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161 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Capítulo 8 Desenvolvimento sustentável Este capítulo tem como objetivo a análise da concepção de desen- volvimento sustentável e os processos históricos que conduziram à construção desse conceito. Estudaremos, no primeiro tópico, os deba- tes promovidos pela ONU que procuraram aliar de forma global o de- senvolvimento econômico com a sustentabilidade. O segundo tópico promove a discussão em torno dos limites e das potencialidades do desenvolvimento sustentável, por meio da compreensão das relações entre Estado, mercado, terceiro setor e cidadãos diante do desenvolvi- mento sustentável. 162 Ética, cidadania e sustentabilidade Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 1 Concepções de desenvolvimento sustentável Apenas na segunda metade do século XX começou-se a falar gra- dualmente na preservação do meio ambiente e o assunto tornou-se de interesse das nações. A humanidade deu-se conta de que a produção de energia e de armas nucleares e o uso de produtos químicos para diversos fins poderiam simplesmente prejudicar a existência dos seres humanos e de outras espécies no planeta. Isso significa que o período de internacionalização do debate sobre a preservação do meio ambien- te está diretamente relacionado com a consciência que a humanidade começa a adquirir sobre os avanços destruidores de sua tecnologia. A década de 1970 caracterizou-se pelo fortalecimento de ONGs e entidades ambientalistas (caso do Greenpeace, surgido em 1971, e da WWF, criada em 1961) preocupadas com a preservação do meio ambiente e o combate à destruição da natureza. A Terra passou a dar alertas sobre a ação predatória exercida principalmente pelo modelo de industrialização disseminado por países da Europa e pelos Estados Unidos. Verificou-se o aumento da temperatura, a redução das cama- das de gelo nos polos, a extinção de animais, a redução das florestas. Iniciou-se uma longa e intensa campanha para a preservação do meio ambiente e em busca de novas formas de desenvolvimento, o que, com o passar dos anos, atraiu a atenção de toda a sociedade. Na Conferência de Estocolmo (1972), na Suécia, primeira reunião organizada pela ONU para debater o meio ambiente, como já mencionado, utilizava-se o con- ceito de ecodesenvolvimento. Como a própria denominação indica, a ênfase dos debates estava na questão dos impactos do desenvolvimen- to industrial sobre o meio ambiente. Segundo Dias (2006): Na segunda metade do século XX, com a intensificação do cres- cimento econômico mundial, os problemas ambientais se agrava- ram e começaram a aparecer com maior visibilidade para ambos os setores da população, particularmente dos países desenvolvi- 163Desenvolvimento sustentável M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. dos, os primeiros a serem afetados pelos impactos provocados pela Revolução Industrial. (DIAS, 2006, p. 12) Vimos, no capítulo anterior, que, em 1987, a ONU elaborou o Relatório Brundtland (conhecido também como o documento Nosso Futuro Comum). Nesse relatório, evidenciou-se a necessidade de articulação e coexistência da sustentabilidade ambiental com medidas econômicas, políticas, sociais e culturais, fomentando o conceito de desenvolvimen- to sustentável e ampliando o debate em relação ao meio ambiente e para além dele. A definição de desenvolvimento sustentável foi compre- endida como a maneira de as gerações atuais conseguirem satisfazer as suas necessidades de consumo sem comprometerem as gerações futuras e de obterem recursos para garantirem a sobrevivência. O ano de 1992 é considerado relevante para a construção do con- ceito de desenvolvimento sustentável. No Rio de Janeiro, foi realizada pela ONU a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), reunião conhecida como ECO-92 (ou sim- plesmente Cúpula da Terra). Essa conferência foi um marco, pois os países resolveram dialogar e assumiram a existência de uma situação urgente em torno do tema do meio ambiente. Cento e setenta e nove países assinaram um importante documen- to, a Agenda 21, que estabeleceu um programa extenso baseado em 40 capítulos em que se institui a necessidade do desenvolvimento sus- tentável numa escala planetária. A Agenda 21 pode ser lida como um dos mais importantes documentos internacionais publicados no século XX. Na realidade, é o resultado de um intenso debate e de uma maior consciência dos problemas ambientais. O nome “Agenda 21” é utiliza- do em virtude da intenção de modificar, para o século XXI, o padrão de desenvolvimento econômico dos países. Trata-se de um documento que estabelece planetariamente o desenvolvimento sustentável. É um