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G E STà O D E R E C U R S O S D A E SC O LA M Ô N IC A M A N D A JI Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6687-2 9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 8 7 2 Código Logístico 59586 Gestão de recursos da escola Mônica Mandaji IESDE BRASIL 2020 Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br © 2020 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: PureSolution/Shutterstock CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ M238g Mandaji, Mônica Gestão de recursos da escola / Mônica Mandaji. - 1. ed. - Curitiba [PR] : Iesde, 2020. 122 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6687-2 1. Administração escolar. 2. Escolas - Organização e administração. 3. Democratização da educação. I. Título. 20-65715 CDD: 371.2011 CDU: 37.07:005 Mônica Mandaji Doutora em Educação: Currículo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Mestra em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Mídias Interativas aplicadas à Educação pela PUC-SP. Pós-graduada em Comunicação pela Universidade Católica de Santos (Unisantos) e em Formação de Professores para Educação a Distância pela Universidade Paulista (Unip). Graduada em Comunicação Social pela Unisantos e em Pedagogia pela UNIP. É pesquisadora e atual presidente (2020) do Instituto Conhecimento para Todos - IK4T. Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO 1 A organização da escola é responsabilidade de todos 9 1.1 Implementação de políticas da e na educação 10 1.2 Coordenador pedagógico ou administrador escolar? 14 1.3 O gestor escolar e suas competências 16 1.4 A importância da gestão escolar democrática 22 2 Recursos administrativos da escola pública 28 2.1 Captação e gerenciamento da aplicação de recursos públicos 29 2.2 Financiamento da educação pública 31 2.3 Aplicação de recursos públicos e o papel dos gestores no processo 44 2.4 Planejamento da execução e acompanhamento de gastos de recursos 48 2.5 Fluxos de controle 51 3 Recursos administrativos na escola privada 60 3.1 Gestão dos recursos financeiros sustentabilidade e oportunidade 61 3.2 Regulação de contratos de serviços e mensalidades 67 3.3 Recursos públicos aplicados nas instituições privadas 68 3.4 Fluxos de controle, organização de estoque e patrimônio 70 3.5 Desperdício de recursos na escola 72 4 A escola que olha para os seus pares 76 4.1 A gestão dos recursos humanos nas escolas 77 4.2 Perfil de lideranças e seu papel na escola 82 4.3 Comunicação na gestão escolar 87 4.4 Competências, responsabilidades e habilidades 90 4.5 Formação continuada 98 5 Gestão de crises e mudanças 102 5.1 Crises: uma ameaça presente na escola brasileira 103 5.2 O papel do gestor no momento de crise 108 Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! 5.3 Mapa de empatia e contratos de expectativas: ferramentas de engajamento 110 5.4 Ambientes virtuais de aprendizagem: desafios para escolas públicas e privadas 114 5.5 Como elaborar um plano de contingência 115 Gabarito 120 O objetivo desta obra é apresentar e discutir a gestão de recursos na escola, seja ela pública ou privada. Discutiremos a importância do papel de uma equipe gestora que conhece o funcionamento da estrutura escolar e as políticas públicas para que uma instituição desenvolva processos assertivos de ensino e aprendizagem. Para iniciar construção desses saberes, no primeiro capítulo, abordaremos os principais pontos da administração escolar democrática, destacando o papel da escola no processo de implementação de políticas da e na educação, com o olhar direcionado para a gestão no contexto da democratização do ensino. Apresentaremos, também, o papel do gestor escolar, suas competências e como sua participação ativa é fundamental para a elaboração e planejamento do projeto político-pedagógico e do currículo escolar. No segundo capítulo, estudaremos a gestão dos recursos administrativos na escola pública, com foco na infraestrutura, nos materiais e no uso dos recursos financeiros no dia a dia. Assim, será possível compreender como acontece a captação e o gerenciamento da aplicação dos recursos públicos e qual é o papel que a escola deve assumir dentro das redes de ensino e da administração pública. Teremos, no terceiro capítulo, a oportunidade de olhar para os recursos administrativos na escola privada, possibilitando a compreensão de que essas instituições, assim como as escolas públicas, estão vinculadas a redes de ensino e sujeitas às leis que regem a educação no país. Trataremos, ainda, da importância das escolas privadas no cenário da educação nacional, com as contribuições que a instituição privada proporciona para os contextos públicos, no que diz respeito à gestão pedagógica, principalmente na área da tecnologia educacional e de novas metodologias de ensino e aprendizagem, bem como na gestão administrativa com base em modelos eficazes, aplicados às áreas financeira, de infraestrutura e de patrimônio. Já no capítulo quatro será possível refletirmos sobre como a educação é um processo que tem por base a relação entre pessoas. Além disso, veremos que, para ser possível a criação de ações de sucesso na escola, é necessário que o gestor consiga desenvolver, juntamente com esse capital humano, ações que resultem no desenvolvimento de um ensino de qualidade para todos os estudantes, bem como crescimento profissional de toda a equipe escolar. APRESENTAÇÃO Por fim, no último capítulo, será comentada a importância da escola, seja ela pública ou privada, estar preparada para as mudanças sociais, que podem alterar o dia a dia da instituição. Veremos, na prática, o uso de ferramentas que podem auxiliar as instituições na manutenção do projeto pedagógico ou durante uma gestão de crise. Com isso, deixamos nosso convite para você realizar a imersão nesse fascinante e desafiador processo de gestão de recursos escolares. Bons estudos! A organização da escola é responsabilidade de todos 9 1 A organização da escola é responsabilidade de todos Para iniciar nossos estudos, ressaltamos que, comumente, é possível pensar em uma escola como uma comunidade de profis- sionais que aprendem e que para esse aprendizado ocorrer, pres- supõem-se que o gestor, enquanto líder, deve ajudar o grupo da escola a construir um forte sentimento compartilhado. Esse sen- timento deve ter como objetivo e prioridade a aprendizagem dos alunos, fazendo com que o grupo trabalhe para que seja possível ter uma prática escolar compartilhada, a fim de possibilitar que o fazer em sala de aula se transforme em um assunto de interesse coletivo, aberto à discussão e ao aperfeiçoamento. Desse modo, é importante que se tenha em mente que tal prá- tica deve ser estruturada com base em um diálogo reflexivo, que crie possibilidades para que os sujeitos envolvidos na organização da escola reflitam a respeito de suas práticas e consigamcaminhar até o destino final: a aprendizagem significativa dos alunos. Assim, podemos afirmar que a organização da escola é uma res- ponsabilidade de todos. No entanto, é importante complementar tal afirmação dizendo que, para chegar a esse nível de organização, é necessário conhecer: as políticas públicas que subsidiam as ações e os processos educativos e as sistemáticas de gestão com as compe- tências a serem assumidas por cada sujeito do processo educativo; além de compreender como acontece a elaboração do planejamen- to e do projeto político-pedagógico do currículo na escola. Dito isso, comecemos, então, a nossa jornada de estudos. Neste capítulo, vamos retomar os principais pontos da adminis- tração escolar democrática, destacando o papel da escola no pro- cesso de implementação de políticas públicas da e na educação. 10 Gestão de recursos da escola Também, vamos compreender a importância da gestão escolar no contexto da democratização do ensino, bem como os papéis dos gestores e das competências desses sujeitos tanto na escola públi- ca quanto na escola privada. Você aceita o desafio? 1.1 Implementação de políticas da e na educação Vídeo Para começar, é importante conceituarmos o termo políticas públicas. O conceito desse termo é polissêmico, ou seja, possui diferentes definições, complementares ou não, de acordo com o olhar científico que lhe é dado. Nesse caso, ficaremos com a síntese obtida por meio do trabalho de Souza (2006), que reúne o pensamento de diferentes autores e pode ser apresentado como um conjunto de ações, decisões ou programas de governos que visam assegurar determinado direito para um segmento social. Ao olhar para o Brasil, é possível perceber que as políticas públi- cas buscam estender direitos de grupos a todos os brasileiros. De acordo com Rocha (2009, p. 3), o contexto político e social brasileiro, desde as últimas décadas do século passado, tem sido marcado pelo processo de redefini- ção do papel do Estado, a partir da universalização dos direitos de cidadania, descentralização e gestão democrática das políticas públicas. Trata-se, assim, de um novo formato institucional, legi- timado pela Constituição Federal de 1988, integrante do proces- so de implementação da gestão descentralizada e participativa, que ocorreu no Brasil nos anos de 1990, nas esferas municipal, estadual e federal. A Constituição Federal de 1988, em seus artigos 205 e 206, deter- mina que a educação é dever tanto do Estado quanto da família e que deve ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade. Além disso, consagra vários princípios que devem nortear o ensino escolar. Dentre eles, estão: A organização da escola é responsabilidade de todos 11 I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006); VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade; VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006). (BRASIL, 1988) Essa Constituição trata especificamente da educação nos artigos 205 a 214, destacando, nesse último, a aplicação de recursos públicos (tema de nossos próximos capítulos). Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacio- nal de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegu- rar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diver- sos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar; III - melhoria da qualidade do ensino; IV - formação para o trabalho; V - promoção humanística, cien- tífica e tecnológica do País. VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto. (Incluído pela Emenda Constitucio- nal nº 59, de 2009). (BRASIL, 1988) O direito à educação, também previsto na Constituição de 1988, recebe, ainda, reforço do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), promulgado no ano de 1990, e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, que, juntos, visam garantir que nenhuma criança ou jovem fique fora da escola. Por meio do ECA, é assegurado às crianças e aos adolescentes o direito à vida, saúde, educação, lazer, participação cultural e dignidade. Desse modo, criança e adolescente passam, então, a ser vistos como sujeitos com direitos. Vale lembrar que a Constituição foi elaborada durante os traba- lhos da Assembleia Constituinte de 1987 e é considerada nacio- nal e internacionalmente como o marco que inaugurou o período democrático do Brasil, também chamado Nova República. Por quase dois anos os constituintes debateram temas diversos e ga- rantias de direitos que deveriam ser levados a todos os cidadãos. Ela também foi chamada Constituição Cidadã. Saiba mais 12 Gestão de recursos da escola Por sua vez, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9.394/ 1996) ratifica os preceitos do ECA e determina que o ensino deve se atentar para o respeito à liberdade e para o apreço à tolerância, bem como para a valorização da experiência extraescolar e para a vincula- ção entre educação escolar, trabalho e práticas sociais. Vale ressaltar que a somatória das determinações para a educa- ção, na Constituição, com o Estatuto da Criança e do Adolescente e a regulamentação da Lei de Diretrizes de Base tem como objetivo a formação reflexiva, criativa, produtiva e transformadora, possibili- tando aos estudantes um ambiente em que seja possível a constru- ção do conhecimento. Já em 2019, com a promulgação da Base Nacional Comum Curri- cular (BNCC), um novo ciclo na educação básica teve início. A BNCC é uma exigência colocada para o sistema educacional brasileiro com base na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996), nas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica (2009) e no Plano Nacional de Educação (2014). Ela deve se constituir como um avanço na construção da qualidade da educação. Para o Ministério da Educação, o que deve nortear um projeto de nação é a formação humana integral e uma educação de qualidade social, ou seja, preparar crianças e adolescentes para os desafios do sé- culo XXI. Mas para que essa formação ocorra da melhor maneira, o pro- cesso de ensino deve proporcionar condições para o desenvolvimento de todas as competências necessárias para o sucesso acadêmico, pes- soal e profissional em um mundo cada vez mais exigente e competitivo. Tal estruturação exigirá da escola uma nova organização como pressu- posto para colocar em prática e tornar efetivas as diretrizes da BNCC. Dentre as competências propostas pela BNCC estão a do domínio da língua e dos conceitos matemáticos, chamadas competências cogniti- vas. Não menos importantes são as competências de desenvolvimento da comunicação, da mediação de conflito e da organização dos senti- mentos e emoções, que são as chamadas competências socioemocio- nais, as quais possibilitam o desenvolvimento pleno e integral do ser humano, para que seja possível se relacionar com ele mesmo, com a família e com a sociedade. O Estatuto da Criança e do Adolescenteé uma lei federal que visa proteger e garantir os direitos de crianças e adolescentes. Ao entrar em vigência, ela substituiu a aplicação do Código de Menores. Os principais temas tratados no ECA são: direito à vida; direito à saúde; convi- vência familiar; direito à educação, à profissionali- zação, ao trabalho e à cul- tura. Para entender um pouco mais sobre esses direitos, suas garantias e os possíveis desafios, assista ao vídeo Direitos das crianças: 30 anos de garantias e desafios | Debate, publicado pelo canal do Canal Futura no YouTube. Disponível em: https://www.you- tube.com/watch?v=8qYawbFFQgc. Acesso em: 3 ago. 2020. Vídeo https://www.youtube.com/watch?v=8qYawbFFQgc https://www.youtube.com/watch?v=8qYawbFFQgc A organização da escola é responsabilidade de todos 13 As 10 competências gerais básicas da BNCC são: • Conhecimento. • Pensamento científico, crítico e criativo. • Repertório cultural. • Comunicação. • Cultura digital. • Trabalho e projeto de vida. • Argumentação. • Autoconhecimento e autocuidado. • Empatia e cooperação. • Responsabilidade e cidadania. D av oo da /S hu tte rs to ck Inúmeras e profundas transformações sociais e tecnológicas apon- tam para a necessidade de mudanças nas concepções dos sistemas de ensino, o que tende a levar o gestor escolar a modificar as formas de gestão na escola pública ou na escola privada, uma vez que, segundo o relatório Educação: um tesouro a descobrir (UNESCO, 1996), um sistema educacional precisa se apoiar em quatro pilares: aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a ser e aprender a conviver. Ao olharmos para as diretrizes da BNCC, percebe-se que, de fato, a responsabilidade está direcionada aos sistemas e às redes de ensino quando se afirma que: cabe aos sistemas e redes de ensino, assim como às escolas pú- blicas e privadas, em suas respectivas esferas de autonomia e competência, incorporar aos currículos e às propostas pedagógi- cas a abordagem de temas contemporâneos que afetam a vida humana em escala local, regional e global, preferencialmente de forma transversal e integradora. (BRASIL, 2019. p. 19-20) Desse modo, dentre algumas das temáticas que precisam ser trata- das de forma transversal, estão os direitos da criança e do adolescente, a educação para os direitos humanos e para as relações étnico-raciais, bem como o ensino de História e da Cultura afro-brasileira e indígena. Para entender melhor o que são esses pilares que devem apoiar os sistemas de ensino, conheça os objetivos de cada um acessando o relatório na íntegra. Disponível em: http://dhnet.org. br/dados/relatorios/a_pdf/r_ unesco_educ_tesouro_descobrir. pdf. Acesso em: 3 ago. 2020. Saiba mais http://dhnet.org.br/dados/relatorios/a_pdf/r_unesco_educ_tesouro_descobrir.pdf http://dhnet.org.br/dados/relatorios/a_pdf/r_unesco_educ_tesouro_descobrir.pdf http://dhnet.org.br/dados/relatorios/a_pdf/r_unesco_educ_tesouro_descobrir.pdf http://dhnet.org.br/dados/relatorios/a_pdf/r_unesco_educ_tesouro_descobrir.pdf 14 Gestão de recursos da escola Além disso, é fundamental compreender que cabe aos sistemas de en- sino e às escolas contemplar essas habilidades, contextualizando-as de acordo com a realidade de cada território. Ao refletirmos sobre essas atribuições que devem ser cumpridas pelas escolas, chega-se, então, a uma pergunta importante: qual é o papel do gestor escolar na implantação da BNCC? Para que essas diretrizes sejam capazes de promover mudanças que venham a resultar em melhores práticas e, consequentemente, chegar a uma educação que possibilite às crianças e aos jovens esta- rem em sintonia com as necessidades e exigências da sociedade do século XXI, é fundamental que cada uma das partes envolvidas faça a sua “lição de casa”. Nesse processo de adaptação, o gestor escolar tem o papel de cons- truir na sua escola a nova proposta pedagógica por meio do projeto político-pedagógico, que precisa estar alinhado às diretrizes da BNCC. Desse modo, o gestor precisa incluir toda a equipe de sua escola na discussão e na reflexão a respeito de que tipo de aluno deseja formar e qual ambiente pedagógico deseja construir. Para que isso seja possível, o gestor escolar precisa preparar os professores e a equipe pedagógica com o objetivo de analisar os resultados do processo e replanejar, caso haja a necessidade de mudanças de direcionamento. Desse modo, para atingir os resultados previstos na BNCC, o gestor escolar precisa construir um planejamento claro e participativo com todos os indivíduos da escola, sem esquecer, é claro, que há inúmeras outras diretrizes que incidem sobre a gestão escolar e que precisam estar presentes nesse momento de estruturação. 