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03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 1/54 Monitoramento Clínico Prof. Pedro Leite Azevedo Descrição Os princípios da monitorização terapêutica de medicamentos, fatores de influência do processo farmacoterapêutico e a prescrição racional de medicamentos. Propósito O entendimento da aplicação e da importância de realizar o monitoramento terapêutico e de acompanhar o paciente por meio dos marcadores biológicos na prática é essencial a todo profissional de saúde para avaliar o prognóstico e a resposta à terapia. Além disso, conhecer os princípios da prescrição racional e assertiva de medicamentos garantirá uma terapia medicamentosa mais segura e eficaz para cada paciente. Objetivos Módulo 1 Marcadores biológicos: conceito e principais 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 2/54 marcadores Reconhecer a importância dos marcadores biológicos na prática clínica. Módulo 2 Práticas farmacêuticas e monitorização terapêutica de medicamentos Identificar as ferramentas de práticas farmacêuticas e os fatores influentes no processo farmacoterapêutico no monitoramento dos medicamentos. Módulo 3 Aspectos legais da receita médica no Brasil Identificar os aspectos legais da receita médica no Brasil. Introdução Por definição, o monitoramento clínico consiste no acompanhamento do estado clínico de um paciente. Tem sido muito utilizado no controle da efetividade e segurança de um tratamento, bem como no rastreamento e na identificação de fatores de risco, na promoção da saúde e na prevenção de doenças. De forma geral, possui como objetivo realizar uma monitorização preventiva do estado de saúde por meio de avaliações de parâmetros clínicos antropométricos, fisiológicos e bioquímicos. 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 3/54 Essa monitorização é essencial, por exemplo, para identificar fatores de risco de doenças cardiovasculares e avaliar as condições de saúde em pessoas assintomáticas com a finalidade de prescrever medidas preventivas e encaminhar os casos suspeitos a serviços de saúde especializados para elucidação diagnóstica e tratamento. Além disso, o monitoramento terapêutico é muito importante para detectar situações em que o paciente é exposto a doses tóxicas dos medicamentos, ou até mesmo a doses subterapêuticas, não apresentando resposta à terapia. Neste conteúdo, abordaremos especificamente quais marcadores biológicos podem ser utilizados durante esse monitoramento, discutiremos com maiores detalhes os marcadores associados a doenças autoimunes, alterações cardíacas, hepáticas e renais. Além disso, discutiremos também as ferramentas de práticas farmacêuticas voltadas ao monitoramento terapêutico e os fatores que influenciam o processo farmacoterapêutico, tornando-o mais efetivo e seguro. Por fim, entenderemos como deve ser confeccionada uma receita médica com o intuito de promover o uso racional de medicamentos, os principais erros ao prescrever, além de discutir os aspectos legais da receita médica no Brasil. 1 - Marcadores biológicos: conceito e principais marcadores Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer a importância dos marcadores biológicos na prática clínica. 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 4/54 Marcadores biológicos Inicialmente, precisamos definir o que são os marcadores biológicos, também denominados como biomarcadores. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1993), os biomarcadores são metabólitos, enzimas e moléculas bioquímicas, que podem ser detectados a partir da análise de tecidos e fluidos corporais, fornecendo dados que refletem a interação complexa do sistema biológico. Em outras palavras, os marcadores biológicos são estruturas que podem ser medidas experimentalmente e indicam a ocorrência de uma determinada função normal ou patológica de um organismo ou uma resposta a um medicamento. E assim, podem estar relacionados com alterações fisiológicas, bioquímicas e moleculares. É importante destacar que os marcadores biológicos presentes no organismo, neste caso, passíveis de detecção experimental, denominados “analitos”, demonstrem um equilíbrio fisiológico no organismo. Analitos Substâncias ou componentes químicos em uma amostra, que é alvo de análise em um ensaio. Mas qual a importância dos marcadores biológicos? Resposta Por meio do uso dos biomarcadores, é possível garantir maior precisão na avaliação de risco e, consequentemente, maior proteção da saúde aos pacientes. O uso de biomarcadores validados para monitorar populações expostas durante a triagem de patologias pode fornecer a base para uma intervenção precoce e protetora da saúde. Além disso, a utilização dos marcadores biológicos tem permitido o desenvolvimento da medicina personalizada com a individualização de diversos tratamentos. Vale destacar que os marcadores biológicos mais importantes são os bioquímicos, pois podem ser utilizados na investigação clínica do 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 5/54 paciente e podem ser obtidos com relativa facilidade. E os marcadores bioquímicos podem ser de diversos tipos, tais como: Fisiológicos Refletindo as funções de órgãos. Físicos Refletindo possíveis alterações características em estruturas biológicas. Histológicos Amostras de tecido obtidas por biópsia. Anatômicos Obtidos a partir de exames de imagem. Dentre os mais comuns, podemos incluir as proteínas, enzimas, células, lipídeos, antígenos, genes, eletrólitos, glicídeos, hormônios, entre outros. Os biomarcadores possuem diversas aplicações. Por exemplo, em processos fisiológicos normais, as enzimas, proteínas e as provas de função hepática são marcadores biológicos. Existem alguns marcadores cardíacos que são liberadas no sangue quando há lesão cardíaca, como a enzima creatina-quinase, proteínas mioglobina e as troponinas. De forma interessante, alguns marcadores podem ser utilizados para indicar ou não a resposta terapêutica do indivíduo no momento em que organismo se encontra exposto ao medicamento. A detecção de sangue oculto nas fezes pode ser um indicativo de câncer de cólon. Em processos tumorigênicos, as biópsias e os marcadores tumorais são considerados analitos. Exemplo Na prática, quando o paciente em monitoramento clínico apresenta a taxa de algum marcador tumoral acima do valor de referência, o mesmo deve ser encaminhado para investigação. Mas é preciso ficar atento, pois existem marcadores tumorais inespecíficos, como os níveis elevados de ß-HCG (gonadotrofina coriônica humana), que podem ser encontrados em tumores trofoblásticos (câncer raro que envolve o crescimento anormal de células no interior do útero), em coriocarcinomas (se desenvolvem a partir da proliferação celular anormal de trofoblastos após a fertilização) e em tumores testiculares, e ao mesmo tempo é um marcador utilizado para a detecção da gravidez. 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 6/54 De forma inadequada, um homem com coriocarcinoma pode apresentar resultado falso positivo em testes de gravidez devido à presença de HCG em sua urina. A identificação dos biomarcadores de forma geral pode ser feita a partir da coleta da amostra sanguínea, geralmente utilizando soro para a realização de métodos cinético-enzimáticos, imunoensaio fluorescente, quimioluminescência, entre outros, que fornecem dados quantitativos sobre a concentração de cada marcador analisado. Na prática, quando podemos utilizar os marcadores biológicos? Para que os marcadores possam ser úteis, uma relação bem estabelecida entre os biomarcadores e desfecho deve estar disponível. Assim, háa necessidade de identificar e validar para cada sistema orgânico o parâmetro característico que é indicativo de disfunção do tecido, toxicidade clínica ou alteração patológica, bem como estabelecer a especificidade (capacidade do mesmo teste ser negativo nos indivíduos que não apresentam a alteração que está sendo investigada) e sensibilidade (corresponde ao percentual de resultados positivos dentre as pessoas que têm uma determinada doença ou condição clínica) de cada biomarcador e seu método de medição. Na prática clínica ideal, espera-se que o marcador biológico apresente elevada: Sensibilidade Detectando a alteração em todos os indivíduos afetados. Especi�cidade Detectando a alteração somente nos indivíduos afetados. Espera-se que o marcador biológico esteja disponível no organismo rapidamente após o desfecho, que permaneça alterado por tempo prolongado para avaliar a evolução, cronicidade e o diagnóstico tardio da doença. Também é importante que a detecção laboratorial seja realizada de forma rápida e assertiva. Mas, atualmente, sabemos que é muito difícil encontrar todos esses requisitos em um mesmo marcador biológico. Veja a seguir dois exemplos dessa situação. 