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Resumo - Livro "O Pensamento Criativo", de Edward de Bono

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Revisão de Literatura 
BONO, Edward de. O pensamento criativo. Petrópolis: Edito-
ra Vozes, 1970. 
 
p. 5 
PREFÁCIO 
 
O pensamento lógico tem sido exaltado, a partir de Aristó-
teles, como o único meio eficaz de se utilizar a mente. No 
entanto, a própria raridade com que ocorrem novas idéias 
indicam que elas não procedem necessàriamente de pro-
cessos lógicos de pensamento. 
 
p. 11 
CAPÍTULO I 
 
O pensamento vertical tem sido até hoje o único tipo res-
peitável de pensamento. 
(...) constitui o ideal recomendado ao esforço de todos, 
não importando o grau atingido. 
A suave progressão do pensamento vertical, de firme de-
grau em firme degrau, torna-o bem diferente do pensa-
mento lateral. 
 
 
 2 
Tôdas as pessoas já se depararam com o tipo de problema 
que parece insolúvel até que de repente apresenta-se a 
mais surpreendentemente fácil das soluções. Assim que foi 
encontrada, a solução revela ser tão óbvia que ninguém 
compreende como foi tão difícil descobri-la. 
 
p. 12 
Tal tipo de problema é realmente difícil de ser resolvido 
enquanto fôr empregado o pensamento vertical. 
 
Não há mal nenhum em racionalizar, por meio do pensa-
mento vertical, as etapas de uma solução alcançada pelo 
pensamento lateral. O perigo reside em julgar que, como a 
solução pôde ser alcançada retrospectivamente pelo pen-
samento vertical, todos os problemas podem ser resolvidos 
de modo igualmente fácil pelos dois tipos de pensamentos. 
 
p. 13 
Uma das técnicas do pensamento lateral é o uso delibera-
do desta capacidade de racionalização da mente. Em vez 
de proceder passo a passo, como na habitual maneira 
vertical, toma-se uma nova e bem arbitrária posição. Re-
trocede-se então numa tentativa de estabelecer uma ponte 
lógica entre esta nova posição e o ponto de partida. 
 
 3 
(...) os dois tipos de pensamento são complementares. 
Quando o pensamento vertical comum se revela incapaz 
de solucionar um problema e quando se necessita de uma 
nova idéia, então o pensamento lateral deveria ser empre-
gado. As novas idéias dependem do pensamento lateral, já 
que o pensamento vertical apresenta limitações inerentes 
que o tornam muito menos eficaz para êste propósito. 
 
A organização funcional da mente como sistema excelente 
faz com que ela interprete uma situação da maneira mais 
provável. A ordem de probabilidade é determinada pela 
experiência e pelas necessidades do momento. 
 
p. 14 
A função do pensamento é eliminar, permitindo que a ação 
se processe diretamente após o reconhecimento de uma 
situação. 
 
Se o pensamento vertical é um pensamento de alta proba-
bilidade, então o pensamento lateral é um de baixa proba-
bilidade. 
Quando uma linha de pensamento de baixa probabilidade 
conduz a nova idéia eficaz, então ocorre um << momento 
 
 4 
de eureka>> e logo aquela linha adquire a mais alta pro-
babilidade. 
Tais momentos constituem sempre a meta do pensamento 
lateral. 
 
Já que êste tipo de pensamento lida com idéias novas, en-
tão estaria relacionado com o pensamento criativo. 
O pensamento criador requer freqüentemente capacidade 
de expressão, enquanto que o pensamento lateral está 
aberto para todos os que se interessam por idéias novas. 
 
p. 15 
(...) com o pensamento lateral, todo o processo é firme-
mente controlado. Se o pensamento lateral decide empre-
gar o caos, então é o caos <<dirigido>> e não o caos por 
falta de direção. 
A diferença entre os pensamentos lateral e vertical reside 
no fato de que, no primeiro, a lógica está a serviço da 
mente, enquanto que no segundo ela controla a mente. 
 
Só algumas pessoas têm natural aptidão para o pensamen-
to lateral, mas todos podem desenvolver uma cera habili-
dade nesse sentido, caso trabalhem com deliberação. A 
 
 5 
educação ortodoxa nada faz para encorajar hábitos de 
pensar lateralmente; 
 
p.16 
O pensamento lateral não é nenhuma fórmula mágica que 
possa ser aprendida de uma vez e depois aplicada. 
Não há conversão súbita da crença na onipotência do pen-
samento vertical para a crença na utilidade do pensamento 
lateral. O pensamento lateral é uma questão de atenção e 
prática e não de revelação. 
 
p. 17 
CAPÍTULO II 
 
Seria bem melhor que as novas idéias não passassem de 
justa recompensa de trabalho árduo e esforço persistente. 
Se assim ocorresse, a própria sociedade sentir-se-ia muito 
melhor, encorajando, organizando e reconhecendo o firme 
esforço subjacente à busca de novas idéias. 
 
Infelizmente elas não constituem prerrogativa daqueles 
que gastam tanto tempo em procura-las e em desenvolvê-
las. 
 
 
 6 
p. 18 
O desenvolvimento completo de uma idéia pode requerer 
anos de trabalho árduo, mas a própria idéia pode surgir 
num relâmpago de intuição. 
A idéia nova não precisa ser precedida por anos de traba-
lho, já que o descontentamento com a idéia velha pode 
ocorrer bem mais depressa que isso. (...) êsses anos de 
trabalho podem mesmo dificultar o aparecimento de idéias 
novas (...) 
O mundo científico está cheio de esforçados cientistas (...) 
que jamais alcançam idéias novas. 
 
Um número vasto de novas idéias aparece quando novas 
informações, amontoadas pela observação e pela experi-
ência, forçam uma reconsideração das idéias velhas. 
 
E’ perfeitamente possível examinar-se informações velhas 
e sair-se com um arranjo muito aceitável e nôvo. 
 
p. 19 
E’ de pasmar (ou de entusiasmar) o número de novas 
idéias que jaz adormecido em informações já colhidas e 
que estão dispostas de determinado modo e que poderiam 
ser reorganizadas de melhor maneira. 
 
 7 
(...) o conhecimento técnico adequado parece ser necessá-
rio antes que as novas idéias sejam possíveis. 
(...) por outro lado o conhecimento técnico não é suficien-
te, já que as pessoas que o possuem não criam automati-
camente as novas idéias. 
 
O processo pelo qual as novas idéias surgem pode ser se-
parado da verdadeira importância dessas idéias. 
 
p. 20 
A explicação derrotista para a raridade extrema das idéias 
novas reside no fato de elas constituírem uma questão de 
pura chance. 
A questão resume-se em esperar que a chance provoque 
uma tal fértil montagem de informações. 
 
p. 21 
A mente brilha pela capacidade de desenvolver (...) 
Porém, em contraste com isso, a habilidade em gerar fun-
damentalmente novas idéias é pobre. 
 
Se a questão do surgimento de novas idéias é encarada 
passivamente, então nada resta a fazer a não ser esperar, 
ter fé e rezar. Mas há, entretanto, uma alternativa. Se no-
 
 8 
vas idéias constituem matéria de pura chance, como é que 
algumas pessoas (...) tiveram mais novas idéias do que 
outras? 
Tal capacidade não parece estar relacionada com pura in-
teligência, mas sim com um hábito, com um modo especial 
de pensar. 
 
A recompensa trazida por novas idéias pode ser bem con-
siderável, mas também pode ser bem pobre. 
 
p. 22 
A única recompensa certa é a do prazer da realização. Tal 
prazer (...) constitui um entusiasmo superior. 
 
p. 23 
CAPÍTULO III 
 
Há duas maneiras opostas de melhorar um processo. A 
primeira é tentar melhorá-lo diretamente. A segunda é 
reconhecer e então remover as influências que inibem o 
processo. 
 
O estudo da burrice pode ser mais útil na compreensão da 
inteligência. Pode ser mais fácil ver o que falta a uma pes-
 
 9 
soa burra do que ver o que uma pessoa inteligente tem 
demais. 
Caso se possa ter alguma intuição daquilo que impede a 
emergência de novas idéias, quer no indivíduo quer na 
generalidade, então talvez seja possível melhorar a capaci-
dade de se ter novas idéias. 
 
p. 24 
O pensamento lateral torna-se necessário pelas limitações 
do pensamento vertical. 
 
