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8_Desenvolvimento_sustentavel

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aterial para uso exclusivo de aluno m
atriculado em
 curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com
partilham
ento digital, sob as penas da Lei. ©
 Editora Senac São Paulo.
Capítulo 8
Desenvolvimento 
sustentável
Este capítulo tem como objetivo a análise da concepção de desen-
volvimento sustentável e os processos históricos que conduziram à 
construção desse conceito. Estudaremos, no primeiro tópico, os deba-
tes promovidos pela ONU que procuraram aliar de forma global o de-
senvolvimento econômico com a sustentabilidade. O segundo tópico 
promove a discussão em torno dos limites e das potencialidades do 
desenvolvimento sustentável, por meio da compreensão das relações 
entre Estado, mercado, terceiro setor e cidadãos diante do desenvolvi-
mento sustentável.
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1 Concepções de desenvolvimento 
sustentável
Apenas na segunda metade do século XX começou-se a falar gra-
dualmente na preservação do meio ambiente e o assunto tornou-se de 
interesse das nações. A humanidade deu-se conta de que a produção 
de energia e de armas nucleares e o uso de produtos químicos para 
diversos fins poderiam simplesmente prejudicar a existência dos seres 
humanos e de outras espécies no planeta. Isso significa que o período 
de internacionalização do debate sobre a preservação do meio ambien-
te está diretamente relacionado com a consciência que a humanidade 
começa a adquirir sobre os avanços destruidores de sua tecnologia. 
A década de 1970 caracterizou-se pelo fortalecimento de ONGs e 
entidades ambientalistas (caso do Greenpeace, surgido em 1971, e 
da WWF, criada em 1961) preocupadas com a preservação do meio 
ambiente e o combate à destruição da natureza. A Terra passou a dar 
alertas sobre a ação predatória exercida principalmente pelo modelo 
de industrialização disseminado por países da Europa e pelos Estados 
Unidos. Verificou-se o aumento da temperatura, a redução das cama-
das de gelo nos polos, a extinção de animais, a redução das florestas. 
Iniciou-se uma longa e intensa campanha para a preservação do meio 
ambiente e em busca de novas formas de desenvolvimento, o que, com 
o passar dos anos, atraiu a atenção de toda a sociedade. Na Conferência 
de Estocolmo (1972), na Suécia, primeira reunião organizada pela ONU 
para debater o meio ambiente, como já mencionado, utilizava-se o con-
ceito de ecodesenvolvimento. Como a própria denominação indica, a 
ênfase dos debates estava na questão dos impactos do desenvolvimen-
to industrial sobre o meio ambiente. Segundo Dias (2006):
Na segunda metade do século XX, com a intensificação do cres-
cimento econômico mundial, os problemas ambientais se agrava-
ram e começaram a aparecer com maior visibilidade para ambos 
os setores da população, particularmente dos países desenvolvi-
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dos, os primeiros a serem afetados pelos impactos provocados 
pela Revolução Industrial. (DIAS, 2006, p. 12)
Vimos, no capítulo anterior, que, em 1987, a ONU elaborou o Relatório 
Brundtland (conhecido também como o documento Nosso Futuro 
Comum). Nesse relatório, evidenciou-se a necessidade de articulação e 
coexistência da sustentabilidade ambiental com medidas econômicas, 
políticas, sociais e culturais, fomentando o conceito de desenvolvimen-
to sustentável e ampliando o debate em relação ao meio ambiente e 
para além dele. A definição de desenvolvimento sustentável foi compre-
endida como a maneira de as gerações atuais conseguirem satisfazer 
as suas necessidades de consumo sem comprometerem as gerações 
futuras e de obterem recursos para garantirem a sobrevivência. 
O ano de 1992 é considerado relevante para a construção do con-
ceito de desenvolvimento sustentável. No Rio de Janeiro, foi realizada 
pela ONU a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o 
Desenvolvimento (CNUMAD), reunião conhecida como ECO-92 (ou sim-
plesmente Cúpula da Terra). Essa conferência foi um marco, pois os 
países resolveram dialogar e assumiram a existência de uma situação 
urgente em torno do tema do meio ambiente. 
Cento e setenta e nove países assinaram um importante documen-
to, a Agenda 21, que estabeleceu um programa extenso baseado em 
40 capítulos em que se institui a necessidade do desenvolvimento sus-
tentável numa escala planetária. A Agenda 21 pode ser lida como um 
dos mais importantes documentos internacionais publicados no século 
XX. Na realidade, é o resultado de um intenso debate e de uma maior 
consciência dos problemas ambientais. O nome “Agenda 21” é utiliza-
do em virtude da intenção de modificar, para o século XXI, o padrão 
de desenvolvimento econômico dos países. Trata-se de um documento 
que estabelece planetariamente o desenvolvimento sustentável. É um 
instrumento que avalia e planeja ações que direcionam as nações a 
esse desenvolvimento, tendo em vista as peculiaridades geográficas e 
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.culturais de cada nação e das localidades, por meio do emprego de mé-
todos que visam à preservação do meio ambiente, à igualdade social, 
ao respeito à diversidade cultural e à busca pela eficiência na produção.