1.2 Coordenador pedagógico ou administrador escolar? Vídeo Pensar a gestão escolar implica abordar um caráter mediador, que abre inúmeras possibilidades de distribuição da autoridade e de or- ganização do trabalho. Desse modo, não se pode restringir a gestão ao campo da ação administrativa, entendida como a organização e as providências relativas ao desenvolvimento das atividades-meio. Sendo assim, é preciso ir além e entender a escola como um todo, agregar as ações administrativas às demais atividades que funcionam como sus- tentação da ação pedagógica. A organização da escola é responsabilidade de todos 15 De acordo com André (1995), é fundamental conhecer a escola em suas relações e interações no dia a dia, pois, assim, será possível apreender as forças que a impulsionam e a retêm e, com essa obser- vação, identificar as estruturas de poder e os modos de organização. O processo de aprendizado, como atividade-fim, é a razão de ser de todas as demais atividades, desfazendo completamente o sentido da di- cotomia entre o “administrativo” e o “pedagógico”. De acordo com o que afirma Paro (2012), o objetivo específico do administrativo é mediar a realização dos fins e se o fim da escola é o pedagógico, como agir admi- nistrativamente na escola sem ter o pedagógico em primeiro plano? É esse caráter mediador da gestão que se pode considerar como o principal objeto: adequação entre meios e fins. Dessa forma, o pa- pel do diretor na unidade escolar, no que tange à sua competência, é desenvolver continuamente a competência profissional de seu quadro de funcionários, reconhecendo-se como gestor em conjunto com a co- munidade escolar e considerando a cultura existente na escola. Para que isso ocorra, o diretor deve adotar uma perspectiva proativa para propor soluções criativas a problemas recorrentes e ações eficientes que garantam qualidade ao ensino. De acordo com Boccia (2014), antes de ser um administrador da es- cola, o diretor precisa ser um educador focado em melhorar sempre a qualidade do ensino oferecido em sua instituição. O trabalho precisa seguir duas vertentes: eficiência administrativa e ensino-aprendizagem. Vale ressaltar que o diretor é aquele que responde legal, judicial e pedagogicamente pela escola, seja ela pública ou privada. Para Lopes (2002), o diretor da escola é, na verdade, um sujeito de ação que está envolvido com muitos elementos do fazer diário e pre- cisa constantemente conviver e administrar situações que envolvem: a prevalência da separação entre administrativo e pedagógico na realização do trabalho de direção; a não compreensão do senti- do e da importância do projeto político-pedagógico da escola; a resistência ao envolvimento na tomada de decisão de cada um dos sujeitos que atuam na escola; a incipiente participação dos pais, ou seja, a não existência de uma cultura de participação; olhar dos trabalhadores da escola para o diretor, considerando-o mais responsável que os demais trabalhadores e funcionários, demonstrando uma incompreensão da importância de cada um 16 Gestão de recursos da escola e de todos na busca de soluções para os problemas; a existência de confronto entre os projetos de interesse da escola e aqueles indicados pelo sistema. (LOPES, 2002apud BOCCIA, 2014, p. 20) Em suma, é necessário que o Diretor cumpra as seguintes diretrizes: • separar as ações administrativas das pedagógicas; • buscar compreender o sentido e a importância do projeto político-pedagógico da escola; • evitar a resistência dos sujeitos da escola na tomada de decisão; • reverter a cultura de não participação dos pais na escola; • reverter o olhar dos trabalhadores da escola de que o diretor é quem deve buscar soluções para os problemas da instituição; • identificar a existência de confronto entre os projetos de interesse da escola e aqueles indicados pelo sistema. Diante do que vimos, podemos concluir que o diretor vai ter dois papéis dentro da escola: aquele que assume a responsabilidade admi- nistrativa da instituição e aquele que trabalha o pedagógico como meta para atingir a aprendizagem significativa dos estudantes. Ainda vale ressaltar que, seja na escola pública ou na escola privada, a liderança mais adequada à condução das atividades den- tro de uma escola é a que chamamos de gestão democrática. Esse modelo de gestão é aquele em que o diretor não está sozinho no processo administrativo e há a preocupação de ouvir os demais participantes do ambiente escolar. 1.3 O gestor escolar e suas competências Vídeo Vivemos em um mundo em que a tecnologia vem revolucionando e transformando não só as relações humanas, como toda nossa for- ma de comunicação e de trabalho. Essas tecnologias, conhecidas como Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), proporcionaram di- ferentes formas de construir conhecimentos e difundi-los pelas redes (SEVCENKO, 2005). A educação não fica fora desse contexto e, então, surge a necessidade de um projeto pedagógico capaz de atender às novas demandas da sociedade do século XXI. Luck (2000) afirma que é necessário que o diretor incentive o trabalho coletivo, uma vez que esse é o resultado fiel de uma gestão democráti- ca. Para que esse trabalho coletivo exista, é necessário criar ambientes Por lei (Lei n. 14.660, de 26 de dezembro de 2007), para exercer o cargo de direção nas escolas públicas de São Paulo ou no município paulistano, é necessário que o gestor tenha licenciatura em pedagogia ou mestrado em educação e experiência docente de três anos (para o Estado), com contratação por concurso de ingresso/acesso, e três anos (para a Prefeitura), com ingresso por acesso (Lei n. 14.660, de 26 de dezembro de 2007). Saiba mais Para saber um pouco mais sobre as atribuições de um diretor e como organizar sua gestão pedagógica, sugerimos a leitura muito enriquecedora do e-book Gestão escolar em destaque, da coleção pedagogia de A a Z. BOCCIA, M.B; DABUL, M.R; LACERDA, S.C. (orgs). Jundiaí, SP: Paco Editorial, 2014. Livro A organização da escola é responsabilidade de todos 17 participativos. Estes proporcionam o desenvolvimento de uma visão do conjunto da escola e de sua responsabilidade social, isto é, permite que os participantes desenvolvam competências e aptidões que auxiliem no processo de comunicação transparente e ética na escola. Podemos dizer que o diretor deverá ser um mediador, um articu- lador nas diferentes áreas de gestão. No entanto, é fundamental ter clareza de que esse gestor da escola é quem responde legal e judicial- mente por ela, bem como pedagogicamente por seus resultados. Essa última atribuição, uma das mais importantes, é, às vezes, esquecida. Diante do que foi apresentado até aqui, vamos pensar em quais se- riam as competências que os diretores assumem para garantir a gestão democrática em suas escolas. Veja, a seguir, o quadro de competências que um diretor precisa desen- volver para garantir uma gestão democrática em sua escola . Quadro 1 Competências para um diretor escolar Garantir o funcionamento pleno da escola como organização social, com foco na formação de alunos e na promoção da aprendizagem, mediante o respeito e a aplicação das determinações legais nacionais, estaduais e locais em todas as suas ações e práticas educacionais. Aplicar nas práticas de gestão escolar e na orientação dos planos de trabalho e ações promovidas na escola fundamentos, princípios e diretrizes educacionais consistentes e de acordo com as demandas de aprendizagem e formação de alunos como cidadãos autônomos, críticos e participativos. Promover, na escola, o sentido de visão social do seu trabalho e elevar as expectativas em relação aos seus resultados educacionais como condição para garantir qualidade social na formação e na aprendizagem dos alunos. Definir, atualizar e implementar padrões de qualidade para as práticas educacionais escolares, com visão abrangente e de futuro, de acordo com as demandas de formação promovidas pela dinâmica social e econômica do país, do estado e do município. (Continua) 18 Gestão de recursos da escola Promover na escola o sentido de unidade e garantir padrões elevados de ensino, orientado por princípios e diretrizes inclusivos, de equidade e respeito à diversidade, de modo que todos os alunos tenham sucesso escolar e desenvolvam-se efetiva e plenamente. Articular e englobar as várias dimensões da gestão escolar e das ações educacionais como condição para garantir a unidade de trabalho e desenvolvimento equilibrado de todos os segmentos da escola e na realização de seus objetivos de acordo com uma perspectiva interativa e integradora. Proporcionar, na gestão escolar, uma visão abrangente de escola, um sistema de gestão escolar e uma orientação interativa, mobilizadora dos talentos e competências dos participantes da comunidade escolar, na promoção de uma educação de qualidade. Fonte: Elaborado pela autora com base em Luck (2009). Diante das competências apresentadas, podemos sintetizar que o diretor precisa estar disponível para conversar com