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Neoplasias gastrointestinais Câncer de esôgafo ● 5º câncer em maior mortalidade no mundo ● Brasil ○ homens: 6º mais frequente ○ mulheres: 15º ● 3x mais comum em homens que mulheres ● idade média: 67 anos ● risco de desenvolver durante a vida ○ homem: 1:125 ○ mulher: 1:435 ● inclui: tumores primário da junção gastroesofágica + câncer gástrico proximal com epicentro extensão <= 2 cm no estômago ● incidência: aumenta com as décadas ● prognóstico: ruim ○ carcinoma de células escamosas possui um prognóstico pior que adenocarcinoma ● cirurgia: única chance de cura ● sobrevivência: pode melhorar com terapia multimodal ● tipo mais frequente: carcinoma epidermoide (CEC)→ 96% dos casos ○ adenocarcinoma (AC): aumentando a frequência nas últimas décadas na população ocidental devido ao aumento da prevalência da obesidade e da doença do refluxo gastroesofágico Etiologia e fatores de risco ● fatores de risco mais significativos, associados com 90% dos carcinomas de células escamosas: tabagismo, etilismo dieta pobre em frutas e vegetais ○ tabagismo e etilismo: aumento sinérgico do risco ● comida com compostos com N nitroso, mascar betel, ingestão de comidas e bebidas quentes (como chá) ● acalasia de longa duração: aumenta risco de carcinoma de células escamosas (CCE) em 16x ● ingestão de soda cáustica→ desenvolvimento de de CCE em média 41 anos depois ● tilose: associada a uma alta taxa de CCE ● fatores de risco para adenocarcinoma ○ mais fortes e consistentes: doença do refluxo gastroesofágico, tabagismo, obesidade e expoisção dietética a nitrosaminas→ encontradas em ~80% dos casos ○ esôfago de Barrett Apresentação clínica ● disfagia, perda de peso, sangramento, dor de garganta e rouquidão ● sintomas iniciais: comida “presa” ou refluxo/ regurgitação da comida ou saliva→ pode preceder disfagia ● disfagia: queixa mais comum→ acontece quando o lúmen do esôfago diminui para⅓ do diâmetro normal Características patológicas ● adenocarcinoma: predominantemente perto da junção gastroesofágica ● carcinoma de células escamosas (CCE): desenvolvimento primário no esôfago distal ○ geralmente: encontrado na metade superior do esôfago ● câncer de pequenas células ● sarcoma ● carcinoma adenoide cístico ● linfoma primário Diagnóstico ● endoscopia digestiva alta→múltiplas biópsias de lesões suspeitas ● confirmado diagnóstico→ exames de imagem→ estadiamento ● métodos de imagem mais amplamente utilizados são: a ultrassonografia endoscópica (EUS), a tomografia computadorizada (TC), a tomografia por emissão de pósitrons associada à TC (PET/CT) e a broncoscopia → abordagem multimodal para que se alcance um estadiamento mais acurado ● TC de tórax, abdome e pelve: detecção de linfonodos metastáticos, de metástases hematogênicas e também na avaliação do grau de acometimento local do tumor ● broncoscopia: excluir a presença de infiltração traqueal, paralisia de cordas vocais e/ou tumores sincrônicos de vias aéreas ● EUS: estuda a profundidade de invasão tumoral na parede esofagiana + estadiamento de linfonodos regionais, inclusive com a possibilidade de realização de punção aspirativa por agulha fina (PAAF) para confirmação diagnóstica ● PET/CT tem papel tanto no estadiamento, para excluir metástases à distância, quanto na condução do tratamento, pela avaliação da resposta metabólica ao tratamento neoadjuvante Classificação e estadiamento ● CEC: prognóstico afetado pela localização do tumor ○ tumores de terço superior e médio: pior prognóstico que os tumores localizados no esôfago distal Tratamento ● padrão ouro para tratar displasia de alto grau e câncer inicial ou superficial: esofagectomia ● doença esofágica inicial: ressecção endoscópica da mucosa/submucosa, com ou sem terapia fotodinâmica → alternativa popular ● CEC superficial limitado à camada mucosa e sem metástase linfonodal: terapias endoscópicas locais, tais como mucosectomia, para tumores < 2 cm, ou por dissecção endoscópica de submucosa, para lesões maiores ● invasão