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UNIDADE 4 - Como ensinar geografia e história para o 3, 4 e 5 ano do ensino fundamental

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Aprendizagem da Geografia e História
Situação Cursando
Período de estudos 16/10/2023 - 12/11/2023
Período de provas 13/11/2023 - 10/02/2024
UNIDADE 4 - Como ensinar geografia e história para o 3°, 4° e 5° ano do ensino fundamental
Unidade 4 / Aula 1 - Conhecendo diferentes paisagens
Introdução da unidade
Objetivos da Unidade
Ao longo desta Unidade, você irá:
· examinar os tipos de paisagens culturais e naturais;
· identificar as mudanças e permanências que ajudam a construir as sociedades;
· demonstrar os aspectos da comunicação e interação no contexto social.
Introdução da Unidade
Olá, estudante!
Nesta unidade trataremos do ensino de geografia e história nos últimos anos da primeira etapa do ensino fundamental. O nosso fio condutor será a ação humana na construção das sociedades. Veremos como ela pode alterar o meio e, também, ser alterada; fato que é refletido na organização e na exploração dos espaços geográficos. 
Na aula 1, trabalharemos com o reconhecimento de diferentes paisagens, partindo sempre do referencial dos estudantes. Para isso, precisamos considerar as paisagens conhecidas por eles; os lugares que já visitaram (próximos ou distantes do local de moradia); a divisão e a organização desses espaços, bem como a função de cada um deles. 
É fundamental fazer com que os estudantes compreendam que são agentes de mudança no tempo e no espaço, pois são parte das paisagens e podem alterá-las, atuando sobre sua forma e/ou função. Diante disso, cabe destacar que as consequências dessas transformações podem ser boas ou ruins. 
No sentido de ampliar os conhecimentos em relação à história dos lugares, bem como de suas características, na aula 2 trataremos dos processos de mudanças e permanências. Nela compreenderemos como os movimentos migratórios contribuem para a formação de novas sociedades e como impactam tanto o povo que saiu de sua terra natal quanto aqueles que recebem comunidades estrangeiras. 
Fazem parte dessa discussão os aspectos relacionados à cultura e à tradição. A maior parte dos imigrantes conserva sua cultura e a transfere ao longo das gerações, mas também absorve aspectos culturais do local onde se instala; o que resulta em um novo tipo de cultura. 
Com a intenção de entender como ocorrem as mudanças no espaço por meio do tempo, na aula 3, trabalharemos as relações humanas e as transformações delas oriundas; observando como impactaram as conjunções estabelecidas em determinado tempo e espaço e como isso se reflete nos dias atuais.
Observe que estaremos a todo momento retomando o conhecimento de mundo dos estudantes, contextualizando a construção da aprendizagem e encorajando-os a discutir e a debater a sua atuação no meio; sempre considerando o tempo e o espaço. Para isso, é necessário se valer da reflexão e da ideia de uma convivência respeitosa e harmoniosa, tanto no que diz respeito às relações interpessoais quanto à relação com o mundo e com a natureza.
 O objetivo de nossa abordagem é conduzi-lo a uma prática pedagógica que respeite a diversidade e as vivências particulares de cada indivíduo. Assim, você e seus estudantes poderão atuar no mundo de forma ética e responsável.
Introdução da aula
Qual é o foco da aula?
Nesta aula, você aprenderá sobre os diferentes tipos de paisagens, suas semelhanças e suas diferenças.
Objetivos gerais de aprendizagem
Ao longo desta aula, você irá:
· descrever o uso de imagens e documentos do espaço em que os estudantes vivem;
· explicar como as sociedades se constroem no processo de mudança e permanência;
· examinar os aspectos da tecnologia na comunicação e interação em sociedade.
Situação-problema
Nesta aula, trabalharemos com as paisagens naturais e culturais (as que foram modificadas pela ação humana). Além de reconhecer cada um desses tipos, suas semelhanças e diferenças, é necessário que as crianças compreendam que as alterações nos espaços ocorrem ao longo do tempo. Essa contextualização histórica é fundamental para que elas entendam seu papel como parte integrante das paisagens. 
A construção do conhecimento deve partir sempre das experiências de vida dos estudantes, estendendo-se, de forma dinâmica, para outros contextos. É importante que o estudante compreenda que, mesmo não fazendo necessariamente parte de um determinado meio, é capaz de interferir sobre ele a partir dos conhecimentos anteriormente construídos. 
Durante os estudos desta aula, reflita sobre como auxiliar Flávia, uma professora do 3º ano que está desenvolvendo com seus estudantes um trabalho sobre memórias. Para isso, ela se utiliza da história de vida deles, montando uma linha do tempo com cada um que se inicia no nascimento e chega aos dias atuais. 
Ela solicitou aos estudantes que pesquisassem junto à família os lugares que já visitaram, buscando reunir o máximo de informações possíveis sobre os locais por onde eles passaram; seja em viagens, passeios ou moradia. Tais informações podem estar em qualquer suporte, como fotos, documentos, ingressos e cartões postais. A ideia de Flávia é fazer um guia de viagens com as experiências dos estudantes, agrupando dados da época em que os estudantes fizeram essas visitas e os dados atualizados de cada local. 
A fim de colaborar com a professora, pense em como Flávia pode sistematizar em seu plano de ensino tal atividade e compilar esse material com os estudantes. Que meios de pesquisa ela pode usar para inserir os dados no guia e adaptar a linguagem ao gênero textual adequado, de forma a reunir o maior número de informações possíveis em cada espaço e em cada tempo? 
É importante que você perceba como os componentes de história e geografia se articulam a outras disciplinas curriculares, exigindo que as crianças relacionem esses novos conceitos trabalhados às suas construções anteriores. Tudo isso dependerá de uma organização planejada e coerente do trabalho do professor.
Utilização de documentos e imagens do espaço em que os estudantes vivem e de outros espaços
A utilização de imagens e documentos é bastante comum no estudo da geografia e da história. Quando pensamos no trabalho com conceitos geográficos (relevo e vegetação, por exemplo), o recurso da imagem é indispensável para exemplificar os tipos e as particularidades de cada vegetação, como uma forma de tornar mais concreta a descrição textual. Assim, diferenciar uma planície de um planalto fica mais fácil, já que podemos ver exemplos dessas formações.
O mesmo ocorre com os documentos e as reproduções de documentos, possibilitando aos estudantes conhecer os registros, oficiais ou não, de determinados lugares. Como exemplo, temos as escrituras de imóveis, mapas, ingressos de atrações, cartas e telegramas. Por meio deles, inclusive, é possível perceber a passagem do tempo, como é o caso do tempo em que os códigos de endereçamento postal (CEP) tinham apenas 5 dígitos, em vez de 8, como atualmente. Os números de telefone também foram ganhando mais dígitos conforme aumentava o número de famílias com acesso a esse recurso.
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💭 Reflita 
As mudanças no mundo não acontecem somente nas paisagens e na passagem do tempo. Atualmente, o acesso à informação ocorre de forma muito rápida e crianças cada vez mais novas conhecem, por meio das tecnologias de informação, muito mais coisas que as crianças de 15, 20 anos atrás. 
Se por um lado podemos dizer que informação nunca é demais, por outro a realidade do que é próximo, às vezes, nem chega a ser conhecida. Na maioria dos casos, as atividades de exploração do entorno de algum ambiente de convivência do estudante são feitas exclusivamente pela escola, daí a importância de uma vivência acadêmica rica e estruturante no sentido de possibilitar às crianças a exploração, como cientistas, desse espaço. Assim, eles podem pensar em meios de se relacionarem com outras pessoas e com a natureza de forma respeitosa, reconhecendo-se como agentes nesta paisagem. 
