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Aula Dir Reais de Garantia Penhor

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PRINCIPAIS ARTIGOS
Art. 1.225. São direitos reais: VIII - o penhor; IX - a hipoteca; X - a anticrese.
Art. 1.419. Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, o bem dado em garantia fica sujeito, por vínculo real, ao cumprimento da obrigação.
Art. 1.420. Só aquele que pode alienar poderá empenhar, hipotecar ou dar em anticrese; só os bens que se podem alienar poderão ser dados em penhor, anticrese ou hipoteca.
§ 2 o A coisa comum a dois ou mais proprietários não pode ser dada em garantia real, na sua totalidade, sem o consentimento de todos; mas cada um pode individualmente dar em garantia real a parte que tiver.
Art. 1.421. O pagamento de uma ou mais prestações da dívida não importa exoneração correspondente da garantia, ainda que esta compreenda vários bens, salvo disposição expressa no título ou na quitação.
Art. 1.422. O credor hipotecário e o pignoratício têm o direito de excutir a coisa hipotecada ou empenhada, e preferir, no pagamento, a outros credores, observada, quanto à hipoteca, a prioridade no registro.
Parágrafo único. Excetuam-se da regra estabelecida neste artigo as dívidas que, em virtude de outras leis, devam ser pagas precipuamente a quaisquer outros créditos.
Art. 1.425. A dívida considera-se vencida:
I - se, deteriorando-se, ou depreciando-se o bem dado em segurança, desfalcar a garantia, e o devedor, intimado, não a reforçar ou substituir;
II - se o devedor cair em insolvência ou falir;
III - se as prestações não forem pontualmente pagas, toda vez que deste modo se achar estipulado o pagamento. Neste caso, o recebimento posterior da prestação atrasada importa renúncia do credor ao seu direito de execução imediata;
IV - se perecer o bem dado em garantia, e não for substituído;
V - se se desapropriar o bem dado em garantia, hipótese na qual se depositará a parte do preço que for necessária para o pagamento integral do credor.
Art. 1.428. É nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no vencimento.
Parágrafo único. Após o vencimento, poderá o devedor dar a coisa em pagamento da dívida.
DO PENHOR
Art. 1.431. Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia do débito ao credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel, suscetível de alienação.
Parágrafo único. No penhor rural, industrial, mercantil e de veículos, as coisas empenhadas continuam em poder do devedor, que as deve guardar e conservar.
Art. 1.432. O instrumento do penhor deverá ser levado a registro, por qualquer dos contratantes; o do penhor comum será registrado no Cartório de Títulos e Documentos.
DOS DIREITOS DO CREDOR PIGNORATÍCIO
Art. 1.433. O credor pignoratício tem direito:
I - à posse da coisa empenhada;
II - à retenção dela, até que o indenizem das despesas devidamente justificadas, que tiver feito, não sendo ocasionadas por culpa sua;
III - ao ressarcimento do prejuízo que houver sofrido por vício da coisa empenhada;
IV - a promover a execução judicial, ou a venda amigável, se lhe permitir expressamente o contrato, ou lhe autorizar o devedor mediante procuração;
V - a apropriar-se dos frutos da coisa empenhada que se encontra em seu poder;
VI - a promover a venda antecipada, mediante prévia autorização judicial, sempre que haja receio fundado de que a coisa empenhada se perca ou deteriore, devendo o preço ser depositado. O dono da coisa empenhada pode impedir a venda antecipada, substituindo-a, ou oferecendo outra garantia real idônea.
Art. 1.434. O credor não pode ser constrangido a devolver a coisa empenhada, ou uma parte dela, antes de ser integralmente pago, podendo o juiz, a requerimento do proprietário, determinar que seja vendida apenas uma das coisas, ou parte da coisa empenhada, suficiente para o pagamento do credor.
