Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AULA 3 ELETRICIDADE E ELETRÔNICA BÁSICA Prof. Alvaro Crovador 2 CONVERSA INICIAL Após o entendimento de como funciona o campo elétrico utilizando a aplicação das linhas de campo propostas por Faraday, que é uma abstração matemática para facilitar nossos cálculos, podemos determinar os valores das forças elétricas desses campos. Até agora, estudamos a parte da eletricidade denominada Eletrostática. Hoje vamos iniciar uma nova parte, denominada Eletrodinâmica, que é o estudo de cargas em movimento. Veremos, nesta aula, o que é um Potencial Elétrico, o que é a corrente elétrica, como também estudaremos a resistência envolvida na passagem da corrente elétrica, as definições de potência elétrica e o consumo da energia elétrica. Iniciaremos com o potencial elétrico; uma comparação primeira que podemos fazer é entender como funciona a energia potencial gravitacional e, depois, fazermos o mesmo para e o potencial elétrico. Supomos um corpo sujeito à força gravitacional (campo gravitacional) a uma altura h em relação ao solo. Usando as equações de energia potencial, podemos dizer que esse corpo tem uma energia potencial que pode ser calculada da seguinte forma: Ep = m g h Agora, façamos a mesma analogia para o campo elétrico. TEMA 1 – POTENCIAL ELÉTRICO Ao colocarmos uma carga elétrica na região de um campo elétrico, ela vai adquirir energia cinética (devido à força elétrica). Podemos então supor que inicialmente ela teria uma energia potencial que pode ser calculada por uma integral de deslocamento: da carga q versus campo versus deslocamento da carga: U = − � q b a . E . dl Resolvendo a integral: U = q0 E l Essa energia potencial elétrica é similar à energia potencial gravitacional, conhecida como: Ep = m g h 3 Enquanto o potencial gravitacional depende da massa do corpo, do campo gravitacional e do deslocamento, o potencial elétrico depende da carga (ao invés da massa), do campo elétrico (ao invés do campo gravitacional) e também do deslocamento. O potencial elétrico (V), por definição, é a variação da energia potencial pela carga elétrica: V = ΔU q = � E . dl b a Então, potencial elétrico é uma grandeza escalar, vinculada à energia potencial armazenada pelas cargas elétricas. 1.1 Unidades do potencial elétrico De acordo com a equação V = ΔU q , a unidade de potencial elétrico é Joule/Coulomb (J/C). No entanto, a unidade mais usual é o Volt (V): 1 V = 1 Joule 1 Coulomb 1.2 Superfícies equipotenciais Figura 1 – Superfícies equipotenciais Fonte: O autor. No desenho anterior, temos uma barra positiva em cima e uma barra negativo na linha mais inferior. Entre estes dois, temos linhas que são chamadas de superfícies equipotenciais: Va, Vb, Vc e Vd. Superfícies equipotenciais são aquelas que, independentemente de onde as partículas estejam, naquela linha elas terão o mesmo valor de potencial. Por exemplo, se tivermos dois pontos sobre a linha Va, esses dois terão o mesmo potencial. Porém, entre cada linha, existe uma diferença de potencial. Seria semelhante a termos objetos em diferentes alturas. A cada altitude diferente, os 4 objetos teriam diferentes energias potenciais. O objeto mais alto teria uma maior energia potencial enquanto que o objeto mais baixo teria uma menor energia potencial. Da mesma forma, as cargas que estão mais próximas do polo positivo têm maior energia potencial e as cargas mais próximas do polo negativo têm menor energia potencial (Va>Vb>Vc>Vd). No desenho, temos duas cargas, A e C, que estão em linhas diferentes. Para levarmos uma carga do ponto A para o C, é necessário realizar um trabalho, o que acarretará numa variação de energia potencial elétrica. Isso nos leva ao conceito de diferença de potencial (ddp): “variação de energia potencial elétrica devido ao trabalho realizado pela força elétrica”. Pelo fato de a força elétrica ser uma força conservativa, a trajetória que a partícula vai fazer para se deslocar do ponto A até o ponto C não mudará o valor do trabalho realizado pela partícula, em outras palavras, independentemente do caminho, o trabalho é o mesmo se os pontos iniciais e finais forem os mesmos (a ddp é a mesma). 