Não é possível cavar-se um buraco diferente pelo simples 
aprofundamento do mesmo buraco. 
 
Escavar sempre o mesmo buraco corresponde ao pensa-
mento vertical; tentar em outra parte é própriodo pensa-
mento lateral. 
 
E’ também mais fácil continuar a mesma coisa do que pen-
sar em algo nôvo: há nisso um forte cometimento prático. 
 
 (...) novas idéias de grande significado ou grandes avan-
ços científicos freqüentemente surgem de pessoas que 
 
 10 
ignoraram o buraco sendo escavado e que começaram 
outro. 
 
p. 25 
Tal atitude é rara, já que o processo educacional é usual-
mente eficaz e a educação é feita no sentido de que as 
pessoas aceitem os buracos que para elas foram escava-
dos por seus mestres. 
Além disso, a educação não tem nada a ver realmente com 
o progresso: sua finalidade é tornar bem disponível um 
conhecimento que parecer ser útil. Ela é comunicativa e 
não criadora. 
 
Aceitar os velhos buracos, ignorá-los em seguida e come-
çar de nôvo não é tão fácil quanto não ter conhecimento 
da existência deles e estar livre para começar em qualquer 
lugar. 
E’ uma tentação supor-se que uma mente capaz, ignorante 
de velhos métodos, tenha boas probabilidades de desen-
volver novos. 
 
 
 
 
 
 11 
p. 26 
Não há progresso, não há realização. Hoje em dia, esta 
última é cada vez mais importante (...) E’ só por ela que o 
esforço é julgado (...) 
 
Ninguém é pago por ser simplesmente capaz de realiza-
ção. Como não há jeito de se avaliar tal capacidade, paga-
se e promove-se de acordo com realizações visíveis. E’ 
muito melhor escavar o buraco errado (...) do que perma-
necer inativo imaginando onde iniciar outra perfuração. 
 
(...) pode ser muito mais proveitoso ter-se algumas pesso-
as tratando de realizar algo certo do que muita gente fa-
zendo coisas de menor valor; mas são poucos os dispostos 
a investir numa mera possibilidade. No sistema atual, 
quem é que pode permitir-se a pensar? Quem pode dar-se 
ao luxo do não progredir que representa o pensamento 
abortivo? 
 
p. 27 
Já que a mente se senta mais feliz em alargar, por meio da 
lógica, o buraco existente; já que a educação encoraja is-
so; e já que a sociedade providencia técnicos para vigiar 
tal processo, então é por isso que existem muitos buracos 
 
 12 
muito bem desenvolvidos e em processo de alargamento 
sob o impacto do esforço lógico. 
 
p. 28 
Freqüentemente se subestima o efeito do prodomínio das 
idéias velhas (...) 
Parte-se do princípio de que uma velha idéia deve ser con-
siderada como um degrau para algo melhor (...) 
Tal política pode ser prática, porém, pode inibir o apareci-
mento de idéias novas. 
 
Novas informações que poderiam contribuir para a destrui-
ção de uma velha idéia são prontamente incorporadas ne-
la, pois quanto mais informações a idéia puder acomodar 
tanto mais firme ela será. 
 
p. 29 
Idéias velhas e adequadas (...) acabam por polarizar tudo 
em volta. Tôda a organização se baseia nelas, tudo se re-
fere a elas. Pequenas alterações podem ser feitas nos ar-
redores, porém, é impossível uma mudança radical de tôda 
a estrutura e é muito difícil a mudança do centro de orga-
nização para outro local. 
 
 
 13 
p. 30 
(...) a liberdade de pensamento encontra-se tão limitada 
pela rejeição de uma idéia como pela sua aceitação. 
Em ambos os casos, o simples estar consciente de uma 
ideia particular pode inibir a formação de uma idéia origi-
nal numa mente capaz de idéias originais. 
 
Quando uma nova idéia se sobrepõe involuntariamente a 
uma idéia velha, o conhecimento prévio que se tem da 
última pode muito bem torcer ou inibir a primeira. Os pon-
tos de vista de um bom professor são muitas vêzes repeti-
dos por seus alunos, cuja capacidade criadora de idéias é 
assim prejudicada. 
 
p. 31 
Pode ser tão difícil escapara de uma idéia dominante a 
ponto de ser impossível sem ajuda externa. 
Em muitas comunidades fechadas (...) as idéias mostram 
uma tendência a um forte inatismo. Uma pessoa de fora, 
ao oferecer um ponto de vista nôvo, pode estimular novas 
idéias. 
 
E’ muito mais fácil aceitar uma idéia organizadora que faz 
sentido do que duvidar dela e dar-se ao incômodo de pro-
 
 14 
vá-la. Quem quer que forneça informações empacotadas 
(...) tem o direito e talvez mesmo o dever de arranjar o 
material de uma forma apresentável e isso implica num 
tema dominante. E’ mesmo muito mais fácil aceitar o em-
brulho bem feito que daí resulta. 
(...) a riqueza de novas informações que é fornecida (...) 
raramente provoca o aparecimento de novas idéias na au-
diência, a qual, por preguiça, continua dominada pelas 
idéias daqueles que dão as informações. 
 
p. 32 
A pessoa, ao aceitar uma nova idéia, pode muito bem fa-
zer com ela mais do que a pessoa que a originou, pois esta 
última pode ter atingido o fim da sua habilidade ao desen-
volvê-la. 
 
Provàvelmente a melhor caricatura do pensador vertical 
dominado por uma idéia é dada pelo homem que tinha um 
gato com seu filhote. Cansado de abrir e fechar a porta 
para o gato sair, êle teve a idéia de fazer um buraco na 
porta, o qual permitiria as idas e vindas do gato sem inco-
modá-lo. Assim que chegou o filhote, êle fez segundo e 
menor buraco na porta. 
 
 
 15 
O primeiro princípio do pensamento lateral é dar-se conta 
de que uma idéia dominante pode ser um obstáculo em 
vez de uma conveniência. 
 
p. 33 
CAPÍTULO IV 
 
Aquela parte do mundo que constitui o meio imediato po-
deria ser chamada de situação. Outra maneira de encarar 
o problema seria considerar uma situação como incluindo 
tudo o que fosse acessível à atenção imediata. Em qual-
quer momento a atenção pode estar dirigida apenas para 
uma parte da situação. O resultado de tal atenção é a per-
cepção. Uma percepção consiste de informações obtidas 
por um número qualquer de sentidos diferentes a partir 
daquela parte do meio ambiente que está sendo focaliza-
da. Todos os sentidos podem contribuir para a percepção, 
porém, qualquer um dêles também seria suficiente. 
 
p. 34 
A necessidade de agir é a razão mais premente para a 
compreensão de uma situação. 
 
 
 
 16 
p. 37 
A descrição de qualquer situação depende dos têrmos co-
muns com os quais o observador deseja descrevê-la e não 
da melhor descrição possível. 
 
p. 39 
(...) as entidades criadas arbitràriamente ficam fortalecidas 
pela utilidade até um ponto em que não se pode mais du-
vidar das suas existências. Quando tal fase é atingida, es-
sas estruturas podem mesmo inibir o progresso. A fim de 
evitar isso, a natureza arbitrária de muitas entidades deve 
ser acentuada e nenhuma delas deve durar mais do que 
sua utilidade, já que esta é a sua razão de ser. 
 
p. 40 
Que uma estrutura possa ser dividida em certas peças, 
isso não quer dizer que tenha sido montada com essas 
peças. Muitas vêzes a criação arbitrária de peças (...) é 
errôneamente tomada não só como atilada percepção de 
tais peças, mas também da sua extração da estrutura 
completa. A divisão arbitrária é denominada <<análise dos 
elementos componentes>>. 
 
 
 17 
Situações incomuns são sempre decompostas em peças 
familiares. Encarar tais peças como análise correta da situ-
ação é impedir uma explicação melhor que pode necessitar 
de peças ainda não suficientemente familiares para serem 
usadas. 
 
p. 42 
(...) a melhor divisão é aquela que se revela mais proveito-
sa (...) 
Um método por si mesmo não é melhor do que outro, mas 
pode sê-lo num dado contexto. 
 
