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Psicologia do Esporte (UniFatecie)

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Psicologia
do Esporte
Professor Me. Nilson Lucas Dias Gabriel
EduFatecie
E D I T O R A
Reitor
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino 
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz 
Campano Santini
Diretor Administrativo 
Prof. Ms. Renato Valença Correia
Secretário Acadêmico 
Tiago Pereira da Silva
Coord. de Ensino, Pesquisa e 
Extensão - CONPEX
Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
Coordenação Adjunta de Ensino 
Prof.ª Dra. Nelma Sgarbosa 
Roman de Araújo
Coordenação Adjunta de 
Pesquisa 
Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme
Coordenação Adjunta de 
Extensão 
Prof. Esp. Heider Jeferson 
Gonçalves 
Coordenador NEAD - Núcleo de 
Educação a Distância 
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
Web Designer
Thiago Azenha
Revisão Textual
Kauê Berto
Projeto Gráfico, Design
e Diagramação
André Dudatt
UNIFATECIE Unidade 1 
Rua Getúlio Vargas, 333, 
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 2 
Rua Candido Berthier Fortes, 
2177, Centro Paranavaí-PR 
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 3 
Rua Pernambuco, 1.169, 
Centro, Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
UNIFATECIE Unidade 4 
BR-376 , km 102, 
Saída para Nova Londrina 
Paranavaí-PR
(44) 3045 9898
www.unifatecie.edu.br/site/
As imagens utilizadas neste 
livro foram obtidas a partir do 
site ShutterStock
https://orcid.org/0000-0001-5409-4194
2021 by Editora EduFatecie 
Copyright do Texto © 2021 Os autores 
Copyright © Edição 2021 Editora EduFatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva 
dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora EduFatecie. Permitido 
o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a 
possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
EQUIPE EXECUTIVA
Editora-Chefe 
Prof.ª Dra. Denise 
Kloeckner Sbardeloto
Editor-Adjunto 
Prof. Dr. Flávio Ricardo 
Guilherme
Assessoria Jurídica 
Prof.ª Dra. Letícia 
Baptista Rosa
Ficha Catalográfica 
Tatiane Viturino de 
Oliveira
Zineide Pereira dos 
Santos
Revisão Ortográ-
fica e Gramatical
Prof.ª Esp. Bruna 
Tavares Fernades
Secretária
Geovana Agostinho 
Daminelli
Setor Técnico 
Fernando dos Santos 
Barbosa
Projeto Gráfico, 
Design e 
Diagramação
André Dudatt
www.unifatecie.edu.br/
editora-edufatecie
edufatecie@fatecie.edu.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
G118p Gabriel, Nilson Lucas Dias 
 Psicologia do esporte / Nilson Lucas Dias Gabriel. 
 Paranavaí: EduFatecie, 2021. 
 103 p. : il. Color. 
 ISBN 978-65-87911-19-9 
1. Esportes – Aspectos psicológicos. I. Faculdade de Tecnologia e
Ciências do Norte do Paraná - UniFatecie. II. Núcleo de Educação
a Distância. III. Título.
CDD : 23 ed. 796.077 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
https://doi.org/10.33872/edufatecie.formsociocultural.2019
UNIDADE I Introdução à Psicologia do Esporte
AUTOR
Professor Mestre Nilson Lucas Dias Gabriel
Nascido em Curitiba/PR, aos 15 anos mudei para a cidade de Manaus onde iniciei 
em 2011 a minha graduação em Psicologia no Centro Universitário do Norte (UniNorte). Du-
rante os cinco anos de formação desenvolvi trabalhos e pesquisas acadêmicas na área da 
Fenomenologia husserliana e do Existencialismo francês. Em 2017, já graduado, ingressei 
no Programa de Pós-Graduação em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (PPI-
-UEM) na área de concentração: Constituição do Sujeito e Historicidade, onde pesquisei
“A Concepção de Liberdade na Biografia e na Obra Pele Negra, Máscaras Brancas de
Frantz Fanon”, dando continuidade aos meus interesses iniciais de pesquisa. Ao término
do processo de mestrado, dei início ao doutoramento na mesma instituição de ensino do
mestrado, com a mesma orientadora, visando à superação do projeto anterior rumo a
construção da tese de doutorado. Para além disso, ministro cursos, atuo na docência e
desenvolvo pesquisas investigando as relações do pensamento do psiquiatra martinicano
Fanon com a Psicologia fenomenológico-existencial.
● Doutorando em Constituição do Sujeito e Historicidade em Psicologia pelo PPI-UEM
(Programa de Pós-Graduação em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá).
● Mestre em Constituição do Sujeito e Historicidade em Psicologia pelo PPI-UEM (Progra-
ma de Pós-Graduação em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá).
● Bacharel em Psicologia pela UniNorte (Centro Universitário do Norte).
● Pesquisador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares Afro-brasileiros (NEIAB-UEM).
● Pesquisador associado a ABPN (Associação Brasileira de Pesquisadores Negros).
● Integrante do Laboratório Interinstitucional de Estudos e Pesquisa em Fenomenologia
e Existencialismo (LIEPPFEX/CNPQ), e do grupo de estudos em Fenomenologia e
Existencialismo (GEFEX).
● Docente do curso de Psicologia do Centro Universitário da UniFatecie.
● Coordenador de TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) da UniFatecie.
● Professor de pós-graduação na Universidade Paranaense (UNIPAR).
● http://lattes.cnpq.br/4651490737502216
UNIDADE I Introdução à Psicologia do Esporte
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Caro aluno, cara aluna, seja muito bem-vindo(a)!
Fico feliz em estar com você mediando o seu interesse pela disciplina Psicologia 
do Esporte, do curso de bacharelado em Psicologia, na modalidade EAD. A partir da sua 
escolha teremos a oportunidade de trilharmos juntos num dos caminhos possíveis para os 
estudos da Psicologia do Esporte no Brasil. A nossa apostila foi construída para atender a 
ementa da nossa disciplina, que tem como objetivo introduzir os conceitos fundamentais da 
Psicologia do Esporte, e suas relações interdisciplinares, tendo em vista uma perspectiva 
crítica	do	campo	de	atuação	e	das	questões	éticas	que	envolvem	a	atuação	profissional	
do(a) psicólogo(a) do esporte no Brasil.
As referências utilizadas para essa caminhada foram selecionadas a partir dos ob-
jetivos destacados acima, de modo a contribuir para além do proposto, fornecendo também 
a você aluno e aluna da disciplina, trabalhos, pesquisas, produções artísticas que tenham 
como tema fundamental a prática esportiva e suas relações com a Psicologia, capazes 
de	possibilitar	reflexões	éticas,	técnicas	e	teóricas	para	você,	querido(a)	aluno(a)	interes-
sado(a) na disciplina e no seu campo de atuação como possibilidade prática do fazer-se 
psicólogo(a).
Imagino que esteja ansioso(a) para já entrarmos nas discussões centrais, mas an-
tes vou apresentar para você os temas que serão abordados em cada módulo. Em nosso 
primeiro módulo teremos um vislumbre do desenvolvimento da Psicologia do Esporte no 
Brasil	e	no	mundo,	tendo	seu	marco	histórico	científico	ao	final	do	século	XIX	e	início	do	
século	XX,	mas	que	como	você	verá,	é	um	campo	em	ascensão	mas	que	as	suas	reflexões	
se	dão	há	muito	 tempo…	desde	a	filosofia	grega.	Nesse	mesmo	tópico	estudaremos	as	
variadas	denominações	e	definições	da	Psicologia	do	Esporte,	e	sobre	as	suas	áreas	e	
campos de atuação, abraçando toda a sua dimensão ética.
Pegando carona na dimensão ética da Psicologia do Esporte, sendo esta dimensão 
de enorme importância para a sua compreensão, na segunda unidade aprenderemos sobre 
os aspectos éticos e sociais e discutiremos sobre o campo de atuação e preparação psico-
lógica, próprio da Psicologia do Esporte, dialogando com a construção da nossa primeira 
unidade e terceira unidade, destacando-se assim a interdisciplinaridade da disciplina bem 
como, a relação entre as próprias unidades.
Os aspectos psicológicos abordados de maneira breve na terceira unidade, estão 
intrinsecamente relacionados a outras disciplinas da Psicologia, e por isso são entendidos 
aqui, como matérias próprias do campo da ciência psicológica e componentes pontuais e 
fundamentais	para	o	desenvolvimento	da	prática	profissional	do(a)	Psicólogo(a)	do	Esporte.	
Dessa forma, dividimos os chamados processos psíquicos ou como convencionou-secha-
mar, de processos psicológicos básicos, em três diferentes e complementares dimensões: 
dimensão cognitiva, dimensão emocional e dimensão psicossocial, trabalhando desde a 
personalidade, atenção, concentração, motivação e ansiedade, até a formação de grupos, 
equipes e os aspectos de liderança.
Partindo do pressuposto de que são várias as temáticas que podem ser conside-
radas transversais à Psicologia do Esporte, trataremos algumas delas na nossa quarta e 
última	unidade.	Aqui	 foram	delimitados	quatro	grandes	temas:	primeiro,	reflexões	acerca	
do mito do herói e o atleta; posteriormente, a questão racial no Brasil e o que a Psicologia 
do Esporte tem a ver com isso; no terceiro tópico abordaremos as discussões de gênero e 
sexualidade	em	relação	ao	mundo	esportivo;	e	por	fim,	no	último	tópico	falaremos	breve-
mente da agressão e da violência como uma problemática transversal e importante para a 
Psicologia do Esporte no Brasil.
Espero que seja um processo de aprendizado para você, assim como foi para 
mim compor essa disciplina. Dessa forma, espero que o presente material possa contribuir 
para a sua caminhada, assim como, dialogicamente contribuiu para a minha, de modo, a 
incorporar, as temáticas, as referências, às discussões éticas, políticas, sociais e técnicas 
na	sua	trajetória	acadêmica	e	profissional.
Um ótimo estudo!
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 7
Introdução à Psicologia do Esporte
UNIDADE II ................................................................................................... 26
O Trabalho Profissional do(a) Psicólogo(a) do Esporte e sua 
Dimensão Ética
UNIDADE III .................................................................................................. 46
Aspectos Psicológicos do Desempenho Esportivo
UNIDADE IV .................................................................................................. 72
Temas Transversais à Psicologia do Esporte
7
Plano de Estudo:
● Desenvolvimento histórico internacional;
● História e Produção de conhecimento no Brasil;
● Possíveis	definições	da	Psicologia	do	Esporte;
● Campos e áreas de atuação.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar o desenvolvimento histórico da
Psicologia do Esporte no âmbito internacional e nacional;
● Compreender	as	diferentes	definições	da	Psicologia	do	esporte	e	suas	relações;
● Discutir os campos e áreas de atuação da Psicologia do Esporte.
