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Bloco APS Letícia Fernandes Bloco APS I – Leticia Fernandes Sistema de Saúde Suplementar A saúde começa a ser pensada de forma sistemática com a organização de grupos de trabalhadores assalariados nos EUA, visando proteção mutua contra o risco de adoecimento dentro do processo de industrialização (século XIX). Parte dos salários era recolhida e caso houvesse necessidade os trabalhadores eram atendidos por um medico contratado. Essa era uma forma de “pré-pagamento”. Com a depressão de 30, a falta de capacidade de pagamento dos desempregados os detentores do capital montaram estratégias para FIDELIZAR os clientes e a procuraram subsidio estatal para as despesas. No Brasil, esse processo se deu no começo do século XX. Era recolhida uma parte do salário para as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP) que atendiam despesas das viúvas e o funeral do trabalhador falecido. Haviam CAP de diversos grupos profissionais que posteriormente se tornara Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAP), focando na aposentadoria e saúde era assistida se sobrasse verba. CAP ––– IAP Diferenças entre CAP e IAP • CAP: categorias profissionais de maior prestigio, que ganhavam melhor, gozavam de melhor condições de atendimento. Dentro de alguns IAP haviam esquemas privativos de atendimento para grupos de trabalhadores privilegiados • A assistência Patronal (atual GEAP) e a Caixa de Assistência dos Funcionários d Banco do Brasil (CASSI) são exemplos de esquema assistencial pré-pago, surgidos em 1940, e hoje denominados AUTOGESTAÇAO. Expansão do Capitalismo Industrial Brasileiro 1950: crescimento de mercado dos produtos e serviços. A indústria farmacêutica e de equipamentos médico-hospitalares galgou um novo contingente de consumo direto e indireto. Surgem empresas voltadas a assistência médica de trabalhadores fora dos institutos oficiais. Os donos eram médicos do trabalho que já atuavam nos IAP e passaram a organizar empresas de Medicina de Grupo. Essas empresas não tinham capital para cobrir serviços hospitalares, mas em 1964 o governo cria uma política de expansão de rede de assistência dando incentivo aos prestadores de serviços privados. Ameaça a equidade: o pré-pagamento no Brasil se deu no seio da expansão econômica da base industrial. Nos EUA, esse pré-pagamento foi uma medida de superação da crise econômica porque usou esse capital ser gasto em uma assistência hospitalar já existente. No Brasil, foi vetor para uma construção incipiente segmentando a demanda segundo capacidade de pagamento. Bloco APS I – Leticia Fernandes Mudança no trabalho médico Relacional: houve uma alteração da tradicional dinâmica de atividade liberala utonoma, prestada por profissionais individuais, para um modelo onde as empresas de medicina de grupo ocupavam o espaço de intermediários entre o paciente (cliente) e o médico (prestador de serviços). A medicina de grupo potencializa em 1967 o surgimento da primeira COOPERATIVA de trabalho médico (gera trabalho que não produz mercadoria) do mundo: UNIMED Santos e a base dos seus clientes também eram trabalhadores Crise econômica brasileira e crescimento dos planos de saúde A crise do fornecimento de petróleo de 1970 e a flexibilização na regulação do trânsito de capitais financeiros mediados por novas tecnologias de informação permitiu continuo crescimento do setor saúde. Em 1980, a hiperinflação e o desemprego, motivou os sindicatos a mediarem contratações coletivas de planos de saúde estimulando o crescimento dessas empresas em níveis superiores ao do conjunto da economia. O capital financeiro vinculado às seguradoras avançou e consolidou os SEGURO-SAÚDE a partir dos anos 80. Antes haviam impeditivos legais do Decreto de Lei de 73 de 1966 que dizia: os seguros devem garantir livre escolha do médico e do hospital por pagamento em dinheiro o que encareceria o preço dos seguros. Em 1989, os seguros passaram a ser regulados pela Superintendencia de Seguros Privados do Ministério da Fazenda, ofertando planos similares aos de Medicina de Grupo e Cooperativas Seguros de Saúde Não podem ter seus próprios ambulatórios e/ou hospitais e são obrigadas a reembolsas os segurados pelos sinistros decorrentes do adoecimento, porem tais valores chegam a ser irrisórios quando comparados aos valores efetivamente pagos aos prestadores. Modalidades Há 4 grupos na saúde suplementar: • Auto-gestão -> CASSI • Seguro-saúde -> UNIMED • Medicina de grupo -> AMIL • Cooperativas -> UNIMED São modalidades empresariais do mercado de planos que vinculam por meio do pagamento de serviços realizados: médico, hospitais, unidades de diagnostico e terapia. Importante lembrar que a AUTOGESTÃO é um segmento não comercial, visto que são planos de cooperações (Banco do Brasil, Petrobras, etc). Bloco APS I – Leticia Fernandes Pela Lei, todos devem ofertar o mesmo ROL de serviços, mas a diferença está na presença ou não de prestadores de “prestígio”. Segundo a Associaçao de Medicina de Grupo e a Federaçao das Cooperativas Médicas (UNIMEDs) em 1989 o numero de clientes era de 15 milhões de beneficiários (a população brasileira era de 148 milhões de pessoas, ou seja, cerca de 10% da população brasileira tinha recurso para contratar esses serviços o que demonstra uma grande desigualdade social) O SUS foi institucionalizado no início de 1990 não deteve da dinâmica do comercio de planos e seguros de saúde no Brasil, pelo contrário, o peso político e financeiro dessas empresas cresceu por influência de organizações controladas a partir das economias centrais, pela ideia de mescla público/privado, assim o Banco Mundial, o FMI e a OCDE contribuíram para o trânsito de livre capital financeiro e abertura de mercado de prestação de serviços em um pais periférico e desigual como o Brasil. Em 1990, no Brasil se expandia o comercio de modalidades de pré-pagamento por serviços de assistência à saúde, mas concomitantemente surgia na imprensa denúncias de negação de atendimentos de alto risco, idosos, pessoas HIV positivo, levando entidades de consumidores e profissionais de saúde a reivindicarem a regulamentação do setor. Ao mesmo tempo “operadores de mercado” discutiam os marcos regulatórios setoriais que garantissem a segurança do capital investido nas áreas abertas a privatização de empresas públicas propostas e financiadas pelo governo. Lei 9.656 • Regulamenta as empresas de planos e seguros de saúde • Amplia a intervenção governamental (antes restrita aos subsídios financeiros) para o âmbito da normalização das garantidas assistenciais • A partir da Lei as empresas de planos e seguros de saúde são obrigados a observar a abrangência dos procedimentos que constam nos contratos e as regras de elegibilidade, prazos de carência e ressarcir atendimentos de clientes de planos e seguros de saúde assistidos na rede SUS • Punição para a negação de coberturas a portadores de doenças e lesões preexistentes e vedam limites para a utilização de determinados serviços ou procedimentos assistenciais na perspectiva de um Estado regulador, mas não necessariamente provedor. ANVISA e ANS Agencias com autonomia administrativa que exercem função regulatória com eficiência normativa e independência política sob formato de autarquias. Competências da ANS: • Detalhamento de cobertura obrigatória (rol de procedimetnos que devem ser oferecidos) • Elegibilidade e carências relacionados a doenças pré-existentes • Configuração empresarial de mercado (autorizar novas empresas) • Dimensões da rede de serviços Bloco APS I – Leticia Fernandes • Acompanhamento e ajuste dos preços • Contratos e punições • Fiscalização da qualidade Inicia sua atuação em 200 com um viés de controle focado no nível de capitalização e no regime de entrada e saída das empresas no mercado de operadoras de plano e seguros de saúde,resultando em um processo pouco efetivo de regulação da assistência à saúde dos clientes dos planos. A ênfase no monitoramento econômico-financeiro furada relação com as peculiaridades do processo de estruturação da própria ANS. A ANS encontrou um setor estruturado, em crescimento e com fortes ligações com o mercado financeiro. A esfera da ANS é dentro do Ministério da Saúde (1973), mas com precária interlocução com o SUS quase restrita ao ressarcimento de despesas geradas por clientes de planos e seguros de saúde por hospitais da rede pública. Conta com instrumentos legais e administrativos para promover a defesa do interesse público na assistência suplementar à saúde, regulando as operadoras setoriais, inclusive quanto às suas relações com prestadores e consumidores, contribuindo para o desenvolvimento de ações de saúde no país. O marco regulatório da ANS trouxe segurança aos clientes e legitimidade as empresas que passam a ser reconhecidas como de caráter suplementar ao SUS, agregando