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Escolar Princípios e de Concepções Gestão Andréa Garcia Furtado A ndréa Garcia Furtado DE Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6629-2 9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 2 9 2 Código Logístico 59373 Princípios e concepções de gestão escolar Andréa Garcia Furtado IESDE BRASIL 2020 © 2020 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Envato Elements Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ F987p Furtado, Andréa Garcia Princípios e concepções de gestão escolar / Andréa Garcia Furtado. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 82 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6629-2 1. Escolas - Organização e administração. I. Título. 20-65066 CDD: 371.2 CDU: 37.07 Andréa Garcia Furtado Doutora e mestra em Educação pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Especialista em Psicopedagogia com magistério superior pelo Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão (IBPEX). Licenciada em Pedagogia pela UTP. Professora no ensino superior, ministra as disciplinas de Organização Curricular da Educação Básica, Fundamentos dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, Educação Infantil: Concepções e Metodologias e Orientação de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Atua na Secretaria Municipal da Educação de Curitiba como pedagoga no Departamento de Ensino Fundamental. SUMÁRIO Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! 1 Ideias e conceitos sobre gestão escolar 9 1.1 Discussões acerca da gestão escolar 10 1.2 Organização escolar: concepções de gestão 15 1.3 Elementos que norteiam a gestão escolar democrática 18 2 Gestão democrática: aspectos legais e recursos financeiros 24 2.1 Principais leis que embasam a educação 24 2.2 Regimento escolar: o que é e para que serve 30 2.3 Recursos financeiros na escola 33 3 Gestor educacional na contemporaneidade 40 3.1 Perfil do gestor escolar democrático 40 3.2 Funções e desafios do gestor escolar 45 3.3 Cultura organizacional no cotidiano escolar 49 4 Possibilidades no contexto escolar 54 4.1 A educação como direito 55 4.2 Função social: a razão da escola 57 4.3 Projeto político-pedagógico como fio condutor do trabalho na escola 60 4.4 Gestão escolar: órgãos colegiados 63 5 Avaliação e gestão democrática 69 5.1 Conceituando o que é avaliação em educação 69 5.2 Dimensões avaliativas 72 5.3 Gestão escolar e qualidade na educação 77 Este livro tem como objetivo fornecer subsídios teóricos e apresentar ações pertinentes para o aprimoramento das condições de organização dos processos educativos realizados na escola. Acreditamos que o estudo, a discussão e a reflexão sobre os fundamentos e os aspectos que perpassam a gestão escolar possibilitam que o trabalho realizado na instituição de ensino seja pautado em uma intencionalidade educativa que contribua para a garantia do direito à educação a todos. Desse modo, abordamos os fundamentos e as formas de gestão escolar, reconhecendo as características de uma gestão escolar democrática. Tratamos dos aspectos legais e dos recursos financeiros que permeiam a tomada de decisões nas instituições de ensino, assim como da elaboração do regimento escolar, que orienta e normatiza as ações na escola. Compreendemos, também, as funções do gestor escolar e sua importância no desenvolvimento do projeto político-pedagógico e no fortalecimento do trabalho coletivo, apresentando as possibilidades de desenvolvimento de práticas democráticas com o objetivo de organizar e efetivar a gestão escolar. A obra é estruturada em cinco capítulos. O primeiro aborda as concepções de organização de gestão escolar existentes, apresentando os conceitos de administração, administração escolar, gestão, gestão escolar e gestão escolar democrática, além dos elementos que compõem esta, visto que dispositivos legais preconizam que as instituições de ensino estejam organizadas em uma concepção de ensino democrático-participativa. O segundo capítulo trata, especificamente, das legislações vigentes que perpassam o contexto educacional e do entendimento de como os recursos financeiros podem ser administrados em uma gestão escolar democrática. No terceiro capítulo, são discutidas as funções do gestor escolar em uma perspectiva de possibilitar a participação da comunidade escolar na tomada de decisões, de modo a responsabilizar todos os envolvidos nos processos educativos. APRESENTAÇÃOVídeo Para isso, é importante proporcionar nesse espaço educativo a reflexão sobre a cultura organizacional da escola, que perpassa a organização do trabalho realizado na instituição de ensino. O quarto capítulo apresenta aspectos relacionados à compreensão de que a educação é um direito fundamental de todo cidadão brasileiro, sendo reconhecido e protegido legalmente. Diante desse contexto, destacamos algumas práticas pedagógicas que podem ser realizadas na escola a fim de contribuir para uma organização de gestão democrática. Por fim, o quinto capítulo contempla os processos avaliativos educacionais que ocorrem por meio de uma gestão democrática, a qual objetiva proporcionar ações no contexto escolar que viabilizem melhorias nos processos educativos. Com base nas discussões presentes neste livro, é possível desenvolver reflexões que permitam a compreensão e o fortalecimento da gestão escolar atualmente. É fundamental que a organização do trabalho pedagógico se efetive por meio de práticas que balizem o envolvimento, a responsabilidade e o compromisso pedagógico de todos os envolvidos nos processos educativos realizados na instituição de ensino. Bons estudos! Ideias e conceitos sobre gestão escolar 9 1 Ideias e conceitos sobre gestão escolar Este capítulo aborda os fundamentos e as diferentes formas de gestão nas instituições de ensino, de modo a contribuir com as dis- cussões e possibilidades de realização dos processos educacionais nas escolas públicas e privadas. Serão apresentados conceitos que perpassam o entendimen- to do que é administração, administração escolar, gestão, gestão escolar e gestão escolar democrática. Tal compreensão permite a apreensão de como as escolas estão organizadas e estruturadas atualmente para a realização dos processos educativos. Assim, faz-se necessário apresentar as concepções de gestão, pois elas expressam os posicionamentos político-pedagógicos das instituições de ensino. Nesse sentido, a organização escolar se re- fere ao conjunto de ações que envolvem questões administrativas, financeiras e humanas, que funcionam de acordo com a concep- ção de gestão assumida pela escola. Outra questão discutida neste capítulo refere-se aos elemen- tos constitutivos da gestão escolar democrática. É imprescindível identificar esses elementos, pois eles definem como a gestão de- mocrática será proposta nas instituições de ensino, de modo que a práticapedagógica esteja fundamentada em teorias que justifi- quem as ações vinculadas à formação de um estudante crítico e re- flexivo, consciente dos seus direitos e deveres enquanto cidadão. 10 Princípios e métodos de gestão escolar 1.1 Discussões acerca da gestão escolar Vídeo A educação escolar é uma das principais formas de promover a for- mação integral do cidadão, permitindo o desenvolvimento do estudan- te em seus aspectos cognitivos, físicos, emocionais, sociais e culturais e oportunizando um olhar crítico e reflexivo acerca da sociedade na qual está inserido. Em razão disso, cabe à escola gerir de maneira que as ações pro- postas oportunizem condições reais de ensino e aprendizagem por meio de práticas educativas intencionais que perpassem os muros da escola. Nessa perspectiva, para que as situações do cotidiano escolar ocorram de maneira significativa, é necessário que aspectos teóricos sejam compreendidos e apreendidos pelos profissionais da educação. Libâneo (2010, p. 295) esclarece que: a escola e seu modo de se organizar constituem um ambiente educativo, isto é, um espaço de formação e de aprendizagem construído por seus componentes, um lugar em que os profis- sionais podem decidir sobre seu trabalho e aprender mais sobre a profissão. Acredita-se que não são apenas os professores que educam. Todas as pessoas que trabalham na escola realizam ações educativas, embora não tenham as mesmas responsabili- dades nem atuem de forma igual. Assim, tem-se a escola como um espaço de formação para a cidada- nia. Portanto, questões referentes a como propiciar a organização do trabalho pedagógico precisam ser apreendidas por todos os envolvidos nos processos educativos realizados na instituição. É importante considerar que essa discussão perpassa o contexto do regime democrático estabelecido no país desde a Constituição Federal de 1988. Entende-se, então, que a sociedade contemporânea é orien- tada por princípios democráticos. Grigoli (2014, p. 114) esclarece que “democracia significa uma forma de governo na qual o povo governa e implica a criação de um Estado que trate o povo de forma igualitária”. Conforme o que foi exposto pelo autor, é fundamental refletir so- bre como a educação pode ser gerida nas escolas com base em uma gestão pautada na democracia. Porém, para compreender a gestão es- colar democrática, é relevante salientar o conceito de administração, que pressupõe aspectos relacionados à gestão e à gestão democrática. A Declaração Universal dos Direitos Humanos define os direitos do homem que compactuam com o regime de governo democrático. Disponível em: https://www.unicef. org/brazil/declaracao-universal- -dos-direitos-humanos. Acesso em: 