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Teoria das Estruturas 2020/1 Prof. Enio Ricardo Dorvil Coelho 24/03/2020 Vigas Gerber Para falar sobre Vigas Gerber precisamos voltar a 1968, quando as obras da ponte Rio-Niterói foram iniciadas com o objetivo de facilitar a vida dos cidadãos cariocas. Essa construção reduziria para 13 Km um trajeto que até então era de mais de 100 Km, já que os cidadãos tinham que dar a volta na Bahia de Guanabara para acessar o município vizinho. Como nem tudo são flores, os projetistas tinham na mão um grande problema: A ponte não podia atrapalhar o tráfego dos grandes barcos que precisavam acessar a Bahia de Guanabara. Vigas Gerber A solução? Uma viga Gerber formando o maior vão livre com viga reta do mundo, com 300 metros de extensão e 72 metros de altura. Ao todo são três vigas Gerber: uma metálica no centro e uma de concreto em cada lado. https://www.youtube.com/watch?v=CUSg3idK-mw Vigas Gerber : O que é ? Viga Gerber é definida como um conjunto de vigas que podem ou não ter estabilidade própria, mas a associação delas forma um conjunto perfeitamente estável. As vigas Gerber tiveram seu aparecimento ditado por motivos de ordem estrutural e de ordem construtiva. Vejamos a situação abaixo : O trecho 01 não tem estabilidade própria e se unirmos ele com o trecho 02 utilizando um engaste, teremos uma viga hiperestática, mas se unirmos ele com o trecho 02 utilizando uma Rótula (Dente Gerber), teremos uma viga Gerber: Dente Gerber Para resolvê-la, basta fazer sua decomposição nas vigas que a constituem, resolvendo inicialmente aquelas sem estabilidade própria e, após, as dotadas de estabilidade própria, para as cargas que lhe estão diretamente aplicadas, acrescidas, para estas últimas, das forças transmitidas pelas rótula. Tipos de vigas e decomposições : a) Em se tratando de vigas Gerber isostáticas, as vigas que as constituem serão vigas biapoiadas, vigas biapoiadas com balanços ou vigas engastadas livres. DECOMPOSIÇÃO Vigas Gerber Isostáticas serão decompostas nas diversas vigas isostáticas que as Constituem: � Vigas com estabilidade própria; � Vigas que se apoiam sobre as demais; Os diagramas podem ser traçados separadamente, juntando-os em seguida; • As rótulas transmitem forças verticais e horizontais, mas não transmitem momento; DECOMPOSIÇÃO Basta que um dos apoios resista a forças horizontais na viga Gerber. Apenas as cargas verticais provocam esforço cortante e momento fletor nas vigas, portanto, na decomposição não é necessário distinguir apoios do 1º ou 2º gênero. Exercício 01 – Viga Gerber: Temos que descobrir as reações RA, RB e RC porém, há um detalhe importante que deve ser levado em consideração: Temos que começar sempre pelo trecho com menos incógnitas (reações desconhecidas), já que as incógnitas podem se acumular durante o processo de resolução das equações. No primeiro trecho temos apenas uma incógnita: a reação RA, enquanto no segundo trecho temos duas: RB e RC, portanto, vamos começar pelo primeiro: Primeiro temos que separar esse trecho do resto da viga e, para isso vamos colocar um apoio virtual no local onde fica a rótula. Esse apoio virtual é apenas um artifício para conseguirmos calcular o percentual de peso que será transferido para o segundo trecho. Chamaremos esse apoio de Reação Virtual 1 (Rv1) e, como o apoio RA é um apoio de primeiro gênero, nosso apoio virtual deverá ser de segundo