tumoral da camada submucosa: contra-indicação para o tratamento endoscópico com intuito curativo ● AC: ressecção endoscópica pode ser considerada curativa quando a análise da peça revelar margem profunda e laterais livres, invasão da submucosa menor que 500 µm, ausência de invasão angiolinfática e grau de diferenciação tumoral 1 ou 2 ● tumores não passíveis de tratamento endoscópico → cirurgia é a principal modalidade de tratamento com intuito curativo nos pacientes com condições clínicas adequadas, especialmente para os casos sem disseminação linfonodal e com invasão tumoral até a camada muscular (T2N0) ● tumores localmente avançados (T3-4 e/ou N+): taxas de sobrevida oferecidas pelo tratamento cirúrgico exclusivo são limitadas→ incorporação de terapias neoadjuvantes ou perioperatórias possibilitaram ganho substancial de sobrevida. ● principais modalidades de tratamento neoadjuvante: radioquimioterapia, aos moldes do protocolo CROSS, e a quimioterapia perioperatória, aos moldes do protocolo FLOT ● esofagectomia deve ser realizada preferencialmente entre 4 a 8 semanas após o término do tratamento neoadjuvante ○ principais objetivos da cirurgia: ressecção com margens negativas associada à linfadenectomia locorregional ● pacientes com CEC de esôfago cervical, os inaptos ao procedimento cirúrgico por fragilidade clínica ou comorbidades graves, ou com tumores T4b: quimiorradioterapia definitiva ● pacientes com doença metastática e com bom performance status (PS): candidatos a tratamento paliativo baseado em quimioterapia e/ou imunoterapia Acompanhamento pós tratamento Estágio 0 ou I ● vigilância endoscópica regular anual está indicada para os pacientes com tumores superficiais tratados por terapia endoscópica ● casos de tumores precoces submetidos a esofagectomia, a EDA pode ser feita sob demanda de acordo com a suspeita clínica, ou quando houver suspeita de estenose da anastomose esôfago-gástrica Estágio II ou III ● tratamento com quimiorradioterapia exclusiva: EDA deve ser realizada anualmente por pelo menos 2 anos + TCs de tórax e abdome a cada 6 meses por 2 anos, a cada 6 meses no 3 ano, e, após esse período, somente quando clinicamente indicado ● pacientes submetidos a tratamento neoadjuvante seguido de cirurgia, o seguimento deve ser feito com TCs de tórax e abdome a cada 6 meses nos dois primeiros anos + EDA somente deve ser solicitada em caso de suspeita clínica de recorrência local ou de estenose da anastomose esôfago-gástrica Câncer de cólon e reto Epidemiologia e etiologia Carcinogênese: sequência adenoma-adenocarcinoma ● 3 mecanismos: instabilidade cromossômica, instabilidade de microssatélite e metilação da ilha CpG ● instabilidade cromossômica: mutações iniciais nos genes → supressor de tumor APC e oncogene K ras + mutações posteriores: oncogene PIK3CA e gene supressor de tumor p53 ● histologia que sugere uma instabilidade de microssatélite→ características mucinosas, diferenciação pobre ou presença de linfócitos infiltrados tumorais Classificação subtipo molecular ● subtipo molecular 1: subgrupo com ativação imune → engloba a maior parte dos tumores de cólon e reto e tumores BRAF-mutados ● 2: subgrupo canônico → mais comum → características de ativação do MYC e mutações TP53 ● 3: subtipo menos comum → desregulação metabólica + altas taxas de mutação KRAS ● 4: subtipo imune excluído → características ativação estromal → sinalização do fator de crescimento beta transformada Fatores de risco ● predisposição genética. mutações adquiridas (somáticas) ou herdadas, interação com meio ambiente, dieta ● história pessoal e familiar de câncer cólon e reto ou pólipos, idade avançadas e doença inflamatória intestinal ● modificáveis ○ dieta rica em gordura saturada, tabagismo e etilismo ○ sobrepeso e obesidade central: IMC > 30→ aumenta risco de câncer de colon e reto em 50% nas pessoas de meia idade + 2-4x em 55-79 anos + circunferência abdominal é um fator mais forte que IMC ○ resistência insulínicae DM ○ pólipos adenomatosos: carcinoma presente