16 jun. 2020. Documento Ideias e conceitos sobre gestão escolar 11 Para isso, podemos trazer os significados de administração e gestão, explicitados por Ferreira, Reis e Pereira (2002, p. 6): “ambas as palavras têm origem latina, ‘gerere’ e ‘administrare’. Gerere significa conduzir, dirigir ou governar. Administrare tem aplicação específica no sentido de ‘gerir um bem, defendendo os interesses de quem os possui’. Administrar se- ria, portanto, a rigor, uma aplicação de gerir”. SF IO C RA CH O/ Sh ut te rs to ck Pode-se dizer que ambas as palavras objetivam conduzir alguém a fazer algo. Todavia, administração está relacionada a planejamento, controle e direcionamento de recursos humanos e materiais; já gestão está voltada à mobilização de ações que incentivem a participação de todos para atingir um objetivo comum. Entendido isso, observe o que Ferreira afirma sobre gestão: gestão é o processo de coordenação da execução de uma con- cepção em ação, que executa um plano. Gestão tem um conteú- do que pode incluir aspectos emancipatórios como autonomia e cidadania, dependendo das políticas que lhe fornecem a di- reção a ser dada e à forma de gestão. (FERREIRA, 2017, p. 111, grifo do original) Compete enfatizar que o termo administração escolar se constituiu com base na extensão da administração geral, isto é, administração de empresas. Desse modo, ambas as definições direcionam a necessidade de viabilizar meios para administrar, coordenar, prever e propor estra- tégias de como o trabalho precisa ser realizado no espaço e tempo do campo de atuação. O programa Nós da Educação convidou Vitor Henrique Paro, professor titular da Faculdade de Educação da Universi- dade de São Paulo, para abordar questões refe- rentes a conceitos sobre administração, assim como a diferença entre administração escolar e empresarial. O vídeo é de 2006 e foi produzido pela TV Paulo Freire. Disponível em: https://www.youtu- be.com/watch?v=CNOdKTmgd0s. Acesso em: 16 jun. 2020. Vídeo 12 Princípios e métodos de gestão escolar Ra wp ixe l.c om /S hu tte rs to ck Nessa linha de raciocínio, Félix (1985, p. 71) afirma que enquanto a administração de empresas desenvolve as teorias sobre a organização do trabalho nas empresas capitalistas, a ad- ministração escolar apresenta proposições teóricas sobre a orga- nização do trabalho na escola e no sistema escolar. No entanto, a administração escolar não construiu um corpo teórico próprio e no seu conteúdo podem ser identificadas as diferentes esco- las da administração de empresas, o que significa uma aplicação dessas teorias a uma atividade específica, neste caso, a educação. Diante disso, a administração, de um modo geral, tem a finalidade de compreender como e com quais fins os recursos materiais e humanos serão utilizados para uma melhor execução do trabalho a ser realizado. Por meio dessa reflexão, observa-se que a administração escolar surgiu com o intuito de transpor o conceito do campo empresarial para o educacional, ou seja, coorde- nar os processos educacionais das instituições de ensino com maior eficiência e efetividade, a fim de garantir a for- mação para a cidadania. Syda Productions/Shutterstock Ideias e conceitos sobre gestão escolar 13 É nesse contexto que a administração escolar está relacionada às transformações da sociedade como um todo, sendo preciso analisar, explorar e compreender o contexto escolar das instituições de ensino. Paro (2012) elucida a importância de considerar a realidade com o intuito de alcançar os fins educativos. Para o autor, “é na práxis administrativa escolar, enquanto ação humana transformadora adequada a objetivos educativos [...] que se encontrarão as formas de gestão mais adequadas a cada situação e momento histórico determinados” (PARO, 2012, p. 210). Nessa perspectiva, destacam-se os processos de gestão, especifica- mente a educacional e escolar. A gestão educacional está direcionada à organização dos sistemas de ensino em âmbito federal, estadual e muni- cipal, assim como à definição de responsabilidades e deliberações legais que abrangem a educação nos setores públicos e privados. Acerca dessa reflexão, é possível remeter-se às palavras de Paro (1996, p. 151): a possibilidade de uma administração democrática no sentido de sua articulação, na forma e conteúdo, com os interesses da socie- dade como um todo, tem a ver com os fins e a natureza da coisa administrada. No caso da Administração Escolar, sua especifici- dade deriva, pois: a) dos objetivos que se buscam alcançar com a escola; b) da natureza do processo que envolve essa busca. Esses dois aspectos não estão de modo nenhum desvinculados um do outro. A apropriação do saber e o desenvolvimento da consciên- cia crítica, como objetivos de uma educação transformadora, determinam [...] a própria natureza peculiar do processo peda- gógico escolar; ou seja, esse processo não se constitui em mera diferenciação do processo de produção material que tem lugar na empresa, mas deriva sua especificidade de objetivos (educa- cionais) peculiares, objetivos estes articulados com os interesses sociais mais amplos e que são, por isso, antagônicos aos objeti- vos de dominação subjacentes à atividade produtiva capitalista. A administraçãoescolar vai além de lideranças e resultados finan- ceiros da instituição de ensino; ela expressa a formação do homem que exerce os seus direitos e deveres numa sociedade organizada median- te preceitos democráticos. Para isso, objetiva-se que a organização do trabalho educativo nas instituições de ensino se fundamente na demo- cratização da educação. Já a gestão escolar consiste em organizar o trabalho da escola como um todo, observando as necessidades e particularidades da institui- ção de ensino nos aspectos humanos, administrativos e financeiros, de modo a garantir que os processos educativos promovam a garantia do direito à educação. Por isso, é importante compreender o que é gestão democrática, conceito que expressa ações que propõem gerir uma instituição de ma- neira participativa e transparente, ou seja, democrática. Essa perspectiva de gestão escolar democrática está legalmente am- parada pela Constituição Federal de 1988 e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB n. 9.394/1996), a qual preconiza a democracia como princípio estruturante na efetivação da educação no país. A gestão escolar democrática permite que as ações da escola acon- teçam numa perspectiva em que a comunidade escolar (equipe diretiva e pedagógica, professores, familiares e/ou responsáveis e demais pro- fissionais da escola) esteja presente e participe de maneira efetiva das tomadas de decisões dos processos educativos, corroborando com a realidade na qual está inserida. Desse modo, a gestão democrática na escola reestrutura a forma de gerir a administração, visto que ocorre uma descentralização de po- der, na qual o diretor não é mais o único a tomar decisões, pois a co- munidade escolar participa das decisões que envolvem a organização do trabalho. Para isso, momentos de escuta, diálogo e participação de todos precisam acontecer de modo a vislumbrar a representatividade da comunidade escolar. M on ke y B us si ne ss Im ag es /S hu tte rs to ck 14 Princípios e métodos de gestão escolar Ideias e conceitos sobre gestão escolar 15 Essas reflexões sobre a gestão democrática são confirmadas por meio da afirmação de Veiga (1995, p. 18) de que a gestão democrática exige a compreensão em profundidade dos problemas postos pela prática pedagógica. Ela visa romper com a separação entre concepção e execução, entre o pensar e o fazer, entre teoria e prática. Busca resgatar o controle do proces- so e do produto do trabalho pelos educadores. Para isso, é necessário que a gestão escolar oportunize situações e condições em que todos os envolvidos compreendam a importância da sua função e participação nas tomadas de decisões da escola, principal- mente no que tange a propor ações que garantam o direito à educação. 1.2 Organização escolar: concepções de gestão Vídeo O processo de organização da gestão escolar está pautado na arti- culação das condições administrativas e humanas que visem assegurar práticas pedagógicas do cotidiano escolar que promovam o direito à aprendizagem de todos. A gestão e organização escolar considera tanto os espaços internos quanto externos das instituições de ensino como lócus da educação. Assim, as ações propostas precisam viabilizar condições e meios de realização do trabalho educativo. Nos últimos anos, uma concepção de gestão que vem sendo abordada é a gestão de qualidade total (GQT). Trata-se de uma concepção de gestão em que as ações são pauta- das em fatos reais e que vislumbra tomar decisões assertivas, a fim de au- mentar a produtividade e o faturamento de uma empresa. No link a seguir, é possível conhecer um pouco mais sobre a origem dessa concepção de gestão. Disponível em: http://gestao-de- -qualidade.info/qualidade-total. html. Acesso em: 16 jun. 2020. SiteOs gestores escolares devem propor formas de administrar as escolas com base em concepções de gestão inter-relacionadas com a concepção de educa- ção, sociedade, homem, processo de ensino e apren- dizagem de cada uma das instituições de ensino. É necessário, ainda, apreender que o trabalho realizado na escola precisa apresentar intenciona- lidade educacional. Schneckenberg (2007, p. 9) de- fende que a “intencionalidade, definição das metas educacionais e posicionamento frente aos objeti- vos educacionais, sociais e políticos [...]”, visa à for- mação do estudante partícipe de uma sociedade