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Plano de Aula de Patologia- caso 7

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1 
 
Plano de Aula de Patologia- Caso 7: ERM 
Beatriz Macacari – 341820563 
Objetivos de aprendizagem: 
1) Explicar como as condições predisponentes à trombose levam à formação do trombo; 
2) Diferenciar os tipos de trombo; 
3) Explicar os destinos do trombo e as consequências clínicas da trombose. 
Resolução: 
1) Explicar como as condições predisponentes à trombose levam à formação do trombo; 
As anormalidades básicas que levam à trombose são (1) lesões endoteliais, (2) estase ou fluxo sanguíneo turbulento e 
(3) hipercoagulabilidade do sangue (conhecidas como tríade de Virchow). A trombose é um flagelo do homem 
moderno, pois é a base das formas mais comuns e graves de doenças cardíacas. 
LESÃO ENDOTELIAL 
As lesões endoteliais que levam à ativação 
plaquetária são a base quase inevitável da 
formação de trombo no coração e na circulação 
arterial, onde a grande velocidade do fluxo 
sanguíneo impede a formação de coágulos 
(trombos). Observa-se que trombos cardíacos e 
arteriais são tipicamente ricos em plaquetas e 
acredita-se que a aderência de plaquetas e sua 
ativação sejam pré-requisitos necessários para a 
formação de trombo sob alta tensão de 
cisalhamento, como a existente nas artérias. Essa 
observação fornece parte da razão por trás do uso 
de aspirina e outros inibidores plaquetários na 
doença arterial coronária e no infarto agudo do 
miocárdio. 
Evidentemente, lesões endoteliais graves podem iniciar a trombose ao expor o vWF e o fator tecidual. Contudo, a 
inflamação e outros estímulos nocivos também promovem a trombose ao alterar o padrão habitual de expressão 
genética do endotélio para um padrão que seja “pró-trombótico”. Essa mudança é geralmente denominada ativação 
ou disfunção endotelial e pode ser produzida por diversos fatores, incluindo agressão por agentes físicos, agentes 
infecciosos, fluxo sanguíneo anormal, mediadores inflamatórios, anormalidades metabólicas, como a 
hipercolesterolemia ou a homocistinemia, e toxinas devivadas da fumaça do cigarro. Acredita-se que a ativação 
endotelial desempenhe um papel fundamental no desencadeamento da trombose arterial. 
• Alterações pró-coagulantes. Células endoteliais ativadas por citocinas reduzem a expressão de 
trombomodulina, já descrita como um importante modulador da atividade da trombina. Isto pode resultar em 
ativação prolongada da trombina, que, por sua vez, através dos PARs, pode estimular plaquetas e aumentar a 
inflamação. Além disso, na inflamação, o endotélio também reduz a expressão de outros anticoagulantes, 
como a proteína C e a proteína inibidora do fator tecidual, alterações que podem resultar em um estado 
prócoagulante. 
• Efeitos antifibrinolíticos. As células endoteliais ativadas secretam inibidores do ativador do plasminogênio 
(PAIs), que limitam a fibrinólise e diminuem a expressão de t-PA, alterações que também favorecem o 
desenvolvimento de trombos. 
 
 
2 
 
ALTERAÇÕES NO FLUXO SANGUÍNEO NORMAL 
A turbulência contribui para a trombose cardíaca e arterial, provocando uma disfunção ou lesão endotelial, além de 
gerar fluxos de contracorrente com a formação de bolsas de estase locais. A estase é o principal contribuinte no 
desenvolvimento da trombose venosa. O fluxo sanguíneo normal é laminar, de forma que as plaquetas (e outros 
elementos celulares sanguíneos) fluem centralmente na luz dos vasos, separados do endotélio por uma camada em 
movimentação mais lenta de plasma. Por conseguinte, a estase e a turbulência: 
• Promovem a ativação endotelial, aumentando a atividade pró-coagulante e a adesão de leucócitos, em parte 
através de mudanças induzidas pelo fluxo na expressão de moléculas de adesão e de fatores pró-inflamatórios. 
• Rompem o fluxo laminar e permitem que as plaquetas entrem em contato com o endotélio. 