DAS OBRIGAÇÕES DO CREDOR PIGNORATÍCIO
Art. 1.435. O credor pignoratício é obrigado:
I - à custódia da coisa, como depositário, e a ressarcir ao dono a perda ou deterioração de que for culpado, podendo ser compensada na dívida, até a concorrente quantia, a importância da responsabilidade;
II - à defesa da posse da coisa empenhada e a dar ciência, ao dono dela, das circunstâncias que tornarem necessário o exercício de ação possessória;
III - a imputar o valor dos frutos, de que se apropriar (art. 1.433, inciso V) nas despesas de guarda e conservação, nos juros e no capital da obrigação garantida, sucessivamente;
IV - a restituí-la, com os respectivos frutos e acessões, uma vez paga a dívida;
V - a entregar o que sobeje do preço, quando a dívida for paga, no caso do inciso IV do art. 1.433.
DA EXTINÇÃO DO PENHOR
Art. 1.436. Extingue-se o penhor:
I - extinguindo-se a obrigação;
II - perecendo a coisa;
III - renunciando o credor;
IV - confundindo-se na mesma pessoa as qualidades de credor e de dono da coisa;
V - dando-se a adjudicação judicial, a remissão ou a venda da coisa empenhada, feita pelo credor ou por ele autorizada.
DO PENHOR LEGAL
Art. 1.467. São credores pignoratícios, independentemente de convenção:
I - os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimento, sobre as bagagens, móveis, jóias ou dinheiro que os seus consumidores ou fregueses tiverem consigo nas respectivas casas ou estabelecimentos, pelas despesas ou consumo que aí tiverem feito;
II - o dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens móveis que o rendeiro ou inquilino tiver guarnecendo o mesmo prédio, pelos aluguéis ou rendas.
DO PENHOR RURAL
Art. 1.438. Constitui-se o penhor rural mediante instrumento público ou particular, registrado no Cartório de Registro de Imóveis da circunscrição em que estiverem situadas as coisas empenhadas.
Art. 1.439.  O penhor agrícola e o penhor pecuário não podem ser convencionados por prazos superiores aos das obrigações garantidas
Art. 1.440. Se o prédio estiver hipotecado, o penhor rural 
Art. 1.441. Tem o credor direito a verificar o estado das coisas empenhadas, inspecionando-as onde se acharem, por si ou por pessoa que credenciar.
DO PENHOR AGRÍCOLA
Art. 1.442. Podem ser objeto de penhor:
I - máquinas e instrumentos de agricultura;
II - colheitas pendentes, ou em via de formação;
III - frutos acondicionados ou armazenados;
IV - lenha cortada e carvão vegetal;
V - animais do serviço ordinário de estabelecimento agrícola.
DO PENHOR PECUÁRIO
Art. 1.444. Podem ser objeto de penhor os animais que integram a atividade pastoril, agrícola ou de lacticínios.
Art. 1.445. O devedor não poderá alienar os animais empenhados sem prévio consentimento, por escrito, do credor.
DO PENHOR INDUSTRIAL E MERCANTIL
Art. 1.447. Podem ser objeto de penhor máquinas, aparelhos, materiais, instrumentos, instalados e em funcionamento, com os acessórios ou sem eles; animais, utilizados na indústria; sal e bens destinados à exploração das salinas; produtos de suinocultura, animais destinados à industrialização de carnes e derivados; matérias-primas e produtos industrializados.
Art. 1.448. Constitui-se o penhor industrial, ou o mercantil, mediante instrumento público ou particular, registrado no Cartório de Registro de Imóveis da circunscrição onde estiverem situadas as coisas empenhadas.
DO PENHOR DE VEÍCULOS
Art. 1.461. Podem ser objeto de penhor os veículos empregados em qualquer espécie de transporte ou condução.
Art. 1.462. Constitui-se o penhor, a que se refere o artigo antecedente, mediante instrumento público ou particular, registrado no Cartório de Títulos e Documentos do domicílio do devedor, e anotado no certificado de propriedade.
Art. 1.463. Não se fará o penhor de veículos sem que estejam previamente segurados contra furto, avaria, perecimento e danos causados a terceiros.
DIREITOS REAIS DE GARANTIA
A responsabilidade pessoal do devedor, que consistia em responder com o seu próprio corpo pela dívida, foi substituída pela responsabilidade patrimonial com o advento da lei Lex Poetelia Papiria, no Império Romano, no ano 326 a.C., pela qual, o devedor passou a ser responsabilizado por suas obrigações exclusivamente com seu patrimônio.[footnoteRef:1][1: GONÇALVES. Direito civil brasileiro. Vol. 5 – Direito das Coisas, p. 441.] 
