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Pronomes indefinidos

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MORFOLOGIA DA 
LÍNGUA ESPANHOLA
Roberta Spessato
Indefinidos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Reconhecer a função dos quantificadores. 
  Analisar os usos dos indefinidos variável e invariável.
  Interpretar a função dos indefinidos na comunicação.
Introdução
Quando estudamos uma língua estrangeira, não apenas passamos a 
compreender uma nova estrutura e uma nova cultura, mas também 
nos enxergamos por meio dela. A nossa visão gramatical e cultural é 
acentuada, pois o contraste entre línguas e culturas é capaz de apresentar 
um novo universo e ressignificar aquele a que estamos acostumados.
Essa descoberta se faz presente inclusive gramaticalmente, pois, 
quando estudamos a gramática de um novo idioma, tendemos a rela-
cioná-la constantemente à gramática da nossa língua materna. Contudo, 
essa relação carrega tanto traços parecidos, como aspectos muito dife-
rentes — como é o caso dos pronomes indefinidos no português e no 
espanhol. Os indefinidos na língua espanhola são apenas um subgrupo 
dos quantificadores, os quais podem ser pronomes, adjetivos, substanti-
vos ou advérbios, ou seja, esses pronomes não correspondem ao mesmo 
grupo de indefinidos da língua portuguesa. 
Neste capítulo, você vai reconhecer a função dos quantificadores, 
analisar os usos dos indefinidos variáveis e invariáveis, e interpretar a 
função dos indefinidos na comunicação.
Os quantificadores e as suas categorias 
gramaticais
Os pronomes indefi nidos são indicadores quantitativos. Para a Real Academia 
Española (RAE) (2010), quantifi car signifi ca expressar a medida de algo, seja de 
forma numérica (como em tres personas e diez libros), seja de forma estimada 
(como em muchas personas e trabajar poco). Falar em quantifi cadores na 
língua espanhola não se restringe a analisar somente os numerais, mas também 
os indefi nidos. Enquanto o primeiro grupo retrata um quantifi cador exato, o 
segundo confi gura um valor não específi co.
O termo indefinido, para Alarcos Llorach (2000), engloba uma série de 
palavras, cuja característica comum é de natureza semântica. Tais palavras 
referem-se a noções como quantidade, intensidade, grau, número, etc., com 
as quais o falante considera as realidades referenciadas no ato de fala. En-
quanto outras unidades (como nomes pessoais, demonstrativos ou possessivos) 
realizam menções de identificação dêitica, isto é, localizam uma situação 
específica no tempo e no espaço, por exemplo, as indefinidas não indicam com 
precisão as realidades mencionadas. Assim, do ponto de vista semântico, não 
é inapropriado afirmar que os elementos do grupo indefinido desempenham 
uma delimitação imprecisa das realidades que o orador significa. Portanto, 
segundo o autor, devemos adicionar ao grupo dos indefinidos os numerais, 
os quais, embora tenham um conteúdo mais específico, não contribuem para 
identificar inequivocamente as realidades às quais são atribuídos. Assim, na 
expressão cinco personas, por exemplo, o numeral limita estritamente a quan-
tidade de pessoas consideradas, mas não as identifica com a individualidade.
Segundo Torrego (2007), os indefinidos, do ponto de vista do significado, 
indicam valores quantitativos imprecisos e/ou indeterminados. Logo, eles 
se opõem aos numerais, os quais delimitam de forma precisa ou exata as 
realidades às quais nos referimos. Em outras palavras, enquanto os numerais 
expressam a quantidade com precisão (dos mujeres, siete remolachas, veinte 
días), os indefinidos apresentam a quantidade de maneira imprecisa ou vaga 
(muchas mujeres, algunas remolachas, varios días).
Indefinidos2
No Quadro 1, você pode ver o grupo dos principais quantificadores inde-
finidos da língua espanhola.