Ser agente no mundo requer conhecimento desse mundo e, partindo do referencial das crianças, torna-se importante que conheçam sobre abastecimento de água, saneamento básico, fornecimentode energia elétrica, formas de energia sustentáveis e também a ciência de que nem todos os lugares apresentam uma estrutura que garanta esses recursos, que também se constituem como direito a uma vida digna.
______
Considerando o trabalho pedagógico e partindo sempre do referencial do estudante, podemos pensar na análise da certidão de nascimento, que contextualiza o momento de nascimento da pessoa, isto é:
· a data do nascimento (há quanto tempo? Provavelmente nem todos os estudantes nasceram no mesmo ano. Há estudantes que nasceram na mesma data? Quem é o mais velho e o mais novo da turma?);
· o local do nascimento (todos os estudantes da turma nasceram na mesma cidade? Se não nasceram, quem nasceu mais perto, ou mais longe? Há crianças de outros estados ou países?);
· os nomes (é comum ter nomes repetidos na turma. É muito interessante trabalhar o motivo da escolha do nome das crianças pelos pais, principalmente se houver mais de uma criança com o mesmo nome na sala).
Outro ponto de partida interessante é a análise de fotos e documentos sobre a vida e o local onde nasceram. A atividade de coleta desse material pode ser concomitante ao resgate da história da criança junto à família, com uma entrevista elaborada coletivamente em sala de aula. O objetivo primeiro desses instrumentos é colocar a criança no centro do processo de construção de seu conhecimento e de seu reconhecimento como parte do mundo, enfatizando como suas ações o modificam.
O reconhecimento de semelhanças e diferenças entre os espaços, situando-os histórica e geograficamente
Um conceito importante a ser discutido com as crianças antes do reconhecimento das características de cada espaço é definir que a paisagem é tudo aquilo que pode ser percebido sensorialmente pelo ser humano, ou seja, que pode ser tocado, sentido, ouvido (PENA, [s.d.]). Dessa forma, tanto o ambiente da sala de aula quanto um grande deserto são, conceitualmente, paisagens. Compreender cada uma delas em termos de suas características e funções é uma construção que demandará observação e reflexão por parte dos estudantes.
Observar a mudança da rua de sua casa ao longo de sua vida, a densidade de povoamento de sua cidade à época de seu nascimento e atualmente, o aumento de construções e a ocupação de áreas periféricas da cidade pode dar pistas de como a atuação humana modifica as paisagens. 
Aumentar o lapso temporal para a infância dos pais, dos avós, pesquisar a data de emancipação do município de residência ou a história de seu bairro são meios de compreender o ambiente familiar em um tempo anterior ao nascimento; o que favorece a reflexão sobre como aconteciam as relações em outro tempo e em um espaço diferente daquele conhecido, apesar de ser o mesmo. 
Conforme consta no documento da BNCC, é imprescindível que o estudante reconheça seu lugar no mundo e as consequências de suas ações sobre ele. Nesse sentido, é importante que se promova a reflexão sobre a influência da ação humana no meio e sobre os aspectos culturais das relações estabelecidas em cada espaço de convivência. 
Outro ponto que merece destaque é o planejamento de ações que visem dosar o impacto da ação humana no ambiente, refletindo em intervenções locais que podem ser implantadas em casa ou na escola e que busquem a conservação dos espaços para além daqueles restritos às áreas geográficas de convivência do estudante. Essa tomada de consciência do contexto atual das paisagens pode ser conduzida no sentido de analisar as ações humanas nos espaços (por meio da diferenciação de zona urbana e da zona rural) ou por aspectos culturais. 
No caso da zona urbana, pode-se fazer a discriminação dos espaços de acordo com sua função, como bairros comercias, residenciais e distritos industriais. A configuração dos bairros centrais e periféricos, os tipos de construção e a manutenção de prédios públicos, por exemplo, fazem parte do conjunto de aspectos culturais. 
Reconhecer as características de seu lugar de moradia, considerando todos os aspectos citados anteriormente, possibilita a conclusão de que essas diferenças ocorrem em todos os locais e tipos de cultura, o que facilita o trabalho com as características geográficas de outros locais e populações, dando base a uma discussão sobre as maneiras sustentáveis de se colocar e de agir no mundo. 
Callai (2013) destaca a importância do reconhecimento dos territórios como espaços vivos e da premência de se discutir com os estudantes o quanto esses espaços se modificam a todo tempo. A autora também destaca que as pesquisas, tanto de textos quanto de campo, são muito necessárias no trabalho com essa temática, uma vez que possibilita aos estudantes perceberem como sua ação modifica os espaços, mas também reflitam sobre sua “não ação” e as consequências disso.
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➕ Pesquise mais 
O artigo indicado a seguir trata da conceituação de paisagem no ensino de geografia. O autor faz um recorte de uma pesquisa feita com professores da primeira etapa do ensino fundamental e traz uma reflexão importante sobre como a falta de conhecimento a respeito dos conceitos utilizados na geografia, como o de paisagem e lugar, pode afetar o trabalho pedagógico.
Levanta, ainda, a necessidade da instrumentalização do professor para que ele consiga esgotar o trabalho com os estudantes de maneira eficiente e contextualizada.
Leia em: A Paisagem no ensino da Geografia
Como abordar as temáticas na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental?
Colocar-se no mundo é um processo construído pelas crianças desde o nascimento, pois nascem dentro de um contexto geográfico e histórico. Dessa forma, desde o nascimento, a criança passa a conhecer os espaços onde convive e a compreender-se como parte integrante desses meios. Conforme preconiza a BNCC, os conceitos devem ser trabalhados de forma integrada e progressiva. 
Dessa forma, as crianças devem primeiro tomar consciência dos espaços compartilhados pela família, depois pelos colegas de escola, expandindo sua construção de conhecimentos através desses espaços e de tempos diferentes, fazendo também projeções em relação ao futuro, tanto na perspectiva de criação de hipóteses quanto de planejamento de ações de preservação dos espaços e das memórias culturais da sociedade em que estão inseridas.
O papel do professor, nesse contexto, deve ser o de auxiliá-los a elaborar um pensamento crítico em relação ao que é trabalhado na escola. Assim, é possível promover o desenvolvimento cognitivo das crianças e convertê-lo em uma sistematização dos conceitos trabalhados de forma crítica e consciente, com o foco na formação de cidadãos participativos e comprometidos com o avanço da sociedade. 
No início da educação infantil, prioriza-se o trabalho com o ritmo, com as percepções e respostas dos corpos em relação às mudanças climáticas e ao ciclo circadiano. Conforme as etapas da escolarização vão avançando, o foco no corpo vai gradativamente mudando para o meio, situando o indivíduo na sociedade e na natureza (CASTELLAR, 2005).
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🔁 Assimile 
Teoria do desenvolvimento 
Segundo a teoria do desenvolvimento proposta por Wallon (1968), a criança evolui, em relação à sua interação com o ambiente/meio, passando de respostas puramente motoras (choro, reflexos) a respostas mais elaboradas (que englobam a linguagem, oral ou não).
Conforme vão se desenvolvendo, considerando o que se chama de tripé psicomotor (desenvolvimento cognitivo – desenvolvimento neurológico/motor – desenvolvimento psicológico), as diversas aprendizagens vão se sistematizando. A criança, então, transita de uma percepção do mundo como extensão de seu corpo para a percepção do mundo à parte de si, mas que do qual é integrante. Diante disso, é importante centrar as atividades nas escolas em relação ao desenvolvimento da criança, primeiro tratando de aspectos relacionados às suas primeiras vivências, aumentando gradualmente o “espaço”, de forma que possa elaborar conhecimentos de mundo fora do seu espaço particular de vivências. 
Quais as possibilidades de uso da tecnologia digitalou não no estudo das diferentes paisagens?
