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Teorias da comunicação Aula 8: Edgar Morin: cultura de massa e os novos olimpianos Apresentação Morin abordou a temática da cultura das massas, percebendo um diálogo entre a cultura massiva e outras formas culturais, como a familiar, religiosa, a nacional, entre outras, em um processo de in�uência mútua. A cultura de massa teria o poder de seduzir, em vez de impor, como em outras con�gurações culturais mais tradicionais. Daí viria sua força e seu ímpeto de criar representações culturais da felicidade. O conceito de novos olimpianos também foi desenvolvido por Morin, para re�etir acerca dos ícones explorados pelas indústrias cinematográ�cas e publicitárias. Veremos nesta aula que os olimpianos não são deuses no sentido literal do termo, mas uma espécie de humanos com uma áurea divina. É devido a essa natureza dupla que os olimpianos realizam um importante movimento na cultura de massa: a projeção e a identi�cação. Objetivos Reconhecer quem foi Edgar Morin; Descrever sua perspectiva de meios de comunicação de massa como promotores da felicidade; Relacionar o conceito de novos olimpianos aos nossos ídolos atuais. Edgar Morin Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Edgar Morin nasceu em 1921 e dedicou boa parte de seus estudos à cultura de massas, embora o cerne de suas preocupações sempre tenha sido propriamente a cultura, ou, nas palavras de Wolf (1994), “a de�nição da nova forma de cultura da sociedade contemporânea”. Morin é um autor de difícil apresentação, pois o mesmo era licenciado em História, Geogra�a e Direito, se autointitulando “contrabandista de saberes”. Essa formação transdisciplinar é fundamental para compreender Morin, que transitava e articulava saberes de campos distintos, e acabou gerando também uma confusão, com alguns o compreendendo enquanto sociólogo, �lósofo ou antropólogo. Edgar Morin. Fonte: https://www.fronteiras.com/conferencistas/edgar-morin Saiba mais Morin possui mais de 50 obras publicadas, sendo uma de suas principais o livro O Espírito do Tempo (1965), que, no Brasil, ganhou o título de Cultura de Massas no século XX (1970), tendo sido dividido em dois volumes: Neurose e Necrose. Esse título é uma referência, embora irônica, à expressão usada pelo �lósofo alemão Friedrich Hegel (“espírito do tempo”), para se referir ao conjunto de princípios de uma determinada época, responsável por dar características semelhantes às várias formas da cultura de um tempo. Isso vai ao encontro da percepção de Morin acerca da comunicação de massa, já que o autor advogava a favor de pensar a comunicação associada a outros problemas, evitando percebê-la de forma fragmentada. Na realidade, esse ímpeto em entender os problemas de uma forma complexa perpassou toda a produção intelectual de Morin, o que nos remete novamente à importância da interdisciplinaridade e articulação de saberes distintos para o autor. Estudos da cultura de massas A novidade dos estudos da cultura de massas, a partir de 1960, foi estudá-la de maneira crítica, tendo como base a leitura dela própria. Tomando emprestado o pensamento de Sá Martino (2014), podemos dizer que Morin identi�ca na cultura de massa as novas formas do imaginário do século XX, por isso a noção de “ espírito do tempo”. O objetivo do “espírito do tempo” é encontrar as fórmulas e estruturas geradoras da produção cultural. "No começo do século XX, o poder industrial estendeu-se por todo o globo terrestre. As colonizações da África, a dominação da Ásia, chegam ao seu apogeu. Eis que começam nas feiras de amostras e máquinas de níqueis a segunda industrialização, a que se processa nas imagens e nos sonhos. A segunda colonização não mais horizontal, mas desta vez vertical, penetra na grande reserva que é a alma humana." - MORIN, 1977, p.13. Atenção Ou seja, para o pesquisador francês a indústria cultural não está ligada exclusivamente ao capitalismo, mas a todo e qualquer sistema de colonização e, por isso mesmo, parte de uma produção controlada por questões externas à simples criação artística. Isso �ca evidente na primeira parte do livro, a que Morin denomina de “A integração Cultural”. 