UNIDADE I
Introdução à Psicologia do Esporte
Professor Me. Nilson Lucas Dias Gabriel
8UNIDADE I Introdução à Psicologia do Esporte
INTRODUÇÃO
Querido(a) aluno(a), seja muito bem vindo(a). Se inicia agora o caminho que trilha-
remos juntos na disciplina Psicologia do Esporte e espero que seja um caminho de muitos 
aprendizados. Nesta primeira unidade, será feito primeiramente um apanhado histórico 
da Psicologia do Esporte, tanto nos seus contextos internacionais quanto nos nacionais, 
quando	ainda	nem	mesmo	existia	essa	denominação.	Você	vai	perceber	que	as	reflexões	
sobre as relações entre psicologia e esporte existem há bastante tempo, desde pelo menos, 
Aristóteles e Platão na Grécia.
Como verá, no Brasil o desenvolvimento e reconhecimento da Psicologia do Esporte 
se dá um pouco mais tardiamente, ainda que tenhamos iniciativas já em meados do século 
XX. É um campo em ascensão, que tem tido grande crescimento na área da Psicologia,
com uma diversidade de compreensões e entendimentos, que tem enriquecido muito o
debate que será tratado aqui nesta unidade.
Seguindo	nessa	linha,	será	trabalhado	um	pouco	sobre	as	definições	que	envolvem	
a Psicologia do Esporte. Tem uma série de denominações, como por exemplo, psicologia 
do esporte, psicologia no esporte, psicologia da atividade física, entre outros, que com 
certeza	você	 já	ouviu	falar,	vamos	aprender	que	essas	definições	possuem	diferenças	e	
perspectivas distintas.
Por	fim,	no	último	tópico,	será	discutido	sobre	as	áreas	e	campos	de	atuação	da	
psicologia do esporte. Você poderá perceber que a área possui uma diversidade grande de 
campos e possibilidades de intervenção, necessitando de formação aprofundada para um 
trabalho	profissional	qualificado.
Após esse breve apanhado do que você vai estudar nesta primeira unidade, convi-
do você a conhecer o universo da Psicologia do Esporte! 
Bons estudos!
9UNIDADE I Introdução à Psicologia do Esporte
1. DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO INTERNACIONAL
Fonte: Pierre de Coubertin - Congresso do ISSP
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pierre_de_Coubertin_-_ISSP_Congress_(35085075163).jpg
Caro aluno, cara aluna, neste primeiro tópico do nosso módulo, abordaremos os 
aspectos	históricos	da	psicologia	do	esporte	a	fim	de	contextualizá-la	no	âmbito	internacio-
nal. Para facilitar sua leitura e aprendizado, no decorrer dos tópicos abreviamos em alguns 
momentos a nomeação da Psicologia do Esporte, para PE. Vamos aos estudos!
A	origem	da	psicologia	do	esporte	remonta	ao	final	do	século	XIX	e	início	do	século	
XX, com os estudos e pesquisas voltadas para as relações intrínsecas entre os aspectos 
psicológicos	 e	 os	 aspectos	 fisiológicos,	 com	 foco	no	esporte	 (SAMULSKI,	 1992).	E,	 se	
quisermos, podemos voltar ainda mais longe, quando na Grécia Antiga, Aristóteles e Platão 
especulavam	 filosoficamente	 sobre	 a	 função	 perceptual	 e	 motora	 dos	 movimentos	 por	
meio	de conceitos de “corpo e alma” (Vieira et. al., 2010, p. 393). 
Dessa forma, o desenvolvimento da Psicologia do esporte se confunde com 
o desenvolvimento da própria Psicologia enquanto ciência e suas relações com o
pensamento	 filosófico.	 A	 Psicologia	 foi	 reconhecida	 como	 área	 científica	 de	 investi-
gação somente com a fundação do seu primeiro laboratório no ano de 1879, sob a
responsabilidade de Wilhelm Wundt (1832-1920), poucos anos antes dos primeiros
trabalhos relacionando os aspectos físicos e psicológicos tendo como foco o esporte.
10UNIDADE I Introdução à Psicologia do Esporte
Nesse	sentido,	ao	final	do	século	XIX	e	XX,	esses	trabalhos	eram	divulgados	sob	a	
nomenclatura de Psicologia do Esporte, no entanto, de acordo Dante Junior (1992) ainda 
não	havia	uma	definição	exata	para	a	área	e	nem	de	seus	objetivos.	Os	trabalhos	de	Stearn	
(1895), Fitz (1895), Triplett (1898), Lesaft (1901) e muitos outros trabalhos da época eviden-
ciam esse fato histórico.
O interesse pela psicologia do esporte aumentou consideravelmente com o resgate 
dos	Jogos	Olímpicos	-	também	originados	na	Grécia,	assim	como	a	filosofia	ocidental,	cita-
da anteriormente -, com a realização constante de eventos esportivos e com o crescimento 
do esporte como fenômeno social. Mas, foi somente na década de 1920, que a psicologia 
do	esporte	“conheceu	seu	período	mais	fértil	para	defini-la	como	uma	disciplina	de	cunho	
acadêmico	e	científico”	(JUNIOR,	1992,	p.	74).
Tal fato será evidenciado primeiramente pela criação dos laboratórios e institutos 
de psicologia do esporte na antiga União Soviética em 1920, nos Estados Unidos em 1925, 
na Alemanha Oriental em 1928 e no Japão. Como também, pelas publicações das obras 
“Corpo e alma no desporto: uma introdução à psicologia do treinamento” do autor Schulte, 
publicada	 no	 ano	 de	 1921	 e	 “Psicologia	 do	 esporte”	 de	Coleman	Robert	Griffith	 (1893-
1966), nos Estados Unidos em 1928. A antiga União Soviética também desenvolveu muitas 
técnicas nessa área de estudo, e despontou como grande impulsionadora da psicologia 
aplicada ao esporte, destacando nesta última os psicólogos: Avksentii Puni e Piotr Rudick 
(SAMULSKI,	1992,	p.	74).
SAIBA MAIS
Coleman	Griffith,	o	primeiro	professor	e	psicólogo	a	oferecer	um	curso	em	Psicologia	do	
Esporte numa Universidade, fundou no ano de 1925, em sua cidade natal Illinois, nos 
Estados Unidos, o primeiro laboratório de psicologia do esporte já registrado; foi tam-
bém o primeiro psicólogo a trabalhar num clubeesportivo, no Chicago Cubs, um time de 
baseball em 1938. Esses motivos o credenciam como o pai da psicologia do esporte por 
muitas	referências	científicas	do	campo.
Fonte: VIEIRA et. al. Psicologia do Esporte: uma área emergente da Psicologia. Psicologia em Estu-
do, Maringá, v. 15, n. 2, p. 391-399, abr./jun. 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/pe/v15n2/
a18v15n2.pdf. Acesso em: 05 mai. 2020 
11UNIDADE I Introdução à Psicologia do Esporte
Outro período histórico fundamental para a compreensão do contexto das produções 
da psicologia do esporte internacionalmente, diz respeito ao momento antes e ao momento 
depois da Segunda Guerra Mundial. Antes do início da Segunda Guerra, o desenvolvimento 
da psicologia do esporte se dava com a criação de laboratórios e o desenvolvimento de 
estudos na área, no entanto, com o desenrolar da segunda grande guerra no mundo, este 
campo	sofreu	uma	significativa	perda	em	suas	produções.
Com o término da Segunda Guerra, num contexto de Guerra Fria, houve um 
crescimento rápido das práticas esportivas, ocasionando uma ampliação da visibilidade da 
psicologia desportiva, bem como o desenvolvimento de diversas publicações que irão se 
tornar ao longo da história grandes referências na área. Um exemplo desse crescimento de 
visibilidade é que dentre os anos 1940 e 1950, alguns cursos de Educação Física na Rús-
sia,	já	começam	a	inserir	a	Psicologia	do	Esporte	em	suas	grades	curriculares	(SAMULSKI,	
2009).
Nesse mesmo contexto, no ano de 1965, foi criada a Sociedade Internacional da 
Psicologia do Esporte (ISSP) a partir da realização do 1º Congresso Mundial de Psicologia 
do Esporte, em Roma, na Itália, tendo como primeiro presidente o italiano F. Antonelli, 
que passou a congregar pessoas interessadas no tema internacionalmente. Além disso, 
nessa época temos o desenvolvimento de diversos outros laboratórios e institutos, como a 
Sociedade Norte-Americana de Psicologia do Esporte e Atividade Física (NASPSPA) criada 
em 1968, que também contribuiu sobremaneira para a ampliação da produção e da divul-
gação de conhecimento temático da Psicologia do Esporte, tendo como um dos grandes 
responsáveis	pelo	desenvolvimento	científico	da	área	Franklin	Henry,	da	Universidade	da	
Califórnia.
Nos	jogos		Olímpicos	de	1968,	que	aconteceram	no	México,	profissionais	da	psico-
logia realizaram trabalhos voltados a atletas de alto rendimento, corroborando para o de-
senvolvimento de teorias e técnicas que seriam melhor desenvolvidas na década seguinte, 
voltadas para o desempenho de atletas que, já nesse momento, procuravam na psicologia 
do esporte métodos de treinamento capazes de melhorar os seus rendimentos.
Foi então, a partir do ano de 1970, que a Psicologia do Esporte começou a ser 
desenvolvida	também	na	América	Latina,	e	no	final	dessa	mesma	década,	em	1979,	foi	fun-
dada a Sociedade Brasileira de Psicologia do Esporte, da Atividade Física e da Recreação 
(SOBRAPE), tema que vamos estudar no próximo tópico.
12UNIDADE I Introdução à Psicologia do Esporte
2. HISTÓRIA E PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO NO BRASIL
Fonte:https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/39/1958_VM-final_Sverige-Brasilien.jpg
Autor: Aftonbladet. 
E	depois	da	contextualização	internacional,	chegamos,	finalmente,	ao	desenvolvi-
mento da psicologia do esporte na América Latina, logo também no Brasil, que desde, pelo 
menos, os anos 1930 tem registros de publicações sobre as relações da psicologia com as 
práticas esportivas. Nessa década, na Revista do Exército, por exemplo, eram formuladas 
algumas questões relacionadas à educação física, movimento tido por alguns autores como 
o delineamento inicial de uma psicologia do esporte no Brasil. Todavia, aqui no país, temos
como marco de inserção na área de atuação e de produção de conhecimento um dos
maiores eventos esportivos em escala mundial.
Segundo Rubio (2002), este marco é a sexta edição da Copa do Mundo Fifa de Fu-
tebol, sediada na Suécia e realizada no ano de 1958. Na referida edição, além da seleção 
masculina de futebol consagrar-se campeã, foi a primeira vez que num evento de tamanha 
magnitude, uma seleção masculina de futebol contou com os estudos psicológicos de João 
Carvalhaes (1917-1976), que trouxe grandes contribuições para a área da Psicologia do 
Esporte no Brasil, colaborando para com o seu reconhecimento no país.
