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ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Liliana Rockenbach Componente Especializado da Assistência Farmacêutica Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os aspectos conceituais do Componente Especializado. Identificar as formas de financiamento. Explicar como se dá o acesso aos medicamentos do Componente Especializado. Introdução A Assistência Farmacêutica (AF) é parte essencial das estratégias do Sis- tema Único de Saúde (SUS) e funciona a partir de três componentes: Básico, Estratégico e Especializado. Principalmente na busca pelo aumento do acesso da população aos medicamentos e na promoção do uso racional dos mesmos, o Componente Especializado está relacionado à integralidade do tratamento. Neste capítulo, você vai estudar um dos três componentes da Assis- tência Farmacêutica no âmbito o SUS, o Especializado, conceituando-o, identificando as suas formas de financiamento e reconhecendo como a população tem acesso aos medicamentos que o integram. Aspectos conceituais do Componente Especializado A Assistência Farmacêutica (AF) é um grupo de atividades relacionadas com os medicamentos e destinadas a apoiar as ações de saúde demandadas por uma comunidade. Envolve o abastecimento de medicamentos em todas e em cada uma de suas etapas constitutivas, a conservação e o controle de qualidade, a segurança e a efi cácia terapêutica dos medicamentos, o acompanhamento e a avaliação da utilização, a obtenção e a difusão de informação sobre medica- mentos e a educação permanente dos profi ssionais de saúde, do paciente e da comunidade para assegurar o uso racional de medicamentos. Essa é defi nição dada à Assistência Farmacêutica na Política Nacional de Medicamentos (PNM), publicada na Portaria nº. 3.916, de 30 de outubro de 1998 (BRASIL, 1998). A PNM formalizou a implementação da AF como estratégia do SUS e representou um avanço importante para nortear as ações de AF no país. Contudo, devido à descentralização do SUS, tornaram-se necessárias novas estratégias para articulação e integração dos setores e promoção do aumento do acesso da população aos medicamentos (BRASIL, 2018a). Assim, em 6 de maio de 2004, a Resolução nº. 338, do Conselho Nacional de Saúde, aprovou a Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF). Sempre na busca por melhorar o acesso da população aos medicamentos e promover o seu uso racional, atualmente, a Assistência Farmacêutica é divida em 3 componentes, que se diferenciam por objetivo de tratamento, financiamento, logística e custo: Básico, Estratégico e Especializado. Neste capítulo, você se aprofundará no Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF). De acordo com a Portaria nº. 1.554, de 30 de julho de 2013, que “Dispõe sobre as regras de financiamento e execução do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)”, o Componente Especializado da Assistência Farmacêutica: [...] é uma estratégia de acesso a medicamentos no âmbito do SUS, caracteri- zado pela busca da garantia da integralidade do tratamento medicamentoso, em nível ambulatorial, cujas linhas de cuidado estão definidas em Protoco- los Clínicos e Diretrizes Terapêuticas publicados pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2013a, documento on-line). O CEAF atende, principalmente, a agravos crônicos de tratamento de custos mais elevados ou de maior complexidade (BRASIL, 2017). Hoje regulamentado pela Portaria nº. 1.554, de 30 de julho de 2013, o CEAF foi regulamentado, inicialmente, pela Portaria nº. 2.981, de 26 de novembro de 2009, surgindo anos depois da Política Nacional de Medicamentos. A construção do CEAF foi uma consequência da revisão do Componente Básico da Assistência Farmacêutica e da RENAME. A partir da revisão dessas duas ferramentas, foi possível identificar a necessidade e as vantagens de separar o elemento básico do atendimento inicial do elemento especializado voltado para o tratamento crônico ou de enfermidades mais complexas, garantindo, assim, a integralidade do tratamento (BRASIL, 2010; BRASIL, 2018b). Componente Especializado da Assistência Farmacêutica2 Para nortear os cuidados de saúde e garantir o tratamento integral aos pa- cientes, o CEAF conta com cinco tipos diferentes de documentos norteadores. De acordo com a CONITEC (Comissão Nacional de Incorporação de Tec- nologias no SUS), os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) são documentos que estabelecem critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à saúde; o tratamento preconizado com os medicamentos e demais produtos apropriados, as posologias recomendadas; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e a verificação dos resultados terapêuticos a serem