1. A mioglobina, proteína presente nas primeiras duas horas após o início dos sintomas do IAM (infarto agudo do miocárdio). É considerada um marcador biológico com alta sensibilidade, essencial no diagnóstico precoce do IAM. No entanto, por estar presente também em nossos músculos, em diversas situações 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 7/54 biológicas a mesma pode estar elevada na corrente sanguínea, sendo assim, possui baixa especificidade, uma vez que o teste pode dar positivo em um indivíduo que não está sofrendo o IAM. 2. As enzimas hepáticas, como a gama glutamil transferase (GGT), embora tenha grande importância no manejo clínico das doenças hepatobiliares e no alcoolismo, também está presente em altas concentrações nos rins. Assim, um aumento na GGT pode estar associado a alterações hepatobiliares, mas não é possível ter 100% de garantia de que essa alteração não está ocorrendo devido às alterações renais. Tipos de biomarcadores Conforme descrito pela OMS, três classes de biomarcadores são identificadas: São usados para confirmar e avaliar a exposição individual ou de um grupo, para determinada substância, estabelecendo uma ligação entre a exposição externa e a quantificação da exposição interna. Assim, uma substância exógena ou seu metabólito ou o produto de uma interação entre o agente xenobiótico (composto químico estranho ao organismo) e alguma molécula ou célula- alvo é medida nos tecidos e fluidos corporais do organismo. Eles fornecem informações sobre a dose ou a duração da exposição. As concentrações de uma substância ou de seu metabólito no sangue ou na urina medem as exposições recentes, enquanto os níveis nos cabelos e nas unhas podem mensurar a exposição em um período de meses. Um exemplo desse biomarcador é a mensuração de chumbo nos ossos por raios X fluorescentes, o que estima a exposição ao chumbo por toda a vida. São indicadores de uma capacidade inerente ou adquirida de um organismo para responder ao desafio da exposição a uma Biomarcadores de exposição Biomarcadores de suscetibilidade 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 8/54 substância xenobiótica. Ou seja, com o uso desse biomarcador conseguiríamos responder à pergunta: por que alguns indivíduos adoecem e outros não? Esses biomarcadores indicam quais fatores podem aumentar ou diminuir o risco de desenvolver a resposta do organismo decorrente da exposição aos xenobióticos. Portanto, são usados para prever quais indivíduos são propensos a desenvolver toxicidade em resposta a uma dada substância. Os exemplos mais comuns incluem polimorfismos de nucleotídeos simples em genes de enzimas metabolizadoras envolvidas na ativação ou desintoxicação de um tóxico. Outro exemplo desse biomarcador são as mutações em BRCA1 e BRCA2, genes que codificam proteínas que atuam nas vias de proteção do genoma humano, associados com a predisposição para desenvolver câncer de mama e de ovário. A mutação no Fator V Leiden também predispõe para o desenvolvimento do tromboembolismo e a presença do papiloma vírus humano (HPV) predispõe para o desenvolvimento do câncer do colo do útero. É um parâmetro biológico, ou seja, uma alteração bioquímica, fisiológica ou outra mensurável dentro de um organismo que pode ser associada a uma doença ou comprometimento de saúde estabelecido. Muitos biomarcadores de efeito são usados na prática clínica para confirmar um diagnóstico clínico, ou até mesmo utilizados para documentar alterações pré-clínicas ou efeitos adversos à saúde provocados pela exposição a um produto químico. Caso o objetivo seja utilizar esse biomarcador com o propósito de prevenção, o mesmo deve ser capaz de ser detectado em um estágio ainda reversível (ou precoce), quando ainda não representa agravo à saúde. No entanto, certos biomarcadores de efeitos não reversíveis ainda podem ser muito úteis em estudos epidemiológicos ou oferecer a oportunidade de intervenção clínica precoce. Além disso, podem ainda ser utilizados para estratificar doentes e identificar a gravidade ou progressão de uma determinada doença, prever um prognóstico ou monitorizar um determinado tratamento para que seja menos provável que alguns efeitos secundários ocorram. Biomarcadores de efeito 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 9/54 Discutiremos, a seguir, alguns exemplos de marcadores biológicos utilizados na clínica, classificados como biomarcadores de efeito. Biomarcadores associados a doenças autoimunes No cenário das doenças autoimunes, os marcadores biológicos quando associados à história clínica e ao exame físico do paciente são de grande importância para determinação da gravidade da enfermidade, do prognóstico e ainda podem auxiliar a escolha terapêutica. Um exemplo da utilização desses biomarcadores ocorre no diagnóstico do lúpus eritematoso sistêmico (LES). Inicialmente, é importante relembrarmos como era realizado o diagnóstico do LES. Em muitas situações, o mesmo só ocorria em estágio avançado e, por essas razões, considerava-se uma doença grave com reduzida sobrevida. No entanto, hoje, com a disponibilidade de biomarcadores para o LES, como a identificação do anticorpo antinúcleo, anticorpos anti-DNA e o anticorpo anti-SSA/Ro, é possível realizar o reconhecimento de formas mais leves da doença, associadas a elevadas taxas de sobrevida. Além disso, a presença de anticorpos anti- DNA e a queda nos níveis séricos do sistema complemento, principalmente níveis de C3 e C4, foram identificados como indicadores de atividade da doença. Dessa forma, a detecção dessas alterações em indivíduos em fase de remissão da doença indica a necessidade de um acompanhamento e monitorização mais frequente e, se necessário, iniciar a terapia farmacológica precoce com os corticosteroides e drogas imunomoduladoras. Exemplo A artrite reumatoide também pode ser diagnosticada a partir da detecção laboratorial do fator reumatoide e dos anticorpos citrulinados (anticorpos produzidos pelo sistema imunológico e que atacam as próprias células e tecidos saudáveis das articulações) na circulação sanguínea do paciente. 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 10/54 Da mesma forma, a detecção desses marcadores é um indicador de artrite reumatoide, antes mesmo de surgirem os primeiros sintomas de doença. Lembrando que o seu diagnóstico, no passado, era dependente de achados radiológicos que detectavam erosões ósseas em estágio avançado da doença, e assim, associado a um pior prognóstico. Desse modo, o usodos biomarcadores permitiu ao médico um diagnóstico precoce da doença, a definição de uma melhor estratégia de tratamento, assim como a monitorização dessa resposta ao tratamento. Marcadores biológicos cardíacos Os marcadores biológicos cardíacos são essenciais para a avaliação e triagem do risco cardíaco. Dentre eles, destacam-se os peptídeos natriuréticos (BNP e NT-proBNP) e a proteína C-reativa de alta sensibilidade (PCR-HS), conforme tabela 1. Marcador O que é Razão de aumen PCR-HS Proteína Inflamação BNP e NT-proBNP Hormônio Insuficiência cardíaca (IC) 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 11/54 Tabela 1: Marcadores biológicos para avaliar o risco cardíaco. Extraído de Marcadores cardíacos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLÍNICA, 2019). De acordo com a Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda, o uso dos peptídeos natriuréticos está bem estabelecido no diagnóstico e no prognóstico da IC. Na prática, centros de emergências hospitalares têm utilizado os níveis dos peptídeos natriuréticos para diferenciar o quadro de dispneia (dificuldade de respirar) que ocorre na IC e de quadros de dispneia causada por outros fatores. Mas é preciso ficar atento, pois esses peptídeos podem elevar-se na presença de anemia, insuficiência renal crônica e idade avançada, e de forma contrária, apresentar níveis reduzidos na presença de obesidade. Níveis aumentados da proteína C-reativa de alta sensibilidade estão associados com o aumento no risco de doença arterial periférica, infarto do miocárdio, AVC (acidente vascular cerebral) e morte súbita cardiovascular. Além desses, existem marcadores cardíacos liberados no sangue associados à lesão cardíaca aguda. Isso porque quando as células miocárdicas sofrem lesão, suas membranas celulares perdem a integridade, as proteínas intracelulares se difundem e vão para a corrente sanguínea, sendo estas utilizadas como marcadores biológicos. Esses marcadores podem ser utilizados para diagnosticar, avaliar e monitorar pacientes com suspeita de síndrome coronariana aguda, que deve ser realizada de forma rápida (a angina instável e o infarto agudo do miocárdio (IAM) compõem a SCA). Portanto, assim que o paciente chega ao serviço de urgência apresentando os sintomas sugestivos de SCA (dor no peito, sudorese, náuseas e dispneia), devem ser feitos a avaliação desses marcadores e o exame físico, associados aos exames bioquímicos, eletrocardiográficos e de imagem, além da estratificação do risco, com resultados rápidos para minimizar a lesão cardíaca e complicações futuras. Síndrome coronariana aguda SCA, caracterizada por uma diminuição súbita da quantidade de sangue e oxigênio que chega ao coração. Atenção! Mas é preciso ficar atento, pois sintomas como dor ou sensação de pressão no tórax, náuseas e/ou falta de ar podem estar associados ao 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 12/54 IAM e a quadros de angina, mas também podem ser relacionados com problemas não cardíacos, e assim, os marcadores são essenciais para facilitar esse diagnóstico, e avaliar a gravidade da situação o mais cedo possível, para que comece o tratamento adequado. Atualmente, os marcadores de escolha para lesão cardíaca são: as troponinas I e T (TnI, TnT), creatinina quinase (CK e a CK-MB) e a mioglobina, conforme descrito a seguir na tabela 2. Dentre eles, as troponinas apresentam maior especificidade para lesão miocárdica e habilidade em detectar pequenas lesões miocárdicas nas SCA, não detectáveis pela CK-MB. Marcador O que é Tecido de orige Creatina quinase (CK) Enzima – há 3 isoenzimas Coração, cérebro músculo esquelético CK-MB (isoforma da creatinina quinase existente em grande quantidade na massa miocárdica) Isoenzima cardíaca da CK Principalmente coração, mas também múscu Mioglobina