qualificação positiva ao patrimônio de empresas que operam segundo uma logica diversa a integralidade do SUS. As diversas modalidades, com todas as suas diferentes trajetórias, são chamadas de OPERADORAS DE PLANO DE SAÚDE. No Brasil, a participação do orçamento publico no total de gastos em saúde permanece EQUIVALENTE, em termos proporcionais, à dos EUA, pais desprovido de sistema público de saúde de acesso universal e que, diante de um período de retração na atividade econômica, expande a participação do Estado em políticas compensatórias conjunturais de assistência em ambiente de renovada crise de custo/efetividade no setor saúde. A falta de iniciativa de investimento oportuno para a solução da crise atual de SUB FINANCIAMENTO do SUS, abre caminho para a previsível crise futura de custo/efetividade relacionado com a expansão da oferta de planos e seguros de saúde para novos grupos populacionais de cidadãos/consumidores incorporados ao processo econômico. Crescimento dos planos, aumento da crise Com a ascensão dos brasileiros a classes superiores de renda, a demanda por planos privados aumentos. Porém, as reclamações sobre dificuldades para atendimentos, antes praticamente restritas ao SUS, se estenderam às empresas de planos e seguros. O preço dos planos, a abrangência das coberturas e o subfinanciamento do SUS geram tensões permanentes para usuários, profissionais de saúde, gestores públicos e empresários. O Brasil segue necessitando de regulação do governo sobre o mercado de planos de saúde e seguros e melhor compreensão do SUS para pensar em um sistema de saúde universal ou segmentado. Bloco APS I – Leticia Fernandes Ter dimensões privadas em um sistema que se pretende público e universal gera uma tensão em razão de serviços que são contratados apenas pelas instituições públicas, por empresas de planos e seguros de saúde, ou ainda que mantem vínculos com financiadores públicos e privados. Assistência Médica Suplementar 5,9% dos usuários de planos são servidores públicos estaduais e municipais. Planos e seguros são estratificados segundo o status social/ocupacional dos empregados nas empresas e diferenciam-se pela abrangência das redes assistenciais, qualidade e prestigio dos prestadores de serviços e valor de remuneração desses prestadores. “Todo brasileiro utiliza o SUS” – absolutamente verdadeira. Utilizamos também a ANVISA Dinâmica de transmissão e distribuição de doenças e Vigilância em Saúde com ênfase em Vigilância Epidemiológica Introdução A Vigilância em Saúde é um conjunto de ações que visa a prevenção, controle e eliminação de doenças transmissíveis e não transmissíveis. O objetivo principal em saúde é proteger a saúde da população, promovendo ações de prevenção e controle de doenças e agravos; Há quatros tipos: • Ambiental • Saúde do trabalhador • Sanitária • Epidemiológica Vigilância em Saúde Ambiental É um conjunto de ações que proporciona o conhecimento e detecção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de identificar as medidas de prevenção e controle dos fatores de risco ambientais relacionados as doenças ou outros agravos à saúde. Bloco APS I – Leticia Fernandes Vigilância em Saúde do Trabalhador Consiste num conjunto de ações que visam promoção da saúde, prevenção da morbimortalidade e redução de risco e vulnerabilidade na população trabalhadora e, que devem ser realizadas de forma continua e sistemática, visando a detecção, conhecimento, pesquisa e analise dos fatores determinantes e condicionantes dos agravos à saúde relacionados aos processos e ambientes de trabalho. Vigilância Sanitária Um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da promoção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde. Ex: medicamentos, alimentos. Vigilância Epidemiológica Um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou a prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças e agravos. Ex: pandemia do COVID-19. Bloco APS I – Leticia Fernandes A Vigilância Epidemiológica pode ser realizada de forma ativa ou passiva. Na vigilância ativa, os profissionais de saúde buscam ativamente identificar casos de doenças e notificar as autoridades de saúde. Ex: investigar todos os contatos do paciente com TB. Já na vigilância passiva, os profissionais de saúde notificam os casos que surgem naturalmente em sua pratica clínica. Ex: Eu e a Larissinha notificando o caso de Dengue. Doenças de Notificação Compulsória É a comunicação obrigatória à autoridade de saúde, realizada pelos médicos, profissionais de saúde ou responsáveis pelos estabelecimentos de saúde, públicos ou privados, e população em geral, sobre a ocorrência de suspeita ou confirmação de doença, agravo ou evento de saúde pública, descritos nas portarias e resoluções especificas, podendo ser imediata ou semanal, de acordo com o agravo. Realizado pelo SINAN -> Essencial para o trabalho da Vigilância Epidemiológica para obter os dados. NOTIFICAÇÃO: a notificação dos agravos é a principal fonte alimentadora do SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), que tem o objetivo de fornecer informações para analise de perfil de morbidade e contribuir para a tomada de decisões. Notificação de casos e sistemas de informação em saúde: • A notificação de casos é uma das principais ações da vigilância epidemiológica • Os profissionais de saúde devem notificar as autoridades sobre casos suspeitos ou confirmados de doenças de notificação compulsória, conforme determinado pela legislação sanitária • Para isso, existem sistemas de informação em saúde que permitem a coleta, analise e compartilhamento de dados sobre a ocorrência de doenças • Podendo ser imediata (24 horas – dependendo da gravidade ou transmissão) ou semanal Critérios de seleção para doenças de notificação: • Magnitude: avalia a quantidade de pessoas acometidas • Potencial de disseminação: avalia a capacidade de disseminação da doença • Transcendência: avalia a gravidade, relevância social e econômica de doença • Vulnerabilidade: avalia a capacidade de prevenção e controle • Compromissos internacionais: avalia o cumprimento de metas continentais ou até mundiais • Regulamento sanitário internacional: acordos previstos pelos governos • Epidemias, surtos ou agravos inusitados Doenças que NÃO precisam de Notificação Compulsória: pneumonia, doença de chagas crônica, malformações congênitas e neoplasias. Mnemônico para lembrar das Doenças de Notificação (BESTEIRA):• B (bichos loucos): peste, raiva, peçonhentos, toxoplasmose Bloco APS I – Leticia Fernandes • E (endêmicas no Brasil): Chagas aguda, Hanseníase, Leishmaniose, Acidentes e doenças de trabalho, óbito materno, violência • S (síndrome febril): dengue, chicungunha, Zika, Malária, Leptospirose, Febre tifoide, Maculosa, Hemorrágica. • T (terrorismo): Antraz, Botulismo • E (exógenas): agrotóxicas, metais pesados, gases tóxicos • I (internacionais): VIPS (varíola, influenza, pólio, Sars, Febre amarela) • R (risco à saúde pública) • A (anticorpos): TB, hepatite, tétano, rotavírus, coqueluche, sarampo. Exceto: caxumba • S (começam com SI): sífilis, SIDA, Sd do corrimento uretral masculino Cadeia de transmissão e medidas de controle A cadeia de transmissão é o processo que leva a transmissão de uma doença de uma pessoa para outra. Para interromper a cadeia de transmissão, é necessário identificar os diferentes estágios e implementar medidas de controle adequadas em cada um deles. Essas medidas podem incluir isolamento de pacientes, tratamento de pessoas infectadas, vacinação, medidas de higiene e saneamento básico. Surtos e Epidemias São ocorrências de doenças que afetam um grande numero de pessoas em um determinado período e região. A vigilância epidemiológica e fundamental para a detecção precoce e controle dessas situações, permitindo a adoção de medidas de contenção e prevenção. Transição Epidemiológica, Demográfica e Nutricional Introdução • Epidemiológica: frequência de doenças e mortalidade. Ex: dengue é mais comum no Brasil • Demográfica: perfil da população – idade, fecundidade, natalidade, etc • Nutricional: hábitos de consumo dietético e de atividade física. Ex: Nestle há anos atras incentivou o uso de formulas ao invés de estimular a amamentação, e isso reflete nos hábitos nutricionais da população. Periodo pós revolução industrial começou a ter alimentos conservados para durarem mais, mas isso leva a danos Bloco APS I – Leticia Fernandes Para compreender o processo de mudança pelo qual passou o perfil de morbimortalidade (estrutura capaz de mudar o ritmo de crescimento populacional, afetando a composição etária e levar a um aumento da população idosa, favorecendo o surgimento de DCNT) da população brasileira no último século (fruto das transformações sociais e econômicas com impacto no perfil de adoecimento da população) e estarmos preparados para o constante processo