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Medicina - 6º Semestre - Ana Paula Cuchera e Eduarda Costa Profº Pablo 14 de set. de 2023 O que um hemograma tem a nos dizer? - Para que serve um hemograma? ● É capaz de captar sinais de irregularidades na quantidade de glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas e identificar células atípicas que circulam no sangue que possam indicar câncer. - O que ele pode nos mostrar? ● O exame é um dos mais requisitados em laboratórios clínicos dentre as principais alterações que podem ser observadas no exame estão as anemias por déficit nutricional, anemias associadas a doenças crônicas, quadros de infecção e também as leucemias. OBS! O hemograma é um exame simples, barato e solicitado frequentemente, mas para pedí-lo é preciso haver critério. Detalhando o que vemos no hemograma - O hemograma pode avaliar três diferentes séries celulares presentes em nosso sangue: ● Eritrograma onde avaliamos as hemácias ● Leucograma, para a avaliação dos leucócitos ● Plaquetograma, que analisa as plaquetas Eritrograma - Hemoglobina (Hb): proteína responsável pelo transporte de oxigênio - Hematócrito (Ht/Hct): percentual de hemácias presentes na amostra de sangue - Hemácias: número total na amostra, expresso em milhões - Volume corpuscular ou globular médio (VCM/VGM): volume da hemácia, o tamanho dela - Hemoglobina corpuscular média ou globular média (HCM/HGM): peso da hemoglobina presente no interior da hemácia - Concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM): concentração de hemoglobina presente nas hemácias - Amplitude de distribuição das hemácias (RDW): avalia a diferença de tamanho entre as hemácias ● Em casos de anemia microcítica, por exemplo Leucograma, leucopenia e leucocitose - Neutrófilos: representam a primeira linha de defesa contra a invasão de microrganismos - Bastonetes: são neutrófilos imaturos, liberados na circulação sanguínea - Basófilos: modulam reações alérgicas e imunes, secretando principalmente histamina e heparina (mediadores químicos) - Eosinófilos: atuam na defesa do organismo contra alguns parasitas, além de modular as reações de hipersensibilidade - Monócitos: células de defesa contra vírus e bactérias - Linfócitos: atuam principalmente na resposta imune contra vírus e células tumorais Plaquetograma - Plaquetopenia/trombocitopenia - Plaquetose/trombocitose 1 Caso 1 Mulher com 42 anos de idade procurou assistência médica devido à sua palidez e fadiga. Ao exame, está lúcida e orientada, em regular estado geral, hipocorada (3+/4+), hidratada, acianótica e anictérica. Sinais vitais: PA=100 x 60 mmHg, FC=107 bpm, FR= 22 irpm, Sat.O2=94% (ar ambiente), temperatura 36° C. 1) O que falta nessa anamnese? O que perguntariam? E o exame físico? Anamnese: Histórico temporal da fadiga , hábitos alimentares, sente falta de ar, febre, se a paciente está menstruando, e, se ainda menstrua, como é o histórico de frequência e fluxo, qual o histórico de doenças da família, se fez alguma cirurgia recentemente ou teve alguma causa de perda de sangue em grande quantidade. Hábitos alimentares. Alergias. Exame físico geral: taquicardia, taquipneia. Tempo de enchimento capilar. OBS! Diminuição de hemoglobina causa diminuição de oferta de O2, então acaba gerando hipercinética (resultando na taquicardia da paciente) Resposta do professor: ● Queixa principal e duração: palidez e fadiga há quanto tempo? Sente-se cansada há 2-3 meses; O cansaço representa falta de ar? Se sim, ela aparece como (ao fazer esforços)? Sente falta de ar aos pequenos esforços. ● História da Doença Atual/ISDA (Interrogatório Sobre Diversos