13UNIDADE I Introdução à Psicologia do Esporte
SAIBA MAIS
A seleção brasileira de futebol masculino consagrou-se campeã pela primeira vez, em 
toda a sua história, na sexta edição das Copas do Mundo Fifa de futebol, realizada em 
1958 na Suécia. E além de nomes como Pelé, Djalma Santos, Zagallo entre outras es-
trelas brasileiras do futebol mundial, João Carvalhes, pioneiro da psicologia do esporte 
no Brasil, foi um dos nomes responsáveis por esse grande sucesso da seleção nacional, 
ganhando, inclusive, reconhecimento internacional.
Fonte: WAENY, Maria Fernanda Costa; AZEVEDO, Mônica Leopardi Bosco de. João Carvalhaes: pioneiro 
da Psicologia do Esporte. Conselho Regional de Psicologia - São Paulo, São Paulo, s. d. Disponível 
em: http://www.crpsp.org.br/memoria/joao/artigo.aspx. Acesso em: 28 jul. 2020.
A relação da psicologia do esporte com o futebol brasileiro é intrínseca, parte dos 
instrumentos psicométricos utilizados na época foram utilizados na seleção brasileira duran-
te	a	copa	do	mundo	de	1958.	Ao	se	ter	uma	relação	de	profissionalização	no	Brasil	desde	
a década de 1920, com remuneração alta até para os padrões da época (RUBIO, 2002), 
o futebol, desde esse período, já se diferenciava de outros esportes que eram marcados
ainda, por um forte amadorismo.
É da década de 1950 à década de 1980 que a psicologia do esporte construiu 
basicamente o seu referencial teórico. E mesmo com a sua inserção já no ano de 1958 no 
país,	tal	fato,	não	foi	o	suficiente	para	representar	uma	ampliação	imediata	do	campo.	E	por	
isso, apesar de se ter formulações relacionadas a Psicologia do Esporte há mais de cem 
anos, esta, ainda nos dias atuais, é considerada um campo novo e emergente no Brasil.
A primeira sociedade de psicologia do esporte fundada em terras tupiniquins acon-
teceu no ano de 1979. De lá para cá, o Brasil tem ocupado uma posição de liderança 
referente	aos	outros	países	da	América	Latina.	Segundo	Samulski	(2009),	tal	destaque	fica	
comprovado no alto volume de publicações, na grande quantidade de congressos realiza-
dos e na quantidade de laboratórios de Psicologia do Esporte existentes no país. Apesar 
disso, a psicologia desportiva ainda é um campo que merece melhor atenção na formação 
profissional	em	Psicologia,	uma	vez	que	a	maioria	dos	cursos	de	psicologia	não	possuem	
disciplinas obrigatórias acerca da psicologia do esporte. Nesse sentido, essa dinâmica 
aponta	para	uma	lacuna	na	formação	profissional.
14UNIDADE I Introdução à Psicologia do Esporte
Posto isto, foi somente nos anos 2000 que a área foi reconhecida no país como 
uma especialidade da Psicologia. Desde então, tem crescido o número de psicólogos(as) 
que têm escolhido esse campo de atuação, impulsionados(as) também pelo crescimento 
da área e da procura por essa especialidade.
A produção de conhecimento sobre psicologia do esporte no Brasil se dá, em sua 
maioria, de acordo com Torres, Carvalho e Castro (2020), nas regiões Sul e Sudeste, tendo 
havido nos últimos anos um crescimento de produções na região Nordeste. Somente no 
Brasil,	como	afirma	Samulski	(2009,	p.	3)	“foram	realizados	doze	congressos	brasileiros,	
três congressos sul-americanos e cinco simpósios internacionais” até a data de 2009, como 
podemos conferir na tabela abaixo, que explicita a lista dos congressos brasileiros e con-
gressos mundiais de Psicologia do Esporte, com os respectivos anos e locais elencados 
pelo autor: 
TABELA 1: CONGRESSOS MUNDIAIS E BRASILEIROS DE PSICOLOGIA DO ESPORTE
Fonte: Elaboração feita por Samulski (2009, p.3)
Apesar de todo esse crescimento,Rubio (2002) destaca que, a área da Psicologia 
do Esporte ainda carece de referenciais e desenvolvimento de instrumentos próprios para 
a área, uma vez que há uma larga utilização de instrumentos advindos da psicologia clínica 
e	da	área	educacional	 que	possuem	outras	 finalidades,	 bem	como,	 a	 existência	 de	um	
despreparo	profissional	para	a	atuação	no	campo,	uma	vez	que	até	o	presente	momento	o	
tema ainda é incipiente na formação.
Outro aspecto importante a ser apontado, é que os estudos sobre Psicologia do 
Esporte ainda estão concentrados nos Programas de Pós-Graduação em educação física, 
15UNIDADE I Introdução à Psicologia do Esporte
revelando uma necessidade de aprofundamento na área da Psicologia (VIEIRA, L.; JU-
NIOR, J.; VIEIRA, J.), dado a importância da pós-graduação como um importante veículo 
de produção e divulgação de conhecimento no Brasil.
Vale aqui ressaltar, que de início, os instrumentos e técnicas utilizados também 
eram	de	forte	influência	estrangeira.	Principalmente	advindos	de	Cuba	e	da	União	Soviética.	
Somente com o seu desenvolvimento histórico é que esse instrumental foi se adequando 
às particularidades brasileiras, levando em consideração o contexto e as singularidades 
nacionais, embora esse fato persista fortemente ainda hoje, sendo alvo de ampliada crítica 
na	literatura	da	área.	Essa	crítica	reflete	sobre	a	necessidade	de	se	fazer	as	mediações	
com o contexto brasileiro, que possui outras características e que precisam ser levadas em 
consideração.
Dentro disso, é importante ainda evidenciarmos que não é possível considerar o 
esporte dissociado do contexto social ao qual está inserido. Dessa forma, a Psicologia 
do Esporte também traça correlações com a Psicologia Social, na medida em que o es-
porte assume contornos determinados pelo meio social. Como exemplo, numa sociedade 
capitalista, assistimos a uma crescente monetização da prática do esporte e superação 
de um caráter amador, com o crescimento cada vez mais de investimentos e patrocínios 
empresariais, principalmente no futebol.
Atualmente, o esporte é um dos maiores fenômenos sociais do nosso século. Por 
isso, os aspectos emocionais têm sido considerados um referencial importante na prática 
esportiva de alto rendimento, e com isso, tem aumentado a importância do trabalho psicoló-
gico na área esportiva. Mas para discutirmos com melhor propriedade, precisamos levantar 
alguns	 questionamentos,	 afinal,	 do	que	se	 trata	a	psicologia	do	esporte?	O	que	ela	é?	
Quais	são	os	seus	objetivos?	Se	trata	de	uma	área	de	estudo	exclusiva	à	psicologia?	Tais	
respostas, abordaremos em nosso próximo tópico.
16UNIDADE I Introdução à Psicologia do Esporte
3. POSSÍVEIS DEFINIÇÕES DA PSICOLOGIA DO ESPORTE
A Psicologia do Esporte, estabelecerá ao longo de seu desenvolvimento histórico, 
conceitual	 e	 técnico,	 relações	 com	 várias	 áreas	 do	 conhecimento	 científico	 e	 esportivo.	
Para continuarmos é importante ter em mente, que mesmo com todas essas relações, de 
acordo com por Samulski (2009), a ciência psicológica é considerada a “ciência-mãe” da 
psicologia do esporte.
Há diversas concepções sobre o que seria psicologia do esporte. Segundo Rubio 
(1999), a Psicologia do Esporte se constitui como uma subárea das chamadas “Ciências do 
Esporte”, que é composta também por outras subáreas como a antropologia, a sociologia, 
a	filosofia	do	esporte,	entre	outras,	que	 tem	 integrado	um	campo	chamado	de	“pluridisci-
plinar” (BRACHT, 1995). Vale ressaltar que essa inclusão da Psicologia do Esporte como 
uma subárea das Ciências do Esporte não é homogênea, autores como Feltz (1992), tem 
defendido que ela se constitui numa subdisciplina da Psicologia.
No que se refere à denominação de campo pluridisciplinar, é considerado desta 
forma porque, de acordo com Rubio (1999), ainda falta uma ação conjunta entre essas 
subáreas para que possamos denominá-las de interdisciplinares, ou seja, que expressem 
formulações	e	ações	mais	integradas,	ainda	que	mantendo	as	suas	especificidades.
Vieira et. al. (2010) no entanto, nos apresenta a psicologia do esporte como uma 
área tanto da Psicologia, como das Ciências do Esporte, como também ainda, do próprio 
Esporte,	sendo	ao	mesmo	tempo,	um	campo	de	intervenção	profissional	e	uma	disciplina	
17UNIDADE I Introdução à Psicologia do Esporte
acadêmico-científica.	Já	o	autor	Samulski	(2009,	p.3),	coloca	que	a	psicologia	do	esporte	
em sua concepção, “representa uma das disciplinas da ciência do esporte”, como também 
se constitui num “campo da psicologia aplicada”.
A psicologia do esporte, vinculada anteriormente a aspectos que correspondiam 
a dimensões puramente biológicas, hoje adota concepções sociais, clínicas e educacio-
nais, atuando e estudando situações que envolvem personalidade, motivação, agressão, 
estresse,	entre	outros	aspectos	e	recebe	influência	e	contribuições	de	diversos	campos	do	
conhecimento.
Nos últimos anos temos assistido a um crescimento do seu campo de atuação e 
pesquisa no Brasil. Diante das diversas problemáticas apresentadas na área, pode ser 
percebido um aperfeiçoamento crescente e a consolidação de um arsenal teórico e meto-
dológico. Alguns autores e autoras referências na área têm defendido que é preciso uma 
ampliação do entendimento da psicologia do esporte, uma vez que, fatores, por exemplo, 
emocionais	que	influenciariam	no	desempenho	de	atletas	em	sua	prática	esportiva,	é	afeta-
do também pelo contexto social ao qual está inserido. Nesse aspecto, há a defesa de uma 
Psicologia Social do Esporte, visto que, nessa perspectiva se pode considerar que “toda 
Psicologia é Social, sem que todas as áreas da psicologia sejam reduzidas a Psicologia 
Social” (RUBIO, 2002, p. 5).
Tendo esse debate como referência, a postura adotada nesse material de estudo, 
é que nenhuma concepção se encontra fechada e muito menos carrega em si uma espé-
cie de “verdade absoluta” acerca da psicologia do esporte. Nesse sentido, divergências e 
diferenciações são extremamente importantes para o enriquecimento do debate e profícuo 
para	 a	 construção	 de	 conhecimento.	Convidamos	 você	 a	 refletir	 junto	 conosco	 sobre	 a	
psicologia do esporte como uma das especialidades da ciência psicológica.
De acordo com Rubio (2002, p. 3), “nem toda psicologia aplicada ao esporte é 
psicologia do esporte”. Tendo em vista esse aspecto, a autora traça uma diferença entre a 
Psicologia do Esporte e a Psicologia no esporte.