em 5% dos adenomas→ potencial para transformação maligna 8-10x maior para adenomas vilosos ou tubuloviloso que tubulares + 1% dos pólipos < 1 cm são malignos + 40% dos adenomas > 2 cm são malignos ○ doença inflamatória intestinal: aumento do risco de acordo com duração e extensão da doença ativa, colitis e displasia mucosa Síndromes familiares ● 20% de todos os casos: atribuídos a síndrome autossômicas dominantes herdadas→ polipose adenomatosa familiar, síndrome de Gardner e câncer de colón e reto não poliposo hereditário ● poliposes adenomatosa familiar: mutação APC→ perda funcional de ambos os alelos APC ○ alta penetrância → milhares de pólipos adenomatosos → alguns progridem para câncer → exige uma ressecção colorretal profilática ○ início da malignidade em pacientes não tratados: 42 anos com câncer invasivo desenvolvendo-se 20-30 anos após ● câncer de cólon e reto não poliposo hereditário (síndrome de Lynch): mutações nos genes germinativos de reparo de DNA + mutações adicionais envolvendo genes supressores tumorais e oncogenes → rapidamente acumulam nas células com déficit de reparo de DNA→ transformação maligna em apenas 3-5 anos ● polipose MUTYH associada: mutações bialélicas no gene de reparo MUTYH→ oligopolipose: > 15 mas < 100 ○ início dos adenomas mais tardios que aqueles com polipose adenomatosa familiar: 45-55 anos Câncer de cólon e reto de início precoce ● aumentando nas últimas 2-3 décadas Rastreamento ● a partir de 50 anos ou alto risco (indivíduos com história pessoal ou familiar de câncer de intestino, de doenças inflamatórias do intestino ou síndromes genéticas, como a de Lynch) ● sangue oculto nas fezes e e endoscopias (colonoscopia ou retossigmoidoscopia) Diagnóstico e estadiamento Apresentação clínica ● lesões colônicas em qualquer localização → mudança de hábitos intestinais + sangramento→melena, hematoquezia, sangue oculto nas fezes positivo ou anemia por deficiência de Fe + perda de peso, anorexia e outros sintomas constitucionais Estadiamento pré operatório neoplasia cólon ● colonoscopia com biópsias, hemograma, eletrólitos, função hepática, Cr, ureia ● TC do tórax e RM do abdomen e pélvis Estadiamento câncer retal ● USG endoretal → + acurada que TC para avaliar profundidade da invasão tumoral na parede intestinal e envolvimento de linfonodos ● RM pelve: avaliar planos mesoretal + linfonodos periretais Patologia ● +95%: adenocarcinomas bem diferenciados, moderadamente diferenciados, pobremente diferenciados ou indiferenciados ● outros subtipos: mucinoso e célula de anel de sinete→ pior prognóstico ○ pacientes jovens ○ mais comum disseminação no peritônio ○ tratamento igual adenocarcinoma Manejo ● cirurgia: base do tratamento curativo ● 50% dos pacientes que passam ressecção curativa: morrem por desenvolvimento subsequente de doença metastática → terapia sistêmica administrada para aumenta sobrevida ao eliminar doença microscópica Cirúrgico ● ressecção para câncer de cólon localizado: remoção em bloco do segmento afetado do intestino + mesentério adjacente a origem do vaso alimentador primário dos linfonodos que drenam Terapia adjuvante ● terapia neoadjuvante: quimioterapia neoadjuvante pode ser considerada em pacientes com tumores localmente avançados com margens que podem estar comprometidas ou a cirugia precise ser adiada devido a comorbidades ou outras causas Câncer de pâncreas ● adenocarcinoma de pâncreas: mais comum→morbidade significativa + prognóstico pobre ● agressivo + geralmente rapidamente fatal Epidemiologia ● novos casos: 459.000/ano no mundo ● maior incidência em países industrializados e ocidentais ● mortalidade maior em pessoas negras ● risco de desenvolver câncer pancreático ○ primeiras 3-4 décadas de vida: baixo ○ aumenta muito depois dos 50 anos ● idade média no diagnóstico: 72 anos ● não é comum em pessoas < 40 anos ○ quando acontece, pacientes mais aptos a ter mutações da linha germinativa nos genes de reparo de DNA quando comparado com pessoas que desenvolvem mais tarde Fatores de risco ● tabagismo: responsável por 25-30% dos casos ● diabetes mellitus ○ manifestação inicial do câncer pancreático ○ fator predisponente ○ metade dos casos: história de diagnóstico inicial de diabetes ou piora da hiperglicemia ○ ¼: intolerância a glicose ○ câncer pancreático oculto→ hiperglicemia por meio da alteração da resistência insulínica periférica ○ mudanças no controle glicêmico: podem ocorrer tão cedo como 36 meses antes do diagnóstico clínico → oportunidade para diagnóstico precoce ○ apenas 1% dos novos casos de diabetes são causado por câncer de pâncreas subjacente ● índice de massa corporal ○ alto IMC→ aumento do risco de câncer pancreático ○ mecanismos moleculares: locais (mediadores inflamatório produzidos pelos adipócitos abdominais no meio peripancreático) e sistêmico (secreção de adipocinas e hiperinsulinemia) ● dieta: consumo de carne e carboidratos + papel protetivo de consumo alto de frutas e vegetais ● pancreatite crônica: especialmente pancreatite hereditária → mutações no gene PRSS1→ codifica tripsinogênio: mais comum ● câncer pancreático familiar e outras síndromes genéticas ○ 10% dos casos: mutação na linhagem germinativa → predispõe a câncer pancreático + apenas metade possui história familiar de câncer de pâncreas→ recomendação de testes da linha germinativa para todos os pacientes ○ câncer de cólon e reto não poliposo hereditário, ataxia telangectasia, síndrome de Peutz-Jeghers, câncer de ocário e mama familiar e melanoma mola múltipla atípico familiar → associadas com aumento do risco de câncer de pâncreas ○ classe de genes associados com predisposição familiar associados com predisposição: produtos proteicos envolvidos na reposta para reparo de DNA→ BRCA1, BRCA2, ATM e PALB2 Carcinogênese: eventos moleculares ● oncogenes ○ mutações do KRAS: característica genética definidora do câncer pancreático → 90% dos casos + geralmente envolve o códon 12 + 10% dos casos KRAS tipo selvagem ● genes supressores de tumor ○ mais comumente alterados: TP53, CDKN2A/p16 e DPC4/SMAD4 ○ TP53: gene mutado mais comumente em cânceres + presente em aproximadamente 75% dos cânceres pancreáticos ○ quase todos dos cânceres de pâncreas possuem anormalidade do gene CDKN2A/p16 ○ alterações DPC4/SMAD4: observadas em 55% dos cânceres pancreáticos ○ tumores sólidos: aberrações DPC4/SMAD4 específicas para câncer pancreático avançado ● mutações genéticas potencialmente adicionáveis ○ genes mais relevantes clinicamente: BRCA1, BRCA 1, PALB2, CHEK2, ATM, RAD51 → 15% dos casos possuem mutações somáticas de perda de função → pode ser usadas terapias com alvo para reparo de DNA, como inibidores do PARP ○ 1%: mutações nos genes MLH1, MSH2, PMS2 e MSH6 → tumores correspondente possuem uma alta carda tumoral de mutações → suscetíveis para imunoterapia inibidores de checkpoint→ pode ser oferecida como 1ª ou 2ª linha ○ classe de genes que codificam a proteínas envolvidas na regulação da cromatina: ARID1A, PBRM1, KDM6A, MLL3 → cumulativamente mutados em 15-25% dos casos ● subtipos transcriptômicos: subtipos clássicos e tipo basal ○ clássico: expressão dos fatores de transcrição endodermais GATA6 e HNF4A ○ tipo basal (subtipo escamoso): história natural agressiva, resistente a FOLFIRINOX ● stroma: composto de diversos tipos de células e proteínas da matriz extracelular + microambiente tumoral complexo Patologia ● fisiologicamente ○ células pancreáticas acinares: 80% do nº de células e volume da glândula ○ células de ilhotas: 1-2% ○ sistema ductal: única camada de células cuboides epiteliais → 10-15% da estrutura da glândula, com uma rede de vasos sanguíneos, linfáticos, nervos e estroma colagenoso entrelaçados ● carcinoma: arquitetura marcadamente alterada ● característica histológica predominante: estroma desmoplásico (fibroso) com acinos atróficos → usualmente preservados clusters de células de ilhotas + crescimentode ductos cancerosos ao acaso ● diagnóstico de adenocarcinoma ductal: identificação das mitoses + pleomorfismo nuclear e celular + evidência de invasão