1.3 Aprendendo a ler um potencial elétrico Após vermos esse conceito de superfícies equipotenciais, podemos aprender a ler os valores de uma bateria. Supomos que temos uma bateria de 12V. Seu polo negativo pode ser 0V e o positivo 12V, o que nos dará uma ddp de 12V. No entanto, também podemos ter um polo negativo, que pode ser de 10V, e o positivo de 22V, resultando nos mesmos 12 V de ddp que a bateria pode fornecer. O que queremos dizer com isso é que o que importa é a diferença de potencial entre os dois polos. Mais ainda, que o sinal “+” não significa que é positivo, mas sim o maior potencial; logo, o sinal “–” também não significa que é negativo, mas sim o menor potencial, pois no exemplo anterior o polo de menor potencial (10V) não era negativo. Voltemos à comparação com a energia potencial gravitacional. Ao abandonarmos um objeto de uma altura x, ele cairá (entrará em movimento) até chegar a um ponto de menor potencial gravitacional. Da mesma forma, se tivermos uma carga em uma linha de maior potencial e estabelecermos uma conexão com outra linha de menor potencial, a carga migrará para esta. Para 5 finalizar, podemos concluir que, para existir um movimento espontâneo de cargas, é necessário uma ddp. TEMA 2 – CORRENTE ELÉTRICA Todo condutor tem elétrons livres, que estão em um movimento aleatório em seu interior, cuja velocidade média é de 106 m/s, considerando uma temperatura ambiente de 20 °C. Quando conectamos esse condutor a uma fonte de energia, ocorre um ordenamento dessas cargas (devido ao campo elétrico) na mesma direção, surgindo o que denominamos corrente elétrica. Se não tivermos um campo elétrico (E), a corrente é nula. À medida que temos um campo elétrico, surge a corrente elétrica. Podemos então definir corrente elétrica como: “o fluxo ordenado de cargas elétricas através de uma seção reta de um condutor”. Note que a velocidade média dos elétrons livres, que era aproximadamente 106 m/s sem o campo elétrico, cai para aproximadamente 10–3 m/s a partir do momento em que aplicamos o campo elétrico e temos uma corrente. Isso não quer dizer que a velocidade da corrente elétrica é de 10–3 m/s, essa é a velocidade média de deslocamento de um elétron dentro do condutor. A velocidade da corrente aproxima-se da velocidade da luz. Figura 2 – Corrente elétrica Crédito: Designua/Shutterstock. 6 Da mesma forma que podemos calcular a vazão de água em um cano pela quantidade de água que sai dele por unidade de tempo, podemos calcular a corrente elétrica pela quantidade de cargas que passam por uma seção do condutor pela unidade de tempo. A expressão matemática da corrente elétrica (i) pode ser descrita pela razão entre a quantidade de cargas que passam por uma seção de um condutor em um determinado intervalo de tempo: i = Q ∆t Sua unidade é o Coulomb/segundo, no entanto, a mais usual é o ampère (A): 1 ampére = 1 coulomb 1 segundo O sentido convencional da corrente elétrica é do polo positivo para o negativo, apesar de sabermos que são os elétrons que se movimentam, logo, o sentido real é do polo negativo para o positivo. 2.1 Tipos de corrente elétrica Os tipos de corrente elétrica estão relacionados na forma como são geradas as energias potencias elétricas. Podemos classificar a corrente elétrica conforme sua variação no tempo: • corrente alternada: oscila com a passagem do tempo na forma de uma senoide, passando por zeros, um máximo positivo e um máximo negativo. No Brasil, essa frequência de oscilação é de 60 Hz, ou seja, 60 ciclos por segundo; •corrente contínua: a corrente contínua, normalmente fornecida por bateria e pilhas (fontes eletrolíticas), não sofre oscilação de valores no decorrer no tempo. Após ligada a fonte de energia, ela rapidamente chega ao seu valor máximo e se estabiliza. Utilizemos como exemplo o valor de 127V para a tensão que nossa companhia de energia fornece para nossas residências. Nós a chamamos de tensão eficaz, pois é ela que efetivamente realiza trabalho. Esse potencial se refere ao valor da área que está sob meio ciclo de nossa senoide. 