1 Para Morin (1977, p. 15), a cultura de massas “constitui um corpo de símbolos, mitos e imagens concernentes à vida prática e à vida imaginária, um sistema de projeções e de identi�cações especí�cas”. Ou seja, é muito mais da mentalidade do século XX do que de um regime econômico especí�co. 2 Morin buscava extrapolar uma visão meramente crítica dos meios de comunicação, se esforçando para compreender arelação da mídia com a própria cultura e sociedade, a partir dos imaginários vigentes. 3 Ele aponta que a cultura de massa surge a partir da década de 1930, nos EUA, e abarca o mundo ocidental. Há umamudança no mundo do trabalho, que deixa de ser tão físico e passa a ser desprovido de autonomia e criatividade. As classes trabalhadoras passam a ter uma vida fora da esfera do trabalho, ou, nas palavras do autor, a “seiva da vida encontra novas irrigações fora do trabalho, e as vivências vão se refugiar no lazer e vida privada” (Morin, 1977, p.89). O emprego do conceito cultura de massas, à luz de Morin, se relaciona intimamente com o novo padrão de vida das massas urbanas, pois estas ingressam no universo do lazer, bem-estar, e consumo, antes exclusivos da burguesia. Com o lazer e o entretenimento, as atividades de descanso passam a ser recheadas de novos hábitos veiculados pela cultura massiva. Ou seja, a dinâmica da criação cultural é vinculada à lógica de produção em série. O tipo fundamental de comunicação é o espetáculo, com destaque para o audiovisual como o principal veículo, a partir do estímulo ao lúdico, jogos, curiosidades, temas apelativos, ou seja, uma cultura do lazer, de forma mais geral. “Dialética da projeção-identificação” Clique no botão acima. “Dialética da projeção-identi�cação” Nesse ponto é importante recorrermos ao conceito de “dialética da projeção-identi�cação”, categoria cunhada por Morin. A indústria cultural tenderia a atender aos anseios da massa, incluindo esses desejos nos produtos intangíveis, o que permitiria ao público uma identi�cação com o consumido. A partir da �gura dos sósias ─ representações nas tramas que possibilitam alguma ligação com a realidade das massas, exprimindo suas aspirações e recalques─, o homem médio conseguiria satisfazer seus desejos, mesmo que indiretamente. Sempre que falamos em dialética estamos lidando com dois elementos indissociáveis, que dependem um do outro para existir. Fama, fortuna e sexo são algumas das temáticas mais recorrentes em �lmes e produções midiáticas, com o público experimentando essas “alegrias” a partir da identi�cação estabelecida com os personagens. Pense na personagem principal da saga “O Crepúsculo”, por exemplo. A menina é desengonçada, um tanto antissocial e de beleza mediana. Ora, isso permite com que meninas comuns, de classe média, consigam se perceber na personagem, cujo par romântico é um “jovem” vampiro. Era exatamente dessa forma que Morin percebia a relação público/indústria cultural: ao mesmo tempo que a indústria cultural incute gostos no consumidor médio, precisa se valer desses gostos para gerar uma identi�cação e garantir o sucesso da empreitada. Há um diálogo entre produção e consumo, mas é desigual. Como uma conversa entre um prolixo e um mudo. Para Morin, o espectador não fala. Só escolhe se desliga ou não, compra ou não, assiste ou não ao �lme. A ideia de homem médio é aplicada nos estudos de comunicação como uma tipi�cação do homem comum, no sentido de compreender os gostos gerais, a �m de adaptar os produtos culturais para os gostos vigentes. Hoje, com a pesquisa de mercado e uma lógica de segmentos de mercado, cada vez menos se recorre a essa ideia, embora, ainda no âmbito da comunicação, o homem médio paute as ações de broadcasting. Nesse sentido, podemos entender, a partir da ótica de Morin, que o consumo