Para a autora, a Psicologia do Esporte	caracteriza-se	por	ter	“como	meio	e	fim	o	
estudo do ser humano envolvido com a prática de atividade física e esportiva competitiva 
e não competitiva” (RUBIO, 2002, p. 3). Nessa concepção temos uma caracterização bas-
tante ampla no que diz respeito às atividades físicas, esportivas competitivas ou não. Sobre 
a produção de conhecimento na área, Rubio (2002, p. 3) continua: “podem abarcar os 
processos de avaliação, as práticas de intervenção ou a análise do comportamento social 
18UNIDADE I Introdução à Psicologia do Esporte
que se apresenta na situação esportiva a partir da perspectiva de quem pratica ou assiste 
ao espetáculo.”
Ainda segundo a autora, no que diz respeito a Psicologia no Esporte, esta cor-
responde a “transposição da teoria e da técnica das várias especialidades e correntes da 
Psicologia para o contexto esportivo” e um importante detalhe, tanto no que diz respeito 
“a	 aplicação	 de	 avaliações	 para	 a	 construção	 de	 perfis”,	 como	 “no	 uso	 de	 técnicas	 de	
intervenção para a maximização do rendimento esportivo.” (RUBIO, 2002, p. 3).
De acordo com a Federação Europeia de Associações de Psicologia do Esporte 
(FEPSAC), a psicologia do esporte
[...] refere-se aos fundamentos psicológicos, processos e consequências da 
regulação psicológica das atividades relacionadas ao esporte, de uma ou mais 
pessoas praticantes dos mesmos. O foco desse estudo está nas diferentes 
dimensões psicológicas da condutahumana, ou seja, afetiva, cognitiva, mo-
tivadora ou sensório-motora. Os sujeitos investigados são os envolvidos nos 
esportes ou exercícios, como atletas, treinadores, árbitros, professores, psicó-
logos,	médicos,	fisioterapeutas,	espectadores,	pais.	(SAMULSKI,	2009,	p.	3)
Tendo em vista, portanto, o campo de investigação tanto dos esportes como das 
atividades físicas, Samulski (2009, p. 3) irá compreender duas nomenclaturas, a da psi-
cologia do esporte e da psicologia do exercício, compreendendo ambas como o “estudo 
científico	 de	 pessoas	 e	 seus	 comportamentos	 no	 contexto	 do	 esporte	 e	 dos	 exercícios	
físicos	e	a	aplicação	desses	conhecimentos”.	Posto	isso,	corroborando	com	a	definição	de	
Samulski (2009), para Weinberg e Gould (1992, apud	SAMULSKI,	2009,	p.	3).
[...] os psicólogos do esporte precisam entender e ajudar os atletas de elite, 
crianças, atletas jovens, atletas portadores de limitações físicas e mentais, 
pessoas de terceira idade e pessoas que praticam atividades esportivas no 
seu	tempo	livre,	com	a	finalidade	de	desenvolver	uma	boa	performance,	uma	
satisfação pessoal e um bom desenvolvimento da personalidade por meio da 
participação.
Dessa forma, baseado nas formulações de Nitsch (1989 apud	SAMULSKI,	2009,	
p.3), compreende que a psicologia do esporte “analisa as bases e os efeitos psíquicos 
das ações esportivas”, tendo em vista tanto a análise dos processos psicológicos básicos, 
a exemplo da cognição, motivação, emoção, entre outros; como também, “a realização 
de tarefas práticas do diagnóstico e da intervenção.” Nesse sentido, sua função e ação 
consiste	“na	descrição,	na	explicação	e	no	prognóstico	de	ações	esportivas,	com	o	fim	de 
desenvolver	e	aplicar	programas,	cientificamente	fundamentados,	de	intervenção,	levando 
em consideração os princípios éticos” (Nitsch, 1986, p.189 apud	SAMULSKI,	2009,	p.	3).
Posto isso e após toda essa discussão, observa-se o desenvolvimento de um cam-
po denominado psicologia do esporte, relacionado às atividades físicas e do lazer, sendo 
componente curricular importante dos cursos de educação física, como também, uma área 
19UNIDADE I Introdução à Psicologia do Esporte
de atuação emergente para a psicologia, que deparados com um crescimento da demanda 
por	sua	atuação,	“enfrentam	grandes	dificuldades	para	intervir	adequadamente,	já	que	os	
cursos	de	graduação	em	Psicologia	ainda	não	formam	nem	qualificam	o	graduando	para	
esta possibilidade de prática” (RUBIO, 1999, p.61), apesar dessa área, como considera 
Samulski	(2009),	também	ser	considerada	uma	área	filha	da	ciência	mãe	psicológica.
20UNIDADE I Introdução à Psicologia do Esporte
4. CAMPOS E ÁREAS DE ATUAÇÃO
A psicologia do esporte ainda que seja um campo em ascensão para psicólogos, 
não se constitui em uma área exclusiva da psicologia, tanto assim, que ainda não temos 
uma	delimitação	exata	das	suas	atribuições	enquanto	profissional,	indicando	a	necessida-
de de desenvolvimento e consolidação desse aspecto, apesar dos inegáveis avanços nos 
últimos anos.
Segundo Martens (1987), a psicologia do esporte tem passado por diversas trans-
formações. O autor destaca dois principais campos de atuação para o psicólogo do esporte, 
sendo eles: a área acadêmica, na qual, a atuação estaria ligada a pesquisa e a produção de 
conhecimento da disciplina Psicologia do Esporte e a Psicologia do Esporte aplicada, cujo 
interesse estaria na atuação e intervenção propriamente dita.
De	acordo	com	Rubio	(1999),	baseada	nas	elaborações	de	Lesyk	(1998	apud RU-
BIO, 1999), há a indicação de, pelo menos, três alternativas de atuação para o psicólogo 
do esporte. Sendo elas: 
1. O	trabalho	clínico,	que	envolve	a	capacitação	do	profissional	para	trabalhar	na 
área	do	esporte,	o	que	requer	uma	formação	específica	com	conhecimentos	em	Psicologia	
e Educação Física; 
2. A prática de pesquisa, cujo objetivo é produzir e divulgar conhecimentos sobre
o campo, aspectos do campo, problemáticas, etc. sem que haja uma intervenção direta e
por	fim;
3. O educador, que leciona a disciplina de Psicologia do Esporte, seja no curso de
Psicologia, seja no curso de Educação Física.
21UNIDADE I Introdução à Psicologia do Esporte
Segundo a mesma autora, há ainda outras formulações no que se refere às possibili-
dades de intervenção na área da psicologia do esporte, como as formuladas por Singer (1988):
[...] o especialista em psicodiagnóstico – faz uso de instrumentos para ava-
liar	potencial	e	deficiências	em	atletas;	o	conselheiro	–	profissional	que	atua	
apoiando e intervindo junto a atletas e comissão técnica no sentido de lidar 
com questões coletivas ou individuais do grupo; o consultor – busca avaliar 
estratégias e programas estabelecidos, otimizando o rendimento; o cientista 
– produz e transmite o conhecimento da e para a área; o analista – avalia as
condições do treinamento esportivo, fazendo a intermediação entre atletas e
comissão técnica; o otimizador – com base numa avaliação do evento espor-
tivo busca organizar programas que aumentem o potencial de performance
(RUBIO, 1999, p. 62, grifos da autora).
Podemos constatar a partir do exposto que existe uma diversidade de campos de 
atuação na psicologia do esporte, com possibilidade de abertura de novos campos e áreas 
de	intervenção	profissional	para	o(a)	psicólogo(a)	do	esporte,	já	que	se	trata	de	um	campo	
em ascensão. Esse processo aponta também para uma necessidade de aprofundamento na 
formação	para	ser	um	profissional	qualificado,	com	um	conhecimento	amplo	e	diversificado.
Considerando outros aspectos, Samulski (1992), indica quatro campos principais 
de aplicabilidade da psicologia do esporte: 
1. O esporte de rendimento, onde o psicólogo atua para otimizar o rendimento do(a) 
atleta e/ou equipe, é a modalidade mais conhecida, principalmente o trabalho com atletas 
de alto rendimento, mas não se limita apenas a esta; 
2. O	esporte	escolar,	no	qual	a	ação	profissional	busca	atuar	na	influência	e	impac-
to do esporte no processo social e educativo na criança, adolescente e adulto que pratica, 
como por exemplo, no desenvolvimento psicomotor, essa modalidade não se preocupa 
necessariamente com o desempenho e sim com o desenvolvimento; 
3. O	esporte	recreativo,	onde	a	atuação	profissional	do	psicólogo	busca	compreen-
der os diferentes motivos, impulsos e impactos na prática do esporte realizado de maneira 
recreativa; 
4. O esporte de reabilitação, que busca intervir na utilização do esporte como reabi-
litação	das	pessoas	praticantes,	seja	por	lesões,	seja	por	algum	tipo	de	deficiência.
Dentro desses aspectos destacados, é importante ressaltarmos, que seja qual for 
a	área	ou	campo	de	atuação,	é	necessário	ter	compromisso	com	a	qualificação	e	aprofun-
damento de conhecimento na área a qual pretende atuar. Nesse sentido, é necessário, por 
exemplo, que conheça profundamente a modalidade de esporte em que o(a) psicólogo(a) 
for	atuar.	É	preciso	ter	conhecimento	sobre	fisiologia	do	exercício,	nutrição	esportiva,	história	
do	esporte,	entre	outros	conhecimentos	que	constituem	o	universo	da	intervenção	profissio-
nal nesta especialidade de atuação, constituindo assim, um conhecimento interdisciplinar.
Tendo em vista esses aspectos, o(a) psicólogo(a) do esporte precisa atuar com 
atenção,	compromisso,	dedicação	e	rigor	científico.	Fazendo-se	um	esforço	de	minimizar	
22UNIDADE I Introdução à Psicologia do Esporte
os	riscos	de	simplificar	a	psicologia	do	esporte	ou	transformá-la	em	uma	salada	de	frutas	
sem aprofundamento, por beber de diversas fontes e perspectivas.
Nesse ínterim, é importante pontuar que o trabalho se dá eminentemente numa 
equipe	interdisciplinar,	ou	seja,	com	profissionais	muitas	vezes,	da	área	da	medicina,	da	
nutrição,	da	fisioterapia,	entre	outras	áreas	e,	como	dito	anteriormente,	é	preciso	conhecer	
as diversas linguagens utilizadas na área de atuação para conseguir se comunicar. Na área 
da psicologia do esporte, o trabalho nunca se dá sozinho, dessa forma, é essencial sabertrabalhar em equipe, ainda que o trabalho seja com um(a) atleta individual.
Ainda iremos, mais à frente, falar sobre os procedimentos, formas e instrumentos 
de intervenção. No entanto, cabe aqui evidenciar que o procedimento que mais dá visibi-
lidade ao Psicólogo do Esporte é a avaliação psicológica em atletas. É um procedimento 
que	também	causa	grande	apreensão	nos(as)	profissionais	pois	envolve	processos	éticos	
regulamentados pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Esse processo é chamado de 
psicodiagnóstico e envolve a prognosticação dos resultados esportivos e avalia caracterís-
ticas da personalidade do(a) atleta, os estados emocionais, entre outros fatores.