perineural, vascular ou linfática ● lesões precursoras intraductais no parênquima pancreático adjacente: comum em 2 subtipos ○ 1ª e mais comum (90% dos cânceres derivam desses precursores): neoplasia microscópica intraepitelial pancreática ou lesões PanIN ○ histologicamente: lesões PanIn graduadas em grau alto e baixo → alto grau: geralmente possuem muitas das alterações genéticas encontradas em carcinomas francos ○ precursores macroscópicos: cistos mucinosos do pâncreas → neoplasias intraductais papilar mucinosas ou neoplasias císticas mucinosas ○ lesões císticas: displasia epitelial de alto e baixo grau→ displasia invasiva ● quase todas as neoplasias malignas de origem pancreática têm origem na porção exócrina da glândula + adenocarcinomas ductais: mais comum (95%) ● tumores pancreático neuroendócrinos com origem nas ilhotas de Langerhans: muito menos frequentes ● tumores não epiteliais primários (ex.: linfomas e sarcomas): extremamente raros Apresentação clínica ● depende da localização do tumor dentro do pâncreas ● maioria (85%): cabeça do pâncreas ● 10%: corpo do pâncreas ● 5%: no rabo do pâncreas ● apresentação mais comum: dor epigástrica ou lombalgia não específica, pobremente localizada ○ usualmente causada pela invasão ou compressão do plexo celíaco, esplênico ou mesentérico ● tumores na cabeça ou ou pescoço→ dor na área epigástrica ou no quadrante superior direito do abdomen ● câncer do corpo→ lombalgia severa sem fatores de alívio ● tumores no rabo→ dor no quadrante superior esquerdo ● icterícia sem dor: apresentação comum → geralmente associado com tumores na cabeça do pâncreas ou processo uncidado ● tumor não surge próximo a porção intrapancreática do ducto biliar → diagnóstico pode ser adiado + caracterizado por dor abdominal ou lombalgia sem icterícia ● pancreatite aguda: pode ser causada por adenocarcinoma ductal em pacientes sem outras causas para pancreatite aguda (sem pedras biliares, sem história de etilismo e drogas precipitantes) ● sintomas de pancreatite crônica: relativamente comum → diarreia, gases e constipação, distensão abdominal e perda de peso ● pacientes com lesões no rabo: geralmente permanecem assintomático até o desenvolvimento de sinais e sintomas de doença metastática Diagnóstico e estadiamento ● endoscopia: pode ser misleading→ esofagite moderada, gastrite e duodenonite, com ou sem evidência de H. pyloru ● pacientes com queixas de dor abdominal no quadrante superior direito→ USG→ pedra biliares→ colecistostomia ● lombalgia→ imagem do corpo todo pode revelar ● pacientes com icterícia obstrutiva→ USG abdominal, TC do abdomen ou ambos ● USG transabdominal→ detecta massas no pâncreas > 3 cm ● se queixas constitucionais (hiporexia, perda ponderal e dor abdominal)→ TC ● exames adicionais como biópsia podem ser dispensados se paciente possuem bom estado geral + TC com massa inequivocamente ressecável → laudo tomográfico preferencialmente estruturado descrevendo as relações anatômico-vasculares é de grande valor no processo de decisão ● definição não possível com a tomografia computadorizada ou USG transabdominal + exames laboratoriais OU casos em que a cirurgia não deva ser oferecida de imediato → RNM, USG endoscópica e colangiopancreatografia retrógrada endoscópica podem ser utilizados, assim como procedimentos percutâneos via radiologia intervencionista ● definição histopatológica: fundamental para a sequência terapêutica nos casos em que a cirurgia de imediato não seja apropriada ● TNM vs estadiamento clínico Tratamento ● importante: equipe multidisciplinar + volume com que o centro lida com esse tipo de neoplasia ● cirurgia: tratamento de escolha + único que pode incluir a cura como possibilidade ● pequena parcela (15 a 20%) dos pacientes seja elegível para a cirurgia de imediato ● avaliação dos pacientes com suspeita de adenocarcinoma de pâncreas→ distinguir candidatos à cirurgia de imediato, pacientes com tumores considerados limítrofes ou “borderline” para a cirurgia, pacientes com tumores localmente avançados