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CIRURGIA 2 - SÍNDROME DISFÁGICA E DISPÉPTICA II

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DANIELA JUNQUEIRA GOMES TEIXEIRA 
SÍNDROME DISPÉPTICA 
DOR EPIGÁSTRICA NO ÚLTIMO MÊS ± OUTROS SINTOMAS 
ORGÂNICA FUNCIONAL 
CAUSA 
- DUP 
- CÂNCER GÁSTRICO 
SEM CAUSA ESTRUTURAL – ROMA IV 
- Dispepsia nos últimos 3 meses 
- ≥ 1 achados: Plenitude pós-prandial | Saciedade precoce | 
Dor ou queimação | Ausência de lesão estrutural na EDA 
 
 
 
 
 
 
 
 
DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO (DRGE) 
Retorno de um conteúdo gástrico (ácido) na direção do esôfago. 
 A doença do refluxo são episódios persistentes com resultado da perda dos mecanismos anti-refluxo 
o EEI: hipotonia, relaxamentos transitórios frequentes do EEI, não associados à deglutição e 
prologados (5-35 segundos) 
o Junção esôfago-gástrica alterada 
o Hérnia de hiato → alteração da junção esofagogástrica – pode predispor à ocorrência de 
refluxo 
 Existe tanto insistência e persistência do refluxo que causaram sintomas ou complicações 
QUADRO CLÍNICO 
ESOFAGIANO (TÍPICOS) EXTRA-ESOFAGIANO (ATÍPICOS) 
- Pirose 
- Regurgitação 
- Faringite 
- Rouquidão 
- Pigarro 
- Tosse crônica 
- Broncoespasmo 
- Pneumonia de repetição 
DIAGNÓSTICO 
 CLÍNICO: PIROSE + REGURGITAÇÃO → TESTE TERAPÊUTICO: IBP por 08 semanas 
 ENDOSCOPIA: SE REFRATÁRIA OU IBP → Barret, esofagite mais intensa (classificação de Los Angeles B, 
C, D) 
o OUTRAS INDICAÇÕES DE EDA – SINAIS DE ALARMES 
 ≥ 3 FATORES DE RISCO PARA BARRET (RASTREIO): 
• Homem 
• > 50 anos 
• Branco 
• Tabagista 
• Obeso 
• História família + para 
doença 
 PHMETRIA 24H (PADRÃO-OURO): SE ENDOSCOPIA NÃO DIAGNÓSTICA 
TRATAMENTO 
CLÍNICO 
 MEDIDAS COMPORTARMENTAIS: PERDA DE PESO | ELEVAR CABECEIRA | EVITAR COMER 2-3H ANTER DE 
DEITAR | ELIMINAR ALIMENTOS QUE PESSOALMENTE CAUSEM SINTOMA (AVALIAÇÃO INDIVIDUAL) 
 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO: IBP EM JEJUM EM DOSE PADRÃO POR 08 SEMANAS – OMEPRAZOL 20 
MG | PANTOPRAZOL 40 MG | ESOMEPRAZOL 40 MG | LANSOPRAZOL 30 MG 
o SEM MELHORA: dose dobrada (2x/dia): em jejum e antes do jantar 
o SE RECORRÊNCIA – PIORA QUANDO RESPONDE: IBP sob demanda 
o BARRET OU ESOFAGITE C OU D: IBP crônico 
CIRÚRGICO – INTERVENÇÃO ANTIRREFLUXO 
 INDICAÇÕES: 
o Refluxo refratário: sintomas com dose dobrada 
o Alternativa para pessoas que fazem uso crônico 
QUANDO SOLICITAR EDA? – INDICAÇÕES DE EDA 
IDADE ≥ 40 ANOS 
SINAIS DE ALARME: 
 Emagrecimento 
 Anemia 
 Disfagia 
 Odinofagia (dor durante a deglutição) 
DANIELA JUNQUEIRA GOMES TEIXEIRA 
EVIDÊNCIAS DO USO CRÔNICO DO IBP: Câncer, ↓Vitamina B12, ↓Ca2+ 
 EXAMES PRÉ: 
o pHmetria ou EDA (+): confirmação (LOS ANGELES C OU D) 
o Manometria: escolher a técnica 
 TÉCNICA: Fundoaplicatura | OPÇÃO: anel magnético 
ESÔFAGO DE BARRET 
Trata-se de uma adaptação – uma troca de epitélio nativo do esôfago (escamoso estratificado) – geralmente da área mais distal, que 
é a que sofre mais agressão – por um epitélio colunar do tipo intestinal (mais resistente à acidez). 