instrumento que avalia e planeja ações que direcionam as nações a esse desenvolvimento, tendo em vista as peculiaridades geográficas e 164 Ética, cidadania e sustentabilidade Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .culturais de cada nação e das localidades, por meio do emprego de mé- todos que visam à preservação do meio ambiente, à igualdade social, ao respeito à diversidade cultural e à busca pela eficiência na produção. O livro Desenvolvimento sustentável: dimensões e desafios, de Ana Luiza Camargo, publicado em 2005, apresenta uma importante compi- lação dos múltiplos significados e entendimentos de desenvolvimento sustentável. A autora, a partir de seus estudos, indica as variações desse conceito, que, como vimos, surgiu primeiro com o Relatório Brundtland e depois consolidou-se com a ECO-92. Desenvolvimento sustentável é um conceito normativo que envolve compromissos entre objetivos sociais, ecológicos e econômicos. Abrange perspectivas econômicas, sociais e ecológicas de conser- vação e mudança. [...] nova maneira de perceber as soluções para os problemas globais, que não se reduzem apenas à degradação ambiental, mas que incorporam dimensões sociais, políticas e cul- turais, como a pobreza e a exclusão social. [...] é um processo de desenvolvimento econômico em que se procura preservar o meio ambiente levando em consideração os interesses das futuras ge- rações, isto é, promovendo o desenvolvimento sem deteriorar ou prejudicar a base de recursos que lhe dá sustentação. [...] é o mais recente conceito que relaciona as coletivas aspirações de paz, li- berdade, melhoria das condições de vida e de um meio ambien- te saudável. Seu mérito reside na tentativa de reconciliar os reais conflitos entre economia e meio ambiente e entre o presente e o futuro. [...] pode ser também definido como um vetor no tempo de objetivos sociais desejáveis, tais como: incrementos da renda per capita, melhorias no estado de saúde, níveis educacionais aceitá- veis, acesso aos recursos, distribuição mais equitativa de renda e garantia de maiores liberdades fundamentais. [...] deve apresentar uma perspectiva de desenvolvimento além do crescimento econô- mico, reconhecer as múltiplas tradiçõesculturais e crenças, trans- cender o consumismo e fornecer uma estrutura de estilo de vida mais desejável, enfatizar reformas estruturais para equidade inter- na e global e delinear efetivos planos legais e institucionais para a manutenção ambiental [...]. O desenvolvimento sustentável é uma estratégia através da qual comunidades buscam um desenvolvi- mento econômico que também beneficie o meio ambiente local e 165Desenvolvimento sustentável M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. a qualidade de vida [...], na tentativa de conciliar eficiência econô- mica, justiça social e prudência ecológica [...]. O termo desenvolvi- mento sustentável é uma combinação profética de duas palavras que unem ambos os aspectos, progresso econômico e qualidade ambiental, em uma só visão [...], é uma ideologia, um valor, uma éti- ca [...] uma declaração moral sobre como deveríamos viver sobre o planeta e uma descrição de características físicas e sociais que de- veriam existir no mundo. [...] apesar da diversidade de abordagens, todas parecem buscar traduzir o espírito de responsabilidade. (CA- MARGO, 2020, p. 72-74) Com base nas múltiplas características do desenvolvimento sustentá- vel destacadas por Camargo (2020), pode-se perceber que todas conver- gem para dois aspectos centrais. Primeiro, a necessidade global de adotar estratégias conjuntas entre governos, mercado e sociedade civil para a re- alização de ações igualmente interdependentes, que envolvam a proteção ambiental e de culturas tradicionais, o progresso econômico, a redução da desigualdade social e a ampliação da participação política. Como consequ- ência (e este é o segundo aspecto), deve-se considerar o desenvolvimento sustentável um novo pacto social, de forma inédita global, que visa conso- lidar e inaugurar princípios civilizatórios, constituindo por isso uma nova ética e um compromisso moral. O objetivo dessas novas práticas civiliza- tórias é garantir a responsabilidade perante as gerações futuras a partir da racionalização, no presente, da forma como garantimos nosso sustento, além de consolidar a sustentabilidade na cadeia de produção, trabalho, consumo e descarte de mercadorias. O desenvolvimento sustentável surge como alternativa e solução para o modelo de produção predatório vigente. No lugar deste, procu- ram-se novas estratégias, sustentáveis, considerando a existência de altos níveis de progresso tecnológico, a necessidade do consumo de formas de energia renováveis, a conscientização