e portadores de neoplasia maligna metastática, quando não cabe consideração cirúrgica ○ características do paciente: notadamente sua capacidade física ou Performance Status (PS) ○ aspectos anatômicos: relações do tumor e estruturas vasculares sendo bem definidas por meio da tomografia computadorizada contrastada, e dados da biologia tumoral, grosseiramente, mas, consistentemente, expressa pelos níveis séricos de Ca 19.9 ● pacientes com PS 0 e 1: candidatos preferenciais para cirurgia ● pacientes com níveis séricos de Ca19.9 > 500ng/ml ou 1000ng/ml: não são bons candidatos para cirurgia de imediato → quimioterapia neoadjuvante vem sendo utilizada como estratégia promissora, permitindo que se possa selecionar os pacientes que mais se beneficiarão da cirurgia ● uma parcela dos pacientes apresenta progressão de doença extra-pancreática de forma precoce → riscos de uma cirurgia desnecessária podem ser evitados → selecionados os pacientes com tumor biologicamente menos agressivo, oferecendo a cirurgia àqueles com maior chance de se beneficiar dela ● pacientes que não são candidatos à cirurgia de imediato: neoplasia borderline, localmente avançada e com presença de doença a distância→ necessária a confirmação histopatológica para que o tratamento clínico seja ministrado ○ quimioterapia sistêmica: possibilita ganho de sobrevida e preservação da qualidade de vida nos pacientes com neoplasia disseminada (com metástases), desde que tenham condições clínicas adequadas para tal ○ pacientes com doença localmente avançada sem perspectiva de resgate cirúrgico podem ser tratados com a combinação de quimio e radioterapia ou quimioterapia isolada ○ pacientes uma com doença que, em caso de resposta, possam ser abordados com cirurgia, devem ser tratados com quimioterapia e reavaliados quanto à possibilidade de cirurgia ○ tratamento quimioterápico adjuvante aumenta a sobrevida dos pacientes submetidos à cirurgia R0 e R1, com ou sem acometimento linfonodal ○ uso de quimioterapia adjuvante com folfoxiri, capecitabina combinada com gemcitabine e mesmo gemcitabine isolado oferece benefício em termos de sobrevida livre de doença e sobrevida global ● escolha do esquema: depende da capacidade física que o paciente apresentar após uma cirurgia de grande porte ● acompanhamento pós tratamento: deve ser acompanhado semestralmente com marcados CA 19.9 e eventual TC Câncer de vias biliares ● carcinoma da vesícula biliar e colangiocarcinoma→ ambos derivam do epitélio ductal Colangiocarcinoma ● classificação em intrahepático, perihilar e tipos distais ○ intrahepático: ducto biliar proximal a confluência dos ductos hepáticos direito e esquerdo→ 3º ○ perihilar: confluência ductal até a origem do ducto cístico derivado do ducto biliar comum→mais comum ○ distal: ducto biliar abaixo da origem do ducto cístico para ampola de Vater→ 2º ● de acordo com padrão de crescimento e aparência macroscópica → formador de massa, infiltração periductal e crescimento intraductal ○ formador de massa: padrão de crescimento expansivo ○ infiltração periductal: estende em direção ao pedículo portal ○ intraductal: se espalha pela camada mucosa + associado a produção de mucina abundante ● nível microscópico: adenocarcinoma consistindo de túbulos, ácinos, ninhos sólidos ou trabéculas com estroma desmoplásico ○ outros tipos: muito raros → adenoescamoso e carcinomas escamosos → se originam no epitélio metaplásico e dos cistos hepáticos ● adenocarcinoma (esp. ICC): radiologicamente indistinguível de tumores metastáticos de outros locais (estômago, pâncreas, pulmão ou mama) ● imunohistoquímica: expressão de citoqueratinas AE1/AE3,7 e 19, antígeno membrana epitelial + positividade para antígeno antígeno carcinoembrionário (CEA) ● maioria (esp. os tipos perihilar):alto grau de desmoplasia→ resistência ao tratamento ● malignidades da vesícula biliar: quase exclusivamente adenocarcinoma ○ histologias agressivas: carcinoma neuroendócrino de pequenas células/alto grau + histologia escamosa Epidemiologia ● câncer