Aparelhos): tem febre? Se sim, qual o padrão assumido por ela? Nega febre. Sintomas associados? Tosse? Palpitação? Como é a menstruação? Acredita que tem sangrado mais durante as menstruações. OBS: Também perguntar etnia e histórico familiar ● História Patológica Pregressa: doenças crônicas, medicamentos, alergias… Não usa remédios; alérgica a dipirona. Nega comorbidades. ● História Social/Contexto: hábitos, onde vive, alimentação. Tabagista (15 anos/maço), vive em casa de alvenaria, com água e esgoto; trabalha com comércio ambulante. ● Exame físico: ○ Tempo de enchimento capilar? Normal. ○ Aparelhos cardiovascular e respiratório? Nada digno de nota, à exceção de taquicardia. ○ Abdome? Normal. ○ Pele e fâneros? Pele íntegra, não há queda de pêlos; sem onicomicose OBS! Onicomicose: costuma dar em anemia ferropriva - PICA = alteração do apetite → paciente pode ter vontade de comer gelo ou terra 2) Exames complementares? Quais? ● Hemograma: porque consegue ver todos os parâmetros: hemoglobina, série branca, HCM(concentração), VCM (tamanho, VR: 80-100); ● Sangue oculto nas fezes: pensando em sangramento, pois pode ter alguma possível lesão do TGI (pode indicar uma neoplasia de cólon também) ○ OBS: Sofre alteração por muitos fatores, como alimentação ● TSH e T4: para diagnóstico diferencial hipotireoidismo pode causar anemia ● Ferritina (aumenta em qualquer caso de inflamação ou infecção) ● B12 e ácido fólico: importantes na divisão celular ○ OBS: O ácido fólico é a versão sintética do folato (vitamina B9) ● Transferrina: capacidade total de ligação ao ferro ● Reticulócitos: investigar anemia hemolítica 3) Por que pedir esses exames? Para saber se a paciente tem uma possível anemia e saber qual a etiologia. 2 - Resultado dos exames: Caso de anemia ferropriva por perda ou alteração na dieta: ● HCM- Hemoglobina corpuscular média: o que tem de hemoglobina na hemácia ● VCM: Tamanho da hemácia, se está maior ou menor → vai indicar o tipo de anemia do paciente; ○ De forma geral, considera normal de 80 a 100 ● HB baixa= hemoglobina → confirma a hipótese de anemia; ● Anemia por microcitose, e hipocromia ● Plaquetas: considera normal de 150 a 450 ● Pacientes com anemia podem apresentar plaquetocitose/trombocitose ● Ferritina + ferro sérico baixos = confirma anemia ferropriva ○ Ferritina é depósito de ferro e proteína ○ Se a ferritina e ferro não estiverem baixos não se descarta a anemia ferropriva, com isso analisa a CTLFe (Capacidade Total de Ligação ao Ferro) ■ Ferro alto com capacidade de ligação ao ferro total baixa, confirma anemia ferropriva ■ Ferritina pode aumentar, por ser uma proteína de fase aguda (indicando atividade inflamatória) → ex: pode ter anemia junto com pneumonia 4) Como vocês fariam a interpretação dos resultados laboratoriais? Sugestão: https://hilab.com.br/blog/como-interpretar-hemograma/ ● Hemoglobina está baixa: pode ser alterações de genes que regulam a produção da hemoglobina ou falta de ferro afetando na estrutura ● HCM está baixo: hipocromia → indica anemia por falta de ferro; ● VCM está baixo: microcitose →, pode ser por uma anemia por deficiência de ferro; ● Leucócito: dentro do valor de referência: ● Plaqueta está alta: trombocitose/plaquetocitose → pode ocorrer em pacientes com anemia; ● Ferritina baixa: Por conta da deficiência de ferro; ● Ferro sérico baixo: deficiência de ferro; ● CTLF (capacidade de ligação do ferro total) está alta; ● Vitamina B12 normal ● Folato normal OBS! O hemograma da paciente e o ferro+ferritina, são característicos de um anemia ferropriva 5) Como vocês explicariam as causas da anemia? Paciente com fluxo aumentado (dismenorréia), levou a uma anemia ferropriva, porém é sempre importante avaliar a questão da alimentação (ingesta de feijão e outros alimentos com ferro) 3 https://hilab.com.br/blog/como-interpretar-hemograma/ OBS! A principal causa de anemia microcítica é anemia ferropriva, porém tem outras causas, como talassemia - Pacientes que possuem muita repercussão clínica da anemia ferropriva, precisa ser feita uma investigação do motivo, para depois repor ferro e/ou fazer hemotransfusão ● Ex: homem com 75 anos e queixas urinárias, pode ter HPB (hiperplasia prostática benigna) e está com sangramento - Plaquetograma: ● Em casos de infecção a medula pode liberar formas jovens → pode apresentar desvio a esquerda (presença de segmentados, bastonetes e metamielócitos) - doenças hematológicas como leucemia tambémpodem levar ao desvio a esquerda ● Eosinofilia: alergia ou parasitose ● Trombocitose/plaquecitose (plaquetose): aumento de plaquetas → pode ocorrer na anemia ○ Casos muito elevados estão associados com trombose ● Trombocitopenia/plaquetopenia: diminuição de plaquetas → alguma condição que está levando a destruição (meia vida menor) ou menor produção ○ Se for muito baixa, pode causar sangramentos Anemia microcítica - Anemia caracterizada por baixo VCM (< 80 fl; VCM normal: 80-100) e hipocromia. - A mais comum é a anemia ferropriva. ● Mas pode ser também por talassemia (Hb emmenor quantidade) - Apesar da alta frequência da anemia ferropriva, os pacientes não devem ser tratados automaticamente com ferro sem antes determinar a causa da anemia. - Deve-se suspeitar de déficit de ferro quando há: ● História de sangramento digestivo → melena, enterorragia, hemorroida, hematoquezia ● Sangramento vaginal ou urinário maciço ○ Ex: Paciente relata urina vermelha, hesitação urinária, se homem pode ser por câncer de próstata ● Dieta insatisfatória ● Microcitose no hemograma ● Hipocromia no hemograma - Exames de primeira linha para investigação: ● Nível sérico de ferritina 1- Como a ferritina é um reagente de fase aguda, ela pode estar normal ou até mesmo elevada, apesar do déficit de ferro, quando o paciente apresenta problemas clínicos graves, como condições inflamatórias crônicas e doença hepática ativa. - Em consequência, um valor normal de ferritina não descarta a possibilidade de déficit de ferro. 2- Os valores muito baixos são definitivamente diagnósticos, a deficiência de ferro é confirmada e não há necessidade de se obter os níveis séricos de ferro e a capacidade total de ligação do ferro (CTLF); 3- Se o nível sérico de ferritina for normal ou limítrofe, as dosagens do ferro sérico e da transferrina (habitualmente expressa como CTLF) constituem os próximos exames a serem solicitados. 4- Se o nível sérico de ferro estiver muito baixo, e a CTLF estiver elevada (com razão entre ferro sérico e CTLF de < 16%), o diagnóstico é confirmado. 5- Níveis séricos de ferro e CTLF normais: a possibilidade de déficit de ferro é descartada na maioria dos casos; 4 6- Baixos níveis séricos de ferro e baixo valor da CTLF: trata-se, mais provavelmente, de anemia de doença crônica; é preciso efetuar uma investigação da etiologia subjacente. - Eritropoietina: estimula um fator que produz hemácia Caso clínico 2 Homem com 35 anos de idade e há 15 anos diagnosticado como portador de Doença de Crohn apresenta cansaço e fadiga. Ao exame físico, está lúcido, orientado, hipocorado (1 a 2+/4+), hidratado, acianótico e anictérico. Sinais vitais: PA=110 x 70 mmHg, FC=99 bpm, FR=18 irpm, Sat. O2=98% em ar ambiente, T=36,2. Tempo de enchimento capilar periférico menor que 3 segundos. → sem sinais de gravidade, apenas