantidade definida de trabalho com qualidade específica, seguindo um método preestabelecido. Por exemplo, é o tempo puro e ideal de se considerar nos cálculos de capacidade de produção, cálculo de custos, dimensionamento de mão de obra produtiva etc. Vimos, até aqui, 14 termos e expressões utilizados em Tempos e Métodos que serão importantes no desenvolvimento desta disciplina. Ao longo da disciplina, outros termos aparecerão e serão devidamente explicados. TEMA 2 – INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO Para a realização de um estudo de tempos e métodos, alguns instrumentos são necessários para facilitar a vida do cronometrista e/ou cronoanalista. A seguir, listaremos os principais instrumentos e sua aplicação durante a realização do trabalho. Figura 1 – Instrumentos necessários para realizar o trabalho 1. Cronômetro – é o instrumento mais necessário para a obtenção do tempo de uma tarefa. Não importa se é digital ou analógico, o importante é ter 4 um método bem elaborado e que reproduza um trabalho confortável ao operador envolvido. 2. Prancheta – é ideal para amparar o formulário de tomada de tempos, o qual é preenchido durante o trabalho de levantamento dos tempos de fabricação. 3. Tacômetro – equipamento que permite a obtenção da rotação (rpm) correta de um eixo, permitindo, assim, calcular a velocidade de corte da ferramenta usada no processo, o que permite comparar o resultado com o valor tabelado e tomar a decisão de alterar ou não tal rotação, com a certeza de que a ferramenta está trabalhando dentro das condições normais de trabalho. 4. Paquímetro, trena ou escala de aço – permite medir o deslocamento de um cabeçote e, com isso, calcular o avanço da ferramenta e comparar com os valores tabelados. 5. Calculadora – usada para calcular velocidade de corte, avanço de ferramentas, cálculo de tempos de fabricação, entre outros. 6. Filmadora – serve para registrar o método estabelecido e para treinamentos. É usada, também, para estudar os movimentos realizados e propor melhorias. 7. Formulário – documento usado para registro dos tempos cronometrados. Deve ser mantido arquivado com as assinaturas dos responsáveis das áreas envolvidas. 8. Computador – utilizado para registro das atividades realizadas durante a reestruturação do novo método. A preparação de um posto de trabalho requer muita atenção do cronoanalista, pois o método, após estabelecido, deve ser registrado no formulário de coleta de dados, migrar para as ITs (Instruções de Trabalho) e servir para treinamento de novos funcionários. O tempo resultante desse trabalho serve para determinação da capacidade produtiva, cálculo da mão de obra e, também, cálculo do custo do produto. TEMA 3 – ECONOMIA DE MOVIMENTOS Existem diversas tarefas em que a predominância de tempos “manuais”, ou seja, tempos influenciáveis, é muito grande. Nesses casos, é muito importante 5 fazer uma análise dos movimentos feitos pelo operador, com o intuito de eliminar os movimentos desnecessários e, com isso, aperfeiçoar o método. Esses movimentos, em uma análise de tempos e métodos, são divididos em três tipos, explicados a seguir. 3.1 Movimentos do corpo do operador 1. Ambas as mãos devem começar e terminar seus movimentos no mesmo instante. 2. As duas mãos não devem permanecer inativas ao mesmo tempo, a não ser em períodos de repouso. 3. Os movimentos dos braços devem ser simultâneos e, sempreque possível, simétricos. 4. Os movimentos devem ser os menos cansativos e reduzidos ao mínimo possível. São estes os movimentos do corpo, com aumento progressivo da fadiga: a) mover os dedos. b) mover dedos e mãos. c) mover dedos, mãos e antebraço. d) mover dedos, mãos, antebraço e braço. e) mover dedos, mãos, braço e corpo. 5. Deve-se utilizar, sempre que possível, o impulso, e evitá-lo sempre que, para freá-lo, seja necessário um esforço muscular. 6. Os movimentos contínuos e curvilíneos são preferíveis aos retos ou com bruscas mudanças de direção. 7. Os movimentos balísticos (livres) são mais rápidos e fáceis que os retos ou controlados. 8. Deve-se estabelecer uma ordem na sequência de movimentos a fim de torná-los rítmicos e automáticos. 9. Deve-se evitar fazer com as mãos qualquer trabalho que possa ser feito com os pés ou outra parte do corpo. Figura 2 – Exemplo de trabalhador em movimento 6 3.2 Movimentos exigidos pela máquina (ferramentas/ dispositivos) 1. Pedais. 2. Alavancas. 3. Volantes. 4. Botoeiras. ou equipamento Dispositivos de fixação ou acionamento, fazem parte do projeto do equipamento, portanto, são meios que raramente podem ser rearranjados por ocasião da definição do método. 3.3 Movimentos devido ao leiaute do local de trabalho No posto de trabalho, além dos meios que fazem parte do projeto da máquina, há outros que devem ser rearranjados na determinação do novo método. • � dispositivos de montagem; • � recipientes; • � caçambas; • � paletes; • � carrinhos; • � correntes; • � esteiras; • � roletes; • � talhas; • � calhas; • � gancheiras; • � calhas; 7 • � ferramentas manuais; • � instrumentos de medição; • � assento do executante. Um aliado muito importante na busca detalhada e análise dos movimentos é a filmadora, pois, com o registro, o mesmo movimento pode ser visto dezenas de vezes, inclusive, em câmera lenta, e a decisão e detecção de movimentos desnecessários fica facilitada. TEMA 4 – COMO USAR O CRONÔMETRO E FAZER A LEITURA DO TEMPO Nesta disciplina, usaremos a divisão dos segundos em centésimos de segundo, ou seja, a leitura do tempo no cronômetro indicado para nossa disciplina divide o segundo em 100 partes iguais, ou seja, cada parte equivale a 0,01 segundo. Para a indicação de tempos usamos alguns símbolos para representá-los conforme a seguir: h!símboloparahoras.Ex. 1h!1hora ’ ! símbolo para minutos. Ex. 1’ ! 