Proteína armazenadora de oxigênio Coração e outra células muscula Troponina Complexo proteico regulador. Duas isoformas específicas: I e T Presente nos filamentos finos musculatura estriada do coração 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 13/54 Tabela 2: Marcadores biológicos utilizados para diagnosticar, avaliar e monitorizar pacientes com suspeita de síndrome coronariana aguda. Adaptado de marcadores cardíacos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PATOLOGIA CLÍNICA, 2019). Conforme ilustrado na imagem a seguir, esses biomarcadores podem ser dosados nas primeiras horas a partir do início dos sintomas, durante o curso clínico e após a estabilização do evento, permitindo o diagnóstico diferencial e o risco de progressão para IAM do paciente, para que se possa seguir com o tratamento adequado. E assim, recomenda-se que se faça a dosagem desses biomarcadores a partir da admissão do paciente para acompanhar a sua evolução. Descrição esquemática da cinética de vários marcadores cardíacos após um IM. Alguns marcadores são menos específicos para lesão cardíaca e podem aumentar com lesão de músculos esqueléticos, doenças hepáticas e doenças renais, como, por exemplo, o uso isolado da CK-MB, tendo em vista que ela pode ser detectada em pessoas saudáveis ou na presença de lesão muscular esquelética. Assim, o seu uso sempre deve estar associado com as dosagens de outros marcadores biológicos. Marcadores biológicos de hepatotoxicidade e nefrotoxicidade Biomarcadores de toxicidade hepática A toxicidade hepática tem sido estimada tradicionalmente medindo as atividades enzimáticas, por exemplo, das aminotransferases no soro, que são encontradas quando as células do fígado são danificadas. Existem dois tipos de aminotransferases com importância clínica: a alanina aminotransferase (ALT ou TGP) e a aspartato aminotransferase 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 14/54 (AST ou TGO), também chamadas de transaminases. De forma interessante, a ALT é encontrada em grande concentração no fígado e em baixa quantidade no rim, no coração e nos músculos. Por sua vez, a AST é menos específica ao fígado, sendo também encontrada no músculo cardíaco e esquelético, nos rins, no cérebro, nos pulmões, no pâncreas, nos leucócitos e nos eritrócitos. Conforme ilustrado na imagem a seguir, essas enzimas são muito utilizadas na prática clínica para o rastreamento de danos hepáticos e no acompanhamento da progressão de doenças hepáticas. Além disso, também podem ser úteis na avaliação da eficácia do tratamento e no monitoramento da ação de fármacos potencialmente hepatotóxicos. Situações patológicas em que há o aumento das concentrações de aminotransferases e os valores encontrados. As atividades séricas das enzimas fosfatase alcalina e da gama-glutamil transpeptidase (GGT) também podem ser utilizadas como biomarcadores de lesão hepática envolvendo principalmente a excreção biliar. Outros testes de função hepática menos específicos também podem ser usados, que incluem a concentração plasmática de albumina e fatores de coagulação, ou concentrações séricas de ácidos biliares, ambos sintetizados no fígado. No entanto, esses parâmetros carecem de especificidade, uma vez que infecções virais hepáticas, uso de álcool e drogas afetam essas enzimas. A determinação da atividade das enzimas colinesterase eritrocitária e colinesterase plasmática em indivíduos expostos à superdosagem dos inseticidas organofosforados (Ex.: Malation) e carbamatos, que atuam no bloqueio da atividade dessas enzimas, também é muito utilizada para o diagnóstico e o tratamento das intoxicações. Entretanto, não apresenta correlação muito significativa em exposições ambientais e/ou ocupacionais leves ou moderadas a esses inseticidas. Ainda assim, é considerado o marcador biológico de escolha. Biomarcadores de nefrotoxicidade 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínicohttps://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 15/54 Um exemplo prático é o aumento da ureia no plasma, que pode estar associada à doença renal aguda ou crônica, em decorrência da menor excreção glomerular dada a insuficiência renal. O aumento da concentração de ureia no sangue causa a hiperuricemia, cujos sinais e sintomas incluem acidemia, náuseas e vômito, progredindo para alteração da consciência e coma. A creatinina também pode ser utilizada como um biomarcador de nefrotoxicidade (resultado de lesões do glomérulo, nos túbulos, nos vasos sanguíneos ou no tecido intersticial renal), uma vez que é filtrada principalmente nos rins, embora uma pequena quantidade seja secretada ativamente. O comprometimento da filtração renal eleva os níveis plasmáticos de creatinina, no entanto, o aumento da creatinina plasmática também pode decorrer de outras causas, como traumas, distrofias musculares, poliomielite, esclerose amiotrófica, fome, hipertrofia prostática, uso excessivo de diuréticos, diabetes insípido, dentre outras causas. A orientação é que, para a dosagem de creatinina, deve-se evitar prática de exercício físico em um período que compreende 8h antes da dosagem e evitar ainda a ingestão de carne vermelha em excesso 24h antes. Marcadores biológicos na prática clínica: estudo de caso Confira agora um ou mais estudos de casos que demonstrem como os marcadores podem ser utilizados na prática clínica. 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 16/54 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 17/54 (Farmacêutico Bioquímico – CESPE/CEBRASPE – 2013) Os marcadores tumorais são macromoléculas presentes no tumor, no sangue ou em outros líquidos biológicos, cujo aparecimento e/ou alterações em suas concentrações estão relacionados com a gênese e o crescimento de células neoplásicas. Com relação a esse assunto, assinale a opção correta. Parabéns! A alternativa C está correta. No caso dos marcadores tumorais, que podem ser proteínas, o uso de mais de um marcador durante o manejo do paciente não dificulta o processo diagnóstico, além disso, eles não são apenas caracterizados por meios imunohistoquímicos, também podem ser quantificados por métodos cinético-enzimáticos, imunoensaio fluorescente e quimioluminescência. E a fração beta pode ser utilizada no diagnóstico da gravidez. A Marcadores tumorais normalmente são úteis no manejo clínico dos pacientes com câncer, mas a presença de vários marcadores pode dificultar a maioria dos processos de diagnóstico. B Os marcadores tumorais são caracterizados ou quantificados apenas por meios imunohistoquímicos. C Cada marcador tumoral tem um valor de referência determinado. Pacientes que apresentarem taxas acima do valor de referência devem ser investigados. D Marcadores tumorais não podem ser proteínas, apenas peptídeos e/ou aminoácidos, incluindo antígenos de superfície celular, proteínas citoplasmáticas, enzimas e hormônios. E A fração beta (ß-HCG) é utilizada apenas para diagnóstico, monitorização e prognóstico de pacientes com distúrbios de células germinativas. 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 18/54 Questão 2 (Analista Judiciário – Medicina do Trabalho – FCC – 2011) No estudo do câncer ocupacional, a identificação de carcinógenos químicos constitui ainda hoje um grande desafio. A epidemiologia molecular tem sido incorporada em nosso meio e visa identificar biomarcadores que possam detectar sinais precoces e específicos de exposição ou mesmo de doença em populações de risco. Os biomarcadores que permitem avaliar o prognóstico da doença são do tipo de Parabéns! A alternativa E está correta. O biomarcador de efeito permite que o clínico compreenda a progressão da doença ou a eficácia de um fármaco durante a terapia farmacológica, e assim, avaliar o prognóstico da doença. A exposição. B inferência. C suscetibilidade. D sensibilidade. E efeito. 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 19/54 2 - Práticas farmacêuticas e monitorização terapêutica de medicamentos Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as ferramentas de práticas farmacêuticas e os fatores in�uentes no processo farmacoterapêutico no monitoramento dos medicamentos. Importância do farmacêutico no processo farmacoterapêutico Nos últimos anos, tem sido explorada a participação mais efetiva do farmacêutico durante o processo farmacoterapêutico. Com esse intuito, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) publicou em 2013 duas importantes resoluções que regulamentaram as atribuições clínicas do farmacêutico (Resolução 585/2013), bem como a prescrição farmacêutica (Resolução 586/2013), que juntas, fortalecem o papel do farmacêutico clínico. Após a publicação dessas resoluções, diversas estratégias e orientações foram criadas para auxiliar e melhorar os serviços e procedimentos da prática farmacêutica, além de estimular, por exemplo, a implementação e o desenvolvimento do serviço de monitorização terapêutica de medicamentos, importante prática clínica exercida pelos farmacêuticos, de modo a contribuir para que os pacientes obtenham resultados mais eficazes. Atenção! A monitorização terapêutica de medicamentos pode ser definida como: especialidade clínica multidisciplinar que visa melhorar a assistência 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 20/54 prestada ao paciente, ajustando individualmente a dose de medicamentos. Em outras palavras, também pode ser definida como “serviço que compreende a mensuração e a interpretação dos níveis plasmáticos dos fármacos, em intervalos definidos, com o objetivo de determinar as doses individualizadas necessárias