Masculino 
Singular
Feminino 
Singular Neutro
Masculino
Plural
Feminino
Plural
todo toda todo todos todas
ambos ambas
cada
alguno
algún
alguna algunos algunas
ninguno
ningún
ninguna
nadie nadie
alguien alguien
algo
nada
varios varias
cualquiera
cualquier
cualquiera
cualquier
cualesquiera
cualesquier
cualesquiera
cualquier
cuanto cuanta cuanto cuantos cuantas
tanto tanta tanto tantos tantas
mucho mucha mucho muchos muchas
poco poca poco pocos pocas
bastante bastante bastante bastantes bastantes
demasiado demasiada demasiado demasiados demasiadas
más más más más más
menos menos menos menos menos
 Quadro 1. Quantificadores indefinidos em espanhol 
3Indefinidos
Em relação ao aspecto semântico de indeterminação dos indefinidos, 
precisamos considerar uma questão bastante específica pontuada por Alarcos 
Llorach (2000). De acordo com o autor, algumas unidades desse grupo não 
compartilham o valor apresentado em relação aos indefinidos. Isso ocorre, por 
exemplo, quando o significado do indefinido manifesta o extremo de quanti-
dade, representando uma totalidade. Assim, na oração Todos los profesores 
fueron a la reunión ou em Los alumnos no hicieron ninguna tarea, temos dois 
casos em que há um valor exato.
Além do valor semântico específico de cada indefinido, a sua classifica-
ção funcional em relação às classes de palavras é relativa. Normalmente, ao 
estudar o grupo dos indefinidos no espanhol, em função de a nossa língua 
materna ser o português, tendemos a classificá-los sempre como pronomes. 
Todavia, a língua espanhola, diferentemente do português, não apresenta uma 
grupo de palavras chamado de pronomes indefinidos. Assim, nem todos os 
quantificadores pertencem à mesma categoria gramatical.
Os indefinidos são classificados de acordo com as suas peculiaridades 
funcionais. Se eles acompanharem um substantivo, são classificados como 
adjetivos; se o substituírem, como pronomes. Além disso, esse grupo também 
assume outros papéis, como de substantivos ou de advérbios — tudo dependerá 
do papel sintático que eles representam dentro de determinada estrutura. 
Para tanto, analisaremos a seguir as particularidades funcionais existentes 
entre os indefinidos. É importante direcionarmos o nosso estudo às posições 
da RAE (2010). De acordo com a academia, os quantificadores fazem parte 
de uma classe transversal, na qual determinados termos têm características 
morfológicas idênticas, mas cumprem diferentes funções sintáticas.
Pronomes e adjetivos indefinidos
Segundo Torrego (2007), a maioria dos indefi nidos funcionam como atuali-
zadores de um substantivo, mas também podem atuar como pronomes. Para 
Alarcos Llorach (2000), os adjetivos formam uma classe na qual diferentes tipos 
podem ser distinguidos de acordo com certas peculiaridades funcionais, isto 
é, eles são subdivididos em adjetivos qualifi cativos e adjetivos determinantes. 
Assim, é no grupo dos determinantes que se agrupam os possessivos, os de-
monstrativos e os indefi nidos. Enquanto os adjetivos qualifi cativos possuem a 
função de caracterizar, como inteligente em niña inteligente, os determinantes 
cumprem o seu papel determinativo, o qual dispõe um valor “especifi cador”.
Indefinidos4
Muitos indefinidos, segundo Alarcos Llorach (2000), compartilham com a 
série dos numerais cardinais a característica de fazer referência à quantidade 
atribuída aos objetos designados pelo substantivo que eles acompanham. Tanto 
os indefinidos quanto os numerais são, portanto, adjetivos que podem ser 
chamados de quantificadores. Dessa forma, quando temos uma combinatória 
de palavras em que o indefinido acompanha, determina ou especifica o subs-
tantivo, temos um grupo chamado de adjetivos indefinidos. Por exemplo, na 
sentença Algunos estudiantes llegaron temprano, a palavra algunos cumpre o 
papel de adjetivo. Já quando temos um indefinido que substitui o substantivo, 
tratamos de classificá-lo como pronome indefinido, como ocorre em No tengo 
ese libro de Neruda, pero tengo otros.
Segundo Alarcos Llorach (2000), a permutação dos adjetivos determina-
tivos não é livre. Em outras palavras, os adjetivos indefinidos não admitem 
em um grupo nominal complexo a precedência de outro adjetivo; portanto,o seu lugar não compreende uma variação livre dentro da oração. Veja os 
seguintes exemplos:
Unas personas inteligentes. / Unas inteligentes personas.
Algunos buenos alumnos. / Algunos alumnos buenos.