Então, o patrimônio transformou-se em uma garantia para os credores. Entretanto, esta garantia era geral e, como tal, demonstrou-se ineficaz diante das inúmeras relações contratuais existentes, tendo em vista que, por desequilíbrio financeiro, os débitos poderiam ultrapassar o valor do bem do devedor ou mesmo o devedor poderia não ter o patrimônio devido para a quitação. 
Assim, os credores buscaram cercar-se de mais segurança, criando, para tanto, os direitos reais de garantia, nos quais o próprio devedor ou alguém por ele oferece parte ou todo o seu patrimônio para assegurar o cumprimento da obrigação assumida[footnoteRef:2]. Nesse sentido, um bem específico fica vinculado à satisfação da dívida, permanecendo tal vinculação ainda que o bem seja transferido para outro proprietário, proporcionando maior garantia de pagamento do crédito, pois o credor com garantia real goza de preferência no recebimento deste, consoante dispõe o artigo 958 do Código Civil: “Os títulos legais de preferência são os privilégios e os direitos reais”. [2: GONÇALVES. Vol. 5 – Direito das Coisas, p. 442.] 
Para que as garantias sejam válidas, elas devem observar certos requisitos. Estes subdividem-se em subjetivos, objetivos e formais. Os subjetivos resumem-se em capacidade civil e capacidade de alienar o bem, ou seja, além de ser capaz para praticar os atos da vida civil, é necessário, em regra, ser proprietário do bem para poder aliená-lo[footnoteRef:3], o que resta evidenciado pelo artigo 1.420 do Código Civil, ao dispor que: “só aquele que pode alienar poderá empenhar, hipotecar ou dar em anticrese”. [3: GONÇALVES. Direito civil brasileiro. Vol. 5 – Direito das Coisas, p. 445.] 
A segunda parte do artigo supracitado, que dispõe: “só os bens que se podem alienar poderão ser dados em penhor, anticrese ou hipoteca”, insere como requisito objetivo a alienabilidade do bem, não podendo, portanto, serem dados em garantia os bens fora de comércio[footnoteRef:4]. [4: Ibidem, p. 448.] 
Por último, tem-se os requisitos formais, os quais consistem na especialização ou individualização e na publicidade.[footnoteRef:5] A primeira diz respeito à descrição do bem dado em garantia, especificando-o, para permitir sua individualização, informando, sob pena de não ter eficácia.[footnoteRef:6] [5: GONÇALVES. Direito civil brasileiro. Vol. 5 – Direito das Coisas, p. 449.] [6: (CC) Art. 1.424. [...] I - o valor do crédito, sua estimação, ou valor máximo; II - o prazo fixado para pagamento; III - a taxa dos juros, se houver; IV - o bem dado em garantia com as suas especificações.] 
Já a publicidade, como o próprio nome diz, é tornar pública a garantia, através do registro constitutivo no Cartório de Imóveis, no caso da hipoteca e da anticrese e, no caso do penhor, por meio da transferência da posse do bem e a inscrição no Cartório de Títulos e Documentos, em regra.
No tocante aos efeitos causados pelos direitos reais em garantia, os principais estão previstos no artigo 1.422 do Código Civil, dos quais decorrem outros, sendo todos eles: direito de preferência, sequela, excussão, indivisibilidade, acessoriedade e vencimento antecipado da dívida.
O direito de preferência está intimamente ligado ao fato de tratar-se de uma garantia real, pois o credor recebe o seu pagamento antes dos demais, em razão do bem gravado submeter-se exclusivamente à satisfação do seu crédito[footnoteRef:7], como citado anteriormente. [7: FARIAS; ROSENVALD. Curso de direito civil: direitos reais, p. 39.] 
Relaciona-se com tal efeito o direito de sequela que consiste em poder reclamar e perseguir a coisa em poder de quem quer que se encontre – erga omnes –, tendo em vista que o vínculo de garantia permanece, transferindo-se juntamente com o gravame[footnoteRef:8]. [8: GOMES. Direitos reais, p. 350.] 