O contexto inclui a disponibilidade de elementos familiares 
e de conexões com quem está fazendo a descrição. 
A própria arbitrariedade do processo divisionário permite 
que a divisão seja deliberadamente ajustada ao entendi-
mento do ouvinte. 
 
(...) o repertório de figuras conhecidas e de conexões está 
sempre crescendo. Uma vez iniciado, o processo encontra 
em si mesmo a fonte de alimentação, pois as figuras inco-
muns são explicadas por aquelas já familiares e se tornam, 
por sua vez, suficientemente conhecidas para poderem 
explicar novas figuras incomuns.18 
p. 43 
(...) surgiu uma figura familiar por observação direta em 
vez de explicação por figuras já familiares. Desde de que 
se começa a fazer tal coisa, então todo o crescimento de 
figuras familiares pode ser levado adiante. 
 
p. 48 
(...) ainda que uma descrição não seja aparentemente 
mais adequada que outra, o seu uso em têrmos gerais po-
de ser muito diferente mesmo. Mas permitir que a satisfa-
ção com determinada explicação impeça a busca de ou-
tras, bem, isso é rejeitar o progresso. 
 
Quantas pessoas tentariam deliberadamente reinterpretar 
à luz de nova informação material que já tenha tido expli-
cação adequada? 
Quantas pessoas rejeitariam uma explicação adequada 
original por outra que não é mais adequada? 
 
p. 49 
(...) por mais que seja adequada (...) não deve excluir ou-
tras descrições (ou explicações) que podem ser ainda mais 
úteis. Por causa da crescente familiaridade (...) é forte a 
tentação de se considerar (...) melhor que outras (...). 
 
 19 
Cada vez que é usada com sucesso (...) se vê fortalecida. 
Quanto mais útil parece, mais é usada e quanto mais usa-
da, mais útil parece. 
 
p. 51 
(...) quanto mais complexas as unidade de divisão, mais 
simples seriam as conexões entre as unidades (...) quanto 
mais simples as unidades, mais complicadas seriam as co-
nexões. Tem-se que alcançar um equilíbrio entre a simpli-
cidade das unidades e a simplicidade das conexões. A cria-
ção de padrões montados de unidades básicas evita o di-
lema ao formar grandes unidades que são, contudo, sim-
ples. 
 
p. 55 
O compreender uma situação incomum já é bastante difí-
cil, mesmo quando tôda a situação pode ser examinada e 
quando figuras familiares disponíveis podem ser emprega-
das em conexões familiares. Torna-se, porém, muito mais 
difícil quando parte da situação está obscurecida e não 
pode ser examinada. 
Parte de uma situação incomum pode ser inacessível (...) 
Qualquer que seja a razão para a inacessibilidade, faz-se 
uma tentativa de compreender tôda a situação por meio 
 
 20 
de exame cuidadoso de tudo o que possa ser examinado. 
Forma-se então uma hipótese controlada para explicar a 
porção inacessível. 
 
p. 57 
Um exame cuidados (...) pode levar a várias hipóteses (...) 
(...) suposições naturais (...) acompanham as hipóteses 
(...) 
 
A forma de uma nova figura não pode ser determinada 
pela necessidade de conformação com aquilo que é um 
método arbitrário de descrição. 
 
E’ verdade que a única hipótese possível é aquela das figu-
ras disponíveis (...) 
Mesmo assim, esta hipótese não passa de hipótese e não 
constitui prova de que a figura tenha tal forma (...) 
 
p. 59 
A única prova da hipótese é a sua utilidade e enquanto 
esta durar ela pode ser conservada. Porém, mesmo essa 
utilidade não deveria impedir a busca de melhor hipótese 
(...) 
 
 
 21 
(...) uma descrição é tão boa quanto outra qualquer (...) 
uma hipótese é tão má quanto outra qualquer. 
 
Quase todo ato de pensar é ocupado pela tentativa de 
compreender situações incomuns de ambos os tipos. 
Tal é a maneira prática pela qual é usado o sempre cres-
cente repertório de figuras familiares e de conexões. 
 
(...) figuras que surgem por sorte num jôgo podem expli-
car uma figura até então sem explicação. O próprio acaso 
dos processos do jôgo pode produzir combinações que de 
outra forma talvez jamais seriam imaginadas. 
 
p. 61 
Assim como as figuras que surgem de arranjos lúdicos (...) 
são adicionadas ao repertório de figuras incomuns, as co-
nexões tornam-se familiares da mesma maneira. O jôgo é 
(...) uma oportunidade para se perceber conexões que 
aparecem por acaso. 
O acaso não tem limites, enquanto que a imaginação os 
tem. 
 
 
 22 
E’ difícil fazer deliberadamente algo que não deve ser deli-
berado. E’ difícil apontar para uma direção que não leva a 
lugar nenhum. 
 
p. 63 
Se uma hipótese for necessária, e as vêzes êste é o caso, 
então uma aproximação com a situação pode ser ainda 
útil. Juntamente com a utilidade de uma tal hipótese apro-
ximativa, há sempre a esperança de que ela melhore com 
o uso ou que seja suplantada por outra melhor. 
O principal perigo no uso de uma hipótese visìvelmente 
inadequada é que ela pode tapar uma hipótese melhor. 
 
p. 66 
Nunca é fácil o abandono de figuras familiares que prova-
ram repetidas vêzes a sua utilidade. 
Mas acaba a hora em que é necessário duvidar-se não do 
modo pelo qual as figuras familiares são dispostas numa 
explicação, mas sim das próprias figuras familiares. 
 
E’ embaraçoso pensar no número de situações incomple-
tamente compreendidas por insistência em explicá-las 
através de estruturas familiares bem testadas, as quais 
deveriam ser reexaminadas. 
 
 23 
p. 69 
Quanto mais simples a unidade tanto maior o número de 
figuras que pode ser descrito de acôrdo com aquela unida-
de. 
 
Um processo semelhante ocorre (...) no crescimento de 
qualquer conhecimento. Na medida em que novas infor-
mações se tornam disponíveis, um conceito padronizado 
útil (...) emerge e revela-se proveitoso na explicação do 
fenômeno. Na medida em que as coisas se complicam, 
arranjos padrões do conceito original revelam-se proveito-
sos. Chega-se finalmente a uma situação que não pode ser 
explicada nem pelo conceito original nem pelas montagens 
padronizadas. De repente aparece um conceito mais sim-
ples e universal e vê-se que o conceito original é um deri-
vado especial dêle. Êste novo conceito, por causa da sim-
plicidade, explica todos os fenômenos observados. 
 
p. 72 
A dificuldade reside na impressão de não haver necessida-
de de divisão da unidade <<T>>, a menos que surja uma 
certa situação para revelá-la como inadequada. Até que se 
esbarre em tal situação, a unidade <<T>> pode muito 
bem ser aceita como a unidade básica mais simples. De-
 
 24 
vem existir muitas situações analisadas até o estágio 
<<T>> e que aguardam a tomada de consciência de que 
novos estágios podem ser proveitosos. 
 
(...) as unidades descritivas são arbitrárias; ainda que pos-
sam ser de grande utilidade, um compromisso rígido em 
relação a elas pode impedir a emergência de uma melhor 
descrição. 
 
p. 73 
CAPÍTULO V 
 
Os princípios do pensamento lateral podem ser considera-
dos sob quatro títulos bem genéricos e nada exclusivos. 
Os títulos são os seguintes: 
1. Reconhecimento de idéias dominantes ou polarizadoras. 
2. Pesquisa de maneiras diversas de se examinar as coisas. 
3. Relaxamento do rígido contrôle exercido pelo pensamento 
vertical. 
4. Uso da sorte. 
 
A escolha de um modo qualquer de descrever a figura era 
arbitrária. Podia ter sido feita por conveniência, simplicida-
de ou familiaridade das unidades usadas. 
 
 
 25 
p. 74 
A escolha de determinado modo de ver as coisas é comu-
mente casual e realista. Não há intensa busca par encon-
trar o melhor modo. 
Isso pode ser assim caso não se deseje ir além de uma 
simples discriminação, mas se há um problema para ser 
resolvido, então a maneira de examiná-lo faz muita dife-
rença. 
 
p. 75 
Uma mudança bem simples na maneira de examinar algu-
ma coisa pode ter efeitos profundos. 
 