• Reduzem a eliminação (“lavagem”) e a diluição dos fatores da coagulação ativados pelo afluxo de sangue 
fresco e por inibidores dos fatores da coagulação. 
O fluxo sanguíneo alterado contribui para a trombose em várias condições clínicas. As placas ateroscleróticas ulceradas 
não somente expõem o vWF e o fator tecidual subendoteliais, mas também causam turbulência. As dilatações aórticas 
e das artérias em geral, denominadas aneurismas, provocam estase local e são propensas à trombose. O infarto agudo 
do miocárdio resulta em áreas do miocárdio não contrátil e, algumas vezes, em aneurismas cardíacos; ambos estão 
associados a estase e fluxo anormal que promovem a formação de trombos murais cardíacos. A estenose de origem 
reumática da válvula mitral resulta em dilatação atrial esquerda, que associada à fibrilação atrial, torna-se um local de 
estase pronunciada, ocorrendo habitualmente a trombose. A hiperviscosidade aumenta a resistência ao fluxo 
sanguíneo e causa estase de pequenos vasos; as hemácias deformadas na anemia falciforme dificultam o fluxo 
sanguíneo nos pequenos vasos, resultando em estase e consequente trombose. 
HIPERCOAGULABILIDADE 
A hipercoagulabilidade (também chamada de trombofilia) pode ser definida, genericamente, como qualquer distúrbio 
do sangue que predispõe à trombose. A hipercoagulabilidade tem um papel particularmente importante na trombose 
venosa e pode ser dividida em distúrbios primários (genéticos) e secundários (adquiridos). Das causas hereditárias de 
hipercoagulabilidade, as mutações pontuais do gene do fator V e do gene da protrombina são as mais comuns. 
Primários (Genéticos) 
Comuns 
• Mutação do fator V (substituição de Arg por Glu no resíduo de aminoácido 506 provocando resistência 
à inativação pela proteína C ativada; fator V de Leiden). 
• Mutação da protrombina (variante de sequência não codificadora G20210Alevando ao aumento dos 
níveis de protrombina) 
• Níveis elevados dos fatores VIII, IX, XI, ou fibrinogênio (alteração genética desconhecida) 
Raros 
• Deficiência de antitrombina III 
• Deficiência de proteína C 
• Deficiência de proteína S 
Muito Raros 
• Defeitos da fibrinólise 
• Homocistinúria homozigótica (deficiência da cistationa β-sintetase) 
Secundários (Adquiridos) 
Alto Risco de Trombose 
• Repouso ou imobilização prolongados no leito Infarto do miocárdio 
• Fibrilação atrial 
• Lesão tecidual (cirurgia, fratura, queimadura) 
3 
 
• Câncer 
• Válvulas cardíacas protéticas 
• Coagulação intravascular disseminada 
• Trombocitopenia induzida por heparina 
• Síndrome do anticorpo antifosfolipído 
Baixo Risco de Trombose 
• Cardiomiopatia 
• Síndrome nefrótica 
• Estados hiperestrogênicos (gravidez e pós-parto) 
• Uso de contraceptivo oral 
• Anemia falciforme 
• Tabagismo 
• Aproximadamente 2% a 15% dos caucasianos são portadores de uma mutação em um único nucleotídeo no 
fator V, que é chamado de fator V Leiden, referência ao nome da cidade na Holanda onde foi descoberto. 
Entre os indivíduos com TVP (trombose venosa profunda) recorrente, a frequência dessa mutação é 
consideravelmente maior, cerca de 60%. A mutação resulta da substituição de um ácido glutâmico por uma 
arginina na posição do aminoácido 506, que torna o fator V resistente à clivagem e inativação pela proteína C. 
Como resultado dessa mutação, um importante mecanismo antitrombótico é perdido (Fig. 4-10). Na verdade, 
os heterozigotos apresentam um risco relativo cinco vezes maior de uma trombose venosa e os homozigotos 
têm um risco 50 vezes maior. 