democrática. Portanto, a organização do trabalho pedagógico se estrutura com base na concepção de gestão es- 16 Princípios e métodos de gestão escolar colar adotada pela instituição de ensino. A respeito dessa afirmação, Libâneo (2010, p. 325) esclarece que as concepções de gestão escolar refletem diferentes posições políticas e pareceres acerca do papel das pessoas na sociedade. Portanto, o modo pelo qual uma escola se organiza e se estrutu- ra tem dimensão pedagógica, pois tem que ver com os objetivos mais amplos da instituição relacionados a seu compromisso com a conservação ou com a transformação social. Percebe-se, então, a importância de a escola compreender as con- cepções de gestão escolar, visto que a estrutura e a organização do espaço educativo refletem os posicionamentos político-pedagógicos com relação à formação do estudante diante da sociedade. Essas con- cepções podem ser apreendidas a partir da organização explicitada por Libâneo (2010), que estabelece as gestões técnico-científica, autoges- tionária, interpretativa e democrático-participativa. A concepção técnico-científica tende a seguir princípios e méto- dos da administração empresarial e está balizada na hierarquia de car- gos e funções, com foco na racionalização do trabalho, a fim de obter eficiência nas atividades realizadas na escola (LIBÂNEO, 2010). Nessa concepção, existe uma comunicação pautada em regras de cargos, ou seja, na escola, o diretor tem autonomia para tomar as decisões, e os demais profissionais precisam seguir as regras e normas estabelecidas por ele, sem questionar. Sendo assim, não proporciona participação da comunidade escolar nas tomadas de decisões. Na organização do es- paço escolar existe uma divisão de tarefas para cada função exercida, em que se objetiva somente a eficiência do trabalho exercido. A concepção autogestionária é acondicionada na responsabilidade coletiva, sem a presença de uma direção centralizada. Nesse contexto, ocorre a “participação direta e por igual de todos os membros da institui- ção” (LIBÂNEO, 2010, p. 325). Essa forma de gerir dá ênfase às decisões coletivas, em que as condições de gestão permitem criar e instituir suas próprias regras, extinguindo práticas autoritárias, estando todos os en- volvidos vinculados à responsabilidade coletiva do trabalho. Assim, a autogestão permite que a comunidade escolar tenha auto- nomia para gerenciar os recursos administrativos, financeiros e huma- nos, bem como para buscar propostas de trabalho diferenciadas que viabilizem os processos educativos. Todavia, autogestão envolve ques- tões que não condizem com a realidade da sociedade, visto que, para Ideias e conceitos sobre gestão escolar 17 ocorrer essa prática de maneira efetiva, é necessário também repensar um projeto de transformação social. A concepção interpretativa considera, nos processos de organiza- ção e gestão, os significados subjetivos, as intenções e interações das pessoas do contexto em questão (LIBÂNEO, 2010). Essa concepção de gestão está focada em práticas que são construídas subjetivamente, sendo o espaço educativo uma realidade social que se constrói, ou seja, prioriza inter-relações que ocorrem na escola em lugar da execução de tarefas predefinidas, pois elas são definidas e estruturadas no dia a dia, com base nas relações que se estabelecem diante do trabalho realizado. A concepção democrático-participativa se dá entre a equipe dire- tiva, pedagógica e os demais profissionais da escola, incluindo familia- res e/ou responsáveis dos estudantes, que visam coletivamente tomar decisões que atendamaos objetivos comuns da instituição de ensino (LIBÂNEO, 2010). A organização e a gestão nessa concepção requerem o envolvimento de todos os profissionais da escola nas tomadas de de- cisões administrativas, financeiras e pedagógicas, em que o diretor é o profissional responsável por promover ações que vislumbrem práticas democráticas. Seguindo essa linha de pensamento, Dourado (2001, p. 23) explica que “para otimizar os resultados que a escola quer atingir, é importante estabelecermos coletivamente (com participação dos representantes dos vários segmentos das comunidades escolar e local) as finalidades e os objetivos almejados, assim como os procedimentos a serem adotados”. Portanto, a participação é um elemento essencial para alcançar uma organização escolar com a premissa de que a tomada de deci- sões coletiva valida todo o trabalho realizado na escola. Todavia, para que essa concepção se efetive de modo significativo, é necessário que cada profissional da escola assuma seu trabalho de maneira compro- metida e ética e que sua prática pedagógica possa ser expressa no coletivo escolar. Outra questão a destacar é que os processos educativos es- tão constantemente sendo avaliados e (re)planejados diante de situações que acontecem no dia a dia da escola. Na concepção democrático-participativa de gestão, considera-se fundamental que haja questões que perpassem a organização do trabalho pedagógico – currículo, planejamento e avaliação –, visto que elas são de respon- 18 Princípios e métodos de gestão escolar sabilidade do coletivo e do trabalho individual de cada profissional da escola, cujo objetivo é promover ações pedagógicas que garantam a todos o direito à educação. Assim sendo, é possível considerar que as concepções de gestão ex- pressam a organização do trabalho nas instituições de ensino. Contu- do, é importante averiguar qual concepção está sendo realizada, com o intuito de compreender se o objetivo educacional é proporcionar uma educação conservadora ou uma educação que possibilite ações que visem a uma participação crítica e reflexiva na sociedade na qual o in- divíduo está inserido. A realidade escolar é complexa e, muitas vezes, a equipe gestora precisa amenizar situações que podem vir a prejudicar as práticas democráticas. Nessa perspectiva, o que a equipe gestora precisa propor para que as práticas pedagógicas estejam pautadas na concepção de ges- tão estabelecida pela instituição de ensino? Atividade 1 1.3 Elementos que norteiam a gestão escolar democrática Vídeo Para que os processos educativos na gestão escolar democrática coincidam, sobretudo, com as responsabilidades com relação à educa- ção escolar, tais ações precisam perpassar os elementos constitutivos que embasam esse trabalho. Assim, faz-se necessário que todos os envolvidos nos processos educativos conheçam e entendam os elementos constitutivos que nor- teiam o trabalho realizado na escola, para que seja possível preconizar a democratização do ensino. A Figura 1 esboça os elementos constitu- tivos da gestão escolar democrática. Participação Transparência Autonomia Pluralidade Gestão democrática Figura 1 Elementos da gestão escolar democrática Fonte: Elaborada pela autora. Ideias e conceitos sobre gestão escolar 19 Os elementos constitutivos se referem à participação, autonomia, transparência e pluralidade e, ao serem compreendidos e apreendidos pela comunidade escolar, concebem o exercício de vivenciar a gestão escolar democrática. A participação é o elemento essencial para o exercício da gestão de- mocrática. Esse elemento envolve a comunidade escolar, que terá vez e voz quanto às tomadas de decisões que preveem melhorias nos pro- cessos educativos realizados na instituição de ensino. Dessa maneira, a participação possibilita dialogar, opinar, assim como promover cons- cientização e reflexão sobre quais são e como as práticas pedagógicas são desenvolvidas nesse espaço educativo, a fim de assegurar melhores condições de garantia do direito à educação. A esse respeito, Dourado (2003, p. 21) afirma: o processo de luta pela democratização da gestão escolar passa pela superação dos processos centralizados de decisão, pela defesa de uma administração colegiada, na qual as decisões nasçam das discussões articuladas com todos os segmentos en- volvidos na escola, pela clareza do sentido político e pedagógico presente nessas práticas e da sua importância como fenômeno educativo a ser construído cotidianamente. A gestão escolar democrática necessita planejar, organizar e mediar a participação da comunidade escolar para que as necessidades reais da escola sejam gradativamente supridas. Destacamos que, no setor públi- co, a comunidade escolar é mais participativa nos processos educativos do que no setor privado. Nas instituições privadas, a gestão escolar é compartilhada, porém, é mais centrada na mantenedora da unidade de ensino e/ou no diretor, pois as propostas também são feitas para que o processo de ensino apresente bons resultados. Considerando que a participação coletiva corresponde à práti- ca pedagógica na gestão escolar democrática, é preciso compreen- der a importância do elemento constitutivo transparência, pois ele visa à lisura de todos os processos educativos da escola. Marques (1990, p. 21) elucida que “a participação ampla assegura a transpa- rência das decisões, fortalece as pressões para que sejam elas legíti- mas, garante o controle sobre os acordos estabelecidos e, sobretudo, contribui para que sejam contempladas questões que de outra forma não entrariam em cogitação”. 