A tecnologia, como estudo de uma técnica ou ofício, é parte do processo educacional. Quando usamos diferentes instrumentos de medição, de observação, de coleta e organização de dados, estamos fazendo uso de tecnologia. Com o avanço da sociedade, com o desenvolvimento da ciência nas mais diferentes áreas, as tecnologias foram se aperfeiçoando e ficando cada vez mais especializadas. Especificamente no estudo das paisagens, sabe-se que hoje existem diferentes técnicas de mapeamento, captação de imagens que possibilitam estudos cada vez mais avançados em relação ao relevo, ao clima e a outras características de diferentes localidades. 
O uso da internet possibilita estudar mapas com uma riqueza grande de detalhes, que podem servir como modelo para comparação e compreensão de aspectos locais das paisagens estudadas. Na rede também se encontram cópias digitalizadas de documentos históricos diversos que dão conta de auxiliar os estudantes na compilação de diferentes dados acerca do que está sendo estudado, de forma rápida e bastante detalhada, o que tomaria muito mais tempo em uma pesquisa a acervos físicos.
Possibilitar aos estudantes a exploração das diferentes tecnologias, estimulando o seu uso, faz parte de educar os sujeitos para uma construção de conhecimento que pode acontecer de forma mais global e menos limitada. O computador jamais substituirá o professor, mas pode, e deve, ser um aliado, principalmente no que diz respeito à elaboração de materiais que dão conta de registrar a aprendizagem, seja em forma de vídeos, apresentações ou mapas mentais.
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📝 Exemplificando 
Google Maps e Google Earth 
Ferramentas como o Google Maps e o Google Earth podem ser ótimos aliados no estudo das paisagens. O acesso a esses sites se dá de forma bastante simples e possibilitam ter a visão do mapa ou de imagens via satélite de lugares próximos ou distantes, o que permite formular hipóteses, elaborar conceitos, reconhecer semelhanças e diferenças. É possível reconhecer áreas urbanas e rurais, tipos de construção, relevo e vegetação; enriquecendo, assim, o trabalho feito previamente e estimulando a discussão para a introdução de um assunto novo. 
Quais as possibilidades de trabalho interdisciplinar e como avaliá-lo?
O trabalho com as paisagens se relaciona a todas as áreas do conhecimento, pois possibilita a elaboração de textos, o cálculo de áreas e distâncias, bem como os estudos relacionados a variações linguísticas; ecologia; conservação; espécies de animais e de plantas existentes nos locais. 
É possível elaborar um projeto em relação a paisagens que envolva vários componentes curriculares de forma integrada. Além de enriquecer o trabalho, essa atividade funciona como um meio de garantir uma abordagem global dos conteúdos, esgotando-o de forma dinâmica e capaz de facilitar a sistematização de diversos conceitos que, talvez, tomassem muito mais tempo se fossem trabalhados de forma desarticulada. 
Em relação à avaliação, os registros das atividades, quando mensurados pelos professores, preferencialmente de forma qualitativa, devem levar em conta a capacidade dos estudantes articularem os conceitos trabalhados em diferentes áreas do conhecimento. A verificação deve acontecer em termos de comparação, elaboração e confirmação de hipóteses; planejamento de ações de conservação e sustentabilidade; compreensão dos efeitos sociais e culturais em relação à ação humana e em relação aos espaços.
Os professores devem sempre observar o desenvolvimento do estudante tendo por base o seu próprio desempenho, considerando as particularidades da construção individual da aprendizagem de cada um. O estudo de paisagens no ensino de história e geografia é muito denso e rico, principalmente porque cada lugar tem suas próprias características e elas se modificam por conta da diversidade cultural de cada lugar.
Perceber a interação das pessoas entre si e das comunidades com um determinado espaço faz o estudo de cada local, desde um pequeno bairro até um continente, ser único. Fazer da construção de conhecimentos um processo singular somente enriquece a cultura de cada espaço. 
Conclusão
Quando as pessoas planejam visitar um lugar, é comum que queiram saber tudo sobre ele e buscam informações sobre pontos turísticos, alimentação, vida cultural, melhor meio de transporte, entre outras. Ainda que se possa saber muito de um lugar antes de conhecê-lo, nada substituirá a experiência da visita. 
A proposta da professora Flávia foi pedir aos estudantes que elaborassem um guia dos lugares que já visitaram para contar suas experiências. Para desenvolver a atividade, cada estudante deveria organizar uma linha do tempo, apresentando os locais que conheceram desde o nascimento. Esse exercício permite que aqueles estudantes que residem no mesmo local onde nasceram observem as mudanças que ocorreram na cidade. Já os que vivem em uma cidade diferente de seu nascimento podem comparar as diferenças entre os dois lugares.
Além disso, esse tipo de abordagem favorece o resgate de sensações que podem dar pistas de características dos lugares que levem à elaboração de hipóteses, por exemplo: sentir muito frio quando viajou a determinado lugar; lembrar que choveu muito; que havia muitos carros; muitas pessoas; muitos animais ou, ainda, que tipo de animais e plantas foram vistos.
O recurso da documentação, seja por fotos, ingressos, passagens, cartões postais, lembranças de viagem possibilita a participação irrestrita de todos os estudantes, pois não é necessário viajar para longe para guardar memórias. Mesmo na cidade de origem há possibilidades de lazer, cultura e diversão. 
A produção do material pode acontecer em forma de textos informativos sobre os locais, e os estudantes deverão organizar as informações de forma a garantir que o leitor tenha o maior número de dados sobre o lugar. É possível, ainda, elaborar o material em forma de convite, o que muda o tom do texto e sua organização, organizando-o em tópicos ou em listas. Essa compilação pode ser feita de acordo com as regiões do país ou com o clima, reunindo as viagens por estações do ano. 
Os estudantes também podem sugerir roupas e meios de transporte, bem como fazer uma estimativa dos custos de viagem por meio de pesquisas na internet. O guia de viagens possibilita reunir em um único documento atividades que contemplem todos os assuntos tratados sobre o tema, podendo ser individual ou coletivo; abrangendo todos os componentes curriculares, diversos níveis de dificuldade, várias possibilidades de registro e apresentação.
Unidade 4 / Aula 2 - Mudanças e permanências – como as sociedades se constroem
Introdução da aula
Qual é o foco da aula?
Nesta aula, você aprenderá sobre como as sociedades se constroem por meio das mudanças e permanências
Objetivos gerais de aprendizagem
Ao longo desta aula, você irá:
· usar documentos de familiares mais velhos para entender a origem familiar;
· identificar as principais correntes migratórias que formaram os povos de diversos lugares;
· aplicar o contexto de mudanças e permanência para entender o conceito de migração.
Situação-problema
Olá, estudante!
Nesta aula veremos como as mudanças e permanências ajudam a construir as sociedades. Uma maneira rica de se trabalhar com esse tema é a análise de diferentes documentos, pois podem trazer registros relevantes sobre a formação de novas comunidades, muita das vezes, distantes do local de origem do povo que as compõem. 
É importante entender que os movimentos de migração e emigração se constituem em diferentes conjunturas e por diferentes motivos. Essa contextualização é importante para que os estudantes entendam o processo de manutenção da cultura de seu local de origem, bem como a apropriação do novo espaço que ocupam; sempre atentos ao fato de que esse processo tem implicações históricas e geográficas. 
Existem várias opções de materiais para trabalhar o tema, sejam eles ficcionais (baseados em algum contexto histórico) ou não, que estão dispostos em diferentes suportes:livros, filmes, músicas, entre outros. É importante possibilitar aos estudantes o contato com esses recursos, orientando-os na coleta de dados para a construção do conhecimento. 
Em uma turma de 4º ano, os estudantes da professora Viviane estão estudando a formação de diferentes povos e comunidades. Ela dividiu a turma em grupos e propôs que eles contextualizassem diferentes correntes migratórias. Com essa atividade, a professora pretende que seus estudantes compreendam as necessidades que levaram cada um desses povos a sair de seu lugar de origem para se fixar em outros. 