seguidos pelos gestores do SUS. Devem ser baseados em evidência científica e considerar critérios de eficácia, segurança, efetividade e custo-efetividade das tecnologias recomendadas (COMISSÃO..., 2018). Dentro das diretrizes terapêuticas, e ao mesmo tempo em adição a elas, temos as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) em Oncologia, que seguem os mesmos preceitos das PCDTs, mas voltadas para a oncologia e diferenciadas porque não são restritas às tecnologias disponibilizadas pelo SUS, mas, sim, ao que pode ser oferecido a esses pacientes, considerando o financiamento repassado aos centros de atenção e a autonomia desses na escolha da melhor opção para cada situação clínica (COMISSÃO..., 2018). Conta-se, também, com os protocolos de uso, que são os protocolos nor- mativos que fornecem os critérios, parâmetros e padrões para a utilização de uma tecnologia específica em determinada doença ou condição — um exemplo é o protocolo de uso do cardioversor desfibrilador implantável (CO- MISSÃO..., 2018). As diretrizes nacionais/brasileiras norteiam as melhores práticas a serem seguidas por profissionais de saúde e gestores, tanto do setor público de saúde quanto do privado — por exemplo, temos Diretrizes Brasileiras para Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras (COMISSÃO..., 2018). As linhas de cuidados demonstram como deve ser a organização do sistema de saúde para garantir um cuidado integrado e continuado de determinada enfermidade, de forma a atender às necessidades de saúde do usuário do SUS em sua integralidade. É o único dos cinco tipos de documentos norteadores que não é aprovado mediante Portarias do Ministério da Saúde, configurando um documento oficial que prevê a condução de certo agravo, incluindo estratégias de educação em saúde — por exemplo, temos a Linha de Cuidado de Acidente Vascular Cerebral (AVC) na Rede de Atenção às Urgências e Emergências. Portanto, no CEAF, os medicamentos e outras tecnologias em saúde ne- cessários para garantir a integralidade são definidos nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) por meio das diferentes linhas de cuidado. 3Componente Especializado da Assistência Farmacêutica Logo, para atender às linhas de cuidado, é essencial que haja a articulação entre as diferentes políticas de saúde, sejam elas no campo da Assistência Farmacêutica ou em outras áreas, como os outros serviços ambulatoriais e hos- pitalares. Consequentemente, é essencial, também, para atendimento integral das doenças do CEAF, a interação entre a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) e a Relação Nacional de Serviços e Ações de Saúde (RENASES) (BRASIL, 2018b). No que diz respeito estritamente ao tratamento medicamentoso no âmbito da Assistência Farmacêutica, o Componente Especializado é diretamente relacionado com o Componente Básico, já que o tratamento de muitas doenças incluídas no CEAF deve ser iniciado na atenção básica. Esse entendimento contribui para a garantia da integralidade do tratamento medicamentoso e facilita a divisão das responsabilidades entre os entes federados. Contudo, justamente por serem articulados, esses componentes não podem ser con- fundidos ou sobrepostos. Porisso, as revisões do Componente Básico, do CEAF e da RENAME foram articuladas para excluir as sobreposições e efetivar as incorporações de medicamentos necessários para a integralidade do tratamento medicamentoso na forma de linhas de cuidado, definidas nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas para as doenças inseridas no CEAF (BRASIL, 2010). A relação de medicamentos correspondente ao CEAF é contemplada nos anexos I e III da RENAME— são 90 fármacos e alguns com mais de um tipo de forma farmacêutica. O CEAF é dividido em três grupos, como veremos a seguir. De acordo com a Portaria GM/MS 1.996, de 11 de setembro de 2013, os medicamentos do CEAF “[...] somente serão autorizados para as doenças descritas na Classificação Estatística Internacional de Problemas e Doenças Relacionados à Saúde - 10ª revisão (CID-10)” (BRASIL, 2013b, documento on-line). Veja o link a seguir para saber mais informações sobre o Componente Especializado. https://goo.gl/Dg2gTX Componente Especializado da Assistência Farmacêutica4 Financiamento do Componente Especializado De acordo com a Portaria GM/MS nº. 1.554, de 30 de julho de 2013, o CEAF é composto por três grupos, que se diferenciam em relação ao tipo de fi nancia- mento e são defi nidos de acordo com os critérios a seguir (BRASIL, 2013a): Grupo I — complexidade do tratamento da doença; Grupo II — garantia da integralidade do tratamento da doença no âmbito da linha de cuidado; e Grupo III — manutenção do equilíbrio financeiro entre as esferas de gestão do