seus pares, a fim de desenvolver escuta ativa, dar orientações e feedbacks. É necessário, também, desenvolver uma boa comunicação com os diferentes públicos da escola, ser organizado com os processos de gestão dentro da escola e, além disso, estar aberto a ser um agente de transformação de ensino-aprendizagem em sua instituição. Na prática A seguir, temos duas atividades que podem ajudar um gestor a mo- tivar a sua equipe e a desenvolver as competências do grupo. Bingo da Empatia Com o Bingo da Empatia (ou da Amizade), os participantes são re- cebidos com o sentimento de que todos fazem parte de uma equipe. Além de proporcionar interação e permitir compartilhar informações entre os participantes, a atividade promove habilidades como comuni- cação, empatia, autoconhecimento e consciência social. A organização da escola é responsabilidade de todos 19 Essa atividade é uma maneira de as pessoas perceberem que não estão sozinhas e que outros colegas podem compartilhar experiências de vida parecidas, assim como ideias. A seguir, trouxemos um modelo de cartela para o bingo. Você pode adaptá-la de acordo com a realidade da sua escola e com os objetivos disponíveis. Usa óculos Pratica esportes Adora redes sociais Tem gatos Gosta de viajar Gosta de montanhas Gosta de ser professor Tem cachorros Se considera empreendedor Tem ideias criativas Não gosta de tecnologia Gosta de trabalhar de modo colaborativo Tem filhos Gosta de criar coisas novas É uma pessoa colaborativa É introvertido É inventivo É professor por conta do acaso Gosta de estudar Sabe andar de bicicleta É lindo É tímido É casado Adora praia Temas trabalhados • Autoconhecimento. • Consciência social. • Identificação com o grupo. • Respeito pelas diferenças. • Empatia e amizade. Materiais • Cartela de bingo com questões dirigidas. • Lápis ou caneta. Passo a passo Explique aos participantes como funciona o jogo e que essa é uma maneira de eles aprenderem sobre si e descobrir o que têm em comum com os colegas ou o em que são diferentes deles. Cada participante deve receber uma cartela de bingo com questões dirigidas e, em seguida,devem se separar em pequenos grupos. Per- iconim/Shutterstock 20 Gestão de recursos da escola ceba que o campo do centro da cartela tem apenas um símbolo, mas conta como resposta válida para completar a linha. Os participantes devem se conhecer e, em seguida, fazer perguntas aos colegas do grupo. À medida que as perguntas são respondidas, eles devem marcar as respostas corretas com o nome da pessoa nos quadrinhos, identificando as semelhanças e as diferenças entre ambos. Após o tempo determinado ter se esgotado (de 10 a 15 minutos), é feita a contagem de casas preenchidas: uma linha completa (quina) na vertical, horizontal ou diagonal. É importante reforçar aos participantes que está tudo bem se não conseguirem preencher todos os quadradinhos. Aquele que conseguir preencher uma linha deve ler as afirmativas e indicar o nome de qual colega preencheu em cada uma. Há também outra prática que pode contribuir muito na construção de um ambiente colaborativo e que auxilia na integração de sua equipe escolar. Veja a seguir. Ikigai Ikigai, em japonês, significa “razão de ser”. É o ponto, a essência que torna você ser o que é, o propósito para a sua existência. Esse ponto está relacionado ao o que somos e o que fazemos. O que somos está ligado a nossas crenças, re- lacionamentos, nossa cultura etc. Enquanto o que fazemos se refere ao nosso trabalho, à nossa vo- cação, à nossa profissão, ao nosso lazer etc. Em uma sociedade mais industrial e “moderna” como a nossa, o Ikigai relacionará sempre o ser humano e o trabalho para encontrar o ponto ideal. Portan- to, para encontrarmos esse ponto, é preciso des- cobrir as respostas para as seguintes perguntas: • O que você ama fazer em sala de aula? (Paixão). • O que você faz bem? (Missão). • O que você pode fazer para colocar seus talen- tos em prática em sala de aula? (Profissão). • O que você pode fazer para auxiliar os alu- nos a se engajarem na sociedade do século XXI? (Vocação). O que você ama O que você faz bem Paixão Missão Profissão Vocação IKI GAI O que o aluno precisa O que você pode fazer A organização da escola é responsabilidade de todos 21 Como fazer Peça aos professores que se dividam em duplas. Serão 4 ro- dadas de 8 minutos cada, nas quais cada pessoa da dupla terá 4 minutos para entrevistar seu par. Passados os 4 minutos, o colega que estava sendo entrevistado pas- sa a ser o entrevistador. • Rodada 1 – Pergunta: o que você ama fazer em sala de aula? • Rodada 2 – Pergunta: o que você faz bem? • Rodada 3 – Pergunta: o que você pode fazer para colocar seus talentos em prática em sala de aula? • Rodada 4 – Pergunta: o que você pode fazer para auxiliar os alu- nos a se engajarem na sociedade do século XXI? Nessa etapa, é importante “pensar grande”, mas sem perder de vis- ta que esse “mundo” pode ser o nosso entorno, a nossa comunidade, o nosso bairro, a nossa cidade. Para uma compreensão do todo, vale distribuir uma folha no modelo do Ikigai com essas quatro dimensões, assim os professores poderão ter uma ideia mais ampla de suas refle- xões e escolhas. Depois de realizadas as entrevistas, é o momento de fazer as “amar- rações” necessárias para que os professores vejam que a intersecção de suas respostas é seu Ikigai/razão de ser. Instigue o grupo a falar sobre suas reflexões e escolhas e deixe que digam como chegaram a essas conclusões. É importante ouvi-los e va- lorizar esse momento de partilha. Com base nas falas e em sua mediação, cada professor consegui- rá construir seu Ikigai. Para isso, trataremos de quatro instâncias que derivam das perguntas feitas inicialmente: Paixão, Missão, Profissão e Vocação. A grande reflexão é como misturarmos essas quatro instân- cias de nossa vida. Mais do que alcançar um resultado, essa atividade tem em seu pro- cesso reflexivo a grande riqueza de ser um mergulho profundo e im- portante dos professores em suas próprias vidas. 22 Gestão de recursos da escola E qual é o seu Ikigai? Para saber um pouco mais sobres essas dinâmicas, acesse o site Pense Grande. Na Área do Multiplicador, você encontrará a história do projeto e as metodologias para trabalhar com classes de ensino médio, com escolas técnicas, bem como com Ongs e espaços não escolares. Disponível em: http://pensegrande.org.br/metodologia. Acesso em: 3 ago. 2020. 1.4 A importância da gestão escolar democrática Vídeo Para falarmos de gestão escolar democrática, precisamos com- preender que a regulamentação do sistema educacional brasileiro tem como pilares a Constituição Federal de 1988, com suas emendas pos- teriores somadas à Lei de Diretrizes e Bases de 1996, responsável por definir a gestão democrática enquanto princípio. De acordo com o Artigo 3° da Lei n. 9.394/1996, o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na es- cola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade do ensino público em estabelecimen- tos oficiais; VII - valorização do profissional da educação escolar; VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino entre outros. (BRASIL, 1996) A LDB apresenta, ainda, princípios que visam nortear e implementar a gestão democrática na educação básica. Art. 14 – Os sistemas de ensino definirão as normas de gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto político-pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. (BRASIL, 1996) Para que a gestão democrática possa ser regulamentada nas ins- tituições de ensino, existem dois instrumentos de participação que precisam ser implementados: o projeto político-pedagógico (PPP) e os conselhos escolares. http://pensegrande.org.br/metodologia A organização da escola é responsabilidade de todos 23 Para tanto, o gestor escolar precisa ter claro os princípios que re- gem os dois instrumentos e que determinam que o PPP precisa ser construído pelo desenvolvimento dos profissionais de educação da ins- tituição, ou seja, coordenador pedagógico, professores, supervisores etc., enquanto o conselho escolar precisa envolver os funcionários e a comunidade. De acordo com Boccia (2011, p. 50), o projeto político-pedagógico se constitui em instrumento impor- tante que pode ser considerado uma possibilidade de viabilização democrática, representante da autonomia da escola e da concre- tização do trabalho coletivo. Entretanto, as resistências e as rela- ções de poder estarão permeando a construção desse trabalho. Vale destacar que, ainda dentro do contexto da reestruturação da educação nacional, com a Constituição de 1988 e com a LDB 1996, as reformas também impactaram o sistema de ensino privado, pois trou- xeram diretrizes da estrutura e de como deverá ser o funcionamento da escola privada. Como pode ser visto no inciso III, artigo 206, da Constituição de 1988, “o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: III - plura- lismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de ins- tituições públicas e privadas de ensino”. Já o artigo 209 afirma que o ensino é livre da iniciativa privada se atendidas as seguintes condições: I - cumprimento das normas gerais da