e adequadas para a obtenção de concentrações séricas efetivas e seguras”. Dessa forma, o objetivo de aplicar a monitorização de fármacos na prática clínica visa otimizar a terapia farmacológica, aumentar a probabilidade de eficácia, evitar ou detectar precocemente a ocorrência de níveis tóxicos ou subterapêuticos. Além disso, é utilizada para avaliar a variabilidade inter e intraindivíduo dos parâmetros farmacocinéticos e farmacodinâmicos. Vale destacar que diversos fatores podem modificar a concentração sanguínea de um fármaco para uma dose específica, como a própria formulação do medicamento, variações genéticas, fatores ambientais e/ou comportamentais, dentre outros. Mas é preciso estar atento, pois esse monitoramento não se restringe apenas à mensuração da concentração plasmática de fármacos e comparação com intervalos terapêuticos preestabelecidos, mas compreende um conjunto de estratégias associadas, envolvendo técnicas e análises farmacêuticas, farmacocinéticas e farmacodinâmicas com o intuito de contribuir para a identificação e resolver problemas relacionados à farmacoterapia. Já foi observado que esse monitoramento, desenvolvido pelo farmacêutico, é capaz de refletir resultados positivos na saúde do paciente e reduzir o tempo de internação, a duração do tratamento e o consumo de medicamentos, favorecendo o seu uso racional. Mas qual seria o papel do farmacêutico nesse monitoramento? Resposta Após analisar a concentração plasmática do medicamento em determinado paciente, o farmacêutico pode, por exemplo, recomendar, se necessário, o ajuste de dose ou da posologia com o intuito de alcançar concentrações ideais (dentro da janela terapêutica), e assim, alcançar os desfechos clínicos esperados, como redução do número de convulsões em uso dos anticonvulsivantes. Portanto, o farmacêutico clínico junto à equipe multiprofissional pode discutir as metas e o plano de cuidado dopaciente, individualizando as intervenções. 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 21/54 Em um exemplo prático, já foi demonstrado que a individualização da dose dos aminoglicosídeos (antibióticos), baseada na orientação do farmacêutico após avaliação do perfil farmacocinético do medicamento individualizado (monitoramento do medicamento), foi associada a uma redução do tempo de internação e dos períodos febris, além de estar associada a concentrações plasmáticas mais adequadas. Além disso, o serviço demonstrou ser custo-efetivo, havendo uma economia anual de mais de 2 milhões de dólares, para cada 500 pacientes submetidos a esse serviço. Aplicação da monitorização terapêutica Quando realizar a monitorização terapêutica? Em teoria, todos os fármacos já possuem estabelecida a sua janela terapêutica. No entanto, em alguns pacientes se observam efeitos terapêuticos durante o uso de medicamentos em concentrações abaixo da faixa estabelecida, bem como efeitos tóxicos mesmo em concentrações consideradas terapêuticas. Portanto, os intervalos terapêuticos e os valores de referência podem variar. Sendo assim, em situações especiais, a interpretação das concentrações plasmáticas obtidas de cada paciente por meio do monitoramento pelo farmacêutico e a equipe multiprofissional deve ser realizada de forma individualizada associada à resposta clínica do paciente com o intuito de garantir o efeito terapêutico sem toxicidade. A maioria dos fármacos pode ter sua ação terapêutica monitorada por meio do acompanhamento clínico do paciente; no entanto, é necessária uma avaliação de quando o monitoramento deve ser realizado. Devido 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 22/54 ao elevado custo de execução, o mesmo não deve ser utilizado de forma indiscriminada para todos os pacientes, uma vez que os regimes posológicos já são preconizados durante o desenvolvimento dos fármacos. Dessa forma, quais são as condições especiais em que o monitoramento é necessário e está indicado? Pacientes que apresentam alguma patologia associada a alterações nos processos farmacocinéticos, uma vez que, em algumas situações, pode ser necessária a individualização posológica. Pacientes pediátricos, geriátricos, com câncer, politraumatizados, queimados (influencia na hidratação e na resposta metabólica devido às lesões), infecção ativa (leva ao aumento da permeabilidade celular, ocasionando mudanças no metabolismo de excreção), com insuficiência renal ou hepática (pode reduzir a capacidade metabólica e alterar a ligação às proteínas plasmáticas, bem como influenciar na depuração renal dos fármacos), uma vez que esses pacientes são pouco contemplados em estudos de desenvolvimento de novos fármacos. Pacientes que utilizam medicamentos com janela terapêutica estreita, ou seja, pequenas variações na concentração plasmática podem ultrapassar a concentração alvo e alcançar a concentração tóxica, sendo maior o risco de efeitos indesejados ao paciente. Fármacos que, em altas doses, podem produzir os mesmos efeitos da doença que está sendo tratada. Fármacos que apresentam concentrações plasmáticas irregulares, e que o aumento da sua concentração pode estar associado a quadros de toxicidade e efeitos adversos. Casos de suspeita de eventos adversos ou intoxicação, na detecção e monitoramento de interações medicamentosas, a fim de aumentar a segurança durante o tratamento. Casos de suspeita de resposta subterapêutica ou ausência de resposta terapêutica, na avaliação da adesão ao tratamento, principalmente quando há suspeita de não adesão ao tratamento ou para promover maior efetividade do tratamento. Na prática clínica, os fármacos que frequentemente exigem constante monitorização e apresentam problemas clínicos que requerem acompanhamento farmacocinético são: 1. Antimicrobianos (amicacina, gentamicina, tobramicina, vancomicina). 2. Antirretrovirais (lopinavir, ritonavir). 3. Anticonvulsivantes (carbamazepina, fenitoína, valproato, fenobarbital, lamotrigina, topiramato). 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 23/54 4. Antineoplásicos e imunossupressores (ciclosporina, tacrolimo, sirolimo, ácido micofenólico, metotrexato). 5. Antidepressivos (amitriptilina, imipramina). �. Cardiovasculares (digoxina, lidocaína, quinidina, procainamida, amiodarona). 7. Broncodilatador (teofilina). �. Usados no transtorno do humor (sais de lítio). Já foi evidenciado que a utilização da terapia renal substitutiva (hemodiálise) em unidades de terapia intensiva (UTI) pode alterar a farmacocinética dos antibióticos. Assim, sempre que possível, a dosagem plasmática destes medicamentos está indicada para melhor ajustar as doses dos antibióticos, buscando sempre níveis sanguíneos adequados, aumento da eficácia do tratamento e reduzindo de forma significativa a mortalidade dos pacientes que apresentam infecções graves. Implementação da monitorização terapêutica de medicamentos Etapas que compõem a monitorização terapêutica A implementação da monitorização terapêutica de medicamentos requer uma abordagem combinada, abrangendo técnicas e análises farmacêuticas, farmacocinéticas e farmacodinâmicas. Assim, o farmacêutico clínico pode utilizar inúmeras ferramentas para atuar em todas as etapas que compõem o monitoramento, permeadas por uma prática laboratorial e clínica, e que podem ser divididas em: fase pré- analítica, fase analítica e fase pós-analítica. Fase pré-analítica Nessa primeira etapa, o farmacêutico deve realizar uma anamnese farmacêutica e coletar todos os dados do paciente, por meio de entrevista ou a partir do prontuário (no caso de pacientes hospitalizados), e assim, obter as informações, como idade, etnia, sexo, hábitos sociais (tabagismo, alcoolismo), aspectos clínicos, como a presença de comorbidades, alterações hepáticas e/ou renais, uso de outros medicamentos, e quando possível, obter informações farmacogenéticas em relação à presença de possíveis polimorfismos. Essas informações são essenciais para conhecer a história de saúde do paciente, identificar situações especiais e elaborar o perfil 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 24/54 farmacoterapêutico individualizado de acordo com as suas necessidades. Portanto, na fase pré-analítica, é definido qual fármaco deve ser monitorado. Em seguida, é selecionado o método adequado para análise, é realizada a requisição do exame, e o paciente é encaminhado para coleta da amostra. Além disso, após a administração, é essencial obter a amostra de sangue no tempo correto para avaliação da concentração do fármaco. E para isso, é importante que o médico, ao iniciar a terapia com fármacos, estabeleça quando os níveis séricos alcançam um nível terapêutico estável. Caso a terapia não seja iniciada com o uso da dose de ataque, o equilíbrio de acúmulo é alcançado após aproximadamente 6 a 7 meias- vidas de eliminação, e assim, deve-se aguardar a coleta até que o paciente se encontre nesse equilíbrio. Para inúmeros fármacos já está estabelecido o tempo ideal após a administração, o tipo de amostra biológica (plasma/soro/sangue total) e o número necessário a ser coletado para determinação dos níveis plasmáticos do medicamento. Quando esses parâmetros não são considerados, há o risco de interpretação equivocada das concentrações plasmáticas. A coleta feita no momento errado é responsável pelo maior número de erros na interpretação dos resultados. Veja o resumo a seguir! Antiarrítmicos: Lidocaína Intervalo terapêutico: 1,5-5µg/mL Níveis tóxicos: > 6µg/mL Meia-vida (h): 1,5-2. Momento da coleta: A cada 24h. Tipo de amostra: Plasma/soro. Quinidina Intervalo terapêutico: 2-5µg/mL Níveis