Cualquier buen cantante. / Cualquier cantante bueno.
 De acordo com Di Tullio (1997), as formas pronominais que são indiscu-
tivelmente indefinidos são uno, cualquiera, alguien, algo, nadie e nada. O 
restante das formas assume tanto o papel de adjetivos quanto de pronomes. 
Os pronomes indefinidos, segundo Luján (2015), indicam seres e coisas de 
maneira geral e vaga. Para o autor, tradicionalmente alguns indefinidos são 
agrupados de acordo com a entidade a que se referem, conforme apresentados 
no Quadro 2.
Elemento referido Pronomes indefinidos
Pessoas Alguien, nadie, quienquiera
Coisas Algo, nada
Pessoas e/ ou coisas Cualquiera
 Quadro 2. Relação entre os pronomes indefinidos e as entidades a que eles se referem 
5Indefinidos
Luján (2015) afirma que normalmente são consideradas como pronomes 
indefinidos certas expressões, como cada cual, cada uno, alguno que otro, 
uno que otro, unos cuantos, unos pocos. Veja exemplos a seguir.
Cada cual tenga su merecido.
Cada uno recibió lo convenido.
Alguno abandonó el juego.
Unos cuantos protestaron.
Han venido unos pocos.
Substantivos indefinidos
Como vimos, em geral os indefi nidos são classifi cados como pronomes ou 
adjetivos, mas certas peculiaridades funcionais delimitam esse grupo a 
outras subclasses especiais. Segundo Alarcos Llorach (2000), há algumas 
unidades indefi nidas que cumprem exclusivamente o papel de substanti-
vos, como alguien, algo, nadie, nada e os pouco frequentes quienquiera e 
quienesquiera. Os primeiros quatro são invariáveis e nunca se combinam 
com o artigo, exceto em usos fi gurativos como los algos e los nadies, em 
que deixam de ser propriamente indefi nidos, mas continuam carregando 
o signifi cado de imprecisão. Analise parte do poema do escritor uruguaio 
Eduardo Galeano:
Los Nadies
Sueñan las pulgas con comprarse un perro y sueñan los nadies con salir 
de pobres, que algún mágico día llueva de pronto la buena suerte, que 
llueva a cántaros la buena suerte;
(…)
Los nadies: los hijos de nadie, los dueños de nada.
Los nadies: los ningunos, los ninguneados, 
corriendo la liebre, muriendo la vida, jodidos, rejodidos:
(…)
Que no tienen nombre, sino número.
Que no figuran en la historia universal, sino en la crónica roja de la prensa 
local.
Los nadies, que cuestan menos que la bala que los mata.
Indefinidos6
 Como vimos, os indefinidos podem ser adjetivos, pronomes e substantivos. 
O poema acima apresenta-nos essas três classes:
  O trecho “Sueñan las pulgas con comprarse un perro y sueñan los 
nadies con salir de pobres, que algún mágico día llueva de pronto la 
buena suerte, que llueva a cántaros la buena suerte” apresenta um 
substantivo indefinido (los nadies) e um adjetivo (algún, que está 
acompanhando mágico.
  O trecho “Los nadies: los hijos de nadie, los dueños de nada” apresenta 
novamente o substantivo em los nadies e, além disso, dois pronomes 
indefinidos (nadie e nada).
Normalmente, os substantivos são acompanhados por artigos e/ou adje-
tivos. Conforme Alarcos Llorach (2000), os indefinidos, ao atuarem como 
substantivos, não exigem necessariamente que os artigos os acompanhem, 
pois o artigo não é necessário em todos os contextos. Contudo, a presença 
dos artigos nos substantivos indefinidos não é gratuita: ele carrega um valor 
semântico para o enunciado. Como vimos no poema acima, los nadies possui 
um valor que identifica determinado grupo.
Advérbios indefinidos
Ao pensarmos nos indefi nidos e discutirmos classes de palavras, devemos 
analisar o papel morfossintático de cada categoria estudada, já que, como 
vimos, esse grupo não corresponde a apenas uma função dentro das orações. 
Valmaseda Regueiro e Burgos (2010) afi rmam, por exemplo, que o substantivo 
é uma classe que serve para nomear seres ou objetos a fi m de representá-los. 