O livro Desenvolvimento sustentável: dimensões e desafios, de Ana 
Luiza Camargo, publicado em 2005, apresenta uma importante compi-
lação dos múltiplos significados e entendimentos de desenvolvimento 
sustentável. A autora, a partir de seus estudos, indica as variações desse 
conceito, que, como vimos, surgiu primeiro com o Relatório Brundtland 
e depois consolidou-se com a ECO-92.
Desenvolvimento sustentável é um conceito normativo que envolve 
compromissos entre objetivos sociais, ecológicos e econômicos. 
Abrange perspectivas econômicas, sociais e ecológicas de conser-
vação e mudança. [...] nova maneira de perceber as soluções para 
os problemas globais, que não se reduzem apenas à degradação 
ambiental, mas que incorporam dimensões sociais, políticas e cul-
turais, como a pobreza e a exclusão social. [...] é um processo de 
desenvolvimento econômico em que se procura preservar o meio 
ambiente levando em consideração os interesses das futuras ge-
rações, isto é, promovendo o desenvolvimento sem deteriorar ou 
prejudicar a base de recursos que lhe dá sustentação. [...] é o mais 
recente conceito que relaciona as coletivas aspirações de paz, li-
berdade, melhoria das condições de vida e de um meio ambien-
te saudável. Seu mérito reside na tentativa de reconciliar os reais 
conflitos entre economia e meio ambiente e entre o presente e o 
futuro. [...] pode ser também definido como um vetor no tempo de 
objetivos sociais desejáveis, tais como: incrementos da renda per 
capita, melhorias no estado de saúde, níveis educacionais aceitá-
veis, acesso aos recursos, distribuição mais equitativa de renda e 
garantia de maiores liberdades fundamentais. [...] deve apresentar 
uma perspectiva de desenvolvimento além do crescimento econô-
mico, reconhecer as múltiplas tradiçõesculturais e crenças, trans-
cender o consumismo e fornecer uma estrutura de estilo de vida 
mais desejável, enfatizar reformas estruturais para equidade inter-
na e global e delinear efetivos planos legais e institucionais para a 
manutenção ambiental [...]. O desenvolvimento sustentável é uma 
estratégia através da qual comunidades buscam um desenvolvi-
mento econômico que também beneficie o meio ambiente local e 
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 Editora Senac São Paulo.
a qualidade de vida [...], na tentativa de conciliar eficiência econô-
mica, justiça social e prudência ecológica [...]. O termo desenvolvi-
mento sustentável é uma combinação profética de duas palavras 
que unem ambos os aspectos, progresso econômico e qualidade 
ambiental, em uma só visão [...], é uma ideologia, um valor, uma éti-
ca [...] uma declaração moral sobre como deveríamos viver sobre o 
planeta e uma descrição de características físicas e sociais que de-
veriam existir no mundo. [...] apesar da diversidade de abordagens, 
todas parecem buscar traduzir o espírito de responsabilidade. (CA-
MARGO, 2020, p. 72-74)
Com base nas múltiplas características do desenvolvimento sustentá-
vel destacadas por Camargo (2020), pode-se perceber que todas conver-
gem para dois aspectos centrais. Primeiro, a necessidade global de adotar 
estratégias conjuntas entre governos, mercado e sociedade civil para a re-
alização de ações igualmente interdependentes, que envolvam a proteção 
ambiental e de culturas tradicionais, o progresso econômico, a redução da 
desigualdade social e a ampliação da participação política. Como consequ-
ência (e este é o segundo aspecto), deve-se considerar o desenvolvimento 
sustentável um novo pacto social, de forma inédita global, que visa conso-
lidar e inaugurar princípios civilizatórios, constituindo por isso uma nova 
ética e um compromisso moral. O objetivo dessas novas práticas civiliza-
tórias é garantir a responsabilidade perante as gerações futuras a partir da 
racionalização, no presente, da forma como garantimos nosso sustento, 
além de consolidar a sustentabilidade na cadeia de produção, trabalho, 
consumo e descarte de mercadorias. 
O desenvolvimento sustentável surge como alternativa e solução 
para o modelo de produção predatório vigente. No lugar deste, procu-
ram-se novas estratégias, sustentáveis, considerando a existência de 
altos níveis de progresso tecnológico, a necessidade do consumo de 
formas de energia renováveis, a conscientização da população, a pre-
servação do meio ambiente e de outras sociedades ou culturas.