se mostra uma necessidadee a única forma de encontrar o bem-estar. Valores como beleza e riqueza se relacionam diretamente com felicidade, que pode ser medida pelo poder aquisitivo ou pela representação deste poder. Portanto, para o pesquisador é também por meio do estético que se estabelece a relação do consumo imaginário. Uma cultura, a�nal de contas, constitui uma espécie de sistema neurovegetativo que irriga, segundo seus entrelaçamentos, a vida real do imaginário, e o imaginário da vida real. Essa irrigação se efetua segundo o duplo movimento de projeção e de identi�cação [...] O imaginário é um sistema projetivo que se constitui no universo espectral e que permite a projeção e a identi�cação mágica religiosa ou estética. (MORIN, 1977, p.121) Há, segundo Morin (1977), uma relação de projeção-identi�cação, a partir da forma como os personagens e os espectadores da cultura de massa se relacionam entre si. As proposições de Morin nos fazem pensar que toda relação de projeção-identi�cação se dá dentro do campo estético-mágico-religioso. Morin explica que a projeção tem potência de diversão, evasão, compensação e de transferência. Ou seja, o processo de projeção-identi�cação está ligado a inúmeras experiências estéticas proporcionadas pela cultura de massa. Atividade 1. Leia a matéria da Super Interessante “Homem-Aranha, um herói (quase) como a gente” e explique, utilizando a dialética da projeção-identi�cação, porque o Homem-Aranha faz tanto sucesso junto ao público. Novos olimpianos O conceito de “Olimpianos”, trabalhado em O Espírito do Tempo, também é importante para entendermos a dialética da projeção-identi�cação. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online javascript:void(0); Morin recupera o termo olimpiano, da mitologia grega, para aplicar aos personagens que habitavam o mundo mágico do cinema. Os novos olimpianos ajudam na reprodução da lógica do consumo da indústria cultural, que é intimamente ligada à forma de produção capitalista. "Esses olimpianos propõem o modelo ideal da vida de lazer, sua suprema aspiração. Vivem segundo a ética da felicidade e do prazer, do jogo e do espetáculo. Essa exaltação simultânea da vida privada, do espetáculo, do jogo é aquela mesma do lazer, e aquela mesma da cultura de massa. " - MORIN, 1977, p.105. A cultura de massa se constitui em função das necessidades individuais que emergem. A indústria fornece modelos e imagens que dão forma às aspirações, operando através da exploração da �gura dos novos Olimpianos. Os meios de comunicação elevam à qualidade de fato histórico situações que não deveriam ter importância, somente porque envolve esses semideuses. Exemplo Sabe aquelas notícias tipicamente de fofoca que não tem apelo noticioso de fato, como “Caetano Veloso Estaciona o carro no Leblon?”. Tais matérias só são publicadas porque �agrar um novo olimpiano vende, já que a imagem dos mesmos é altamente valorizada. O entendimento de que não seriam plenamente deuses, mas, sim, meio-deuses e meio-mortais é importante para Morin, pois se fossem inteiramente deuses di�cultaria a identi�cação dos consumidores. Sua dimensão humana, para além da fama e do glamour, é o que permitiria a identi�cação. Assim, a vida dos olimpianos também é uma vida parecida em alguns aspectos com a vida ordinária dos mortais, ou seja, eles separam e reatam relações, sofrem acidentes, passam por situações de embaraço e doença. No entanto, sua existência no universo midiático é revestida de glamour, glória, erotismo, se distanciando sobremaneira da vida ordinária. É dessa forma que possuem um duplo papel: 1 São deuses no papel que encarnam. 