SUS. Independentemente do grupo, o fornecimento de medicamentos padronizados no CEAF deve obedecer aos critérios de diagnóstico, indicação de tratamento, inclusão e exclusão de pacientes, esquemas terapêuticos, monitoramento, acompanhamento e demais parâmetros contidos nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), estabelecidos pelo Ministério da Saúde, de abrangência nacional (BRASIL, 2018b). Grupo 1 Conforme cita o artigo 5º da Portaria GM/MS nº. 1.554, de 30 de julho de 2013, o Grupo 1 é defi nido de acordo com os seguintes critérios específi cos: maior complexidade do tratamento da doença; refratariedade ou intolerância à primeira e/ou à segunda linha de tratamento; medicamentos que representam elevado impacto financeiro para o Componente Especializado da Assistência Farmacêutica; e medicamentos incluídos em ações de desenvolvimento produtivo no complexo industrial da saúde. 5Componente Especializado da Assistência Farmacêutica Os medicamentos desse grupo são financiados pelo Ministério da Sáude, mas, com relação ao financiamento, esse grupo ainda é subdividido em 1A e 1B: Grupo 1A: além do financiamento, o Ministério da Saúde também é responsável pela aquisição dos medicamentos desse subgrupo e, então, fornece-os para as Secretarias de Saúde dos estados e Distrito Federal, sendo delas a responsabilidade pela programação, pelo armazenamento, pela distribuição e pela dispensação para tratamento das doenças contempladas no âmbito do CEAF; Grupo 1B: o Ministério da Saúde é responsável apenas pelo seu finan- ciamento, transferindo os recursos financeiros para as Secretarias de Saúde dos estados e do Distrito Federal, que os adquirem. É também dessas secretarias a responsabilidade pela programação, pelo armazena- mento, pela distribuição e pela dispensação para tratamento das doenças contempladas no âmbito do CEAF (as características desse subgrupo tiveram alterações, sendo revogada a definição inicial constante na Portaria GM/MS nº. 1.554, de 2013, e substituída pela Portaria GM/ MS nº. 1.996, de 11 de setembro de 2013) (BRASIL, 2013b). Grupo 2 Conforme o artigo 6º da portaria Portaria GM/MS nº. 1.554, de 2013, este grupo se caracteriza pelos seguintes critérios específi cos: menor complexidade do tratamento da doença em relação ao Grupo 1; e refratariedade ou intolerância à primeira linha de tratamento. O financiamento dos medicamentos pertencentes ao Grupo 2 é de respon- sabilidade das Secretarias de Saúde dos estados e do Distrito Federal, que são também responsáveis pela aquisição, pela programação, pelo armazenamento, pela distribuição e pela dispensação para tratamento das doenças contempla- das no âmbito do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica. Grupo 3 Conforme o artigo 7º da portaria Portaria GM/MS nº. 1.554, de 2013, este grupo inclui “[...] os medicamentos constantes no CEAF e indicados pelos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas, publicados na versão fi nal pelo Componente Especializado da Assistência Farmacêutica6 Ministério da Saúde como a primeira linha de cuidado para o tratamento das doenças contempladas pelo Componente Especializado da AF”(BRASIL, 2013a, documento on-line). Os medicamentos do Componente Básico são financiados pelas três esferas, União, estados e municípios, mas é responsabilidade das Secretarias de Saúde do Distrito Federal e dos municípios realizar sua aquisição, sua programação, seu armazenamento, sua distribuição e sua dispensação, conforme estabele- cido no ato normativo específico que regulamenta o Componente Básico da Assistência Farmacêutica. O Componente Especializado objetiva garantir o tratamento integral do cidadão. Para isso, é essencial que as diferentes políticas estejam articuladas, em especial, a Assistência Farmacêutica, a RENAME e a RENASES. Conforme a Portaria nº. 841, de 2 de maio de 2012, que “publica a Relação Nacional de Ações e Serviços de Saúde (RENASES) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e dá outras providências”, “o financiamento das ações e serviços da Saúde (RENASES) será tripartite, conforme pactuação, e a oferta das ações e serviços pelos entes federados deverá considerar as especificidades regionais, os padrões de acessibilidade, o refe- renciamento de usuários entre municípios e regiões, e a escala econômica adequada. Art. 3º A RENASES está organizada nos seguintes componentes: I - ações e serviços da atenção básica (primária); II - ações e serviços da urgência e emergência; III - ações e serviços da atenção psicossocial; IV - ações e serviços da atenção ambulatorial especializada e hospitalar; V - ações e serviços da vigilância em saúde”. Conforme citado inicialmente, o financiamento do CEAF procura a ma- nutenção do equilíbrio