• Aalteração em um único nucleotídeo (G20210A) na região não traduzida 3’ do gene da protrombina é outra 
mutação comum (1% a 2% da população) associada à hipercoagulabilidade. Ela provoca níveis elevados de 
protrombina e um aumento de quase três vezes no risco de trombose venosa. 
• Níveis elevados de homocisteína contribuem para trombose arterial e venosa, assim como para o 
desenvolvimento de aterosclerose. Os efeitos pró-trombóticos da homocisteína podem acontecer devido à 
ligação tioéster formada entre metabólitos de homocisteína e várias proteínas,incluindo o fibrinogênio. As 
elevações marcantes da homocisteína podem ser causadas pela deficiência hereditária da cistationa β-
sintetase. 
• Causas hereditárias raras da hipercoagulabilidade primária incluem a deficiência de anticoagulantes tais como 
a antitrombina III, proteína C ou proteína S; indivíduos afetados tipicamente apresentam trombose venosa e 
tromboembolismo recorrente começando na adolescência ou no início da fase adulta. 
Os genótipos trombofílicos comumente encontrados nas diversas populações (heterozigosidade para o fator V Leiden 
e heterozigosidade para a variante G20210Ada protrombina) provocam apenas um moderado aumento no risco de 
trombose; a maioria dos indivíduos com esses genótipos, caso estejam sob os demais aspectos saudáveis, estará 
também livre de complicações trombóticas. Contudo, como as mutações do fator V e da protrombina são muito 
frequentes, a sua homozigosidade ou a heterozigosidade composta não são tão raras, e esses genótipos estão 
associados a riscos maiores. Além disso, indivíduos com tais mutações têm um aumento significativo na frequência de 
trombose venosa quando expostos a fatores de risco adquiridos (p. ex., gravidez ou repouso prolongado no leito). 
Além disso, o fator V Leiden pode desencadear a TVP quando combinado com inatividade forçada, como durante 
longas viagens de avião. Consequentemente, as causas hereditárias da hipercoagulabilidade devem ser consideradas 
em pacientes com idade inferior a 50 anos que apresentam trombose, mesmo quando os fatores de risco adquiridos 
estão presentes. 
Ao contrário das doenças hereditárias, a patogenia da hipercoagulabilidade adquirida é frequentemente multifatorial. 
Em alguns casos (p. ex., insuficiência cardíaca ou trauma), a estase ou a lesão vascular podem ser mais importantes. A 
hipercoagulabilidade devido ao uso de contraceptivos orais ou ao estado hiperestrogênico da gravidez provavelmente 
é causada pelo aumento da síntese hepática dos fatores da coagulação e pela diminuição da síntese de fatores 
anticoagulantes. Em pacientes com câncer avançado, a liberação de vários fatores pró-coagulantes pelos tumores 
predispõe à trombose. A hipercoagulabilidade vista com o avanço da idade pode ocorrer por conta da redução da 
produção endotelial de PGI2 . O tabagismo e a obesidade promovem a hipercoagulabilidade por mecanismos 
desconhecidos. 
4 
 
Entre os estados trombofílicos adquiridos, a trombocitopenia induzida pela heparina e a síndrome do anticorpo 
antifosfolipídio são problemas clínicos particularmente importantes que merecem uma atenção especial. 
Síndrome da Trombocitopenia Induzida pela Heparina (TIH) 
A TIH ocorre após a administração de heparina não fracionada, que pode induzir a formação de anticorpos que 
reconhecem complexos de heparina e fator plaquetário 4 na superfície de plaquetas, assim como complexos de 
molécula semelhantes à heparina e proteínas semelhantes ao fator plaquetário 4 nas células endoteliais. Aligação 
desses anticorpos às plaquetas resulta em sua ativação, agregação e consumo (por isso, a presença de 
trombocitopenia no nome da síndrome). Esses efeitos sobre as plaquetas e as células endoteliais danificadas, 
induzidos pela ligação dos anticorpos, combinam-se para produzir um estado pró-trombótico, mesmo em face da 
administração de heparina e da baixa contagem de plaquetas. Preparações de heparina com baixo peso molecular 
induzem a TIH com menos frequência, e outras classes de anticoagulantes, como inibidores diretos do fator X e da 
trombina, também podem evitar esse risco. 
Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídio 
Essa síndrome (antigamente chamada de síndrome do anticoagulante lúpico) apresenta manifestações clínicas muito 
variadas, incluindo tromboses recorrentes, abortos repetidos, vegetações nas valvas cardíacas e trombocitopenia. 
Dependendo do leito vascular envolvido, as apresentações clínicas podem incluir a embolia pulmonar (EP) 
(consequente à trombose venosa das extremidades inferiores), hipertensão pulmonar (devido à embolia pulmonar 
subclínica recorrente), acidente vascular encefálico, infarto intestinal ou hipertensão renovascular. Aperda fetal não 
parece ser explicada pela trombose, mas sim pela interferência, mediada por anticorpos, com o crescimento e a 
diferenciação do trofoblasto, o que leva a uma falha da placentação. A síndrome do anticorpo antifosfolipídio é 
também uma causa de microangiopatia renal, que resulta em insuficiência renal associada a múltiplas tromboses 
capilares e arteriais 
O nome síndrome do anticorpo antifosfolipídio pode enganar, pois acredita-se que os efeitos patológicos mais 
importantes sejam mediados pela ligação dos anticorpos aos epítopos das proteínas, que são, de alguma forma, 
induzidos ou “revelados” pelos fosfolipídios. Atransferência de anticorpos antifosfolipídios para roedores pode induzir 
a trombose, indicando claramente sua patogenicidade, mas o seu mecanismo exato permanece incerto. Possíveis alvos 
dos anticorpos incluem a β2-glicoproteína I, uma proteína plasmática que se associa à superfície das células endoteliais 
e trofoblásticas, e a trombina. Acredita-se que, in vivo, tais anticorpos se liguem a essas proteínas e possivelmente a 
outras também, induzindo um estado hipercoagulável através de mecanismos ainda não determinados. Contudo, in 
vitro, os anticorpos interferem com os fosfolipídios, inibindo, assim, a coagulação. Com frequência, esses anticorpos 
podem gerar resultados falso-positivos no teste sorológico para a sífilis, pois o antígeno utilizado no ensaio padrão 
para o teste é incorporado em cardiolipina (um fosfolipídio). 
A síndrome do anticorpo antifosfolipídio apresenta uma forma primária e uma secundária. Os indivíduos com uma 
doença autoimune prévia bem estabelecida, como o lúpus eritematoso sistêmico, são designados como tendo a 
síndrome antifosfolipídio secundária (por isso, a denominação anterior de síndrome do anticoagulante lúpico). Na 
síndrome antifosfolipídio primária, os pacientes apresentam apenas as manifestações do estado de 
hipercoagulabilidade e não mostram evidências de outras doenças autoimunes; ocasionalmente, ela aparece após a 
exposição a certos fármacos ou infecções. A terapia envolve anticoagulação e imunossupressão. Embora os anticorpos 
antifosfolipídios estejam claramente associados à diátese trombótica, eles também foram identificados em 5% a 15% 
de indivíduos aparentemente normais, o que significa que eles são necessários mas não suficientes para causar o 
desenvolvimento da síndrome. 
2) Diferenciar os tipos de trombo; 
Os trombos podem se desenvolver em qualquer lugar no sistema cardiovascular e podem variar no tamanho e forma, 
dependendo do lugar envolvido e da causa subjacente. Os trombos arteriais ou cardíacos geralmente se iniciam nos 
locais de turbulência ou de lesão endotelial, já os trombos venosos ocorrem caracteristicamente em locais de estase. 
Os trombos estão focalmente fixados na superfície vascular subjacente, particularmente no ponto da iniciação. A partir 
desse ponto, os trombos arteriais tendem a crescer em sentido retrógrado, enquanto os trombos venosos crescem no 
sentido do fluxo sanguíneo; notamos, assim, que ambos se propagam em direção ao coração. Aparte em crescimento 
5 
 
de um trombo está, em geral, menos firmemente presa à parede que a sua base, e, portanto, propensa a fragmentação 
e embolização. 