Os adjetivos são um grupo de palavras que concorda em gênero e número com 
o substantivo que ele acompanha. Quando pensamos nos pronomes, a chave é 
o seu papel morfossintático, ou seja, a substituição de algo já referenciado no 
discurso. Embora já tenhamos identifi cado os indefi nidos nessas três diferen-
tes classes, a sua análise é mais profunda, uma vez que o seu papel abrange 
também outros aspectos, como o de intensifi cador de adjetivos, advérbios 
e verbos. Dessa forma, deparamo-nos também com indefi nidos adverbiais.
Enquanto o substantivo nomeia, o adjetivo determina e/ou qualifica, e o pro-
nome substitui, os advérbios são caracterizados por serem uma classe circunstan-
cial capaz de modificar verbos, adjetivos e advérbios. Um modo de apresentação 
7Indefinidos
dos indefinidos é na forma quantitativa gradual. Segundo a RAE (2010), os 
quantificadores de grau costumam assumir o papel de advérbios. Por exemplo:
Iba poco a la casa de mis tíos.
Estoy bastante cerca de la escuela.
 Os indefinidos algo e nada, ainda que sejam substantivos, segundo Alarcos 
Llorach (2000), assumem o papel de advérbios ao se comportarem como adja-
centes ao adjetivo, já que quantificam a noção denotada pelo adjetivo. As duas 
funções possíveis de ambos os indefinidos podem ser verificadas nestes casos:
Dame algo frío. (função substantiva: alguna cosa fría)
El café está algo frío. (função adverbial: un poco frio)
No dijo nada importante. ( função substantiva: nada importante)
Esa cuestión es nada importante. / Eso es nada 
importante. (função adverbial: muy poco importante)
Veja a seguir algumas questões do espanhol em contraste com o português:
  Em espanhol, todo varia em gênero e número como em português; 
entretanto, há em português a forma tudo, que é invariável e inexistente 
na língua espanhola.
Para todo hay que tener una habilidad.
Para tudo há um jeito.
  O indefinido mismo do espanhol não tem um uso tão amplo como 
no português, uma vez que no português esse indefinido também é 
utilizado com valor enfático.
Cuánto has crecido. (Você cresceu mesmo.)
  Na língua espanhola, otro apenas aceita artigo definido; já no português, 
outro aceita tanto artigo definido quanto indefinido.
Me gusta más el otro libro de Neruda.
Traiga otro jugo, por favor.
Gosto mais do outro livro de Neruda.
Traga um outro suco, por favor.
Indefinidos8
  Bastante, no espanhol, tem um valor intermediário entre pouco e muito; 
já no português, equivale a muito.
Llovió bastante. ≠ Llovió mucho. (Choveu muito = choveu bastante.)
  No espanhol, la gente corresponde à construção as pessoas do português. 
Já uno na língua espanhola corresponde à construção a gente do português.
La gente no piensa mucho. (As pessoas não pensam muito.)
Uno solo sabe que decir, pero no lo que hacer. (A gente não 
sabe o que dizer, mas sabe o que fazer.)
Concordância e significado: uma dupla que deve 
ser analisada
De acordo com Real Academia Española (2011), os quantifi cadores não nu-
méricos podem ser fortes (universais ou defi nidos) ou fracos (indefi nidos). 
Os quantifi cadores fortes, segundo a RAE (2011), são denominados dessa 
maneira pelo fato de englobarem o valor semântico de totalidade nos seus 
membros, que são os seguintes: todo, cada e ambos.
Os quantificadores fracos, de acordo com a RAE (2011), são denomi-
nados assim por não incluírem o valor semântico em relação ao significado 
nos membros do seu grupo. Para Alarcos Llorach (2000), o termo indefinido 
engloba uma série de palavras, com diferentes classes, cuja característica 
comum é de natureza semântica. Essas palavras referem-se a noções como 
quantidade, intensidade, grau, número, modo, etc., com as quais o falante 
considera as realidades aludidas no ato de fala. Esse grupo é dividido em três 
subgrupos: os existenciais, os distintivos e os estimativos.
Os quantificadores fortes: todo, cada e ambos
Esse grupo representa semanticamente uma totalidade daquilo que é referido.