Nesta aula, vamos ajudar Viviane a pensar nas possibilidades de atividades que pode sugerir aos grupos e em como propor e orientar a sistematização dos conhecimentos a serem construídos por seus estudantes.
Bons estudos!
Utilização de documentos de familiares mais velhos como forma de compreender a origem da família
Para que os processos de migração e imigração sejam compreendidos, é preciso considerar que esses movimentos não só implicam uma mudança das pessoas no espaço geográfico; mas também envolvem um contexto econômico, cultural e social, portanto, histórico. Torna-se necessário, também, refletir que essa movimentação, que faz do Brasil um país multicultural, refere-se a grandes comunidades que, por motivos de sobrevivência (recessão, guerras), deixaram tudo o que tinham no local de origem e foram buscar a sobrevivência em um país em crescimento em que havia uma “promessa” de uma vida melhor.
Por outro lado, há que se esclarecer que alguns casos de imigração aconteceu por força da necessidade de mão de obra, como foi o caso da escravidão no período colonial, cujas consequências reverberam até hoje no país. De que forma, então, a utilização de documentos pode auxiliar no trabalho com essa temática? É certo que cada família tem sua história e que ela pode ser contada de diversas maneiras. 
As gerações mais antigas (provavelmente os bisavôs das crianças que hoje frequentam a primeira etapa do ensino fundamental), nascidas no início do século XX, tiveram contato, ainda que por transmissão oral, com fatos provenientes das correntes migratórias. Em países com aspectos culturais mais fortes, essa prática é ainda mais comum, como é o caso do Japão, em que os adolescentes, em geral, têm mais contato com essas histórias. 
É comum ouvir relatos, que passam de geração a geração, de famílias que moravam em fazendas e sítios, onde havia a exploração de recursos naturais e da força de trabalho vinda de fora, como forma de estabelecer uma vida em comunidade que garantisse a subsistência e também o crescimento econômico tanto dos locais quanto das famílias. Isso ocorria em uma época em que a escravidão estava abolida, mas os negros ainda constituíam uma força de trabalho barata e subalterna, o que fez perpetuar um contexto de exploração e preconceito. 
Não é fácil resgatar documentos oficiais, como certidões de nascimento, escrituras de propriedade ou objetos, mas o professor pode sugerir a realização de pesquisas, inicialmente com as famílias e posteriormente via internet, sobre a origem dos sobrenomes. Dessa forma, é possível iniciar um estudo dos locais em que determinadas colônias se instalaram; como é o caso da colonização italiana e alemã no sul do país.
Durante o desenvolvimento do trabalho com esse tema, surgirão as reflexões e sistematizações acerca do contexto geográfico, histórico, social e cultural do país de origem dos imigrantes. Essas questões podem ter sido determinantes para o êxodo da população, o que pode ser observado comparando-as com os mesmos contextos do lugar onde se instalaram. 
A construção desses conhecimentos deve ocorrer de forma gradativa, sempre partindo do contexto familiar, social e cultural do estudante, conforme preconiza a BNCC, de forma que o estudante possa inferir dados de sua história familiar em um contexto global de formação de comunidades, sociedades e de como isso afeta as relações políticas, econômicas, culturais e sociais no mundo contemporâneo.
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🔁 Assimile 
Quando tratamos do tema mudanças e permanências, é comum ouvirmos os termos migração, imigração e emigração, por isso convém conceituá-los.
· Migração é o termo utilizado quando falamos do movimento populacional, da passagem de um povo ou de uma grande multidão de um país a outro.
· Emigração é a saída do país de origem.
· Imigração é o processo de entrada dessa população no país de destino. Por exemplo, a colônia italiana é emigrante da Itália e imigrante do Brasil. 
Ampliar esses conhecimentos de forma a conhecer as principais correntes migratórias que formaram o povo de diferentes localidades
As diferentes correntes migratórias que formaram a população do Brasil ocorreram em diferentes épocas e por diferentes motivos. Os primeiros estrangeiros a se instalarem no país, com o intuito de explorar seus recursos naturais, foram os portugueses por ocasião do descobrimento do país, e os africanos, que foram trazidos ao país escravizados. 
Começar o estudo desse tema pela história familiar, como explanado anteriormente, dará um sentido maior às construções sobre a formação da população brasileira. No entanto, há que se lembrar, e reforçar, que o país já se encontrava habitado pelos indígenas, que foram desapropriados de sua terra e cultura e, posteriormente, dizimados, restando hoje uma população muito pequena desse, isolada em áreas de reserva. Esse primeiro processo de ocupação do Brasil por povos estrangeiros ocorreu majoritariamente no Nordeste. Nessa região, em outro período histórico houve também invasões holandesas e francesas, porém em número menos expressivo. 
As primeiras movimentações de populações estrangeiras após o descobrimento ocorreram por navegação marítima e, primeiramente, em estados banhados pelo Oceano Atlântico, principalmente nas Regiões Sudeste e Sul. Essas correntes migratórias foram as mais importantes e conhecidas, com predominância italiana, alemã e portuguesa. 
Os primeiros italianos que chegaram ao Brasil vieram para fugir de uma guerra no país, e o segundo movimento migratório dessa população por estímulos do governo brasileiro da época, com incentivos para que se formasse um mercado consumidor interno após a abolição da escravatura. 
Essa contextualização histórica torna-se importante para que os estudantes compreendam que a formação populacional dos espaços aconteceu com a mistura de várias culturas, em uma época em que houve a ocupação de terras por essa população, que veio para o Brasil, primeiramente a trabalho, em um ofício basicamente instrumental, mas que com os ganhos oriundos da atividade laboral puderam também constituir-se como proprietários e gerar lucro e trabalho a outros. 
Houve muitos casos de famílias que, à época, sem concluir a escolarização básica, conseguiram se sobressair como produtores rurais e, assim, investir na educação das gerações futuras, bem como aqueles que se mantiveram apenas como trabalhadores, garantindo a própria subsistência e da família sem grandes progressos (DE OLIVEIRA, 2016). 
Para ressaltar ainda mais as diferenças entre os contextos das correntes migratórias, temos o exemplo da migração japonesa, em que o governo incentivava a emigração de seus habitantes por conta da falta de terras agrícolas para cultivo e da grande densidade demográfica do país. Os japoneses, então, vieram para o Brasil com o conhecimento e um planejamento de cultivo de chá e arroz, o que pareceu ser um processo de mudança mais planejado do que o da população de outros países. 
Esses dados são importantes na contextualização atual das sociedades no Brasil, em que houve também o movimento da população da zona rural para a zona urbana, que ocorreu durante o processo de industrialização com técnicas cada vez mais modernas de plantio, colheita, manejo de rebanhos, o que diminuiu a necessidade de mão de obra e levou a população a se reorganizar de outra maneira (ZAMBERLAM, 2004). 
Também se destaca a movimentação da população nordestina que, fugindo da seca e das poucas oportunidades, instalou-seem grandes centros urbanos na tentativa de conseguir um trabalho, o que contribuiu para aumento de taxas de desemprego e para a gritante desigualdade social. Essa situação mostra que não se trata somente de sair de um lugar e instalar-se em outro, principalmente, quando se analisa o tema sob o viés social e o impacto que isso causou.
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💭 Reflita 
O Brasil é um país de dimensões continentais, que foi se desenvolvendo com a chegada de populações de diferentes nacionalidades. Houve grande ganho econômico, pensando no desenvolvimento do país à época em que ocorreram essas colonizações, mas não podemos deixar de refletir sobre como se estabeleceram as relações nesse contexto. 