20 Princípios e métodos de gestão escolar Portanto, para que haja transparência, é necessário também uma participação crítica na organização e no acompanhamento das propos- tas pedagógicas da escola. A participação permite que a transparência da gestão ocorra na área administrativa, financeira e pedagógica, em que a difusão e, consequentemente, a democratização das informa- ções possibilitam melhores condições de garantir o direito à educação. Nessa linha de pensamento, a apreensão dos elementos constituti- vos participação e transparência permite a responsabilização de todos na construção do trabalho coletivo, assim como proporcionar caracte- rísticas próprias da instituição de ensino. Nesse sentido, observa-se o elemento constitutivo autonomia, ex- plicado por Barroso (1996, p. 17) como um conceito relacional (somos sempre autónomos de alguém ou de alguma coisa) pelo que a sua acção se exerce sempre num contexto de interdependência e num sistema de relações. A au- tonomia é também um conceito que exprime um certo grau de relatividade: somos mais, ou menos, autónomos; podemos ser autónomos em relação a umas coisas e não o ser em relação a outras. A autonomia é, por isso, uma maneira de gerir, orientar, as diversas dependências em que os indivíduos e os grupos se encontram no seu meio biológico ou social, de acordo com as suas próprias leis. A autonomia no interior da escola está relacionada às formas de agir no dia a dia, que estão pautadas numa concepção de educação. Entender esse elemento constitutivo permite que ações e tomadas de decisões sejam organizadas e planejadas visando propiciar melhores condições de efetivação da proposta pedagógica no contexto em que a instituição de ensino estiver inserida. Nas escolas, esse elemento é vislumbrado mediante a gestão esco- lar democrática. No entanto, essa autonomia precisa ser compreendida como relativa, ou seja, de modo que a estrutura do trabalho educativo perpasse questões legais dispostas na Constituição Federal, na LDB n. 9.394/1996 e nas leis estaduais e municipais que corroboram para a garantia do direito à educação a todos os brasileiros. Trata-se aqui de elucidar as palavras de Libâneo (2010, p. 299): não convém às escolas ignorar o papel do Estado, das Secreta- rias da Educação e das normas do sistema nem simplesmente subjugar-se a suas determinações. Também é salutar precaver-seNo contexto escolar, é importante propor práticas pedagógicas que desenvolvam e fortaleçam todos os envolvidos nos processos educativos, pois a autonomia da instituição de ensino é relativa. Cabe, então, compreender que ter autonomia significa respeitar as disposições legais, porém, com senso crítico e responsabilidade para ressigni- ficar a ação no dia a dia escolar. Desse modo, como conquistar a autonomia na escola em uma perspectiva de propor práticas pedagógicas que visem à formação de um cidadão crítico, autônomo e participativo? Atividade 2 contra algumas atitudes demasiado sonhadoras de professores que acham possível uma autonomia total das escolas, como se elas pudessem prescindir inteiramente de instrumentos norma- tivos e operativos das instâncias superiores. A autonomia das es- colas em face das várias instâncias será sempre relativa. Assim, a escola usufrui da autonomia que lhe cabe de modo a con- tribuir com práticas pedagógicas que viabilizem a formação de um ci- dadão crítico, participativo, comprometido, responsável e autônomo das suas ações diárias dentro e fora da escola. Para isso, é oportuno destacar o elemento constitutivo pluralidade. A educação no contexto escolar precisa considerar a pluralidade exis- tente no dia a dia de cada cidadão nas práticas pedagógicas. De acor- do com Casassus (2002, p. 29), “a educação não é algo que acontece num vazio social abstrato. Pelo contrário sua existência dá-se num con- texto sociocultural concreto, o que é de suma importância”. Isto é, nos momentos de tomadas de decisões, a escola precisa incluir nos proces- sos educativos como trabalhar coletivamente a pluralidade, sendo que a conscientização dessa temática é deflagrada com a Declaração Uni- versal dos Direitos Humanos (DUDH), que tem como objetivo respeitar cada ser humano, considerando suas diferenças. Portanto, a discussão sobre esse assunto perpassa o entendimento das diferenças presentes na sociedade, assim como a reflexão de como é possível construir sua identidade na sociedade contemporânea, de modo a respeitar a diversidade étnica, racial, sexual, cultural, religiosa e de gênero, presente no dia a dia. Para saber mais sobre autonomia na escola pública, sugerimos a leitura do texto intitulado “Autonomia da escola pública: um enfoque operacional”, de autoria de Carmen Moreira de Castro Neves. NEVES, C. M. de C. In: VEIGA, I. P. A. Projeto Político-Pedagógico da escola: uma construção possível. 7. ed. Campinas, SP: Papirus, 1998. Leitura Os elementos constitutivos participação, autonomia, transparência e pluralidade embasam a gestão democrática escolar. Desse modo, quais ações podem ser realizadas no contexto escolar para que esses elementos se consolidem no dia a dia da escola? Atividade 3 Ri do /S hu tte rs to ck Ideias e conceitos sobre gestão escolar 21 22 Princípios e métodos de gestão escolar CONSIDERAÇÕES FINAIS O contexto educacional brasileiro está organizado com base em um gover- no democrático. De acordo com essa realidade, faz-se necessário compreen- der e discutir temas que perpassam o cotidiano das instituições de ensino. Contudo, não basta apenas elucidar discussões acerca do que é gestão escolar, concepções de gestão e os elementos que constituem a gestão escolar democrática, é preciso apreender esses conceitos e colocar a teo- ria em prática. É imprescindível considerar que todo o trabalho realizado na escola está impregnado de intencionalidade educativa, mas, principal- mente, averiguar se essa intencionalidade contribui para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária ou propõe uma educação em que as ações educativas elucidem a subordinação e a racionalização do trabalho, desconsiderando as diferenças presentes na formação do ser humano. Para tanto, vale lembrar que a democracia visa a uma concepção de gestão democrático-participativa e, para que as práticas pedagógicas ocorram nessa perspectiva, é preciso discutir e debater o processo edu- cativo no dia a dia, percebendo nas ações a relação entre teoria e prática. Quando essas questões que abordam o que é gestão escolar, as con- cepções de gestão e os elementos que norteiam a gestão democrática são abordadas no contexto escolar, é possível ressignificar os processos educativos, considerando a formação integral do estudante, com base na democratização do ensino. REFERÊNCIAS BARROSO, J. O estudo da autonomia da escola: da autonomia decretada à autonomia construída. In: BARROSO, J. O estudo da escola. Porto: Porto, 1996. CASASSUS, J. A escola e a desigualdade. Brasília: Plano Editorial, 2002. DOURADO, L. F. Progestão: como promover, articular e envolver a ação das pessoas no processo de gestão escolar? Brasília: CONSED, 2001. DOURADO, L. F. (org.). Gestão escolar democrática: a perspectiva dos dirigentes escolares da rede municipal de ensino de Goiânia-GO. Goiânia: Alternativa, 2003. FERREIRA, A. A.; REIS, A. C. F.; PEREIRA, M. I. Gestão empresarial: de Taylor aos nossos dias. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. FERREIRA, N. S. C. Formação humana e gestão democrática da educação na atualidade. Curitiba: Appris, 2017. FÉLIX, M. de F. C. Administração escolar: um problema educativo e empresarial. São Paulo: Cortez; Autores Associados, 1985. GRIGOLI, J. de J. Quatro modelos normativos de democracia representativa: as versões elitista, liberal, pluralista, participativa e deliberativa. Pensamento Plural, Pelotas, Rio Grande do Sul, n. 14, p. 113-126, jan./jun. 2014. Disponível em: https://periodicos.ufpel. edu.br/ojs2/index.php/pensamentoplural/article/view/3239. Acesso em: 16 jun. 2020. Ideias e conceitos sobre gestão escolar 23 LIBÂNEO, J. C. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2010. MARQUES, M. O. Projeto pedagógico: a marca da escola. Revista Contexto e Educação, Ijuí, n. 18, p. 16-28, abr./jun. 1990. PARO, V. H. Eleição de diretores: a escola pública experimenta a democracia. Campinas: Papirus, 1996. PARO, V. H. Administração escolar: introdução crítica. 17. ed. rev. e ampl. São Paulo: Cortez, 2012. SCHNECKENBERG, M. O princípio democrático na atuação do diretor de escola: um estudo comparativo entre diretores eleitos e reeleitos. Gestão em rede, n. 75, p. 8-14, mar. 2007. VEIGA, I. P. A. (org.). Projeto político pedagógico da escola: uma construção possível. Campinas: Papirus, 1995. GABARITO 1. A equipe gestora precisa propor a todos os envolvidos nos processos educativos mo- mentos de estudos acerca da concepção de gestão estabelecida pela instituição escolar. 2. Para conquistar a autonomia que proporcione o direito a educação, é importante que a comunidade escolar compreenda primeiramente como essa autonomia acontece no contexto escolar democrático, para que então seja possível propor vivências e discus- sões de como viabilizar esse direito de acordo com a realidade da escola. 3. Os princípios que embasam a gestão democrática escolar estão postos legalmente, mas quanto maior for o conhecimento com relação a esses pressupostos, maior será a probabilidade de compreender como os processos educativos precisam acontecer de modo a consolidar tal concepção de gestão. Portanto, sugerimos que a equipe gestora da escola organize momentos de estudos e discussões acerca dos princípios que embasam a gestão democrática, a fim de que as práticas pedagógicas ocorram no cotidiano escolar com base na teoria proposta. 