da população, a pre- servação do meio ambiente e de outras sociedades ou culturas. Consolidado o conceito, a ONU promoveu, nos anos seguintes, uma sé- rie de conferências, cuja intenção foi delinear ações globais efetivas em 166 Ética, cidadania e sustentabilidade Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .direção ao desenvolvimento sustentável. No ano de 1997, foi realizada, na cidade de Kyoto (Japão), uma das reuniões mais relevantes sobre o de- senvolvimento sustentável. Pela primeira vez, buscaram-se efetivamente alternativas para a redução de gases poluentes e nocivos ao planeta. O chamado Protocolo de Kyoto corresponde a um extenso com- promisso ambiental, social e econômico entre praticamente todas as nações do mundo que entrou em vigor no mesmo ano da reunião. O protocolo estabeleceu metas de redução de gases que contribuem ne- gativamente para o efeito estufa, liberados na atmosfera principalmen- te pelas nações mais desenvolvidas. Além disso, promoveu políticas econômicas inéditas de práticas limpas e ecologicamente corretas ao incentivar a substituição de produtos e fontes de energia (por exemplo, o petróleo) por outras menos poluentes (por exemplo, a energia solar, a eólica e o biodiesel). Também instituiu que se reduzissem em torno de 5,2% os gases poluentes entre os anos de 2008 e 2012. Essa meta de redução dos gases não foi idêntica para todos os países, variando de acordo com o grau de desenvolvimento industrial e da poluição emitida. A União Europeia ficaria responsável por uma redução por volta de 8%. Os Estados Unidos deveriam ficar responsáveis por uma redução de 7%, enquanto o Japão, de 6%. Países em processo de desenvolvimento econômico e industrial teriam metas menores, como é o caso de Brasil, Índia, China, México e África do Sul, até pelo menos alcançarem seu progresso e índices melhores de qualidade de vida para sua população. Oitenta e quatro nações assinaram incondicionalmente o protoco- lo, inclusive aceitando criar legislações em seus países para barrar o intenso processo de destruição do meio ambiente. Já Estados Unidos (responsável por 35% das emissões), Canadá, Rússia e Austrália, que, juntos, representam mais de 50% das emissões de poluentes, se recu- saram a concordar com o documento, julgando-o injusto por não insti- tuir o mesmo percentual a todos os países. Os norte-americanos encer- raram as negociações no ano de 2001, conduzindo o plano ao fracasso, pois eram os maiores responsáveis pela emissão de gases poluentes. O argumento das autoridades dos Estados Unidos era o de que não 167Desenvolvimento sustentável M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. havia provas científicas suficientes para afirmar que a ação da huma- nidade seria verdadeiramente a principal responsável pelas mudanças climáticas. A Rússia, segundo maior responsável pela emissão de ga- ses poluentes, decidiu aderir ao protocolo apenas em 2004, já que este era um pré-requisito para a sua inserção na Organização Mundial do Comércio (OMC). A participação do Brasil no Protocolo de Kyoto foi muito importante. Uma de suas maiores contribuições foi a criação da proposta chamada Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Com esse mecanismo, criou-se uma espécie de aporte aos países desenvolvidos que não con- seguem praticar as metas estabelecidas pelo protocolo. A ideia é que os países já desenvolvidos financiem ou custeiem políticas de preservação do meio ambiente nos países em desenvolvimento ou mais pobres. Essa prática ficou conhecida como créditos de carbono. Os países mais ricos passam a compensar a poluição por eles produzida com a preservação ambiental em países mais pobres, com a troca de recursos financeiros ou bônus. Empresas que poluem mais podem obter, junto ao governo de seu país, concessões para poluir (certificados chamados de Redução Certificada de Emissões – RCE) desde que financiem políticas de preser- vação em outras regiões ou países. Os créditos financiam políticas de re- florestamento, a utilização de fontes de energia alternativas, a exploração sustentável da biodiversidade, a preservação de culturas tradicionais, a conservação de florestas, programas de reciclagem, entre outros aliados da sustentabilidade econômica, ambiental, social e cultural. O primeiro projeto de MDL (ou créditos de carbono) autorizado pela ONU destinou-se ao aterro sanitário ou lixão de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro. Os bônus foram trocados com um conjunto de empresas dos Países Baixos. Essa ideia é muito aplicada em todo o mundo, ainda que os Estados Unidos tenham se recusado a participar desse protocolo. O projeto sustentável do lixão de Nova Iguaçu foi responsável por trans- formar o gás metano, resultado da decomposição do lixo, em fontede energia elétrica, capaz de abastecer cerca de 60 mil residências. 