gênero para que esse trecho esteja em equilíbrio. Agora podemos calcular o valor da Reação RA e carga que será apoiada no segundo trecho, que chamamos de Rv1, por meio da equação de equilíbrio dos momentos: Para descobrirmos a reação Rv1 vamos partir do ponto RA: Com isso sabemos que 60 KN serão descarregados no apoio RA e os outros 60 KN serão descarregados como uma carga concentrada no início do segundo trecho. Reações Rv1 e Rv2: Equações de Equilíbrio: ∑ Fx= 0 → Rh1= 0 ∑ Fy= 0 → Rv1+ Rv2 -20x6 = 0 → Rv1+ Rv2= 120 ∑ M1= 0 → Rv2 x 6 – 20x6x3 = 0 → Rv2 x 6 = 360 → Rv2= 360/6 Rv2 = 60KN ; Rv1= 60KN Assim: Agora podemos calcular o segundo trecho: Como o segundo trecho da nossa Viga Gerber já é isostático, ao invés de usarmos um apoio virtual, vamos considerar como sendo um trecho em balanço com uma carga concentrada na ponta: A carga de 60 KN que era descarregada no apoio Rv1 passa para o segundo trecho como uma carga concentrada, no mesmo ponto onde há a rótula. Podemos então calcular os valores das reações RB e RC: Reações RvB e RvC: Equações de Equilíbrio: ∑ Fx= 0 → RhC= 0 ∑ Fy= 0 → RvB+ RvC -20x13 -60 = 0 → RvB+ RvC= 320 ∑ MB= 0 → RvCx 7 + 60x6+20x6x3 – 20x7x3,5= 0 → RvC x 7 = -230 → RvC= - 230/7 RvC = - 32,86 KN RvB = 352,86 KN Como o resultado de RvC foi negativo, podemos entender que a viga faz força para cima, transferindo para o apoio um esforço de tração, ao contrário do que estamos acostumados. Primeiro temos que descobrir as reações RA, RB, RC e RD e, como comentado no exercício anterior, temos que começar pelo trecho com menos incógnitas, nesse caso, será o trecho 02, entre as rótulas. Vamos imaginar esse trecho isolado como tendo dois apoios, um de segundo gênero e um de primeiro gênero, para podermos calcular a força que esse trecho aplicará nos outros dois: Exercício 2: Vamos imaginar esse trecho isolado como tendo dois apoios, um de segundo gênero e um de primeiro gênero, para podermos calcular a força que esse trecho aplicará nos outros dois: Reações Rv1 e Rv2: Equações de Equilíbrio: ∑ Fx= 0 → Rh2= 0 ∑ Fx= 0 → Rv1+ Rv2 -15x3 = 0 → Rv1+ Rv2= 45 ∑ M1= 0 → Rv2 x 3 – 15x3x1,5 = 0 → Rv2 x 3 = 67,50 → Rv2= 67,50/3 Rv2 = 22,50KN ; Rv1= 22,50KN Sabemos então que, na primeira rótula teremos uma carga concentrada (no trecho 01) de 22,5 KN e na segunda rótula teremos uma carga concentrada (no trecho 03) de 22,5 KN. Podemos seguir em frente no dimensionamento e agora calcular um dos trechos restantes, mas vamos começar pelo trecho 01. Reações RA e RB: Equações de Equilíbrio: ∑ Fx= 0 → RhA= 0 ∑ Fy= 0 → RvA+ RvB - 15x4 – 22,50 = 0 → RvA+ RvB= 82,50 ∑ MA= 0 → RBx 3 - 15x3x1,5 – 15x1x3,5 – 22,50x4,0 → RB x 3 = -210 → RB= 210/3 RB = 70 KN RA = 12,5KN Agora, analizaremso o trecho 3trecho 01. Reações RC e RD: Equações de Equilíbrio: ∑ Fx= 0 → RhD= 0 ∑ Fy= 0 → RC+ RD - 15x4,5 - 22,50 = 0 → RC+ RD= 90 ∑ MC = 0 → RDx3-15x3x1,5+15x1,5x0,75 + 22,50x1,5 → RDx3 = 16,8755 → RD= 16,875/3 RD = 5,625 KN RC = 84,375KN Exemplo 3 Reações Rx5, Ry5 E M5: Equações de Equilíbrio: ∑ Fx= 0 → Rx5= 0 ∑ Fy= 0 → Ry5 - 187,5 – 62,5 = 0 Ry5 = 250N ∑M5 = - M5 +187,5x1,25+62,50x2,5= 0 M5 = 390,63 Nm Reações Ry1, Rx2 e Ry2: Equações de Equilíbrio: ∑ Fx= 0 → Rx2= 0 ∑ Fy= 0 → Ry1 + Ry2 -150 -200 – 50 -62,5= 0 Ry1 + Ry2 = 462,50 ∑M1 = 0 → Ry2 x 5,0 – 150x1,5 – 200x4,0 – 50x5,5 – 62,50x6 = 0 Ry2 x 5,0 = 1675 → Ry2 = 335N Ry1= 127,5N
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