24 Princípios e métodos de gestão escolar 2 Gestão democrática: aspectos legais e recursos financeiros Neste capítulo, abordaremos as legislações vigentes que per- passam o contexto educacional, devido a elas estarem diretamente interligadas às concepções de gestão que orientam o trabalho rea- lizado nas instituições de ensino. Discutiremos as principais leis que embasam a educação no Brasil com o intuito de compreender as relações educativas que ocorrem na escola para garantir os fins educacionais, isto é, a ga- rantia dodireito à educação a todos os brasileiros. Estudaremos também o que é regimento escolar e sua legalida- de no cotidiano das instituições de ensino, bem como a importân- cia da gestão democrática escolar na administração dos recursos financeiros destinados às escolas. 2.1 Principais leis que embasam a educação Vídeo Leis são princípios, preceitos e normas que estabelecem regras a serem seguidas e, em um regime de governo democrático, têm o obje- tivo de promover a igualdade de direitos e deveres a todos os cidadãos. As legislações nacionais existem para organizar ações com o intuito de construir uma sociedade justa e solidária, considerando o contexto histórico-econômico-político-étnico-racial apresentado na atualidade. As legislações educacionais, especificamente, são instituídas para or- ganizar e estruturar o sistema de ensino brasileiro, de modo a garantir o direito à educação a todos. Cabe ressaltar que essas legislações são prescritas no âmbito da educação básica (educação infantil, ensino fun- damental e ensino médio) e da educação superior (CURY, 2010). Gestão democrática: aspectos legais e recursos financeiros 25 As principais leis que determinam a educação brasileira são instituí- das pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF) e pela Lei n. 9.394/1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), além de decretos, resoluções, pareceres, portarias, instruções e atos que regulam e regulamentam a estrutura e o funcionamento do sistema de ensino. A CF do Brasil foi aprovada em 22 de setembro de 1988 e pro- mulgada em 5 de outubro do mesmo ano. Ela reconhece que to- dos os cidadãos brasileiros, independentemente da condição socioeconômica-política-étnico-racial, têm direitos e deveres. Para que isso ocorra, todos os cidadãos precisam conhecer tais direitos e deve- res, a fim de exigi-los e exercê-los (CURY, 2002). Sendo assim, é por meio da compreensão de como a educação está disposta no Brasil, bem como do conhecimento das legislações vigentes, que a comunidade escolar poderá discutir e refletir sobre os dispositivos legais que embasam o trabalho educativo realizado nas instituições de ensino, de modo a mobilizar ações que visem à garantia dos direitos e deveres estabelecidos em lei nacional. A educação é um direito social, assim instituído no Capítulo III, Se- ção I da CF (BRASIL, 1988): “Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da fa- mília, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exer- cício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. O artigo 205 estabelece que a educação é um direito de todos os cidadãos brasileiros e que ninguém poderá ser excluído desse direito. A educação deve proporcionar o desenvolvimento pleno do estudante, assim como a preparação para o exercício da cidadania e qualificação para o mercado de trabalho. Entretanto, apesar de o direito ser assegurado em lei, ainda é preci- so discutir formas em que o direito à educação não esteja relacionado apenas à oferta de vagas, mas também à permanência dos estudan- tes na escola e à garantia da promoção do direito à aprendizagem. Para que a educação se efetive a todos os cidadãos, é preciso averi- guar questões socioeconômicas que perpassam o contexto brasileiro e como os princípios podem ser efetivados em uma realidade que apre- senta desigualdades sociais. 26 Princípios e métodos de gestão escolar Nesse sentido, faz-se necessário demarcar os princípios que definem como deve ser a educação no Brasil. O artigo 206 da CF (BRASIL, 1988) institui que: Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensa- mento, a arte e o saber; III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexis- tência de instituições públicas e privadas de ensino; IV – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V – valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII – garantia de padrão de qualidade; VIII – piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de car- reira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) Os princípios constitucionais embasam a educação e permitem aos profissionais das instituições de ensino que cumpram, com responsa- bilidade e comprometimento, o que está disposto na CF de 1988, por meio de ações democráticas. Os dispositivos legais que perpassam a educação nacional balizam a organização das instituições de ensino públicas e privadas, e a LDB n. 9.394/1996 regulamenta a educação básica e superior. O artigo 2º da LDB corrobora o artigo 205 da CF de 1988 quando define que: “Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1996). Tanto a CF do Brasil quanto a LDB n. 9.394/1996 preveem que a edu- cação é dever da família e do Estado, porém, para que a educação con- tribua efetivamente na formação do estudante e, consequentemente, Gestão democrática: aspectos legais e recursos financeiros 27 na consolidação da cidadania, é preciso que o Estado garanta a todos os estudantes o acesso, a permanência e a garantia do direito à educa- ção. À família, cabe o acompanhamento do estudante com relação aos processos educativos realizados na escola. Para isso, é importante que a equipe de gestão da escola proponha ações de participação da família na instituição de ensino, assim como o Estado precisa instituir políticas públicas com a finalidade de sanar gradativamente as desigualdades sociais presentes também no contexto educacional, a fim de garantir melhores condições na formação do es- tudante para o exercício da cidadania. É importante, também, mencionar o artigo 3º da LDB n. 9.394/1996, que coaduna com o artigo 206 da CF: Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultu- ra, o pensamento, a arte e o saber; III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância; V – coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII – valorização do profissional da educação escolar; VIII – gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX – garantia de padrão de qualidade; X – valorização da experiência extraescolar; XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais; XII – consideração com a diversidade étnico-racial; XIII – garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida. (BRASIL, 1996) Os princípios dispostos constituem a organização do sistema edu- cacional brasileiro no que se refere a questões administrativas, pe- dagógicas, financeiras, à formação dos profissionais da educação, ao acesso e à permanência dos estudantes nas instituições de ensino, assim como à existência de práticas que intensificam o processo de ensino e aprendizagem em umaperspectiva de promover a formação integral de todos os estudantes. 28 Princípios e métodos de gestão escolar Diante da diversidade apresentada na sociedade brasileira, depreen- demos a necessidade de as instituições de ensino realizarem ações educativas que vislumbrem a formação do cidadão, tendo como base encaminhamentos metodológicos que compreendam o processo de ensino e aprendizagem de maneira a contemplar os princípios estabe- lecidos nas legislações educacionais, bem como o respeito à heteroge- neidade e à individualidade de cada estudante. Essas ações precisam ser realizadas por todos os envolvidos no contexto escolar, de modo que a escola, por ser um local de formação do cidadão, possa gradativamente contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Após a publicação da LDB n. 9.394/1996, alguns decretos e portarias foram regulamentados em busca de melhorias no campo educacional. Nesse âmbito, destacamos o Plano Nacional de Educação (PNE), pro- mulgado pela Lei n. 10.172, de 9 de janeiro de 2001, com vigência até 2010. As diretrizes do PNE referem-se à articulação e ao desenvolvi- mento do ensino, desde a erradicação do analfabetismo até a elevação humanística, científica e tecnológica dos cidadãos brasileiros. Esse pla- no estabelece a concretização de diretrizes, metas e propostas para a política educacional brasileira em um período de dez anos. As diretrizes, metas e propostas estabelecidas pelo PNE surgem da necessidade de alcançar objetivos educacionais que contemplem a di- versidade social brasileira. Pautado em princípios democráticos, esse documento perpassa a educação em todos os níveis e modalidades de ensino, com base em objetivos a serem cumpridos a curto, médio e longo prazo. Salientamos que a implementação do PNE precisa ser acompanha- da por políticas públicas que corroborem as diretrizes estabelecidas nesse documento, de modo a contribuir com os demais envolvidos nos processos educacionais. Portanto, é preciso que todos os cidadãos, independentemente da condição socioeconômica-política-cultural, assumam a responsabilidade de colaborar para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária a favor de todos. Com relação ao acompanhamento da implementação do PNE, ficou estabelecido que: Art. 3º A União, em articulação com os Estados, o Distrito Federal, os municípios e a sociedade civil, procederá a avaliações periódi- cas da implementação do Plano Nacional de Educação. Gestão democrática: aspectos legais e recursos financeiros 29 § 2º A primeira avaliação realizar-se-á no quarto ano de vigência desta Lei, cabendo ao Congresso Nacional aprovar as medidas legais decorrentes, com vistas à correção de deficiências e dis- torções. (BRASIL, 2001) No entanto, as