de modificação que sempre acompanha a população de maneira variável. Processo de transição demográfica Se inicia com a queda nas taxas de fecundidade e natalidade e assim o progressivo aumento na proporção de idosos (consequente a diminuição das taxas de mortalidade), favorecendo o aumento de DCNT. Tomou folego com a Revolução Industrial que contou com desdobramentos educacionais, científicos e tecnológicos, produzindo dois efeitos sobre a população: • Reduziu as taxas de mortalidade, em geral, e a mortalidade infantil aumentando a esperança de vida da população • Redução das taxas de fecundidade também caem, provocando a diminuição do tamanho das famílias. Fenômeno típico do século XX com ganho inequívoco do aumento da expectativa de vida média da população mundial que dobrou, havendo redução pela metade das taxas de fecundidade, inicialmente ocorre queda de mortalidade, produzindo ganho de vidas humanas em todas as idades, podendo ou não alterar a estrutura etária da população. O fator decisivo para que a população envelheça e a queda da fecundidade que diminui o contingente populacional nas faixas etárias mais idosas. Fases da transição demográfica: • 1ª fase pré-industrial ou primitiva: equilíbrio entre as taxas de mortalidade e natalidade (ambas elevadas) • 2ª fase intermediaria 1: taxas de natalidades permanecem altas, enquanto decrescem as taxas de mortalidade (há crescimento populacional – explosão populacional) • 3ª fase intermediaria 2: a natalidade diminui em ritmo mais acelerado que a mortalidade (envelhecimento populacional) • 4ª fase moderna ou pós-transição: tendencia a estabilidade populacional, ou seja, os valores de fecundidade aproximam-se dos níveis de reposição (aumento a esperança de vida) • 5ª fase: mortalidade superará a natalidade (alto custo de criar filhos) o que pode levar a crescimento negativo (mais idosos que jovens e dificuldade de suprir a demanda dos idosos). Bloco APS I – Leticia Fernandes • 1ª fase: acelerado crescimento demográfico em função do declínio da mortalidade e da manutenção da fecundidade em um patamar alto até a 2ª metade da década de 1960 • 2ª fase: a fecundidade começa a declinar e o ritmo de crescimento da população inicia a desaceleração Atualmente, no Brasil, a taxa de fecundidade está em queda. Uma das importantes justificativas para tal é a mudança do perfil do publico feminino perante a sociedade, passando do papel predominante de mãe/esposa ao de parte da classe trabalhadora. Processo de transição nutricional Houve diminuição expressiva da desnutrição e aumento de pessoas com excesso de peso (sobrepeso e obesidade). Os determinantes são o estilo de vida sedentário e o consumo de dietas inadequadas. A obesidade não é mais um problema de países desenvolvidos, passando a afetar cada vez mais os grupos populacionais menos favorecidos. A “nova” população afetada pela obesidade passa a demandar intervenções e apoio governamental para a implementação de ações claras para a promoção de saúde física, controle de peso e ingestão de alimentos saudáveis. Processo epidemiológico Dialoga com o perfil de mortalidade (número de mortos) e morbidade (convivência com a doença) por adoecimento (doenças e condições em saúde). O aumento dos traumas decorrentes das causas externas – violências, acidentes e envenenamentos – são também fatores responsáveis pelo Bloco APS I – Leticia Fernandes cenário de mudanças na Epidemiologia Médica no Brasil. Ex: paciente que sofreu AVC precisará de prevenção terciaria ou Jovens que são imprudentes. • 1ª estagio: pragas e fomes, com pessoas moreendo de doenças infecto-contagiosas • 2ª estagio: pessoas morrem menos de pandemias, de fome/desnutrição e menos de doenças infecto-contagiosas (o avanço social, acesso a comida e higiene melhora a mortalidade) • 3ª estagio: mais mortes por DCNT provocadas pelo homem • 4ª estagio: declínio das doenças cardiovasculares e ressurgimento de doença No Brasil, não tem ocorrido nem como nos países industrializados, tampouco como nos latinos. Houve superposição de etapas com predomínio de doenças infecciosas e crônicas. Seguimos lidando com dengue, cólera, malária, hanseníase e leishmanioses como também envelhecimento rápido da população brasileira, demandando serviços médicos e sociais intensos. Então, vive-se uma realidade de ainda não servos plenamente capazes de controlar doenças transmissíveis e reduzir mortalidade infantil, tampouco aplicar estratégias para prevenção e tratamento das doenças crônicas (levando a perda da autonomia e da qualidade de vida). Compreender a mortalidade por causas é o indicador que melhor caracteriza a transição epidemiológica. • 1ª estagio: pragas e fome, com pessoas morrendo de doenças infecto-contagiosa • 2ª estagio: pessoas morrem menos de pandemias, de fome/desnutrição e menos de doenças-infecto contagiosas (o avanço social, acesso a comida e higiene melhora a mortalidade) • 3ª estagio: mais mortes por DCNT provocadas pelo homem • 4ª estagio: declínio das doenças cardiovasculares e ressurgimento de doenças infecto contagiosas • 5ª estagio: longevidade paradoxal, com tecnologia evoluindo tanto que as pessoas vão continuar sobrevivendo sem inserção clara na sociedade (termo capacitista) Tripla carga de adoecimento: infecções – doenças crônicas – causas externas Processo de transição Na primeira metadedo século XX, as doenças infecciosas eram as causas mias frequentes de morte, apenas a partir de 1960 as DCNT e agravos não transmissíveis (DANTs) passaram a assumir esse papel com progressões de crescimento das doenças cardiovasculares, pulmonares, neoplasias e DM2. As DANTs respondem pelas maiores taxas de morbimortalidade e por cerca de 70% dos gastos assistenciais com saúde no Brasil (e a tendencia é piorar). Estratégias Estão sendo desenvolvidas enquanto prioridades no SUS. Sendo realizada vigilância epidemiológica das DANTs e de seus fatores de risco, fundamentais para a implementação de politicas Bloco APS I – Leticia Fernandes publicas que as previnam e controlem. Ex: paciente com DM necessita fazer vários exames para controlar a DM, ao invés de deixar evoluir a doença e virar retinopatia (que gastara muito mais). Diálogo entre transições A transição demográfica tem impacto direto na transição epidemiológica, viso que as mudanças de faixa etária refletem os padrões de adoecimento da população (que de fato modificam com a idade). Em um país jovem geralmente tem-se moléstias infecto-contagiosas com modelo de resolução dual cura-morte. Em um país mais velho, deve-se aprender a controlar as doenças dos idosos (padrão geralmente mais crônico na perspectiva do modelo compensação/não compensação – incluindo maior disfunção, dependência e quedas). Metas • Reduzir taxa de mortalidade prematura (<70 anos) por DCNT em 2%/ano • Reduzir obesidade em crianças, adolescentes e adultos • Reduzir consumo nocivo de álcool • Aumentar prevalência de atividade física • Aumentar consumo de frutas e hortaliças • Reduzir consumo de sal e tabaco • Aumentar cobertura de MMG em mulher de 50-69 anos • Aumentar cobertura de preventivo em mulheres de 25-64 anos • Tratar 100% das mulheres com diagnostico de lesão precursora Mudanças socioculturais As mudanças etárias na população são principalmente a redução das taxas de mortalidade, mortalidade infantil, aumento da expectativa de vida e redução da taxa de fecundidade, o que leva a um estreitamento da base da pirâmide etária. No Brasil, temos problemas adicionais porque temos um aumento significativo de doenças infectocontagiosas, ao mesmo tempo que também há um aumento das DCNT e elevação das mortes por causas externas. Bloco APS I – Leticia Fernandes Aspectos biológicos e Fisiologia do envelhecimento Definição Envelhecer é um processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível, universal, não patológico, de deterioração a todos os membros de uma espécie, de maneira que o tempo menos capaz de fazer frente ao estresse do meio-ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de morte. Senescência É o processo natural, de diminuição progressiva da reserva funcional dos indivíduos -> algo natural Senilidade Condição de sobrecarga como, por exemplo, doenças, acidentes e estresse emocional, pode ocasionar uma condição patológica que requeira assistência. -> agravado pela doença. Erros que devem ser evitados • Considerar que todas as alterações que ocorrem a pessoa idosa sejam decorrentes de seu envelhecimento natural • Tratar o envelhecimento natural como doença Bloco APS I – Leticia Fernandes • Importante capacitar os profissionais de saúde na APS • Usar instrumentos adequados para avaliação dos idoso • Fortalecimento dos serviços/rede Envelhecimento saudável É um processo de desenvolvimento e manutenção da capacidade funcional que permite o bem-estar em idade avançada -> independência e autonomia Temos