está hipocorado e fadiga, são os elementos que chama a atenção. Aparelhos cardiovascular e respiratório: normais. Abdome: flácido, indolor, peristáltico, com cicatriz cirúrgica mediana (por ser de laparotomia exploradora) 1) O que falta nessa anamnese? O que perguntariam? Definir quanto tempo apresenta a queixa (cansaço e fadiga) IMC, peso, tônus muscular (uma vez que já apresenta uma doença crônica) Se ele trata a doença Resposta do professor: ● História da Doença Atual/ISDA (Interrogatório Sobre Diversos Aparelhos): tem febre? Se sim, qual o padrão assumido por ela? ● Nega febre. Sintomas associados? Tosse? Palpitação? Dor torácica? ● História Patológica Pregressa: doenças crônicas, cirurgias, medicamentos, alergias... Nega outras doenças, além da Doença Inflamatória Intestinal. Recentemente, foi submetido a uma cirurgia de ressecção e anastomose do intestino delgado. Refere que usa Metotrexato e que foram prescritos outros remédios, mas não os está tomando como deveria. Nega alergias. ● História Social/Contexto: hábitos, onde vive, alimentação... Nega tabagismo, vive em casa de alvenaria, com água e esgoto; trabalha como analista financeiro. OBS! Observe que ele faz anastomose de intestino delgado (perdeu uma parte dele), portanto, pense na importância desse intestino para o quesito de absorção, sobretudo na absorção de nutrientes como: Fe, Folato e Vit B12 (duodeno, jejuno e íleo – locais de absorção, respectivamente). O que poderia identificar anemia por desabsorção, por deficiência de todos eles, inclusive. - Ferro é absorvido no duodeno, o folato é absorvido no jejuno e a vitamina B12 no ílio → como o paciente fez anastomose de intestino, é provável que não tenha absorção correta de algumas (ou de todas) essas moléculas - O metotrexato altera a absorção de ferro 2) Exames complementares? Ferro, folato, vitamina B12, hemograma, contagem de reticulócitos 3) Quais? Por que? - Hemograma - Perfil de ferro → ferro, ferritina, folato, …. - Vitamina B12 e folato 5 1) Como vocês interpretam esses resultados? ● HCM: normal ● VCM: normal OBS! Tem anemia pelo HB baixo mas não tem hipocromia e nem microcitose, logo, o paciente tem uma anemia de normocítica e normocrômica ● RDW: um pouco aumentado, esse é usado para ver o tamanho de hemácia ● Leucócito: normal ● Plaquetas: normal ● Ferro sérico: baixo ● Ferritina: baixa ● CTLFe: no limite superior da normalidade OBS! Não é tanto uma proteína de fase aguda, mas pode sofrer alteração se o paciente tem outras alterações associadas ● Vt. B12: baixo ● Folato: baixo OBS! as deficiências de fe, Fo, Vit B12 → causa alteração nos outros paramentos (HCM, VCM) 2) Diagnósticos? Anemia pela HB baixa, com normocitose e normocromia, então deve repor além de se alimentar, com ácido fólico e vitamina B12 → Necessário repor o que está perdendo e tratar a doença. Anemia carencial por deficiência que pode ser dietética, mas nesse caso provavelmente é por não absorve totalmente, então deve repor tudo isso Anemia normocítica e normocrômica (ele tem os dois!) OBS! Anemia megaloblástica/macrocítica (deficiência de ferro, B12 e folato) OBS! O homem com Doença de Crohn tem anemia normocítica e normocrômica. Ele tem deficiência de ferro, vit. B12 e folatos. A doença de Crohn é uma inflamação do intestino envolvendo todo o trato gastrointestinal e, consequentemente, prejudica a absorção de ferro, folatos e vit. B12. Pelo fato de ter deficiências de ferro, folatos e vit. B12 os índices hematimétricos (VCM e HCM) se apresentaram normais. É importante lembrar que, na deficiência de ferro, o HCM e VCM diminuem, e na deficiência de B12 e folatos o VCM