 A excussão, prevista no artigo 1.422 do Código Civil, traduz-se em promover a venda do bem dado em garantia em hasta pública, através de um processo de execução judicial, sendo “nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no vencimento”, nos termos do artigo 1428. 
 Também prevista expressamente, no artigo 1.421 do mesmo diploma legal, a indivisibilidade pois “não acarreta a liberação da garantia na proporção do pagamento efetuado, ainda que esta compreenda vários bens, salvo se o contrário for convencionado”[footnoteRef:9]. [9: GONÇALVES. Direito civil brasileiro. Vol. 5 – Direito das Coisas, p. 454.] 
 Por necessitar de um contrato para sua consolidação, os direitos reais de garantia constituem um negócio jurídico bilateral e acessório, já que a sua existência pressupõe a existência de um crédito, cujo contrato é o principal. Desse modo, extinto o crédito, extingue-se a garantia, consoante a máxima de que o acessório segue o principal.
 Cumpre salientar, ainda, o efeito de vencimento antecipado da dívida, que pode ocorrer nas hipóteses previstas no artigo 1.425 do Código Civil.[footnoteRef:10] [10: (CC) Art. 1.425. Art. 1.425. A dívida considera-se vencida: I - se, deteriorando-se, ou depreciando-se o bem dado em segurança, desfalcar a garantia, e o devedor, intimado, não a reforçar ou substituir; II - se o devedor cair em insolvência ou falir; III - se as prestações não forem pontualmente pagas, toda vez que deste modo se achar estipulado o pagamento. Neste caso, o recebimento posterior da prestação atrasada importa renúncia do credor ao seu direito de execução imediata; IV - se perecer o bem dado em garantia, e não for substituído; V - se se desapropriar o bem dado em garantia, hipótese na qual se depositará a parte do preço que for necessária para o pagamento integral do credor. ] 
Assim, tais hipóteses reforçam a garantia do credor, complementando o prazo fixado para pagamento da dívida.
Feitas estas considerações, podemos adentrar no instituto do Penhor, propriamente dito.
DO PENHOR[footnoteRef:11] [11: Nunca confundam Penhor com Penhora! Jamais. Penhor é direito real de garantia - nossa matéria - nascido de contrato em que é entregue um bem no ato do negócio. O verbo utilizado é “empenhar o bem”, ou seja, dar em penhor (garantia). Já a penhora é matéria processual. É a busca de bens para se tentar adimplir alguma obrigação não cumprida nos autos. A expressão é “penhorar os bens”.] 
Pode-se conceituar o penhor como um direito real em que um bem móvel[footnoteRef:12], em regra, é dado como garantia para satisfação do crédito, ocorrendo, normalmente, a transferência da posse deste bem até o pagamento[footnoteRef:13]. No entanto, o credor – chamado de credor pignoratício – não pode usar a coisa dada em garantia, mas tão somente guardá-la como depositário para devolvê-la oportunamente[footnoteRef:14], salvo nos casos de penhor especial – rural, especial e mercantil – vistos em sequência. [12: “O penhor não se limita aos bens móveis, tendo em vista que pode recair sobre todos os bens e direitos que não forem expressamente reservados por lei à hipoteca”. COELHO. Curso de Direito Civil: direito das coisas e direito autoral, p. 487.] [13: Devolve-se o bem após o pagamento, ou, com o inadimplemento, inicia-se o processo de excussão (venda do bem).] [14: FARIAS; ROSENVALD. Curso de direito civil: direitos reais, p. 877.] 
Consiste “na tradição de uma coisa móvel, suscetível de alienação, realizada pelo devedor ou por terceiro ao credor, em garantia do débito”[footnoteRef:15]. [15: Ibidem. ] 
O Código Civil o conceitua em seu artigo 1.431: “Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia do débito ao credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel, suscetível de alienação. ”
Como exemplo corriqueiro deste instituto, podemos citar um indivíduo que requer um empréstimo de menor valor junto à Caixa Econômica Federal e oferece como garantia suas jóias, entregando-as e permanecendosem estas até que a dívida seja quitada.