168 Ética, cidadania e sustentabilidade Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Em 2002, novamente a ONU buscou um novo acordo, agora em Joanesburgo, na África do Sul, num evento chamado Rio+10, em alu- são aos dez anos decorridos desde a conferência realizada no Rio de Janeiro, a ECO-92. ONGs, governos e empresários fizeram um balanço dos últimos dez anos do texto da Agenda 21 e constataram que pouco havia sido feito para preservar o meio ambiente e, pior que isto, a situa- ção havia se agravado. Novos compromissos foram assinados, porém os norte-americanos insistiam em defender a posição de que não há comprovações científicas suficientes para provar que a responsabilida- de pelas mudanças climáticas é humana. No final de 2007, foi realizada em Bali (Indonésia) uma nova confe- rência, dez anos após o Protocolo de Kyoto. A reunião é tida como his- tórica. Nela, a Austrália assinou o protocolo, de modo que faltava ape- nas os Estados Unidos assumirem um compromisso ambiental global. Houve pressão da opinião pública internacional e, inclusive, de todas as nações contra os americanos, e o país foi ameaçado de sofrer boicotes e sanções econômicas internacionais. Devido a essas pressões, os nor- te-americanos acabaram firmando o compromisso e, pela primeira vez, reconheceram a relação entre os danos ambientais e a ação humana. Em 2012 foi realizada a Rio+20, título em referência aos vinte anos da ECO-92. Serrão, Almeida e Carestiato (2012) apresentam os prinicipais pontos da Rio+20: Dessa Conferência participaram 188 países. O objetivo era reforçar o compromisso para com o desenvolvimento sustentável a partir da formulação de um plano que possibilite que a população de todo o mundo possa se desenvolver de modo digno, com o cui- dado para que os recursos naturais sejam preservados para as gerações futuras. Assim sendo, uma das mais altas expectativas era a de que a Rio+20 conseguisse determinar metas concretas e definitivas para um desenvolvimento sustentável, em diferentes áreas, a serem oferecidas como uma solução aos países partici- pantes [...]. Dois temas principais pontuaram a Conferência: 1) a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; e 2) a estrutura institucional para o desen- 169Desenvolvimento sustentável M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. volvimento sustentável [...]. O primeiro é considerado como uma forma alternativa de aplicar políticas e programas relacionados com os compromissos do desenvolvimento sustentável em todos os países da ONU. O segundo trata das discussões sobre a estru- tura institucional na busca por melhorar a coordenação e a eficácia das atividades desenvolvidas pelas diversas instituições do siste- ma ONU que se dedicam aos principais pilares do desenvolvimento sustentável (econômico, social e ambiental) [...]. Os países debate- ram, principalmente, maneiras pelas quais os programas voltados ao desenvolvimento econômico, ao bem-estar social e à proteção ambiental podem ser organizados em esforços conjuntos, que re- almente correspondam às aspirações do desenvolvimento susten- tável. (SERRÃO; ALMEIDA; CARESTIATO, 2012, p. 185) No ano de 2015, a ONU promoveu o Acordo de Paris. A conferência é considerada sucessora do Protocolo de Kyoto, assim como foi tam- bém responsável por aperfeiçoá-lo, pois os Estados Unidos, à época presididos por Barack Obama, haviam se comprometido com políticas voltadas ao desenvolvimento sustentável, sobretudo com a revisão das práticas predatórias ambientais da produção norte-americana. O Brasil, por sua vez, se comprometeu a diminuir o desmatamento e queimadas de florestas. Portanto, o objetivo principal do Acordo de Paris era reduzir as emissões de gases poluentes e expandir práticas sustentáveis so- ciais e econômicas. Em 2017, no entanto, os Estados Unidos deixaram de ser signatários do acordo com a vitória de Donald Trump à presidência. No Brasil, com a vitória de Bolsonaro, que assumiu o cargo de presidente em 2019, houve desrespeito ao acordo, com índices de desmatamento e queima- das recordes. Além disso, o governo brasileiro cancelou uma nova cúpu- la da ONU sobre o clima que viria a ocorrer no Brasil em 2019. Em 2021, a Cúpula do Clima foi realizada por videoconferência devido à pandemia de Covid-19. Seu principal ponto foi tornar os Estados Unidos protago- nista dos debates ambientais, após a postura negacionista característi- ca do governo Trump. A principal meta anunciada pelo novo presidente norte-americano, Biden, organizador do evento, foi a redução de 50% 170 Ética, cidadania e sustentabilidade Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .das emissões de gases de efeito estufa até 2030, o que estimulou a União Europeia e outras nações a buscarem metas mais ousadas. PARA SABER MAIS Elabore uma pesquisa investigando em jornais, revistas e artigos aca- dêmicos o processo de evolução das propostas e metas dos países a partir das conferências da ONU sobre o desenvolvimento sustentável. Compare as práticas do bloco europeu, dos Estados Unidos e do Brasil. 