Apesar de grande parte dos imigrantes chegarem aqui em busca de trabalho, como forma de se estabelecerem em um local que oferecia melhores oportunidades, muitas vezes, ignora-se que havia habitantes no Brasil no momento de sua “descoberta”. Essa população vivia de forma organizada e em harmonia com o espaço que ocupava, o que a caracterizava como uma sociedade estruturada; ainda que não apresentasse um desenvolvimento aos moldes europeu em uma época em que o mundo não era globalizado como hoje e em que as culturas eram mais fechadas em si mesmas e aos lugares a que pertenciam. Esses habitantes foram despidos de sua cultura e organização em uma relação desigual de luta pelo espaço. 
A sociedade brasileira foi formada, em diversos níveis, por relações desiguais. Ao passo que a maioria dos imigrantes chegaram aqui em busca de uma realidade melhor que a apresentada por seus países, nem todos chegaram ao Brasil voluntariamente. Os africanos trazidos escravizados para o país hoje formam a maioria da população brasileira em número, porém é a que, historicamente, têm menos acesso a oportunidades de ascensão econômica e social. Essa desigualdade é vivenciada desde que o Brasil se constituiu como nação. 
O desenvolvimento de uma sociedade industrializada, que cria postos de trabalho cada vez mais especializados e exige formação técnica cada vez mais específica, aumenta ainda mais o abismo social. Nesse contexto, apenas alguns têm acesso a serviços básicos, como educação, saúde e saneamento básico; outros, de maior renda, conseguem garantir a saúde e a educação de forma privada. Há, ainda, aqueles que acessam esses direitos de forma muito básica, sendo que em alguns lugares, nem acessam. 
Quando garantimos a equanimidade em uma sociedade, garantimos que as pessoas tenham oportunidades de modificar sua condição de vida em igualdade de condições e direitos. A educação é um dos principais pilares, se não o primordial, para que as condições de lutar por um destino e futuro melhores sejam iguais em todos os estratos sociais.
Como abordar as temáticas na educação infantil nos anos iniciais do ensino fundamental?
Atrelar o sentido de mudança ao sentido de troca é essencial para que crianças no início da escolarização formal entendam o conceito de migração. A BNCC preconiza que os conteúdos sejam sempre tratados considerando os conhecimentos prévios das crianças, o seu contexto, principalmente no trabalho com os mais novos. 
Ao abordar o tema “migrações”, associando-o ao campo das relações e considerando que cada indivíduo tem sua história e vai carregá-la consigo durante toda vida; o professor traz o aspecto significativo ao trabalho pedagógico, essencial para a sistematização de alguns conceitos com estudantes menores (PINO, 2010). Dessa forma, torna-se a aprendizagem uma construção significativa.
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📝Exemplificando 
Resgate de brincadeiras antigas 
Na educação infantil algumas brincadeiras antigas podem ser resgatadas no trabalho com o tema da migração, destacando suas origens. As cirandas, por exemplo, têm origem portuguesa, e a brincadeira com bolinhas de gude tem origem no Império Romano. Outro exemplo é o hábito de sentar em roda para conversar, tão utilizado nas salas de educação infantil, tem origem indígena. Alguns comportamentos corriqueiros que fazem parte da história do país e, portanto, da história de cada uma das crianças.
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A análise de documentos também apoia a pesquisa e a discussão sobre a origem e as contribuições de cada família na formação da comunidade em que se convive, bem como a manutenção das tradições do país de origem dentro da família. 
É preciso sempre levar em consideração o nível de desenvolvimento e de compreensão das crianças acerca do tema trabalhado, permitindo uma elaboração contextualizada do que está sendo tratado, possibilitando uma sistematização gradual de todos os aspectos inerentes ao conteúdo. 
O aprofundamento do professor com relação à temática e às discussões envolvidas é de fundamental importância para sua atuação como mediador do conhecimento. Ele pode, e deve promover reflexões sobre a temática, levando os estudantes, desde os pequenos até os maiores, a compreender o contexto de forma crítica, consciente e curiosa.
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➕ Pesquise mais 
Para conhecer possibilidades de trabalho com o tema migração tanto na educação infantil quanto nos anos iniciais do ensino fundamental, leia o artigo publicado pela Nova Escola intitulado: Diversidade étnico-racial: por um ensino de várias cores. 
Quais as possibilidades do uso da tecnologia digital ou não no estudo das mudanças e permanências?
O uso de tecnologias digitais ou não pode ser sempre um aliado do trabalho pedagógico. Em relação ao tema central desta aula, é possível fazer pesquisas sobre origens familiares, sobre os aspectos sociais dos locais pesquisados e sobre o impacto social da migração. 
Como meio de pesquisa, a tecnologia digital ou não é uma importante ferramenta para buscar conhecer os aspectos culturais e sociais dos locais que se pesquisa, uma vez que as informações chegam em tempo real na internet, o que possibilita um saber mais detalhado em relação à pesquisa bibliográfica ou mesmo em exemplares periódicos, como revistas, científicas ou não, e jornais, por exemplo. 
Como meio de promover a atuação e o protagonismo, é possível pensar na criação de fóruns com o objetivo de planejar e implementar ações que visam à diminuição de preconceitos por conta da origem das pessoas, possibilitando discussões e ações contextualizadas que podem partir de demandas locais, a fim de promover um melhor manejo dessas situações em termos globais.
Também envolve o uso de tecnologias para orientação de crianças e jovens em relação ao uso de redes sociais, uma vez que são frequentes os casos em que o preconceito e o bullying são disseminados por essa via. A tecnologia é forte aliada no trabalho em relação à educação para a diversidade, que é presente em todos os contextos e círculos sociais, devendo ser um pilar para uma educação que realmente abrace todos os estudantes. 
Outra sugestão bacana é identificar as regiões e países dos imigrantes no Brasil por meio de mapas on-line e da visão de satélite que o google maps proporciona. Esse acesso pode ser realizado até por aparelhos remotos e várias possibilidades podem surgir a partir dessa prática.
Quais as possibilidades de trabalho interdisciplinar com a temática e como avaliá-la?
A abordagem interdisciplinar sobre a temática da migração tende a enriquecer a construção do conhecimento sobre o tema. Na área de linguagens, pode-se estudar a origem das palavras, os diferentes sotaques, extrapolando esses saberes para a melhoria de condições de vida através do manejo correto na agropecuária, dos avanços técnicos científicos, como as vacinas e a criação de medicamentos, e as descobertas científicas feitas no Brasil por cientistas estrangeiros e cientistas brasileiros no exterior.
O material sobre essas abordagens é vasto e facilmente encontrado na internet, o que possibilita o trabalho nas diferentes áreas e componentes curriculares e a compreensão dos processos de migração pelo aspecto da transformação social (CASTLES, 2010). 
Muitas são as possibilidades de trabalho interdisciplinar e transdisciplinar com a temática em questão. Alguns exemplos:
· no campo das artes e das linguagens: confecçãode mapas; o trabalho corporal com as danças típicas; músicas; hábitos; costumes de cada povo, entre outros;
· no campo da matemática: trabalho com datas; porcentagem; gráficos; dados sobre a emigração e imigração durante a história, entre outros; e
· no campo da religião: estudos e pesquisas sobre os costumes religiosos de cada povo.
Há, ainda, muitas possibilidades com o trabalho de forma transversal que poderão ser abordadas em diferentes componentes, incluindo as temáticas de diversidade cultural, etnia, desigualdade social, entre outros. Em relação à avaliação, é necessário observar se os estudantes conseguiram elaborar uma compreensão do tema que englobe os aspectos culturais, sociais, políticos e econômicos das migrações, elencando os motivos pelos quais esse processo ocorreu, sob quais condições e as suas consequências. 
O processo de avaliação deve ser capaz de identificar como aconteceu o processo de construção do conhecimento, o desenvolvimento de atitudes e valores com relação à temática e as discussões que a envolvem; além de promover correções no percurso, garantindo as aprendizagens necessárias. 