Todo e seus variantes
É peculiaro comportamento do indefi nido todo e de suas variantes de gênero 
e número (todo, toda, todos e todas). Para Alarcos Llorach (2000), tal conjunto 
representa semanticamente uma totalidade daquilo que é referido. O mais 
9Indefinidos
notável é que pode preceder o conteúdo com o qual concorda, mesmo que 
seja fornecido com o artigo:
Todo el martes.
Toda la semana.
Todos los años.
Todas las mañanas.
Todos los que llegaron.
Todo el día santo.
Por esse motivo, também precede as unidades que carregam o significado 
identificador do artigo, como nomes próprios, demonstrativos, possessivos e 
nomes pessoais:
Toda Argentina / Toda España
Todo este campo / Todas esas / Todo aquello
Todos mis amigos / Todas vuestras disculpas
Se peinó toda ella / Estamos de acuerdo todos nosotros
De acordo com Torrego (2007), ele apresenta valor de generalização e de 
totalidade. Quando acompanha um substantivo singular, carrega um valor de 
generalização que equivale ao sentido de qualquer; no entanto, com a presença 
de outro determinante, como um artigo, ele expressa o sentido de totalidade:
Todo el lunes tengo clase de español. (totalidade)
Todo libro es interesante. (totalidade)
En toda semana se trabaja mucho. (generalização)
Todos los años María viaja a Madrid. (generalização)
As orações acima apresentam duas abordagens distintas do quantificador 
todo. Nas duas primeiras orações, temos o valor generalizado, em que todo 
corresponde a qualquer. O significado da primeira oração é que “todas as 
segundas, sem exceção, há aula de espanhol”, e o significado da segunda é que 
“qualquer livro é interessante”. Já a terceira e a quarta orações correspondem a 
um valor de totalidade, em que a terceira configura que “em qualquer semana 
se trabalha muito”, e a última reflete a ideia de que “não há nenhum ano em 
que Maria não viaje a Madrid”. Todavia, é importante atentar para o fato de 
que, em português, não temos apenas as formas variáveis todo, toda, todos e 
todas, mas também a forma tudo.
Indefinidos10
Cada
De acordo com a RAE (2011), o quantifi cador cada é sempre invariável e deter-
minante, ou seja, nunca assumirá um papel pronominal, já que necessariamente 
acompanhará um substantivo ou outro quantifi cador de caráter pronominal. 
Valmaseda Regueiro e Burgos (2010) afi rmam que esse elemento serve para 
individualizar ou distribuir dentro de um grupo e, apesar de ser invariável 
(isto é, não possuir gênero nem número), pode ser usado com substantivos 
femininos ou masculinos, tanto no singular quanto no plural. Contudo, quando 
ele acompanha nomes no plural, a estrutura oracional exige a presença de 
um numeral intercalado. Semanticamente, esse termo se refere de maneira 
individualizada a todos os integrantes de um conjunto específi co, como você 
pode perceber nos exemplos a seguir:
Cada profesor preparó una presentación para nuestro taller.
Cada uno sabe lo que quiere.
Cada diez minutos, sale un tren a Buenos Aires.
Ambos e sendos
A forma quantifi cadora ambos possui apenas fl exão de gênero (ambos e ambas), 
mas não de número, pois não tem variante singular. Além disso, de acordo 
com a RAE (2010), apenas se combina com substantivos contáveis. Quando os 
acompanha, assume o papel de determinante ou adjetivo; quando os substitui, 
assume o papel de pronome. Veja os seguintes exemplos:
Me gustaron el vestido rojo y el zapato negro. Compré ambos.
Necesito leer ambos textos de María Flor.
A forma quantificadora sendos não apresenta o mesmo valor semântico 
de ambos. Desse modo, essa forma assume necessariamente o valor de de-
terminante, ou seja, de adjetivo. Podemos inclusive parafraseá-lo como cada 
uno. Veja o seguinte exemplo:
Llegaron tres programadores portando sendos ordenadores.
11Indefinidos
Os quantificadores fracos existenciais
Esses quantifi cadores — também conhecidos como indefi nidos existenciais — 
expressam a existência ou a inexistência da pessoa ou da coisa de que se fala. 
Eles podem ser positivos (algo, alguien, alguno e seus variantes) ou negativos 
(nada, nadie, ninguno e seus variantes).