2 As possibilidades e os limites do desenvolvimento sustentável Há intensos debates a respeito das práticas de desenvolvimento sustentável. Suas possibilidades e limites giram em torno da capacida- de ou não de Estados, governos e instituições privadas realizarem com sucesso ações que promovam inclusão social, cuidados com o meio ambiente e progresso econômico. Diante disso, na década de 1980, com a ascensão do neoliberalismo, surgiram diversas práticas que leva- ram a uma maior atuação do mercado e do chamado terceiro setor no que diz respeito ao desenvolvimento sustentável. PARA SABER MAIS O neoliberalismo passou a vigorar nos anos 1980. Suas principais carac- terísticas são a redução da participação do Estado na economia (o cha- mado Estado mínimo, com privatizações e terceirizações) e drásticas reduções de gastos públicos nas políticas de bem-estar social (educa- ção, saúde, moradia, direitos trabalhistas), tendendo a transferir essas ações ao mercado e ao terceiro setor. 171Desenvolvimento sustentável M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Para compreender o debate, é necessário investigar primeiro as dimensões que representam o Estado, o mercado e a sociedade civil organizada (conhecida também como terceiro setor). O Estado é enten- dido como um bem público e, enquanto tal, deve necessariamente agir em nome de toda a sociedade, ou seja, do bem comum e dos direitos à cidadania, conforme vimos anteriormente nos primeiros capítulos. O mercado é dominado por grandes corporações particulares, médias e pequenas empresas que contribuem para o movimento e desenvolvi- mento da economia, geram empregos, pagam impostos e agem em conformidade com as leis vigentes e criadas pelo Estado. O mercadorepresenta os interesses privados, ou seja, as expectativas de cresci- mento e conquista de maiores fatias de consumidores e lucros, por isso empresas privadas buscam a todo instante maximizar a venda de seus produtos e serviços como garantia de sucesso individual (seja da em- presa, seja do sujeito inserido no mercado). A sociedade civil organi- zada, ou terceiro setor, expressa-se quando um ou mais cidadãos ou empresas (ou seja, membros do mercado) se organizam e unem inte- resses, por meio de instituições que passam a atuar ativamente no ce- nário político, social, econômico e cultural, com o objetivo de reivindicar direitos de grupos particulares ou interesses públicos (são exemplos: sindicatos, academias de artes e letras, associações de moradores, em- presas, movimentos populares). O terceiro setor refere-se ao que conhe- cemos como organizações não governamentais, as chamadas ONGs. Até a década de 1970, os Estados foram os grandes responsáveis pelas políticas que promovem benefícios à sociedade, o que foi cha- mado de política de bem-estar social. Ao promoverem a qualidade dos serviços públicos, os Estados obtiveram como resultado a piora das condições de seus orçamentos, pois não havia mais verba suficiente, tampouco mão de obra capacitada e adequada em número e eficiência, para conceder benefícios e suprir as necessidades de todos os cida- dãos. Na década de 1980, as grandes potências econômicas e os pa- íses subdesenvolvidos estavam endividados e assistiam à inoperância 172 Ética, cidadania e sustentabilidade Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .da administração pública frente aos interesses de seus cidadãos. Nesse contexto, emergiu o neoliberalismo e com ele o chamado tercei- ro setor, como forma de suprir as demandas não atendidas pelo Estado. Segundo Froes e Melo Neto, Intelectuais, políticos, empresários e pesquisadores sociais apon- tam distorções, culpam o governo, criticam as políticas públicas e identificam gestores e instituições corruptas, ineficientes e ine- ficazes. Muito se fala e pouco se faz de concreto e efetivo. Muitas vezes, o que se fala esconde a inércia, o conformismo, a visão ba- nalizada dos problemas, o ceticismo diante das questões sociais. (FROES; MELO NETO, 2002, p. 15) Esse cenário favoreceu a expansão do mercado e da iniciativa pri- vada, de maneira que estes se tornaram gradativamente responsáveis pela adoção de ações e projetos que fossem capazes de promover me- lhorias sociais. Ao Estado restava