Epitélio normal: escamosa estratificado → METAPLASIA: EPITELIO COLUNAR 
DIAGNÓSTICO 
 EDA – SUGESTIVO: vermelho-salmão 
 BIÓPSIA – CONFIRMATÓRIO: metaplasia intestinal 
ATENÇÃO: fator de risco para adenocarcinoma (lesão pré-adenocarcinomatosa) 
TRATAMENTO 
USO CRÔNICO DO IBP + SEGUIMENTO 
SEGUIMENTO (VIGILÂNCIA) 
METAPLASIA, MAS SEM DISPLASIA EDA 3 a 5 anos 
DISPLASIA DE BAIXO GRAU Ablação endoscópica (ou EDA de 12 em 12 meses) 
DISPLASIA DE ALTO GRAU Ablação endoscópica 
ADENOCARCINOMA INVASIVO Aula de câncer... 
DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA 
Doença mais comum do estômago e duodeno 
FISIOPATOLOGIA 
A úlcera péptica é uma lesão da parede do estômago. Para que ela surja, 
necessita-se um desbalanço entre os fatores de proteção (barreira mucosa) e de 
agressão (acidez). O H. pylori e os AINES são agentes facilitadores da úlcera 
péptica. 
 O estômago é um órgão produtor de ácido, podendo ser dividido em fundo, corpo e antro. 
o FUNDO GÁSTRICO: encontram-se as células parietais que 
possuem as bombas de H+ (BOMBA DE PRÓTONS). A maior 
produção de ácido ocorre no fundo gástrico (onde há maior 
população de células parietais). Existem três maneiras de 
estimular a bomba de próton 
 CÉLULAS G DO ANTRO produzem GASTRINA, a qual estimula a bomba de próton, bem 
como as células D do antro inibem a secreção ácida através da produção de 
somatostatina, a qual bloqueia a produção de gastrina; 
 NERVO VAGO estimula as células parietais do fundo gástrico, dessa forma aumentando 
a secreção ácida; 
 HISTAMINA também estimula a bomba de prótons. 
 A barreira de mucosa gástrica protege o estômago da ação do antro, sendo produzida e mantida 
pelas prostaglandinas. 
FACILITADORES PARA ÚLCERA 
ANTI-INFLAMATÓRIOS 
 MECANISMO DE AÇÃO: inibidores da cicloxigenase – COX – diminuindo a barreira de proteção 
o COX-1: prostaglandinas “do bem” → mantém a barreira mucosa gástrica 
o COX-2: prostaglandinas “do mal” → responsáveis pelo processo inflamatório 
TIPOS DE AINES 
 NÃO SELETIVOS: ao inibir a COX-1 → perda da barreira mucosa → facilita a ação do ácido 
 SELETIVOS DA COX-2: podem induzir agregação plaquetária (por esse motivo muitos já foram retirados do 
mercado) 
HELICOBACTER PYLORI 
 MECANISMO DE AÇÃO: produção de mais ácido ou redução na barreira de proteção 
o INFECÇÃO NO ANTRO (Destruição das células D - ↓somatostatina) → HIPERCLORIDRIA → ÚLCERA 
PÉPTICA 
o INFECÇÃO DISSEMINADA (Destruição das células parietais - ↓ácido) → HIPOCLORIDRIA + ↓ BARREIRA → 
ÚLCERA PÉPTICA 
Quando não houver H. pylori e nem AINE, lembrar da Síndrome de Zollinger-Ellison (gastrinoma), caracterizada por úlceras 
refratárias, atípicas, podendo aparecer no jejuno. 
DANIELA JUNQUEIRA GOMES TEIXEIRA 
QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO 
ÚLCERA GÁSTRICA ÚLCERA DUODENAL 
DISPEPSIA PIOR COM ALIMENTAÇÃO DIPEPSIA PIOR APÓS 2-3 HORAS APÓS ALIMENTAÇÃO E À NOITE 
 < 40 ANOS E SEM SINAIS DE ALARME: diagnóstico clínico (dispepsia) 
> 40 ANOS OU SINAL DE ALARME: EDA 
 Se EDA com úlcera gástrica: pode ser câncer → biopsiar sempre + refazer EDA se perfil/risco de CA. 
CLASSIFICAÇÃO DE JOHNSON 
 