1 minuto ” ! símbolo para segundos. Ex. 1” ! 1 segundo 4.1 Conhecendo seu cronômetro Ele é um relógio, marca dia, mês, ano, horário, tem alarme, faz cronometragem parcial, contínua e regressiva. Figura 3 – Exemplos de cronômetros 8 Nós usaremos o modo cronometragem contínua e, para isso, deve- se programá-lo da seguinte maneira: • a) Acionar o botão do lado direito na parte de baixo do cronômetro (MODE), até encontrar uma tela com duas linhas só de zeros e ao lado esquerdo da segunda linha aparecer a palavra: LAP ou SPLIT. • b) Caso apareça LAP, acione o botão do lado esquerdo na parte de baixo do cronômetro (RECALL) e aparecerá SPLIT. O modo SPLIT é o que será usado, pois permite a cronometragem contínua e, para checar esse módulo, acione o botão do lado direito superior e observe que a segunda linha começa a registrar o tempo decorrido. Agora, acione o botão do lado esquerdo superior e observe que na primeira linha ficou registrado um determinado valor, ao passo que, na segunda linha, o tempo continua sendo acumulado. Acione novamente o botão do lado esquerdo e um novo tempo ficará registrado na primeira linha. Para zerar o cronômetro, acione o botão do lado direito superior, com isso, a cronometragem é interrompida e, na sequência, acione o botão do lado esquerdo para zerá-lo. Repita essa operação por diversas vezes até se sentir confortável com o manuseio de seu cronômetro. Você deve ter observado que a leitura do tempo é feita da esquerda para a direita e deve ser lida da seguinte maneira: � 1:32’45”72 ! 1 hora, 32 minutos, 45 segundos e 72 centésimos de segundo. Como já dito, os dois últimos dígitos do cronômetro são os centésimos de segundo e podemos ler o valor do exemplo anterior da seguinte maneira: 1:32’45,72”!1 hora, 32 minutos e 45,72 segundos. Por exemplo, após cronometrar continuamente cinco ciclos de uma determinada tarefa, obtivemos os seguintes valores. Tabela 1 – Valores para cinco ciclos Leitura no cronômetro Valor anotado no formulário xxx 1,25 2,43 Ciclo 1 2 0:00’00”00 0:00’01”25 0:00’02”43 9 3 4 5 0:00’03”70 3,70 0:00’04”94 4,94 0:00’06”19 6,19 Calculando o tempo de cada ciclo, temos: Tabela 1 – Valores de cada ciclo • No1 1,25 – 0,00 = 1,25” • No2 2,43 – 1,25 = 1,18” • No3 3,70 – 2,43 = 1,27” • No4 4,94 – 3,70 = 1,24” • No5 6,19 – 4,94 = 1,25” A média dos tempos cronometrados será: 1,25 + 1,18 + 1,27 + 1,24 + 1,25 !1,24” 5 Quando o tempo cronometrado passa da casa dos segundos para minutos, devemos transformá-lo em segundos, pois facilita a realização da totalização dos tempos cronometrados, por exemplo: a) 1’ 32,45” é o mesmo que: 92,45”. b) 2’ 39,99” é o mesmo que: 159,99”. Com isso, a soma de ambos será: 92,45” + 159,99” = 252,44”. TEMA 5 – DIVIDINDO A OPERAÇÃO EM ELEMENTOS Lembrando da definição de elemento, vista no início desta aula, temos: “é uma divisão da tarefa e é composto de uma sequência de movimentos. Por exemplo: alcançar uma peça, pegá-la e juntá- la a outra peça, formando um conjunto”. Quando analisamos uma tarefa, ou operação, devemos observar atentamente os movimentos realizados pelo operador e, ao dividir essa operação em elementos, é muito importante criar elementos cuja soma dos movimentos seja possível ser lida no cronômetro e anotada em formulário antes de outro elemento ocorrer. O ideal é criar elementos com total de cinco segundos (tempo suficiente de se ler no cronômetro e registrar no formulário). 10 A divisão da operação em elementos é fundamental para a análise e verificação de movimentos desnecessários e contribuem com o analista na formulação de um novo método a ser empregado para a realização dessa operação. É importante lembrar-se de que todo início de elemento deve ser marcado por um movimento bem definido, facilitando a observação do momento exato que esse movimento ocorre. Por exemplo: uma luz que acende no painel da máquina, início de um movimento manual, um sinal sonoro da máquina etc. Durante as próximas aulas, você vai aprender pontos importantes envolvendo o estudo dos movimentos e, com isso, poderá dedicar mais tempo a análises de elementos. FINALIZANDO Nesta aula, foram apresentadas, em detalhes, algumas terminologias empregadas em estudo de tempos. Foram vistos, também, os instrumentos que são utilizados na tomada de tempos. Você aprendeu a manusear um cronômetro, assim como a fazer a leitura do tempo de operações e dividir uma operação em elementos. Dessa forma, vimos as principais informações para se criar um método mais robusto, que permita a realização de um estudo de tempos. Bons estudos e até a próxima aula. 11 REFERÊNCIAS AGOSTINHO, D. S. Tempos e métodos aplicados à produção de bens. 1. ed. Curitiba: InterSaberes, 2015. BARNES, R. M. Estudo de movimentos e de tempos: projeto e medida do trabalho. 6. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 1983. 12
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