apenas o auxílio com recursos es- cassos à sociedade civil organizada para buscar reduzir os problemas sociais. Foi assim que surgiu o chamado terceiro setor e a responsabi- lidade social e ambiental. Portanto, o terceiro setor representa a socie- dade civil organizada, que atua publicamente, sem fins lucrativos, no cenário social e ambiental devido à ineficiência e ao processo de deca- dência do Estado no gerenciamento das políticas de bem-estar social e de cuidados com o meio ambiente. Nesse ponto residem as críticas ao terceiro setor, pois verifica-se uma nova dinâmica na sociedade, em que as organizações da socieda- de civil passam a agir em nome do interesse público. Para alguns, isso consiste na terceirização dos deveres fundamentais do Estado perante os seus cidadãos e o meio ambiente. O terceiro setor recebe repasses escassos do Estado ou elevadas quantias de empresas privadas que obtêm em troca vantagens fiscais junto aos governos, como a redu- ção de impostos. Dessa forma, as empresas e o terceiro setor promo- vem ações e assumem responsabilidades que deveriam pertencer ao Estado, afinal de contas os cidadãos pagam impostos para promover 173Desenvolvimento sustentável M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. justiça social e proteção ambiental. Além disso, o terceiro setor possui elementos administrativos que são empregados pelo mercado, já que as organizações que o compõem possuem administração próxima à da iniciativa privada, sendo a principal diferença a não obtenção de lucros, já que capta recursos e doações de empresas privadas ou recebe ver- bas dos governos. Questiona-se também se as empresas privadas promovem essas contribuições à sociedade apenas com o objetivo de reforçar sua ima- gem no mercado e ampliar a divulgação de seus negócios até o limite de seus interesses lucrativos, de modo que muitos segmentos e regiões de um país, quando desprovidos de mercado consumidor ou com pou- ca atenção da mídia, acabam sendo descartados como alvo das ações dessas organizações. A crítica, por isso, refere-se à transformação de direitos políticos, sociais, econômicos, culturais e ambientais em mer- cadorias com visibilidade midiática, com fins direcionados primeiro ao consumo e só depois ao exercício da cidadania e da proteção ambiental. Os defensores do terceiro setor avaliam as potencialidades a partir das oportunidades que as práticas sociais e ambientais podem produzir para a imagem das organizações privadas ao participarem ou contribu- írem com os projetos do terceiro setor. Froes e Melo Neto elencam os seguintes elementos favoráveis a essas ações: Capacidade de improvisar, inovar e enfrentar os seus problemas; aptidão para buscar novas alternativas de desenvolvimento; com- petência para inovar em busca de novas formas de inserção social; competência para gerar por si só renda e emprego; acessibilidade (a serviços públicos essenciais e informações básicas para o exer- cício da cidadania); capacidade de mobilizar-se em defesa de seus interesses; aplicação de alto investimento no fator humano; ten- dência à inversão e ao reinvestimento; dotada de vontade política forte e com um projeto próprio de desenvolvimento; dotada de alta mobilização e conscientização de seus membros; capacidade de criar novas e diversas organizações sociais. (FROES; MELO NETO, 2002, p. 104) 174 Ética, cidadania e sustentabilidade Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .Essas oportunidades promovidas pelo mercado e pelo terceiro setor levaram à ascensão de conceitos como a responsabilidade social e am- biental (RSA), ou seja, a uma forma de conduzir os negócios da empresa de tal modo que ela se torne parceira e corresponsável pelo desenvol- vimento sustentável. Assim, defende-se o compromisso empreendedor das organizações privadas com o comportamento ético, que promova o progresso econômico, político e social dos locais onde estão inseridas. A RSA, também conhecida como empreendedorismo social e am- biental, visa promover ações cidadãs da organização tanto no âmbito interno (público interno), com a conscientização e educação responsá- vel de seus colaboradores e a revisão de seus processos produtivos, tornando-os ecologicamente corretos e apoiando causas sociais; quan- to no âmbito externo (público externo), com práticas que auxiliem a im- plementação dos direitos sociais e políticas que visem ao bem-estar da sociedade, sobretudo contribuindo para suprir as demandas sociais de populações excluídas ou carentes. Segundo Tachizawa (2005, p. 86): Esse conceito deve expressar compromisso com a adoção e a di- fusãode valores, conduta e procedimentos que induzam e estimu- lem o contínuo aperfeiçoamento dos processos empresariais, para