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS
Conforme já salientado, o penhor é um direito real, e, como tal, opera sobre a coisa dada em garantia, com efeito erga omnes, podendo o credor utilizar em seu favor as ações reais, o direito de sequela, de excussão e preferência, explicados anteriormente.
Entretanto, a instituição do penhor é efetivada mediante instrumento público ou particular, devendo, neste último caso, ser levado a registro no Cartório de Títulos e Documentos, para, então, possuir eficácia erga omnes. Caso contrário, não poderá ser oponível a terceiros, pois possuirá somente efeitos inter partes.[footnoteRef:16] [16: Na prática comercial são raros os registros de Penhor.] 
Em regra, o penhor recai sobre coisas móveis, corpóreas ou incorpóreas, mas pode recair sobre bens imóveis, como no caso do penhor especial rural, que será visto a seguir. 
Necessita, em regra, da transferência da posse do bem para concretizar-se, com intuito de evitar a alienação fraudulenta do bem móvel dado em garantia. Entretanto, há penhores especiais que dispensam a tradição, consoante será tratado posteriormente.
DIREITOS E DEVERES DO CREDOR PIGNORATÍCIO
Um contrato, como negócio jurídico bilateral que é, estipula direitos e obrigações às partes. Assim, o artigo 1.433 do Código Civil prescreve os direitos do credor pignoratício, sendo eles:
1. Ter a posse da coisa empenhada é a regra, porém, conforme mencionado anteriormente, existem penhores especiais que dispensam a tradição e, portanto, não há esse direito. Para exercer e manter a posse, o credor pode valer-se das ações possessórias e reaver a coisa de quem injustamente a detenha[footnoteRef:17]. [17: GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. Vol. 5 – Direito das Coisas. p. 452.] 
1. Reter a coisa até que o indenizem por despesas devidamente justificadas que tiver feito, que não tenham decorrido de culpa sua; ou seja, para receber eventuais gastos com a conservação do bem, o credor tem o direito de retenção.
1. Ressarcimento do prejuízo que houver sofrido por vício do bem empenhado; assim, havendo vício redibitório no bem ou não sendo este da titularidade do devedor, surge a responsabilidade civil objetivo pelo fato da coisa[footnoteRef:18]. [18: FARIAS; ROSENVALD. Curso de direito civil: direitos reais, p. 882.] 
1. Promover a execução judicial ou a venda amigável, se lhe permitir expressamente o contrato, ou lhe autorizar o devedor mediante procuração; eis aqui o direito de excussão, de acordo com o que foi aduzido anteriormente. Importante ressaltar que o credor não pode haver para si a coisa empenhada, por ser vedado o pacto comissório.
1. Apropriar-se dos frutos da coisa empenhada que se encontra em seu poder; para que não haja enriquecimento ilícito, os referidos frutos são abatidos do débito, dos juros ou das despesas[footnoteRef:19]. [19: FARIAS; ROSENVALD. Curso de direito civil: direitos reais, p. 883.] 
1. Promover a venda antecipada, mediante prévia autorização judicial, sempre que haja receio fundado de que a coisa empenhada se perca ou deteriore, devendo o preço ser depositado; cabe ao juiz a avaliação do fundado receio de dano do bem, podendo este, ouvido o dono da coisa, impedir a venda antecipada substituindo o bem ou oferecendo outra garantia real[footnoteRef:20]. [20: FIUZA. Código Civil Comentado, p. 739.] 
O artigo 1.434 do mesmo diploma legal prevê, ainda, o direito do credor de não ser constrangido a devolver a coisa empenhada sem antes receber o integral pagamento do débito. Podendo o juiz permitir a venda do bem ou de parte dele para cumprimento da obrigação, flexibilizando a característica de indivisibilidade dos direitos reais de garantia.