Algo, nada, alguien e nadie
Esses indefi nidos são neutros, ou seja, são invariáveis — não variam em gênero 
nem em número. Quando analisamos a sua classe gramatical, é importante 
enfatizar que esses indefi nidos são sempre pronomes. O que diferencia esses 
quatro indefi nidos é ao que cada um se refere. Enquanto algo e nada se referem 
necessariamente a coisas (nunca a pessoas), os indefi nidos alguien e nadie se 
referem obrigatoriamente a pessoas (nunca a coisas).
¿Hay algo para comer?
No, no hay nada.
Cabe destacar que os falantes de português, quando estudam o grupo dos 
indefinidos da língua espanhola, têm a tendência de traduzir o indefinido nadie 
para nada, uma vez que buscam uma tradução semelhante, mas com novos 
traços morfológicos para o indefinido nada da sua língua materna. No entanto, 
o indefinido nadie do espanhol significa ninguém na língua portuguesa.
No vino nadie a la escuela en las vacaciones.
¿Hay alguien en tu casa para que yo le entregue las pruebas 
de italiano?
De acordo com Alarcos Llorach (2000), como adjacente a esses indefinidos, 
geralmente não há segmentos com a preposição seguida por um substantivo 
no plural. Segundo o autor, em geral se diz alguien de aquí, e não alguien de 
nosotros; nadie del consejo, e não nadie de los consejeros; algo de chocolate, 
e não algo de chocolates, etc. 
Indefinidos12
Alguno, ninguno e seus variantes
Esses indefi nidos podem se referir tanto a coisas quanto a pessoas. Não importa 
a classe que eles assumam, eles sempre vão concordar com o substantivo a 
que eles se referem ou que substituem. Nos exemplos a seguir, você pode ver 
pronomes e adjetivos, ambos concordando com o substantivo de referência 
e substituição.
Quería todas las ropas de esta tienda, pero no compré 
ninguna. Si vieras alguna que te agrade, me avisas, por favor.
¿Compraste algún regalo para María?
No, no compré ninguno. Le compraré solamente en la próxima 
semana.
No primeiro exemplo, temos dois casos de pronome indefinido, em que 
alguna substitui ropa. Já no segundo, temos um adjetivo algún, o qual assume 
a forma apocopada de alguno, e um pronome ninguno. Nesse contexto, temos 
o primeiro como adjetivo, uma vez que acompanha o substantivo regalo, e o 
segundo como pronome, pois substitui esse mesmo substantivo.
De acordo com Alarcos Llorach (2000), a característica de indeterminação 
desses quantificadores obviamente exclui a sua combinação com o artigo, 
que é um identificador. Portanto, é impossível construir expressões como el 
ningún hombre e la alguna silla.
Os quantificadores fracos distintivos
Esses quantifi cadores designam um elemento indiscriminado em determinado 
grupo. Eles não possuem gênero, apenas número. De acordo com a era (2011), 
esses indefi nidos normalmente se combinam com substantivos contáveis, 
grupos nominais não defi nidos ou construções partitivas. Os principais quan-
tifi cadores desse grupo são o cualquiera e o seu plural cualesquiera.
Cualquier persona.
Cualesquier alumnos que estudian 
consiguen hacer bien la tarea.
Un día cualquiera.
Cualquiera de los alumnos. 
13Indefinidos
Como podemos perceber, os primeiros dois exemplos correspondem às 
formas apocopadas dos indefinidos, isto é, apresentam alguma supressão 
ao fim da palavra. Essas formas sempre serão obrigatoriamente adjetivos ou 
determinantes, já que precisam acompanhar um substantivo.
Os quantificadores fracos estimativos
Esses quantifi cadores representam um grupo que expressa uma quantidade su-
perior ou inferior a determinada expectativa. De acordo com a RAE (2011), 
podem ser determinantes ou adjetivos, pronomes ou advérbios. Como adjetivos, 
eles acompanham o substantivo; como pronomes, substituem; e como advérbios, 
intensifi cam o verbo. Esses pronomes serão invariáveis somente como advérbios, 
pois como adjetivos ou pronomes, eles concordam com o substantivo em questão. 
Os principais quantificadores desse grupo são mucho,poco, bastante e 
algo. O mucho possui também a sua forma apocopada: muy. No entanto, essa 
forma assume apenas o papel de advérbio e, portanto, será invariável. Veja 
alguns exemplos a seguir.