Vimos nesta aula como o trabalho com o tema de mudanças e permanências é rico e prescinde de uma reflexão da realidade atual comparada às características históricas sobre o tema. Essa abordagem possibilita aos estudantes a compreensão de aspectos que vão além da formação de um novo grupo de pessoas, dando base à percepção de que as mudanças que resultaram dos processos de migração compreendem aspectos geográficos, históricos, culturais e, principalmente, sociais. 
O desenvolvimento do trabalho deve sempre possibilitar aos estudantes situarem-se como parte integrante do mundo, como agentes transformadores e responsabilizá-los pelas mudanças sociais que são urgentes nos dias atuais.
Conclusão
A proposta da professora Viviane é a de que seus estudantes possam, por meio de diferentes materiais, compreender os processos de migração de forma completa, levando em consideração os contextos sociais, culturais e históricos do país de origem, que constituem os motivos que levaram as populações a se deslocarem para outro lugar. No entanto, além desses motivos, é necessário compreender, também de forma global, as condições do país que recebe esses povos. 
Compreender a formação de sociedades de forma dinâmica é o ponto de partida para a compreensão dos problemas sociais e culturais que nosso país enfrenta. Considerar as correntes migratórias de forma não integrada pode dar a falsa impressão de que as culturas se uniram e se acomodaram, sem nenhum ponto de tensão, e sabemos que não foi isso que ocorreu de fato. Daí a importância de conhecer diferentes visões e discursos sobre o tema. 
É importante trabalhar o conteúdo a partir do interesse dos estudantes, propiciando a discussão por meio de filmes de ficção, documentários, livros biográficos, autobiográficos, de ficção ou obras que tratam especificamente desse aspecto da história. As discussões acerca do tema aprofundam o conhecimento prévio dos estudantes, dando margem a discussões importantes sobre concentração de riquezas, acesso a bens e serviços, acesso à educação e à saúde e, consequentemente, a forma atual de interação entre os membros das comunidades e sociedades. 
Compreender a história do país de forma abrangente e não fragmentada é importante, pois é a partir da educação que se conhece a diversidade de pensamentos e o respeito a este aspecto importante da constituição humana. É também através da educação que se pode planejar e atuar na diminuição de diferenças tão desconcertantes entre parcelas da população. 
Reconhecer-se como sujeitos de direito também envolve reconhecer-se como garantidor de direitos de seus pares, e essa dinâmica somente é possível quando se conhecem todos os aspectos da sociedade em que esses sujeitos convivem. 
O trabalho com esse tema pode ser sistematizado de diversas maneiras, tais como material informativo acerca da constituição da comunidade escolar e do entorno (sobre a origem familiar dos estudantes e contribuições culturais de cada uma, por exemplo), manifestos acerca dos estratos da população que vivem uma situação histórica de preconceitos e cerceamento de direitos, criação de grupos de discussão acerca de aspectos levantados neste manifesto, sugestão de políticas que minimizem as diferenças sociais e culturais. O importante é que os estudantes tomem parte da discussão para que reconheçam-se como agentes de mudança da realidade. 
Unidade 4 / Aula 3 - Relações humanas e mudanças
Introdução da aula
Qual é o foco da aula?
Nesta aula, você aprenderá sobre tecnologias, comunicação e a conexão entre lugares distantes.
Objetivos gerais de aprendizagem
Ao longo desta aula, você irá:
· usar diferentes documentos de registro em sala de aula;
· descrever os diferentes meios de comunicação utilizados atualmente ;
· explicar as relações humanas e a comunicação globalizada.
Situação-problema
Olá, estudantes!
Vivemos hoje em um mundo que permite a comunicação e a interação imediata entre pessoas de todos os lugares do mundo. Essa possibilidade é resultado de avanços em diversas áreas da tecnologia, que têm sua marca na história, principalmente no que diz respeito ao transporte e à comunicação, áreas em que é marcante a conexão entre lugares distantes e que motivam o crescimento econômico dos países, possibilitando melhorias importantes em todas as áreas de conhecimento. 
Com o objetivo de integrar os conhecimentos e as competências trabalhados nos anos anteriores, a professora Maria, do 5º ano, está abordando com seus estudantes a comunicação globalizada, estendendo as discussões com sua turma aos diferentes instrumentos (“gadgets”) que possibilitam essa comunicação, estudando o impacto da cultura, das relações de trabalho e também das relações humanas nesse contexto. 
Diante disso, como a professora Maria pode desenvolver a temática com os estudantes? Poderá trabalhar em forma de projetos? Quais os caminhos e as possibilidades de atividades? Visando ampliar a discussão sobre esse tema e possibilitar aos estudantes uma adequação em relação aos projetos desenvolvidos no que diz respeito aos objetivos das atividades, é preciso pensar, por exemplo, nos meios de comunicação mais utilizados na atualidade, seus fins, possíveis obstáculos à efetivação da comunicação, de forma contextualizada e comparada com os meios utilizados em relação a períodos anteriores. 
É importante, também, levar em conta a finalidade do processo comunicativo e observar a adequação do meio de comunicação ao seu objeto, considerando as formas de registro. Outro aspecto importante a ser considerado é o fato de que os estudantes desta geração já nasceram em uma sociedade conectada virtualmente, impactando o trabalho do professor que nasceu em outro contexto. 
O trabalho do professor deve ser o de utilizar os novos recursos como aliados de seus estudantes, porém com objetivos conscientes e críticos sobre o uso da tecnologia na educação. Como exemplo, a “hiperconectividade” pode também trazer aspectos relacionais negativos, e saber lidar com todas as demandas advindas desse novo jeito de se relacionar, refletindo com os estudantes sobre seus benefícios e malefícios.
Trabalhar o contato, ainda que virtual, com realidades sociais que talvez nunca chegassem ao conhecimento dos estudantes se não fosse pela facilidade de acesso às informações que temos hoje é desafiador e compõe uma experiência rica, desde que explorada em todas as suas possibilidades. 
Bom trabalho!
Utilização de diferentes documentos de registro, tais como jornais, revistas, cartas, telegramas, para conhecer diferentes tipos de registro de informação
Como já pudemos observar nas aulas anteriores, a utilização de diferentes documentos para contextualização de um tempo/espaço que pode ter sido vivenciado ou não pelos estudantes constitui um procedimento bastante rico de estruturação temporal e espacial dos objetos de conhecimento. Esses materiais trazem consigo uma narrativa pessoal, pertencenteao estudante, que é também, por sua vez, um objeto importante na construção do conhecimento. 
Ainda que essa narrativa tenha sido transmitida por outras pessoas, ao tomar posse do objeto de registro e da sua história, o estudante passa a trazer sua impressão acerca desse material e sua própria narrativa passa a fazer parte do objeto, em uma forma de demonstrar o conhecimento acerca do tempo (História) e do espaço (Geografia) como algo dinâmico e dependente das narrativas para se constituir (ANTUNES, 2001).
A passagem do tempo pode ser demonstrada de diferentes formas, e dependendo do espaço temporal escolhido, sempre haverá diferentes instrumentos destinados ao registro de informações, que podem ser classificados de acordo com sua finalidade, público-alvo e função social (documentos oficiais, jornais e revistas destinadas a diferentes públicos). 
A geração anterior à das crianças que hoje frequentam a primeira etapa do ensino fundamental ainda viveu sob a égide dos registros em papel, com diferentes finalidades. Jornais de grande circulação, revistas semanais de notícias, política, além daquelas destinadas a um segmento específico da população, ainda que sem caráter científico (revistas sobre economia, investimentos, estudo de línguas, destinadas a adolescentes e adultos jovens), eram formas de obter informação em uma época em que não havia a difusão de informações como conhecemos hoje, que acontece em tempo real em espaços virtuais (sites) que se dividem como se segmentavam as revistas impressas anteriormente. 