avaliações do PNE não ocorreram no quarto ano (SAVIANI, 2009). Em resposta a essa situação, outra medida do Governo Federal foi a aprovação do Decreto n. 6.094, de 24 de abril de 2007, que estabelece o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, cujos objetivos são melhorar a qualidade da educação no Brasil e reduzir as desigualdades com relação às oportunidades educacionais, garantindo o direito à aprendizagem. Esse plano é estruturado em 40 programas, ações e medidas de natureza educacional. Destacamos que ambos os planos objetivam a qualidade na educa- ção. A diferença entre o PNE e o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) é que o primeiro apresenta ações que objetivam o acesso ao ensino, avanços com relação à formação e valorização dos profissionais da edu- cação e melhorias na gestão e no financiamento da educação; enquanto o PDE está mais voltado à oferta e à qualidade da educação em território nacional, diminuindo as desigualdades sociais por meio da equidade. Desse modo, no fim do ano de 2010, considerando as dificuldades apresentadas na efetivação do PNE (2001-2011), foi encaminhada ao Congresso Nacional uma nova proposta do Plano Nacional de Educação (PNE 2011-2020). Porém, não foi aprovada, pois algumas reflexões a respeito da efetivação das diretrizes ainda precisavam ser discutidas a fim de efetivar a execução do próximo PNE. Somente em 25 de junho de 2014, a Lei n. 13.005 estabeleceu o novo PNE, válido de 2014 a 2024. O PNE é estruturado em quatro blocos: o primeiro estabelece as metas de garantia ao direito à educação; o segundo, a redução das de- sigualdades sociais; o terceiro trata da valorização dos profissionais da educação; e o quarto bloco destina-se ao ensino superior. Para cada meta, são sugeridas estratégias para o cumprimento do que foi estabe- lecido (BRASIL, 2014). Entre as ações propostas no documento, salientamos a criação de uma base comum curricular a todos os estudantes da educação bási- ca, que já era prevista na CF do Brasil de 1988 e na LDB n. 9.394/1996. Essa base curricular tem por finalidade garantir a equidade na apren- dizagem de todos os estudantes, tornando-se um referencial teórico Para que todos os cida- dãos brasileiros possam acompanhar o Plano Nacional de Educação, foi criado o site Observatório do PNE (OPNE), no qual é possível monitorar as 20 metas e 254 estratégias que foram estabelecidas, além de permitir análises de como estão ocorrendo as políticas educacio- nais instituídas no PNE (2014-2024). Disponível em: https://www. observatoriodopne.org.br/. Acesso em: 16 jun. 2020. Site 30 Princípios e métodos de gestão escolar obrigatório para a elaboração dos currículos escolares das instituições de ensino públicas e privadas. A política de elaboração da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) teve início em 2014, com discussões e debates. O processo foi condu- zido pelo Ministério da Educação (MEC), pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e pelo Conselho Nacional de Educa- ção (CNE). Consequentemente, a construção foi coletiva. Em 2015, a primeira versão da BNCC foi disponibilizada on-line, para que os envolvidos no contexto educacional fizessem uma discussão preliminar desse documento. A segunda versão foi disponibilizada em 2016, possibilitando a elaboração de pareceres. No ano de 2017, a ter- ceira versão foi finalizada (BRASIL, 2017). Diante dessa prerrogativa, o CNE apresentou a Resolução CNE/CP n. 2, de 22 de dezembro de 2017, e instituiu a implantação da Base Nacional Comum Curricular em todas as escolas do Brasil até o final do ano letivo de 2020. Desse modo, a educação no Brasil está balizada em uma concepção de gestão democrático-participativa e vem buscando, nos últimos anos, adequar as políticas educacionais, a fim de atender à diversidade social e possibilitar o saber escolar, em uma perspectiva de atender a todos os cidadãos. Todavia, é necessário que os profissionais da educação tenham conhecimento de tais legislações e que o Governo Federal pro- porcione subsídios para que a educação seja efetivada nos diversos contextos, isto é, as ideias propostas em lei devem ser coerentes com a realidade brasileira. 2.2 Regimento escolar: o que é e para que serve Vídeo A concepção de gestão democrática escolar preconizada nos docu- mentos legais oportuniza a participação da comunidade escolar nos processos educativos. Todavia, essa participação pressupõe a todos os envolvidos a responsabilidade e o comprometimento de organizar e realizar o trabalho escolar de acordo com os dispositivos legais. Conheça os principais marcos do processo de elaboração da Base Na- cional Comum Curricular, desde a Constituição Federativa do Brasil de 1988 até a última versão. Disponível em: http://basenacio- nalcomum.mec.gov.br/implemen- tacao/pro-bncc/material-de-apoio. Acesso em: 16 jun. 2020. Site Após o Decreto n. 6.094, documento no qual o governo estabeleceu o Plano de Metas Com- promisso Todos pela Edu- cação, o MEC publicou o livro intitulado O plano de desenvolvimento da educação: razões, princí- pios e programas. A obra apresenta os princípiospolíticos, os fundamentos teóricos, os métodos edu- cacionais e a organização administrativa da gestão que presidia o ministério no período em que o livro foi publicado (2007). Disponível em: http://portal.mec. gov.br/arquivos/livro/livro.pdf. Acesso em: 16 jun. 2020. Leitura Gestão democrática: aspectos legais e recursos financeiros 31 Ra wp ixe l.c om /S hu tte rs to ck Seguindo essa linha de pensamento, Paro (2001, p. 52) afirma que: O local em que se realiza a educação sistematizada precisa ser o ambiente mais propício possível à prática da democracia. Por isso, na realização da educação escolar a coerência entre os meios e fins exige que tanto a estrutura didática quanto a or- ganização do trabalho no interior da escola estejam dispostas de modo a favorecer relações democráticas. Esses são requisitos importantes para que uma gestão escolar pautada em princípios de cooperação humana e solidariedade possa concorrer tanto para a ética quanto para a liberdade, componentes imprescindí- veis de uma educação de qualidade. Nessa perspectiva, a gestão democrática escolar, legalmente ampara- da pela LDB n. 9.394/1996, dá autonomia às instituições de ensino para que elaborem e organizem o funcionamento da escola conforme sua lo- calização e realidade, desde que em consonância com a legislação educa- cional de ordem nacional, estadual e municipal. Azanha (1995, p. 144-145) expõe como a autonomia precisa aconte- cer no contexto escolar: A autonomia não é algo a ser implantado, mas, sim, a ser assu- mido pela própria Escola. Não se pode confundir ou permitir que se confunda a autonomia da Escola com apenas a criação de de- terminadas decisões administrativas e financeiras. A autonomia escolar não será uma situação efetiva se a própria Escola não assumir compromissos com a tarefa educativa. Os dispositivos legais, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação n. 9.394/1996 (LDB), estabelecem a organização do trabalho educativo realizado na escola, assim como os princípios da educação no Brasil. Apresente quais são esses princípios e a finalidade da educação, conforme estabelecido nesse dispositivo legal. Atividade 1 32 Princípios e métodos de gestão escolar Logo, a autonomia da escola é uma possibilidade de fazer escolhas que atendam ao contexto escolar, propiciando os processos educa- tivos de maneira responsável e comprometida. O regimento escolar serve tanto para a documentação quanto para a organização dessas ações educativas. O regimento escolar é um documento legal normatizador e orien- tador do funcionamento e da organização do trabalho educativo rea- lizado na escola pública e privada. Todas as ações do coletivo escolar estabelecidas no regimento precisam estar em consonância com as práticas realizadas nesse espaço educativo. Essa organização da escola é respaldada legalmente pelo artigo 88 da LDB n. 9.394/1996: Art. 88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adaptarão sua legislação educacional e de ensino às disposições desta Lei no prazo máximo de um ano, a partir da data de sua publicação. § 1º As instituições educacionais adaptarão seus estatutos e regi- mentos aos dispositivos desta Lei e às normas dos respectivos sis- temas de ensino, nos prazos por estes estabelecidos. (BRASIL, 1996) Ressaltamos que o regimento escolar pode ser alterado conforme modificações ocorridas no contexto em que a instituição está inserida, assim como se ocorrerem mudanças na legislação vigente. É importante salientar também que esse documento expressa ainda questões pro- postas no projeto político-pedagógico da escola, assim como as parti- cularidades da instituição, de modo a estabelecer e legitimar as ações realizadas nesse espaço educativo. As normas estabelecidas precisam estar em consonância com os dispositivos legais que regulamentam a realização dos processos educativos no Brasil. Diante do exposto, Vasconcelos (2003, p. 39) esclarece que: a educação escolar tem finalidades, metas, objetivos a serem al- cançados; não é um processo aleatório. Entendemos que é um processo que está implícita uma diretividade, que não é, porém, estática, nem dogmática, sendo permeada pela interação entre os elementos participantes, que devem nele atuar como sujeitos. O fazer pedagógico apresenta distintas situações e, ao entender as finalidades propostas no regimento escolar, as tomadas de decisões diante das singularidades apresentadas no dia a dia escolar serão fun- A