Consolidado o conceito, a ONU promoveu, nos anos seguintes, uma sé-
rie de conferências, cuja intenção foi delinear ações globais efetivas em 
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.direção ao desenvolvimento sustentável. No ano de 1997, foi realizada, na 
cidade de Kyoto (Japão), uma das reuniões mais relevantes sobre o de-
senvolvimento sustentável. Pela primeira vez, buscaram-se efetivamente 
alternativas para a redução de gases poluentes e nocivos ao planeta. 
O chamado Protocolo de Kyoto corresponde a um extenso com-
promisso ambiental, social e econômico entre praticamente todas as 
nações do mundo que entrou em vigor no mesmo ano da reunião. O 
protocolo estabeleceu metas de redução de gases que contribuem ne-
gativamente para o efeito estufa, liberados na atmosfera principalmen-
te pelas nações mais desenvolvidas. Além disso, promoveu políticas 
econômicas inéditas de práticas limpas e ecologicamente corretas ao 
incentivar a substituição de produtos e fontes de energia (por exemplo, 
o petróleo) por outras menos poluentes (por exemplo, a energia solar, a 
eólica e o biodiesel). Também instituiu que se reduzissem em torno de 
5,2% os gases poluentes entre os anos de 2008 e 2012. Essa meta de 
redução dos gases não foi idêntica para todos os países, variando de 
acordo com o grau de desenvolvimento industrial e da poluição emitida. 
A União Europeia ficaria responsável por uma redução por volta de 8%. 
Os Estados Unidos deveriam ficar responsáveis por uma redução de 
7%, enquanto o Japão, de 6%. Países em processo de desenvolvimento 
econômico e industrial teriam metas menores, como é o caso de Brasil, 
Índia, China, México e África do Sul, até pelo menos alcançarem seu 
progresso e índices melhores de qualidade de vida para sua população. 
Oitenta e quatro nações assinaram incondicionalmente o protoco-
lo, inclusive aceitando criar legislações em seus países para barrar o 
intenso processo de destruição do meio ambiente. Já Estados Unidos 
(responsável por 35% das emissões), Canadá, Rússia e Austrália, que, 
juntos, representam mais de 50% das emissões de poluentes, se recu-
saram a concordar com o documento, julgando-o injusto por não insti-
tuir o mesmo percentual a todos os países. Os norte-americanos encer-
raram as negociações no ano de 2001, conduzindo o plano ao fracasso, 
pois eram os maiores responsáveis pela emissão de gases poluentes. 
O argumento das autoridades dos Estados Unidos era o de que não 
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havia provas científicas suficientes para afirmar que a ação da huma-
nidade seria verdadeiramente a principal responsável pelas mudanças 
climáticas. A Rússia, segundo maior responsável pela emissão de ga-
ses poluentes, decidiu aderir ao protocolo apenas em 2004, já que este 
era um pré-requisito para a sua inserção na Organização Mundial do 
Comércio (OMC). 
A participação do Brasil no Protocolo de Kyoto foi muito importante. 
Uma de suas maiores contribuições foi a criação da proposta chamada 
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Com esse mecanismo, 
criou-se uma espécie de aporte aos países desenvolvidos que não con-
seguem praticar as metas estabelecidas pelo protocolo. A ideia é que os 
países já desenvolvidos financiem ou custeiem políticas de preservação 
do meio ambiente nos países em desenvolvimento ou mais pobres. Essa 
prática ficou conhecida como créditos de carbono. Os países mais ricos 
passam a compensar a poluição por eles produzida com a preservação 
ambiental em países mais pobres, com a troca de recursos financeiros 
ou bônus. Empresas que poluem mais podem obter, junto ao governo 
de seu país, concessões para poluir (certificados chamados de Redução 
Certificada de Emissões – RCE) desde que financiem políticas de preser-
vação em outras regiões ou países. Os créditos financiam políticas de re-
florestamento, a utilização de fontes de energia alternativas, a exploração 
sustentável da biodiversidade, a preservação de culturas tradicionais, a 
conservação de florestas, programas de reciclagem, entre outros aliados 
da sustentabilidade econômica, ambiental, social e cultural. 
O primeiro projeto de MDL (ou créditos de carbono) autorizado pela 
ONU destinou-se ao aterro sanitário ou lixão de Nova Iguaçu, no Rio de 
Janeiro. Os bônus foram trocados com um conjunto de empresas dos 
Países Baixos. Essa ideia é muito aplicada em todo o mundo, ainda que 
os Estados Unidos tenham se recusado a participar desse protocolo. O 
projeto sustentável do lixão de Nova Iguaçu foi responsável por trans-
formar o gás metano, resultado da decomposição do lixo, em fontede 
energia elétrica, capaz de abastecer cerca de 60 mil residências.