2 São humanos em suas vidas privadas. Semideuses Clique no botão acima. Semideuses São miti�cados e a humanização permite a identi�cação. Ou seja, são semideuses, na acepção de Morin, elevados em relação ao nível da rotina do cotidiano, mas, ainda assim, acometidos por problemas que in�igem a todos nós. É esse vínculo com o humano que torna os novos olimpianos tão sedutores e carismáticos, destronando antigos modelos, como pais, educadores e heróis nacionais. Os olimpianos visam, acima de tudo, induzir o consumo em grande escala. Símbolos da grande mídia, eles ditam normas e servem de modelo de vida a ser seguido pelo público consumidor. As pessoas tendem a tentar imitar esses “astros”, a maneira com agem, como se vestem, seu penteado e até suas relações amorosas. Atividade javascript:void(0); javascript:void(0); 1. Leia a notícia “Oi, sumida? Neymar curte fotos de Bruna Marquezine em rede social” e relacione a �gura de Neymar ao conceito de novos olimpianos, de Edgar Morin. Universo simbólico da cultura Clique no botão acima. Universo simbólico da cultura A obra de Morin mostra como as práticas culturais a partir do século XX estão pautadas pelo universo simbólico da cultura. Esse imaginário está no cinema, na televisão, na música, nos quadrinhos, que criariam uma mitologia da felicidade, promovendo uma segunda industrialização: a do espírito. Sá Martino (2014, p.146-7) lembra que os ícones da imaginação, a quem a sociedade reverencia em forma mitológica, são codi�cados no limite da tela e das páginas de revistas. Essa viagem do ser humano ao que podemos chamar de imaginário, caminha pela cultura de massa. Sociedades policulturais e sincretismo As sociedades modernas são policulturais (MORIN, 1977, p. 16). A cultura de massa integra e se integra ao mesmo tempo em uma realidade policultural; faz-se conter controlar, censurar (pelo Estado, pela Igreja) e, simultaneamente, tende a corroer, a desagregar outras culturas, como as culturas de classe, étnicas, religiosas, nacionais ou políticas. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online javascript:void(0); A cultura de massas, portanto, não é autônoma, apesar de ser superior às outras culturas, pois a cultura de massas sugere, em uma direção diferente de outras formas culturais, que tem um caráter mais imperativo. Enquanto a escola e os pais ordenam, a cultura de massa seduz. O comportamento da indústria cultural é produto da busca pelo máximo lucro, o que leva à tentativa de cooptar o maior público possível. Segundo Morin, há forças complementares em jogo para atender os consumidores. O grande objetivo seria o de alcançar diferentes grupos, o que envolve um sincretismo na criação dos bens culturais. Públicos antes inexistentes agora são abarcados pelo mercado, como crianças e idosos. O conceito de sincretismo é central em Morin e envolve articular elementos de distintas origens culturais, a �m de conquistar o maior público possível. Exemplo Se pegarmos como exemplo um �lme atual, como o do ogro Shrek, podemos compreender melhor o que Morin entendia por sincretismo. Quando os produtores culturais responsáveis por essa obra decidem mobilizar a cultura infantil com a adulta, sugerindo uma releitura sarcástica dos contos de fada, conseguem agradar tanto a criança, quanto o jovem e o adulto. Quatro processos de vulgarização Além de recorrer ao sincretismo, a indústria cultural apela para quatro processos de vulgarização: 1 Simpli�cação Retira o complexo, o inteligível, para que todos acompanhem. 2 Modernização Introduz a psicologia moderna em uma obra ambientada no passado. 3 Maniqueização Potencializa o antagonismo bem X mal, para envolver mais. 4 Atualização Mais radical do que a modernização. Envolve a transferência pura do passado para o presente. Tais estratégias de vulgarização têm por objetivo atingir o maior número de pessoas possível, a partir de uma facilitação das obras, tornando o processo de fruição mais simples do que se os produtores tivessem uma preocupação rigorosa com a história e com questões complexas das personagens. Atividade 2. Assista ao vídeo do canal Porta dos Fundos “Reunião de Criação” e identi�que qual dos quatro processos de vulgarização sinalizados por Morin estaria mais presente. Justi�que. Simpli�cação e estandartização O ímpetode produzir mercadorias que