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Resumo - Arts. 421 a 480 do Código Civil. TEORIA GERAL DOS CONTRATOS: Conceito: é um acordo de vontades com a finalidade de produzir efeitos jurídicos. Princípios: Os princípios gerais dos contratos são os princípios jurídicos e podem ser entendidos como o fundamento, a base das leis. Eles orientam e direcionam todo o seu entendimento. PRINCÍPIOS TRADICIONAIS • Princípio da autonomia da vontade: Essa liberdade abrange, o direito de contratar e de não contratar, liberdade de escolher o contratado; • Princípio do consensualismo: tem como objetivo esclarecer a exigência do acordo mútuo para a perfeita formação do contrato; • Princípio da obrigatoriedade da convenção, ou Princípio da Força obrigatória: é a obrigatoriedade dos contratos, pacta sunt servanda; • Princípio da relatividade dos efeitos do contrato: ninguém pode adquirir direitos ou assumir deveres contra a sua vontade, razão pela qual os contratos não podem afetar terceiros, estranhos ao negócio; PRINCÍPIOS MODERNOS • Princípio da boa-fé: Os contratantes, durante toda a relação contratual, deverão agir com lealdade, honestidade, probidade e confiança recíprocas, como forma de garantir o equilíbrio nas prestações e evitar o enriquecimento ilícito; • Princípio da função social dos contratos: é referida como um princípio ou cláusula geral, seja utilizada como fundamento para relativizar os efeitos daquilo que foi contratado entre as partes. Ou seja, o contrato não poderá gerar efeitos maléficos para terceiros ao pacto.; • Princípio da equivalência material: os negócios jurídicos merecem gerar trocas úteis e justas; CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS Unilateral -Há obrigações somente para um dos contratantes(ex: doação pura, mútuo, comodato) Bilateral - é o contrato que gera obrigações para ambas as partes. (ex: compra e venda, locação, seguro) Plurilaterais - É aquele que envolve várias pessoas, trazendo direitos e deveres para todos, na mesma proporção. Ex: constituição de uma sociedade, seguro de vida em grupo Gratuito - Só uma parte tem proveito (ex: comodato, doação) Oneroso - É aquele que traz vantagens para ambos os contratantes. Ambas as partes assumem deveres e obrigações, havendo um direito subjetivo de exigi-lo. A onerosidade não pode ser excessiva de forma a gerar o enriquecimento sem causa de uma parte em relação à outra. (ex: permuta, compra e venda, locação) OBS: Em regra, os contratos onerosos são bilaterais e os gratuitos unilaterais. Comulativos - São aqueles em que não há qualquer fator de risco envolvendo a prestação. No momento da contratação, as partes sabem exatamente quais serão as prestações e contraprestações. Assim, ocorre, por exemplo, na locação de imóveis, em que locador e locatário sabem qual será o imóvel alugado e o valor do aluguel.(ex: locação, comodato, compra e venda) Aleatórios - Alternativa de ganho ou perda, havendo incertezas na contraprestação ou em sua duração (ex:loteria, previdência privada com renda vitalícia, compra e venda de safra) -Aleatórios por natureza: rifa, loteria, constituição de renda vitalícia, jogo e a aposta; -Aleatórios acidentalmente: por terem objeto coisa incerta ou de valor incerto: contrato de garimpo ou pesquisa, venda de colheitas futuras, contrato de sociedade em que ativo e passivo seja assumido pelo sócio sobrevivente, etc. OBS: Essa classificação só vale para os contratos onerosos. Contratos consensuais - São aqueles negócios que têm aperfeiçoamento pela simples manifestação de vontade das partes envolvidas. Contratos reais - São aqueles que apenas se aperfeiçoam com a entrega da coisa de uma contratante para outra. Nessas figuras contratuais, antes da entrega da coisa tem-se apenas uma promessa de contratar Principal - Tem existência autônoma, independente. Acessório - Não tem existência autônoma, própria, independente, mas tem por função garantir o cumprimento das obrigações contraídas no contrato principal(ex: hipoteca, fiança, caução) Instantâneos - Prestações podem ser realizadas em um único instante De duração - Também chamado de contrato de trato sucessivo, de execução continuada, de débito permanente, de duração. São aqueles em que as prestações não podem ser realizadas em um único instante. De execução imediata(Contrato instantâneo (execução única) - A execução é feita imediatamente após a formação (ex: compra e venda com pagamento imediato) De execução diferida(retardada) - A