que contribuir para que, apesar das progressivas limitações que possam ocorrer, elas possam redescobrir possibilidades de viver sua própria vida com a máxima qualidade possível. Avaliação Global da pessoa idosa na APS • Ter ênfase na funcionalidade do idoso • A presença de declínio funcional pode sugerir a presença de doenças ou alterações ainda não diagnosticadas • É por meio dessa avaliação que se pode fazer um balanço entre as perdas e os recursos disponíveis para sua compensação. • Direciona a atenção para o idoso, com problemas complexos, de forma mais ampla, dando ênfase ao seu estado funcional e a sua qualidade de vida • É desenvolvido por uma equipe multiprofissional • Tem por objetivo quantificar as capacidades e os problemas de saúde, psicossociais e funcionais do idoso de forma a estabelecer um planejamento terapêutico a longo prazo e o gerenciamento dos recursos necessários. • Idoso independente -> parcialmente dependente -> totalmente dependente Avaliação das atividades de vida diária – AVD • Básicas (ABVD) -> autocuidado do dia a dia do idoso e se há necessidade de cuidador ou não • Instrumentais (AIVD) -> vida comunitária independente – capacidade de morar sozinho, utilizar transportes, manipular os medicamentos • Avançadas (AAVD) -> sociais, produtivas e de laser Doença única x Efeito cascata O conceito de doença única, onde um único problema pode explicar por explicar todos os sinais e sintomas, não se aplica às pessoas idosas, pois esses costumam apresentar uma somatória de sinais e sintomas, resultado de várias doenças concomitantes, onde a insuficiência de um sistema pode levar à insuficiência de outro, o que costuma ser denominado “efeito cascata”. Composição corporal • Toda a celularidade diminui, reduzindo a função dos órgãos, continuamente Bloco APS I – Leticia Fernandes • A musculatura vai diminuindo, especialmente as fibras do tipo II, de contração rápida, como as encontradas nas mãos • Diminuição da densidade corpórea, tecido mineral óssea, massa celular • Diminuição da altura em aproximadamente 1 cm por década (encurtamento dos discos vertebrais, enrijecimento das articulações, cifose dorsal, arqueamento dos membros • Acumulo de gordura e redução da massa magra – obesidade sarcopenica • Aumento do tecido gorduroso (distribuição centrípeta) • Redução do peso dos órgãos • Perda muscular acelerada. Essa redução ocorre tanto em numero quanto no volume das fibras (especialmente no musculo esquelético) • A atividade física, independentemente da idade, aumenta a força e a velocidade muscular, além de prevenir perda óssea, quedas, hospitalizações e melhorar a função articular Acuidade visual • O processo natural de envelhecimento associa-se a uma redução da acuidade visual as alterações fisiológicas das lentes oculares, déficit do campo visual e doenças da retina • Realizar busca ativa: perguntar se tem dificuldade de ler, assistir TV, dirigir ou executar atividades da vida cotidiana Acuidade auditiva • Cerca de 1/3 dos idosos referem declínio na acuidade auditiva • A prebisacusia: perda progressiva da capacidade de diferenciar os sons de alta frequência -> olhar se há rolha de cerume • Teste do sussurro Incontinência urinaria • Cerca de 30% dos idosos costumam apresentar e nem sempre referem na avaliação clinica ou por vergonha ou por acharem isso normal no processo de envelhecimento • Muitas das causas são reversíveis – delírio, restrição de mobilidade, retenção urinaria, infecção e efeito do medicamento Bloco APS I – Leticia Fernandes Avaliação cognitiva • A avaliação cognitiva deve fazer parte da avaliação clínica, pois auxilia na identificação das principais alterações na saúde mental das pessoas idosas • A perda de memoria recente e habilidade de cálculo são indicadores sensíveis de redução dessas funções • Mini Exame do Estado Mental (MEEM): é o teste mais utilizado para avaliar a função cognitiva por ser rápido, de fácil aplicação, não requerendo material especifico. Não serve para diagnostico, mas serve para indicar que funções devem ser melhor investigadas. É um teste de rastreio • Teste do relógio (complemento): teste valido e confiável para rastrear pessoas com lesões cerebraisBloco APS I – Leticia Fernandes Depressão • É um dos transtornos psiquiátricos mais comuns entre as pessoas idosas e a sua presença necessita ser avaliada. • As mulheres apresentam prevalência maiores. Piora a qualidade do sono. Com aumento nos idosos institucionalizados • A presença de depressão entre as pessoas idosas tem impacto negativo em sua vida. As pessoas idosas com depressão tendem a apresentar maior comprometimento físico, social e funcional. Avaliação da mobilidade • A grande propensão da pessoa idosa à instabilidade postural e à alteração da marcha aumenta o risco de queda e, por essa razão, equilíbrio e marcha devem ser sempre avaliados. • As alterações na mobilidade e quedas podem ocorrer por disfunções motoras, de sensopercepção, equilíbrio ou déficit cognitivo. • Quedas: é comum uma certa hesitação no andar, menor balanço dos braços e passos menores. A base de sustentação se amplia e o centro de gravidade corporal tende a se adiantar, em busca de maior equilíbrio • O grande problema dos distúrbios da marcha é a queda Fragilidade e Síndrome da imobilização em vulneráveis Definição • É um conjunto de alterações previsíveis e progressivas dos processos biológicos ao longo da vida. • Homoestenose: é o estreitamento da homeostase. Envelhecer é normal. Nenhuma doença deve ser atribuída ao envelhecimento. O envelhecimento não é uniforme e o grupo dos idosos não é homogêneo. • Com o passar dos anos aumenta a massa adiposa e como consequência aumenta da meia- vida das drogas que são lipofílicas (aumento do volume de distribuição aumentado, ou seja, drogas lipofílicas, como Diazepam e fluoxetina permanecem mais tempo no corpo). • No idoso, há aumento da massa adiposa e diminuição da massa magra e diminuição da água corporal (desidratação crônica) Pele do idoso • Perda de fibras elásticas e colágenas, tornando-se uma pele menos resistente Bloco APS I – Leticia Fernandes • Maior risco de formação de bolhas, destacamento da epiderme. Há diminuição das glândulas sebáceas/sudoríparas favorecendo a xerose cutânea (causa comum de prurido) • Perda do coxim adiposo, do tecido celular subcutâneo (maior risco de perda de calor e hipotermia) • Diminuição da sensibilidade tátil • As alterações mais comuns são: dermatites (de dobras de pele e amoniacal devido a fraldas) e as ulceras por pressão que ocorrem em resposta à compressão de vasos sanguíneos e isquemia tecidual de inicio após 2h de pressão superior a 32 mmHg. Inicia com hiperemia fixa, mas se não corrigir o desencadeante pode chegar à lesão necrótica de planos profundos com exposição óssea • Os 3 fatores mais importantes relacionados ao aparecimento de ulceras são: perda da mobilidade, estado nutricional precário e pele fragilizada • Os locais mais comuns de lesão são as proeminências ósseas (sacro, calcâneo, occipício, cotovelos e joelhos). Tratar envolve hidratar, facilitar a granulação, absorver exsudato e debridar necrose Musculatura • Redução do volume das fibras musculares • Risco de quedas com fraturas • Redução das fibras musculares do tipo II (responsáveis pela contração rápida – presente nas mãos) – idosos ficam com as mãos contraídas/fechadas • Repouso prolongada leva a catabolismo, com balanço de nitrogênio, cálcio e fosforo, levando a hipoproteinemia • O acamado perda 10-15% de força muscular/semana (músculos mais acometidos: quadríceps, flexores da coluna e plantares Bloco APS I – Leticia Fernandes Ossos • Diminuição da massa mineral óssea (osso cortical e trabecular dos corpos vertebrais) • Maior risco de fraturas osteoporóticas (fêmur proximal, úmero e vertebras) Sistema cardiovascular • Tendencia a hipertrofia do VE • Pode haver perda de células no nó sinusal, gerando possíveis bradiarritmias • Diminuição da resposta aos beta-agonista (o idoso é cronicamente beta-bloqueado) • Possível quarta bulha no idoso (fisiológica) • Aumento da rigidez das paredes arteriais com perda de elasticidade -> aumentando a PA • Idosos fazem hipotensão postural por conta dos reflexos dos barorreceptores. Aferir a PA do idoso deitado, depois de 3 minutos aferir sentado ou em pé e perceber se hove queda PAS > 20 ou PAD > 10 mmHg Sistema nervoso • Alterações comuns: redução do volume cerebral por atrofia cortical e subcortical (mais proeminente na região frontal e temporal) • Desmielinização da bainha de mielina dos axônios da substancia branca • Mudança no padrão de sono do idoso (fragmentado e superficial) • Redução da memória episódica e do domínio cognitivo/funções • Pode ocorrer agitação, irritabilidade, desorientação temporoespacial, diminuição da concentração, depressão Gastrointestinal • Falta de apetite/inapetência (decorrente da inatividade, trânsito lento e metabolismo basal lento) • Constipação ou impactação fecal associada a desidratação e falta de movimento Respiratório • Diminuição do volume expiratório formado (VEF1) • Reflexo da tosse diminuído, assim a broncopneumonia é uma complicação frequente e grande causa de internação • Movimentação do diafragma diminuída Fragilidade • É uma síndrome geriátrica que acarreta alto risco de declínio funcional e incapacidade • Pode culminar com: dependência, institucionalização, quedas, lesões, doenças agudas, aumento da mortalidade Bloco APS I – Leticia Fernandes • O conceito de fragilidade ajuda a identificar idosos com alto risco de complicações, perda de funcionalidade, dependência, hospitalização, quedas, doenças agudas e mortalidade • Idosos frágeis são um grupo com necessidade especial de atenção dentro do SUS, demandando cuidados de longo prazo Diagnostico de Fragilidade • Ter pelos menos 3 dos 5 critérios: o Fraqueza o Perda de peso (inapetência) o Atividades reduzidas o Diminuição da velocidade de marcha o Exaustão • Questionário SARC-F -> avalia circunferência da panturrilha com < 29 cm • Um paciente com múltiplas comorbidades também não é necessariamente frágil, pois pode manter suas reservas funcionais preservadas • Outro paciente caquético pode se aproximar da fragilidade e muitas vezes cursar com perda de força e exaustão que o leve a entrar na espiral da fragilidade, porem a diferença está justamente na causa • SOF (study od osteoporotic fractures) • Questionário FRAIL (fadiga, resistência, deambulação, doenças, perda de peso e fragilidade) • Não existem critérios laboratoriais para fragilidade Modelo biomédico • Diagnosticar e tratar doenças – é precário nesses cenários, visto que a assistência de um idoso frágil é mais complexa e multiprofissional Sarcopenia • Ponto de partida para DINAPENIA (perda de desempenho ou força muscular) • Pode ocorrer por carga genética, estilo de vida, nível educacional e prejuízo cognitivo • Principal causa é a desnutrição Intervenções propostas • Atividade física • Suplementação alimentar • Seguimento ambulatorial regular • Compreender medicações que possam intervir no ciclo da fragilidade Bloco APS I – Leticia Fernandes Cuidados paliativos • Uma vez a fragilidade estabelecida e falha em intervenções, os preceitos dos cuidados paliativos devem ser utilizados, já que a reversão do quadro não se mostra mais possível • Preservar conforto e dignidade Síndrome de imobilização • Formada por sinais e sintomas resultantes da limitação ou perda de todos os movimentos articulares, resultando em mudança postural o que compromete gravemente a funcionalidade, culminando em fragilidade ou incapacidade • O que define melhor é a presença de deficiência cognitiva moderada a grave associada a contraturas • Quando um paciente se torna acamada, sofre de imobilidade e seu organismo começa a padecer de um processo de degeneração que afeta todos os sistemas • Paciente que sofre de imobilidade estáem estado de vulnerabilidade elevado • Critérios de imobilidade: déficit cognitivo, ulceras por pressão, contraturas, disfagia, incontinências e afasia • É um estado super grave e super avançado de fragilidade Bloco APS I – Leticia Fernandes Ética Médica Preâmbulo I – O presente Código de Ética Médica contem as normas que devem ser seguidas pelos médicos no exercício de sua profissão, inclusiva nas atividades relativas a ensino, pesquisa e administração de serviços de saúde, bem como em quaisquer outras que utilizem o conhecimento advindo do estudo da medicina. VI – Este Código de Ética Médica é composto de 26 princípios fundamentais do exercício da medicina, 11 normas diceológicas, 117 normas deontológicas e quatro disposições gerais. Capitulo 1 – Princípios Fundamentais II – O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em beneficio da qual devera agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional. III – Para exercer a medicina com honra e dignidade, o médico necessita ter boas condições de trabalho e ser remunerado de forma justa. V – Compete ao médico aprimorar continuamente seus conhecimentos e usar o melhor do progresso cientifico em beneficio do paciente e da sociedade VI – O medico guardará absoluto respeito pelo ser humano e atuará sempre em seu benefício, mesmo depois da morte. Jamais utilizará seus conhecimentos para causae sofrimento físico ou moral, para o extermínio do ser humano ou para permitir e acobertar tentativas contra sua dignidade e integridade. XXI – No processo de tomada de decisões profissionais, de acordo com seus ditames de consciência e as previsões legais, o médico aceitará as escolhas de seus pacientes relativas aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos por eles expressos, desde que adequadas ao caso e cientificamente reconhecidas. XXII – Nas situações clinicas irreversíveis e terminais, o médico evitará a realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários e propiciará aos pacientes sob sua atenção todos os cuidados paliativos apropriados. Capitulo 2 – Direitos dos médicos I – Exercer a medicina sem ser discriminado por questão de religião, etnia, cor, sexo, orientação sexual, nacionalidade, idade, condição social, opinião política, deficiência ou de qualquer outa natureza. IV – Recusar-se a exercer sua profissão em instituição publica ou privada onde as condições de trabalho não sejam dignas ou possam prejudicar a própria saúde ou a do paciente, bem como a dos demais profissionais. Nesse caso, comunicará com justificativa e maior brevidade sua decisão ao diretor técnico, ao CRM de sua jurisdição e à Comissão de `tica da instituição, quando houver. IX – Recusar-se a realizar atos médicos que, embora permitidos por lei, sejam contrários aos ditames de sua consciência. Bloco APS I – Leticia Fernandes Capitulo 3 – Responsabilidade profissional É vedado ao médico: • Deixar de comparecer a plantão em horário preestabelecido ou abandona-lo sem a presença de substituo, salvo por justo impedimento. • Receitar, atestar ou emitir laudos de forma secreta ou ilegível, sem a devida identificação de seu numero de registo no CRM, bem como assinar em branco folhas de receituários, atestados, laudos ou quaisquer outros documentos médicos. • Deixar de obter consentimento do paciente ou de seu representante legal após esclarece-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco iminente de morte. Capitulo 4 – Direitos humanos • Deixar de garantir ao paciente o exercício do direito de decidir livremente sobre sua pessoa ou seu bem-estar, bem como exercer sua autoridade para limita-lo. Capitulo 5 – Relação com pacientes e familiares É vedado ao médico: • Desrespeitar o direito do paciente ou de seu representante legal de decidir livremente sobre a execução de praticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo em caso de iminente risco de morte. • Deixar de atender paciente que procure seus cuidados profissionais em casos de urgência ou emergência quando não houver outro médico ou serviço médico em condições de fazê-lo. • Abreviar a vida do paciente, ainda que a pedido deste ou de seu representante legal. Capitulo 6 – Doação de órgãos e transplantes É vedado ao médico: • Participar do processo de diagnóstico da morte ou da decisão de suspender meios artificiais para prolongar a vida do possível doador, quando pertencente à equipe de transplante. Capitulo 7 – Relação entre médicos É vedado ao médico: • Desrespeitar a prescrição ou o tratamento de paciente determinados por outro médico, mesmo quando em função de chefia ou de auditoria, salvo em situação de indiscutível beneficio para o paciente, devendo comunicar imediatamente o fato ao medico responsável. • Deixar de encaminhar o paciente que foi lhe enviado para procedimento especializado de volta ao médico assistente e, na ocasião, fornecer-lhe as devidas informações sobre o ocorrido no período em que por ele se responsabilizou. Capitulo 8 – Remuneração profissional É vedado ao médico: • O exercício mercantilista da medicina Bloco APS I – Leticia Fernandes • Exercer a profissão com interação ou dependência de farmácia, indústria farmacêutica, óptica ou de qualquer organização destinada à fabricação, manipulação, promoção ou comercialização de produtos de prescrição médica, qualquer que seja sua natureza. Capitulo 9 – Sigilo profissional É vedado ao médico: • Revelar sigilo profissional relacionado a paciente criança ou adolescente, desde que estes tenham capacidade de discernimento, inclusive a seus pais ou representantes legais, salvo quando a não revelação possa acarretar dano ao paciente. Capitulo 10 – Documentos médicos É vedado ao médico: • Expedir documento médico sem ter praticado ato profissional que o justifique, que seja tendencioso ou que não corresponda à verdade. • Usar formulários institucionais