educação nacional; II - autoriza- ção e avaliação de qualidade pelo poder público (BRASIL, 1988). Com base nos artigos apresentados, é possível compreender que uma escola privada é autorizada a entrar em funcionamento ao aceitar os parâ- metros legais apresentados pelo Ministério da Educação, ou seja, essas es- colas se submetem às diretrizes e bases daeducação para serem aprovadas. O que é reforçado no artigo 19 da Lei de Diretrizes de Base, que apresenta o seguinte: Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes níveis classifi- cam-se nas seguintes categorias administrativas: I - públicas, assim entendidas as criadas ou incorporadas, mantidas e admi- nistradas pelo Poder Público; II - privadas, assim entendidas as mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de di- reito privado. (BRASIL, 1996) E complementado no artigo 20, que afirma: Art. 20. As instituições privadas de ensino se enquadrarão nas seguintes categorias; I - particulares, em sentido estrito, assim 24 Gestão de recursos da escola entendidas as que são instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas do direito privado que não apresen- tem as características dos incisos abaixo: II - comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas educacionais, sem fins lucrativos, que incluam na sua entida- de mantenedora representantes da comunidade. III - confes- sionais, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendem a orientação confessional e ideologia específicas e ao disposto no inciso anterior; IV - filantrópicas, na forma da lei. (BRASIL, 1996) No que diz respeito à gestão democrática, tanto a escola pública quan- to a privada precisam desenvolver um projeto político-pedagógico, uma vez que este irá balizar a tomada de decisões dentro da instituição de ensino em um processo contínuo de planejamento e avaliação. Na área de educação, é comum afirmar que a construção do PPP é o “ovo de Colombo”, pois, ao ser construído colaborativamente e apresen- tado de maneira clara, possibilita que toda a comunidade escolar o com- preenda e possa segui-lo e/ou sugerir mudanças quando necessário. Para construir um PPP, a equipe pedagógica precisa seguir alguns passos e diretrizes. São eles: 1. Definir a sua missão. Independentemente do que for decidido, pode-se rever a definição sempre que a missão proposta for cumprida ou não atender mais à realidade da escola. No entanto, é importante lembrar que esse item deve estar de acordo com o que é proposto nos planos municipais e/ou estaduais de educação, bem como com as leis nacionais vigentes. 2. Definir de forma clara os dados referentes ao público-alvo da aprendizagem, além de onde se objetiva chegar e qual é o plano de ação a ser executado. É importante considerar a participação do conselho escolar nesse processo. 3. Comunicação efetiva e acessível. É fundamental que todos os professores e funcionários tenham acesso ao PPP, e que ele também chegue aos pais e à comunidade escolar, nem que seja em uma versão reduzida. 4. Para a criação de um PPP efetivo, existem alguns itens que precisam ser desenvolvidos, como: a. missão, também conhecido como marco referencial; b. descrição da clientela (histórico da comunidade e da escola; contexto no qual ela está inserida; retrato das condições socioe- conômicas, educacional e cultural das famílias); c. levanta de dados de aprendizagem (dados sobre matrículas, aprovações e reprovações, evasão, distorção idade/série etc.); d. mapeamento de como pode ocorrer a participação dos pais nos projetos da escola e nas tomadas de decisão; e. descrição dos recursos existentes nas escolas (a estrutura física, os recursos humanos, financeiros e de materiais pedagógicos); f. apresentação das diretrizes pedagógicas da escola (envolve a apresentação do currículo da escola de forma detalhada, com objetivos de aprendizagem, metas, entre outros). g. elaboração de plano de ação (este item envolve ações e projetos institucionais da escola durante o ano letivo); h. comunicação – após a estruturação do PPP, este deve ser submetido ao conselho escolar e, após a aprovação, deve ser divulgado para a comunidade escolar e encaminhado à Secretaria de Educação (municipal ou estadual). Na prática A organização da escola é responsabilidade de todos 25 No que diz respeito ao conselho escolar, é necessário retomar que, em 2004, o Ministério da Educação criou o Programa Nacional de Fortalecimento dos conselhos escolares, com o objetivo de: I - ampliar a participação das comunidades escolar e local na gestão administrativa, financeira e pedagógica das escolas pú- blicas; II - apoiar a implantação e o fortalecimento de conselhos escolares; III - instituir políticas de indução para implantação de conselhos escolares; IV - promover, em parceria com os sistemas de ensino, a capacitação de conselheiros escolares, utilizando inclusive metodologias de educação a distância; V - estimular a integração entre os conselhos escolares; VI - apoiar os conselhos escolares na construção coletiva de um projeto educacional no âmbito da escola, em consonância com o processo de democra- tização da sociedade; VII - promover a cultura do monitoramento e avaliação no âmbito das escolas para a garantia da qualidade da educação. (BRASIL, 2004, p. 7) A ideia ao criar esses conselhos escolares era abrir caminho para que houvesse a participação da comunidade escolar na ges- tão da escola, possibilitando, assim, a abertura de portas para a criação de uma gestão democrática. Outro objetivo era garantir, dentre outras coisas, a universalização do ensino e a propagação de estratégias democratizantes. De acordo com o Estatuto do Conselho Escolar do Ministério da Educação, Art. 3º - O Conselho Escolar é um órgão colegiado de natureza deliberativa, consultiva e fiscal, não tendo caráter político-parti- dário, religioso, racial e nem fins lucrativos, não sendo remune- rados seu Dirigente ou Conselheiros. Art. 4º - O Conselho Escolar tem por finalidade efetivar a gestão escolar, na forma de colegiado, promovendo a articulação entre os segmentos da comunidade escolar e os setores da escola, cons- tituindo-se no órgão máximo de direção. (BRASIL, 2004, p. 7) Em síntese, é possível afirmar que o conselho escolar tem o pa- pel de atuar como mediador de ações e aglutinador de sujeitos dentro do espaço de gestão democrática na escola pública. Conforme já vimos neste capítulo, o Conselho Escolar tem um papel importante na cons- trução de uma gestão democrática na escola pública. Pensando nisso, a Secretaria de Educação de Manaus (AM) desen- volveu, em 2015, um manual para auxiliar os Conselhos Escolares de sua rede. Para conferir o Manual na íntegra, acesse o site do SEMED Manaus. Disponível em: https:// semed.manaus.am.gov.br/ wp-content/uploads/2016/07/ MANUAL-DO-CONSELHO-ESCOLAR- ATUALIZADO-1.pdf. Acesso em: 3 ago. 2020. Leitura https://semed.manaus.am.gov.br/wp-content/uploads/2016/07/MANUAL-DO-CONSELHO-ESCOLAR-ATUALIZADO-1.pdf https://semed.manaus.am.gov.br/wp-content/uploads/2016/07/MANUAL-DO-CONSELHO-ESCOLAR-ATUALIZADO-1.pdf https://semed.manaus.am.gov.br/wp-content/uploads/2016/07/MANUAL-DO-CONSELHO-ESCOLAR-ATUALIZADO-1.pdf https://semed.manaus.am.gov.br/wp-content/uploads/2016/07/MANUAL-DO-CONSELHO-ESCOLAR-ATUALIZADO-1.pdf https://semed.manaus.am.gov.br/wp-content/uploads/2016/07/MANUAL-DO-CONSELHO-ESCOLAR-ATUALIZADO-1.pdf 26 Gestão de recursos da escola CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo, pudemos perceber que a escola é uma comunidade de profissionais que aprendem. Vimos também que, para esse aprendi- zado ocorrer, pressupõem-se que haja uma gestão democrática, ou seja, a compreensão de que a organização da escola é responsabilidade de todos. Nesse processo, é necessário conhecer as políticas públicas que subsidiam as ações e os processos educativos, bem como as sistemáti- cas de gestão com as competências a serem assumidas por cada sujeito do processo do fazer educativo; além de compreender como acontece a elaboração do planejamento e do projeto político-pedagógico de um currículo na escola. Ao falarmos em políticas públicas, focamos na Constituição Federal de 1988 e emseus artigos, que se dirigem exclusivamente à educação. São exemplos os artigos 205 e 206, pois determinam que a educação é dever tanto do Estado quanto da família e que deve ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade. Além disso, refletimos sobre os princi- pais norteadores para o ensino escolar: igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino. Complementamos esse processo de olhar para as políticas públicas falando do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). ATIVIDADES 1. Quando analisamos a educação pela ótica das políticas públicas, impreterivelmente recorremos à Constituição Federal, ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), à Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e à Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017). Em sua opinião, qual é a importância dessa conjugação na vida de um gestor escolar? A organização da escola é responsabilidade de todos 27 REFERÊNCIAS ANDRÉ, M. E. de. Etnografia da prática escolar. Campinas: Papirus, 1995. BOCCIA, M. B; DABUL, M.R; LACERDA, S. C. (orgs). Gestão Escolar em Destaque. Jundiaí, SP: Paco Editorial, 2011. (Coleção Pedagógica de A a Z – Volume 5 – e-book). BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Base Nacional Comum Curricular, 2019. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site. pdf. Acesso em 22 out. 2020. BRASIL. Constituição Federal (1988). Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao. htm. Acesso em: 3 ago. 2020. BRASIL. Estatuto do Conselho Escolar. 2004. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/ arquivos/pdf/Consescol/pr_lond_sttt.pdf. Acesso: 3 ago. 2020. BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394. htm. Acesso em: 3 ago. 2020. BRASIL. Lei 10.172, de 9 de janeiro de 2001. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 9 de janeiro de 2001. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ leis_2001/l10172.htm. Acesso em: 3 ago. 2020. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. 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O que você costuma olhar no espaço escolar? Nós olhamos, geralmente, para a infraestrutura: como está a conser- vação do prédio e dos demais espaços – como salas de aula, banheiro, pátio, quadras; observamos a limpeza e a conservação dos elementos do espaço, ou seja, das cadeiras, das mesas, dos armários etc. Além disso, notamos como os funcionários atuam e como os alunos se organizam, objetivando perceber como é o processo de aprendizado deles. Em um panorama geral, olhamos para a instituição de ensino pelo viés de sua gestão administrativa, a qual pode ser sintetizada em como acontece a organização, a direção e a manutenção dos recursos da escola com o objetivo de construir um processo de ensino e aprendiza- gem de qualidade. Podemos afirmar, ainda, ser a administração escolar que possibilita o funcionamento de todos os setores. Para garantir o exercício adequado da escola dividimos a admi- nistração escolar em diferentes áreas de gestão, como: gestão peda- gógica, gestão administrativa escolar, gestão de recursos humanos, gestão financeira, gestão de comunicação, entre outras. Algumas redes de ensino, tanto públicas quanto privadas, sub- dividem as áreas mencionadas criando outras, como de tecnologia, patrimônio e cotidiano escolar. Vale ressaltar que o papel do diretor é fundamental no processo de articulação dessas diferentes áreas e que, na administração democrática, a sua atuação passa pela fase de ouvir os pares e possibilitar a participação ativa de todos. Por fim, para a escola funcionar e atingir os seus objetivos de construção dos processos de ensino e aprendizagem, é necessá- rio que a administração escolar funcione de modo eficiente. Neste capítulo, será possível conhecer e discutir a gestão dos recursos administrativos na escola pública com foco em infraestrutura, ma- teriais e recursos financeiros. Recursos administrativos da escola pública 29 2.1 Captação e gerenciamento da aplicação de recursos públicos Vídeo Para compreendermos como ocorre a captação e o gerenciamento dos recursos públicos na escola é preciso entendermos a organização do sistema de administração pública da educação ao qual a unidade de en- sino está vinculada; uma vez que são as características dessa organização que irão direcionar para um maior ou menor grau de centralização ou descentralização das ações de gestão. Vale ressaltar que desde a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996, há crescimento do movimento de descentrali- zação administrativa escolar, fato que tem elevado a autonomia das escolas no que diz respeito à gestão dos seus recursos financeiros e pedagógicos. Aliada a isso, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)apresenta tópicos que falam da necessidade de o currículo olhar, tam- bém, para as realidades regionais. Desse modo, a gestão de recursos financeiros na escola precisa par- tir de um olhar macro – no qual o gestor compreende a administração escolar à qual sua unidade de ensino está vinculada – a um olhar mi- cro, aquele que consegue incorporar princípios éticos, transparentes e democráticos para o gerenciamento dos recursos destinados à escola. Observe, no quadro a seguir, a definição das tarefas direcionadas a cada tipo de gestão no ambiente escolar. Quadro 1 Áreas da gestão escolar As diferentes áreas da gestão da administração escolar Gestão pedagógica É responsável pela organização do sistema acadêmico da escola. Possui um olhar para o desenvolvimento de práticas educacionais que garantam uma educação de qualidade a todos os estudantes. Gestão administrativa escolar É quem assegura a manutenção do espaço físico e do patrimônio da escola (em algumas instituições essa área de patrimônio compõe outra área de gestão). Está ligada a essa área a garantia do cumprimento de leis e as diretrizes de ensino. Gestão financeira É quem administra o orçamento da instituição de ensino. Gestão de recursos humanos É responsável pelos funcionários da instituição. Gestão de comunicação É mais comum nas escolas privadas, sendo a responsável por organizar o fluxo de comunicação da instituição. (Continua) 30 Gestão de recursos da escola As diferentes áreas de gestão da administração escolar Gestão de tecnologia Atualmente, muitas instituições (principalmente as privadas) têm compreendido a tecnologia como aliada de uma gestão escolar de sucesso e de uma aprendiza- gem compatível com as exigências da sociedade do século XXI. Gestão de patrimônio Em algumas instituições essa área se separa da gestão administrativa. Ela é res- ponsável por todos os bens patrimoniais da instituição de ensino. Gestão de cotidiano escolar É a gestão responsável pelo dia a dia da escola, objetivando otimizar os fluxos de trabalho. Fonte: Elaborado pela autora. Vamos observar o infográfico a seguir para compreender melhor o cenário no qual a escola está inserida e como ocorrem as articulações para a captação e gestão de recursos. Figura 1 Unidade escolar como parte de um sistema de ensino An th on yc z/ Sh ut te rs to ck Sistema escolar Rede formada por escolas públicas ou privadas. Estrutura de sustentação formada por órgãos e mecanismos necessários ao seu funcionamento. A escola pública não funciona isoladamente, pois necessita de recursos para a sua manutenção. ESCOLA ESCOLA ESCOLA Fonte: Elaborada pela autora com base em Brasil, 1996. Em síntese, por deliberação da LDB n. 9.694/1996, toda esco- la está atrelada a um sistema de ensino e a órgãos e mecanismos necessários ao seu funcionamento. Essa escola deve atender a um conjunto de normas que regem as atividades e funções por ela de- senvolvidas, de acordo com as orientações e diretrizes da adminis- tração escolar a qual está vinculada. Assim, os recursos financeiros podem chegar à instituição de ma- neira centralizada ou descentralizada, pois as escolas estão sempre vinculadas às secretarias de educação (municipal ou estadual), que centralizam a maior parte dos recursos financeiros e os encaminham Recursos administrativos da escola pública 31 para a unidade de ensino por meio dos chamados benefícios 1 . Podemos afirmar que entre as atribuições das secretarias estão: comprar equipamentos, realizar a manutenção dos prédios, pagar servidores etc. Já quando tratamos de recursos descentralizados, estamos nos referindo às instituições privadas, sem fins lucrativos, que atuam em conjunto com a administração pública para captar outros recursos para a escola, como as associações de pais e mes- tres (APMs), por exemplo. Hoje, essas instituições têm atuado junto à escola no sentido de auxiliar na administração dos recursos financeiros que chegam à unidade de ensino seja por meio de fontes públicas, como recursos do Programa dinheiro direto na escola (PDDE), ou da arrecadação direta com campanhas solidárias, festas juninas e outros eventos. Agora que já compreendemos o caminho que os recursos per- correm até chegarem à escola é o momento de conhecer algumas formas de como se dá o financiamento da educação pública. No dia a dia das escolas esses benefícios são conhecidos como insumos ou materiais enviados pelo governo, os quais são neces- sários para o funcionamento da unidade escolar. 1 2.2 Financiamento da educação pública Vídeo É possível afirmar que há diversas fontes de recursos para fi- nanciar as atividades das escolas públicas. Uma parte dos recursos vem de orçamentos públicos: valores de impostos e contribuições sociais; e a outra parte, das arrecadações e contribuições privadas: doações, campanhas, projetos comunitários, parcerias com entida- des da sociedade civil etc. Portanto, para que haja uma gestão financeira eficiente na uni- dade escolar, é preciso que o gestor e a sua equipe conheçam quais são os recursos públicos e como eles são transferidos para a esco- la. Outro fator importante é saber como realizar a prestação de contas dos valores ou dos benefícios recebidos para que a institui- ção continue elegível para o recebimento de novas transferências. Com base nesses aspectos financeiros, a Constituição Federal de 1988 garantiu percentuais de valores a serem aplicados na edu- cação, conforme destacamos a seguir. 