execução se alarga no tempo, por conveniência das partes, em virtude de existência de tempo (ex: compra e venda com parcelamento) Contrato de execução continuada (trato sucessivo) - Tem o cumprimento previsto de forma sucessiva ou periódica no tempo. OBS: Classificação que vale apenas para os contratos instantâneos. Por tempo indeterminado - Puro, não se subordina a cláusula especial alguma. Pode ser extinto a qualquer tempo, por iniciativa de uma ou de ambas as partes ou por força maior. Por tempo determinado - Impuro, se submete a condição ou ao tempo. Típicos ou nominados - referem-se aos contratos esquematizados em lei, com previsão legal mínima. Atípicos ou inominados - Não tem previsão legal. Contratos mistos - Resulta da combinação de um contrato típico com cláusulas criadas pela vontade das partes. Deixa de ser típico, mas não se transforma em atípico. Contratos paritários - É aquele tradicional, onde as partes discutem livremente as condições (par a par) Contratos de adesão - é aquele cujo conteúdo é preestabelecido rigidamente por uma das partes, com cláusulas padronizadas. Contrato-tipo - é apresentado em forma impressa ou datilografada, mas dele difere porque admite discussão sobre seu conteúdo. Contratos formais /solenes - Celebrado com características especiais previstas em lei. Exemplo: contrato translativo de imóveis acima de 30 salários mínimos (art. 108 do CC); doação (documento escrito por essência, cf. art. 541 do CC) Contratos informais/não solenes -São aqueles que admitem a forma livre, como por exemplo no mandato, que pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito (art. 656 do CC) Contratos impessoais - são infungíveis, podem ser transferidos ou executados por pessoa diferente do obrigado. Contratos pessoais - têm como objeto obrigação infungível, não sendo válido o "pagamento" feito por pessoa diversa da obrigada. Individuais: são aqueles em que as vontades são individualmente consideradas, ainda que envolva várias pessoas ex. contrato de trabalho. Coletivos: são os que se perfazem pelo acordo de vontades entre duas pessoas jurídicas de direito privado, representativas de categorias profissionais. Ex. “acordo” coletivo de trabalho. FORMAÇÃO DOS CONTRATOS: Tratativas preliminares(ou fase de puntuação) - Não tem força vinculante, mas há responsabilidade extracontratual quando uma parte cria expectativa. As negociações preliminares podem ser formais (minutas escritas) ou informais (feitas de forma verbal). Proposta - A proposta é obrigatória se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso.A proposta pode surgir por si só, diretamente, sem que tenha havido contato prévio entre as partes (tratativas) e pode surgir após a fase de negociações preliminares. A proposta a pessoa ausente não é obrigatório em três situações: SEM PRAZO - se houve tempo suficiente para a resposta retornar. COM PRAZO- quando a aceitação foi expedida depois de o prazo expirar. SEGUE RETRATAÇÃO- se a retratação chega antes do recebimento da proposta. A proposta de um contrato deve obedecer três requisitos fundamentais: -Completa: deve incluir todas as matérias que devam ficar estipuladas no contrato. -Firme: deve expressar uma vontade séria e inequívoca de contratar nos precisos moldes projetados na proposta. -Formalmente eficiente: deve revestir uma forma que satisfaça a exigência formal do contrato proposto. ● Força obrigatória da proposta A regra é a obrigatoriedade da proposta (Art. 427. A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstânciasdo caso) Entretanto, reconhece a perda da eficácia cogente de proposta, nas seguintes condições: -A não obrigatoriedade resultar dos termos dela mesma – É o caso de o proponente salientar, quando da sua declaração de vontade (oferta), que reserva o direito de retratar-se ou arrepender-se de concluir o negócio. (o documento estabelece que não vincula, não vale como proposta) -Não obrigatoriedade resultar da natureza do negócio = Cite-se o exemplo das chamadas “propostas abertas aos público, que se consideram limitadas ao estoque existente” -Não obrigatoriedade resultar das circunstâncias do caso – Aplica-se o princípio da razoabilidade Perda da força vinculante da proposta, por força do decurso de lapso temporal entre a proposta e a aceitação . É o chamado prazo de validade da proposta. O art. 428 trata de algumas situações peculiares que podem liberar o proponente, liberando-o. • Se feita entre presentes, sem concessão