para atestar, prescrever e solicitar exames ou procedimentos fora da instituição a que pertençam tais formulários. • Deixar de atestar óbito de paciente ao qual vinha prestando assistência, exceto quando houver indícios de morte violenta. • Permitir o manuseio e o conhecimento dos prontuários por pessoas não obrigadas ao sigilo profissional quando sob sua responsabilidade. • Deixar de elaborar prontuário legível para cada paciente. • Negar ao paciente ou, na sua impossibilidade, a seu representante legal, acesso ao prontuário, deixar de lhe fornecer cópia quando solicitada, bem como deixar de lhe dar explicações necessárias à sua compreensão, salvo quando ocasionarem riscos ao próprio paciente ou a terceiros. Capitulo 11 – Auditoria e Perícia Médica É vedado ao médico: • Assinar laudos periciais, auditorias ou de verificação médico-legal caso não tenha realizado pessoalmente o exame • Ser perito ou auditor o próprio paciente, de pessoa de sua família ou de qualquer outra com a qual tenha relações capazes de influir em seu trabalho ou de empresa em que atue ou tenha atuado. Capitulo 12 – Ensino e Pesquisa Médica É vedado ao médico: • Participar de qualquer tipo de experiencia envolvendo seres humanos com fins bélicos, políticos, étnicos, eugênicos ou outros que atendem contra a dignidade humana. Bloco APS I – Leticia Fernandes • Deixar de obter do paciente ou de seu representante legal o TCLE para realização de pesquisa envolvendo seres humanos, após as devidas explicações sobre a natureza e as consequências da pesquisa. • Publicar em seu nome trabalho cientifico do qual não tenha participado Capitulo 13 – Publicidade Médica É vedado ao médico: • Divulgar informação sobre assunto médico de forma sensacionalista, promocional ou de conteúdo inverídico • Anunciar títulos científicos que não possa comprovar e especialidade ou área de atuação paraa qual não esteja qualificado e registrado no CRM Capitulo 14 – Disposições Gerais É vedado ao médico: • O médico portador de doença incapacitante para o exercício profissional, apurada pelo CRM em procedimento administrativo com perícia médica, terá seu registro suspendo enquanto perdurar sua incapacidade. • Os médicos que cometerem faltas graves previstas e cuja continuidades do exercício profissional constitua risco de danos irreparáveis ao paciente ou à sociedade poderão ter o exercício profissional suspenso mediante procedimento administrativo especifico. Sistema Único de Saúde História do SUS Inicialmente, a instituição que se dedicava ao atendimento de saúde gratuita no Brasil eram as Santas Casas. A primeira organização foi instalada em Santos, em 1543. Em 1904, ocorreu a Revolta da Vacina, resultado da insatisfação população com o governo do Presidente Rodrigo Alves. Em seguida, nos anos 1920, foram instauradas as Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAPs) – normalmente eram organizadas pelas empresas e pelos empregados e tinham como função organizar o sistema previdenciário. Em 1930, as CAPs se transformaram em Instituto de Aposentadoria e Pensões (IAPs) – os institutos passam a atender os trabalhadores de determinadas profissionais e não mais às empresas. Em 1941, foi realizada a primeira Conferencia Nacional de Saúde que visava discutir a defesa sanitária, assistência social, proteção da maternidade, infância e adolescência. Bloco APS I – Leticia Fernandes Em 1953, foi criado o Ministério da Saúde. O Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) foi criado em 1966 e englobava todos os empregados de carteira assinada e ofertava assistência médica, a partir do atendimento em hospitais e ambulatórios. Em 1977, foi criado o Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (INAMPS), que destinava a todos aqueles que contribuíam para ela, isto é, aos trabalhadores de carteira assinada. Obs: as pessoas que não se encaixam na categoria exigida tinham de buscar o sistema privado ou mesmo instituições como as Santas Casas de Misericórdia e os hospitais universitários, que realizam atendimento gratuito, mas o número destas instituições, no entanto, era muito pequeno para a demanda. A Oitava Conferencia Nacional de Saúde, realizada em 1986, considerada um marco histórico, consagra os princípios preconizados pelo Movimento da Reforma Sanitária. Em 1987, é implementado o Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS) Sistema Único de Saúde Foi criado em 1988, por meio da Constituição Federal. Em 1990, a lei n 8080/1990 “Lei orgânica da saúde” detalhe o funcionamento do SUS. A Constituição de 1988 define três grandes referenciais para o SUS brasileiro: • Um conceito ampliado de saúde • A saúde como direito do cidadão e dever do estado • A instituição de um SUS Todos os brasileiros, de alguma forma, utilizam o SUS, pois ele não se resume a atendimento clinico e/ou hospitalar. É usado como modelo de referencia internacional por conta de seu alcance e multiplicidade de serviços de saúde. • Controle da qualidade da água potável • Fiscalização de alimentos pela Vigilância Sanitária • Regras e vendas de medicamentos genéricos • Campanhas de vacinação • Doação de sangue, órgãos ou leite materno Sistema: conjunto de órgãos e instituições, das três esferas de governo, que se integram com o objetivo de prestar assistência à saúde para a população de forma integral. Único: só existe ele. Mesma forma de organização e funcionamento em todo território nacional. Saúde: deixa de ser ausência de doença e passa a abranger os fatores determinantes e condicionantes à saúde (renda, atividade física, meio ambiente, saneamento básico, etc) O artigo da Lei 8080/1990 diz: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Bloco APS I – Leticia Fernandes Princípios Doutrinários do SUS • Universalidade: é a garantia de atenção à saúde por parte do sistema, a todo e qualquer cidadão. • Integralidade: conjunto de ações e serviços de saúde em todos os níveis de complexidade do sistema. • Equidade: todo cidadão é igual perante o SUS e será atendido conforme suas necessidades. O SUS é integral, igualitário e universal, ou seja, não faz, e nem deve fazer qualquer distinção entre os usuários. Inclusive, estrangeiros que estiverem no Brasil e por algum motivo precisarem de assistência de saúde, podem utilizar de toda rede do SUS gratuitamente. Princípios Organizacionais (ou Diretrizes) • Regionalização e Hierarquização: o acesso da população deve se dar através dos serviços de nível primário de atenção que devem estar qualificados para atender e resolver os principais problemas que demandam os serviços de saúde. Os demais deverão ser referenciados para os serviços de maior complexidade tecnológica. A rede de serviços, organizada de forma hierarquizada e regionalizada, permite um conhecimento maior dos problemas de saúde da população da área delimitada, favorecendo ações de vigilância epidemiológica, sanitária, controle de vetores, educação em saúde, além das ações de atenção ambulatorial e hospitalar em todos os níveis de complexidade • Resolubilidade: é a exigência de que, quando um indivíduo busca o atendimento ou quando surge um problema de impacto coletivo sobre a saúde, o serviço correspondente esteja capacitado para enfrenta-lo e resolve-lo até o nível da sua competência. • Descentralização: é entendida como uma redistribuição das responsabilidades quanto às ações e serviços de saúde entre os vários níveis de governo, a partir da ideia de que quanto mais perto do fato a decisão for tomada, mais chance haverá de acerto. • Participação da comunidade: é a garantia constitucional de que a população, através de suas entidades representativas participará do processo de formulação das políticas de saúde e do controle da sua execução, em todos os níveis, desde o federal até o local. Essa participação deve se dar nos Conselhos de Saúde, com representação paritária dos usuários, governo, profissionais de saúde e prestadores de saúde. Outra forma de participação são as Conferencias de Saúde, periódicas, para definir prioridades e linhas de ação sobre a saúde. • Completariedade do setor privado: a Constituição definiu que, quando por insuficiência do setor público, for necessário a contratação de serviços privados. Gestão do SUS O modelo de gestão do SUS é descentralizado, ou seja, o Governo Federal (união), Estados e Municípios dividem a responsabilidade de forma integrada, garantindo atendimento de saúde gratuito a qualquer cidadão, através da parceria entre os três poderes. Bloco APS I – Leticia Fernandes O SUS é financiado com os impostos, ou seja, com recursos próprios da Uniao, Estado e Município e de outras fontes suplementares de financiamento, todos devidamente contemplados no orçamento da seguridade social. A Lei Orgânica de Saúde n 8080/90, elaborada para regulamentar o SUS foi criado na Constituiçao Federal de 1988 e pela Lei n 8142/90 