32 Gestão de recursos da escola Figura 2 Aplicação de valores com base na Constituição de 1988 Para a União – 18% da arrecadação de impostos aplicada na educação. Para o DF, estados e municípios – 25%. Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério – Fundef. Lei n. 9.424/1996. Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – Fundeb. Emenda Constitucional n. 53/2006; instituído pela Lei n. 11.494/2007. Para a garantia da equidade na distribuição dos recursos criou-se o 10 anos de vigência Fonte: Elaborada pela autora com base em Brasil,1988. Agora que já aprendemos que grande parte dos recursos públicos aplicados na escola é proveniente do Fundeb, é importante conhecer- mos um pouco mais sobre o que é esse fundo, como ele funciona, a quem ele beneficia, entre outros aspectos. 2.2.1 Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) Para iniciar o estudo desta seção, vamos ler algumas manchetes que tratam do processo de aprovação do Fundeb em 2020. Por 492 votos a 6, Fundeb é aprovado em segundo turno na Câmara O texto aprovado aumenta gradualmente a participação da União no fundo, de 10% para 23%, nos próximos seis anos, sendo que 5% serão aplicados na educação infantil Fonte: Nunes; Vasconcellos; Teófilo, 2020. Recursos administrativos da escola pública 33 Quase no apagar das luzes, o novo FUNDEB é aprovado na Câmara Com maior complementação da União e com status de política perma- nente, principal mecanismo de financiamento da Educação pública segue agora para o Senado Federal Fonte: Gotti, 2020. No Senado, relator mantém parecer do novo FUNDEF aprovado na Câmara Proposta de emenda à Constituição torna Fundo permanente Fonte: Melo, 2020. Essas são algumas das manchetes que estamparam as páginas de veículos de comunicação brasileiros no dia 21 de julho de 2020, quando foi aprovado o texto da deputada federal Professora Dorinha Seabra (DEM-TO). Além de todos os partidos que se fizeram presentes na vo- tação, a proposta recebeu o apoio de entidades estudantis e de profis- sionais de educação. Como resultado, o fundo em questão passou a ser permanente. De acordo com publicação da Revista Nova Escola, no dia 30 de julho de 2020, “sem Fundeb, haveria um verdadeiro ‘apagão’ na educação pú- blica brasileira, já que de cada R$ 10 investidos na educação, R$ 4 vem dofundo. Em cerca de 40% dos 5.570 municípios brasileiros, ele responde por pelo menos 70% de todo o orçamento da Educação” (GOTTI, 2020). Mas afinal, o que é o Fundeb? De acordo com o portal do Fundo Na- cional do Desenvolvimento da Educação (FNDE) do Ministério da Edu- cação, o Fundeb é um fundo especial, de natureza contábil, de âmbito estadual, o qual é formado, em quase toda sua totalidade, por recur- sos provenientes de impostos e transferências dos estados, como do Distrito Federal e dos municípios vinculados à educação, por força do disposto no artigo 212 da Constituição Federal. Além desses recursos, ainda compõe esse fundo, a título de complementação, uma parcela de recursos federais, sempre que, no âmbito de cada estado, o valor por aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmente (SOBRE..., 2017a). 34 Gestão de recursos da escola Podemos afirmar, ainda, que o Fundeb tem como característica prin- cipal a distribuição de recursos de maneira automática, ou seja, sem a necessidade de autorização orçamentária ou convênios para esse fim. Essa distribuição é periódica, mediante crédito na conta específica de cada governo estadual, distrital e municipal, e é realizada com base no número de alunos da educação básica pública, de acordo com dados do último censo escolar. Vejamos a seguir como o Fundeb é composto. Figura 3 Cesta de impostos Fundo contábil estadual Conta do Fundeb do Governo do Estado Conta do Fundeb de cada município ITR ICMS deson. IPI export. ICMS FPM IPVA FPE ITCMD Fonte: Elaborada pela autora. Tabela 1 Composição do Fundeb Composição do Fundo de manutenção e desenvolvimento da educação básica e de valorização dos profissionais da educação Fundo de participação dos estados e do Distrito Federal – FPE 20% Fundo de participação dos municípios – FPM 20% Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS 20% Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA 20% Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação – ITCMD 20% Imposto Territorial Rural – ITR 20% (Continua) Recursos administrativos da escola pública 35 Composição do Fundo de manutenção e desenvolvimento da educação básica e de valorização dos profissionais da educação Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às exportações – PIEXP 20% Repasse a título de desoneração do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS de produtos exportados (Lei Complementar n. 87/1996 – Lei Kandir) 20% Receitas da dívida ativa de juros e multas, incidentes sobre as fontes acima rela- cionadas e complementação da União. 10% do total de recursos do Fundeb para os Estados e Municípios. Fonte: Elaborada pela autora com base em São Paulo, 2012, p. 6. O Fundeb atende à educação infantil, ao ensino fundamental anos inciais e anos finais, ao ensino médio, à educação de jovens e adultos (EJA) e ao atendimento educacional especializado (AEE), e faz a distri- buição dos recursos de acordo com o número de alunos matriculados, baseando-se, sempre, nos dados do último censo escolar. O Valor mínimo nacional por aluno/ano é fixado anualmente com diferenciações para: • Creche pública em tempo integral • Creche pública em tempo parcial • Creche conveniada em tempo integral • Creche conveniada em tempo parcial • Pré-escola em tempo integral • Pré-escola em tempo parcial • Ensino fundamental anos iniciais urbano • Ensino fundamental anos iniciais no campo • Ensino fundamental anos finais urbano • Ensino fundamental anos finais no campo • Ensino fundamental em tempo integral • Ensino médio urbano • Ensino médio no campo • Ensino médio em tempo integral • Ensino médio integrado à educação profissional • Educação especial • Educação indígena e quilombola • Educação de jovens e adultos com avaliação no processo 36 Gestão de recursos da escola • Educação de jovens e adultos integrada à educação profissional de nível médio com avaliação no processo. A distribuição dos recursos é realizada de forma proporcional. Para que seja possível chegar aos valores de repasse é estabelecido um mul- tiplicador anual que represente essa proporcionalidade em cada esta- do, levando em conta as ponderações fixadas, respeitando as etapas, as modalidades e os tipos de estabelecimentos de ensino da educação básica (Lei n. 11.494/2007). Vamos observar a seguir a tabela que mos- tra a evolução das ponderações do Fundeb de 2007 a 2019. Tabela 2 Evolução das ponderações do Fundeb – de 2007 a 2019 Etapas, modalidades e segmentos 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Creche pública de tempo parcial 0,80 0,80 0,80 0,80 0,80 0,80 0,80 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,15 Creche conveniada de tempo parcial 0,80 0,80 0,80 0,80 0,80 0,80 0,80 0,80 0,80 0,80 0,80 0,80 0,80 Creche pública de tempo integral 0,80 1,10 1,10 1,10 1,20 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 Creche conveniada de tempo integral 0,80 0,95 0,95 1,10 1,10 1,10 1,10 1,10 1,10 1,10 1,10 1,10 1,10 Pré-escola parcial 0,90 0,90 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,05 Pré-escola integral 0,90 1,15 1,20 1,25 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 Anos iniciais – en- sino fundamental urbano 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 Anos iniciais – ensi- no fundamental no campo 1,05 1,05 1,05 1,15 1,15 1,15 1,15 1,15 1,15 1,15 1,15 1,15 1,15 Anos finais – ensino fundamental urbano 1,10 1,10 1,10 1,10 1,10 1,10 1,10 1,10 1,10 1,10 1,10 1,10 1,10 Anos finais – ensino fundamental no campo 1,15 1,15 1,15 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 Ensino fundamental integral 1,25 1,25 1,25 1,25 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 Ensino médio urbano 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,25 1,25 1,25 1,25 1,25 1,25 Ensino médio no campo 1,25 1,25 1,25 1,25 1,25 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 (Continua) Recursos administrativos da escola pública 37 Etapas, modalidades e segmentos 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Ensino médio integral 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 Ensino médio inte- grado à educação profissional 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 1,30 Educação especial 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 Educação Indígena e quilombola 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 Educação de jovens e adultos com avalia- ção no processo 0,70 0,70 0,80 0,80 0,80 0,80 0,80 0,80 0,80 0,80 0,80 0,80 0,80 Educação de jovens e adultos integrada à educação profissio- nal de nível médio, com avaliação no processo 0,70 0,70 1,00 1,00 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 Fonte: Adaptado de CNM, 2018. Com os recursos do Fundeb, os estados e municípios podem utilizar o mínimo de 60% para remunerar os profissionais do magistério e o restante para a manutenção e o desenvolvimento da educação básica pública. A administração desses recursos deve ser realizada pelo se- cretário de educação – ou pelo responsável por órgão equivalente – do respectivo governo, simultaneamente com o chefe do Poder Executivo, atuando mediante delegação de competência e como ordenador de despesas, tendo em vista a sua condição de gestor e de administrador dos recursos da educação. Diante do que vimos até aqui é possível perceber que existem di- ferentes recursos que chegam às escolas; por esse motivo, é funda- mental que o gestor os conheça e tenha uma participação ativa nesse processo, opinando como pode ser feita a aplicação dos recursos públi- cos com base nas prioridades da instituição. A seguir, veremos alguns programas os quais também destinam recursos às escolas. 