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.Em 2002, novamente a ONU buscou um novo acordo, agora em 
Joanesburgo, na África do Sul, num evento chamado Rio+10, em alu-
são aos dez anos decorridos desde a conferência realizada no Rio de 
Janeiro, a ECO-92. ONGs, governos e empresários fizeram um balanço 
dos últimos dez anos do texto da Agenda 21 e constataram que pouco 
havia sido feito para preservar o meio ambiente e, pior que isto, a situa-
ção havia se agravado. Novos compromissos foram assinados, porém 
os norte-americanos insistiam em defender a posição de que não há 
comprovações científicas suficientes para provar que a responsabilida-
de pelas mudanças climáticas é humana. 
No final de 2007, foi realizada em Bali (Indonésia) uma nova confe-
rência, dez anos após o Protocolo de Kyoto. A reunião é tida como his-
tórica. Nela, a Austrália assinou o protocolo, de modo que faltava ape-
nas os Estados Unidos assumirem um compromisso ambiental global. 
Houve pressão da opinião pública internacional e, inclusive, de todas as 
nações contra os americanos, e o país foi ameaçado de sofrer boicotes 
e sanções econômicas internacionais. Devido a essas pressões, os nor-
te-americanos acabaram firmando o compromisso e, pela primeira vez, 
reconheceram a relação entre os danos ambientais e a ação humana. 
Em 2012 foi realizada a Rio+20, título em referência aos vinte anos da 
ECO-92. Serrão, Almeida e Carestiato (2012) apresentam os prinicipais 
pontos da Rio+20:
Dessa Conferência participaram 188 países. O objetivo era reforçar 
o compromisso para com o desenvolvimento sustentável a partir 
da formulação de um plano que possibilite que a população de 
todo o mundo possa se desenvolver de modo digno, com o cui-
dado para que os recursos naturais sejam preservados para as 
gerações futuras. Assim sendo, uma das mais altas expectativas 
era a de que a Rio+20 conseguisse determinar metas concretas 
e definitivas para um desenvolvimento sustentável, em diferentes 
áreas, a serem oferecidas como uma solução aos países partici-
pantes [...]. Dois temas principais pontuaram a Conferência: 1) a 
economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da 
erradicação da pobreza; e 2) a estrutura institucional para o desen-
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volvimento sustentável [...]. O primeiro é considerado como uma 
forma alternativa de aplicar políticas e programas relacionados 
com os compromissos do desenvolvimento sustentável em todos 
os países da ONU. O segundo trata das discussões sobre a estru-
tura institucional na busca por melhorar a coordenação e a eficácia 
das atividades desenvolvidas pelas diversas instituições do siste-
ma ONU que se dedicam aos principais pilares do desenvolvimento 
sustentável (econômico, social e ambiental) [...]. Os países debate-
ram, principalmente, maneiras pelas quais os programas voltados 
ao desenvolvimento econômico, ao bem-estar social e à proteção 
ambiental podem ser organizados em esforços conjuntos, que re-
almente correspondam às aspirações do desenvolvimento susten-
tável. (SERRÃO; ALMEIDA; CARESTIATO, 2012, p. 185)
No ano de 2015, a ONU promoveu o Acordo de Paris. A conferência 
é considerada sucessora do Protocolo de Kyoto, assim como foi tam-
bém responsável por aperfeiçoá-lo, pois os Estados Unidos, à época 
presididos por Barack Obama, haviam se comprometido com políticas 
voltadas ao desenvolvimento sustentável, sobretudo com a revisão das 
práticas predatórias ambientais da produção norte-americana. O Brasil, 
por sua vez, se comprometeu a diminuir o desmatamento e queimadas 
de florestas. Portanto, o objetivo principal do Acordo de Paris era reduzir 
as emissões de gases poluentes e expandir práticas sustentáveis so-
ciais e econômicas. 
Em 2017, no entanto, os Estados Unidos deixaram de ser signatários 
do acordo com a vitória de Donald Trump à presidência. No Brasil, com 
a vitória de Bolsonaro, que assumiu o cargo de presidente em 2019, 
houve desrespeito ao acordo, com índices de desmatamento e queima-
das recordes. Além disso, o governo brasileiro cancelou uma nova cúpu-
la da ONU sobre o clima que viria a ocorrer no Brasil em 2019. Em 2021, 
a Cúpula do Clima foi realizada por videoconferência devido à pandemia 
de Covid-19. Seu principal ponto foi tornar os Estados Unidos protago-
nista dos debates ambientais, após a postura negacionista característi-
ca do governo Trump. A principal meta anunciada pelo novo presidente 
norte-americano, Biden, organizador do evento, foi a redução de 50% 
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.das emissões de gases de efeito estufa até 2030, o que estimulou a 
União Europeia e outras nações a buscarem metas mais ousadas.