A realidade é que houve uma transição entre o tempo em que os registros e a comunicação não tinham outra forma de ocorrência para um período em que o avanço tecnológico tornou possível, e mais barato, o acesso às tecnologias de informação e isso afetou diretamente a forma de comunicação entre as pessoas. 
Mesmo que algumas pessoas e empresas ainda façam uso do sistema postal, como forma de garantir o registro de recebimento de avisos (no caso de telegramas e cartas registradas, por exemplo), isso é feito mais pelo registro físico de que a comunicação foi, ao menos minimamente, oficializada do que pela rapidez nesse processo.
A guarda desses registros também ocorre muito pela questão afetiva atrelada a essa forma de comunicação, e mesmo meios oficiais de comunicação, ainda que sejam registrados em documentos “físicos”, como jornais e diários oficiais, por exemplo, são publicados na rede de computadores.
Comparação dos registros com os meios de comunicação utilizados atualmente e a produção dos recursos necessários para uma comunicação globalizada
Atualmente, com a exceção de documentos oficiais, o papel como suporte de documentação e registro tornou-se obsoleto. Recentemente houve o fechamento de grandes grupos editoriais por conta da baixa procura por materiais de informação em sua versão impressa. Isso aconteceu também com as formas de comunicação entre as pessoas, em que o aumento da oferta de um serviço telefônico, que passou a ser menos dispendioso, fez com que elas abandonassem a comunicação por cartas e telegramas, e o advento da comunicação via internet fez as cartas escritas à mão serem substituídas pelos e-mails, mensagens e WhatsApp, devido à rapidez e facilidade de acesso.
Primeiramente, a globalização se refere à rede de produção e troca de mercadorias que se estabelece em nível mundial. Também designa o fenômeno do intercâmbio político, social e cultural entre as diversas nações, atualmente intensificado pelas profundas transformações decorrentes da aplicação das inovações científicas e tecnológicas na área da comunicação (SANTOS, 2001).
Se por um lado, em relação à comunicação, o termo globalização pode ser aplicado no que diz respeito ao fomento de espaços virtuais onde se disponibilizam as informações, com facilidades de acesso a todos que tiverem condições instrumentais de acessá-las (computador com acesso à internet, uma rede de dados que suporte tal navegação, por exemplo), por outro há que se pensar em uma parcela da população, não somente no Brasil, sem condições mínimas para realizar esta conexão com os dados disponibilizados. 
Haesbaert e Limonad (2007) apresentam que a globalização convive de maneira muito próxima com seu extremo oposto, a fragmentação das populações. O mesmo se vê, indo além da comunicação, o acesso a outros serviços de grande necessidade, tais como saúde e educação, o que é comum em territórios de extrema pobreza em que não se tem garantido o mínimo necessário para a subsistência.
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💭 Reflita 
Praticidade advinda da tecnologia 
Com as tecnologias fazendo cada vez mais parte da vida das pessoas na atualidade, é natural que elas ocupem espaços que antes eram ocupados pelas relações humanas. É inegável a facilidade para poder fazer compras, comunicar-se, interagir, resolver problemas cotidianos sem precisar sair de casa ou do trabalho. No entanto, quando a tecnologia deixa de ser uma ferramenta para ser a única via de contatos, ou o único contato das pessoas com algumas formas de cultura, cada vez mais cedo as crianças têm contato com aparelhos eletrônicos e, mesmo sem ignorar os benefícios que a tecnologia traz, inclusive no que diz respeito à educação, não é raro que ela seja encarada como substituta em atividades onde a interação com outras pessoas traria mais benefícios. 
São numerosos os estudos que tratam das consequências da exposição de crianças ainda muito pequenas com celulares e jogos eletrônicos, inclusive descrevendo atrasos na aquisição de habilidades motoras. A reflexão é necessária no sentido de observar se a quantidade e a qualidade de estímulos é apropriada em uma fase em que o contato com pares da mesma idade e com adultos cuidadores traria um desenvolvimento mais adequado à idade. Não se trata de coibir o uso das tecnologias, certo? Elas estão presentes no dia a dia de todos e promovem muitos benefícios. A necessidade mais presente é a de observar se a tecnologia está sendo usada como suporte ou como substituto nas relações.
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Segundo Bergmann (2007), o espaço da internet é o lugar onde:
· as relações humanas acontecem na atualidade;
· funciona a humanidade, e nele se perdem as noções de territorialidade, de limites espaciais, pois as relações acontecem em um lugar virtual;
· conectam-se aqueles que estão se comunicando, tornando mais forte o sentido de globalização como ação que une o mundo todo em um só lugar.
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🔁 Assimile 
Ciberespaço 
O termo ciberespaço foi criado pelo autor de ficção científica William Gibson, em 1984, no seu livro “Neuromancer” e designa um espaço virtual onde a circulação de dados e as relações sociais ocorrem indiscriminadamente, ou seja, um lugar de trocas simbólicas que interfere na cultura dos envolvidos nessa relação. Apesar de ter sido criado em uma época onde essa realidade seria ainda somente ficção, sabe-se que hoje em dia essa situação é uma realidade, e que interfere nas relações humanas. Deriva desse termo a definição de cibercultura, que é a criação de uma cultura que ocorre em ambiente virtual, através da troca de informações nessa comunidade estabelecida na rede.
Como abordar as temáticas na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental?
A ideia de uma comunicação globalizada que dá outra forma às relações humanas é um tema que faz parte da vida das crianças dessa geração desde muito cedo. É comum a comunicação de crianças pequenas com parentes e amigos por meio da tecnologia desde que aprendem a comunicar-se. Trabalhar esse tema, dessa forma, a partir da realidade das crianças, é a maneira mais eficiente de fazê-lo. 
Trazer a questão da proximidade física e da aparente proximidade que a tecnologia proporciona, de forma comparativa, pode constituir o caminho do fazer pedagógico sobre esse tema, levantando as facilidades e dificuldades das diferentes formas de comunicação e espaços onde a comunicação ocorre. 
Levar os estudantes a comunicarem-se por meio de cartas, bilhetes, simulações de telefonemas e troca de mensagens digitais e e-mails faz com que percebama diferença entre cada tipo de comunicação utilizada atualmente e em outros tempos, possibilitando a comparação e o levantamento de vantagens e desvantagens de cada um deles. 
Qual meio de comunicação é mais fácil de ser utilizado antes da efetivação da alfabetização? Classificá-los de acordo com a formalidade, com a possibilidade de registros, qual abrange mais grupos sociais quando utilizados – em termos de difusão do uso em todos os grupos sociais, em termos da facilidade de acesso. 
Essa discussão traz à tona aspectos sociais e culturais da comunicação, que transcendem a questão do tempo e do espaço, possibilitando situar a comunicação e as relações humanas, de forma a trabalhar com isso em toda sua possível abrangência, com um crescente incremento no grau de dificuldade que permite uma construção cada vez mais autônoma do conhecimento, conforme preconiza a BNCC.
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📝 Exemplificando 
Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) 
A utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na sala de aula não é exclusividade dos dias atuais. O uso de aparelhos de som, vídeos, projetores e de computação em atividades pedagógicas existe como recursos de ensino há bastante tempo. 
A tecnologia em si não atrapalha o trabalho pedagógico, mas o acesso irrestrito e não supervisionado a informações, pelas crianças, pode ser prejudicial. Por isso, o papel do professor é tão importante, no sentido de orientar o estudante a refletir sobre as informações, de forma cada vez mais autônoma. Já que a tecnologia faz parte da vida das crianças da atualidade desde muito cedo, torna-se função importante da escola formar estudantes críticos acerca das informações disponíveis na rede.
Quais as possibilidades do uso da tecnologia digital ou não no estudo das relações humanas e mudanças?