Com frequência, os trombos apresentam, macro e microscopicamente, laminações aparentes denominadas de linhas 
de Zahn, que são depósitos esbranquiçados, mais claros, de fibrina e plaquetas alternando-se com camadas 
avermelhadas, mais escuras, ricas em hemácias. Essas laminações significam que um trombo foi formado na presença 
de fluxo sanguíneo e, portanto, permite distinguir o trombo, que ocorre em vida, do coágulo, flexível e não laminado, 
que ocorre após a morte (veja adiante). 
Os trombos que ocorrem nas câmaras cardíacasou no lúmen da aorta são designados trombos murais. A contração 
anormal do miocárdio (arritmias, cardiomiopatia dilatada ou infarto do miocárdio) ou a lesão endomiocárdica 
(miocardite ou trauma por cateter) promovem trombos murais cardíacos, enquanto as placas ateroscleróticas 
ulceradas e a dilatação aneurismática são os precursores dos trombos aórticos 
Os trombos arteriais são frequentemente oclusivos; as localizações mais comuns, em ordem decrescente de 
frequência, são as artérias coronárias, cerebrais e femorais. Eles normalmente consistem em malha friável de 
plaquetas, fibrina, hemácias e leucócitos degenerados. Embora os trombos, em geral, se formem sobre uma placa 
aterosclerótica rompida, outras lesões vasculares (vasculite, trauma) podem ser a causa desencadeante. 
A trombose venosa (flebotrombose) é quase invariavelmente oclusiva, com o trombo formando um molde alongado 
da luz vascular. Como esses trombos formam-se na circulação venosa lenta, eles tendem a conter mais hemácias (e 
relativamente poucas plaquetas), e, portanto, são conhecidos como trombos vermelhos ou de estase. Trombos 
venosos são firmes, estão focalmente fixados nas paredes venosas, e contêm linhas de Zahn, características que 
ajudam a distingui-los de coágulos após a morte. As veias dos membros inferiores são mais comumente envolvidas 
(90% dos casos), porém as extremidades superiores, o plexo venoso periprostático ou as veias ovarianas e periuterinas 
também podem desenvolver trombos venosos. Em circunstâncias especiais, também podem ocorrer nos seios venosos 
da dura-máter, na veia porta hepática ou nas veias hepáticas. 
O coágulo que ocorre após a morte pode, às vezes, ser confundido com os trombos venosos que se formam ante 
mortem. No entanto, os coágulos que se formam após a morte são gelatinosos e exibem duas porções, uma vermelho-
escuro mais declive, devido à decantação das hemácias pela ação da gravidade, e uma porção superior amarela, 
semelhante à “gordura de galinha”, e não estão aderidos à parede venosa subjacente. 
Os trombos nas valvas cardíacas são chamados de vegetações. As bactérias ou fungos transportados pelo sangue 
podem aderir às valvas previamente danificadas (p. ex., devido à doença cardíaca reumática) ou podem lesionar 
diretamente a valva; em ambos os casos, a lesão endotelial valvar e a alteração do fluxo sanguíneo através dela podem 
induzir a formação de grandes massas trombóticas. Vegetações estéreis podem, também, desenvolver-se em valvas 
não infectadas, em indivíduos em estados de hipercoagulabilidade, a então chamada de endocardite trombótica não 
bacteriana. Menos comumente, a endocardite verrucosa estéril (chamada de endocardite de Libman-Sacks) pode 
ocorrer em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico. 
