Prévia do material em texto
1 Eduarda Burgos – Biomedicina 2020.1 UFPE HPV e câncer cervical • Transmitido sexualmente; • É capaz de produzir lesões hiperproliferativas do epitélio cutâneo-mucoso que afeta o trato anogenital, boca, esôfago e laringe; • 216 tipos de HPV; • Aproximadamente 40 afetam o trato anogenital e ainda são divididos em subgrupos, conforme o risco oncogênico: o Alto risco: 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 68, 73 e 82; o Baixo risco: 6, 11, 40, 42, 43, 44, 53, 54, 61, 72, 73, 81. • Vírus considerados de baixo risco provocam doenças de natureza benigna do tipo condilomas (verrugas) e lesões intraepiteliais de baixo grau; • Tipos 6 e 11 são os maiores responsáveis pelas verrugas genitais; • Os de alto risco são responsáveis por lesões intraepiteliais de alto grau e câncer invasivo.; • Aproximadamente 90% dos cânceres são causados por cinco tipos de HPV: 16, 18, 31, 45 e 33, sendo que os tipos 16 e 18 são responsáveis por aproximadamente 70% de todos os casos de cânceres; • Os carcinomas escamosos são principalmente relacionados com o HPV 16. • Família Papillomaviridae; • DNA circular dupla fita com cerca de 7.500 a 8.000 pares de bases e que são replicados no núcleo de células epiteliais escamosas; • Tipo não envelopado; • Simetria icosaédrica, composta por 72 capsômeros, e tem cerca de 55 nm de diâmetro; • Estáveis e capazes de permanecer fora das células por longo período sem perder suas propriedades infecciosas; • O genoma está dividido em três regiões principais: o Região precoce ou Early (E); o Região tardia ou Late (L); o Região regulatória Long Control Region (LCR). • Open reading frames (ORF): regiões do genoma viral com potencial para codificar proteínas, transcritos em RNAm. ➢ Região precoce ou Early (E): codifica pelo menos seis proteínas virais que desempenham funções regulatórias no epitélio infectado (E1, E2, E4, E5, E6 e E7); e representa 45% do genoma viral. • E1 - replicação do DNA viral; • E2 – ativação da replicação do DNA e regulação da transcrição; • E4 – montagem e liberação da partícula viral; • E5 - início da proliferação celular in vivo e início da carcinogênese; • E6 e E7 - modulação de atividade de proteínas celulares > oncogenicidade; • E8 - E8^E2C, promove a inibição da transcrição e tradução dos genes virais E6 e E7. ➢ Região tardia ou Late L): responsável pela síntese das duas proteínas estruturais L1 e L2 do capsídeo. • L1 – gênero-específica e medidor indireto da infectividade; • L2 - encapsidação do DNA viral e altamente tipo- específica. ➢ Região regulatória Long Control Region (LCR): regulam a replicação e expressão gênica viral, não contém ORF, podendo variar de tamanho no HPV. • 1º passo: a entrada do vírus na célula; o No interior da célula, o vírus migra pelo citoplasma pela via endossoma/lisossomo, perdendo sua proteína L1 no processo; o Proteína L2 tem papel importante na condução do genoma viral até o núcleo; o Nas lesões benignas o DNA do vírus está presente na forma epissomal e em múltiplas cópias, enquanto nas malignas ele geralmente se integra ao genoma da célula hospedeira, formando uma ligação estável e perdendo a 2 Eduarda Burgos – Biomedicina 2020.1 UFPE capacidade de se replicar de maneira autônoma. • 2º passo: o genoma viral é mantido na forma epissomal; o fase de amplificação dos genomas virais e posterior expressão dos genes tardios para formação das proteínas estruturais. • 3º passo: empacotamento do vírus em capsídeos nas camadas superiores e liberação da sua progênie pela proteína E4, para que o ciclo possa ser reiniciado. • Assim que alcança o núcleo, a transcrição dos genes virais é iniciada; • Proteína E2 se liga à proteína E1 na origem de replicação viral, recrutando a maquinaria de replicação celular para a amplificação do genoma viral; • Proteína E5, por ser hidrofóbica, tem grande afinidade com as membranas celulares, impedindo assim a exposição dos antígenos virais na superfície celular pela via MHC, o que dificulta a detecção da infecção viral pelo sistema imune; • E5 também aumenta indiretamente a expressão de E6 e E7; • Proteínas E6 e E7 são consideradas os principais oncogenes virais, visto que conduzem importantes supressores tumorais à degradação (p53 e pRb, respectivamente). • A presença no HPV não é o suficiente para desencadear os mecanismos carcinogênicos; • Necessário que a infecção persista; • Resultante da evolução de lesões pré-malignas que persistiram por décadas; • Integração do genoma viral ao da célula hospedeira deve-se à ação de cofatores iniciantes ou promotores; • Infecção persistente por mais de 10 anos permite o desenvolvimento de alterações genéticas adicionais e a progressão de lesões de baixo e alto graus para o câncer invasor; • Geralmente ocorre a eliminação espontânea do vírus, através da ativação do sistema imune; • As lesões classificadas NIC-I (LSIL) são mais frequentes em mulheres jovens após o início da atividade sexual e podem regredir espontaneamente após dois ou três anos, mesmo assim aproximadamente 14% podem progredir; • NIC-3 (HSIL) e carcinoma inicial (microinvasor); • Lesões