Há	ainda,	uma	área	até	o	presente	momento	pouco	explorada	pelos	profissionais	
da psicologia desportiva, mas que tem ganhado atenção nos últimos tempos, que é a área 
de	atuação	ligada	a	projetos	sociais,	no	qual,	os(as)	profissionais,	ou	seja,	os(as)	psicó-
logos do esporte, atuam com a prática esportiva para o desenvolvimento da cidadania, 
promovendo educação social por meio do esporte e da atividade física, nesse sentido, o 
esporte	é	um	meio	e	não	um	fim.
REFLITA 
Atualmente	 treinador	do	 time	profissional	masculino	de	 futebol	do	São	Paulo	Futebol	
Clube, Fernando Diniz é formado em psicologia. Em seu trabalho de conclusão de curso, 
Diniz,	afirma	que	“O	futebol	deveria,	pelo	apelo	popular	que	possui,	ter	um	compromis-
so de relevância social ajudando, em especial aos jovens sonhadores na formação de 
indivíduos, educando-os, com capacidade crítica para serem muito mais do que artistas 
efêmeros da bola, pessoas com autonomia e força para se posicionarem, dignamente, 
na sociedade sem dependerem do futebol.”
Fonte: GROSSI, Bruno; LIMA, Vanderlei. O enigma Fernando Diniz. UOL Esportes, São Paulo, 15 nov. de 
2019. Disponível em: https://www.uol.com.br/esporte/reportagens-especiais/o-enigma-fernando-diniz/#te-
matico-1. Acesso em: 14 jun. 2020.
23UNIDADE I Introdução à Psicologia do Esporte
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Prezado(a)	 estudante,	 você	 chegou	 ao	 final	 desta	 unidade	 e	 durante	 o	 seu	 de-
senvolvimento foi estudado diversos aspectos e temáticas que envolvem a psicologia do 
esporte. Espero que você consiga se lembrar. Como foi dito no início da unidade, o objetivo 
é que você saia conhecendo introdutoriamente o campo da psicologia do esporte, como 
percebido,	uma	área	cheia	de	desafios,	mas	que	com	as	ferramentas	fornecidas,	eu	e	você	
desbravamos juntos(as).
Provavelmente, você só deve ter ouvido falar da psicologia do esporte recentemen-
te, porém, como foi demonstrado, esta remete à idade antiga e começou o seu desenvolvi-
mento de fato no contexto internacional, no século XIX e vem se tornando uma importante 
área no esporte, com uma produção de conhecimento diversa.
No Brasil, seu marco de inserção se dá num importante contexto nacional, a Copa 
do Mundo de 1958, e vai ser reconhecida internacionalmente, tendo como expoente o 
conceituado psicólogo no esporte João Carvalhaes. Esse marco, porém, não representa 
uma	ampliação	de	fato	da	área	nacionalmente,	o	que	só	vai	ocorrer	no	final	do	século	XX	
e início do século XXI.
O Brasil é um importante produtor e divulgador de conhecimentos na área da psi-
cologia do esporte, ocupando um papel de destaque na América Latina. Nesse sentido, 
pudemos acompanhar, eu e você, que há diversas áreas e possibilidades de intervenção 
profissional	na	psicologia	do	esporte,	e	que	ainda	é	um	campo	em	desenvolvimento,	ne-
cessitando	de	um	olhar	mais	ampliado	e	de	uma	qualificação	do	debate	na	formação	em	
psicologia no Brasil.
Por	 fim,	 gostaria	 de	parabenizá-lo(a)	 por	 ter	 concluído	 esta	 etapa	de	estudos	e	
espero que você, assim como eu, também tenha se apaixonado pela Psicologia do Esporte 
em toda a sua complexidade.
Muito obrigado pela companhia e nos vemos na próxima unidade!
24UNIDADE I Introdução à Psicologia do Esporte
LEITURA COMPLEMENTAR
CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DE SÃO PAULO. Manual do Conselho 
Regional de Psicologia. São Paulo, 2001. Disponível em: http://www.crpsp.org.br/portal/co-
municacao/manuais.aspx. Acesso em 29 mai. 2020.
CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DE SÃO PAULO. Avaliação psicológica: 
Diretrizes	na	regulamentação	da	profissão,	2010.	Disponível	em:	http://www.crpsp.org.br/portal/
comunicacao/manuais.aspx. Acesso em 28 mai. 2020.
CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DE SÃO PAULO.Manual de Orientações: 
Legislação	e	Recomendações	para	o	Exercício	Profissional	do(a)	Psicólogo(a),	2014.	Dispo-
nível em: http://www.crpsp.org.br/portal/comunicacao/manuais.aspx. Acesso em 28 mai. 2020.
25UNIDADE I Introdução à Psicologia do Esporte
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Um psicólogo no futebol: relatos e pesquisas
Autor: João Carvalhaes
Editora: Esportes Educação
Ano: 1975
Sinopse: O autor apresenta tópicos diversos, desde a seleção de 
árbitros	de	futebol	até	a	análise	de	várias	profissões	necessárias	
ao mais popular de nossos esportes, passando pela dinâmica 
de grupo, o condicionamento, a sociometria, a comunicação etc. 
Esses trabalhos, diferentes em conteúdo, reunidos nesse livro, 
constituem o insumo de um demorado período de trabalho. É a 
vida	de	um	profissional	 -	17	anos	servindo	ao	esporte	 -	em	que	
algumas	contrariedades	não	abalaram	o	espírito	científico,	a	de-
dicação, pertinácia. Assim, em algumas passagens o livro é um 
depoimento. (SILVA, 1975)
FILME/VÍDEO
Título: Pioneiro da Psicologia no Esporte, João Carvalhaes
Ano: 2000
Sinopse: A situação de João Carvalhaes no esporte começou com 
o boxe, passou pelos cursos para juízes e árbitros de futebol e
pelo acompanhamento de equipes durante campeonatos em nível
internacional. Sua atuação ganhou visibilidade em 1958, quando
integrou a equipe técnica da Seleção Brasileira de Futebol, cam-
peã da Copa do Mundo, na Suécia. Preocupado com a formação
integral	do	atleta	e	com	o	 rigor	científico	em	seu	 trabalho,	 João
Carvalhaes aplicou testes, fez dinâmicas de grupo e conversas
individuais, ao mesmo tempo em que publicou artigos, proferiu pa-
lestras e participou de congressos. Nessa interseção, inaugurou,
em âmbito mundial, a Psicologia do Esporte e expôs o trabalho do
psicólogo ao grande público.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=_TVsprVcayQ
WEB 
Site do projeto História e memória da Psicologia em São Paulo:
http://www.crpsp.org.br/memoria/joao/fichatecnica.aspx
26
Plano de Estudo:
● A Psicologia do Esporte como Especialidade da Psicologia;
● Questões Éticas e Sociais Envolvidas na Atuação do(a) Psicólogo(a);
● Questões para a Avaliação Psicológica no Esporte;
● Programa de Psicologia Aplicada ao Esporte.
Objetivos da Aprendizagem:
● Compreender a dimensão ética do trabalho
profissional	do(a)	psicólogo(a)	do	esporte;
● Refletir	sobre	a	Psicologia	do	Esporte	como	especialidade
da	Psicologia	e	de	outras	perspectivas	científicas;
● Discutir a avaliação psicológica e a
preparação no contexto esportivo.
UNIDADE II
O Trabalho Profissional do(a) 
Psicólogo(a) do Esporte e sua 
Dimensão Ética
Professor Me. Nilson Lucas Dias Gabriel
27
INTRODUÇÃO
UNIDADE II O Trabalho Profissional do(a) Psicólogo(a) do Esporte e sua Dimensão Ética
Querido(a)	aluno(a),	fico	 feliz	em	 tê-lo(a)	mais	uma	vez	aqui.	Espero	que	esteja	
gostando e se descobrindo ao aprender mais sobre a Psicologia do Esporte. Após pas-
sarmos	juntos	por	algumas	definições	da	Psicologia	do	Esporte	e	da	sua	área	de	atuação,	
chegou a hora de uma discussão bem clara e necessária da respectiva área, a defesa de 
uma Psicologia do Esporte como uma especialidade da Psicologia. Como veremos a seguir, 
a	Psicologia	do	Esporte	está	num	campo	de	disputa	científico,	na	qual	a	ciência	Psicológica	
é uma das ciências em questão.
Nesta segunda unidade, lançaremos luz também as discussões de aspectos éticos 
e sociais da Psicologia do Esporte. Você sabia que algumas referências da área defendem 
o fazer	de	uma	Psicologia	Social	do	Esporte?	No	decorrer	da	unidade,você	entenderá	bem
o porquê.
Das	dimensões	fundamentais	do	campo	esportivo	do	trabalho	profissional	do	psi-
cólogo(a) estão o processo avaliativo e a preparação psicológica esportiva. Caminhando 
junto de algumas referências, você poderá notar, o uso de nomenclaturas como: testagem 
psicológica, testes psicológicos, utilizados fazendo referência ao processo de avaliação 
psicológica, o que é uma tomada de posição errônea, uma vez que testes e avaliação são 
diferentes	no	fazer	profissional	do(a)	psicólogo(a).
Por	fim,	o	último	tópico,	é	a	respeito	do	planejamento	sistemático	da	preparação	
psicológica,	tendo	em	vista	a	concepção	amplificada	do	termo,	sem	jamais	reduzi-lo	a	uma	
mera atividade técnica reducionista.
Minha aproximação do campo da área esportiva em relação minha área de forma-
ção, a psicologia, se deu também por suas relações éticas, sociais e de responsabilidade 
profissional.	Por	isso,	fico	feliz	que	tenha	chegado	até	aqui,	continuemos.
28UNIDADE II O Trabalho Profissional do(a) Psicólogo(a) do Esporte e sua Dimensão Ética
1. A PSICOLOGIA DO ESPORTE COMO ESPECIALIDADE DA PSICOLOGIA
Se você se recordar bem, levando em consideração o crescimento do campo de tra-
balho	e	de	discussões	e	produções	científicas	em	Psicologia	do	Esporte,	o	que	tem	gerado	
uma	significativa	projeção	do	campo,	foi	mencionado	na	unidade	anterior	que	o	Conselho	
Federal de Psicologia (CFP) regulamentou, por meio da Resolução CFP 013/2007 o Título 
Profissional	de	Especialista	em	Psicologia	do	Esporte,	juntamente	com	outras	Especialida-
des como a Psicologia Clínica, Hospitalar, Escolar/ Educacional, entre outras.