O trabalho com esse tema prescinde de documentos e modelos de documentos para tornar concreta a passagem e a marcação do tempo em relação às mudanças na forma de as pessoas relacionarem-se, comunicarem-se e de como isso tem impacto nas configurações da sociedade ao longo dos tempos.
Uma comparação em documentos oficiais, como a certidão de nascimento, por exemplo, possibilita a análise do uso de tecnologias e a diferença entre os documentos de duas gerações distintas. Nas gerações anteriores à dos atuais estudantes da primeira etapa do ensino fundamental o documento era feito à mão ou datilografado, sendo a máquina de escrever uma tecnologia que foi utilizada por muitos anos. Já há alguns anos este documento é digitado em um computador e impresso. 
Tal comparação também é possível quando analisamos outros tipos de materiais, como revistas, livros e jornais. A passagem do tempo é marcada pelos instrumentos e atividades humanas. Observa-se diferenças nos brinquedos, nas brincadeiras, nos eventos de lazer e nas estruturas sociais, como a família, a escola e a comunidade. 
Levar os estudantes a refletirem e questionarem sobre as diferenças entre as maneiras de se relacionar experimentadas pelas gerações passadas e as maneiras com que se relacionam na atualidade compõe o substrato para o estudo da passagem do tempo e as mudanças das relações ao longo dele, e como estas relações foram impactadas pela passagem dos anos, com a tecnologia cada vez mais presente na vida das pessoas, observando e refletindo sobre o quanto este instrumento pode aproximar pessoas distantes e, ao mesmo tempo, afastar virtualmente aqueles de convivência geograficamente próxima.
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➕ Pesquise mais 
O artigo/plano de aula sugerido aborda algumas possibilidades do trabalho com as temáticas espaço, tempo e transformações sociais e tecnológicas. Não deixe de ler! Uma viagem no tempo e no espaço. 
Quais as possibilidades de trabalho interdisciplinar com a temática e como avaliá-la?
O trabalho com esse tema deve ser prioritariamente interdisciplinar. No trabalho com as linguagens adequadas a cada tipo de situação ou meio de comunicação trabalha-se a norma culta da língua, os regionalismos e a linguagem coloquial, refletindo sobre o tempo e os locais adequados a cada tipo de linguagem. Trabalha-se a questão das ciências quando tratamos de outros avanços tecnológicos que tornaram possíveis a promoção da saúde, a difusão científica em diversas áreas do conhecimento. 
Na área de matemática é possível trabalhar o cálculo de distâncias, tempo gasto na comunicação por meios não digitais, custos da tecnologia, planejamento de ações de economia de energia e gestão de tempo. Importante salientar o trabalho interdisciplinar na construção dos conhecimentos pelo estudante, abordando os temas de forma contextualizada, o que faz com que os estudantes tenham mais facilidade para fazer inferências acerca dos assuntos trabalhados, ligando os conhecimentos acadêmicos à vida prática. 
Em relação à avaliação, esta deve ser contínua, formativa e deve promover a construção do conhecimento de forma lógica e crítica, nos diferentes momentos do processo de ensino e aprendizagem, diversificando as estratégias a fim de identificar o desenvolvimento não somente do conhecimento, mas de outros saberes interligados à temática e fundamentais para a formação de um cidadão crítico, consciente e capaz de promover transformações. 
Observamos, nesta aula, a maneira pela qual a sociedade se transformou a partir dos avanços tecnológicos, e como estas influenciaram na forma que as sociedades interagem entre si e com as outras. Esse rompimento virtual de barreiras, que traz benefício quando considerada a partir da possibilidade de novas culturas e formas de conhecimento, que não seria possível se não fossem as inovações tecnológicas, pode trazer também alguns riscos se não forem observados cuidadosamente, como os aspectos sociais e culturais.
É natural que os cuidados com aspectos de conservação do planeta visem a ações que tenham resultados globais, mas a facilidade de acesso a informações e realidades fisicamente distantes pode diminuir o planejamento de ações locais de intervenção e, por isso, o papel do professor é auxiliar os estudantes a pensarem na comunidade local, utilizando exemplos bem-sucedidos de práticas de outros lugares.
Conclusão
Como vimos no diálogo aberto, com o objetivo de integrar os conhecimentos e as competências empregados nos anos anteriores, a professora Maria, do 5º ano, está trabalhando com seus estudantes a comunicação globalizada, estendendo as discussões com sua turma de estudantes aos diferentes instrumentos (“gadgets”) que possibilitam essa comunicação, estudando o impacto cultural, de relações de trabalho e também das relações humanas nesse contexto. 
Portanto, como a professora Maria pode desenvolver a temática com os estudantes? Poderá trabalhar em forma de projetos? Quais os caminhos e as possibilidades de atividades? Como forma de sistematizar esses conteúdos, Maria propõe uma pesquisa sobre as relações de consumo por meio da história, o que obrigatoriamente passa também pelas relações humanas. Contextualizar o uso das tecnologias com estudantes de uma geração que já nasceu conectada é extremamente importante. 
A facilidade de acesso às informações é uma das características da contemporaneidade, e saber filtrar essas informações para otimizar o uso das tecnologias é um dos desafios impostos aos estudantes atualmente. Saber reconhecer que nem todas as fontes de informação são confiáveis e acessar as informações de forma ética prescindem de reflexão, um processo que faz parte do trabalho do professor. 
Possibilitar aos estudantes um espaço em que esses conceitos podem ser discutidos no sentido de melhorar sua relação com as tecnologias é um dos caminhos que o docente pode tomar para trabalhar os conteúdos de forma eficaz, proporcionando uma crescente autonomia aos estudantes. 
O acesso facilitado a materiais sobre conteúdos escolares e sobre atualidades, sendo assuntos referentes ou não à educação formal, em diferentes suporte (como vídeos, músicas, sites de informações e entretenimento), deve ser complementado com pesquisas a materiais bibliográficos, impressos,ou digitais, de base científica. 
De posse da informação coletada autonomamente pelo estudante, comparada à informação sugerida pelo professor, é possível fazer uma reflexão crítica acerca de diversos assuntos e elaborar uma forma própria de construir conhecimentos acerca dos temas trabalhados para, no futuro, saber reconhecer fontes confiáveis de informação.
Em relação ao convívio social, que hoje acontece prioritariamente pela internet, é necessário discutir os diferentes níveis de informação na esfera da ética, pois informações falsas, de fontes pouco confiáveis, podem causar danos físicos e psicológicos a pessoas que não têm capacidade crítica ao tomar contato com diferentes tipos de informação. 
Não se trata, portanto, de discutir os aspectos positivos e negativos apenas do uso dos componentes eletrônicos em situações educacionais ou de interação social, trata-se de encontrar um equilíbrio para que essa interação, que pode parecer isenta de riscos por conta do espaço virtual em que acontecem, ocorra com o mínimo dano para as partes envolvidas.
A escola, por padrão, busca limitar o uso das tecnologias em seu espaço físico, delimitando horários e situações para seu uso, sempre sob supervisão. No entanto, não podemos perder de vista que as relações educacionais que se estabelecem fora dos portões da escola também se constituem como espaços de formação, devendo orientar os estudantes sobre esse aspecto da educação e sobre suas relações. 
Em relação aos conteúdos formais do ensino, é necessário conduzir os estudantes a buscarem as informações em diferentes fontes, incluindo as digitais, de forma que eles possam obter autonomia no contato e no tratamento das informações, sob supervisão do professor, em grupos ou individualmente. 
Além disso, orientá-los em relação ao registro dos dados obtidos em pesquisa de forma autoral, discutindo ao longo do texto com as informações coletadas, promove o desenvolvimento da escrita autoral e o desenvolvimento de uma linguagem acadêmica com respeito à norma culta da língua, de forma interdisciplinar.
Referências
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