aumenta e o HCM permanece normal. OBS! Doença de Crohn afeta da boca até o anus - Retocolite ulcerativa: afeta porção distal do cólon e reto 6 Doença inflamatória intestinal, relembrando - Doença inflamatória crônica, que se divide em dois distúrbios: ● Colite ulcerativa (RCU); ● Doença de Crohn (DC). - A DC pode ocorrer em qualquer parte do trato gastrointestinal, sobretudo o íleo distal e o cólon proximal. - A RCU acomete reto e cólon. - Doença de Crohn, epidemiologia e quadro clínico: - Doença de Crohn: ● O íleo terminal é afetado em 70% dos pacientes. ● Os sintomas podem incluir dor abdominal, geralmente no quadrante inferior direito, diarreia, hematoquezia e fadiga. ● Apenas 5% dos acometidos(as) desenvolvem doença no trato gastrointestinal superior e podem apresentar disfagia, odinofagia, dor torácica ou azia. ● Até 30% dos pacientes têm doença perianal, com fístulas, abscessos, fissuras. Anemia normocítica - Anemia com VCM normal. - A anemia normocítica é uma consequência da baixa produção de hemácias, por diminuição das células precursoras nas doenças medulares ou da ineficiência da eritropoietina nas doenças sistêmicas, resultando na diminuição do número de hemácias. - Não há deficiência da hemoglobinização ou as alterações dos processos mitóticos, durante a maturação dos eritroblastos, e as hemácias formadas têm conteúdo de hemoglobina (HCM) e volume (VCM) normais. - Quando suspeitar? Pacientes com anemias secundárias a uma doença não hematológica subjacente (também conhecidas como “anemias de doençascrônicas” = ADC). Ex: DPOC, Doenças reumatológicas, Lúpus sem tratamento, Doença de Chron - Condições comuns que levam à ADC: ● A anemia de inflamação crônica (infecções, doenças reumatológicas) é o protótipo das anemias normocíticas; em certas ocasiões, os eritrócitos podem ser microcíticos limítrofes; ● A anemia em pacientes com câncer; ● Doença Renal Crônica. - Achados laboratoriais: ● Hemograma completo: anemia moderada ● VCM normal ou discretamente diminuído em condições inflamatórias ● Morfologia normal dos eritrócitos, com variação apenas discreta do RDW; ● Nível sérico aumentado de ferritina ● Redução do ferro sérico e da CTLF Caso clínico 3 Paciente de 70 anos de idade, portadora de osteoartrite de coluna, procura atendimento médico queixando-se de parestesia nos pés, que, às vezes, parecem "dar choque". Sente isso há meses. Ao exame, está lúcida, orientada, hipocorada (1+/4+), hidratada, acianótica e anictérica. Bom estado geral. PA=140 x 90 mmHg, FC=77 bpm, FR=16 irpm, T=36, Sat.O2=95% em ar ambiente. ACV: RCR, sem sopros. Tempo de enchimento capilar periférico normal. AR: MV presente, sem ruídos adventícios. Abdome: flácido, peristáltico, indolor. MMII: panturrilhas livres, sem edema. Pele íntegra. 1) Melhorando a anamnese a) Lacunas? O que seria perguntado para melhorar as informações: ● Investigar osteoartrite, sensibilidade 7 ● Queda ou fratura ● Há quantos meses apresenta a parestesia ● Olhar entres os dedos, e buscar lesões, feridas que podem estar aumentando ● Perguntar de febre porque pode ser sintoma de neoplasia; OBS! Examinar bem os pés por conta da DM - DM pode causar parestesia bota e luvas b) Faltam informações? Quais? Resposta do professor: ● História da Doença Atual: sintomas associados? Não tem sintomas relacionados a uma possível anemia, já que está pálida? Relata discreta fadiga, mas não se incomoda muito com ela. Tem febre? Nega. ● História Patológica Pregressa/ISDA: doenças além da osteoartrose? Usa medicamentos? Alergias? Nega uso de medicamentos e alergias. Está em investigação de doença hematológica. ● História social/contexto: alimenta-se "bem"? fuma? ingere álcool? Não fuma nem bebe e diz que come bem, ingere carne vermelha e gosta de vegetais verde-escuros, como espinafre. ○ Obs: Essas perguntas são porque deficiência b12 e ácido fólico da anemia megalocística → pode apresentar parestesia ○ Precisa investigar se a paciente ingere e se absorve c) Exames complementares? Quais? Se está pálida e suspeita de anemia pede para dosar vitamina B12, hb, HCM, VCM, ferro sérico, ferritina, folato. Déficit de Vitamina 12, Ferritina Normal, etc OBS! Omeprazol inibe a secreção de fator intrínseco e prejudica a absorção de B12 (absorvida no íleo) - Neutrófilos hipersegmentados/plurissegmantados → anemia macrocítica Anemia macrocítica - Anemias em que os eritrócitos consistem emmacrócitos ovais, com VCMmaior do que o normal (> 100 fl). - Quando suspeitar? ● Paciente com anemia macrocítica pode apresentar neutrófilos hipersegmentados (pluri segmentados) no esfregaço no sangue periférico e sintomas de má absorção, dieta deficiente, hemólise crônica sem suplementação de folato. 8 ● A incidência do déficit de vitamina B12 (cobalamina) aumenta com a idade e deve ser pesquisada, mesmo na ausência de anemia, no indivíduo idoso com déficits neurológicos. ● Com frequência, os déficits de cobalamina e de ácido fólico coexistem. ● Outras causas de anemia desse tipo: ○ Síndrome mielodisplásica (SMD) ○ Terapia com azidotimidina (AZT) para a AIDS ○ Alcoolismo ○ Gastrite atrófica ● A maioria da vitamina B12 presente nos alimentos está ligada a proteínas, sendo liberada por proteólise, durante a digestão péptica ácida no estômago. ● Após a liberação, a cobalamina une-se a uma proteína ligadora (proteína R), também chamada de haptocorrina, presente na saliva e no suco gástrico. ● Após junção com o fator intrínseco, este complexo formado segue em direção ao íleo terminal, onde se une a receptores específicos da membrana de células epiteliais, mediadores da absorção dessa vitamina. ● Na ausência de fator intrínseco, a cobalamina é absorvida de forma precária, por difusão passiva = eis aqui o principal fator etiológico das deficiências. (VER: 5 minutos) Hematologia: Anemias - Resumão Outros casos CASO 1: Paciente do sexo masculino, 27 anos, branco, solteiro, bancário, vai a consulta ao posto de saúde porque foi identificada plaquetopenia em seu hemograma. Exame de 10 dias atrás mostrava 120.000 plaquetas. O paciente relatou que tem apresentado diarreia e febre (picos febris de 37,8/38,0) e que sente-se cansado há cerca de três meses. Previamente hígido. Ao exame físico: paciente emagrecido, temperatura axilar de 36,8°C, com discreta hiperemia e descamação na face. Na oroscopia, são evidenciadas lesões brancacentas na língua e no palato. O hemograma mostra também anemia normocítica e normocrômica e linfocitopenia. Não há outras particularidades no exame físico. FC=85 bpm FR=21 irpm PA=120 x 60 mmHg 1) Que elementos da história clínica são importantes para o diagnóstico do quadro (que envolve, entre outras coisas, a plaquetopenia)? - O paciente disse que tem plaquetopenia e agora vê que tem anemia e linfocitopenia → todas juntas são pancitopenia; - O que deve pensar é HIV, logo, deve perguntar das relações desprotegidas; Pode pensar também em imunossupressão → causada por medicamento ou reumatológica; Pode ser também por doença autoimune. 2) As lesões esbranquiçadas na cavidade oral podem corresponder a que? - Candidíase 3) Hipóteses diagnósticas para o caso? - Pode ser por: Paciente com baixa de plaqueta pode ser por diminuição da produção, ou aumento da destruição; Pode ser também por pacientes que necessitam de transfusão abundante; - Plaquetopenia: ● Diminuição da produção: problema na arquitetura da medula óssea, ou ela pode estar perfeita mas falta elemento da produção; ● Aumento da destruição: imunológica ou não imunológica. 