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MATERIAIS PARA EMBALAGEM E ACONDICIONAMENTO Como qualquer produto de consumo, as formas farmacêuticas devem obrigatoriamente ser acondicionadas e embaladas de forma adequada antes de expostas nas prateleiras. O material utilizado para acondicionamento (container) tem como função garantir a qualidade, a segurança e a estabilidade de seu conteúdo. Já a embalagem, além de ser uma proteção secundária, apresenta também uma função “mercadológica” na apresentação do produto. A combinação entre materiais de acondicionamento e embalagem deve apresentar os seguintes requisitos: 1. Proteger o medicamento de danos físicos e químicos: vibração (ex.: no transporte), compressão (ex.: pressão aplicada durante estocagem), choque (ex.: impactos durante desaceleração brusca em um transporte), abrasão. 2. Ser inerte: não pode interagir com o produto, seja por migração, adsorção, absorção, extração ou qualquer reação química (ex.: perda de conservantes por absorção em tampas de borracha, amolecimento de containers de plástico por ésteres ou ácido salicílico). 3. Suportar extremos de temperatura e umidade característicos das diferentes estações do ano. 4. Ser impermeável a gases da atmosfera, tais como O2 e CO2, evitando assim processos de oxidação e/ou o crescimento de microrganismos comumente favorecidos pela presença de O2, bem como mudanças de pH pela presença de CO2. 5. Evitar a perda de gases voláteis (ex.: perda de fármacos voláteis como salicilato de metila, ou de álcool ou éter, aumentando a concentração de fármacos não voláteis). 6. Proteger da ação da luz, especialmente para fármacos fotossensíveis. 7. Serem suficientemente transparentes para permitir file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br a inspeção do conteúdo. 8. Proteger o medicamento de partículas contaminantes do ar, tais como microrganismos e poeira. 9. Proteger de animais (ex.: insetos e roedores). 10. Ser inócuo: não liberar partículas para o conteúdo (ex.: fiapos de vidro ou metal), não liberar substâncias tóxicas ou que comprometam a estabilidade do conteúdo (ex.: unidades poliméricas de materiais plásticos ou álcalis de vidro). 11. Ser fácil de identificar e rotular. 12. Apresentar elegância. 13. Ser de fácil uso e conveniente. 14. Ser barata e econômica. Algumas diferenças entre acondicionamento e embalagem podem ser exemplificadas no Quadro abaixo: Acondicionamento Embalagem a. Contato direto, devendo ser inerte, inócuo e estável. b. Função técnica (proteção e envase). c. Proteção primária contra luz, umidade, CO2, O2, microrganismos, poeira, insetos. d. Materiais usuais: vidro, plástico e metal, bem como de uso exclusivo para tampas de borracha. e. Contato indireto (envolve o material já embalado). f. Função comercial (apresentação). g. Proteção secundária contra luz, poeira, insetos e choque mecânico (protege o medicamento por proteger acondicionamento). h. Materiais usuais: papel ou cartolina. TIPOS DE MATERIAIS DE ACONDICIONAMENTO Os acondicionamentos utilizados para medicamentos podem ser de material plástico, metálico ou vidro. As características de cada tipo de material variam, assim como suas aplicações. file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br Vidros São compostos constituídos de uma mistura de óxidos metálicos nos quais predomina o dióxido de silício (SiO2). Embora fisicamente tenham aspecto de sólido, trata-se de um líquido de elevada viscosidade. A adição de óxido de cálcio e magnésio aumenta a resistência hidrolítica de vidros alcalinos, sendo que o óxido de magnésio reduz a tendência de desvitricação. Já a adição de óxido de bário pode levar à redução do ponto de fusão de vidros de sílica ou borossilícico, aumentando sua fusibilidade. O óxido de alumínio, por sua vez, é empregado na confecção de vidros refratários. Óxidos de ferro, como Fe2O3, conferem ao vidro cor ligeiramente amarelo- esverdeada, enquanto o FeO gera uma coloração azul-esverdeada. A cor âmbar é formada pela