De acordo com esta Resolução, a atuação do(a) psicólogo(a) do esporte se direciona
[...] tanto para o esporte de alto rendimento, ajudando atletas, técnicos e co-
missões técnicas a fazerem uso de princípios psicológicos para alcançar um 
nível ótimo de saúde mental, maximizar rendimento e otimizar a performance, 
quanto	para	a	identificação	de	princípios	e	padrões	de	comportamentos	de	
adultos e crianças participantes de atividades físicas. (CONSELHO FEDE-
RAL DE PSICOLOGIA, 2007, p. 11)
Dessa	 forma,	a	atuação	profissional	em	psicologia	do	esporte	está	voltada	para	
a compreensão de teorias e técnicas psicológicas que possam ser utilizadas no contexto 
esportivo e no universo da atividade física, seja ela individual ou coletiva, para competição 
ou	não	competitiva,	além	da	possibilidade	de	também	poder	ser	para	fins	de	reabilitação	ou	
de educação social.
Como também mencionamos, o(a) psicólogo(a) do esporte atua também dentro de 
equipes multidisciplinares ou interdisciplinares, utilizando-se dos instrumentos mais ade-
29UNIDADE II O Trabalho Profissional do(a) Psicólogo(a) do Esporte e sua Dimensão Ética
quados de acordo com os objetivos do(a) atleta e/ou equipe em questão, desde a iniciação 
esportiva até as atividades de alto rendimento.
Importante	ressaltar	que	os	órgãos	representativos	da	profissão	(a	saber:	Conselho	
Federal e Conselhos Regionais de Psicologia), destacadamente o Conselho Regional de 
Psicologia do estado de São Paulo (CRP-SP), entendendo a diversidade de temas, de 
teorias e de metodologias da Psicologia na área esportiva, reconhecem a importância da 
Psicologia do Esporte e as discussões a ela ligadas e vêm, principalmente nos últimos anos, 
promovendo	e	impulsionando	debates,	eventos	e	produzindo	materiais	que	qualifiquem	a	
formação	e	a	atuação	profissional	em	Psicologia	do	Esporte.	
SAIBA MAIS
O Brasil teve seu primeiro congresso brasileiro de psicologia do esporte, realizado na 
cidade de Porto Alegre, no ano de 1981. De lá para cá, muitas cidades brasileiras têm 
sediado o congresso nacional da área. No ano de produção desse material, estamos na 
edição VII, com previsão de realização em setembro de 2021 na cidade de Petrolina-PE. 
Fonte: O autor
Um exemplo dessa dinâmica, é o caderno temático “Psicologia do Esporte: con-
tribuições	para	a	atuação	profissional”,	elaborado	pelo	CRP	São	Paulo,	que	entre	outras	
questões, aborda o histórico e o desenvolvimento da Psicologia do Esporte no Brasil, com-
preendendo o esporte como um fenômeno social importante do nosso tempo, bem como, a 
formação, questões éticas e possibilidades de intervenção na área.
Para além disso, tem se posicionado, com diversas notas públicas, no que tange 
à	desqualificação	da	atuação	da	Psicologia,	como	ciência	e	profissão,	nessa	área	de	in-
tervenção.	Como	também,	realizando	pesquisas	para	conhecer	as	necessidades,	o	perfil	e	
as	condições	de	trabalho	dos(as)	profissionais	que	atuam	nesse	campo,	com	o	objetivo	de	
construir melhores respostas e orientações sobre essa especialidade da Psicologia.
30UNIDADE II O Trabalho Profissional do(a) Psicólogo(a) do Esporte e sua Dimensão Ética
SAIBA MAIS
No ano de 2016, durante uma mesa redonda organizada pela Confederação Brasileira 
de Futebol (CBF), composta por Antonio Conte, Levir Culpi e Dunga, técnicos da sele-
ção italiana, do time brasileiro Fluminense e da seleção brasileira de futebol masculino, 
respectivamente. Dunga, no referido momento, exprimiu seu desconhecimento acerca 
do	trabalho	profissional	do(a)	psicólogo(a)	na	seleção	brasileira	de	futebol	masculino:	
“O jogador chega na seleção depois de uma viagem de 11 horas, tem poucos dias até o 
jogo.	Ele	vai	abrir	o	coração	dele	(para	um	psicólogo)	em	meia	hora?	(...)	Eu	vou	ver	o	
psicólogo	e	vou	perguntar:	“Quem	é	esse	cara?	Será	que	ele	vai	contar	para	o	dirigente?	
Será	que	ele	vai	contar	para	o	treinador?”.	Desculpa	meu	modo	sincero	de	falar,	mas	eu	
sou autêntico. Tem coisas inviáveis na seleção brasileira.” (GLOBO ESPORTE, 2016).
Fonte: Globo Esporte
Em	um	mapeamento	realizado	também	pelo	CRP-SP,	em	2012,	sobre	os	desafios	
e	perspectivas	do	futuro	profissional	de	psicólogos(as)	do	esporte,	foi	realizado	em	ques-
tionário	com	profissionais	da	área,	que	entre	as	questões	postas	no	estudo,	colocaram	que	
ainda	há	grandes	desafios	a	serem	enfrentados	pelos(as)	profissionais	na	área.
Dentre	esses	desafios,	destacam-se:	1.	a	necessidade	de	reconhecimento	da	área	
e	uma	melhor	comunicação	com	os(as)	demais	profissionais	do	esporte;	2.	a	importância	
de	uma	qualificação	e	 inserção	efetiva	do	debate	na	 formação	em	Psicologia	e;	3.	Uma	
ampliação das áreas e das possibilidades de intervenção. Os(as) participantes da pesquisa 
indicam ainda que o Conselho Regional de Psicologia “pode contribuir para o desenvolvi-
mento e valorização da área” (CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DE SÃO PAULO, 
2012, p. 6).
Tendo em vista essas considerações, a psicologia do Esporte contribui na prepara-
ção e avaliação de atletas e praticantes de atividades físicas a partir de um conjunto de ins-
trumentos e técnicas orientadas para o desempenho destes. É importante, como veremos 
no	próximo	tópico,	que	essas	ações	sejam	baseadas	nos	preceitos	éticos	definidos	pela	
legislação	 profissional,	 bem	 como,	 leve	 em	 consideração	 fatores	 sociais	 que	 interferem	
nessa atuação.
31UNIDADE II O Trabalho Profissional do(a) Psicólogo(a) do Esporte e sua Dimensão Ética
2. QUESTÕES ÉTICAS E SOCIAIS ENVOLVIDAS NA ATUAÇÃO DO/A PSICÓLOGO/A DO 
ESPORTE
Como vimos, historicamente, a Psicologia do Esporte tem se preocupado com 
a preparação psicológica para aumentar o rendimento esportivo, lidando com aspectos 
psicológicos do desempenho no esporte como estresse, concentração, motivação, entre 
outros, que vão ser importantes, sobretudo, para o esporte de alto rendimento, que é o 
ramo	de	trabalho	que	mais	ganhou	notoriedade	no	fazer	profissional	do(a)	psicólogo(a)	do	
esporte, sendo muitas vezes reduzido a este.
Rubio (2007, p. 306), destaca que esse aspecto, da psicologia do esporte voltada 
apenas para o esporte de alto rendimento na busca pela vitória, tem sido uma grande 
problemática. Pois, outras possibilidades de atuação têm sido subsumidas por esta, “como 
as atividades físicas de tempo livre, a iniciação esportiva,a reabilitação de ex-enfermos” 
ou	de	pessoas	com	deficiências,	“bem	como	os	projetos	sociais	que	têm	o	esporte	como	
uma	atividade	meio,	e	não	fim”,	além	de	um	reducionismo	da	própria	Psicologia	do	Esporte	
voltada para atletas e equipes de alto rendimento.
No	entanto,	a	autora	acentua	que	este	é	um	desafio	que	tem	acompanhado	o	desen-
volvimento	da	Psicologia	do	Esporte	e	tem	sido	alvo	de	reflexões	e	problematizações	que	
vêm apontando para a necessidade de sistematização das possibilidades de intervenções 
da psicologia do esporte para além dos atletas de alto rendimento, com o objetivo de ampliar 
as	reflexões	sobre	o	tema	para	que	elas	sejam	aprimoradas	e	ampliadas.	Como	também,	
32UNIDADE II O Trabalho Profissional do(a) Psicólogo(a) do Esporte e sua Dimensão Ética
mesmo no esporte de alto rendimento, em que os resultados “satisfatórios” possam ser 
combinados com o bem-estar físico e psicológico dos(as) atletas.
Diante de uma crescente visibilidade dos fatores psicológicos que se relacionam 
mais diretamente com a prática esportiva, vemos também o crescimento do que tem se 
chamado de “esporte espetáculo” (RUBIO, 2007). Nessa dinâmica do esporte espetáculo, 
temos uma alta exposição de atletas ou de equipes, numa trama que envolve propaganda 
de produtos e/ou de patrocinadores. Na qual, se coloca sempre a necessidade de alto 
rendimento desses(a) atletas ao nível máximo.
Em meio a todo esse contexto encontra-se o trabalho do psicólogo do esporte, 
que se depara com questões éticas a lidar, bem como, todas as questões morais que 
circundam o meio esportivo. Nesse sentido, o esporte deve ser compreendido como um 
espaço circundado de valores morais, uma vez que se constitui em uma criação humana 
e	que	reflete	os	valores	de	um	tempo	histórico	e	de	uma	dada	sociedade.	Desse	modo,	é	
necessário situar os(as) atletas, as equipes esportivas e o próprio esporte na “realidade 
social e cultural vividas” (RUBIO; CAMILO, 2019, p. 11).
Tendo em vista esse aspecto ético do esporte e do exercício, Rubio (2007), defende 
a necessidade de se analisar a prática do(a) psicólogo do esporte em relação aos valores e 
princípios defendidos pela Psicologia, uma vez que esses princípios são balizados por um 
código	de	ética	profissional	que	orienta	e	normatiza	a	atuação	do	psicólogo	também	numa	
perspectiva política. Essas considerações são necessárias porque o campo do esporte se 
constitui hoje numa área com diversos interesses e perspectivas envolvidas, tornando-se 
um	fenômeno	social	extremamente	importante	e	complexo,	necessitando	de	uma	reflexão	
no campo da ética.
Sobre essa última assertiva, a autora destaca que
A necessidade da vitória a qualquer custo, da adequação às mudanças de 
regras e calendários e os interesses comerciais de clubes e patrocinadores 
chega ao psicólogo do esporte como um imperativo de sua função no clube 
ou	time,	levando-o	a	uma	necessária	e	constante	reflexão	sobre	seu	papel	
social	e	profissional,	daí	a	importância	da	clareza	sobre	a	concepção	de	ser	
humano e de Psicologia com que se atua (RUBIO, 2007, p. 308).
33UNIDADE II O Trabalho Profissional do(a) Psicólogo(a) do Esporte e sua Dimensão Ética
SAIBA MAIS
A	última	atualização	do	código	de	ética	profissional	do	psicólogo	do	ano	de	2005,	ela-
borado pelo Conselho Federal de Psicologia, tem descrito como primeiro princípio fun-
damental: “O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, 
da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que 
embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos.”
Fonte: CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução n° 010, de 21 de julho de 2005. Aprova o Có-
digo	de	Ética	Profissional	do	Psicólogo.	Disponível	em:		http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/
codigo-de-etica-psicologia.pdf. Acesso em: 28 jul. 2020.