financeiro entre as esferas de gestão do SUS. Assim, depois de conhecer as características de cada um dos três grupos, podemos concluir que a manutenção do equilíbrio financeiro entre as esferas de gestão do SUS significa que as três esferas de governo estão envolvidas no finan- ciamento dos medicamentos pertencentes a esse componente, mas não que elas têm participação igualitária: a União, cujos recursos são maiores, arca com os maiores custos, os estados arcam com custos menores que a União, 7Componente Especializado da Assistência Farmacêutica mas menores que os dos municípios, e, por fim, os municípios ficam com os menores custos (Figura 1). Figura 1. Competências de cada esfera governamental quanto aos medicamentos do CEAF. Fonte: Paraná (2018, documento on-line). Acesso ao Componente Especializado O acesso e a dispensação dos medicamentos do CEAF obedecem a critérios previamente estabelecidos pelo Ministério da Saúde nos Protocolos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT). Então, para ter acesso aos medicamentos dos Grupos 1 e 2 do CEAF, é necessário que o usuário abra um processo administrativo na Farmácia de Medicamentos Especiais, se houver na cidade, ou na Secretaria Municipal de Saúde, e que o médico preencha o laudo para solicitação de medicamento especializado e o formulário “Cadastro de Usuários”. O processo de solicitação dos medicamentos é iniciado pelo usuário, ou por seu responsável, por meio da apresentação dos seguintes documentos: Componente Especializado da Assistência Farmacêutica8 cópia do Cartão Nacional de Saúde (CNS); cópia de documento de identidade (certidão de nascimento, para crianças sem RG; RG,carteira de motorista, carteira profissional e carteira de trabalho). cópia de comprovante de residência; laudo para solicitação, avaliação e autorização de medicamentos (LME) devidamente preenchido pelo médico prescritor; prescrição médica; exames exigidos nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas, conforme a doença e o medicamento solicitado; Termo de Esclarecimento e Responsabilidade (TER) assinado pelo médico e pelo usuário ou seu responsável, de acordo com a condição clínica; relatórios específicos para: ■ artrite reumatóide; ■ comportamento agressivo no transtorno do espectro do autismo; ■ distúrbio mineral e ósseo na doença renal crônica; ■ esclerose múltipla; ■ hepatite C; ■ ictioses hereditárias; ■ síndrome de Guillain-Barré; ■ transtorno afetivo bipolar do tipo I. O termo de esclarecimento é solicitado para diversos medicamentos ou enfermidades — por exemplo, quem tem acne grave deve assinar atestando que conhece os riscos do tratamento com Isotretinoína, que incluem pancreatite e hepatite, e mulheres ainda devem assumir o compromisso de não engravidar durante o tratamento. Os relatórios específicos são necessários para avaliar particularidades das doenças e a efetividade do tratamento. Após a entrega completa de todos os documentos, a solicitação é avaliada com base nos critérios definidos nos PCDT e, em caso de deferimento, será autorizada a dispensação do medicamento. A cada três meses, o cidadão precisa fazer o pedido de renovação para continuar o tratamento. Fritzen, Motter e Paniz (2017) investigaram a prevalência de adesão ao tratamento com medicamentos do CEAF e sua associação com o acesso regular em usuários do município de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. O estudo transversal avaliou o tratamento de adultos de 20 anos ou mais, usuários desse grupo de medicamentos na localidade, e demonstrou que os tratamentos do 9Componente Especializado da Assistência Farmacêutica CEAF mais requeridos foram os imunomoduladores e anticancerígenos. Os pesquisadores concluíram que a regularidade no acesso gratuito aos medica- mentos do CEAF é essencial para adesão ao tratamento, porque tem impacto no comportamento do usuário, contribuindo para seu comprometimento com o tratamento e para o autocuidado. Por isso, os autores ressaltam a importância da programação desse componente para evitar que ocorram irregularidades no acesso devido à falta de fornecimento (FRITZEN; MOTTER; PANIZ, 2017). O quadro da Figura 2, a seguir, mostra os principais medicamentos do CEAF solicitados entre 2010 e 2014, de acordo com os dados do Ministério da Saúde (BRASIL, 2014). Figura 2. Os medicamentos do CEAF mais solicitados ao longo dos anos após a sua criação. Fonte: Brasil (2014, p. 92). Uma vez que o objetivo da criação do CEAF é aumentar o acesso aos medicamentos, garantindo um acompanhamento integral e o uso correto dos medicamentos, veja a Figura 3, a seguir, que mostra um levantamento realizado pelo próprio Ministério da Saúde com o número absoluto de pessoas tratadas antes e depois da criação do CEAF, em 2009. O gráfico aponta para o efetivo aumento de cidadãos tratados (BRASIL, 2014). Componente Especializado da Assistência Farmacêutica10 Figura 3. Dados do CEAF: os números de 2008 a 2009 correspondem ao período anterior ao CEAF. Fonte: Brasil (2014, p. 90). 