7 É importante salientar, portanto, que o valor máximo da senoide não é 127V e sim 179V, e que a chamamos de tensão de pico, sendo os 127V chamados de tensão eficaz. Figura 3 – Tensão Crédito: Sergey Merkulov/Shutterstock. A primeira pilha foi criada por Alessandro Volta em 1800. Constituía-se de uma pilha de discos de prata e zinco intercalados por um papelão umedecido com uma solução iônica (água e sal). Nas extremidades, ele colocou condutores pelos quais podia ligar sua pilha. Inclusive o nome pilha vem desta primeira, criada por Volta, que era realmente uma pilha. As células solares, cada vez mais utilizadas hoje em dia devido à sua geração de energia limpa1, também geram energia em corrente contínua. Na figura 4 a seguir, temos a representação da corrente contínua (linha reta) e da corrente alternada (senoide). 1 Fonte de energia que não gera resíduos poluentes ao meio ambiente, como as usinas nucleares, usinas termoelétricas (a base de carvão ou diesel) e também as hidroelétricas (que necessitam de grandes áreas alagadas). 8 Figura 4 – Corrente contínua (linha reta) e corrente alternada (senoide) Crédito: O autor. 2.2 Como medir o potencial elétrico e a corrente elétrica Temos alguns equipamentos para medirmos o potencial elétrico (tensão) e a corrente elétrica. No primeiro caso, utilizamos um voltímetro, e, no segundo, um amperímetro. Durante o manuseio desses equipamentos, são necessários alguns cuidados, pois conexões errôneas podem queimá-los facilmente. Um voltímetro é o que menos oferece risco de queima. Como esse equipamento está destinado a medir tensões, pode ser ligado diretamente em tomadas, por exemplo, desde que observadas as respectivas escalas de medida. Porém, por possuir uma alta resistência interna, se ligado em série em um circuito poderá influenciar na medida, ou até mesmo nada medir, por isso deve ser sempre ligado em paralelo. Já ao utilizarmos um amperímetro, que tem a função de medir a corrente elétrica, devemos sempre ligá-lo em série com algum equipamento, caso contrário, certamente queimará. Isso se deve ao fato de ele ter uma baixa resistência interna, justamente para não influenciar o circuito. Na figura 5 a seguir, temos o desenho com o esquema de ligações de um voltímetro, indicado pela letra V, e um amperímetro, indicado pela letra A. 9 Figura 5 – Ligações de um voltímetro e um amperímetro Crédito: Fouad A. Saad/Shutterstock. É muito comum termos esses instrumentos associados a outros tipos de medidores em um único equipamento, a que chamamos de multímetro. Devemos cuidar então ao utilizar um multímetro na correta escolha da medida, suas escalas e forma de conexão com os circuitos. TEMA 3 – RESISTÊNCIA Ao conectarmos uma fonte de energia potencial a diferentes materiais, cada um apresentará uma corrente elétrica diferente. Isso ocorre porque cada material condutor oferece uma oposição diferente para a passagem dessa corrente. Definimos, então, resistência elétrica como a capacidade que um condutor tem de se opor à passagem da corrente elétrica. 3.1 Primeira Lei de Ohm Georg Simon Ohm, físico e matemático suíço, demostrou que a corrente elétrica em um condutor é diretamente proporcional à diferença de potencial aplicada: R = V i Esta é a Primeira Lei de Ohm, formulada por ele, e a unidade de resistência usada é Ohm (Ω). Nas figuras 6 e 7 a seguir, temos as varrições que podemos usar da Lei de Ohm, bem como o gráfico que mostra a relação entre o potencial aplicado e a corrente que passa pelo material. 10 Observamos o gráfico da Figura 7 a seguir, vemos que a reta se mantém constante com o aumento do potencial. A Lei de Ohm só serve para os chamados materiais ôhmicos (R não depende de i), o que se refere à maioria dos metais. Figura 6 – Lei de OHM . Crédito: Imagestockdesign/Shutterstock. Figura 7 – Lei de OHM Crédito: Ghost Design/Shutterstock. 3.2 Exercício da Lei de Ohm Um exemplo do uso da Lei de Ohm é ao dimensionarmos um disjuntor para proteger determinado equipamento e também a fiação necessária para ligá-lo. Exercício: Calcule a corrente elétrica de um equipamento de resistência de 8,8 Ω ligado numa tensão de 220 V de diferença de potencial (ddp). 