_______________________________________________________________________________________________ 
Macroscopicamente, os trombos apresentam-se como massas de sangue solidificado, de tamanhos variados, aderidos 
à superfície onde se formaram. Diferentemente dos coágulos sanguíneos, que são elásticos e têm superfície brilhante, 
os trombos são foscos e friáveis. Em consequência dos ciclos de aderência e agregação plaquetária no trombo, com 
repetidas coberturas pela malha de fibrina e hemácias aprisionadas, formam-se camadas sucessivas ou sedimentos de 
sangue solidificado. As lamelas assim percebidas são denominadas linhas ou estrias de Zahn. Dependendo do local de 
formação, o trombo pode conter maior quantidade de plaquetas ou de hemácias, o que faz variar a sua coloração. Nos 
locais de fluxo sanguíneo laminar e com maior velocidade, há tendência de os elementos figurados ocuparem o centro 
da coluna de sangue; o trombo que neles se forma cresce por precipitação de células menores, as plaquetas, na 
superfície endotelial. As ondas de precipitação de fibrina intercaladas com menor quantidade de eritrócitos e novas 
agregações plaquetárias conferem coloração mais esbranquiçada ao trombo (trombos mistos, pois têm estrias 
vermelhas evidentes). Nos territórios de fluxo lento e turbilhonado (p. ex., em veias), a malha de fibrina aprisiona 
grande quantidade de elementos figurados do sangue, o que dá ao trombo cor mais avermelhada – trombos 
vermelhos. Nesses trombos, o aspecto estratificado é bem evidente no ponto onde se inicia a sua formação. Trombos 
6 
 
vermelhos tendem a ficar mais claros com o passar do tempo devido ao fenômeno de hemólise. Trombos constituídos 
exclusivamente por fibrina e plaquetas (trombos brancos) formam-se na microcirculação e não são vistos 
macroscopicamente. A partir da sua origem, o trombo pode crescer longitudinalmente seguindo a direção do fluxo 
sanguíneo e produzir massas alongadas no interior dos vasos ou do coração, de tal forma que a parte ou ponto de 
fixação que ancora o trombo é geralmente mais volumosa e a extremidade livre e flutuante no interior do vaso, mais 
afilada. A configuração final é de uma estrutura polipoide em que se pode reconhecer uma extremidade fixa 
denominada cabeça, uma porção intermediária, chamada corpo, e uma parte livre na outra extremidade, conhecida 
como cauda do trombo. 
O aspecto microscópico de um trombo é o de um coágulo sanguíneo em que se observam áreas acidófilas com aspecto 
reticulado ou laminar (estrias de Zahn), nas quais predominam depósitos de plaquetas e fibrina, e regiões onde a rede 
de fibrina aprisiona os elementos figurados do sangue, especialmente hemácias; tal massa está sempre aderida à 
parede do vaso ou do coração onde se formou, mesmo que em pequena extensão. Trombos na microcirculação podem 
conter exclusivamente plaquetas e fibrina, razão pela qual tomam aspecto acidófilo e são denominados trombos 
hialinos. 
3) Explicar os destinos do trombo e as consequências clínicas da trombose. 
DESTINOS DO TROMBO 
Se um paciente sobrevive à trombose inicial, nos dias e semanas subsequentes os trombos sofrerão combinações dos 
quatros eventos seguintes: 
• Propagação. Os trombos acumulam plaquetas e fibrinas adicionais (ver anteriormente). 
• Embolização. O trombo se desaloja e viaja para outros locais da rede vascular (ver adiante). 
• Dissolução. A dissolução é o resultado da fibrinólise, que pode resultar em rápida diminuição e total 
desaparecimento de trombos recentes. Em contrapartida, nos trombos mais antigos, a extensa deposição e 
polimerização da fibrina os tornam mais resistentes à lise. Essa distinção explica porque a administração 
terapêutica de agentes fibrinolíticos, como o t-PA (p. ex., na trombose coronariana aguda) só é efetiva quando 
realizada nas primeiras horas após o evento trombótico. 
• Organização e recanalização. Os trombos antigos tornam-se organizados pela proliferação de células 
endoteliais, células musculares lisas e fibroblastos, sobre e para dentro do trombo. Ocasionalmente, há 
formação dos canais capilares que tentam restabeler, embora não completamente, a continuidade da luz 
original do vaso. A recanalização, com o tempo, transforma o trombo em uma massa de tecido conjuntivo que 
se incorpora à parede vascular. Finalmente, com a remodelação e a contração dos elementos mesenquimais, 
apenas uma massa fibrosa pode permanecer, marcando o local original do trombo. 
Às vezes, os centros dos trombos sofrem digestão enzimática, presumivelmente como o resultado da liberação de 
enzimas lisossômicas dos leucócitos e plaquetas capturados. No contexto de uma bacteremia, tais trombos podem 
tornar-se infectados, produzindo uma reação inflamatória que provoca erosão e enfraquecimento da parede do vaso. 