1. Os medicamentos do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF) atendem ao tratamento de doenças crônicas, complexas e/ou tratamentos de alto custo. O CEAF surgiu a partir das revisões do Componente Básico (CBAF) e da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), tendo por objetivo principal: a) diminuir custos para os municípios, pois, ao retirar os tratamentos de alto custo do CBAF para o CEAF, seu financiamento passa a ser responsabilidade do governo federal. b) criar novas estratégias para garantir o tratamento integral do usuário do SUS e aumentar o acesso da população a esses tratamenntos. c) aumentar o acesso da população aos tratamentos ambulatoriais. d) criar guias nacionais para uniformizar o tratamento das doenças de alto custo e evitar gastos desnecessários. e) integralidade e descentralização dos tratamentos de alto custo. 2. De acordo com a Portaria GM/MS nº. 1.554, de 30 de julho de 2013, um dos critérios para divisão dos grupos do CEAF é a manutenção do equilíbrio financeiro entre as esferas de gestão do SUS. Isso significa que o financiamento do CEAF: a) é de responsabilidade apenas e total do Ministério da Saúde. 11Componente Especializado da Assistência Farmacêutica b) é dividido igualmente entre os diferentes âmbitos governamentais, União, estados e municípios. c) é dividido entre a União, cujos recursos são maiores, arcando com os maiores custos; estados, que arcam com custos menores que os da União, mas menores que os dos municípios; e, por fim, os municípios, que ficam com os menores custos. d) não conta com a participação de verba municipal. e) é de responsabilidade dos governos federal e estadual, que possuem mais recursos. 3. O Grupo 1 do CEAF atende a doenças que requerem tratamentos de maior complexidade; pacientes refratários ou intolerantes à primeira e/ou à segunda linha de tratamento; e, ainda, medicamentos que representam elevado impacto financeiro ou medicamentos incluídos em ações de desenvolvimento produtivo no complexo industrial da saúde. Assinale a alternativa que aponta corretamente a diferença entre os medicamentos dos Grupos 1A (G1A) e 1B (G1B). a) Ambos são financiados pelo governo estadual, mas o G1A tem sua aquisição também sob responsabilidade do governo estadual e programação, armazenamento, distribuição e dispensação sob responsabilidade municipal. O G1B é adquirido, programado, armazenado, distribuído e dispensado pelo estado mediante repasse financeiro da União. b) Ambos são financiados pelo governo estadual, mas o G1A tem sua aquisição também sob responsabilidade do governo estadual e programação, armazenamento, distribuição e dispensação sob responsabilidade municipal. O G1B é adquirido, programado, armazenado, distribuído e dispensado pelo município mediante repasse financeiro da União. c) Ambos são financiados pelo governo estadual, mas o G1A tem sua aquisição também sob responsabilidade do governo estadual e programação, armazenamento, distribuição e dispensação sob responsabilidade municipal. O G1B é adquirido, programado, armazenado, distribuído e dispensado pelo município mediante repasse financeiro do Estado. d) Ambos são financiados pelo governo federal, mas o G1A tem sua aquisição também sob responsabilidade do governo federal e programação, armazenamento, distribuição e dispensação sob responsabilidade estadual. O G1B é adquirido, programado, armazenado, distribuído e dispensado pelo estado mediante repasse financeiro da União. e) Ambos são financiados pelos governos federal, estadual e municipal, mas o G1A tem sua Componente Especializado da Assistência Farmacêutica12 aquisição, sua programação, seu armazenamento, sua distribuição e sua dispensação sob responsabilidade estadual. O G1B é adquirido, programado, armazenado, distribuído e dispensado pelo município. 