11 V = R. i 220 V = 8,8 Ω. i i = 220 V 8,8 Ω i = 25 A Assim, chegamos à conclusão de que para ligarmos esse equipamento, precisamos de um condutor e disjuntor que suportem pelo menos 25 A. O disjuntor deverá estar bastante próximo desse valor (sempre para mais) a fim de proteger o equipamento. Já o condutor deverá suportar 25 A ou mais, não tendo problemas em o superdimensionarmos (na verdade, quanto maior a capacidade, melhor), ficando o problema apenas nos custos envolvidos. 3.3 Segunda Lei de Ohm Cada material tem características diferentes que influenciam a passagem da corrente elétrica. Além disso, as dimensões (comprimento e largura do material) também influenciam no valor da resistência. Assim, a Segunda Lei de Ohm nos traz o conceito de resistividade elétrica. Com base nisso, a resistência de um material pode calculada da seguinte forma. R = ρ L A Em que: • R: resistência (Ω). • ρ: resistividade do condutor (depende do material e de sua temperatura, medida em Ω.m). • L: comprimento (m). • A: área de secção transversal (m2). 3.3.1 Exercício de resistividade elétrica Utilizando os conceitos de resistividade elétrica, podemos resolver o seguinte exercício. Exercício: Determine a resistividade de um condutor com ddp de 127 V, corrente de 8 A, comprimento 20 m e área de secção de 0,5 mm2 • O primeiro passo é colocarmos a área em unidades do SI: 12 A = (0,5. 10−3)2 = 5. 10−7m2 • A seguir, aplicamos os demais valores na equação: 𝑅𝑅 = 𝑣𝑣 𝑖𝑖 = 127 8 = 15,87 Ω 𝑅𝑅 = ρ 𝐿𝐿 𝐴𝐴 ρ = 𝑅𝑅 𝐴𝐴 𝐿𝐿 ρ = 15,87 . 5. 10−7 20 ρ = 3,97. 10−7 Ω.𝑚𝑚 TEMA 4 – POTÊNCIA ELÉTRICA Uma vez sabendo qual a resistência de um dispositivo, o potencial aplicado e a corrente elétrica que por ele circula, podemos calcular a potência dissipada pelo aparelho. A potência é a energia dissipada por um intervalo de tempo: P = U t (1) No início desta aula, definimos que: V = ΔU q (2) Isolamos U para substituir na equação (1): U = V q (3) Fazendo as substituições nessas duas equações: P = U t → P = V q t (4) Já definimos anteriormente que: i = q t (5) Substituindo (5) em (4), temos: P = V q t → P = V . i A unidade de potência elétrica no SI é o Watt (W). Ainda podemos mesclar a equação da potência com a da Lei de Ohm (R = V i ). Na Figura 8 a seguir, temos a gama de variações que essa mescla pode nos proporcionar e nos ajudará nos cálculos de potência. 13 Figura 8 – Equação da potência mesclada com a da Lei de Ohm Crédito: Fouad A. Saad/Shutterstock. 4.1 Exercício de potência elétrica Calcule a potência elétrica de ferro de passar roupa de 127V que tem uma corrente nominal de 12A. 𝑷𝑷=𝑽𝑽 .𝒊𝒊 𝑷𝑷=𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏 𝑽𝑽 .𝟏𝟏𝟏𝟏 𝑨𝑨 𝑷𝑷=𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏 𝑾𝑾 𝒐𝒐𝒐𝒐 𝟏𝟏,𝟏𝟏𝟏𝟏 𝒌𝒌𝑾𝑾 TEMA 5 – ENERGIA ELÉTRICA Em Física, podemos dizer que a energia está ligada à capacidade de produção de trabalho. Em nossas residências, temos muitosaparelhos que consomem energia elétrica e a convertem em trabalho, por exemplo, chuveiro, ferro de passar roupa, lâmpadas, geladeira etc. A energia consumida por esses aparelhos pode ser calculada pela potência deles versus o período de tempo em que ficam ligados, que será o tempo em que eles estão realizando trabalho. Essa energia é o que é cobrado pelas nossas companhias fornecedoras de energia elétrica. 5.1 Cálculo do consumo de energia elétrica A forma de cálculo da energia elétrica estrutura-se da seguinte forma: E = P . t 14 Em que: • E: energia elétrica (J); • P: potência (W); • t: intervalo de tempo (s). A unidade de energia no SI é o Joule (J), porém normalmente utilizamos o valor da energia elétrica em kWh. Para transformar de Joule para kWh, usamos a seguinte relação: 1 kWh = 3.600.000 J 5.1.1 Cálculo do consumo de energia elétrica Exemplifiquemos o cálculo de energia consumida com o seguinte exercício. Exercício: Um ferro de passar roupa tem uma potência de 1.500 W. Qual o custo mensal desse ferro considerando que ele fica ligado por 30 mim todos os dias, e o valor do kWh cobrado pela companhia de energia é de R$ 0,50? Como a companhia de energia faz a fatura em kWh, vamos transformar os 30 minutos em horas, o que equivale a 0,5 h. A seguir, calculamos a energia consumida em um dia, e depois multiplicamos por 30 para sabermos o consumo mensal. Por fim, multiplicamos pelo valor da tarifa: 𝑬𝑬=𝑷𝑷. 