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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE MEDICINA Curso de Fonoaudiologia Epidemiologia SEMANA 9: Exercícios de Bioestatística e Introdução aos Delineamentos de Estudos Epidemiológicos QUESTÃO 1. Um estudo foi conduzido para investigar a associação entre exposição ao ruído no trabalho e perda auditiva em trabalhadores de uma grande indústria. Do total de 1500 trabalhadores examinados, 500 apresentaram perda auditiva moderada e os demais não tinham indícios de comprometimento. Após entrevista, 150 homens com perda auditiva relataram trabalhar expostos a ruído ambiental e 50 homens sem problema auditivo também relataram trabalhar expostos ao ruído. a) Apresente os dados informados acima em um uma tabela 2 x 2. Exposição Com perda auditiva Sem perda auditiva Total Sim 150 50 200 Não 350 950 1300 Total 500 1000 1500 b) Qual a proporção de trabalhadores expostos ao ruído? Considerando que o número total de trabalhadores examinado foi de 1500 e que apenas 200 foram expostos ao ruído, podemos considerar que a proporção de trabalhadores expostos ao ruído é de 13,3%. 200 x 100 = 0,133 x 100 = 13,3% 1500 c) Formule a hipótese nula ( H0 ) e a hipótese alternativa ( Ha ) para este estudo. H0: Não existe associação entre exposição ao ruído e a perda auditiva; H1: Existe à associação entre a exposição ao ruído e a perda auditiva; d) Qual o delineamento deste estudo? O estudo é observacional analítico e transversal QUESTÃO 2. Um grupo de pesquisadores realizou um estudo com o objetivo de estimar a prevalência da disfonia em uma amostra representativa da população de adultos de uma cidade do interior de Minas Gerais, com idade entre 30 e 50 anos. Na tabela a seguir, os indivíduos participantes do estudo são classificados segundo a presença de disfonia e o hábito de fumar, ambos avaliados ao momento da entrevista. Tabela 1- Diagnóstico de disfonia ao exame e hábito de fumar, entre adultos com idade entre 30 e 69 anos. (Dados hipotéticos) Disfonia Sem disfonia Nao fuma 57 562 Fuma 89 446 146 1008 a) Formule a Ho e a Ha. A hipótese nula (Ho) indica que o hábito ou não de fumar não interfere na prevalência de disfonia. Já a hipótese alternativa (Ha) diz que há associação entre o hábito de fumar e a prevalência de disfonia nestes indivíduos adultos. b) Os autores realizaram o teste de qui quadrado e encontraram o valor 14,32 . Sabendo que o valor do teste de qui quadrado esperado é 3,84 para um nível de significância de 5%, você aceita ou rejeita a hipótese nula? Justifique. De acordo com o valor encontrado no teste de 14,32, rejeita-se a hipótese nula, e considera-se a hipótese alternativa, uma vez que esse valor indica que a há um nível de significância maior que 5%, pois o valor encontrado no teste foi superior a 3,84 (5%). c) Qual o delineamento deste estudo? Estudo observacional analítico transversal. QUESTÃO 3. Foi conduzido um estudo para estimar a prevalência de tabagismo e sua relação com fatores socioeconômicos entre adultos residentes de zona rural de um município do sul do Brasil. Foi realizado um estudo transversal com uma amostra representativa da população residente na zona rural do município. Resultados são apresentados na tabela abaixo. Tabela 2 – Prevalência (%) de tabagismo e análise bruta e ajustada entre fatores socioeconômicos e tabagismo na zona rural município do sul do Brasil, 2016. Característica Prevalência de tabagismo % (IC95%) valor de p** Nível socioeconômico* <0,001 A ou B 10,2 (7,0-14,6) C 14,1 (10,9 – 18,1) D ou E 25,7 (19,4 – 33,2) Escolaridade 0,002 0 – 4 anos 18, 6 (15,0 -22,8) 5 – 8 anos 18,5 (14,1 – 23,8) > 9 anos 10,7 (7,6 – 14,9) Situação de trabalho 0,358 Não trabalha 16,6 (12,9 - 21,2) Não faz trabalho rural 18,3 (14,8 - 22,6) Realiza trabalho rural 15,2 (11,8 - 19,3) *Nível socioeconômico: classe econômica da Associação Brasileira de Empresas e Pesquisa (ABEP) ** Valor de p: teste do Qui-quadrado de Pearson a) Formule a hipótese nula e a hipótese alternativa para o teste para verificar se existe uma associação entre os fatores socioeconômicos e tabagismo. H0 = Não há associação entre fatores socioeconômicos e tabagismo Ha = Há associação entre fatores socioeconômicos e tabagismo b) De acordo com os resultados apresentados na tabela, qual dessas duas hipóteses acima foi confirmada? A relação entre nível socioeconômico e tabagismo, assim como escolaridade e tabagismo, uma vez que esses têm valor abaixo de 0,05 demonstrando uma diferença significativa. Considerando o valor de p menor que 0,05 no fator nível socioeconômico, percebe-se que há diferença significante e a hipótese nula é rejeitada, e a hipótese alternativa é aceita, indicando que há associação significativa entre os dois fatores. c) Interprete o p-valor mostrado para a associação entre escolaridade e tabagismo Ao analisarmos o valor de p-valor na variável escolaridade, encontramos o resultado de 0,02 (2%). Com esse valor, podemos inferir que esse dado fornecido, apresenta uma diferença significativa, ou seja, que há relação entre o número de tabagistas com o nível de escolaridade dos indivíduos, é uma relação que verdadeiramente se estabelece. Assim, essa população com característica de nível de estudo de até > 9 anos, realmente apresenta uma probabilidade maior de serem tabagistas. Porém, olhando para os dados de escolaridade de 0-4 anos e 5-8 anos, é possível observar que não há uma diferença significativa, já que os valores do intervalo com 95% de confiança de 0-4 anos (15,0 -22,8), encontram-se contidos dentro da margem de 5-8 anos que é de (14,1 a 23,8), sendo a diferença significativa só o do valor de escolaridade maior ou igual a 9. d) Interprete o IC95% mostrado para escolaridade Por meio dessa análise, é possível observar que a prevalência de tabagismo por faixa etária de tempo de estudos nessa tabela, apresenta maior predisposição para indivíduos com 0 - 4 anos de estudos, com um valor de 18,6 e intervalo de confiança de 15,0 a 22,8. Já o segundo grupo com maior predisposição, é o grupo da faixa etária de 5 - 8 anos de estudos, com um IC95% de 18,5 e um intervalo de confiança mais amplo que o primeiro, de 14,1 a 23,8. A faixa etária de tempo de estudos > 9 anos foi a que apresentou menores valores, sendo 10,7 e um intervalo de confiança de 7,6 a 14,9. Por fim, vale ressaltar que alguns aspectos desse estudo devem ser observados, como: se há nessa região de zona rural, oferta de níveis de estudos mais elevados, ou se a população deveria ir para fora para estudar e, também, se amostra representativa da população residente na zona rural do município era composta por uma população maior com níveis mais baixos de tempo de estudo. ( Essas observações foram feitas porque não foi descrito o estudo de forma mais detalhada, por isso, formulamos algumas possíveis hipóteses)
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