 HIPERCLORIDRIA 
DUODENAL 
TIPO II: Corpo gástrico (associada a 
duodenal) 
TIPO III: Pré-pilórica 
HIPOCLORIDRIA 
TIPO I: Pequena curvatura baixa 
TIPO IV: Pequena curvatura alta 
TIPO V: OUTRAS REGIÕES E AINE 
TRATAMENTO 
A – AINE? Se sim, suspender 
B – BACTÉRIA? 
Se presente, tratar 
PESQUISA DE H. PYLORI 
EDA: TESTE DA UREASE NA BIÓPSIA | HISTOLOGIA | CULTURA 
SEM EDA: UREASE RESPIRATÓRIA | AG FECAL | SOROLOGIA (anticorpo pode 
ficar positivo mesmo após a cura – não é ideal para cura) 
C – CICATRIZAR Retirar acidez → IBP por 4 – 8 semanas 
TRATAMENTO DE ERRADICAÇÃO DE H. PYLORI 
No Brasil trata-se por 14 dias 
 CLARITROMICINA 500 MG 2x/DIA 
 AMOXICILINA 1G 2x/DIA 
 IBP (OMEPRAZOL 20 MG 2x/DIA) 
 SE ALERGIA PENICILINA: CLARITROMICINA + 
LEVOFLOXACINO + IBP 
CONTROLE DE CURA 
- ÚLCERA GÁSTRICA: nova EDA 
- H. PYLORI +: pesquisar bactérica com qualquer método que não seja sorologia 
INTERVENÇÕES CIRÚRGICAS 
 
CONTEXTO ÚLCERA DUODENAL ÚLCERA GÁSTRICA 
PERFURAÇÃO 
(DOR + PNEUMOPERITÔNEO) 
BEM + SEM CONTRASTE = CONSERVADOR 
< 2 CM: RAFIA + PROTEÇÃO COM ANATO (GRAHAM) | > 2 CM: INDIVIDUALIZAR 
OBSTRUÇÃO CONSERVADOR (IBP, SNG) → DILATAÇÃO EDA → CIRURGIA 
REFRATÁRIO (RARO) CIRURGIA DEFINITIVA CIRURGIA DEFINITIVA 
CIRURGIAS DEFINITIVAS PARA DUP 
 SE HIPERCLORIDRIA: VAGOTOMIA ± ANTRECTOMIA 
 SE GÁSTRICA: ALGUMA GASTRECTOMIA (CÂNCER?) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÚLCERA DUODENAL 
- VAGOTOMIA TRONCULAR + PILOROPLASTIA 
 Piloroplastia: o piloro é cortado e suturado, perdendo sua função esfincteriana 
- VAGOTOMIA TRONCULAR + ANTRECTOMIA + RECONSTRUÇÃO DE TRÂNSITO 
- VAGOTOMIA SUPERSELETIVA (GÁSTRICA PROXIMAL) 
Uma das funções do nervo vago é o relaxamento do piloro (para permitir que o alimento passe gradualmente do 
estômago para o duodeno). Assim, se o indivíduo for submetido a uma vagotomia troncular, o cirurgião terá de 
associar ao procedimento uma piloroplastia (incisão na musculatura do piloro, que ficará permanentementerelaxado, 
permitindo assim o esvaziamento do estômago) ou uma antrectomia (gastrectomia distal), a qual o porte da cirurgia é 
muito maior, mas em compensação, irá reduzir muito mais a acidez gástrica – lembrando que no antro temos as 
células G produtoras de gastrina). Se o antro for retirado, o trânsito deve ser reconstruído. Outra opção cirúrgica é a 
vagotomia superseletiva – nesta, é mantida a inervação vagal para o piloro – esse paciente não terá problemas de 
esvaziamento gástrico, e assim não será necessária a associação de outro procedimento. 
TIPO IV 
TIPO III 
TIPO I 
DUODENAL 
TIPO II 
DANIELA JUNQUEIRA GOMES TEIXEIRA 
 