Adjetivos
Tengo muchas amigas.
Compré pocas ropas.
Tengo bastantes cosas para estudiar.
Pronomes
Compré pocos libros, porque ya tenía muchos. 
Estudié casi todo lo que necesitaba. Ahora me falta poco para 
que me vaya de vacaciones.
¿Tienes ejercicios de español? Sí, tengo bastantes.
Advérbios
Trabajé mucho esta semana. 
Hoy me he despertado muy temprano. 
Mi hermana sale poco. Creo que necesita de nuevos amigos.
Indefinidos14
Algo
O quantifi cador algo, quando não assume o seu papel de pronomine contras-
tivo com o antônimo nada, pode se revelar também como um quantifi cador 
indefi nido adverbial estimativo, ou seja, assume um papel de intensidade e 
tem como sinônimo un poco. 
Llovió algo.
Esse exemplo é bastante importante, pois cabe afirmar que não choveu 
alguma coisa, como canivetes ou moedas: apenas choveu um pouco. Nesse 
contexto, algo possui valor estimativo, e não pronominal.
Veja a seguir uma explicação mais aprofundada sobre os usos de muy e mucho.
Mucho
O quantificador mucho pode ser adjetivo, pronome ou advérbio. Como adjetivo ou 
pronome, ele pode modificar ou substituir o substantivo, concordando em gênero e 
número. Já como advérbio, sempre será invariável, e o seu papel será de modificador 
do verbo.
Veja os seguintes exemplos:
¿Tienes muchas historias de tus vacaciones? (adjetivo – variável)
Sí, tengo muchas. (pronome – variável)
Ana baila mucho. (advérbio – invariável)
Muy
O quantificador muy sempre será um advérbio, ou seja, é invariável. O seu papel 
oracional se resume a modificar o adjetivo e o advérbio. Veja os seguintes exemplos:
Carlos es muy simpático.
Fabio canta muy bien.
15Indefinidos
A função dos indefinidos na comunicação
Ao estudarmos uma língua, sabemos que tratamos de um objeto vivo e va-
riável. Mesmo que a gramática organize o sistema linguístico, precisamos 
saber que ela também é um objeto inacabado, capaz de absorver cada vez 
mais informações sobre a sua estrutura e o seu vocabulário.
Os pronomes indefinidos estão presentes no discurso escrito e falado. 
Normalmente, há uma relação direta da fala com a escrita, uma vez que a 
escrita busca representar o que é dito na fala; porém, há construções que 
estão muito mais presentes no discurso falado, enquanto outras são muito 
mais usuais no escrito. Por exemplo, neste capítulo, estudamos os indefinidos 
existenciais, em que há os positivos e os negativos. Os positivos nada e algo 
são antônimos dos negativos nadie e alguien. Nos discursos falados, de acordo 
com a RAE (2010), nada e algo frequentemente expressam determinado grau 
qualitativo, como em Este muchacho tiene algo (de) raro ou No hay nada de 
malo con lo que pasó.
Na enunciação, de acordo com Alarcos Llorach (2000), o sentido negativo 
facilita a eliminação na enunciação da unidade não, quando precede o núcleo 
verbal. Da mesma forma, os dois pares alguien / nadie e algo / nada, embora 
apresentem diferenças discursivas expressivas, podem fazer equivaler seman-
ticamente os seus termos opostos em frases interrogativas.
 ¿Ha llamado alguien? = ¿No ha llamado nadie?
¿Quieres beber algo? = ¿No quieres beber nada? 
Analise o quadro dos quantificadores indefinidos adverbiais muy e mucho.
Muy Mucho
Usos Antes de adjetivos e advérbios. Depois de verbos.
Exemplos Estoy muy feliz.
Vivo muy cerca de aquí.
Llovió mucho.
Exceção Usa-se mucho
Antes/Después (advérbios) – Llegué mucho después que Ana.
Más/Menos (advérbios) – María recibe mucho menos que Carlos.
Mayor/Menor (adjetivos) – Soy mecho menor que mi hermana.
Peor/Mejor (adjetivo) – Hogaño está mucho mejor que antaño.