de prazo, o policitante está obrigado apenas naquele momento. É pegar ou largar, e se o oblato não responde logo, dano pronta aceitação, caduca a proposta. Aqui merece atenção a utilização de ligação telefônica ou internet. • Se feita entre ausentes, o proponente não pode pretender resposta instantânea. Há de se admitir um compasso de espera, que será o tempo necessário para que sua oferta seja recebida, ponderada, e a ela dada resposta. Se esta não for expedida no prazo dado, não prevalece a proposta. E se nenhum prazo tiver sido expressamente concedido, há de o policitante aguardar um tempo que seria suficiente para que o oblato dê seu pronunciamento. Trata-se de um prazo que varia de acordo com o negócio jurídico, nem tão estreito, nem tão exagerado. Aceitação Não é com a proposta que nasce o contrato. O contrato nasce com a aceitação da proposta. Para produzir efeito de aperfeiçoar o contrato, a aceitação deve ser pura e simples. Se apresentada fora do prazo, com adições, restrições ou modificações, importará nova proposta. Chama-se contraproposta. (Art. 431 do CC). SUBJETIVOS OBJETIVOS FORMAIS No requisitos subjetivos temos: a) Capacidade genérica: regra geral, não podem praticar atos da vida civil aqueles considerados absolutamente ou relativamente incapaz (vide Lei 13.146/2015) b) Capacidade específica para contratar: as partes devem possuir um requisito especial para contratar, como ocorre na doação, na transação, na alienação onerosa, que exige a capacidade ou poder de disposição das coisas ou dos direitos que são objeto do contrato. c) Consentimento: requisito de ordem especial, próprio dos contratos, é o consentimento recíproco ou acordo de vontades os requisitos objetivos temos: a) Licitude de seu objeto: objeto lícito é o que não atenta contra a lei, a moral ou os bons costumes. Ex. contrato para cumprimento de obrigação pertinente a aposta e jogo do bicho. b) Possibilidade física ou jurídica do objeto: Impossibilidade física: colocar água dos oceanos em um copo d'água ou jurídica: herança de pessoa viva. c) Determinação de seu objeto: o objeto do negócio jurídico deve ser determinado ou determinável. ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO Que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da obrigação. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele anuir. PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO (arts. 439/440) É a modalidade de ajuste pela qual uma pessoa se obriga perante outra a que um terceiro cumpra o ajustado. Também é uma flexibilidade o princípio da relatividade dos efeitos do contrato. Pois há uma obrigação para um terceiro que não participou do contrato. CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR É negócio jurídico por meio do qual um dos contratantes se compromete a indicar, no prazo assinado, com qual pessoa a outra parte se relaciona, exigindo-se a partir daí o cumprimento dos direitos e obrigações decorrentes. Assim, um terceiro ingressará na relação contratual que, por motivos qualquer, não foi desde a conclusão do negócio identificado perante a outra parte. GARANTIAS CONTRATUAIS São garantias implícitas impostas ao alienante do bem. • Defeitos materiais = vícios redibitórios • Defeitos jurídicos = evicção 1. Vícios redibitórios de forma oculta na coisa ou bem, de uma venda, e do qual o comprador não poderia tomar conhecimento quando efetuou a aquisição.Conclui-se que os vícios redibitórios não podem ser alegados em contratos gratuitos, como por exemplo, nas doações puras, pois o beneficiário da liberalidade, nada tendo pago, não tem porque reclamar Assim, caso o adquirente conhecia os vícios, presume-se que renunciou à garantia. A expressão “vende-se no estado em que se encontra”, comum em anúncios de venda de veículos usados, têm a finalidade de alertar os interessados de que não se acham eles em perfeito estado, não cabendo, por isso, nenhuma reclamação posterior 1.1. Efeitos. Ações cabíveis • O art. 442 do Código Civil deixa duas alternativas ao adquirente: ❑ Ação redibitória para rejeitar a coisa, rescindindo o contrato e pleiteando a devolução do preço pago ❑ Ação quanti minoris ou estimatória, para conservar a coisa, malgrado o defeito reclamado, porém, abatimento no preço 2. Evicção Caracteriza a evicção a perda da posse ou da propriedade de um bem, pelo adquirente, em virtude de sentença judicial, na qual se declara que o alienante não tinha qualidade para realizar a alienação. 