PARA SABER MAIS 
Elabore uma pesquisa investigando em jornais, revistas e artigos aca-
dêmicos o processo de evolução das propostas e metas dos países a 
partir das conferências da ONU sobre o desenvolvimento sustentável. 
Compare as práticas do bloco europeu, dos Estados Unidos e do Brasil.
 
2 As possibilidades e os limites do 
desenvolvimento sustentável
Há intensos debates a respeito das práticas de desenvolvimento 
sustentável. Suas possibilidades e limites giram em torno da capacida-
de ou não de Estados, governos e instituições privadas realizarem com 
sucesso ações que promovam inclusão social, cuidados com o meio 
ambiente e progresso econômico. Diante disso, na década de 1980, 
com a ascensão do neoliberalismo, surgiram diversas práticas que leva-
ram a uma maior atuação do mercado e do chamado terceiro setor no 
que diz respeito ao desenvolvimento sustentável.
PARA SABER MAIS 
O neoliberalismo passou a vigorar nos anos 1980. Suas principais carac-
terísticas são a redução da participação do Estado na economia (o cha-
mado Estado mínimo, com privatizações e terceirizações) e drásticas 
reduções de gastos públicos nas políticas de bem-estar social (educa-
ção, saúde, moradia, direitos trabalhistas), tendendo a transferir essas 
ações ao mercado e ao terceiro setor.
 
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Para compreender o debate, é necessário investigar primeiro as 
dimensões que representam o Estado, o mercado e a sociedade civil 
organizada (conhecida também como terceiro setor). O Estado é enten-
dido como um bem público e, enquanto tal, deve necessariamente agir 
em nome de toda a sociedade, ou seja, do bem comum e dos direitos 
à cidadania, conforme vimos anteriormente nos primeiros capítulos. O 
mercado é dominado por grandes corporações particulares, médias e 
pequenas empresas que contribuem para o movimento e desenvolvi-
mento da economia, geram empregos, pagam impostos e agem em 
conformidade com as leis vigentes e criadas pelo Estado. O mercadorepresenta os interesses privados, ou seja, as expectativas de cresci-
mento e conquista de maiores fatias de consumidores e lucros, por isso 
empresas privadas buscam a todo instante maximizar a venda de seus 
produtos e serviços como garantia de sucesso individual (seja da em-
presa, seja do sujeito inserido no mercado). A sociedade civil organi-
zada, ou terceiro setor, expressa-se quando um ou mais cidadãos ou 
empresas (ou seja, membros do mercado) se organizam e unem inte-
resses, por meio de instituições que passam a atuar ativamente no ce-
nário político, social, econômico e cultural, com o objetivo de reivindicar 
direitos de grupos particulares ou interesses públicos (são exemplos: 
sindicatos, academias de artes e letras, associações de moradores, em-
presas, movimentos populares). O terceiro setor refere-se ao que conhe-
cemos como organizações não governamentais, as chamadas ONGs.
Até a década de 1970, os Estados foram os grandes responsáveis 
pelas políticas que promovem benefícios à sociedade, o que foi cha-
mado de política de bem-estar social. Ao promoverem a qualidade dos 
serviços públicos, os Estados obtiveram como resultado a piora das 
condições de seus orçamentos, pois não havia mais verba suficiente, 
tampouco mão de obra capacitada e adequada em número e eficiência, 
para conceder benefícios e suprir as necessidades de todos os cida-
dãos. Na década de 1980, as grandes potências econômicas e os pa-
íses subdesenvolvidos estavam endividados e assistiam à inoperância 
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.da administração pública frente aos interesses de seus cidadãos. 
Nesse contexto, emergiu o neoliberalismo e com ele o chamado tercei-
ro setor, como forma de suprir as demandas não atendidas pelo Estado. 
Segundo Froes e Melo Neto, 
Intelectuais, políticos, empresários e pesquisadores sociais apon-
tam distorções, culpam o governo, criticam as políticas públicas 
e identificam gestores e instituições corruptas, ineficientes e ine-
ficazes. Muito se fala e pouco se faz de concreto e efetivo. Muitas 
vezes, o que se fala esconde a inércia, o conformismo, a visão ba-
nalizada dos problemas, o ceticismo diante das questões sociais. 