SÍNDROMES PÓS-GASTRECTOMIAS 
SÍNDROME DE DUMPING 
Perda da barreira pilórica → alimento direto ao duodeno (distensão) 
DUMPING PRECOCE DUMPING TARDIO 
15-30 MIN APÓS ALIMENTAÇÃO 1-3H APÓS ALIMENTAÇÃO 
Distensão da alça intestinal 
- Gastrointestinal: dor, náusea, diarreia 
- Vasomotora: taquicardia, palpitação, 
rubor 
Clínica de hipoglicemia 
- Hiperestimulação pancreática → aumento 
de insulina secretada, que sobra! 
TRATAMENTO: medidas dietéticas - ↓ Carboidratos, fracionar a dieta, deitar após as refeições 
GASTRITE POR REFLUXO BILIAR (ALCALINA) 
Refluxo de conteúdo biliar e pancreático → gastrite 
Na gastrite alcalina o estômago torna-se inflamado e irritado pois não está preparado para receber secreções pancreática e biliar. 
Em BII as secreções biliares e pancreáticas acabam se aproximando do estômago, de modo que refluem mais facilmente; em BI, isso 
também pode ocorrer, mas é mais difícil, pois as secreções precisam caminhar em sentido antiperistáltico. Como a inflamação persiste, 
a dor é contínua e não há melhora com os vômitos. O tratamento padrão é a reoperação em Y de Roux. A colestiramina é uma droga 
que pode melhorar/ atenuar os sintomas por inativar a bile (porém, o estômago continuará a ser agredido pela secreção pancreática). 
MAIS COMUM BILLROTH II (não exige peristalse contrária) 
CLÍNICA DOR CONTÍNUA, SEM MELHORA COM VÔMITO (BILIOSO) 
TRATAMENTO 
RECONSTRUÇÃO EM Y DE ROUX 
Colestiramina: pode atenuar os sintomas (inativa a bile – 
é um quelante de sal biliar) 
SÍNDROME DA ALÇA AFERENTE 
 Angulação da alça aferente → semi-obstrução 
A alça aferente sofre uma angulação (dobra) de maneira que há uma semi-obstrução com distensão da alça (recebendo bile e suco 
pancreático sem saída de drenagem), causando dor. A obstrução pode se desfazer, e o conteúdo da alça é rapidamente expulso 
(vômito bilioso) com melhora da dor após o vômito (são vômitos não precedidos por náuseas – em jato). 
Para evitar novos episódios, o ideal é reconstruir em Y de Roux (procedimento de maior porte e sujeito a complicações; justifica o fato 
de nem todos os pacientes serem abordados por esta técnica). 
SÓ OCORRE EM BILLROTH II 
CLÍNICA DOR MELHORA COM VÔMITO (BILIOSO E EM JATO) 
TRATAMENTO RECONSTRUÇÃO EM Y DE ROUX 
 
ÚLCERA GÁSTRICA 
- ANTRECTOMIA (RETIRAR A ÚLCERA) + VAGOTOMIA TRONCULAR SE TIPO II OU III + RECONSTRUÇÃO DE TRÂNSITO 
GÁSTRICA I (PEQUENA CURVATURA BAIXA – HIPOCLORIDRIA) Antrectomia + Reconstrução A BI 
GÁSTRICA II (CORPO GÁSTRICO – HIPERCLORIDRIA) 
Vagotomia Troncular + Antrectomia + Reconstrução A BII 
GÁSTRICA III (PRÉ-PILÓRICA – HIPERCLORIDRIA) 
GÁSTRICA IV (PEQUENA CURVATURA ALTA – HIPOCLORIDRIA) Gastrectomia Subtotal + Reconstrução Em Y De Roux 
RECONSTRUÇÃO DO TRÂNSITO 
- BILLROTH I (B1): gastroduodenostomia 
- BILLROTH II (B2): gastrojejunostomia + alça aferente 
- RECONSTRUÇÃO EM Y DE ROUX: gastrojejunonostomia sem alça aferente