A mudança de um ponto de vista óbvio para outro menos 
óbvio pode requerer apenas uma mudança de ênfase. Isso 
não é particularmente difícil de fazer desde que se adquira 
o hábito de tentar fazê-lo. Com prática, torna-se possível 
encontrar e tentar diversas maneiras diferentes de se en-
carar um problema ou uma situação. Porém é preciso que 
haja, em primeiro lugar, um interêsse em fazê-lo, um re-
conhecimento da eficácia de mudança de ponto de vista. 
p. 76 
A mudança de atenção pode ser de uma parte do proble-
ma para outra ou de uma fase do desenvolvimento para 
 
 26 
outra, porém a maneira básica de considerar o problema 
permanece o mesmo. 
 
A mente divide a continuidade do mundo em volta em uni-
dadesdiscretas. Vê-se obrigada a tanto, em parte, por 
causa da organização nervosa do cérebro e da consequen-
te faixa limitada de atenção. E, em parte, o faz com delibe-
ração, a fim de compreender as coisas pela sua decompo-
sição em partes que já são familiares. 
Assim, um processo contínuo de mudança pode ser inter-
rompido num ponto conveniente e o que se passou antes e 
depois do corte pode ser ligado pela conexão familiar de 
causa e efeito. 
Uma conexão é o registro de como duas peças se ligavam 
antes da conexão. Quando a mesma divisão é repetida 
muitas vêzes, as unidades adquirem identidade própria. 
 
p. 77 
Aceitar uma informação anterior ao acondicionamento é 
aceitar um compromisso relacionado com a maneira pela 
qual aquela informação pode ser montada numa idéia. 
 
A flexibilidade da descrição mantém-se enquanto as partes 
permanecem indenominadas. 
 
 27 
 
A fluidez dinâmica do pensamento lateral ‒ contìnuamente 
formando, dissolvendo e reformando as partes de uma 
situação, dando-lhes formas sempre diferentes ‒ fica per-
dida e com ela a oportunidade de se encontrar a melhor 
maneira de examinar uma situação. 
 
p. 78 
A rigidez das palavras associa-se com a rigidez das classifi-
cações. E a rigidez das classificações conduz à rigidez na 
maneira de se encarar as coisas. 
 
Novas idéias ocorrem com muito maior freqüência naque-
les que podem escapar dessa rigidez de palavras e classifi-
cações. 
 
Uma técnica para evitar a rigidez das palavras consiste em 
pensar em têrmos de imagens visuais e não usar palavras 
de forma alguma. 
 
 
p. 79 
(...) a dificuldade só aparece quando se torna necessário 
expressar em palavras o que foi pensado. 
 
 28 
Todavia, vale a pena adquirir tal hábito, pois as imagens 
visuais te uma fluidez e uma plasticidade que as palavras 
nunca poderão alcançar. 
 
A linguagem visual do pensamento faz uso de linhas, dia-
gramas, côres, gráficos e muitos outros meios para ilustrar 
conexões que seriam embaraçosamente descritas em lin-
guagem ordinária. 
 
Uma técnica muito útil para escapar das partes fixas de um 
problema é a decomposição dela em partes ainda menores 
e recombiná-las em novas unidades maiores. 
Em geral, é muito mais fácil agrupar partes menores em 
formações diferentes do que dividir a situação em novas 
partes. 
 
O número de maneiras diferentes de ver as coisas é limi-
tado não só pela rigidez das unidades descritivas disponí-
veis, como também pelo número de conexões disponíveis. 
 
p. 80 
Com algum esfôrço e muita prática é possível encontrar 
muitos modos de exame de uma situação além daquele 
mais provável. No entanto, a maior parte desses modos, 
 
 29 
talvez todos êles, acabem por revelar-se como sem valor. 
Tendo feito esfôrço para encontra-los e examiná-los um 
por um, em geral acaba-se vendo que eles não são tão 
úteis como a maneira óbvia de examinar a situação. Em 
que condições é válido o uso do pensamento lateral dessa 
forma e em que condições pode alguém dar-se por satis-
feito com o pensamento vertical? 
 
O uso do pensamento lateral é essencial naquelas situa-
ções problemáticas, nas quais o pensamento vertical reve-
lou-se incapaz de dar solução. 
Outros problemas (...) podem ser passíveis de solução pelo 
pensamento vertical, mas o processo é cansativo. Nesses 
casos, o pensamento lateral pode ser bem útil em conse-
guir uma solução melhor, ainda que não seja essencial. 
Por definição, um problema é uma situação que requer 
uma resposta e esta não deve ser óbvia. Às vêzes ela só 
constitui um problema por causa do modo como é encara-
da. Vista de outro modo, o curso correto da ação pode ser 
tão óbvio que o problema desaparece. 
O número de vezes em que se recorre ao pensamento la-
teral é questão de temperamento. 
 
 30 
Quem tentar usar o pensamento lateral na solução de todo 
e qualquer problema perderá tempo no princípio, mas o 
processo tornar-se-á cada vez mais rápido com a prática. 
 
p. 81 
(...) também dará dividendos sob a forma de respostas 
mais eficazes a problemas que também tenham respostas 
pela solução vertical. 
 
Pode ser que o maior dos problemas seja a falta aparente 
de problema. 
Qualquer empreendimento sem problemas é um empreen-
dimento sem muita chance de progresso. Problemas são 
solavancos que fazem as coisas saírem do curso suave da 
simples adequação. 
O dar-se conta de que há problemas que não foram reco-
nhecidos pode exigir muito uso do pensamento lateral. 
 
Quando é que adequação, complacência e falta de pro-
blemas não passam de outros nomes para inadequação e 
falta de imaginação? 
 
 
 
 
 31 
p. 82 
Uma reorganização de informações não precisa aguardar o 
impacto de novos fatos; pode ocorrer sempre que alguém 
reconheça a natureza arbitrária de uma teoria e se revele 
competente em criar outra diferente. 
 
E’ muito freqüente a partir do princípio de que ninguém 
possui o direito de duvidar de uma explicação a não ser 
que tenha uma melhor. Ora, êsse é o meio mais eficaz de 
se inibir uma idéia nova. Como é possível uma maneira 
diferente de se arrumar as coisas se a maneira velha tem 
que ser conservada intacta até que a nova esteja comple-
ta? 
 
Pode-se encarar a interpretação de uma situação como um 
anagrama. As coisas se encaixam e fazem sentido, mas tal 
não impede um nôvo arranjo que pode ainda fazer mais 
sentido. 
Nenhum modo de ver as coisas é tão sagrado que não 
possa ser reconsiderado. Nenhum modo de fazer as coisas 
está livre de ser aperfeiçoado. 
 
 
 
 
 32 
p. 83 
E’ um erro comum supor que um problema pode ser resol-
vido não importando o método escolhido (...) 
Há pensadores verticais que se ofendem com a menor su-
gestão de que lógica não é onipotente; não conseguem 
ver o menor valor no pensamento lateral. 
 
Finalmente, deve haver um estágio de conveniência per-
ceptiva que precede a lógica. Se essa escolha perceptiva, 
na qual tôda a estrutura de lógica está fundada, fôr incor-
reta, então não se pode encontrar a solução. O pensamen-
to lateral evita essa barreira ao tentar um modo atrás de 
outro e bem deliberadamente. No momento em que um 
modo é escolhido, então êle é seguido com todo o vigor do 
pensamento vertical. Depois escolhe-se outro modo e as-
sim por diante. 
 
p. 84 
Freqüentemente a solução lateral de um problema é tida 
pelos pensadores verticais como um lôgro. Isso prova de 
modo paradoxal a utilidade do pensamento lateral. 
Da mesma maneira, o caminho para as novas idéias en-
contra-se bloqueado por suposições falsas de uma forma 
ou de outra. Os pensadores verticais são propensos a tais 
 
 33 
suposições porque o uso efetivo da lógica requer um con-
texto rìgidamente definido. Certas coisas devem ser acei-
tas sem investigação. A fluidez de uma situação onde nada 
é rígido e tudo é pôsto sempre em dúvida faz com que os 
pensadores verticais se sintam extremamente inconfortá-
veis. No entanto, é dêsse caos potencial sem limites que 
as novas idéias se formam pelo pensamento lateral. 
 