4. Para ter acesso aos medicamentos especializados, o usuário precisa abrir um processo de solicitação e entregar diversos documentos. Os documentos que devem ser fornecidos pelo médico são: a) cópia do Cartão Nacional de Saúde (CNS), prescrição médica e Termo de Esclarecimento e Responsabilidade (TER) assinado. b) prescrição médica; exames exigidos nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas, conforme a doença e o medicamento solicitado, e Termo de Esclarecimento e Responsabilidade (TER) assinado pelo médico e pelo usuário ou seu responsável, de acordo com a condição clínica. c) cópia do Cartão Nacional de Saúde (CNS); laudo para solicitação, avaliaçãoe autorização de medicamentos — LME; prescrição médica; exames exigidos nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas, conforme a doença e o medicamento solicitado, e Termo de Esclarecimento e Responsabilidade (TER) assinado pelo médico e pelo usuário ou seu responsável, de acordo com a condição clínica. d) laudo para solicitação, avaliação e autorização de medicamentos — LME; prescrição médica; exames exigidos nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas, conforme a doença e o medicamento solicitado. e) laudo para solicitação, avaliação e autorização de medicamentos — LME; prescrição médica; exames exigidos nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas, conforme a doença e o medicamento solicitado, e Termo de Esclarecimento e Responsabilidade (TER) assinado pelo médico e pelo usuário ou seu responsável, de acordo com a condição clínica. 5. Os medicamentos do Componente Especializado terão seu pedido liberado para dispensação apenas se: a) a solicitação estiver de acordo com os recursos locais do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF). b) a solicitação estiver de acordo com os critérios definidos nas linhas de cuidado. c) a solicitação estiver de acordo com os critérios definidos nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) ou nas Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas em Oncologia (DDT) — se for um caso oncológico. d) a solicitação estiver de acordo com os critérios definidos nas Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas em Oncologia (DDT). e) a solicitação estiver de acordo com os critérios definidos nos protocolos de uso. 13Componente Especializado da Assistência Farmacêutica BRASIL. Ministério da Saúde. Assistência farmacêutica no SUS: 20 anos de políticas e propostas para desenvolvimento e qualificação: relatório com análise e recomen- dações de gestores, especialistas e representantes da sociedade civil organizada. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2018a. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov. br/bvs/publicacoes/assistencia_farmaceutica_sus_relatorio_recomendacoes.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Componente especializado da assistência farmacêutica: inovação para a garantia do acesso a medicamentos no SUS. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: <http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2015/ janeiro/06/Livro-2-completo-para-site-com-ISBN.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF). 2018b. Disponível em: <http://portalms.saude.gov.br/assistencia-farmaceutica/ medicamentos-rename/componente-especializado-da-assistencia-farmaceutica-ceaf>. Acesso em: 24 nov. 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Da excepcionalidade às linhas de cuidado: o componente especializado da assistência farmacêutica. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2010. Dis- ponível em: <http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/02/livro-da- -excepcionalidade-as-linhas-de-cuidado-o-ceaf.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº. 1.996, de 11 de setembro de 2013. Altera a Portaria nº. 1.554/GM/MS, de 30 de julho de 2013. Brasília, DF, 2013b. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt1996_11_09_2013.html>. Acesso em: 26 nov. 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS nº. 3916, de 30 de outubro de 1998. Aprova a Política Nacional de Medicamentos. Brasília, DF, 1998. Disponível em: <http://bvsms. saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1998/prt3916_30_10_1998.html>. Acesso em: 26 nov. 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº. 1.554, de 30 de julho de 2013. Dispõe sobre as regras de financiamento e execução do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília, DF, 2013a. Dispo- nível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt1554_30_07_2013. html>. Acesso em: 26 nov. 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais: RENAME 2017. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2017. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov. br/bvs/publicacoes/relacao_nacional_medicamentos_rename_2017.pdf>. Acesso em: 24 nov. 2018. COMISSÃO NACIONAL DE INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIAS NO SUS. Protocolos e dire- trizes. 2018. Disponível em: <http://conitec.gov.br/index.php/protocolos-e-diretrizes>. Acesso em: 24 nov. 2018. Componente Especializado da Assistência Farmacêutica14 FRITZEN J. S.; MOTTER, F. R.; PANIZ, V. M. V. Acesso regular e adesão a medicamentos do componente especializado da assistência farmacêutica. Revista de Saúde Pública, v. 51, n. 109, 2017. 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