que também resultem em preservação e melhoria da qualidade de vida da sociedade do ponto de vista ético, social e ambiental. (TA- CHIZAWA, 2005, p. 86) Um dos temas que estão em pauta no gerenciamento das empre- sas diz respeito às oportunidades de promover a visibilidade de marcas, produtos e serviços através de condutas sustentáveis e empreendedo- ras, que proporcionem benefícios às comunidades carentes. O empre- endedorismo social e ambiental surge como um conceito fundamen- tal tanto para promover a imagem de uma organização quanto para a realização de programas sociais. Nesse sentido, procura-se diferenciar o empreendedorismo empresarial do empreendedorismo social. O pri- meiro visa à maximização e obtenção de lucros das empresas; o segun- do representa a busca do retorno ou a aplicação de parte dos lucros de 175Desenvolvimento sustentável M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. uma organização na sociedade, por meio de projetos socioambientais. Defensores do empreendedorismo social afirmam que promove-se, com essas ações, a tomada de consciência dos cidadãos, dos cola- boradores das organizações e do próprio Estado, por meio de práticas que se comprometem com o desenvolvimento de uma sociedade mais justa, reduzindo as desigualdades nos cenários econômicos, políticos e sociais. Cabe enfatizar que o empreendedorismo social e ambiental desponta no século XXI como ferramenta gerencial relevante para as organizações que procuram promover uma imagem responsável e positiva diante dos cidadãos, consumidores e investidores. Criou-se uma nova oportunidade de negócios, uma vez que o empreendedorismo aplicado à sociedade e ao meio ambiente contribui para o desenvolvimento humano de segmentos sociais que até então se encontravam excluídos e marginalizados. PARA SABER MAIS Pesquise em jornais, revistas e artigos acadêmicos práticas bem-su- cedidas de empreendedorismo social e ambiental do lado do terceiro setor. Investigue quais problemas foram solucionados, quais foram os impactos sobre segmentos sociais e quais benefícios surgiram a partir dessas ações. De acordo com Froes e Melo Neto (2002), ao realizarem ações em benefício da sociedade, as empresas produzem propostas de redução dos problemas socioeconômicos, o que promove também a aprovação de seus produtos e serviços pelos consumidores. Sob um ponto de vista gerencial, o empreendedorismo social pode ser visto não apenas como uma ferramenta útil para a promoção da solidariedade e conscientiza- ção da sociedade, mas também como uma estratégia que pode atrair novos lucros e investimentos. Froes e Melo Neto (2002) apontam nove aspectos essenciais do empreendedorismo social e ambiental: 176 Ética, cidadania e sustentabilidade Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .a) cria novas interações entre as pessoas, fortalecendo laços de amizade, familiares e novas opções de trabalho e recreação; b) aju- da a moldar as práticas e valores individuais, grupais e coletivos, aguçando a percepção e a visão social das pessoas; c) conecta in- divíduos, grupos, regiões e organizações; d) ajuda a construir novas formas de convivência; e) contribui para a superação de problemas sociais através da definição coletiva de objetivos, articulação de pessoas e instituições; f) disponibiliza “saberes distintos” e os colo- ca a serviço do interesse coletivo; g) constrói vínculos mais fortes e consistentes entre as pessoas, grupos e instituições; h) promove acordos de cooperação e alianças; i) cria e amplia alternativas de ação. (FROES; MELO NETO, 2002, p. 41) Os autores destacam ainda que o sucesso dos projetos realizados pelo empreendedorismo social e ambiental depende de exigências fun- damentais, dentre as quais destacam-se: [...] mudanças de comportamento da população; preservação das culturas locais; desenvolvimento de processos de participação; introdução e prática de novas formas de inserção social; engaja- mento das pessoas no processo; incentivo à iniciativa de autossus- tentação; incentivo à adoção de comportamentos responsáveis e éticos; garantia do uso sustentável de áreas naturais e da proteção das culturas locais; e autogeração de renda e emprego. (FROES; MELO NETO, 2002, p. 36) O empreendedorismo social e ambiental gera debates em torno da perda ou não da autonomia e das obrigações do Estado na realização de projetos sociais e ambientais. Os defensores afirmam haver parcerias entre os setores público e privado. Os críticos afirmam haver a terceiri- zação ou privatização das responsabilidades elementares do Estado. O comprometimento das empresas com as comunidades atingidas pelas suas ações responsáveis requer o rigor dos projetos. Mais do que o mero interesse