A tendência natural da mente é deixar-se impressionar 
pela interpretação mais provável e então partir dela. A fim 
de ultrapassar tal tendência natural é preciso que alguém 
seja deliberado e mesmo artificial. 
 
p. 85 
Uma técnica, que decepciona de tão simples, é a da prede-
terminação do número de modos pelos quais uma situação 
pode ser vista. 
Com o passar do tempo e com a prática, o esfôrço de se 
encontrar outros modos de examinar um problema será 
menor e, além disso, êsses modos parecerão quase tão 
razoáveis quanto os mais óbvios. 
 
Outra técnica útil consiste em subverter deliberadamente 
as coisas pela inversão consciente de qualquer conexão. 
 
 34 
Reverter ou alterar de outro modo uma conexão (...) é 
fácil, pois sempre que se define uma direção, define-se 
também implìcitamente a direção oposta. 
 
Ainda outra técnicapara quebrar a rigidez (...) é a de 
transferir as conexões de uma situação para outra mais 
fàcilmente examinável. Assim sendo, uma situação abstra-
ta pode ser transformada numa analogia concreta. 
 
p. 86 
A transferência de ênfase de uma parte do problema para 
outra constitui outra técnica simples. 
 
O ter dois modos diferente de examinar alguma coisa dos 
dois lados do sinal de igualdade torna possível o manejo 
do todo no sentido de uma resposta. No pensamento late-
ral, uma rápida sucessão de meios diferentes de encarar 
as coisas passa deliberadamente através da mente. As 
propriedades temporais e probabilísticas do cérebro efetu-
am então automàticamente a interação dêsses modos di-
versos no sentido de uma resposta eficaz. 
 
 
 
 
 35 
p. 87 
CAPÍTULO VI 
 
O terceiro princípio básico do pensamento lateral é saber 
que o pensamento vertical, pela sua própria natureza, é 
não sòmente incapaz de gerar idéias novas como chega a 
ser mesmo inibidor. 
 
(...) o pensamento vertical (...) ainda que (...) possa con-
duzir a alterações na idéia aceita, não é provável que leve 
a uma idéia completamente nova. Aceitação e compromis-
so constituem a própria oposição ao potencial ilimitado do 
caos. 
 
Através da lama das idéias não formadas, levanta-se, pe-
dra por pedra, uma estrada com auxílio da lógica. Cada 
pedra é colocada firme e corretamente. De fato, cada pe-
dra só pode ser colocada se estiver firmemente apoiada na 
precedente. 
 
p. 88 
(...) é necessário a certeza em cada estágio ‒ essa é a 
própria essência da lógica. 
 
 
 36 
Mas no pensamento lateral não é preciso estar sempre 
certo. Só a conclusão final que deve ser certa. 
A necessidade de estar sempre certo em todos os estágio 
é provàvelmente a maior barreira para as novas idéias. 
 
p. 89 
E’ possível identificar muito (...) exemplos de descobertas 
eficazes situadas no fim de uma linha de raciocínio que 
certamente não foi correta em todos os estágios. 
Quando se alcança algo interessante, bem, então é tempo 
de olhar para trás e ver qual a maneira mais segura de 
chegar lá de nôvo. Algumas vêzes é bem mais fácil ver 
qual o mais certo caminho para um lugar só depois de ter 
chegado lá. 
 
O objetivo da lógica deveria ser não tanto a conclusão final 
que também poderia ser alcançada pelo pensamento late-
ral. Infelizmente podem existir desvantagens reais no uso 
do pensamento vertical desse modo (...) 
 
p. 89 - 90 
A primeira desvantagem real é que se o pensamento verti-
cal encontrar um caminho bem sucedido para uma conclu-
são final, então não parecerá haver necessidade de se pro-
 
 37 
curar outro e mais direto caminho. Com o pensamento 
lateral, (...) já que não há compromisso com nenhum ca-
minho parcialmente adequado, então pode-se encontrar 
outro melhor. 
 
A segunda desvantagem diz respeito à direção tomada 
pelo caminho lógico. 
Tem que haver uma direção a ser seguida, uma direção na 
qual se exerce esfôrço. 
Porém, mover-se na direção errada pode ser pior do que 
ficar parado. 
 
A estrada real do pensamento vertical leva direto ao que 
parece ser a solução do problema, mas a solução mais efi-
caz pode exigir que se vá exatamente na direção oposta. 
 
p. 91 
Já que o pensamento lateral não tem direção fixa, não há 
dificuldade em afastar-se de um problema a fim de resol-
vê-lo. 
 
Se a necessidade de estar certo em cada estágio é uma 
das limitações do pensamento vertical, a necessidade de 
ter tudo rìgidamente definido é outra. 
 
 38 
Um pensador lateral pode demorar-se ràpidamente numa 
palavra, usando-a apenas como apoio passageiro: o pen-
sador vertical deve equilibrar-se sòlidamente nela, reco-
nhecendo sua firme rigidez. 
 
O pensador vertical está sempre a classificar coisas, pois 
assim a falta de precisão pode ser controlada. O pensador 
vertical está mais interessado em ver como poderá separar 
as coisas, enquanto que o pensador lateral o está em ver 
como poderá juntá-las. 
 
p. 92 
A rigidez limitante de um símbolo é uma forma de com-
promisso que efetivamente impede a livre contração e ex-
pansão de uma idéia, as quais podem ser necessárias para 
o desenvolvimento. 
Alternar entre períodos de fluidez criadora e de rigidez de 
desenvolvimento é muito mais profícuo. 
 
 
p. 93 
Nos seus estágios iniciais, uma idéia pode existir de uma 
forma demasiado contraditória para a aceitação lógica. 
 
 39 
Isso não quer dizer que ela não possa desenvolver-se nu-
ma proveitosa idéia nova. 
 
As primeiras impressões de uma idéia nova podem ser 
muito nebulosas para serem captadas e arrumadas numa 
apresentação lógica. Há uma inclinação natural em se 
agarrar a uma tal idéia, prolongando-a até se ter consciên-
cia completa, com nome e forma precisos. 
Impede-se o vôo livre das idéias e elas são firmemente 
fixadas como borboletas na tábua do colecionador. 
Uma atenção lógica que venha cedo demais e seja entusi-
asta demais congela a idéia ou então a força para dentro 
dos moldes antigos. 
 
p. 94 
(...) pode ser melhor correr o risco de ter fantasias ocasio-
nais sôbre o movimento perpétuo do que varrer todo tipo 
de idéias úteis por meio do uso energético da lógica num 
estágio muito inicial. E’ melhor ter bastantes idéias, mesmo 
que algumas sejam erradas, do que estar sempre certo por 
não ter idéia nenhuma. 
Expressar uma idéia é um ótimo meio de organizá-la e, em 
geral, organização significa arranjo lógico. 
 
 
 40 
Expressar uma idéia cedo demais pode comprometê-la 
numa estrutura de desenvolvimento que talvez não fosse a 
sua por natureza. 
 
Muitas vêzes o uso por demais prematuro do pensamento 
vertical é devido a uma falta de confiança no pensamento 
lateral. 
Uma nova idéia não precisa ser moldada, mas pode ser 
observada enquanto cresce e negligenciada temporària-
mente em caso contrário. Se uma idéia não se desenvolve 
numa forma útil, então não há muito a ganhar a forçá-la 
nesse sentido. 
 
Quando uma idéia amadureceu e está pronta para um 
exame cuidadoso, então ela se mostra saliente demais na 
sua insistência: não há possibilidade de se esconder dela. 
Quando uma idéia não está madura, a exatidão lógica não 
apressará o amadurecimento. 
 
p. 95 
O julgamento lógico é a válvula econômica que intervem 
entre a concepção de uma idéia e o teste da sua eficácia. 
Só as idéias que passam por êsse teste é que chegam a 
alcançar uma prova prática. 
 
 41 
 
O julgamento lógico só pode levar em consideração aque-
les fatôres que conhece (...) 
 
p. 96 
O modelo mental do mundo no qual a idéia nova deve ser 
testada é necessàriamente incompleto, já que está basea-
do na imperfeição da experiência. 
 
p. 97 
(...) apesar de muitas vêzes incorreto, o julgamento lógico 
continua a ser essencial como modo de seleção, pois não 
seria prático examinar cada idéia. Mas deve-se temperar o 
seu uso tendo em vista a sua falibilidade e mesmo contra-
riá-lo quando uma idéia puder ser testada com facilidade. 
 