Indefinidos16
Há palavras que são muito utilizadas na fala cotidiana e que, dependendo 
de onde são empregadas, podem variar o seu sentido. Os quantificadores más 
e menos, por exemplo, fazem parte do vocabulário falado e escrito de qual-
quer falante de espanhol. Alarcos Llorach (2000) chama atenção para o uso 
desses quantificadores, pois o seu sentido depende muito do local oracional 
em que eles estão. O autor afirma que esses elementos são compatíveis com 
o demonstrativo, mas devem ser pospostos ao substantivo no grupo nominal. 
Em resumo, é possível dizer Estos bolígrafos más ou Esas hojas menos, mas 
nunca *Estos más bolígrafos ou *Esas menos hojas. Em contrapartida, quando 
esses quantificadores disputam com os possessivos, são os possessivos que 
ficam atrás do substantivo do grupo. Dessa forma, temos Más bolígrafos 
suyos e Menos hojas tuyas.
Como vimos, o lugar em que os quantificadores aparecem na oração é 
determinante para o significado como um todo. Se tivermos os quantificadores 
más e menos em posição inicial, eles não mais quantificam, e sim adicionam 
ou subtraem: Le enviaron este estuche más estos bolígrafos e Se quemó todo 
menos tus hojas. Além disso, de acordo com Alarcos Llorach (2000), nos 
usos de más e menos como os quantificadores, eles também implicam uma 
comparação com termos conhecidos entre os interlocutores: Estos bolígrafos 
más (de los que hay) e Menos hojas tuyas (que mías). 
Para os falantes de português, há um grupo conhecido como “falsos ami-
gos” (ou “palavras heterossemânticas”), que os acompanha na aquisição de 
vocabulário da língua espanhola. Essas palavras são iguais ou muito parecidas 
nos dois idiomas, mas possuem sentido diferente. Por exemplo, o indefinido 
uno da língua espanhola tem o seu equivalente em português como a gente. Da 
mesma forma, o pronome a gente do português não deve ser confundido com 
o pronome indefinido la gente do espanhol, já que este significa as pessoas. 
Portanto, semanticamente é possível afirmar que em uno o falante se inclui, 
já em la gente o falante generaliza.
Cuando uno tiene hambre, quiere comer todo. 
(Quando a gente está com fome, quer comer tudo.)
La gente no sabe lo que dice. (As pessoas não sabem o que 
dizem.)
Os brasileiros, quando estudam a sintaxe da língua espanhola, adquirem com 
muito mais facilidade o novo idioma, principalmente pela sua proximidade. Da 
mesma forma, os alemães, ao estudar inglês, também têm mais facilidade na sua 
17Indefinidos
aquisição. Contudo, se tivermos alunos de outras nacionalidades, é importante 
enfatizarmos que é incorreto colocar os qualificadores antes dos indefinidos:
*Buenas unas ideas
*Interesante algún comentario
*Capaz cualquier pianista
*Rojas más manzanas
*Guapas muchas muchachas
*Cómodos pocos sofás
Veja o uso correto:
Unas buenas ideas
Algún interesante comentario
Cualquier pianista capaz
Manzanas más rojas
Guapas muchas muchachas guapas
Pocos sofás cómodos
Em essência, ao estudarmos os indefinidos na língua espanhola, mesmo 
que eles tenham certa proximidade com a língua portuguesa, vimos que isso 
não os torna iguais. Logo, devemos prestar atenção não apenas no sentido, 
mas também nas classificações categoriais, já que nós, como estudiosos desse 
idioma, professores, ou futuros professores, devemos compreender não ape-
nas o superficial, mas cada detalhe desse novo universo linguístico no qual 
estamos nos inserindo.
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ALARCOS LLORACH, E. Gramatica de la lengua espanola. São Paulo: Planeta de Livros, 2000.
BURGOS, M. A.; REGUEIRO, M. A. V. Michaelis: espanhol - gramática prática. São Paulo: 
Melhoramentos, 2010.
DI TULLIO, Á. Manual de gramática del español. 2. ed. Buenos Aires: EDICIAL S.A., 1997. 
LUJÁN, J. C. Gramática para maestr@s. Cabimas: UNERMB, 2015.
REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Nueva gramática básica de la lengua española. Madrid: 
Espasa Libros, 2011.
REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. Nueva gramática de la lengua española: manual. Madrid: 
Espasa, 2010.
TORREGO, L. G. Gramática didáctica del español. São Paulo: Sm, 2007.
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