2.2.2 Programa dinheiro direto na escola (PDDE) O Programa dinheiro direto na escola (PDDE), criado em 1995, tem como objetivo principal prestar às escolas assistência financeira em caráter suplementar a fim de contribuir para a manutenção e a melho-O que pode ser pago com a fração de 40% dos recursos do Fundeb? O montante pode ser usado para cobrir despesas consideradas de “manu- tenção e desenvolvimen- to do ensino” de acordo com o artigo 70 da Lei n. 9.394/1996. Para saber quais despesas compõem esse conjunto dentre outras informações sobre o Fundeb acesse o site: http://www.fnde.gov.br/index.php/ financiamento/fundeb/perguntas- frequentes-fundeb. Acesso em: 28 ago. 2020. Saiba mais http://www.fnde.gov.br/index.php/financiamento/fundeb/perguntas-frequentes-fundeb http://www.fnde.gov.br/index.php/financiamento/fundeb/perguntas-frequentes-fundeb http://www.fnde.gov.br/index.php/financiamento/fundeb/perguntas-frequentes-fundeb 38 Gestão de recursos da escola ria da infraestrutura física e pedagógica, com consequente elevação do desempenho escolar. O programa também visa fortalecer a participa- ção social e a autogestão escolar, ou seja, proporcionar autonomia aos gestores e à comunidade escolar para que definam prioridades e as executem com base no cenário local. É permitida a inscrição no PDDE apenas de escolas públicas da edu- cação básica das redes estaduais, municipais e do Distrito Federal. No entanto, também podem solicitar participação no programa as escolas privadas de educação especial mantidas por entidades sem fins lucra- tivos, registradas no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) como beneficentes de assistência social, ou outras similares de atendi- mento direto e gratuito ao público, além dos polos presenciais do sis- tema Universidade Aberta do Brasil (UAB), os quais ofertam programas de formação inicial ou continuada a profissionais da educação básica. Para participar desse programa é necessário que as escolas tenham unidades executoras próprias (como as associações de pais e mestres ou similares) ou entidades mantenedoras – nos casos de associações beneficentes –, e é necessário realizar o cadastro no site do FNDE 5 . Com a definição de quais serão as instituições participantes do programa, de acordo com Resolução n. 6, de 27 de fevereiro de 2018, os repasses dos recursos para as unidades executoras que cumpri- rem as exigências de atualização cadastral acontecem em duas par- celas anuais, sendo a primeira até o dia 30 de abril e a segunda até o dia 30 de setembro. Agora, vamos conhecer algumas das ações existentes para os três tipos de conta PDDE, a saber: PDDE integral; PDDE estrutura; e PDDE qualidade. Quadro 2 PDDE e os tipos de conta PDDE integral PDDE estrutura PDDE qualidade Mais educação Novo mais educação Escola acessível Ensino médio inovador Água na escola Atleta na escola Escola do campo Mais cultura na escola Escolas sustentáveis Mais alfabetização Fonte: Elaborado pela autora. Disponível em: www.fnde.gov. br/pdde 5 Recursos administrativos da escola pública 39 Conheça um pouco mais sobre as ações citadas anteriormente. • Novo mais educação – é uma estratégia do Ministério da Educação que tem como objetivo melhorar a aprendizagem em língua portuguesa e em matemática no ensino fundamental, por meio da ampliação da jornada escolar de crianças e adolescentes, oti- mizando o tempo de permanência na escola. • Escola do campo – é uma ação que destina recursos financeiros de custeio e de capital às escolas públicas municipais, estaduais e distritais localizadas no campo, que tenham estudantes matriculados na educação básica, a fim de propiciar adequação e benfeitoria na infraestrutura física dessas unidades. A manutenção da infraestrutura visa tornar pos- sível maior qualidade de ensino nas atividades educativas e pedagógicas. • Ensino médio inovador – apoia e fortalece os sistemas de ensino estaduais e distritais no desenvolvimento de propostas curriculares inovadoras para o ensino médio. Para que isso ocorra, é disponibilizado apoio técnico e financeiro para a disseminação da cultura de um currículo dinâmico e flexível, o qual atenda às expectativas e às necessidades dos estudantes e às demandas da sociedade atual, sendo a última, inclusive, uma das orien- tações previstas na Base Nacional Comum Curricular. Saiba mais Para que a escola consiga analisar a sua realidade e organizar as suas demandas e prioridades de acordo com o que as ações propõem, o primeiro passo está na realização do PDDE escola, programa de apoio à gestão escolar baseado no planejamento participativo e destinado prioritariamente a auxiliar as escolas públicas a melhorar sua gestão. A ferramenta utilizada para que as escolas organizem o planeja- mento é o PDDE interativo 6 . Esse portal reúne informações sobre o programa e suas ações, além de auxiliar o gestor a respeito de quais procedimentos devem ser realizados para receber os recursos. Figura 4 Portal PDDE Interativo Fonte: PDDE, 2020. Para acessar o PDDE Interativo acesse: http://pdeinterativo. mec.gov.br/ Acesso em: 28 ago. 2020. 6 40 Gestão de recursos da escola Como foi possível observarmos, no portal há diversas informa- ções dentre outras funcionalidades que podem auxiliar a escola. É com base nessas orientações que a equipe gestora pode se cadas- trar no PDDE e participar de ações que melhor se enquadrem na realidade da instituição. De acordo com algumas orientações do Ministério da Educação, para ter acesso ao programa é necessário que as escolas e os alunos da rede pública e privada de educa- ção especial estejam inscritos no Censo Escolar do ano anterior, sendo que as escolas públicas com mais de 50 alunos matriculados devem criar suas Unidades Executoras (UEx) e aderir ao programa por meio do Sistema PDDEweb até o último dia útil do mês de outubro. Já no caso de entidades mantenedoras é necessário encaminhar ao FNDE, direcionados à Coordenação de Habilitação e Empenho de Projetos Educacionais (COHEP), até o últi- mo dia útil de outubro, alguns documentos específicos: • Cadastro do órgão/entidade e do dirigente. • Certidão conjunta positiva de débitos com efeito de negativa relativos a tributos fede- rais e à Dívida ativa da União. • Certificado de regularidade de situação (CRS) referente ao FGTS. • Cláusula do estatuto da entidade com previsão de atendimento permanente, direto e gratuito aos portadores de necessidades especiais, conforme autorização do artigo 22 da Lei n. 11.947, de 16 de junho de 2009. • Cópia da ata de eleição e posse da diretoria da entidade. • Cópia do CPF e da carteira de identidade do dirigente da entidade. • Cópia do estatuto da entidade. • Declaração de funcionamento emitida por três autoridades locais com fé pública. • Extrato do Cadastro informativo dos créditos não quitados de órgãos e entidades federais (CADIN). • Prova de inscrição no Cadastro nacional de pessoa jurídica (CNPJ). É fundamental, ainda, que as unidades executoras, assim como as entidades mantene- doras, estejam adimplentes com a prestação de contas de exercícios anteriores. Com os requisitos acima atendidos, a assistência financeira ao público-alvo do progra- ma é concedida sem a necessidade de celebração de convênio, acordo, contrato, ajuste ou instrumento congênere. Para ter acesso a mais detalhes sobre o PDDE, acesse o site: https://www.fnde.gov.br/ index.php/programas/pdde/perguntas-frequentes. Acesso em: 28 ago. 2020. Recursos administrativos da escola pública 41 2.2.3 Plano nacional do livro didático e material didático (PNLD) É uma preocupação constante da equipe gestora e da equipe pe- dagógica a escolha dos materiais didáticos que servirão de apoio ao processo de ensino e aprendizagem durante o ano letivo de cada ciclo. Para auxiliar e apoiar financeiramente esse o processo, o Ministério da Educação criou o Programa nacional do livro e do material didáti- co (PNLD), que avalia e disponibiliza livros didáticos e obras literárias, além de materiais de apoio à prática educativa, como vídeos, revistas, softwares educativos, jogos educativos etc. Esses materiais são distri- buídos gratuitamente nas escolas públicas de educação básica das re- des federal,
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