(FROES; MELO NETO, 2002, p. 15)
Esse cenário favoreceu a expansão do mercado e da iniciativa pri-
vada, de maneira que estes se tornaram gradativamente responsáveis 
pela adoção de ações e projetos que fossem capazes de promover me-
lhorias sociais. Ao Estado restava apenas o auxílio com recursos es-
cassos à sociedade civil organizada para buscar reduzir os problemas 
sociais. Foi assim que surgiu o chamado terceiro setor e a responsabi-
lidade social e ambiental. Portanto, o terceiro setor representa a socie-
dade civil organizada, que atua publicamente, sem fins lucrativos, no 
cenário social e ambiental devido à ineficiência e ao processo de deca-
dência do Estado no gerenciamento das políticas de bem-estar social e 
de cuidados com o meio ambiente. 
Nesse ponto residem as críticas ao terceiro setor, pois verifica-se 
uma nova dinâmica na sociedade, em que as organizações da socieda-
de civil passam a agir em nome do interesse público. Para alguns, isso 
consiste na terceirização dos deveres fundamentais do Estado perante 
os seus cidadãos e o meio ambiente. O terceiro setor recebe repasses 
escassos do Estado ou elevadas quantias de empresas privadas que 
obtêm em troca vantagens fiscais junto aos governos, como a redu-
ção de impostos. Dessa forma, as empresas e o terceiro setor promo-
vem ações e assumem responsabilidades que deveriam pertencer ao 
Estado, afinal de contas os cidadãos pagam impostos para promover 
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justiça social e proteção ambiental. Além disso, o terceiro setor possui 
elementos administrativos que são empregados pelo mercado, já que 
as organizações que o compõem possuem administração próxima à da 
iniciativa privada, sendo a principal diferença a não obtenção de lucros, 
já que capta recursos e doações de empresas privadas ou recebe ver-
bas dos governos. 
Questiona-se também se as empresas privadas promovem essas 
contribuições à sociedade apenas com o objetivo de reforçar sua ima-
gem no mercado e ampliar a divulgação de seus negócios até o limite 
de seus interesses lucrativos, de modo que muitos segmentos e regiões 
de um país, quando desprovidos de mercado consumidor ou com pou-
ca atenção da mídia, acabam sendo descartados como alvo das ações 
dessas organizações. A crítica, por isso, refere-se à transformação de 
direitos políticos, sociais, econômicos, culturais e ambientais em mer-
cadorias com visibilidade midiática, com fins direcionados primeiro ao 
consumo e só depois ao exercício da cidadania e da proteção ambiental.
Os defensores do terceiro setor avaliam as potencialidades a partir 
das oportunidades que as práticas sociais e ambientais podem produzir 
para a imagem das organizações privadas ao participarem ou contribu-
írem com os projetos do terceiro setor. Froes e Melo Neto elencam os 
seguintes elementos favoráveis a essas ações: 
Capacidade de improvisar, inovar e enfrentar os seus problemas; 
aptidão para buscar novas alternativas de desenvolvimento; com-
petência para inovar em busca de novas formas de inserção social; 
competência para gerar por si só renda e emprego; acessibilidade 
(a serviços públicos essenciais e informações básicas para o exer-
cício da cidadania); capacidade de mobilizar-se em defesa de seus 
interesses; aplicação de alto investimento no fator humano; ten-
dência à inversão e ao reinvestimento; dotada de vontade política 
forte e com um projeto próprio de desenvolvimento; dotada de alta 
mobilização e conscientização de seus membros; capacidade de 
criar novas e diversas organizações sociais. (FROES; MELO NETO, 
2002, p. 104)
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.Essas oportunidades promovidas pelo mercado e pelo terceiro setor 
levaram à ascensão de conceitos como a responsabilidade social e am-
biental (RSA), ou seja, a uma forma de conduzir os negócios da empresa 
de tal modo que ela se torne parceira e corresponsável pelo desenvol-
vimento sustentável. Assim, defende-se o compromisso empreendedor 
das organizações privadas com o comportamento ético, que promova o 
progresso econômico, político e social dos locais onde estão inseridas. 