tóxicos: > 8µg/mL Meia-vida (h): 6-8.Agentes cardíacos 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 25/54 Momento da coleta: Antes da próxima dose. Tipo de amostra: Plasma/soro. Cardiotônicos: Digoxina Intervalo terapêutico: 0,8-2ng/mL. Níveis tóxicos: > 2,5ng/mL. Meia-vida (h): 150-250. Momento da coleta: 6-12h após a dose. Tipo de amostra: Plasma/soro. Digitoxina Intervalo terapêutico: 18-35ng/mL. Níveis tóxicos: > 35ng/mL. Meia-vida (h): 20-60. Momento da coleta: Antes da próxima dose. Tipo de amostra: Plasma/soro. Amicacina Intervalo terapêutico: Pico: 15-30µg/mL/ Vale: 5-10µg/mL. Níveis tóxicos: Vale: > 8µg/mL. Meia-vida (h): 2-3. Momento da coleta: Antes da próxima dose ou 1h após a dose. Tipo de amostra: Soro. Gentamicina Intervalo terapêutico: Pico: 4-10µg/mL/ Vale: < 2µg/mL Níveis tóxicos: Vale: > 2µg/mL. Meia-vida (h): 2-3. Momento da coleta: Antes da próxima dose. Tipo de amostra: Soro. Ácido valproico Intervalo terapêutico: 50-100µg/mL Níveis tóxicos: > 100µg/mL. Meia-vida (h): 8-15. Antibióticos Anticonvulsivantes 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 26/54 Momento da coleta: Antes da próxima dose. Tipo de amostra: Plasma/soro. Carbamazepina Intervalo terapêutico: 8-12µg/mL Níveis tóxicos: > 12µg/mL. Meia-vida (h): 15-40. Momento da coleta: Antes da próxima dose. Tipo de amostra: Plasma/soro. Teofilina Intervalo terapêutico: 10-20ng/mL. Níveis tóxicos: > 20ng/mL. Meia-vida (h): 10. Momento da coleta: Pico: 1h após a dose /Vale: antes da próxima dose. Tipo de amostra: Plasma/soro. Haloperidol Intervalo terapêutico: 5-15ng/mL. Níveis tóxicos: > 50ng/mL. Meia-vida (h): 15-40. Momento da coleta: Pico: 3-6h após a dose Tipo de amostra: Soro. Lítio Intervalo terapêutico: 0,6-1,2mEq/L. Níveis tóxicos: > 1,5mEq/L. Meia-vida (h): 18-24. Momento da coleta: 12h após a dose. Tipo de amostra: Soro. Metotrexato Broncodilatadores Psicofármacos Citotóxicos 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 27/54 Intervalo terapêutico: 9ng/mL. Níveis tóxicos: > 9ng/mL. Meia-vida (h): 5-9. Momento da coleta: 24-72h após a infusão. Tipo de amostra: Soro. Ciclosporina Intervalo terapêutico: 100-300ng/mL (rim) /200-350ng/mL (coração, pâncreas, fígado) Níveis tóxicos: > 400µg/mL. Meia-vida (h): 8-24. Momento da coleta: Pico: 2h após a dose/Vale: 12h após a dose. Tipo de amostra: Sangue total. Tacrolimo Intervalo terapêutico: 4-20ng/mL. Níveis tóxicos: - Meia-vida (h): 10-24. Momento da coleta: Antes da próxima dose. Tipo de amostra: Sangue total. Sirolimo Intervalo terapêutico: 5-15ng/mL. Níveis tóxicos: > 15ng/mL. Meia-vida (h): - Momento da coleta: Antes da próxima dose. Tipo de amostra: Sangue total. Embora as concentrações sanguíneas de muitos fármacos cheguem ao ponto máximo 1 a 2 horas após a administração oral (concentração denominada nível de pico), fatores como absorção lenta podem retardar significativamente o tempo no qual as concentrações máximas são alcançadas. Por isso, com poucas exceções, as amostras devem ser coletadas antes da próxima dose (concentração denominada no nível de vale). Esses níveis de vale apresentam menor probabilidade de serem influenciados pela absorção ou por problemas de distribuição. Em geral, a concentração no nível de pico é útil na avaliação da toxicidade e, no nível de vale, para demonstrar a concentração terapêutica satisfatória. Em ambos os casos, o momento da coleta e o horário da última dose Imunossupressores 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 28/54 devem ser informados junto com o resultado, para garantir a correta interpretação. Fase analítica Essa etapa é a fase laboratorial do monitoramento dos medicamentos. A mesma deve apresentar agilidade, para que ocorra a liberação dos resultados analíticos o mais breve possível. Para o correto processamento da amostra, o farmacêutico clínico deve selecionar a técnica analítica específica para cada fármaco, estando atento para a presença de possíveis interferentes (metabólitos ou outras substâncias similares à medicação) que podem alterar o resultado das análises realizadas, e provocar resultados falsamente elevados ou diminuídos da medicação. Exemplo Os resultados dos imunoensaios para determinar a concentração plasmática do antibiótico vancomicina podem ser alterados devido ao aumento da bilirrubina (>20mg/dL), elevando falsamente a concentração da vancomicina. O aumento da lipemia (hiperlipidemia) pode afetar os resultados dos ensaios turbidimétricos, elevando falsamente a concentração dos fármacos por eles medidos. O farmacêutico também deve estar atento às amostras hemolisadas, uma vez que podem alterar a determinação das concentrações plasmáticas dos fármacos (os hemolisados apresentam propriedades fotométricas, fluorométricas e quimioluminescentes). Em situações como pré-eclâmpsia e insuficiência cardíaca alguns pacientes apresentam o interferente digoxin-like immunoreactive substances, que pode ser responsável por reação cruzada no monitoramento da digoxina por imunoensaios. As técnicas laboratoriais mais comumente utilizadas para a dosagem dos medicamentos são imunoensaios, enzimaimunoensaios ou quimioluminescência (eletroquimioluminescência). A técnica por espectrometria de massas foi recentemente introduzida com o intuito de minimizar a interferência por reações cruzadas. No entanto, apresenta elevado custo. Para a maioria dos fármacos, a amostra de sangue pode ser obtida em tubos com ou sem anticoagulantes (plasma ou soro, respectivamente). 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 29/54 Fase pós-analítica Nessa etapa, ocorre a interpretação dos resultados obtidos na fase analítica (laboratorial). Ou seja, o farmacêutico deve realizar a correlação da concentração plasmática dos medicamentos com o efeito clínico, analisando se os mesmos se encontram dentro da meta terapêutica, ou até mesmo se o paciente apresenta concentrações elevadas do fármaco, associadas a efeitos colaterais e tóxicos. E quando necessário, o farmacêutico pode então sugerir alterações no tratamento para a equipe responsável pelo paciente. Quando pertinente, pode documentar a evolução farmacêutica no prontuário do paciente, definindo condutas e metas terapêuticas, com o intuito de otimizar as concentrações do medicamento, aumentar a eficácia e o sucesso da terapia farmacológica prescrita. No resumo apresentado anteriormente, encontram-se os intervalos terapêuticos (meta terapêutica) dos fármacos que frequentemente são monitorados. O ideal é alcançar esses intervalos, pois com eles aumenta-se a probabilidade de alcançar a eficácia terapêutica (resposta farmacológica), com toxicidade mínima, na maioria dos pacientes. Atenção! É preciso estar atento, pois concentrações menores do que as esperadas podem estar relacionadas a não adesão ao tratamento, ou a erros na dose, uso errado do medicamento, baixa absorção ou biodisponibilidade e até mesmo momento inadequado da coleta. Quando o paciente apresenta concentrações maiores do que as esperadas após a coleta adequada da amostra de sangue, casos em que o risco de efeito tóxico está aumentado, deve-se considerar a possibilidade de maior absorção ou biodisponibilidade do fármaco, diminuição da excreção do fármaco e até mesmo volume de distribuição diminuído. Em alguns casos, pode-se observar concentrações corretas no sangue, mas sem resposta terapêutica adequada. Nessas situações, pode haver diminuição da sensibilidade dos receptores do fármaco ou antagonismo em relação a outros fármacos. Por fim, o farmacêutico deve acompanhar o paciente durante a modificação da sua terapia, realizar novas avaliações quando necessárias,para confirmar se o mesmo alcançou as metas de forma total, parcialmente ou não atingiu, e com base nas condições do paciente encaminhá-lo para outro profissional. 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 30/54 A atuação farmacêutica em casos clínicos de monitorização terapêutica de medicamentos Confira agora a atuação do farmacêutico no monitoramento de medicamentos. 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 31/54 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 (Farmacêutico – UFRJ – 2018) Uma das atribuições clínicas do farmacêutico é a monitorização terapêutica por meio de dados de farmacocinética clínica. Entretanto, tal monitoramento não se aplica a qualquer caso, pois depende de características inerentes ao medicamento que se pretende monitorar. Assinale a alternativa que descreve corretamente uma característica do medicamento que torna possível e/ou necessário o monitoramento terapêutico. A Janela terapêutica ampla, na qual a dose de um fármaco que produz as concentrações terapêuticas desejadas seja distante da dose que também pode produzir concentração sérica tóxica. B Presença de um parâmetro clínico claramente definido que permita ajustes de dose. C Toxicidade que possa levar à hospitalização, a danos irreversíveis nos órgãos e até à morte. 