Secretaria de Estado da Educação do Paraná disponibiliza, no site do governo, um caderno de subsídios para a elabora- ção do regimento escolar. Intitulado Fundamentação legal para a elaboração do regimento escolar da edu- cação básica, o caderno apresenta uma diretriz para auxiliar na produção do documento. Disponível em: http://www. educacao.pr.gov.br/sites/ default/arquivos_restritos/files/ documento/2019-12/manual_re- gimento2017.pdf. Acesso em: 16 jun. 2020. Leitura Gestão democrática: aspectos legais e recursos financeiros 33 damentadas em princípios educacionais respaldados legalmente por um documento oficial da instituição de ensino. Por isso, ao elaborar o regimento escolar, é importante atentar aos itens que compõem esse documento, de modo a atender questões le- gais e pontuais da instituição de ensino. Para que isso ocorra, as se- cretarias de educação estaduais e municipais disponibilizam, para as escolas, um modelo oficial pautado em princípios democráticos. Assim, as particularidades de cada instituição são discutidas pelo coletivo da escola e propostas no regimento, que será aprovado pelo conselho escolar da instituição de ensino e pela Secretaria da Educação. Já nas escolas privadas o regimento é aprovado pela mantenedora e/ou pela direção da escola. Por ser um dispositivo obrigatório e de caráter legal, a elaboração do texto é fundamentada em bases jurídicas. Os elementos que com- põem os títulos e capítulos do regimento escolar se referem à identi- ficação da instituição de ensino, aos princípios e fins da educação e às especificações sobre a estrutura física, administrativa e pedagógica da escola, entre outros itens. Portanto, compreendemos que o regimento escolar é um documen- to que possibilita a democratização do ensino. Cabe à equipe diretiva da escola propor a discussão e a reflexão sobre o conteúdo desse docu- mento, bem como organizar ações educativas que coloquem em prática os compromissos assumidos coletivamente no regimento escolar. O regimento escolar regulamen- ta e normatiza todas as ações realizadas nas instituições de ensino. Nesse sentido, que ações a equipe diretiva da instituição de ensino pode oportunizar para que o disposto no regimento se efetive no cotidiano escolar? Atividade 2 2.3 Recursos financeiros na escola Vídeo A gestão de recursos financeiros na escola demanda a administra- ção do dinheiro que entra e sai da instituição de ensino. Em uma ges- tão democrática, a transparência é de fundamental importância para legitimar e priorizar o uso do dinheiro destinado a essa instituição. Os recursos financeiros precisam ser administrados tanto para a compra de materiais de consumo permanente quanto para a manu- tenção da estrutura física e aquisição de recursos didático-pedagógicos necessários à promoção de espaço físico e ambiente propícios aos pro- cessos educativos. 34 Princípios e métodos de gestão escolar Para Moreira (1998, p. 169): “A administração dos recursos financeiros, essencial para a manu- tenção de um ensino de qualidade, é considerada uma atividade-meio, pois viabiliza o espaço e as condições materiais de desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, embora não defina os objetivos educacionais”. Consequentemente, é necessário haver um planejamento com re- lação ao destino da verba a que a escola tem acesso, a fim de garantir o seu uso consciente. É fundamental fazer um levantamento das prio- ridades da instituição de ensino, para que seja possível traçarmetas e realizar ações que contribuam com os processos educativos desenvol- vidos. Resumidamente, a escola precisa ter planejamento, execução e controle dos recursos financeiros disponíveis. Em uma escola com concepção de gestão democrático-participativa, é preciso fazer reuniões com a comunidade escolar para discutir e de- cidir coletivamente a gestão do dinheiro em determinado período. Conforme dito anteriormente, a transparência é necessária e reside também no fato de que todos os gastos da escola precisam ser organi- zados com as notas fiscais originais, ou seja, deve haver prestação de contas dos gastos realizados. Para a organização dos recursos financeiros, sugerimos a utilização de recursos tecnológicos, como planilhas do Microsoft Office Excel, nas quais é possível desenvolver fórmulas para o cálculo automático e exa- to do fluxo de entrada e saída do dinheiro na instituição de ensino. Ra wp ixe l.c om /S hu tte rs to ck Gestão democrática: aspectos legais e recursos financeiros 35 No caso da escola pública, a utilização da verba precisa ainda estar em consonância com a Lei de Licitação e Registro de Preços (BRASIL, 2020a). Os recursos financeiros são destinados à escola pública tanto de maneira centralizada quanto descentralizada. O uso da verba centrali- zada é administrado pelo Poder Executivo (governador e prefeito), e a escola tem acesso às compras por intermédio do órgão executor (Se- cretaria Estadual e Municipal da Educação), que a equipa com mesas, cadeiras, quadros etc. e faz o pagamento dos profissionais que traba- lham na instituição de ensino. Com relação à descentralização do uso da verba pública, a legis- lação educacional prevê o envio de recursos financeiros à escola, de modo que a gestão escolar tenha autonomia para melhor aplicar o di- nheiro recebido. Para isso, a LDB n. 9.394/1996 institui que: “Art. 15 Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de edu- cação básica que os integram progressivos graus de autonomia peda- gógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público” (BRASIL, 1996). A descentralização financeira permite à escola resolver situações em que é necessário agilizar a verba, visto que o dia a dia das institui- ções de ensino é dinâmico e questões sobre como garantir as melhores condições de desenvolvimento dos processos educativos precisam ser discutidas constantemente pela comunidade escolar. Diante dessa situação, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvi- mento da Educação (FNDE), o MEC criou o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), que encaminha os recursos financeiros às escolas públicas, viabilizando a autonomia escolar na administração das verbas recebidas. O PDDE foi criado em 1995, com a finalidade de oferecer assistência financeira às escolas públicas, contribuindo com a manutenção e me- lhoria da infraestrutura física e pedagógica da escola. Isso porque o re- curso financeiro enviado pelo PDDE não pode ser destinado a compras já financiadas pelo FNDE, como livros didáticos e de literatura enviados para a escola por meio do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) (BRASIL, 2020b). A Resolução n. 18, de 21 de maio de 2013, dispõe o seguinte sobre a destinação dos recursos financeiros regulamentados no PDDE: Art. 2º Os recursos financeiros de que trata o art. 1º serão libe- rados em favor das escolas nele referidas que possuam Unidade Para o uso dos recursos financeiros, as esco- las públicas precisam seguir os processos estabelecidos pela lei referente a licitações dos fornecedores, que busca evitar o favorecimento de determinadas empresas e o desvio das verbas públicas. Obtenha mais informações sobre a Lei de Licitações acessando o site a seguir. Disponível em: https://www. fnde.gov.br/index.php/acesso- -a-informacao/fndegovernanca/ item/9784-licitacao-registro-pre- cos-perguntas-frequentes. Acesso em: 16 jun. 2020. Saiba mais https://www.fnde.gov.br/index.php/acesso-a-informacao/fndegovernanca/item/9784-licitacao-registro-precos-perguntas-frequentes https://www.fnde.gov.br/index.php/acesso-a-informacao/fndegovernanca/item/9784-licitacao-registro-precos-perguntas-frequentes https://www.fnde.gov.br/index.php/acesso-a-informacao/fndegovernanca/item/9784-licitacao-registro-precos-perguntas-frequentes https://www.fnde.gov.br/index.php/acesso-a-informacao/fndegovernanca/item/9784-licitacao-registro-precos-perguntas-frequentes https://www.fnde.gov.br/index.php/acesso-a-informacao/fndegovernanca/item/9784-licitacao-registro-precos-perguntas-frequentes 36 Princípios e métodos de gestão escolar Executora Própria (UEx), devendo ser empregados na implemen- tação de ações que propiciem condições favoráveis à melhoria da qualidade de ensino e à transição das escolas para a susten- tabilidade socioambiental, considerando a gestão, o currículo e o espaço físico, de forma a tornarem-se espaços educadores sustentáveis. § 1º Para os fins desta Resolução, são considerados espaços educadores sustentáveis instituições de ensino que desenvol- vem processos educativos permanentes e continuados, capazes de sensibilizar a comunidade escolar para a construção de uma sociedade de direitos, ambientalmente justa e sustentável, fo- mentando ações que abranjam as dimensões currículo, gestão e espaço físico e compensem seus impactos ambientais com o de- senvolvimento de tecnologias apropriadas, de modo a garantir qualidade de vida às presentes e futuras gerações, na intencio- nalidade de educarem para a sustentabilidade socioambiental, tornando-se referência em seu território. (BRASIL, 2013) Nessa perspectiva, a própria legislação indica a necessidade de uti- lizar os recursos financeiros de modo a contribuir com os processos educativos, bem como a conscientizar a comunidade escolar sobre a sustentabilidade dos bens adquiridos, fomentando uma ação transfor- madora que reverbere na formação do homem, possibilitando o exer- cício da sua cidadania de maneira crítica e participativa. Assim como nas demais instâncias, é fundamental que a comunida- de escolar participe das decisões do uso