A RSA, também conhecida como empreendedorismo social e am-
biental, visa promover ações cidadãs da organização tanto no âmbito 
interno (público interno), com a conscientização e educação responsá-
vel de seus colaboradores e a revisão de seus processos produtivos, 
tornando-os ecologicamente corretos e apoiando causas sociais; quan-
to no âmbito externo (público externo), com práticas que auxiliem a im-
plementação dos direitos sociais e políticas que visem ao bem-estar da 
sociedade, sobretudo contribuindo para suprir as demandas sociais de 
populações excluídas ou carentes. Segundo Tachizawa (2005, p. 86):
Esse conceito deve expressar compromisso com a adoção e a di-
fusãode valores, conduta e procedimentos que induzam e estimu-
lem o contínuo aperfeiçoamento dos processos empresariais, para 
que também resultem em preservação e melhoria da qualidade de 
vida da sociedade do ponto de vista ético, social e ambiental. (TA-
CHIZAWA, 2005, p. 86)
Um dos temas que estão em pauta no gerenciamento das empre-
sas diz respeito às oportunidades de promover a visibilidade de marcas, 
produtos e serviços através de condutas sustentáveis e empreendedo-
ras, que proporcionem benefícios às comunidades carentes. O empre-
endedorismo social e ambiental surge como um conceito fundamen-
tal tanto para promover a imagem de uma organização quanto para a 
realização de programas sociais. Nesse sentido, procura-se diferenciar 
o empreendedorismo empresarial do empreendedorismo social. O pri-
meiro visa à maximização e obtenção de lucros das empresas; o segun-
do representa a busca do retorno ou a aplicação de parte dos lucros de 
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uma organização na sociedade, por meio de projetos socioambientais. 
Defensores do empreendedorismo social afirmam que promove-se, 
com essas ações, a tomada de consciência dos cidadãos, dos cola-
boradores das organizações e do próprio Estado, por meio de práticas 
que se comprometem com o desenvolvimento de uma sociedade mais 
justa, reduzindo as desigualdades nos cenários econômicos, políticos 
e sociais. 
Cabe enfatizar que o empreendedorismo social e ambiental desponta 
no século XXI como ferramenta gerencial relevante para as organizações 
que procuram promover uma imagem responsável e positiva diante dos 
cidadãos, consumidores e investidores. Criou-se uma nova oportunidade 
de negócios, uma vez que o empreendedorismo aplicado à sociedade e ao 
meio ambiente contribui para o desenvolvimento humano de segmentos 
sociais que até então se encontravam excluídos e marginalizados.
PARA SABER MAIS 
Pesquise em jornais, revistas e artigos acadêmicos práticas bem-su-
cedidas de empreendedorismo social e ambiental do lado do terceiro 
setor. Investigue quais problemas foram solucionados, quais foram os 
impactos sobre segmentos sociais e quais benefícios surgiram a partir 
dessas ações.
 
De acordo com Froes e Melo Neto (2002), ao realizarem ações em 
benefício da sociedade, as empresas produzem propostas de redução 
dos problemas socioeconômicos, o que promove também a aprovação 
de seus produtos e serviços pelos consumidores. Sob um ponto de vista 
gerencial, o empreendedorismo social pode ser visto não apenas como 
uma ferramenta útil para a promoção da solidariedade e conscientiza-
ção da sociedade, mas também como uma estratégia que pode atrair 
novos lucros e investimentos. Froes e Melo Neto (2002) apontam nove 
aspectos essenciais do empreendedorismo social e ambiental: 
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.a) cria novas interações entre as pessoas, fortalecendo laços de 
amizade, familiares e novas opções de trabalho e recreação; b) aju-
da a moldar as práticas e valores individuais, grupais e coletivos, 
aguçando a percepção e a visão social das pessoas; c) conecta in-
divíduos, grupos, regiões e organizações; d) ajuda a construir novas 
formas de convivência; e) contribui para a superação de problemas 
sociais através da definição coletiva de objetivos, articulação de 
pessoas e instituições; f) disponibiliza “saberes distintos” e os colo-
ca a serviço do interesse coletivo; g) constrói vínculos mais fortes 
e consistentes entre as pessoas, grupos e instituições; h) promove 
acordos de cooperação e alianças; i) cria e amplia alternativas de 
ação. (FROES; MELO NETO, 2002, p. 41)
Os autores destacam ainda que o sucesso dos projetos realizados 
pelo empreendedorismo social e ambiental depende de exigências fun-
damentais, dentre as quais destacam-se: 
[...] mudanças de comportamento da população; preservação das 
culturas locais; desenvolvimento de processos de participação; 
introdução e prática de novas formas de inserção social; engaja-
mento das pessoas no processo; incentivo à iniciativa de autossus-
tentação; incentivo à adoção de comportamentos responsáveis e 
éticos; garantia do uso sustentável de áreas naturais e da proteção 
das culturas locais; e autogeração de renda e emprego. (FROES; 
MELO NETO, 2002, p. 36)
O empreendedorismo social e ambiental gera debates em torno da 
perda ou não da autonomia e das obrigações do Estado na realização de 
projetos sociais e ambientais. Os defensores afirmam haver parcerias 
entre os setores público e privado. Os críticos afirmam haver a terceiri-
zação ou privatização das responsabilidades elementares do Estado.