Se não controlado, esse processo pode resultar em um aneurisma micótico. 
ASPECTOS CLÍNICOS 
Os trombos chamam atenção clinicamente quando obstruem artérias ou veias, ou dão origem a êmbolos. A 
apresentação clínica depende do local envolvido. Trombos venosos podem causar congestão e edema dolorosos, 
distais à obstrução, mas são preocupantes principalmente por sua tendência deembolizar os pulmões (veja adiante). 
Por outro lado, embora os trombos arteriais também possam embolizar e causar infartos a jusante, o problema clínico 
principal está mais comumente relacionado à oclusão de vasos importantes (p. ex., artérias coronárias ou cerebrais), 
que pode ter consequências graves, inclusive fatais. 
Trombose Venosa (Flebotrombose) 
A maioria dos trombos venosos ocorre nas veias superficiais ou profundas das pernas. Atrombose de veias superficiais 
geralmente ocorre nas dilatações varicosas das veias safenas. Esses trombos podem causar congestão local, edema, 
dor e sensibilidade, mas eles raramente embolizam. No entanto, o edema associado e a drenagem venosa deficiente 
predispõem a pele sobrejacente ao desenvolvimento de infecções e úlceras (ditas úlceras varicosas). Atrombose 
7 
 
venosa profunda (TVP) envolvendo uma das grandes veias da coxa — ao nível ou acima do joelho (p. ex., veias 
poplíteas, femorais e ilíacas) — é mais grave, pois, com maior frequência, esses trombos causam embolia pulmonar e 
consequente infarto pulmonar. Embora a TVP possa causar dor local e edema devido à obstrução venosa, tais sintomas 
geralmente estão ausentes por causa da abertura dos canais venosos colaterais. Por conseguinte, as TVPs são 
assintomáticas em aproximadamente 50% dos indivíduos afetados e são reconhecidas apenas retrospectivamente, 
após uma embolia pulmonar. 
As TVPs das extremidades inferiores geralmente estão associadas a estados de hipercoagulabilidade, conforme 
descrito anteriormente. São fatores predisponentes comuns o repouso e a imobilização no leito (pois eles reduzem a 
ação de bombeamento dos músculos da perna sobre as veias, resultando em estase), e a insuficiência cardíaca 
congestiva (também uma causa de redução do retorno venoso). O trauma, a cirurgia e as queimaduras não apenas 
cursam com imobilização do paciente, mas também estão associados a lesão vascular, liberação de substâncias pró-
coagulantes dos tecidos lesados, aumento da síntese hepática dos fatores de coagulação e diminuição na produção 
de t-PA. Muitos fatores contribuem com a diátese trombótica da gestação, incluindo a diminuição do retorno venoso 
das veias das pernas e a hipercoagulabilidade sistêmica associada com as alterações hormonais na gravidez tardia e 
no período pós-parto. O processo inflamatório e a presença de fatores da coagulação (fator tecidual, fator VIII) 
associados ao câncer, bem como a liberação de substâncias prócoagulantes (p. ex., mucina) pelas células tumorais, 
contribuem para o aumento do risco de trombose e tromboembolismo no câncer avançado, quadro denominado 
tromboflebite migratória ou síndrome de Trousseau. Independentemente das diversas causas clínicas específicas, a 
idade avançada também aumenta os riscos de TVP. 
Trombose Arterial e Cardíaca 
A aterosclerose é a principal causa de trombose arterial, pois está associada à perda de integridade do endotélio e a 
fluxo sanguíneo anormal. Infartos do miocárdio podem predispor a trombos murais cardíacos devido à discinesia 
miocárdica e à lesão do endocárdio; doença cardíaca reumática pode promover trombose atrial por causar dilatação 
e fibrilação atriais. Trombos murais no coração e na aorta são propensos a embolização. Embora qualquer tecido possa 
ser afetado, o cérebro, os rins e o baço são os alvos mais acometidos, devido ao seu grande suprimento sanguíneo.

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