que dispõe sobre a participação da comunidade (Conselhos de Saúde) na gestão do SUS e sobre as transferenciais intergovernamentais de recursos financeiros à área da saúde. De acordo com a Constituição Federal, os municípios são obrigados a destinar 15% do que arrecadam em ações de saúde. Para os governos estaduais, esse percentual é de 12%. Já o Governo Federal tem um calculo um pouco mais complexo, tem que contabilizar o que foi gasto no ano anterior, mais a variação nominal do PIB. Então essa variação é somada ao que se gastou no ano anterior para se definir qual o valor da aplicação mínima naquele ano.a) Na esfera Federal: Ministério da saúde, o gestor nacional do SUS, incumbido de formular, normatizar, fiscalizar, monitorar e avaliar políticas e ações de saúde. Atua articulado ao Conselho Nacional de Saúde. Integram sua estrutura: Funasa, ANS, INCA, ANVISA, FIOCRUZ b) Na esfera Estadual: Secretaria Estadual de Saúde (SES) participando da formulação de políticas e ações de saúde. Deve, articulado ao conselho estadual, prestar apoio aos municípios. Participa da Comissão Intergestores Bipartide (CIB) objetivando aprovar a implementar o plano estadual de saúde. c) Na esfera Municipal: Secretaria Municipal de Saúde (SMS) responsável por planejar, organizar, controlar, avaliar e executar políticas e ações de saúde, articulada ao conselho municipal e esfera estadual objetivando aprovar e implementar o plano municipal de saúde. Os objetivos do SUS são: • A identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes de saúde • A formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos econômicos e social, as condições indispensáveis ao pleno exercício da saúde • A assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas. Outros agentes da estrutura do SUS: • Conselhos de Saúde: atuantes nas três esferas de governo em caráter permanente ou deliberativo. Compostos por representantes do governo, prestadores de serviços, profissionais de saúde e usuários • Comissão Intergestores Tripartite (CIT): foro para que gestores federais, estaduais e municipais negociam e compactuem no que se refere a aspectos operacionais do SUS • Comissão Intergestores BIpartide (CIB): foro para que gestores estaduais e municipais negociem e compactuem no que se refere a aspectos operacionais do SUS • Conselho Nacional de Secretário de Saúde (Conass): representa estes estaduais e do Distrito Federal na CIT Bloco APS I – Leticia Fernandes • Conselho Nacional de Secretarias Municipais de saúde (Conasems): representa estes municipais na CIT • Conselhos de Secretarias Municipais de saúde (Cosems): devem representar os entes municipais em âmbito estadual para tratar de assuntos ligados à saúde, desde que institucionalmente vinculados ao Consasems. A porta de entrada do usuário no SUS é na UBS, popularmente conhecida como Posto de saúde. A UBS é de responsabilidade de gerenciamento do município, ou seja, de cada prefeitura. Para facilitar o acesso do usuário, o município mapeia a área de atuação de cada UBS por bairro ou região. Atenção Primaria É constituída pelas: UBS, ACS, ESF e NASF Atenção Secundária É formada pelos serviços especializados em nível ambulatorial e hospitalar, com densidade tecnológica intermediaria entre a atenção primaria e a terciaria, historicamente interpretada como procedimentos de media complexidade. Esse nível compreende serviços médicos especializados, de apoio diagnóstico e terapêutico e atendimento de urgência e emergência. Atenção Terciaria Ou alta complexidade, designa o conjunto de terapias e procedimentos de elevada especialização. Organiza também procedimentos que envolvem alta tecnologia e/ou alto custo, como oncologia, cardiologia, transplantes, dialise, etc. Vigilância Sanitária É um conjunto de medidas que tem como objetivo elaborar, controlar e fiscalizar o cumprimento de normas e padrões de interesse sanitário. Estas medidas se aplicam a medicamentos e correspondentes, cosméticos, alimentos, saneantes e equipamentos e serviços de assistência à saúde. Trata-se de uma atividade multidisciplinar que regulamenta e controla a fabricação, produto, transporte, armazenagem, distribuição e comercialização de produto e a prestação de serviços de interesse da Saúde Pública. Instrumentos legais, como notificações e multas, são usados para punir e reprimir praticas que coloquem em risco à saúde dos cidadãos. Assistência Farmacêutica Atua na formulação de políticas, diretrizes e metas para as áreas e temas estratégicos necessários para a implementação da Politica Nacional de Saúde, principalmente na regulação, distribuição e controle sociais de medicamentos oferecidos pelo SUS. Bloco APS I – Leticia Fernandes Imunização O Brasil é um dos países que oferece maior numero de vacinas em sua rede pública, ao todo estão disponíveis 42 tipos de imunobiológicos e 25 vacinas que atendem a população em todas as faixas etárias. Medicamentos estratégicos São utilizados para o tratamento de doenças de notificação compulsório, ou seja, aquelas cujo controle e tratamento possuem protocolos e normas estabelecidas. Processo Saúde Doença Processo Saúde-Doença Expressão usada para fazer referencia a todas as variáveis que envolvem a saúde e a doença de um indivíduo ou população e considera que ambas estão interligadas e são consequências dos mesmos fatores. De acordo com esse conceito, a determinação do estado de saúde de uma pessoa é um processo complexo que envolve diversos fatores Possui importância para: (1) conhecimento importante para instruir ações que visem modificar o curso natural das doenças; (2) para detectar as doenças em fase mais inicial de sua história e tornar o tratamento mais eficaz; (3) conhecer a gravidade da doença para estabelecer prioridades para programas de saúde pública. Saúde • OMS 1946: Um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas como ausência de doença ou enfermidade. • Constituição Federal Brasileira 1988: resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, lazer, acesso e posse de terra dos serviços de saúde. Doença x Adoecimento • Doença: construção teórica com base em observações objetivas que tentam explicar o problema, é um conjunto de sinais e sintomas específicos que afeta um ser vivo, alterando o seu estado normal de saúde. • Adoecimento: é a experiencia pessoa e subjetiva de quem está doente, e é diferente para cada individuo Modelo Magico-Religioso • Doença como ação de forças alheias, por causa de desagrado aos deuses, uma maldição Bloco APS I – Leticia Fernandes Modelo Holístico • Proporção justa ou adequada entre saúde e doença. A causa do desequilíbrio estava relacionada ao ambiente físico, tais como: os astros, clima, insetos • Medicina Hindu: baseia-se na teoria de que a doença resulta de um desequilíbrio da força da vida do corpo (prana) • Medicina Chinesa: baseia-se na filosofia de que a doença resulta de fluxo improprio da força vital (qi) -> uso de ervas medicinas e a acupuntura para preservar e restaurar o qi Modelo Empírico-Racional • Hipocrates estabeleceu a relação homem-meio com o desenvolvimento de sua teoria dos Humores (4 fluidos): sangue, fleuma, bile amarela e bile negra. • Saúde como equilíbrio dos humores e doença como resultante do desequilíbrio deles Idade Média: idade das trevas, retrocesso • Cristianismo: doença como resultado do pecado e a cura como questão de fé • Ideias sobre contagio: peste negra Renascimento: transição praticas esotéricas – pe 6777nsamento cientifico • Condução do pensamento de forma ordenada, partindo do simples ao mais complexo • Não se deve aceitar como verdade nada que não possa ser identificado como tal Modelo Biomédico • Foco na explicação das doenças • Relação doença x situações ambientais: a causa das doenças num fator externo ao organismo, tendo o homem como receptáculo da doença • Teórica mecanista: homem como corpo-maquina; o médico como mecânico; e a doença, como defeito da máquina. Modelo Unicausal • Durante o século XVIII, os estudos se voltam para a compreensão do corpo humano e das alterações anatômicas decorrentes da doença, centrando-se no desvelamento de seus sinais e sintomas • Fim do séculoXIX: revolução pausteriana com o microscópio e os descobrimentos de microrganismos causadores de doença Bloco APS I – Leticia Fernandes • Bactéria = causa; Intervenção = eliminação da bactéria Modelo Multicausal • Inicio do século XX, quando o modelo Unicausal para a ser insuficiente para explicar as novas questões de saúde que surgem com o desenvolvimento cientifico e econômico, abrindo espaço para o modelo multicausal. • Tríade ecológica: Hospedeiro, agente e ambiente Modelo Processual • As interrelações entre o agente, a pessoa suscetível e o meio ambiente que afetam o processo global e o desenvolvimento da doença deste as primeiras forças que criam o estímulo para o processo