O comprometimento das empresas com as comunidades atingidas 
pelas suas ações responsáveis requer o rigor dos projetos. Mais do que 
o mero interesse estratégico no retorno financeiro à empresa, obtido 
através da credibilidade alcançada perante a sociedade, os defensores 
dessas práticas destacam que é preciso ter em mente que o projeto 
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social e ambiental deve planejar e gerir muito bem qual o público-alvo 
e qual o retorno esperado em relação aos grupos sociais a serem auxi-
liados. Essas ações não se reduzem a um mero assistencialismo nem 
a uma contribuição que não agregue valor à comunidade. O projeto so-
cial deve sempre visar à independência política, social e econômica dos 
grupos auxiliados, para que possam gozar plenamente de seus direitos 
sociais. Froes e Melo Neto afirmam que:
Num projeto de empreendedorismo social, o propósito não é o de 
solucionar um problema social específico, mas o de “empoderar” 
a comunidade local para que esta se mobilize e se fortaleça na 
busca de soluções para os seus problemas prioritários [...]. Ao con-
trário dos projetos sociais tradicionais, cujo sucesso depende dos 
seus gestores e dos beneficiários, os projetos do empreendedoris-
mo social baseiam-se fundamentalmente na ação e desempenho 
dos atores sociais como sujeitos do seu próprio desenvolvimento. 
(FROES; MELO NETO, 2002, p. 129)
Diante dessa perspectiva, considera-se que é preciso que a gestão 
dos projetos sociais e ambientais promova e transmita conhecimentos 
a respeito de estratégias de gerenciamento e administração, para que 
a população aprenda a gerenciar seus recursos culturais, naturais e de-
mais potenciais locais, já que o objetivo é torná-las autônomas ou au-
tossuficientes. Os críticos dessas práticas apontam que é preciso ouvir 
as demandas sociais e respeitar suas tradições culturais, a fim de que 
o ponto de vista das empresas não subjugue e desmereça tais grupos. 
Já os defensores afirmam que há a possibilidade de conciliação entre 
geração de renda e preservação de traços culturais e do meio ambiente, 
o que é essencial para obtenção de sucesso no gerenciamento desse 
tipo de empreendedorismo. 
A questão fundamental desse debate é que devemos sempre buscar 
o respeito às diferenças culturais e, ao mesmo tempo, possibilidades 
de inserção econômica dessas populações. Esse é um modo racional e 
ético de combater as desigualdades sociais. As organizações passam a 
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.ser consideradas cidadãs e agentes de transformação social e ambien-
tal à medida que realizam seus projetos nessas áreas, fortalecendo sua 
imagem como entidades que assumem atitudes responsáveis. 
Considerações finais
Estudamos, no capítulo, os significados de desenvolvimento susten-
tável e sua evolução, a partir das conferências da ONU, instituição que 
passou, a partir da década de 1970, a promover a cooperação global em 
torno de ações em prol das sustentabilidades política, econômica, cul-
tural, ambiental e social. No primeiro tópico, conhecemos importantes 
conferências e documentos da ONU sobre o desenvolvimento susten-
tável, destacando-se a ECO-92, o Protocolo de Kyoto, a Agenda 21 e o 
Acordo de Paris. Por fim, no segundo tópico, investigamos as poten-
cialidades e limites, ou seja, os argumentos favoráveis e contrários à 
participação do mercado e do terceiro setor na promoção de práticas 
ambientais e sociais. 
Referências
CAMARGO, Ana Luiza de Brasil. Desenvolvimento sustentável: dimensões e de-
safios. Campinas: Papirus, 2020. (Coleção Papirus Educação).
DIAS, Reinaldo. Gestão ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. 
São Paulo: Atlas, 2006.
FROES, César; MELO NETO, Francisco Paulo de. Empreendedorismo social: a 
transição para a sociedade sustentável. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.
SERRÃO, Mônica; ALMEIDA, Aline; CARESTIATO, Andréa. Sustentabilidade: 
uma questão de todos nós. Rio de Janeiro: Senac, 2012.
TACHIZAWA, Takeshy. Gestão ambiental e responsabilidade social corpora-
tiva: estratégias de negócios focadas na realidade brasileira. São Paulo: Atlas, 
2005.
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Sobre o autor
Paulo Niccoli Ramirez é professor de filosofia, sociologia, antro-
pologia e ciência política. Leciona na Escola Superior de Propaganda 
e Marketing (ESPM), na Fundação Escola de Sociologia e Política 
de São Paulo (FESPSP), na Casa do Saber e no Colégio São Luís. 
Possui doutorado (2014) e mestrado (2007) em ciências sociais pela 
PUC-SP (respectivamente nas áreas de concentração antropologia 
e sociologia) e também bacharelado em ciências sociais (PUC-SP 
– 2004) e filosofia (USP – 2007). É autor do livro Sérgio Buarque de 
Holanda e a dialética da cordialidade.
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