𝒕𝒕 𝑬𝑬=𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏 W . 𝟏𝟏,𝟏𝟏h 𝑬𝑬=𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝑾𝑾𝟕𝟕 𝑬𝑬=𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏 𝑾𝑾𝟕𝟕 . 𝟑𝟑𝟏𝟏 𝒅𝒅𝒊𝒊𝒅𝒅𝒅𝒅=𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏 𝑾𝑾𝟕𝟕 𝑬𝑬=𝟏𝟏𝟏𝟏,𝟏𝟏 𝒌𝒌𝑾𝑾𝟕𝟕 𝒗𝒗𝒅𝒅𝒗𝒗𝒐𝒐𝒗𝒗 𝒑𝒑𝒅𝒅𝒑𝒑𝒐𝒐=𝟏𝟏𝟏𝟏,𝟏𝟏 𝒌𝒌𝑾𝑾𝟕𝟕 𝒙𝒙 𝟏𝟏,𝟏𝟏=𝑹𝑹$ 𝟏𝟏𝟏𝟏,𝟏𝟏𝟏𝟏 5.2 Fator de potência O fator de potência é algo que só acontece na tensão alternada. Quando falamos de tensão alternada (em forma de uma senoide), a função da tensão e a função da corrente sempre estão em fase. Quando temos cargas indutivas, elas têm como característica causar uma defasagem entre a tensão aplicada e a corrente elétrica, atrasando a corrente elétrica. Já quando temos cargas capacitivas, a defasagem ocorre de forma que a corrente fica adiantada em relação à tensão. Isso gera perdas para o sistema de fornecimento de energia e pode ser sobretaxado pelas companhias de energia. 15 Temos em nossas residências equipamentos que são puramente resistivos, ou seja, para seu funcionamento (gerar trabalho) dependem de um circuito que só possui praticamente resistores. Toda a energia potencial aplicada ao circuito é convertida em trabalhos. Isso seria o ideal para todos os consumidores, sejam eles residenciais ou industriais. Quando isso ocorre, dizemos que toda a energia consumida está sendo transformada em uma potência ativa ou energia ativa que será medida em KWh. Acontece que, além de equipamentos resistivos, também temos os capacitivos e os indutivos. Equipamentos indutivos como motores, transformadores operando com baixas cargas ou sobrecarregados, entre outros, vão gerar uma potência reativa ou energia reativa que é medida KVArh (quilo x Volt x ampère x reativo x hora), e é uma potência que não realiza trabalho efetivo. Por fim, a soma dessas duas potências é chamada de potência aparente medida em KVA (quilo x Volt x Ampere). A potência aparente é calculada da seguinte forma. KVA2 = KW2 + KVAr2 Ou seja, é uma relação de Pitágoras, conforme pode ser visto no triângulo a seguir: Dele, podemos obter a seguinte relação: cosφ = KWh √KWh2 + KVArh2 Esse cosφ é o que chamamos de fator de potência. O ideal seria que cosφ fosse igual a 1. Isso significa que o ângulo entre a potência ativa e a potência aparente seria 0 (zero), pois assim não teríamos perdas. Porém, é muito difícil ter o cosφ=1, então as concessionárias de energia estipulam valores máximos para o cosφ, acima dos quais a tarifa de energia é sobretaxada. Segundo o site da Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel), o valor mínimo para cosφ deve ser 0,92. 16 Saiba mais Outras informações sobre esse tema podem ser consultadas no site da Copel. Disponível em: <https://www.copel.com/hpcopel/root/sitearquivos2.nsf/ arquivos/fator_de_potencia/$FILE/fator_potencia.pdf>. Acesso em: 28 nov. 2019. Indústrias que possuem muitos motores (cargas indutivas – que atrasam a corrente) tem um alto fator de potência. Para corrigir isso, as indústrias colocam em suas redes banco de capacitores (cargas capacitivas – que adiantam a corrente) para compensar as perdas e aproximar o cos φ de 1. 17 REFERÊNCIAS BRAGA, N. C. Curso de Eletrônica – Volume 1: Eletrônica Básica, 2012. CAVALCANTI, P.; MENDES, J. Fundamento de Eletrotécnica. 22. ed. Rio de Janeiro: Freitas de Bastos, 2015. GASPAR, A. Física: eletromagnetismo e física moderna. São Paulo: Ática, 2000. HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de Física. Vol. 3. Eletromagnetismo, Rio de Janeiro: LTC, 2106. SILVA, C. E. et al. Eletromagnetismo: fundamentos e simulações. 2014. TIPLER, P. A.; MOSCA, G. Física para cientistas e engenheiros. Vol. 2: Eletricidade e Magnetismo. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC. .
Compartilhar