raro→ prevalência de menos de 6/100.000 pessoas/ano) ● idade de pico do diagnóstico: 70 anos ● pequena maior incidência em homens do que em mulheres Fatores de risco Carcinoma de vesícula biliar ● principal: doença de pedras vesiculares/colelitíase ○ risco de câncer em colelitíase: 1% ○ 90% dos casos de carcinoma de vesícula biliar associados com pedras na vesícula ○ pedra na vesícula→ inflamação crônica→ displasia epitelial e adenocarcinoma ○ tamanho da pedra correlacionado com risco de câncer→ esp < 3 cm + composta de colesterol ○ pedras positivamente correlacionadas com idade, gênero feminino, multiparidade, fatores genéticos, IMC alto e história familiar de pedras na vesícula ● doenças da vesícula biliar como adenomiose, pólipos e vesícula de porcelana→ associadas com maior risco de câncer ● outras condições associadas: DII, síndrome de Peutz-Jeghers, polipose múltipla familiar (síndrome de Gardner) e junção pancreatobiliar anômala ● infecções crônicas, esp Salmonella typhi Colangiocarcinoma ● raro no mundo ocidental ● mais comum na Ásia ● maioria dos casos: rara, esporádica, sem fatores de risco identificáveis Epidemiologia genética ● polimorfismos de nucleotídeos únicos SNPs em ABCD1 e ABCB4 Estadiamento ● TC ou RM abdome e pelve → avaliar a extensão do tumor e identificar metástases, esp. em linfonodos, fígado e peritônio ● TC do tórax com ou sem contraste: avaliar metástases pulmonares ou de linfonodos ● PET CT: pode ser considerada quando os achados da TC ou RM são equivocados ● laparoscopia para estadiamento: não é recomendada de rotina ○ pode ser considerada antes de ressecção aberta para pacientes com risco de metástases radiologicamente ocultas, esp. implantes peritoneais ● carcinoma de vesícula biliar: categoria T baseada na profundidade da invasão da parede da vesícula e extensão para estruturas adjacentes ● linfonodos regionais: no ligamento hepatoduodenal ○ N1: 1-3 linfonodos regionais ○ N2: 4 ou + linfonodos regionais ● M1: metástase linfonodo distante→ aortocaval ou celíaco Cirurgia ● objetivo: avaliar metástases distantes ocultas que contraindica cirurgia, ressecção do tumor primário com margens negativas e linfadenectomia regional para estadiamento adequado ● biópsia pré operatória: não é mandatória antes da cirurgia + pode ser difícil de obter, esp em pacientes com estruturas biliares malignas ● maioria dos pacientes: apresentação clínica suspeita + exames de imagem, com ou sem CA19.9 elevado→ suficiente para diagnóstico pré operatório ● sobrevida em 5 anos depois de ressecção R0: 40-48.5% ● preditores de pior sobrevida após cirurgia: metástase de linfonodo, margem de ressecção +, invasão vascular e doença multifocal ● contraindicação à cirurgia: metástase distante, invasão local em vasculatura crítica que não pode ser reconstruída, status performance pobre e volume remanescente hepático funcionalmente insuficiente ● pacientes selecionados com doença local avançada ou fatores prognóstico pobres (metástase de linfonodos ou doenças multifocais): terapia neoadjuvante pode ser considerada, esp em ensaios clínicos ● terapia sistêmica antes da cirurgia: pode permitir a avaliação da biologia do tumor, tratamento de micrometástases, diminuição do tumor e aumenta chance de ressecção R0 Radioterapia ● maioria dos pacientes com tumores irressecáveis morrem por falha hepática causada por comprometimento vascular (obstrução da veia portal ou veia hepática) ou obstrução biliar ● importante para controle local do tumor primário Quimioterapia Neoadjuvante ● diminuição do tumor, tratamento de doença micrometastática e avaliação da biologia do tumor antes da ressecção ● aumenta margem R0 e previne metástases distantes→melhora desfechos clínicos Adjuvante ● colangiocarcinoma: alta taxa de recorrência em sítio distantes depois de ressecção cirúrgica curativa → importante terapia adjuvante em adição a neoadjuvante Quimioterapia para doença metastática 1º linha ● gemcitabina + cisplatina
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