seriam aceitas pelo maior número possível de pessoas, levaria a uma simpli�cação, a �m de tornar a obra fácil e agradável para o homem médio. "A cultura industrial que desagrega efetivamente as culturas do “hic et nunc” (aqui e agora). Ela tende ao público indeterminado. Não possui raízes, mas uma implantação técnico-burocrática." - MORIN, 1977, p. 64. XA tendência à estandartização acabou criando também uma linha oposta, na direção da singularização e da individualização, pois no: "(...) reino da massa (anônima), criado pela própria produção cultural também se manteria o impulso da criação, invenção." - COUTINHO, 2017, p.219. Será sempre necessário o novo para fazer frente às cópias. Há, portanto, um grau de complementariedade antagônica entre as partes envolvidas no processo. Nesse ponto é interessante percebermos uma crítica de Morin tanto aos funcionalistas norte-americanos, quanto aos frankfurtianos: "Entre as duas teses que ainda vigoram no que diz respeito ao mundo da mídia, de um lado a que chamamos de otimista por considerar a mídia um bem em si ou a verdade dos fatos, e, de outro, a que chamamos de aristocrática ou pseudomarxista que diz, ao contrário, que a mídia é cretina, destrói o espírito e esconde os verdadeiros problemas, me permito uma outra tese que pretende não ser uma visão eufórica da cultura de massas, nem apenas pejorativa. Eu entendo que se trata de algo complexo que tem aspectos positivos e também negativos." - MORIN, 2001, p.10-11 Por mais que a técnica aja nas obras culturais e ele reconheça a existência de uma indústria da cultura, a arte sempre pode ultrapassar a estandartização. É por isso que Morin explica que Hollywood produz não apenas �lmes padrão, mas, eventualmente, cria também obras-primas. A distinção com a cultura culta ─ dos livros, músicas e teatro clássicos ─ é puramente formal, para o autor. Os CDs e o rádio multiplicam Bach e Beethoven, os livros de bolso tornam acessíveis obras de Shakespeare, Sartre. A democratização é uma tendência da cultura de massa. Será que o produto cultural, feito a partir das normas da indústria, satisfaz às necessidades culturais do público? Clique no botão acima. Será que o produto cultural, feito a partir das normas da indústria, satisfaz às necessidades culturais do público? Morin provoca ao a�rmar que, se não há como saber o que o público pensa, o questionamento mais importante é: será que o produto cultural, feito a partir das normas da indústria, satisfaz às necessidades culturais do público? Nesse sentido, podemos perceber que o autor cria uma série de conceitos para pensar nessa promoção da felicidade do público, desde a dialética da projeção-identi�cação até a �gura dos novos olimpianos, explorando astros de cinema, campeões, príncipes, reis, playboys, artistas, ou mesmo o “Happy End”, que visa resolver sempre os con�itos dos personagens de modo positivo, o que explica um enfraquecimento do gênero tragédia. Outro fator importante é o fato de que os consumidores participam do espetáculo da cultura de massa sempre por intermédio do: (...) corifeu, mediador, jornalista, locutor, fotógrafo, cameraman, vedete, herói imaginário. (COUTINHO, 2017, p.220) Todos esses recursos ajudariam a promover uma “industrialização do espírito”, uma “colonização da alma”, a partir da exposição de uma cultura pautada em uma mitologia da felicidade. Atividade 3. ENADE 2015 (Comunicação Social). Os olimpianos estão presentes em todos os setores da cultura de massa. Heróis do imaginário cinematográ�co, são também os heróis da informação. Estão presentes nos pontos de contato entre a cultura de massa e o público: entrevistas, festas de caridade, exibições publicitárias, programas televisados ou radiofônicos. Eles fazem universos se comunicarem: o do imaginário, o da informação e o dos conselhos, das incitações e das normas. Nesse sentido, a sobreindividualidade dos olimpianos é o fermento da individualidade moderna. MORIN, E. Cultura de massas no século