9 https://www.youtube.com/watch?v=R1YAYbHUIPo MO = medula óssea QT = quimioterapia RT = radioterapia Imunológica: qualquer doença autoimune que leve a isso OBS! QT e RT podem levar a deficiência da medula óssea. Hiperesplenismo = pacientes com doença hepática crônica CIVD = coagulação intravascular disseminada PPT = Púrpura trombocitopênica trombótica SHU = síndrome hemolítica uremica CEC = circulação extracorpórea LES = lúpus eritematoso sistêmico PTI = Púrpura trombocitopênica imune - Condições associadas à trombocitopenia: ● Doença hematológica previamente diagnosticada (p. ex.. leucemias agudas e crônicas, doença mieloproliferativa ou síndrome mielodisplásica) ● Doenças não hematológicas (p. ex., eclâmpsia, sepse, coagulação intravascular disseminada, choque anafilático, hipotermia, transfusão maciça) ● História familiar de sangramento e/ou trombocitopenia ● Vacinação recente com vírus vivo ● Precário estado nutricional (especialmente em idosos e alcoolistas] ● Gestação (especialmente ao final do terceiro trimestre ou no início do trabalho de parto, mas também em casos de história de PTI ou PTT-SHU, ou de pré-eclâmpsia ou eclâmpsia). ● Transplante recente de órgão de um doador sensibilizado a aloantigenos plaquetários Estamos diante de um caso de redução da contagem de plaquetas em um paciente jovem, que não tinha sintomas relacionados à plaquetopenia, mas, sim, à doença de base. Ele apresentava febre, perda ponderal e fadiga. Previamente hígido. Importante questionar o paciente sobre vida sexual e práticas sexuais, uso de drogas injetáveis... CASO 2: Uma mulher de 28 anos, residente em Angola, buscou assistência médica devido a um quadro clínico de febre, calafrios, mialgias, tosse, cefaleias e diarreia, sem sangue ou muco. O hemograma revelou trombocitopenia (131.000/mL), sem outras alterações. Considerou-se que tratava-se de pneumonia adquirida na comunidade (PAC) e a paciente foi medicada com ciprofloxacina. Dois dias depois, a paciente procurou serviço de emergência, devido a persistência dos sintomas. Aoexame, encontrava-se consciente, orientada no espaço e 10 no tempo. Apresentava uma temperatura de 38,1 °C, pressão arterial de 125/87 mmHg, frequência cardíaca (FC) de 78 bpm e a frequência respiratória (FR) de 20 irpm. A pele e as mucosas encontravam-se coradas e hidratadas. Não se observou lesões cutâneas; as escleróticas não apresentavam coloração ictérica; a orofaringe não revelava hiperemia. A ausculta cardíaca era rítmica, sem sopros audíveis. Na ausculta pulmonar, o murmúrio vesicular encontrava-se mantido e simétrico, sem presença de ruídos adventícios. O abdômen apresentava dor difusa à palpação profunda, sem defesa, e com ruídos hidroaéreos presentes. O fígado e o baço não eram palpáveis. Não existia edema nos membros inferiores nem gânglios linfáticos palpáveis. O hemograma realizado revelou agravamento da trombocitopenia (47.000×106/L). Relativamente aos parâmetros de bioquímica, observava-se elevação das transaminases (ALT 124 U/L, AST 97 U/L), da GGT (165 U/L), da LDH (desidrogenase lática)(374 U/L) e da proteína C reativa (2,66 g/dL). OBS! Como ela é da Angola pode ter relação com doença endêmica causadora de plaquetopenias → podendo ser de malária uma vez que justifica todos os sinais e sintomas. - Muitas vezes contagem de plaquetas é apenas achado laboratorial e não repercute clinicamente - Diagnóstico por esfregaço de sangue 11