Dessa forma, é necessária uma atuação crítica, atenta e propositiva seja qual for 
a área de atuação. É importante ressaltar que, como já evidenciamos rapidamente na pri-
meira unidade, o trabalho do/a psicólogo/a do esporte nunca se dá sozinho, há diversas 
profissões	envolvidas,	como	médicos,	fisioterapeutas,	nutricionistas,	podendo	trabalhar	até	
ao lado de técnicos, no caso de uma equipe esportiva, entre outras. Daí a necessidade de 
se	ter	clareza	sobre	o	fazer	profissional,	e	quais	os	limites	éticos	desse	fazer.
Um	outro	cuidado	importante	na	atuação	profissional	do(a)	psicólogo(a)	do	esporte	
diz respeito a uma perspectiva estritamente tecnicista, de supervalorização da técnica em 
detrimento	da	dimensão	ética	e	política	do	fazer	profissional	e	de	estabelecimento	de	histó-
ricas dicotomias sujeito x objeto, mente x corpo, ainda presentes na Psicologia geral, quiçá 
na Psicologia do Esporte. Como ressalta Luccas (2000), sem desprezar a importância da 
técnica, é preciso desenvolver uma prática que leve em consideração a crítica sobre sua 
própria	prática,	ou	seja,	que	reflita	sobre	si	mesma,	como	também	é	preciso	que	se	leve	
em consideração o contexto econômico, político e social que envolve a sua atuação. Fora 
desse	aspecto,	para	o	autor,	a	atuação	profissional	não	é	uma	atuação	ética.
A preparação psicológica de atletas em contextos competitivos, tratadas muitas 
vezes de forma dissociada do contexto social ao qual o(a) atleta ou equipe estão inseri-
dos, precisa ser aliada não apenas e unicamente ao rendimentos desses(as) atletas, mas 
também aos seus interesses pessoais, bem como a outros interesses envolvidos, como 
dos técnicos, do clube, patrocinadores, o que muitas vezes não tem sido considerado pela 
Psicologia do Esporte e fazendo com que o psicólogo desempenhe um papel de mediador 
em meio a tantos interesses diversos.
34UNIDADE II O Trabalho Profissional do(a) Psicólogo(a) do Esporte e sua Dimensão Ética
Tendo em vista essa problemática, Rubio (2007) vai defender uma ampliação do 
olhar da psicologia do esporte, muitas vezes focada no desenvolvimento de habilidades 
individuais, para a compreensão desse complexo de relações que envolve o esporte como 
um fenômeno social culturalmente determinado. Desse modo, como vimos também na 
primeira unidade, a autora defende a perspectiva de uma Psicologia Social do Esporte, 
considerando que toda psicologia é social, sem que seja reduzida a Psicologia Social.
Essa perspectiva traz para o bojo do debate o entendimento sobre o desenvolvimen-
to	do	esporte	e	as	suas	configurações	atuais	como	um	fenômeno	social	relevante,	que	vai	
reproduzir	e	influenciar	os	valores	da	sociedade	ao	qual	está	inserido.	Um	exemplo	dessa	
dinâmica é a busca incessante por rendimento e produtividade e a transformação de atletas 
e equipes em “produtos” comerciais, revelando a dinâmica capitalista da sociedade e sua 
busca por lucro em qualquer contexto. Desse modo, “o espaço esportivo foi transformado 
em um setor da vida econômica e em uma área de consumo muito importante e dinâmica” 
(RUBIO, 2007, p. 311). 
Tendo em vista essas considerações, temos um conceito importante na área espor-
tiva	que	é	o	“fair	play”,	que	num	sentido	literal	significa	“conduta	ética”.	De	acordo	com	Rubio	
(2007),	esse	conceito	passou	a	integrar	o	contexto	esportivo	a	partir	do	final	do	século	XIX,	
e se refere, de maneira geral, a princípios éticos que regem a prática de atletas e demais 
envolvidos com o esporte. Essa noção foi atribuída por Pierre de Coubertin, o fundador 
dos jogos olímpicos modernos, que também atribuiu uma conotação de cavalheirismo ao 
conceito.
No entanto, apesar de ser um termo usado largamente no esporte, ainda carece 
de	maiores	elucidações,	no	sentido	de	desvelar	o	que	de	fato	significa,	como	também,	as	
diferentes interpretações que podem aparecer, a depender das perspectivas individuais, 
culturais e sociais, o que confere, na maioria das vezes, um caráter subjetivo, já que se 
referem a valores éticos e morais construídos socialmente.
Um outro aspecto que vale a pena ser ressaltado,é que, principalmente no tra-
balho com atletas de alto rendimento, muitas vezes, o(a) psicólogo(a) tem maior contato 
com meios de comunicação social e é necessário que se resguarde os aspectos éticos 
segundo	o	recomendado	pelo	Código	de	Ética	Profissional,		que	em	seu	artigo	2º,	alínea	
Q, preconiza ser vedado ao psicólogo(a) “Realizar diagnósticos, divulgar procedimentos ou 
apresentar resultados de serviços psicológicos em meios de comunicação, de forma a expor 
pessoas, grupos ou organizações” Sendo permitido o uso desses meios de comunicação 
zelando “para que as informações prestadas disseminem o conhecimento a respeito das 
35UNIDADE II O Trabalho Profissional do(a) Psicólogo(a) do Esporte e sua Dimensão Ética
atribuições,	da	base	científica	e	do	papel	social	da	profissão”	(CONSELHO	FEDERAL	DE	
PSICOLOGIA, 2005, p. 11-15).
Levando em conta essas considerações, é importante considerar que o(a) psicólo-
go(o) do esporte atua em um ambiente extremamente complexo e tem sido chamado(o) a 
intervir nesse ambiente. O esporte se constitui hoje num fenômeno de grande importância 
social	que	tem	se	transformado	no	decorrer	do	tempo,	ganhando	amplitude	e	se	profissio-
nalizando.	Isso	implica	no	fazer	profissional	do(o)	psicólogo(a)	do	esporte	que	precisa	lidar	
com diversos fatores, não apenas individuais do(a) atleta, como também fatores externos 
que	não	só	influenciam,	mas	compõem	a	prática	esportiva.	O	que	torna	imprescindível	uma	
atuação crítica, comprometida e ética.
36UNIDADE II O Trabalho Profissional do(a) Psicólogo(a) do Esporte e sua Dimensão Ética
3. QUESTÕES PARA A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO ESPORTE
O título deste tópico foi inspirado no texto elaborado pelo Conselho Regional de 
Psicologia de São Paulo CRP-SP, publicado no ano de 2000, enfeixado no livro Psicologia 
do Esporte	organizado	por	Katia	Rubio,	que	como	você	deve	ter	observado	pelo	número	
de citações e referências ao longo da nossa unidade e módulos, é uma das principais re-
ferências no campo da Psicologia do Esporte no Brasil e dos estudos olímpicos no mundo.
Tendo o presente texto como referência, o processo de avaliação psicológica é 
também conhecido como situação de psicodiagnóstico. Ao se tratar do contexto esportivo, 
logicamente a avaliação psicológica está dirigida a prática esportiva, ao mesmo passo que 
ocorre com o psicodiagnóstico esportivo, que nessa perspectiva, corresponde ao levan-
tamento dos aspectos psicológicos do atleta ou da relação do mesmo com a modalidade 
esportiva escolhida (COZAC, 2004).
Nesse sentido, o objetivo geral do psicólogo do esporte na investigação diagnós-
tica é “determinar o nível de desenvolvimento de funções e capacidades do atleta com a 
finalidade	de	prognosticar	os	resultados	esportivos.”	(COMISSÃO	DE	ESPORTE	DO	CON-
SELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DE SÃO PAULO, 2000, p. 155). A importância de seu 
objetivo	é	tamanha,	que	autores	como	Fleury	(2002)	apontam	para	o	trabalho	de	avaliação	
psicológica	como	a	primeira	etapa	do	profissional	de	psicologia	na	área	da	Psicologia	do	
Esporte.
37UNIDADE II O Trabalho Profissional do(a) Psicólogo(a) do Esporte e sua Dimensão Ética
Isto posto, o diagnóstico psicológico, ou o psicodiagnóstico, tendo como foco o 
esporte	de	alto	rendimento,	tem	por	finalidade	avaliar,	as	características	de	personalidade	
do atleta, o nível de seus processos psíquicos, os estados emocionais situacionais do 
treinamento e da competição, e as relações interpessoais do atleta de alto rendimento em 
relação a sua equipe esportista (COMISSÃO DE ESPORTE DO CONSELHO REGIONAL 
DE PSICOLOGIA DE SÃO PAULO, 2000).
Dessa forma, o método utilizado para a avaliação na qual o psicodiagnóstico está 
orientado, tem como horizonte os aspectos psicológicos em sua dimensão cognitiva, psi-
cossocial e emocional. Sobre essa última assertiva, a Comissão de Esporte do Conselho 
Regional de Psicologia De São Paulo (2000, p. 156) considera que:
Os	métodos	utilizados	para	esse	fim	podem	ser	tanto	da	categoria	de	análise	
de particularidades de processos psíquicos nos quais se enquadram os pro-
cessos sensórios, sensórios-motores, de pensamento, mnemônicos e volitivos 
como os de ordem psicossociais nos quais são estudadas as particularidades 
psicológicas de um grupo esportivo, buscando revelar e explicar sua dinâmica.
Nesse sentido, os métodos de avaliação da Psicologia do esporte, correspondem 
aos mesmos princípios e atendem às mesmas particularidades da Psicologia, como já 
foi mencionado no tópico anterior. Segundo a resolução do CFP nº007/2003 a avaliação 
psicológica	 é	 definida	 como	 processo	 científico-técnico,	 voltado	 para	 as	 relações	 entre	
indivíduo	e	sociedade,	a	fim	de	compreender	as	características	psicológicas	que	surgem	
daí (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2003).
Garcia	e	Borsa	(2016,	p.	1552)	na	realização	de	uma	pesquisa	científica	sobre	a	
prática da avaliação psicológica em contextos esportivos descrevem um programa de ava-
liação	psicológica	fundamentada	em	Fleury	que	estabelece	como	foco	a	investigação	das	
características	dos	esportistas,	os	requisitos	técnicos	do	esporte	e	os	objetivos	específicos	
da atividade de treino.
Posto	 isto,	Garcia	e	Borsa	 (2016,	p.	1552)	 reafirmam,	a	partir	de	um	referencial	
teórico amplo e consistente, que o processo de avaliação psicológica em contexto esportivo 
tem como alicerce “as entrevistas, a aplicação de questionários, a observação sistemática 
de treinos e jogos e, com ressalvas a aplicação de testes psicológicos.”