Em vez de rejeitar logo uma idéia que dá a impressão de 
ser lògicamente absurda, deve-se aceitá-la e partir dela em 
cada direção, isto é, para baixo a fim de encontrar sua ba-
se, e para cima, para ver aonde conduz. 
O objetivo de tal perversidade é questionar o ponto de 
vista aceito e sobre o qual se apoiava a rejeição lógica ori-
ginal. 
 
 
 42 
Não há nada mais triste que uma nova idéia ser a princípio 
ignorada e então redescoberta mais tarde. 
 
O pensamento lateral dá margem à imaginação. 
Se ela provoca o nascimento de uma idéia, tanto melhor; 
caso contrário, não há tentativa de fazê-lo. Pode ser pro-
veitosa mais tarde. 
Dessa forma, a riqueza de uma consciência aberta abarca 
tudo o que é oferecido, sem necessidades de explicação, 
classificação ou construção em cada instante. E’ em tal 
situação que a chance pode gerar novas idéias. 
 
p. 99 
CAPÍTULO VII 
 
Oquarto princípio básico do pensamento lateral é o do uso 
da chance na geração de idéias. 
(...) os acontecimentos que ocorrem por acaso não podem 
ser comandados (...) isso é que constitui o seu valor no 
surgimento de idéias novas. 
Sem interferência nos processos da chance, é possível o 
seu uso deliberado com a finalidade de alcançar um con-
texto apropriado para seu surgimento e para auferir o re-
sultado das suas interações. 
 
 43 
p. 100 
O primeiro passo é reconhecer as valiosas contribuições 
para o progresso que vieram de acontecimentos ao acaso, 
isto é, de acontecimentos que não foram planejados. 
 
p. 101 
A maioria das pessoas tem experiências de acontecimentos 
significantes que aconteceram por acaso. 
 
Não são apenas acontecimentos por acaso que podem le-
var a idéias novas. Às vêzes toda uma corrente de aconte-
cimentos contribui para isso. 
 
p. 102 
Olhando para trás, sempre é possível a construção de cor-
rentes significantes de acontecimentos que conduzem a 
grandes idéias. Elas não provam nada, mas mostram que o 
acaso é útil ao permitir que se observe algo que podia 
nunca ser buscado. 
(...) o objetivo da chance, na geração de idéia novas, é 
permitir a observação de algo que não seria procurado (...) 
 
 
 
 
 44 
p. 103 
Assim como uma experiência cuidadosamente planejada 
não passa de tentativa de forçar a natureza pelos cami-
nhos da investigação lógica, da mesma forma o jôgo é 
uma tentativa de encorajar o aparecimento ao acaso de 
fenômenos que não são buscados. 
 
A própria falta de utilidade do jôgo constitui a sua maior 
vantagem. E’ esta falta de objetivo ou de compromisso que 
permite à chance a justaposição de coisas que, de outro 
modo, não se arrumariam de tal jeito, e a construção de 
uma seqüência de acontecimentos que também não ocor-
reria de outro modo. 
 
A aparente inutilidade do jôgo desencoraja naturalmente 
muita gente de jogar. Os pensadores verticais envergo-
nham-se em jogar, mas a única coisa vergonhosa é a ina-
bilidade de jogar. 
 
p. 104 
Poderia ser que o brincar fôsse ativamente desencorajado 
pelos lógicos adultos, que ressaltam a sua inutilidade e 
definem maturação como sendo a responsabilidade de 
comportar-se ùtilmente. 
 
 45 
Durante o jôgo as idéias surgem e dão origem a outras 
idéias. Elas não se seguem numa progressão lógica (...). 
Elas podem não se revelar úteis de imediato (...). 
Mesmo que não surja nenhuma idéia específica, a familia-
ridade geral com a situação trazida pelo jôgo pode revelar-
se como contexto útil para o desenvolvimento de idéias 
futuras. 
 
Outro método de se encorajar as interações ao acaso das 
idéias é o velho <<vale tudo>>. Um grupo de pessoas 
reunidas para a discussão de um problema tenta largar as 
suas inibições lógicas e dizer o que vier à cabeça (...) 
 
Uma técnica proveitosa para o estímulo de novas idéias é 
expor-se deliberadamente a uma multidão de estímulos 
num lugar que estiver cheio de coisas não conscientemen-
te desejadas. 
 
p. 105 
Ainda outro método de encorajar a interação ao acaso das 
idéias consiste no entrelaçamento deliberado das várias 
linhas de pensamento que podem ocupar a mente em 
momentos diversos. 
 
 46 
Os pensamentos desenvolvidos a propósito de um assunto 
servem para o avanço de outro. Maneiras de examinar coi-
sas, convencionais em determinado campo, tornam-se ori-
ginais quando aplicadas noutro. 
 
p. 106 
Muitos são os cientistas que começam fazendo uma expe-
riência e acabam fazendo outra. Mesmo quando uma ex-
periência fracassa completamente, as razões do fracasso 
podem dar mais informações do que no caso de ser bem 
sucedida. Às vezes a experiência se processa perfeitamen-
te bem, mas uma observação incidental em determinado 
ponto conduz a uma importante descoberta, e a experiên-
cia original é abandonada. 
 
p. 107 
(...) não é provável que a interação ao acaso forneça no-
vas idéias se a informação dada não passa de informação 
relevante ou já estiver organizada em pequenos tópicos. 
Para que os processos de chance possam funcionar as in-
formações contidas em estruturas velhas e rígidas devem 
ser liberadas, a fim de que se processe a interação com 
outras informações. 
 
 47 
Procurar tão-sòmente uma informação relevante é tentar 
avaliar a completa utilidade dessa informação antes mes-
mo do seu exame. 
E’ inútil tentar desenvolver uma nova idéia ao considerar 
apenas informações relevantes para a idéia velha. Por de-
finição relevância significa idéia preconcebida. 
 
De maneira geral, a mente deveria receber informações de 
qualquer fonte e ao acaso. Tais informações não devem 
estar classificadas ou selecionadas e sim entregues a uma 
livre interação. 
A mente deveria tornar-se uma casa aberta para qualquer 
informação (...) 
 
p. 108 
Na prática, tal atitude é impossível. A quantidade de in-
formação disponível cresce de tal modo que a massa total 
de palavras impressas dobra cada dez anos. 
A única saída parece ser a diminuição progressiva do cam-
po de interêsse por meio crescente de especialização. 
Termina-se por ter um efeito semelhante ao do pensamen-
to vertical (...) O resultado é que mal se espera o surgi-
mento de novas idéias pela aceitação de informações pro-
cedentes de outro campo. 
 
 48 
À medida em que as idéias se tornam mais básicas, o in-
ter-relacionamento com outros campos fica mais evidente; 
em vez de diminuir, o campo de importância aumenta. 
 
p. 109 
A mente que melhor se aproveita das oportunidades trazi-
das pelo acaso pode ser comparada ao mecânico habilido-
so que faz andar quase qualquer carro. Seria injusto inve-
jar a sua boa sorte proporcionando-lhe sempre carros sem 
defeito. 
 
Com a prática de olhar as coisas de modos diferentes, a 
capacidade de encontrar um contexto para qualquer in-
formação aumenta muito. Ao aperfeiçoar-se na prática do 
pensamento lateral, as conjunções e oferecimentos ao 
acaso de idéias e informações ficam cada vez mais provei-
tosas. 
 
p. 110 
Uma técnica útil, que às vêzes ajuda na formação de idéias 
novas ou de novas maneiras de ver as coisas, consiste em 
apanhar um objeto e ver de que modo êle teria importân-
cia para o assunto em consideração. 
 
 49 
O objeto selecionado pode revelar-se importante ao ofere-
cer uma nova maneira de ver as coisas; por sugerir um 
nôvo tipo de conexão ou princípio; como um laço com al-
gum assunto mais pertinente; como uma linha de pensa-
mento a ser evitada. 
Essa estrutura de pensamento pode já existir ou pode 
crescer ràpidamente em tôrno do assunto, a fim de dar-lhe 
um contexto e, portanto, um significado. 
 
A habilidade de se concentrar num problema, com exclu-
são de todos os outros assuntos, é tida usualmente como 
virtude. 
Tal procedimento impede efetivamente a formação de no-
vas idéias, já que qualquer influência externa, que poderia 
levar a uma nova maneira de tratar o problema, é excluída 
deliberadamente. 
 