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 32/54 Parabéns! A alternativa C está correta. O monitoramento está indicado para medicamentos que quando apresentam aumento de seus níveis plasmáticos estão associados a quadros de toxicidade e efeitos adversos, visando aumentar a segurança durante a utilização desses medicamentos. Questão 2 (Farmacêutico – FGV – 2021) A monitoração laboratorial de medicamentos é uma prática clínica laboratorial importante para identificar a ocorrência de concentrações tóxicas ou concentrações subterapêuticas, em pacientes internados em unidade hospitalar. Essas diferenças interindividuais podem ser causadas por: I. Fatores farmacocinéticos, como capacidade de absorção, volume de distribuição do medicamento, biodisponibilidade e função renal e/ou hepática. II. Fatores farmacodinâmicos, como interações medicamentosas, polimorfismo no receptor do fármaco e tolerância ao medicamento. III. Fatores biológicos, como pacientes que possuem função renal diminuída, causando toxicidade mesmo com a dose dentro do intervalo terapêutico, e na infância devido à capacidade metabolizante dos medicamentos ser menor. Está correto o que se afirma em: D Relação previsível entre a dose e o desfecho clínico. E Ausência de correlação entre a concentração sérica do fármaco e sua eficácia e toxicidade. A I, somente. B I e II, somente. C I e III, somente. 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 33/54 Parabéns! A alternativa E está correta. Diversos fatores farmacocinéticos, farmacodinâmicos e biológicos podem alterar a biodisponibilidade dos medicamentos, e consequentemente, a concentração plasmática dos mesmos, alcançando concentrações tóxicas, terapêuticas ou subterapêuticas. Dessa forma, o monitoramento está indicado para pacientes que apresentam alterações clínicas significativas nesses fatores. 3 - Aspectos legais da receita médica no Brasil Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os aspectos legais da receita médica no Brasil. Prescrição racional e suas etapas Após o paciente ser avaliado e diagnosticado com algum problema clínico, o médico, baseado nos protocolos clínicos, pode optar entre diversas abordagens terapêuticas, como a utilização dos D II e III, somente. E I, II e III. 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 34/54 medicamentos, cirurgia, fisioterapia, entre outras, sendo o tratamento farmacológico uma escolha frequente, fazendo-se necessária a confecção de uma prescrição médica. A prescrição ou receita médica descreve em detalhes o tratamento específico para determinado paciente. A receita médica é um documento com valor legal, fruto de uma anamnese cuidadosa, um exame físico rigoroso e uma hipótese diagnóstica embasada. E então, para que essa prescrição possa ser realizada de maneira correta, etapas racionais devem ser seguidas: Inicialmente, baseado nas diretrizes clínicas e nos protocolos terapêuticos, o médico deve estabelecer um diagnóstico específico, mesmo que presuntivo (que tem possibilidades de ser; provável). Assim, a prescrição não deve ser baseada apenas no desejo de satisfazer as necessidades psicológicas do paciente por algum tipo de tratamento. Após estabelecido o diagnóstico específico, o médico deve considerar a sua fisiopatologia, ou seja, quais alterações fisiológicas estão sendo alteradas. Além disso, o médico deve explicar essas alterações ao paciente em linguagem simples, passível de entendimento. 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 35/54 Após identificar os processos fisiopatológicos, o médico deve selecionar um objetivo terapêutico para cada processo. Nessa etapa, vale destacar que o paciente com uma única patologia pode apresentar mais de um objetivo terapêutico. Como, por exemplo, na artrite reumatoide, o paciente pode apresentar dois objetivos terapêuticos, um no sentido de alívio da dor (redução do processo inflamatório), e outro para bloqueio da evolução do processo patológico. A partir da definição do objetivo terapêutico, deve- se selecionar o fármaco de escolha, ou um conjunto deles, para cada objetivo, considerando as características específicas do paciente e de sua apresentação clínica. Ou seja, deve-se avaliar a faixa etária, a presença de outras doenças, confirmar a inexistência de contraindicação e se o paciente já consome outra medicação, que pode culminar em interação farmacológica. Após escolher o fármaco, deve-se determinar o esquema posológico baseado nos parâmetros farmacocinéticos do fármaco. Por exemplo, o uso de medicamentos em pacientes com insuficiência renal ou hepática deve ser realizado com muita cautela, devido a importantes processos de metabolismo e à excreção dos medicamentos estarem comprometidos. Após definida a terapia farmacológica, o médico deve elaborar um plano para a monitorização da ação do fármaco, ou seja, explicar ao paciente todos os efeitos esperados com a utilização d l fá f f it ã 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 36/54 Nesse sentido, essas instruções ao paciente sobre como e quando tomar os medicamentos, a duração do tratamento e os objetivos da prescrição devem ser explicados de forma detalhada tanto pelo médico como também pelo farmacêutico. Por exemplo, no momento da dispensação do medicamento na farmácia, o farmacêutico não pode acreditar que o médico já tenha realizado as instruções, e nem mesmo o médico confiar que o farmacêutico realizará as instruções, pois caso nenhum profissional o faça, quem sairá sem a correta orientação será o paciente. Relembrando É preciso relembrarmos que o diagnóstico e a prescrição de medicamentos são atos de competência exclusiva do médico, cirurgião- dentista e veterinário, nos casos restritos às respectivas especialidades. No entanto, o farmacêutico também pode realizar a indicação de medicamentos isentos de prescrição (MIPs – regulamentados pela RDC 98, de 01/08/2016. Exemplo: naproxeno, ibuprofeno, fenilefrina, daquele fármaco e a forma como os efeitos serão monitorados, além de determinar um parâmetro de avaliação final para a terapia.Um exemplo prático dessa etapa é em relação aos pacientes que frequentemente deixam de tomar umamedicação após parar de apresentar os sintomas iniciais, como durante o uso da penicilina no tratamento da faringite estreptocócica. Diversos pacientes não são alertados durante a consulta médica para a importância de continuar a tomar o medicamento mesmo após o desaparecimento dos sintomas agudos. E que esse uso irracional dos antibióticos pode favorecer a resistência bacteriana. Por fim, o médico deve planejar um programa de educação do paciente. E assim, estar disponível ao paciente para repetir, estender e reforçar as informações transmitidas tantas vezes quanto for necessário. Deve-se reconhecer o valor de informar e envolver o paciente em cada uma das etapas discutidas acima, refletindo no aumento da adesão desses pacientes ao tratamento. 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 37/54 cetoprofeno, neomicina etc.), desde que atendidos os critérios éticos e legais previstos, conforme disposto no item 5.17.2 do Anexo da RDC 67/2007. Já o enfermeiro só pode atuar como prescritor de medicamentos quando fizer parte de uma equipe médica, seguir as orientações de um Programa de Saúde Pública, ou regimento interno de instituição de saúde. Elementos da prescrição médica Apresentaremos agora os principais elementos do receituário simples utilizado para prescrição de medicamentos que apresentam tarja vermelha, com os dizeres “venda sob prescrição médica” e que seguem as regras descritas na Lei nº 5.991/1973. Esse receituário pode ser utilizado para prescrição de medicamentos de uso contínuo, mas limitado ao uso por 60 dias. O receituário simples pode ser feito de forma impressa, eletrônica ou manuscrita (à mão), desde que sejam cumpridas todas as exigências legais. Nesse sentido, alguns elementos devem obrigatoriamente estar presentes na prescrição médica, conforme ilustrado na imagem a seguir. Elementos obrigatórios no receituário simples. Entre os elementos obrigatórios destacados na imagem, encontram-se: Devem ser descritos o nome completo do médico, sua especialidade, endereço e número de telefone do consultório. Esse campo é essencial, pois, caso haja alguma dúvida antes de Identidade do médico 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 38/54 dispensar a prescrição, por meio desse contato é possível facilitar a comunicação entre os profissionais envolvidos. Devem ser descritos o nome completo do paciente, endereço e a idade. Esses dados asseguram que o fármaco chegue ao paciente específico e também para fins de identificação e registro. A descrição do peso do paciente pode ser útil para evitar erros de cálculo da dose, principalmente quando os fármacos são prescritos à população pediátrica. Nesse local devem ser descritas todas as informações da medicação, como o nome do princípio ativo do fármaco, a sua concentração, dosagem, forma farmacêutica, posologia e as instruções para a administração. Considerando que a prescrição tem valor legal e que, em geral, há alguma relação com a data da consulta médica, o farmacêutico deve recusar-se a dispensar a prescrição sem antes solicitar confirmação telefônica caso tenha se passado muito tempo desde a data registrada. Esses dados são úteis para fins de identificação do médico e de registro. As instruções de uso devem ser específicas para cada paciente; no caso de uma preparação oral, as instruções devem começar com tomar ou administrar; para os produtos de uso externo, as instruções devem começar com o termo aplicar; para os supositórios, com o termo Identificação do paciente Instruções da terapia Data da prescrição Assinatura do prescritor e dados de identificação do conselho da profissão 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 39/54 colocar; e para as soluções oculares, otológicas ou nasais, prefere-se o termo pingar. Expressões como “usar como indicado”, “tomar quando necessário”, “tome conforme recomendado” não devem ser usadas, pois podem confundir os pacientes durante a administração. O preenchimento dessas informações deve ser realizado de forma simplificada, uma vez que o não entendimento de como realizar o tratamento pode refletir na não adesão terapêutica, que é uma das principais causas de fracasso terapêutico. Além disso, a inclusão dessas instruções é uma medida de segurança adicional para o paciente, porque o farmacêutico pode confirmar que o fármaco está sendo dispensado de maneira correta com base no esquema prescrito. Exemplo O uso de losartana para tratar hipertensão pode necessitar de 100mg/dia (1,4mg/kg/dia), enquanto para tratar insuficiência cardíaca congestiva, a dose não deve ultrapassar 50mg/dia, sendo assim, o farmacêutico consegue confirmar se a dose está adequada de acordo com a indicação terapêutica do paciente. Nesse sentido, as melhores instruções ao paciente incluem um lembrete quanto à finalidade pretendida do fármaco, por exemplo: fármaco utilizado “para o alívio da dor”, “para atenuar o prurido” ou “para controle da pressão arterial”. A quantidade de medicação prescrita deve ser suficiente para suprir todo o período do tratamento. Além disso, a utilização do nome genérico quando comparado ao nome comercial dos medicamentos pode eliminar a confusão durante a dispensação dos fármacos e favorecer a economia do paciente. Como identi�car e evitar erros nas prescrições Confira agora orientações para identificar e evitar erros de prescrição. 