Diante o exposto a partir do pressuposto da Psicologia do Esporte, como uma 
especialidade da ciência psicológica, regulamentada no Brasil no ano de 1962, em inter-
secção com a educação física e com as ciências do esporte, a carência do referencial 
teórico e prático da Psicologia do Esporte evidencia algumas questões fundamentais e 
problemáticas incontornáveis para a compreensão do processo de avaliação psicológica 
38UNIDADE II O Trabalho Profissional do(a) Psicólogo(a) do Esporte e sua Dimensão Ética
na Psicologia do Esporte desenvolvida no Brasil. Discussão esta, a ser desbravada por nós 
nas seções subsequentes, muito bem acompanhados(as) das referências do campo.
O primeiro deles reside no uso de instrumentos de avaliação psicológica de outras 
áreas da Psicologia, mais precisamente a clínica e a educacional, aplicadas ao contexto 
próprio do campo de atuação da Psicologia do Esporte. Concomitante a esse, outra questão 
para a temática da avaliação psicológica em situação esportiva se dá no uso de instrumen-
tos de avaliação psicológica importados de outros países, como dos Estados Unidos, de 
países Europeus e da Rússia, cada qual com sua realidade histórica, social, econômica, 
política, racial diferente da realidade brasileira.
No	primeiro	caso,	significa	dizer	que,	percebida	a	limitação	do	uso	dos	testes	exclu-
sivos aos psicólogos(as) de formação, adaptados de outras áreas para a avaliação de atle-
tas de alto rendimento, em contrapartida, notada essa inadequação, tão logo a necessidade 
de	 instrumentos	com	as	mais	diversas	finalidades	e	voltados	para	o	contexto	esportivo,	
profissionais	de	outras	áreas	e	campos	profissionais	desenvolveram	muitas	 ferramentas	
para a avaliação dos atletas.
O que, ainda, de acordo com o texto:
[...] traz algumas consequências, às vezes desastrosas, uma vez que todo 
procedimento diagnóstico envolve aproximação, análise e devolutiva ao inte-
ressado,	e	a	efetividade	desse	processo	reside	na	postura	que	o	profissional	
envolvido tem diante dos resultados obtidos. Em outras palavras, investiga-
dores,	professores	e	profissionais	envolvidos	em	avaliação	psicológica	são	
unânimes	em	afirmar	que	um	único	teste	não	é	definitivo,	nem	categórico	ou	
final.	Ele	registra	o	momento	em	que	a	pessoa	avaliada	passa,	e,	sendo	o	
ser humano dinâmico e mutável, essa avaliação também pode sofrer trans-
formações [...] (COMISSÃO DE ESPORTE DO CONSELHO REGIONAL DE 
PSICOLOGIA DE SÃOPAULO, 2000, p. 157).
Já no caso da segunda problemática apontada, que diz respeito a importação de 
instrumentos estrangeiros, há primeiro de se reconhecer e considerar o acúmulo e produção 
de	conhecimento	científico	na	área	da	Psicologia	do	Esporte,	produzido	ao	longo	dos	anos	
com referencial teórico e metodológico próprio, atendendo assim às diferentes demandas, 
para as diferentes temáticas base para a Psicologia do Esporte: personalidade, motivação, 
confiança,	ansiedade,	atenção,	etc.	(COMISSÃO	DE	ESPORTE	DO	CONSELHO	REGIO-
NAL DE PSICOLOGIA DE SÃO PAULO, 2000, p. 157).
No entanto, cabe assinalar, em total acordo com o referido texto, que para aplica-
ção	desses	testes	no	Brasil	com	o	mesmo	êxito	e	eficácia	que	tiveram	em	seus	respectivos	
países é fundamental que “passem por uma adaptação à população brasileira. O processo 
de	adaptação	refere-se	desde	às	especificidades	da	população	até	aspectos	socioculturais	
mais gerais”, pois corremos o risco ao apenas traduzi-los e aplicá-los sem adaptá-los à 
39UNIDADE II O Trabalho Profissional do(a) Psicólogo(a) do Esporte e sua Dimensão Ética
nossa	realidade,	de	enquanto	profissionais,	colocarmos	em	“risco	a	carreira	desses	atleta	
ou	sua	manutenção	na	equipe,	pela	falta	de	um	perfil	desejado	para	a	posição	ou	função	
ocupada” (COMISSÃO DE ESPORTE DO CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DE 
SÃO PAULO, 2000, p. 157).
Em concordância com Garcia e Borsa (2016) cabe assinalar, um fator que vem 
dificultando	a	compreensão	do	processo	de	avaliação	do	psicólogo(a)	na	área	esportiva:	
a diferenciação da testagem psicológica e dos testes psicológicos, da avaliação psicoló-
gica. Segundo a cartilha elaborada pelo CFP (2013, p. 13) “a avaliação psicológica é um 
processo amplo que envolve a integração de informações provenientes de diversas fontes, 
dentre elas testes, entrevistas, observações e análise de documentos”. Ou seja, a avaliação 
psicológica, pode ser composta ou não pela testagem psicológica e de testes psicológicos, 
dentre outras fontes de informação. Já a testagem psicológica “pode ser considerada um 
processo diferente, cuja principal fonte de informação são os testes psicológicos de diferen-
tes tipos.” (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2003, p. 13).
Como dito anteriormente, vale mais uma vez ressaltar que a depender de sua 
finalidade,	 a	 realização	 da	 avaliação	 psicológica,	 na	 interpretação	 dos	 dados	 colhidos,	
pode contribuir positivamente na carreira do atleta, tendo em vista sua avaliação, como 
pode também contribuir para a exclusão do atleta do contexto esportivo, se levarmos em 
consideração o procedimento da devolutiva dos resultados, como o encaminhamento dos 
resultados para a comissão técnica responsável.
Na pesquisa de Garcia e Borsa (2016, p. 1552), citada anteriormente, foi utiliza-
do	de	um	questionário	semidirigido	para	6	(seis)	profissionais	brasileiros(as)	atuantes	no	
campo da psicologia do esporte, com o objetivo de “analisar como a avaliação psicológica 
está	sendo	conduzida	em	contextos	esportivos,	mais	especificamente	na	fase	inicial	de	um	
trabalho de acompanhamento psicológico de atletas ou equipes desportivas”. Para apresen-
tação dos resultados de pesquisa construíram uma tabela contendo os testes psicológicos 
mencionados pelos participantes da referida pesquisa, com o nome do teste, seu objetivo, 
e a situação do parecer do Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI).
Certamente, se tal tabela, como resultado de pesquisa não nos serve para termos 
conhecimento de todos os testes psicológicos possíveis aplicados no contexto do esporte, 
de acordo com o SATEPSI nos ajuda a conhecer alguns dos testes favoráveis ou não, 
frequentemente requisitados para a testagem, como instrumento do processo de avaliação 
psicológica e como instrumento voltado para o contexto esportivo, desenvolvido para ava-
liação dos atletas.
De todo modo, Vieira et. al. (2008), recomenda a implementação de um programa 
de psicologia aplicada ao esporte seguindo um total de quatro etapas: primeiro o contato 
inicial; depois a avaliação psicodiagnóstica; em terceiro lugar o programa de intervenção e; 
por	fim	avaliação	dos	resultados,	tema	referente	ao	nosso	próximo	e	último	tópico.
40UNIDADE II O Trabalho Profissional do(a) Psicólogo(a) do Esporte e sua Dimensão Ética
4. A PREPARAÇÃO PSICOLÓGICA NO CONTEXTO ESPORTIVO
Como já trabalhamos, o desenvolvimento da Psicologia do Esporte como uma 
especialidade da Psicologia – como aqui estamos abordando, entendendo que existem 
outras compreensões e práticas de trabalho – exige o aprimoramento de métodos e técni-
cas ligadas a esse campo de atuação e pesquisa. Dentro disso, temos o desenvolvimento 
de diversas práticas ligadas a preparação psicológica, principalmente no esporte de alto 
rendimento, que é onde se tem uma maior abordagem.
Tendo em vista essa perspectiva, Markunas (2010, p. 33) destaca que existem 
duas tendências dentro da Psicologia do Esporte que vão abordar a relação do sujeito com 
o esporte, sendo
[...] uma relacionada às características, traços, processos, estados e quali-
dades psicológicas no esporte (como ansiedade, estresse competitivo, es-
tratégias de coping, etc.) e outra relacionada à prática esportiva no que diz 
respeito às características da modalidade, seu modo de ensinamento e trei-
namento, evidenciando suas demandas e exigências psicológicas, o que, por 
sua vez, explicita a interdependência da preparação psicológica e do treina-
mento esportivo.
Nesse sentido, podemos inferir que o treinamento dentro do contexto esportivo, se 
refere a maximização dos rendimentos do(a) atleta ou equipe, através de um planejamento 
sistemático,	com	um	objetivo	determinado	e	dentro	de	um	período	específico	de	acordo	
com	as	necessidades	do(a)	atleta.	Sobre	esse	último	aspecto	–	do	período	específico	–	é	
chamado na literatura de “periodização” (BARBANTI, 1979; BOMPA, 1999; etc.) no qual, é 
41UNIDADE II O Trabalho Profissional do(a) Psicólogo(a) do Esporte e sua Dimensão Ética
efinido	um	ciclo	de	treinamento	próprio	para	o	contexto,	buscando	os	melhores	resultados	
possíveis.
É em meio a todo esse enredo que se encontra a Psicologia. Esta, por sua vez, com-
põe todo o processo de preparação da pessoa praticante de esporte competitivo. É possível 
compreender, portanto, que “todo componente físico, técnico e tático da ação esportiva 
tenha um correlato psicológico, o que acarreta na possibilidade de treinamento de diversas 
habilidades psicológicas” para potencializar a produtividade, conforme as características e 
capacidades	de	cada	atleta	(MARKUNAS,	2010,	p.	35).
No que diz respeito ao componente físico, este, de acordo com a autora, correspon-
de ao grau de conscientização que o sujeito tem sobre a ação realizada no sentido de obter 
resultados satisfatórios, já os componentes técnico e tático dependeria da conformação 
das técnicas utilizadas, bem como, da conformação do próprio esporte, já que demanda 
estratégias e táticas diferenciadas. Este último – o componente tático – envolve um plano 
prévio, mas que também demanda capacidade e preparação psicológica do(a) atleta para 
adaptar esse plano à situação, já que esta é dinâmica.
Levando em conta essas considerações, é importante ressaltar que a preparação 
psicológica aplicada ao contexto esportivo se relaciona direta e intrinsecamente com o pro-
cesso de treinamento. De tal modo que deve acompanhar toda a vida do(a) esportista, não 
sendo compreendida, em hipótese alguma, fora do treinamento desportivo. Dessa forma, 
o(a) psicólogo(a) do esporte precisa “conhecer e manejar a teoria do treinamento esportivo, 
estabelecendo	em	parceria	com	os	diversos	profissionais	envolvidos	no	processo,	as	for-
mas	e	possibilidades	de	intervenção”	(MARKUNAS,	2010,	p.	38).
Pudemos perceber que, segundo a perspectiva que adotamos neste trabalho, ape-
sar de se ter na literatura diversas compreensões, entendemos a preparação psicológica 
tal qual abordada por

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