2.1 Pessoas intervenientes • Na evicção haverá 3 (três) pessoas: • a) o evicto, o adquirente que perderá a coisa adquirida ou sofrerá a evicção; • b) o alienante, que transfere o bem por meio de contrato oneroso, que estabelece o dever de transferir o domínio; por isso, irá suportar as consequências da decisão judicial; e • c) o evictor, que é o terceiro que move ação judicial, vindo a ganhar, total ou parcialmente, o bem objetivado no ato negocial. 2.2 Requisitos – Quais os requisitos para caracterizar a responsabilidade do alienante pela evicção? 1o) Onerosidade da aquisição do bem – os negócios gratuitos não poderão dar origem à garantia por evicção, pois a responsabilidade pelos riscos da evicção é inerente aos contratos onerosos;. Por quê? Se o evicto for privado de uma coisa adquirida a título gratuito, não sofrerá uma diminuição no seu patrimônio, mas tão-somente deixará de experimentar um lucro. • 2o) Perda, total ou parcial, da propriedade ou da posse da coisa alienada pelo adquirente – assim, se não houver perda ou domínio ou da posse do bem, não se terá evicção. • 3o) Desconhecimento do adquirente: dispõe o art. 457 do CC que “não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa”. Se conhecia, presume-se ter assumido o risco de a decisão ser desfavorável ao alienante. • 4o) Sentença judicial – transitada em julgado, declarando a evicção. Nesse caso, o evicto deverá ser condenado a restituir a coisa, uma vez que a evicção só surge com a perda judicial do bem adquirido, pressupondo um pronunciamento do Poder Judiciário. • OBS: Existem hipóteses de evicção na esfera administrativa. • 5o) Anterioridade do direito do evictor – pois a perda da coisa só caracteriza a evicção se, além de se dar por decisão judicial, se fundar em causa preexistente ao contrato entre alienante e adquirente, mediante o qual o evicto a adquiriu. • Dessa maneira, será imprescindível que o órgão judicante reconheça a existência de um vício anterior à alienação, em favor de terceiro, responsabilizando o alienante pelos prejuízos decorrentes da evicção. • 6o Denunciação da lide: trata de modalidade de regresso contra quem alienou o bem. Atualmente, a denunciação da lide é considerada facultativa. 2.3 Direitos do evicto • Art. 450. Salvo estipulação em contrário, tem direito o evicto, além da restituição integral do preço ou das quantias que pagou: • I - à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; • II - à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção;• III - às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. 3. Desfazimento da relação contratual • Extinção: os contratos são celebrados para serem cumpridos. O término do contrato é almejado pelas partes desde o início do negócio. • Resilição dos contratos: Segundo Sílvio de Salvo Venosa, a resilição “é a cessação do vínculo contratual pela vontade das partes, ou por vezes, de uma das partes”. A prática negocial utiliza as expressões resilição e rescisão como sinônimas. Não o são, contudo. A rescisão pressupõe a existência de culpa. Assim, ocorre a rescisão quando a parte requerer o término do contrato em razão de culpa da outra parte, que descumpre a avença. A sentença que reconhece a culpa do contratante determina a rescisão do contrato. • Distrato ou resilição bilateral: Quando a resilição se der por vontade de ambas as partes (bilateral), estar-se-á diante de um distrato. O distrato é um contrato que regula o desfazimento do pacto originário, com efeito ex nunc, operando-se independentemente de pronunciamento judicial. • Resilição unilateral: em alguns contratos, dada a sua natureza, um dos contratantes pode colocar fim à avença. É o caso, por exemplo, do mandato, comodato, nos quais a confiança é elemento essencial. Cessando a confiança no curso do contrato, é lícito à parte colocar fim à relação contratual. Outras modalidades de trato sucessivo, quando por prazo indeterminado, permitem que um dos contratantes coloquem fim à relação, noticiando a outra o desejo de rescindir o contrato. É o que ocorre nos contratos de trabalho, locação e prestação de serviços. • Resolução: O descumprimento do contrato sem culpa (involuntário) implica na sua simples resolução. O remédio resolutório é, portanto, fruto de um fato superveniente. O contrato nasce perfeitamente equilibrado, mas um evento ulterior introduz um desequilíbrio que gera a perda da situação de equivalência originária
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