Já os deveres do credor pignoratício, previstos no artigo 1.435 do Código Civil são os seguintes:
1. Guardar a coisa empenhada como depositário, ressarcir ao dono a perda ou deterioração de que for culpado, podendo este valor ser compensado na dívida;
1. Defender a posse do bem e dar ciência ao dono deste;
1. Imputar o valor dos frutos de que se apropriar nas despesas de guarda e conservação, nos juros e no capital da obrigação garantida;
1. Restituir o bem empenhado com seus frutos e acessões quando quitada a dívida;
1. Entregar o que ultrapassar o preço obtido na execução ou venda amigável quando paga a dívida.
EXTINÇÃO DO PENHOR
O artigo 1.436 do Código Civil prevê as hipóteses de extinção do penhor, sendo elas:
a) Extinção da obrigação: extinta a obrigação principal, extingue-se o penhor feito em garantia desta, partindo-se da premissa de que o acessório segue o principal. Assim, satisfeito o débito pelo pagamento adimplemento, pagamento indireto (consignação, sub-rogação), prescrição ou pela ocorrência de novação, compensação, confusão, estará extinta a obrigação acessória, por perder a função de garantia que possuía[footnoteRef:21]. [21: FIUZA, Ricardo. Código Civil Comentado. 8 ed., p. 887.] 
b) Perecimento da coisa: com o perecimento do bem dado em garantia o penhor perde o seu objeto. No entanto, a obrigação principal permanece, porém passa a ser simples e sem os privilégios de um direito real de garantia. Sendo o perecimento apenas parcial, em razão da indivisibilidade da garantia real, a obrigação subsiste em relação ao restante. Pode o credor exigir a substituição da coisa que pereça, até mesmo fundamentado nos deveres anexos do princípio da Boa-fé. 
c) Renúncia do credor: a renúncia do credor extingue apenas o penhor, permanecendo a dívida, mas a renúncia da dívida extingue ambos, novamente de acordo com a premissa de que o acessório segue o principal[footnoteRef:22]. A renúncia pode ser expressa ou tácita, por ato inter vivos ou causa mortis. Conforme o §1º do artigo em comento, a renúncia será tácita quando o credor consentir na venda particular do penhor, sem reserva de preço; quando restituir a sua posse ao devedor; ou quando anuir à sua substituição por outra garantia. [22: FIUZA, Ricardo. Código Civil Comentado. 8 ed., p. 887.] 
d) Confusão: ocorre quando se confunde na mesma pessoa a qualidade de credor e de dono da coisa, ou seja, se o credor adquirir a propriedade do bem empenhado, não haverá mais o penhor, já que não haverá mais interesse na manutenção deste. Se a confusão ocorrer tão somente em relação a uma parte da dívida, o penhor subsiste inteiro em relação ao restante, consoante dispõe o §2º do artigo 1.436 do Código Civil.
e) Adjudicação judicial, remição ou venda da coisa empenhada: executado o penhor, caso o credor ou pessoa por ele autorizada adjudique o bem judicialmente, este seja arrematado ou haja a remição (embora escrito remissão no Código Civil, o termo correto é o que aqui escrevemos, em razão do significado da palavra, já que a primeira significa perdão e a segunda resgate) do débito pelo devedor, estará quitado o valor garantido, extinguindo-se o penhor[footnoteRef:23]. [23: GONÇALVES. Direito civil brasileiro, vol. 5: direito das coisas, p. 494.] 
Este rol, no entanto, é exemplificativo, existindo outras hipóteses de extinção do penhor, como, por exemplo, nulidade da obrigação principal e reivindicação de terceiro da coisa empenhada julgada procedente (evicção) etc.[footnoteRef:24] [24: Ibidem.] 
Por fim, cumpre salientar que a extinção do penhor somente produzirá efeitos depois de averbado o cancelamento do registro, à vista da respectiva prova, com a finalidade de desconstituir o direito real com a mesma publicidade com que foi constituído[footnoteRef:25]. Será, então, restituído o objeto empenhado ao devedor pignoratício. [25: FARIAS; ROSENVALD. Curso de direito civil: direitos reais, p. 890.] 
ESPÉCIES DE PENHOR
Podemos dividir o penhor em três espécies, quais sejam: legal, convencional comum e convencional especial. Esta última será tratada em tópico específico, em razão das suas várias subdivisões e peculiaridades.