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 40/54 Receituários segundo a legislação brasileira Classi�cação dos receituários Diversos medicamentos estão sujeitos a controle especial e, para serem adquiridos, devem apresentar outros tipos de receituários, além do receituário simples apresentado anteriormente, obedecendo à legislação brasileira. Entre os profissionais sempre existe a dúvida. Por exemplo: qual receituário é utilizado na prescrição e dispensação dos antibióticos e outros medicamentos? Dessa forma, descreveremos a seguir cada um desses receituários. Receituário de antimicrobianos A receita para aquisição de antimicrobianos é determinada pela Resolução RDC-Anvisa nº 471, de 24 de fevereiro de 2021, que definiu os critérios para a prescrição, dispensação, controle, embalagem e rotulagem de medicamentos à base de substâncias classificadas como antimicrobianos. Também nessa data, foi publicada a IN (Instrução Normativa) nº 83/21, que define a lista de substâncias classificadas como antimicrobianos de uso sob prescrição, isoladas ou em associação. Não existe um modelo específico para a prescrição dos antimicrobianos, a mesma pode ser realizada com o receituário de controle especial devidamente preenchido ou até mesmo com o receituário simples. No entanto, o receituário simples obrigatoriamente deve conter o nome completo, endereço, idade e sexo do paciente (caso o prescritor não informe a idade e o sexo do paciente, esses dados podem ser preenchidos pelo farmacêutico responsável pela dispensação), emitido em duas vias, uma delas destinada à retenção pela farmácia onde se dará a aquisição e a outra via devolvida ao paciente. No ato da dispensação, o farmacêutico deve anotar nas duas vias a data, quantidade e número do lote do medicamento dispensado e rubricar. A receita de antimicrobianos é válida em todo o território nacional, por dez dias a contar da data de sua emissão. Em situações de tratamento prolongado, a receita poderá ser utilizada para aquisições posteriores dentro de um período de 90 (noventa) dias a contar da data de sua 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 41/54 emissão. A mesma poderá conter a prescrição de outras categorias de medicamentos desde que não sejam sujeitos a controle especial,e não há limitação do número de itens contendo medicamentos antimicrobianos prescritos por receita. Saiba mais A retenção e a escrituração (movimento de entrada, saída, perda e transferência de medicamentos) das receitas são obrigatórias. Farmácias e drogarias devem realizar a escrituração por meio do SNGPC (Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados). Outros medicamentos de controle especial estão sujeitos à regulamentação definida pela Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde (Portaria nº 344, de 12 de maio de 1998). Em geral, esses medicamentos podem trazer riscos para a saúde e são substâncias com ação no sistema nervoso central, capazes de causar dependência física ou psíquica, motivo pelo qual necessitam de um controle mais rígido do que as substâncias comuns. Receituário de controle especial. De acordo com a portaria nº 344, as substâncias e os medicamentos sujeitos ao controle especial são divididos em listas: A (A1, A2 e A3), B (B1 e B2), C (C1, C2, C3, C4 e C5), D (D1e D2), E e F. Essas listas (Anexo I da Portaria nº 344) são atualizadas e disponibilizadas por meio de 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 42/54 Resoluções de Diretoria Colegiada (RDC) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e devem ser acessadas por todos os profissionais que trabalham com substâncias sujeitas a controle especial. Medicamentos presentes na lista A Todos os medicamentos dessa lista estão sujeitos à retenção de receita tipo A obrigatória. Esses medicamentos recebem tarja preta, na qual se encontra impresso: “Venda sob prescrição médica – Atenção: pode causar dependência física ou psíquica”. A1 Substâncias entorpecentes. Ex.: morfina e análogos. A2 Substâncias entorpecentes de uso permitido somente em concentrações especiais. Ex.: codeína. A3 Substâncias psicotrópicas. Ex.: anfetamina e análogos. A Notificação de Receita A tem coloração amarela e é fornecida pela Autoridade Sanitária Estadual mediante solicitação do profissional ou instituição. Essa notificação pode conter no máximo 5 ampolas (no caso de formulações injetáveis) e, para as demais formas farmacêuticas de apresentação, poderá conter a quantidade correspondente no máximo a 30 dias de tratamento. A notificação possui validade de 30 dias após realizada a prescrição. Notificação de Receita A. Medicamentos presentes na lista B 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 43/54 Todos os medicamentos dessa lista estão sujeitos à retenção de receita tipo B obrigatória. Esses medicamentos também recebem tarja preta, na qual se encontra impresso: “Venda sob prescrição médica – Atenção: pode causar dependência”. B1 Substâncias psicotrópicas. Ex.: benzodiazepínicos e barbitúricos. B2 Substâncias psicotrópicas anorexígenas. Ex.: sibutramina. Para a prescrição da sibutramina, também é necessário apresentar o “Termo de responsabilidade do prescritor para uso de medicamento contendo a substância sibutramina”, e devem ser preenchidas três vias, sendo uma arquivada no prontuário do paciente, outra arquivada na farmácia e uma terceira devolvida ao paciente. A Notificação de Receita B tem coloração azul e deve ser impressa pelo profissional ou instituição, de acordo com o modelo definido na Portaria, contendo sequência numérica fornecida mediante solicitação junto a Autoridade Sanitária Estadual. Essa notificação pode conter no máximo cinco ampolas e, para as demais formas farmacêuticas de apresentação, quantidade correspondente a no máximo 60 dias de tratamento. A notificação possui validade de 30 dias após realizada a prescrição. Veja a seguir os modelos de receitas B, B2 e o termo de responsabilidade para sibutramina. Notificação de Receita B. 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 44/54 Notificação de Receita B2. Termo de responsabilidade para uso do medicamento contendo a substância sibutramina. As notificações de Receita A e B são documentos que, acompanhados da respectiva receita médica, autorizam a aquisição dos medicamentos presentes nas listas A e B, e ficam retidos pela farmácia ou drogaria, enquanto a receita é devolvida devidamente carimbada, como comprovante da dispensação. Medicamentos presentes na lista C Conheça os medicamentos presentes na lista C: C1, C2, C3, C4 e C5. C1 Eu, Dr.(a) ________________________________________, registrado no Conselho Regional de Medicina do Estado sob o número ___________________, sou o respon- sável pelo tratamento e acompanhamento do(a) paciente _____________________________, do sexo ___________________, com idade de ______ anos completos, com diagnóstico de __________________________________, para quem estou indicando o medicamento à base de SIBUTRAMINA. Informei ao paciente que: 1. O medicamento contendo a substância sibutramina: a. Foi submetido a um estudo realizado após a aprovação do produto, com 10.744 (dez mil, setecentos e quarenta e quatro) pacientes com sobrepeso ou obesos, com 55 (cinqüenta e cinco) anos de idade ou mais, com alto risco cardiovascular, tratados com sibutramina e observou-se um aumento de 16% (dezesseis por cento) no risco de infarto do miocárdio não fatal, acidente vascular cerebral não fatal, parada cardíaca ou morte cardiovascular comparados com os pacientes que não usaram o medicamento; e item 3 e as precauções descritas no item 4. acompanhado da diminuição de parâmetros metabólicos considerados fatores de risco da obesidade; e b. o medicamento deve ser utilizado como terapia adjuvante, como parte de um programa de gerenciamento de peso para pacientes obesos com índice de massa corpórea (IMC) > ou = a 30 kg/m2(maior ou igual a trinta quilogramas por metro quadrado), num prazo máximo de 2 (dois) anos, devendo ser acompanhado por um programa de reeducação alimentar e atividade física compatível com as condições do usuário. 