estratégico no retorno financeiro à empresa, obtido através da credibilidade alcançada perante a sociedade, os defensores dessas práticas destacam que é preciso ter em mente que o projeto 177Desenvolvimento sustentável M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. social e ambiental deve planejar e gerir muito bem qual o público-alvo e qual o retorno esperado em relação aos grupos sociais a serem auxi- liados. Essas ações não se reduzem a um mero assistencialismo nem a uma contribuição que não agregue valor à comunidade. O projeto so- cial deve sempre visar à independência política, social e econômica dos grupos auxiliados, para que possam gozar plenamente de seus direitos sociais. Froes e Melo Neto afirmam que: Num projeto de empreendedorismo social, o propósito não é o de solucionar um problema social específico, mas o de “empoderar” a comunidade local para que esta se mobilize e se fortaleça na busca de soluções para os seus problemas prioritários [...]. Ao con- trário dos projetos sociais tradicionais, cujo sucesso depende dos seus gestores e dos beneficiários, os projetos do empreendedoris- mo social baseiam-se fundamentalmente na ação e desempenho dos atores sociais como sujeitos do seu próprio desenvolvimento. (FROES; MELO NETO, 2002, p. 129) Diante dessa perspectiva, considera-se que é preciso que a gestão dos projetos sociais e ambientais promova e transmita conhecimentos a respeito de estratégias de gerenciamento e administração, para que a população aprenda a gerenciar seus recursos culturais, naturais e de- mais potenciais locais, já que o objetivo é torná-las autônomas ou au- tossuficientes. Os críticos dessas práticas apontam que é preciso ouvir as demandas sociais e respeitar suas tradições culturais, a fim de que o ponto de vista das empresas não subjugue e desmereça tais grupos. Já os defensores afirmam que há a possibilidade de conciliação entre geração de renda e preservação de traços culturais e do meio ambiente, o que é essencial para obtenção de sucesso no gerenciamento desse tipo de empreendedorismo. A questão fundamental desse debate é que devemos sempre buscar o respeito às diferenças culturais e, ao mesmo tempo, possibilidades de inserção econômica dessas populações. Esse é um modo racional e ético de combater as desigualdades sociais. As organizações passam a 178 Ética, cidadania e sustentabilidade Ma te ria l p ar aus o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .ser consideradas cidadãs e agentes de transformação social e ambien- tal à medida que realizam seus projetos nessas áreas, fortalecendo sua imagem como entidades que assumem atitudes responsáveis. Considerações finais Estudamos, no capítulo, os significados de desenvolvimento susten- tável e sua evolução, a partir das conferências da ONU, instituição que passou, a partir da década de 1970, a promover a cooperação global em torno de ações em prol das sustentabilidades política, econômica, cul- tural, ambiental e social. No primeiro tópico, conhecemos importantes conferências e documentos da ONU sobre o desenvolvimento susten- tável, destacando-se a ECO-92, o Protocolo de Kyoto, a Agenda 21 e o Acordo de Paris. Por fim, no segundo tópico, investigamos as poten- cialidades e limites, ou seja, os argumentos favoráveis e contrários à participação do mercado e do terceiro setor na promoção de práticas ambientais e sociais. Referências CAMARGO, Ana Luiza de Brasil. Desenvolvimento sustentável: dimensões e de- safios. Campinas: Papirus, 2020. (Coleção Papirus Educação). DIAS, Reinaldo. Gestão ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2006. FROES, César; MELO NETO, Francisco Paulo de. Empreendedorismo social: a transição para a sociedade sustentável. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. SERRÃO, Mônica; ALMEIDA, Aline; CARESTIATO, Andréa. Sustentabilidade: uma questão de todos nós. Rio de Janeiro: Senac, 2012. TACHIZAWA, Takeshy. Gestão ambiental e responsabilidade social corpora- tiva: estratégias de negócios focadas na realidade brasileira. São Paulo: Atlas, 2005. 181 M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Sobre o autor Paulo Niccoli Ramirez é professor de filosofia, sociologia, antro- pologia e ciência política. Leciona na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), na Casa do Saber e no Colégio São Luís. Possui doutorado (2014) e mestrado (2007) em ciências sociais pela PUC-SP (respectivamente nas áreas de concentração antropologia e sociologia) e também bacharelado em ciências sociais (PUC-SP – 2004) e filosofia (USP – 2007). É autor do livro Sérgio Buarque de Holanda e a dialética da cordialidade. _Hlk70893729 _Hlk70886665
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