PENHOR CONVENCIONAL COMUM
O penhor convencional comum resulta da vontade das partes e segue as regras gerais do penhor, como tratado até agora. 
Assim, é nesta modalidadeque se encaixa o exemplo citado com a Caixa Econômica Federal, na qual a agilidade e simplicidade do penhor celebrado nesse contexto permitem o acesso ao crédito bancário a pessoas que não querem ou não podem oferecer garantias mais robustas[footnoteRef:26]. [26: COELHO. Curso de Direito Civil: direito das coisas e direito autoral,p. 489.] 
PENHOR LEGAL
Já o penhor legal é aquele que emana da lei e destina-se a proteger credores que se encontram em situações peculiares (como o tradicional penhor das malas em hotel)[footnoteRef:27], permitindo que se apossem dos bens do devedor. Suas hipóteses estão previstas no artigo 1.467 do Código Civil[footnoteRef:28] e devem ser, de pronto, alertadas para que não ocorra afronta ao princípio da Boa-fé, Código de Defesa do Consumidor etc. [27: GONÇALVES. Direito civil brasileiro, vol. 5: Direito das coisas, p. 472.] [28: Art. 1.467. São credores pignoratícios, independentemente de convenção: I - os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimento, sobre as bagagens, móveis, jóias ou dinheiro que os seus consumidores ou fregueses tiverem consigo nas respectivas casas ou estabelecimentos, pelas despesas ou consumo que aí tiverem feito; II - o dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens móveis que o rendeiro ou inquilino tiver guarnecendo o mesmo prédio, pelos aluguéis ou rendas.] 
Na primeira hipótese, a conta das dívidas será extraída conforme tabela pré-estabelecida e visivelmente fixada no hotel, constando os preços das hospedagens e dos gêneros fornecidos, sob pena de nulidade do penhor, de acordo com o que dita o art. 1.468 do Código Civil, com o intuito de evitar abuso de direito através de contas exorbitantes[footnoteRef:29]. Por exemplo, se o hóspede de um hotel não pagar a conta referente à hospedagem, o dono do estabelecimento possui o direito de reter as bagagens e demais pertences do hóspede devedor até o valor da dívida, para que não fique prejudicado, consubstanciando nitidamente uma garantia de pagamento através do penhor dos bens. [29: FIUZA. Código Civil Comentado, p. 753.] 
Em ambos os casos, o credor pode tomar em garantia tantos objetos quantos forem suficientes até o valor da dívida, podendo tomar tais medidas antes mesmo de recorrerem às autoridades judiciárias quando houver perigo na demora, fornecendo ao devedor comprovante dos bens dos quais se apossou. Posteriormente, o credor deverá requerer a homologação judicial do penhor efetuado, consoante as regras estabelecidas nos artigos 703 a 706 do Código de Processo Civil/2015.
Ressalta-se que o hóspede pode fornecer caução idônea para impedir a constituição do penhor, de modo que não haveria mais motivos para tal medida.
Por tratar-se de bens pessoais e/ou que guarnecem a residência dos devedores, parte da doutrina critica esta modalidade, sob o argumento de que constitui cobrança excessivamente onerosa e vexatória, além da segunda hipótese ferir a impenhorabilidade do bem de família, podendo violar, como dito, o princípio da Boa-fé e o CDC.
PENHOR CONVENCIONAL ESPECIAL
O penhor convencional especial está sujeito a regras específicas, diferenciando-se do penhor comum em diversos aspectos, principalmente, por, em regra, constituir-se por meio de registro e pelo fato do bem onerado permanecer na posse do devedor, não havendo a tradição[footnoteRef:30]. [30: FIUZA. Código Civil Comentado, p. 491.] 
A ausência de tradição decorre da necessidade do devedor continuar na posse da coisa empenhada para que ela possa gerar os frutos necessários ao pagamento da obrigação garantida ou para possibilitar o seu uso[footnoteRef:31]. Por exemplo, seria ineficaz se no penhor rural o agricultor precisasse deixar na posse do credor as máquinas utilizadas para o plantio e a colheita dadas em garantia, pois não teria meios suficientes para continuar sua agricultura[footnoteRef:32]. São as seguintes modalidades que aqui resumidas: [31: Ibidem. p. 492.] [32: GONÇALVES. Direito civil brasileiro, p. 473.] 