XX (adaptado). I. As descrições feitas por Edgar Morin em relação à cultura do século XX não são aplicáveis ao atual contexto neste início de século XXI, pois, com o advento da internet, os chamados olimpianos deixaram de exercer tanta in�uência no espaço público. II. A promoção das chamadas “celebridades” pelos veículos de comunicação serve para impulsionar o mercado de venda de bens culturais, como roupas e músicas, o que se enquadra na interpretação feita pela Teoria Crítica, que analisa os meios de comunicação pela perspectiva da indústria cultural. III. Os meios de comunicação, por meio das novelas e do “jornalismo de celebridade”, incentivam a formação de padrões estéticos que in�uenciam a formação de crianças e jovens, pois os olimpianos se convertem em modelos desejáveis pela sociedade. VI. A leitura sobre a vida de celebridades é um tipo de lazer adequado ao século XXI e tem reduzidas implicações econômicas, Disponível em: //gshow.globo.com javascript:void(0); pois esta atividade pode ser realizada de qualquer lugar por intermédio de smartphones, e não é cara. É correto apenas o que se a�rma em: a) I e III b) I e IV c) II e III d) I, II e IV e) II, III e IV 4. “Os Simpsons é um dos poucos desenhos de grande difusão nos quais a fé cristã, a religião e as questões sobre Deus são temas recorrentes”, disse o padre Francesco Occhetta, responsável pela área de direito e sociedade da revista La Civilta Cattolica. A partir de um capítulo da sexta temporada intitulado “O Pai, o Filho e o santo convidado especial”, no qual Homer e Marge Simpson decidem inscrever seu �lho Bart em uma escola católica, o jesuíta analisa em artigo a série de um ponto religioso e antropológico, e a�rma que os personagens divulgam uma imagem positiva da Igreja Católica. “Os Simpsons não atacam a religião, estão muito atentos aos testemunhos da Igreja e respeitam o núcleo do evangelho”, assegura Oncchetta. Com base no texto acima, assinale a alternativa correta, quanto aos pensamentos de Morin. I. A Igreja é a instituição cultural de mais força no seio social, razão pela qual os produtores do desenho di�cilmente iriam entrar em um embate com os católicos. II. Os católicos elaboram um discurso que permite a perpetuação de ideias cristãs em um grande produto da indústria cultural, o que pode acabar ajudando a revitalizar a fé. Podemos considerar isso uma forma de sincretismo, segundo Morin. III. O diálogo entre fé e cultura de massa é típico das con�gurações policulturais. A cultura massiva seduz, como no caso do desenho, o que ajuda a explicar a sua força. No entanto, mesmo a cultura de massa estabelece diálogo com outras estruturações culturais, como o argumento tradicional religioso. a) Apenas a I está correta b) Apenas a II está correta c) I e II estão corretas d) I e III estão corretas e) II e III estão corretas Referências COUTINHO, Iluska. Edgar Morin (1921-). In: AGUIAR, Leonel; BARSOTTI, Adriana. Clássicos da Comunicação: os teóricos. Petrópolis: Vozes, 2017, p.211-224. MARTINO, Luís Mauro Sá. Teoria da Comunicação – Ideias, conceitos e métodos. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2014 MORIN, Edgar. Cultura de massas no século XX: o espírito do tempo. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1977. MORIN, Edgar. Entrevista: Edgar Morin, o arquiteto do pensamento In: ALCEU - v.2 - n.3 - p. 5 a 14 - jul./dez. 2001. Disponível em: //revistaalceu-acervo.com.puc-rio.br/media/alceu_n3_MiguelPereira.pdf. Acesso em: 07 set. 2019. javascript:void(0); Próxima aula Porque Habermas supera a perspectiva da Teoria Crítica, apesar de in�uenciado pela escola; Diferenças entre os conceitos de Esfera Sistêmica e Mundo da Vida; Ideia de Esfera Pública, localizando na história seu surgimento e a sua função como espaço de discussão e deliberação. Explore mais Con�ra a entrevista que Edgar Morin concedeu ao professor da PUC-Rio, Miguel Pereira. javascript:void(0);
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