da verba recebida pela escola, visto que essa participação está respaldada legalmente pela concep- ção de gestão democrática escolar. As reuniões e tomadas de decisões precisam envolver ainda as instâncias colegiadas, como o Conselho de Escola e Associação de Pais, Professores e Funcionários (APPF) e/ou Associação de Pais, Mestres e Funcionários (APMF). Outra questão a destacar é o valor dos recursos financeiros que a escola pública recebe, o qual é regularizado de acordo com a localiza- ção regional da instituição e a quantidade de estudantes matriculados. A Resolução n. 6, de 27 de fevereiro de 2018, estabelece que: Art. 9 § 3º Os repasses de recursos de que tratam o caput dar-se-ão em duas parcelas anuais, devendo o pagamento da primeira parcela ser efetivado até 30 de abril e o da segunda par- cela até 30 de setembro de cada exercício às EEx, UEx e EM que cumprirem os requisitos definidos no art. 12 até a data de efeti- vação dos pagamentos. (BRASIL, 2018) Gestão democrática: aspectos legais e recursos financeiros 37 Nesse sentido, Perrenoud (2000, p. 103, grifos do original) afirma que: Administrar os recursos de uma escola é fazer escolhas, ou seja, é tomar decisões coletivamente. Na ausência de projeto comum, uma coletividade utiliza os recursos que tem, esforçando-se, so- bretudo, para preservar uma certa equidade na repartição dos recursos. Por essa razão, se não for posta a serviço de um proje- to que proponha prioridades, a administração descentralizada dos recursos pode, sem benefício visível, criar tensões difíceis de vivenciar, com sentimentos de arbitrariedade ou de injustiça pouco propícios à cooperação. Dessa forma, é importante retomar o projeto político-pedagógico e o regimento escolar, bem como averiguar os objetivos da instituição de ensino,com a finalidade de elaborar e executar o planejamento financeiro de modo que a escola viabilize ações para garantir o direito à educação. Nas escolas privadas, o uso dos recursos financeiros segue regula- mentos aprovados nos estatutos e regimentos da instituição de ensino. Além disso, as instituições são submetidas às legislações dos governos federal, estadual e municipal quanto ao funcionamento e à utilização de recursos financeiros, sobre os quais também prestam contas ao po- der público. Cabe destacar que, nas instituições privadas, a análise das necessidades da escola deve ser tão precisa quanto na pública, pois elas são mantidas por empresas privadas que também prestam contas. Baú e Grisard (2010, p. 31) afirmam: “para que possamos traçar um diagnóstico fiel dos principais desafios que as equipes diretivas das instituições de ensino encontram no seu cotidiano, é necessário consi- derarmos os riscos envolvidos na condução do negócio e as complexi- dades deste ramo de atividade”. O planejamento financeiro, tanto nas instituições privadas quanto nas públicas, é tão importante quanto o planejamento das ações pedagógicas. Sabemos que cada escola está inserida em um contexto específico e, por isso, é imprescindível o acompanhamento das ações propostas a fim de garantir o cumprimento legal das responsabilidades financeiras da escola, assim como da responsabilidade pedagógica, previstas nas legislações vigentes. Com relação aos recursos financeiros disponíveis às instituições de ensino, quais ações são pertinentes para que a gestão da escola destine a verba de modo transparente? Atividade 3 O Ministério da Educação é o órgão do Poder Executivo Federal res- ponsável pela educação no Brasil. Entre os órgãos vinculados ao MEC, está o Conselho Nacional de Educação (CNE), órgão normativo que coordena a política nacional da edu- cação e as demais políti- cas públicas instituídas no Brasil, a fim de garantir a execução dos dispositivos legais estabelecidos às instituições de ensino públicas e privadas. Para mais informações, acesse o site a seguir. Disponível em: http://portal.mec. gov.br/conselho-nacional-de-e- ducacao/apresentacao. Acesso em: 16 jun. 2020. Site 38 Princípios e métodos de gestão escolar CONSIDERAÇÕES FINAIS Os processos educativos realizados nas instituições de ensino têm como base as legislações vigentes, especialmente a Constituição Federa- tiva do Brasil de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 9.394/1996. O trabalho desenvolvido na escola, portanto, precisa ser ba- lizado na concepção de gestão democrático-participativa preconizada nos dispositivos legais. Para que isso ocorra, cada instituição de ensino possui um documento legal que regulamenta e normatiza todas as ações realizadas na escola: o regimento escolar. É fundamental que esse documento seja conhecido por toda a comunidade escolar, a fim de que todos tenham consciência dos seus direitos e deveres, oportunizando melhores condições de fun- cionamento e organização dos processos educativos. Com relação aos recursos financeiros da escola, é preciso planejamen- to para que as verbas disponíveis priorizem e atendam às necessidades da instituição de ensino, de modo a contemplar os princípios e as finalida- des educacionais. Além disso, é necessário o acompanhamento e o moni- toramento das prestações de conta, que carecem estar em consonância com o elemento constitutivo transparência, ou seja, a comunidade escolar precisa ter conhecimento dos gastos realizados pela escola. Conforme estudamos ao longo deste capítulo, o entendimento dos dispositivos legais é fundamental para que a gestão democrática escolar possa garantir o acesso à educação. REFERÊNCIAS AZANHA, J. M. P. Educação: temas polêmicos. São Paulo: Martins Fontes, 1995. BAÚ, Á. L.; GRISARD, L. A. Gestão escolar integrada: uma proposta de diálogo financeiro e jurídico. Curitiba: Positivo, 2010. BRASIL. Constituição Federal (1988). Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao. htm. Acesso em: 16 jun. 2020. BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em: http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/ id/529732/lei_de_diretrizes_e_bases_1ed.pdf. Acesso em: 16 jun. 2020. BRASIL. Lei n. 10.172, de 9 de janeiro de 2001. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 10 jan. 2001. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/ l10172.htm. Acesso em: 16 jun. 2020. BRASIL. Licitação e Registro de Preços. 2020a. Disponível em: https://www.fnde.gov.br/ index.php/acesso-a-informacao/fndegovernanca/item/9784-licitacao-registro-precos- perguntas-frequentes. Acesso em: 16 jun. 2020. Gestão democrática: aspectos legais e recursos financeiros 39 BRASIL. Plano Nacional de Educação. OPNE, 2014. Disponível em: http://www. observatoriodopne.org.br/uploads/reference/file/439/documento-referencia.pdf. Acesso em: 16 jun. 2020. BRASIL. Programa Dinheiro Direto na Escola. 2020b. Disponível em: https://www.fnde.gov. br/index.php/programas/pdde. Acesso em: 25 mar. 2020. BRASIL. Resolução CNE/CP n. 2, de 22 de dezembro de 2017. Brasília: Conselho Nacional de Educação, 2017. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2017- pdf/79631-rcp002-17-pdf/file. Acesso em: 12 abr. 2020. BRASIL. Resolução n. 6, de 27 de fevereiro de 2018. Brasília: Fundo Nacional De Desenvolvimento Da Educação, 2018. Disponível em: https://www.fnde.gov.br/index. php/acesso-a-informacao/institucional/legislacao/item/11945-resolu%C3%A7%C3%A3o- n%C2%BA6,-de-27-de-fevereiro-de-2018. Acesso em: 16 jun. 2020. BRASIL. Resolução n. 18, de 21 de maio de 2013. Brasília: Fundo Nacional De Desenvolvimento Da Educação, 2013. Disponível em: https://www.fnde.gov.br/index. php/acesso-a-informacao/institucional/legislacao/item/4542-resolu%C3%A7%C3%A3o-cd- fnde-n%C2%BA-18,-de-21-de-maio-de-2013. Acesso em: 16 jun. 2020. CURY, C. R. J. Direito à educação: direito à igualdade, direito à diferença. Cadernos de Pesquisa, n. 116, p. 245-262, jun. 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/ n116/14405.pdf. Acesso em: 16 jun. 2020. CURY, C. R. J. Lei de Diretrizes e Bases – Cury, Parte 1. 2010. Disponível em: http://www. gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/modules/video/showVideo.php?video=13089. Acesso em: 16 jun. 2020. MOREIRA, A. M. de A. A gestão dos recursos financeiros na escola. In: VEIGA, I. P. A.; RESENDE, L. M. G. de. (org.). Escola: espaço do projeto político-pedagógico. Campinas: Papirus, 1998. PARO, V. H. Qualidade do ensino: a contribuição dos pais. São Paulo: Xamã, 2001. PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. SAVIANI, D. PDE – Plano de Desenvolvimento da Educação: análise crítica da política do MEC. Campinas: Autores Associados, 2009. VASCONCELOS, C. dos S. Para onde vai o professor? Resgate do professor como sujeito de transformação. São Paulo: Libertad, 2003. GABARITO 1. A LDB n. 9.394/1996 estabelece que a educação precisa ser ofertada a partir dos princípios de liberdade e solidariedade humana, e tem como finalidade o desenvol- vimento pleno do educando, o preparo para o exercício da cidadania e sua qualifi- cação para o trabalho. 2. Disponibilizar e informar sobre o regimento escolar são ações que a equipe da gestão escolar precisa realizar na instituição de ensino, de modo que todos os envolvidos nos processos educativos conheçam esse documento e que ele esteja presente nas ações realizadas no dia a dia das escolas. 3. Propor reuniões com as instâncias colegiadas, o conselho da escola e a associação de pais, professores e funcionários, para que juntos possam elencar as prioridades de uso da verba na instituição de ensino, respeitando as legislações que destinam o seu fim, bem como realizar a prestação
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