	Penhor rural
(CC) Art. 1438
· Agrícola e pecuário 
(CC) Art. 1439 e ss.
	Constitui-se mediante instrumento público ou particular, registrado no Cartório de Registro de Imóveis da circunscrição em que estiverem situadas as coisas empenhadas, a teor do artigo 1.438 do Código Civil.
É permitida a constituição do penhor rural sobre prédio hipotecado, independentemente da anuência do credor hipotecário, por não prejudicar o direito de preferência deste ou reduzir a extensão da sua hipoteca.
	Penhor industrial e mercantil
(CC) Art. 1.447
	O penhor industrial pode ter como objeto todos os equipamentos instalados e em funcionamento e seus acessórios, que constituem uma indústria[footnoteRef:33]. Já o penhor mercantil se destina a garantir a obrigação assumida por comerciante no exercício de sua atividade. Nesse sentido, distinguem-se do penhor comum ou civil pela natureza da obrigação, vez que nas presentes modalidades a natureza é empresarial. [33: Ibidem, p. 479.] 
Ambos se constituem mediante instrumento público ou particular, registrado no Cartório de Registro de Imóveis do local onde as coisas estiverem empenhadas, pois são consideradas imóveis por acessão intelectual. Com o registro, prometendo pagar a dívida em dinheiro, poderá ser emitida pelo devedor, em favor do credor, uma cédula pignoratícia do respectivo crédito, em analogia à cédula rural[footnoteRef:34]. [34: GONÇALVES. Direito civil brasileiro, p. 480.] 
	Penhor de Direitos e Títulos de Crédito
(CC). Art. 1451.
	O artigo 1.451 do Código Civil estabelece que podem ser objeto de penhor direitos suscetíveis de cessão sobre coisas móveis. Assim, o penhor de direitos pode incidir também sobre propriedade imaterial, como os direitos autorais, por serem considerados bens móveis. No mesmo sentido, pode ser objeto deste penhor os bens incorpóreos cessíveis dotados de valor econômico, como direitos de créditos[footnoteRef:35]. [35: FARIAS; ROSENVALD. Curso de direito civil: direitos reais, p. 898.] 
Assim como nas demais modalidades de penhor especial, deve ser constituído por instrumento público ou particular, a ser registrado no Registro de Títulos e Documentos.
	Penhor de Veículos
(CC) Art. 1.461
	Constitui-se mediante instrumento público ou particular, registrado no Cartório de Títulos e Documentos do domicílio do devedor. Tratando-se de veículos que possuem certificado de propriedade, como carros, caminhões e barcos, deverá também ser anotado o penhor neste documento. 
Para a constituição do penhor, a lei exige que o veículo esteja previamente segurado contra furto, avaria, perecimento e danos causados a terceiros, conforme artigo 1.463 do Código Civil. 
Como não há a transferência da posse direta do bem, o credor tem o direito de verificar o estado do veículo empenhado, inspecionando-o onde quer que se encontre. Bem como a venda ou mudança do veículo sem prévia comunicação ao credor, o penhor de veículos importará em vencimento antecipado da dívida.
Por último, o artigo 1.466 do Código Civil determina que o prazo máximo de duração deste penhor é de dois anos, podendo ser prorrogado por igual período. 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COELHO, Fábio Ulhoa. Direitos reais em garantia e de garantia. In: ___________. Curso de direito civil. vol. 4: direito das coisas, direito autoral. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direitos reais em coisa alheia. In: ___________. Curso de direito civil: direitos reais. vol. 5. 8. ed, rev. ampl. e atual. Salvador: Editora Juspodivm, 2012.
FIUZA, Ricardo. Código civil comentado. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
GOMES, Orlando. Penhor. In: _______. Direito reais. 21. ed, rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2012.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. vol. 5: direito das coisas. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
TARTUCE, Flávio. Direito das coisas. In: ________. Manual de direito civil. Volume único. 7. ed, rev. ampl. e atual. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método,2017.

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