Uma forma bem conhecida de aliviara esterilidade da con-
centração é a interrupção periódica, a fim de considerar 
qualquer outro assunto que não tenha nada a ver com o 
problema principal. Contudo, é bem mais eficaz o permitir 
a entrada de influências externas (...) enquanto o proble-
ma está sendo examinado. 
 
 
 50 
O uso da chance é passivo, porém cauteloso. 
Não é fácil fazer um esfôrço consciente para evitar um es-
fôrço consciente. No princípio, a espera de que algo surja 
por acaso pode parecer duvidosa. A própria definição de 
acaso sugere que nada pode aparecer, e a tentação de 
organizar uma linha de pensamento é forte. E’ necessário 
(...) ter confiança de que, se a espera fôr bem passiva, 
então algo acabará por surgir (...) 
(...) à medida que se consiga mais habilidade com o pen-
samento lateral, então as idéias começam a aparecer. A 
confiança cresce e, à medida que isso ocorre, o pensar 
semdirigir conscientemente o pensamento fica mais fácil; 
e, à medida que fica mais fácil, torna-se também mais efi-
caz. 
 
p. 112 
CAPÍTULO VIII 
 
Ler sobre pensamento lateral é quase tão desajeitado 
quanto escrever a respeito dêle (...) 
A descrição do processo em termos abstratos dá a impres-
são de incerteza e remove tôda a vivacidade e vigor que 
fazem parte de um processo prático. 
 
 
 51 
A aplicação prática do pensamento lateral é mais útil que a 
possibilidade filosófica; portanto, a melhor maneira de 
descrever os processos laterais é mostrá-los em ação. 
Mas essa análise descritiva não é muito satisfatória. Ela 
tem que ser de segunda mão e dependeria dos pensamen-
tos registrados de quem tenha tido as novas idéias. Tais 
pensamentos são registrados depois de aparecida a idéia, 
às vêzes muito tempo depois. O registro pode não ser ori-
ginal e sim de algum discípulo admirador. Usando a visão 
retrospectiva (...) é muito fácil racionalizar o surgimento de 
uma idéia. 
 
p. 113 
(...) é freqüente que as contribuições do acaso sejam igno-
radas, enquanto são realçadas as cuidadosas deliberações 
da lógica. O pensamento vertical é um modo respeitável 
de alcançar uma idéia; retrospectivamente não é difícil ar-
rumar uma estrutura lógica para algo que surgiu realmente 
de outro modo. 
 
Seria bom supor que o esfôrço pela simplicidade fôsse uma 
tentativa de inverter a tendência para a crescente comple-
xidade, porém, muito contribuíram a preguiça e a falta de 
habilidade técnica. 
 
 52 
p. 115 
(...) o desenvolvimento da idéia dependeu do afastamento 
de noções prévias, da relutância em abandonar um princí-
pio que, de início, parecia adequado, de uma memória boa 
e, especialmente, do efeito estimulante de um objeto não 
relacionado. 
 
p. 116 
(...) um estímulo não procurado pode provocar uma se-
quência de idéias (...) 
 
p. 117 
O estágio seguinte no desenvolvimento da idéia implicou 
no abandono de tudo que se tinha alcançado. 
 
p. 118 
O jogo <<L>> é um bom exemplo da utilidade de brincar 
ao acaso combinado com uma rígida idéia de qual deve ser 
o resultado definitivo. 
Nesse caso, a brincadeira ao acaso foi lindamente livre e 
não dirigida, pois não havia necessidade de criar nada, e a 
única consideração era a da simplicidade. 
 
 
 53 
A dificuldade com a brincadeira ao acaso é que ela fre-
qüentemente não parece trazer recompensa no momento; 
não se pensa que possa dar dividendos mais tarde. 
 
p. 119 
Em muitos exemplos (...) um estímulo não procurado de-
sencadeou uma proveitosa linha de pensamento. Em vez 
de esperar por um tal encontro de sorte ou de se expor a 
estímulos ao acaso, é possível agarrar-se conscientemente 
a qualquer coisa do ambiente e permanecer com ela até 
que mostre uma importância qualquer para o problema em 
questão; o objeto deve ser escolhido bem ao acaso; não 
há utilidade nenhuma em escolher um objeto que já pare-
ce ter importância. 
 
p. 121 
Por vêzes é curioso ver como dois problemas bem diferen-
tes podem ser resolvidos quase simultâneamente. 
 
p. 122 
Muitas vêzes a dificuldade em buscar algo reside no fato 
de que se tem em mente não o princípio em si e sim al-
guma personificação particular dêle. Pode ser um exercício 
 
 54 
interessante tentar encontrar exemplo de algo em particu-
lar que é requerido para se testar uma idéia. 
 
Em si mesma, a escolha de objetos simples não vale mais 
que a de objetos sofisticados que, em geral, funcionam 
melhor; a única vantagem é que os objetos simples são 
encontrados com mais facilidade sempre há uma certa 
impaciência em testar uma idéia para ver se ela funciona 
em princípio, isso antes de um posterior aperfeiçoamento. 
 
Não raro é interessante olhar apenas para um objeto e 
tentar desenvolver uma idéia a partir dêle. Desta feita não 
se trata de relacionar o objeto com determinado problema 
e sim de uma brincadeira mental. 
 
p. 123 
Dependendo do método empregado, os problemas podem 
ser testados de maneira fácil ou então de modo bem mais 
complicado. 
 
p. 124 
E’ muitas vêzes surpreendente a utilidade dos objetos or-
dinários quando vistos à luz de qualquer necessidade es-
pecial. 
 
 55 
p. 125 
Muitos (...) exemplos (...) poderiam ter sido perfeitamente 
testados de maneira adequada por cuidadosas delibera-
ções lógicas; talvez até de modo melhor. O que interessa é 
saber se êles teriam realmente seguido tal caminho. Muitas 
idéias foram provocadas ou desenvolvidas por coisas que 
não foram ativamente procuradas. 
Ora, muitas idéias surgiram exatamente porque não havia 
compromisso com um modo fixo de ver as coisas. 
O que interessava era o processo e não o produto. 
 
p. 126 
CAPÍTULO IX 
 
Já que a maioria das pessoas não trabalha em pesquisa e 
nem está interessada em inventar, o pensamento lateral 
poderia dar a impressão de um luxo dispensável. Isso seria 
um êrro, pois a maneira de pensar que foi ilustrada com 
idéias científicas ou simples invenções pode ser igualmente 
aplicada a outras situações. O processo é básico. 
As experiências pessoais de cada um podem revelar exem-
plos isolados de pensamento lateral que foram bem úteis 
no momento. 
 
 
 56 
p. 127 
E’ muito fácil deixar-se conduzir pelo caminho da mais alta 
probabilidade. Pode-se estar preparado para deixar de lado 
os benefícios do pensamento lateral na base de que não se 
está interessado em ter idéias novas; mas estará alguém 
preparado para aceitar as restrições do pensamento verti-
cal? As novas idéias constituem o aspecto positivo do pen-
samento lateral, mas aquêles que nunca o usam não só 
deixam de lado êsse aspecto: incorrem também numa 
desvantagem definida. Essa desvantagem consiste na ma-
neira pela qual essas pessoas podem ser manipuladas, já 
que suas mentes seguem sempre um caminho de alta pro-
babilidade. 
 
No jiu-jitsu, toma-se vantagem da direção previsível de um 
ataque para virar, contra um oponente, a própria força. O 
mesmo pode ocorrer em relação aos processos previsíveis 
da mente de um pensador vertical. 
 
p. 129 
(...) é fácil tirar vantagem das pessoas que usam apenas o 
pensamento vertical ou de alta probabilidade. Pessoas de 
confiança, vendedores, políticos e persuasores profissio-
nais de todos os tipos estariam praticamente desemprega-
 
 57 
dos se não fôsse mais natural para a mente empregar o 
pensamento vertical do que o lateral. 
 
As pessoas que têm a tendência de usar mais naturalmen-
te, no seu trabalho, o pensamento lateral são os jornalistas 
e propagandistas; êles desenvolvem as suas aptidões para 
ver as coisas de diferentes modos. 
 
p. 140 
Entre os pensadores verticais mais rígidos estão os advo-
gados, os médicos e, em parte, os homens de negócios; 
todos êles preferem que as coisas sejam rígidas, definidas, 
ortodoxas (...) 
 