patológico no meio ambiente, passando pela resposta do homem a esse estímulo, até às alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte. Modelo Sistêmico • Processo saúde-doença como processo sistêmico • O sistema sendo um conjunto de elementos, de tal forma relacionados, que uma mudança no estado de qualquer elemento provoca mudança no estado dos demais elementos. História Natural das Doenças Desenvolvimento do processo saúde-doença é dividido em dois momentos sequenciais: pré- patogenico e patogênico • 1 fase período epidemiológico: interesse dirigido para as relações hospedeiro-ambiente e interesse na transmissibilidade • 2 fase período patogênico: interesse no ser vivo acometido por determinada doença e suas modificações Bloco APS I – Leticia Fernandes Prevenção Ação antecipada, tendo por objetivo interceptar ou anular a evolução de uma doença na comunidade ou no indivíduo. Identifica riscos, atua sobre eles, mas não considera de alçada a gênese desses riscos. Prevenção Primária Promoção da saúde. Atinge a população como um todo, dirigida a ação sobre determinantes. Exemplos: moradia adequada, escolas, alimentação adequada, educação Bloco APS I – Leticia Fernandes Proteção especifica: imunizações, higiene pessoal e do lar, proteção contra acidentes, controle de vetores. Prevenção Secundária Diagnóstico precoce: inquérito para descoberta de casos na comunidade; exames periódicos para detecção precoce de casos; isolamento para evitar propagação de doença; tratamento para evitar a progressão da doença. Prevenção Terciaria Reabilitação – impedir a incapacidade total através da fisioterapia e terapia ocupacional. Prevenção Quaternária Não relacionada ao risco de doenças, mas ao risco por excesso de intervenções, de medicalização desnecessária. Conjunto de medidas para evitar intervenções desnecessárias e diminuir efeitos adversos dos tratamentos. Prevenção Quinquenária Compreende o profissional de saúde como um elemento dinâmico ao longo dos níveis de prevenção. Trata-se da prevenção de Burnout do profissional de saúde: estado de complexa exaustão física e/ou emocional causado pelas exigências do trabalho. Prevenção Primordial Procura evitar a instalação de fatores de risco, os quais ainda não fariam parte da população, como medidas de higiene, espaços verdes nas cidades, redução da poluição. Bloco APS I – Leticia Fernandes Rastreamento na APS Definição Aplicação de testes ou procedimentos biomédicos em pessoas assintomáticas, de grupos populacionais definidos, com o proposito de dividi-las em dois subgrupos: aquelas que podem vir a ser beneficiadas pela intervenção diagnóstico e terapêutica precoce, e aquelas que não. Sensibilidade Capacidade de um exame ser positivo quando testado entre pessoas previamente doentes. Sensibilidade de 90% significa que 10% dos casos serão falsos negativos. E grande sensibilidade detecta o maior número possível de indivíduos com a patologia. Especificidade Capacidade de um exame ser negativo quando testado em pessoas previamente sadias. Especificidade de 90% significa que 10% dos casos serão falso-positivos. Grande especificidade exclui dos resultados positivos as pessoas saudáveis. Rastreamento Oportunístico Organizado Solicitação de exames de forma não sistemática, durante uma consulta por demanda do paciente. Exames solicitados de maneira sistemática, para uma população de risco, dentro de um programa estruturado. Bloco APS I – Leticia Fernandes Diagnóstico como Prevenção Secundária Precoce Oportuno Reconhecimento pelo paciente ou pelo profissional de saúde de sinais e sintomas de uma doença, a fim de facilitar o diagnóstico antes de um agravamento. Diagnosticar uma doença no momento certo para o paciente em particular, em circunstancias especiais. Abordagem centrada na pessoa; Relação médico-paciente ao longo do tempo; Tomada de decisões baseadas em benefícios x danos Estratégias Preventivas • Prevenção redutiva: diminuir risco e exposições • Prevenção aditiva: introdução de fator de proteção • Estratégia de alto risco: grupo restrito e selecionado • Estratégia de abordagem populacional: toda a população Tabagismo O rastreamento do tabagismo deve ser feito em todos os pacientes, incluindo gestante e em todas as consultas. O beneficio da detecção e do tratamento precoce com o rastreamento deve ser maior do que se a condição fosse tratada no momento habitual do diagnóstico. Os exames que detectam a condição clinica no estágio assintomática devem estar disponíveis, aceitáveis e confiáveis. O rastreamento deve ser um processo continuo e sistemático. Bloco APS I – Leticia Fernandes Dislipidemia e Risco Cardiovascular Combinação de informações de anamnese, exame físico e exames laboratoriais para investigar múltiplos fatores de RCV. Classifica o paciente em relação às chances de ele sofrer um AVC ou IAM nos próximos 10 anos. Todo paciente com DM é alto risco. Hipertensão Fator de risco cardiovascular relacionado a AVC e DRC. Rastrear em maiores de 18 anos a cada dois anos. PA >140/90 confirmada em pelo menos 3 ocasiões distintas espaçadas em > 1 semana casa. Se foi utilizado MAPA ou MRPA, o diagnóstico de HAS é estabelecido com base no resultado da média da PA. Diabetes Fator de risco cardiovasculares que pode levar a cegueira, amputação dos membros, DRC e DCV. Rastreamento NÃO reduz risco de LOA ou morte em 10 anos. Rastreamento é justificado pela possibilidade de redução na velocidade de progressão da doença. É recomendado o rastreamento para todos os indivíduos com 45 anos ou mais, mesmo sem fatores de risco, e para indivíduos com sobrepeso/obesidade que tenham pelo menos um fator de risco adicional para DM2. A repetição deve ser considerada em intervalos de, no mínimo, três anos. E em adultos com exames normais, porem mais de um fator de risco para DM2, deve ser considerado repetir o rastreamento laboratorial em intervalo não superior a 12 meses. Alcoolismo Associado a uma serie de doenças, acidentes, incapacidades, violência e problemas de ordem social e familiar. Todos os pacientes adultos, incluindo gestante. Escala de AUDIT Obesidade É um fator de RCV modificável que pode prevenir seus pacientes de desenvolverem DVC e AVC. É fator de risco para DM e HAS. Encaminhamento para ambulatório de Cirurgia Bariatrica: IMC > 50; IMC 40-49 com comorbidades e sem sucesso no tratamento clinico por 2 anos realizados na atenção primaria; IMC 35-39 com alguma comorbidade Bloco APS I – Leticia Fernandes Câncer de Colo Uterino Quarto mais prevalente entre as mulheres brasileiras. Tem grande potencial de prevenção e cura. Realizado pelo método citopatologico. Inicio da coleta aos 25 anos para mulheres que já tiveram ou tem atividade sexual até os 64 anos. Bloco APS I – Leticia Fernandes Câncer de Mama É o câncer mais frequente e de maior mortalidade entre as mulheres. Alto potencial de cura nos estágios iniciais. Para mulheres que estão no grupo de alto riscopara câncer de mama (história familiar em parentes de primeiro grau) considerar indicar mamografia anual a partir dos 40 anos. Todas as mulheres 50-69, com exames a cada dois anos. Auto-exame não é recomendado. Sinais e sintomas: retração da pele e do mamilo; secreção aquosa ou sanguinolenta (descarga papilar); vermelhidão da pele; nódulos palpáveis nas axilas e/ou pescoço. • BIRADS 0: inconclusiva, complementar com USG • BIRADS 1 ou 2: achados benignos – seguimento de rotina • BIRADS 3: provável benigno, seguimento semestral por 1 ano, anual por 2 anos. Se normal, seguimento de rotina. • BIRADS 4: solicitar biopsia e encaminhar • BIRADS 5: alta chance de malignidade – solicitar biopsia e encaminhar • BIRADS 6: diagnostico de malignidade Câncer de Cólon e Reto Quanto mais cedo diagnostico, maior a sobrevida. Pode ser detectado por lesões benignas (pólipos) adenomatosos que demoram 10-15 anos para evoluírem para câncer, sendo possível prevenir ao se retirar os pólipos. Todos os pacientes entre 50-75 anos: teste altamente sensível de sangue oculto nas fezes a cada 2 anos e Sigmoidoscopia a cada 5 anos ou 10 anos com um dos testes de sangue oculto nas fezes anualmente. Se > 40 anos e 2 ou mais parentes de primeiro grau com câncer de colorretal em qualquer idade, solicite colonoscopia a cada 5 anos até os 75 anos. Até 80% dos testes de pesquisa de sangue oculto nas fezes podem ser falso-positivos: hemorroidas, diverticulose, doença inflamatória intestinal. Para minimizar falso-positivos: coletar 3 amostras e realizar preparo: abster-se por 72h de anti-inflamatórios (ibuprofeno, diclofenaco, AAS etc.), carne vermelha, ovos, banana, espinafre, antiácidos, antidiarreicos, vitamina C). Câncer de Próstata Rastreamento usando toque retal e/ou dosagem serica de PSA. Não há evidencias robustas de que os benefícios do rastreio de rotina se sobreponham aos riscos
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