NIC-II (HSIL) devem ser analisados, e, quando em mulheres jovens, podem ser utilizadas diferentes metodologias de tratamento, como químicos e físicos. • Baixa idade (jovens); • Início da atividade sexual precoce; • Promiscuidade; • Alta paridade; • Raça; • Tabagismo; • DST; • Dieta deficiente; • Obesidade; • Uso de contraceptivos orais. • O homem deve ser visto, principalmente, como reservatório do vírus e perpetuador da infecção em suas parceiras; • As mulheres que apresentam infecção persistente por tipos virais de alto risco do HPV são consideradas o verdadeiro grupo de risco para o desenvolvimento do câncer cervical; • A neoplasia intraepitelial peniana (PIN) é caracterizada por displasia epitelial, carcinoma in situ do epitélio escamoso e inclui a eritroplasia de 3 Eduarda Burgos – Biomedicina 2020.1 UFPE Queyrat, doença de Bowen e papulose bowenoide, além das lesões planas, também conhecidas como lesões acetobrancas (flat penile lesions); • Como as lesões de alto grau, o condiloma plano é predominantemente encontrado na mucosa do pênis; • A persistência da infecção pelo HPV nessas lesões planas pode induzir progressão da lesão para PIN de alto grau e, subsequentemente, câncer de pênis; • Identificação de lesões penianas é altamente informativa na avaliação da infecção por HPV em homens. • Colposcopia – análise de imagens que detecta variações fisiológicas ou patológicas da mucosa e tecido conjuntivo. Alta sensibilidade e baixa especificidade; • Histologia - mais específico para avaliar o grau da lesão e estabelecer a necessidade de tratamento; o NIC-I: ocorre maturação com anomalias nucleares e poucas figuras de mitose, células indiferenciadas ficam limitadas às camadas mais profundas do epitélio; o NIC-II: verificam-se alterações celulares, principalmente restritas à metade inferior ou aos dois terços inferiores do epitélio, com acentuação das alterações de NIC-I; o NIC-III: diferenciação e a estratificação podem estar totalmente ausentes ou estarem presentes somente no terço superficial do epitélio, com numerosas figuras de mitose, atipias nucleares em toda a espessura do epitélio e as muitas figuras de mitose atípicas. • Biologia molecular – metodologia mais específica e sensível para a detecção do HPV, pesquisa do DNA, RNAm e proteínas virais; o preditores do potencial cancerígeno de uma lesão ao avaliar fatores, como o tipo de HPV, a carga viral, a integração do genoma viral e a presença de proteínas virais, bem como para a monitoração da persistência da infecção após o tratamento.• Captura híbrida - permite a detecção dos tipos de HPV oncogênicos mais frequentes; • Amplificação do DNA viral por PCR - fragmento específico do DNA-alvo, método sensível para detecção viral mesmo em níveis muito baixos de carga viral; • Genotipagem por microarranjo (chip de DNA) -são lâminas de vidro contendo sondas de DNA-alvo viral; o PapillocheckⓇ; o Identificar qualitativa e quantitativamente 24 subtipos de HPV. • Southern blot - método indicado para pesquisa e controle de qualidade. Alta sensibilidade e especificidade. • Inibidora de quinase; • Reguladora da divisão celular, ela desacelera o ciclo celular pela inativação da CDK que fosforila a proteína retinoblastoma; • Expressa pela presença da oncoproteína E7 e codificada pelo HPV; • Expressão é observada em núcleos e citoplasmas de queratinócitos, de células de HSIL e em carcinomas; • Pode ser utilizada para estimar a evolução e extensão da lesão; • Análise da imunorreatividade é realizada pela detecção da proteína p16INK4A no núcleo e citoplasma das células epiteliais. • Das alterações citopáticas do HPV a principal é a coilocitose, observada em células escamosas superficiais e intermediárias, caracterizadas pela presença de grande halo perinuclear irregular delimitado, binucleação e núcleos atípicos (hipercromasia e irregularidade no contorno nuclear); • Coilocitose torna-se menos evidente com o avanço da lesão; • Disqueratócitos (células com citoplasma eosinofílico, núcleos picnóticos e dispostos em arranjos tridimensionais) e membrana levemente irregular. • São disponibilizadas e licenciadas no mercado três vacinas profiláticas contra o HPV; 4 Eduarda Burgos – Biomedicina 2020.1 UFPE • tecnologia com base na natureza de automontagem da proteína capsidial L1 do vírus > “Partículas semelhantes a vírus”; • O mediador primário da proteção pelas vacinas anti-HPV é a produção de anticorpos neutralizantes pelo organismo, caracterizando uma resposta imune humoral; • Quadrivalente (4vHPV) – comercializada sob o nome de GardasilⓇ, contra os HPV de tipos 6, 11, 16 e 18; • Bivalente (2vHPV) – comercializada sob o nome de CervarixⓇ, contra os HPV-16 e 18; • vacinas terapêuticas diferem das preventivas no sentido em que as primeiras são construídas para combater células tumorais que expressam os oncogenes virais, em vez de combater o vírus que está entrando no organismo; • São planejadas para que, assim que as células tumorais produzirem e exporem esses antígenos em sua superfície, os linfócitos TCD8 sejam capazes de reconhecer e combater essas células com eficiência.