Em que classificação cairia o artista? 
No mundo da arte, o pensamento lateral dá a impressão 
de estar agindo sempre sob o nome mais apropriado de 
pensamento criador. O artista está aberto a idéias, influên-
cias e oportunidades. 
 
O inconveniente com o pensamento criador na arte é que 
êle pode ser fàcilmente parado a meio caminho. Com efei-
to, os menos talentosos não têm escolha. 
 
 58 
Há um entusiasmo em trocar as limitações da ordem esta-
belecida pelo potencial ilimitado do caos, porém isso mui-
tas vêzes é tido como realização em vez de ser apenas o 
primeiro estágio na direção dela. O verdadeiro objetivo do 
pensamento lateral não é chafurdar no caos informe e sim 
sair dele com uma nova idéia eficaz. 
 
O ideal perseguido no pensamento lateral é a simplicidade 
da extrema sofisticação, a simplicidade de uma idéia que é 
bem eficaz na ação, ainda que elementar na sua forma. 
 
p. 131 
Uma idéia verdadeiramente nova nunca parece bizarra, 
pois possui uma independência e uma plenitude próprias. 
Idéias bizarras nãosão novas e sim simples distorções do 
velho. A distorção deliberada de uma idéia velha foi suge-
rida antes (...) só como técnica e não como realização. 
 
p. 132 
O pensamento criador verdadeiro pode ser uma forma es-
pecialmente talentosa do pensamento lateral (...) 
 
O pensamento lateral procura mesmo escapar do domínio 
das matérias rígidas e aceitas de ver as coisas: mas o ob-
 
 59 
jetivo da fuga é uma ordem nova e mais simples e não 
desordem. 
 
p. 133 
O pensamento lateral procura ainda mais a fluidez que 
permite com que uma idéia seja trocada por outra melhor 
ainda, e assim por diante. 
 
O bom humor tem muito que ver com pensamento lateral. 
Êle ocorre quando a maneira mais provável de ver as coi-
sas sofre um choque pela súbita tomada de consciência de 
que há outra maneira. 
Com bom humor a mente oscila entre o modo óbvio de ver 
as coisas e o inesperado (...) E’ essa oscilação que é pecu-
liar ao pensamento lateral relacionado com humor. 
 
Quem tem bom senso de humor deveria compreender me-
lhor a natureza do pensamento lateral do que alguém des-
tituído dele. 
 
p. 134 
CAPÍTULO X 
 
O objetivo do pensamento lateral é produzir idéias novas. 
 
 60 
Ninguém está interessado numa idéia nova como tal, mas 
sim em novas idéias efetivas. A eficácia de uma idéia nova 
não depende apenas da idéia, mas também da habilidade 
da pessoa que a julga. 
Infelizmente, a melhor base para um bom julgamento é a 
experiência passada; no entanto, por definição, as novas 
idéias não podem ser sempre julgadas na base de experi-
ências passadas. A inércia de pensamento é uma relutân-
cia em abandonar o passado, enquanto que o pensamento 
baseado na quantidade de movimento (momentum) repre-
senta o desejo de continuar o passado no futuro; ambos 
podem fazer sentido, porém, não fazem o melhor uso de 
novas idéias. 
 
p. 135 
A relutância em aceitar uma nova idéia vê-se combinada 
com a opinião de que, se a idéia é boa mesmo, ela triunfa-
rá no fim. 
 
O uso do pensamento lateral (...) compreende todos os 
campos nos quais novas maneiras de ver as coisas possam 
ser úteis. 
 
 
 
 61 
p. 136 
O pensamento lateral não diz apenas respeito à pesquisa e 
ao desenvolvimento, mas também à organização, método, 
análise de valôres e pesquisa operacional. 
 
(...) uma nova idéia pode levar a melhora ainda mais adi-
ante. Não há limite para o efeito de uma idéia nova (...) 
 
O hábito de pensar lateralmente não é desenvolvido em 
parte alguma da educação ortodoxa. A capacidade de ge-
rar idéias fica a cargo de uma aptidão natural que sobrevi-
veu a anos de pensamento vertical. 
 
p. 137 
Uma idéia nova provoca uma segunda idéia nova na mes-
ma mente ou noutra, e uma espécie de reação em cadeia 
se segue (...) 
As pessoas que não podem apreciar novas idéias (...) al-
gumas são necessárias para evitar uma explosão destruti-
va; mas em grande número elas impedem que (...) produ-
za energia. 
 
Não há razão para não adquirir hábitos de pensamento 
lateral. 
 
 62 
Não há fórmula mágica que, uma vez aprendida, possa ser 
aplicada com grande eficácia. 
(...) o pensamento lateral é mais um hábito mental que 
conhecimento de determinada técnica. Êsse hábito pode 
ser adquirido por treino específico (...) 
 
p. 138 
Pode-se sentir que o hábito de examinar as coisas de dife-
rentes maneiras diminuiria a eficácia daquelas que acham 
a rapidez de decisão mais importante que sua natureza. 
 
Não é fácil sair de um modo de ver as coisas para encon-
trar outro. 
O alvo do pensamento lateral seria encontrar o modo certo 
de encarar o problema. 
Dêsse jeito, o conhecimento básico em determinado cam-
po podia ser plenamente utilizado. 
 
A utilidade de ver um problema não reside apenas no con-
fronto com experiências de campos diferentes, mas tam-
bém no fato de que a pessoa estranha não está prêsa ao 
modo de ver as coisas daqueles mais próximos ao proble-
ma. 
 
 
 63 
p. 139 
O valor de uma visão externa é bem reconhecido pelo uso 
de consultores em vários campo, dos quais não se espera 
apenas competência na especialidade, mas também a van-
tagem de examinar as coisas de um modo nôvo. 
 
O pensamento lateral vale mesmo quando só funciona co-
mo catalisador para provocar novos rumos de pensamen-
to, novas interações. 
 
Ao tomar-se uma decisão, pode ser útil tanto o próprio 
pensamento lateral como o de outra pessoa na geração de 
alternativas, de modo que a rejeição destas possa fortale-
cer a decisão. 
 
Não há dúvida de que há pessoas com mais tendência a 
novas idéias do que outras. 
Poucas vêzes, no entanto, essas pessoas são exploradas a 
fundo. 
 
p. 140 
Os homens com idéias são frequentemente acusados de 
preguiça e falta de interêsse, e as acusações podem ser 
perfeitamente válidas, pois quem mostra entusiasmo no 
 
 64 
desenvolvimento das suas próprias idéias pode mostrar 
menos no desenvolvimento das idéias dos outros. 
 
Infelizmente, o homem de idéias é obrigado, em boa parte 
de sua carreira, a levar avante idéias geralmente inferiores 
de um organizador. 
 
p. 141 
As pessoas de idéias costumam desprezar os chamados 
implementadores (...) 
O que elas não percebem é serem os implementadores 
que fazem realmente o trabalho útil e sem êles as novas 
idéias seriam sem valor. 
O conjunto ideal de pesquisa seria de um homem de idéias 
e de um implementador (...) 
 
p. 142 
Uma forma de assegurar resultados é apoiar projetos que 
já foram realizados e fazê-los de um modo um pouco dife-
rente: o resultado fica sendo mais ou menos conhecido de 
antemão. 
 
O perigo está em que os projetos fechados tendem a ter 
apoio por parecerem mais reais que os projetos vagos, que 
 
 65 
dependem do desenvolvimento de novas idéias duranto a 
marcha dos trabalho. 
 
(...) não se pode esperar que testes comuns de inteligên-
cia indiquem os pensadores laterais. 
 
p. 143 
(...) o pensamento lateral é o campo das respostas de bai-
xa probabilidade, dos modos de ver as coisas diferente-
mente. 
 
p. 145 
SUMÁRIO 
 
(...) três temas básicos (...) formam a base do pensamento 
lateral: 
1. Os limites do pensamento vertical como método de gerar 
novas idéias. 
2. O uso do pensamento lateral na geração de novas idéias. 
3. O objetivo do pensamento lateral em produzir novas idéias 
simples, razoáveis e eficazes. 
 
A necessidade de pensar lateralmente (...) é ditada pela 
organização funcional do cérebro que determina a estrutu-
ra do pensamento.

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