3. O uso da sibutramina está contra-indicado em pacientes: a. Com índice de massa corpórea (IMC) menor que 30 kg/m2 (trinta quilogramas por metro quadrado); b. Com histórico de diabetes mellitus tipo 2 com pelo menos outro fator de risco (i.e., hipertensão controlada por medicação, dislipidemia, prática atual de tabagis- mo, nefropatia diabética com evidência de microalbuminúria); periférica, arritmia ou doença cerebrovascular (acidente vascular cerebral ou ataque isquêmico transitório); d. Hipertensão controlada inadequadamente, > 145/90 mmHg (maior que cento e quarenta e cinco por noventa milímetros de mercúrio); e. Com idade acima de 65 (sessenta e cinco) anos, crianças e adolescentes; f. Com histórico ou presença de transtornos alimentares, como bulimia e anorexia; ou g. Em uso de outros medicamentos de ação central para redução de peso ou tratamento de transtornos psiquiátricos. 4. As precauções com o uso dos medicamentos à base de sibutramina exigem que: a. Ocorra a descontinuidade do tratamento em pacientes que não responderem à perda de peso após 4 (quatro) semanas de tratamento com dose diária máxima de 15 mg/dia (quinze miligramas por dia), considerando-se que esta perda deve ser de, pelo menos, 2 kg (dois quilogramas), durante estas 4 (quatro) primeiras semanas; e b. Haja a monitorização da pressão arterial e da frequência cardíaca durante todo o tratamento, pois o uso da sibutramina tem como efeito colateral o aumento, de forma relevante, da pressão arterial e da frequência cardíaca, o que pode determinar a descontinuidade do tratamento. Nº XX/20XX. 6. O paciente deve informar ao médico prescritor toda e qualquer intercorrência clínica durante o uso do medicamento. de que tome conhecimento. 8. Para viabilizar e facilitar o contato, disponibilizo ao paciente os seguintes telefones, e-mail, fax, ou outro sistema de contato: ____________________________. Assinatura e carimbo do(a) médico(a): ________________________________C.R.M.: _________ Data: ____/____/_____ A ser preenchido pelo(a) paciente: Eu, _______________________________________, Carteira de Identidade Nº: ____________, Órgão Expedidor _________________, residente na rua ________________________, Cidade ___________________________, Estado _________, telefone ___________________, recebi pessoalmente as informações sobre o tratamento que vou fazer. Entendo que este remédio é só meu e que não devo passá-lo para ninguém. Assinatura: _____________________________________ Data: ____/____/_____ A ser preenchido pela Farmácia de manipulação no caso de o medicamento ter sido prescrito com indicação de ser manipulado: Eu, Dr.(a) _______________________________________________, registrado(a) no Conselho Regional de Farmácia do Estado sob o número ___________________, sendo o responsável técnico da Farmácia _________________________________________, situada no endereço _____________________________________________, sou responsável pelo aviamento e dispensação do medicamento contendo sibutramina para o paciente ___________________________. Informei ao paciente que: 1. Deve informar à farmácia responsável pela manipulação do medicamento relatos de eventos adversos durante o uso do medicamento; e eventos adversos de que tome conhecimento. 3. Para viabilizar e facilitar o contato, disponibilizo ao paciente os seguintes telefones, e-mail, fax, ou outro sistema de contato: ______________________________ Assinatura e carimbo do(a) farmacêutico(a): ______________________________ C.R.F.: _________ Data: ____/____/_____ Assinatura do (a) paciente: ______________________________________________ Data: ____/____/_____ b. Portanto, a utilização do medicamento está restrita às indicações e eficácia descritas no item 2, e respeitando-se rigorosamente as contraindicações descritas no 2. As indicações e eficácia dos medicamentos contendo sibutramina estão sujeitas às seguintes restrições: c. Com histórico de doença arterial coronariana (angina, história de infarto do miocárdio), insuficiência cardíaca congestiva, taquicardia, doença arterial obstrutiva a. A eficácia do tratamento da obesidade deve ser medida pela perda de peso de pelo menos de 5% (cinco por cento) a 10% (dez por cento) do peso corporal inicial 5. O uso da sibutramina no Brasil está em período de monitoramento do seu perfil de segurança, conforme RDC/ANVISA 7. É responsabilidade de o médico prescritor notificar ao Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, por meio do sistema NOTIVISA, as suspeitas de eventos adversos 2. É de responsabilidade do responsável técnico da Farmácia notificar ao Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, por meio do sistema NOTIVISA, as suspeitas de 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 45/54 Substâncias sujeitas a controle especial. Ex.: neurolépticos (ou antipsicóticos): clorpromazina e droperidol; os anticonvulsivantes: ácido valproico, carbamazepina, fenitoína e topiramato; os antidepressivos: amitriptilina, doxepina e imipramina; buspirona etc. Esses medicamentos estão sujeitos à Receita de Controle Especial (de acordo com o modelo definido na Portaria, de cor branca). C2 Substâncias retinoicas para uso sistêmico. Ex.: adapaleno, bexaroteno, isotretinoína. A notificação de receituário especial desses medicamentos apresenta validade de 30 dias. Podem ser prescritas apenas cinco ampolas, e para as demais formas farmacêuticas, a quantidade necessária para o tratamento é correspondente, no máximo, a 30 dias a partir de sua emissão. A Notificação de Receita Especial para a dispensação de medicamentos de uso sistêmico contendo substâncias da lista C2 deve ser acompanhada do “Termo de Consentimento Pós-informação”. Notificação de receita especial dos retinoides sistêmicos. 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 46/54 Termo de conhecimento de risco e de consentimento para o uso de substâncias da isotretinoína. C3 Substâncias imunossupressoras. Ex.: talidomida. O tratamento deve ser prescrito com duração de até 30 dias, sendo a prescrição válida por 15 dias após confeccionada. Receituário da talidomida. C4 Substâncias antirretrovirais. Ex.: ritonavir, zidovudina, efavirenz. 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 47/54 Apresentam formulário próprio estabelecido pelo Programa de Doenças Sexualmente Transmissíveis/Aids/MS. C5 Substâncias anabolizantes. Ex.: testosterona, oxandrolona. A prescrição de anabolizantes, de acordo com a Lei 9.965, de 27 de abril de 2000, deve trazer a identificação do profissional, o número de registro no conselho profissional, o número de Cadastro da Pessoa Física (CPF), o endereço e o telefone profissional, além do nome e endereço do paciente e o Código Internacional de Doenças (CID). Medicamentos presentes na lista D Veja os medicamentos presentes na lista D: D1 e D2. D1 Substâncias precursoras de entorpecentes e/ou psicotrópicos (substâncias sujeitas à Receita Médica sem Retenção) Ex.: ergometrina e ergotamina. D2 Insumos químicos utilizados como precursores para fabricação e síntese de entorpecentes e/ou psicotrópicos (contêm substâncias sujeitas a controle do Ministério da Justiça). Ex.: acetona, ácido clorídrico, ácido sulfúrico. Medicamentos presentes nas listas E e F Além das citadas anteriormente, temos ainda as listas E e F: Lista E Plantas que podem originar substâncias entorpecentes e/ou psicotrópicas. Ex.: Cannabis sativa e Erythroxylum coca. Lista F Substâncias de uso proscrito (proibido) no Brasil. Ex.: metilfentanila e beta-hidroxifentanila. 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 48/54 Receita digital Em 2020, durante a pandemia da covid-19 foi criado no Brasil um sistema de prescrição eletrônica por meio de uma plataforma desenvolvida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em parceria com o Conselho Federal de Farmácia (CFF) e o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), plataforma válida para todo o território nacional. Por meio dela é possível emitir de forma mais ágil e eficiente as receitas simples, de antimicrobianos e de controle especial (medicamentos que contenham substâncias das listas C1 e C5 e das listas A1, A2 e B1). As receitas digitais são confeccionadas a partir de uma consulta médica on-line, que pode ser enviada por arquivo eletrônico para o paciente e para as farmácias simultaneamente. Para resguardar o paciente e as farmácias, o Governo Federal lançou a validação de assinatura de prescrições pela Internet. Mas atenção, a digitalização de uma receita escrita em papel não é considerada prescrição digital. Fluxograma do passo a passo da prescrição eletrônica e da dispensação do medicamento. 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 49/54 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 De acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 471, de 24 de fevereiro de 2021, os antibióticos, medicamentos indicados para combater infecção, só podem ser comprados obrigatoriamente 03/03/2024, 10:14 Monitoramento Clínico https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/03725/index.html# 50/54 em farmácias ou em drogarias com a receita médica. A compra de antibióticos é realizada por meio de receita médica da cor Parabéns! A alternativa B está correta. Os antibióticos só podem ser vendidos em farmácias e drogarias do país mediante a apresentação da Receita de Controle Especial na cor branca em duas vias pelo consumidor, sendo que a primeira via da receita deve ser retida na farmácia, e a segunda deve ser devolvida ao paciente carimbada para comprovar o atendimento. Questão 2 A prescrição médica é um documento com orientações básicas para o uso
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