combinação de óxidos de íons Fe3+ (Fe2O3) e enxofre (S=), junto com os íons Na+. Óxido crômico (Cr2O3) é o agente corante primário para todos os vidros verdes. A principal desvantagem dos vidros, em geral, está na baixa resistência a choques mecânicos. Como vantagens, estes materiais: • Podem ser moldados em uma grande variedade de formas e tamanhos (fusibilidade). • Podem ser transparentes ou âmbar. • Podem ser selados hermeticamente com ou sem o uso tampas. • São impermeáveis à umidade e gases atmosféricos. • São baratos e de fácil rotulagem. Tipos de Vidros Sílica (quartzo): SiO2 Apresentam boa transparência, maior ponto de fusão, maior custo, maior resistência hidrolítica (menor número de grupos silanóis livres OH-), menor resistência mecânica. Uso: cubetas de quartzo são úteis como recipiente para análises espectrofotométricas na região do UV, por não absorverem radiação nesta faixa de frequência. file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br Sódico cálcico: (SiO2, NaO2, CaO) Tipo II Apresentam menor ponto de fusão, são mais baratos, têm menor resistência hidrolítica (transfere basicidade). 2 Na2 SiO3 + H2O → Na2 Si2O5 + NaOH Uso: xaropes, solução oral e pós, desde que não sejam muito incompatíveis a álcalis como Na+ e K+. Sódico cálcico tratado: Tipo II e IV Boa fusibilidade, boa resistência hidrolítica, menor custo que a sílica (quartzo) e tipo I. Tipo II até 100 mL, Tipo IV para volumes maiores que 100 ml. São obtidos com tratamento do Tipo I com vapor de água e SO2. ≡Si-O-Na + H2O→≡Si-OH + NaOH 2 NaOH + SO2 + ½ O2 → Na2SO4 + H2O ≡Si-O-H + H-O-Si ≡ → ↑ T oC → ≡Si-O-Si≡+ H2O Uso: liofilizados, extratos hepáticos, soluções de antibióticos, soluções injetáveis de grande volume (tipo IV). Borossilícico: (SiO2, B2O3) Tipo Possuem maior resistência térmica (Pyrex®) e coeficiente de dilatação, boa resistência hidrolítica (exceto para poliálcoois), menor ponto de fusão. Uso: pós (suspensões) injetáveis, soluções aquosas com catalisadores ou soluções alcalinas. Não devem ser usados com polióis como glicerina, propilenoglicol, entre outros. Plásticos Grupo de resinas sintéticas (polímeros) de altos pesos moleculares, obtidos file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br pela condensação ou adição de unidades denominadas monômeros, podendo, durante o processo de fabricação, ser moldados em diversas formas. No processo de polimerização, seja por adição (ex.: PVC e polietileno) ou por condensação (ex.: poliamida ou nylon), podem ser adicionadas substâncias com diversas funções, tais como: plastificantes, estabilizantes, fungicidas, antiestáticos, retardadores de combustão e antioxidantes e corantes. Como vantagens, estes materiais, dependendo do polímero, podem: • Apresentar boa inocuidade e estabilidade; • Ser transparentes, impermeáveis e inertes; • Apresentar boa estabilidade térmica. Tipos de Plásticos Os plásticos podem, dependendo da composição, apresentar características diversas no que diz respeito à permeabilidade, estabilidade térmica, flexibilidade, transparência. Os polímeros de cloreto de polivinila, polietileno, poliestireno, poliamidas, poliuretanos, policarbonatos, celofane, poliacrílicos e polipropileno, por exemplo, integram o grupo dos chamados termoplásticos. Já a baquelite, o cascolac e a fórmica são exemplos de materiais plásticos bastante rígidos (duroplásticos). Quadro – Tipos de plásticos, características e aplicações. Tipo de plástico Permeabilidade a gases e vapores Transparência Termorresistência Autoclavação Outros Aplicações Celulósicos (metil, etil, hidroxi, etil, carboximetil celulose) Impermeável Boa Decompõe em água quente Não suporta Folhasplastificantes Comprimido s, pós e cápsulas Polivinílicos (acetato de polivinila e PVC) Pouco permeável Boa Alta Sim Frascos e cintas Comprimido s, pós e cápsulas e líquidos. file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br Poliestireno Pouco permeável Boa Até 90o C Não nas condições normais Acondiciona nto de sólidos em geral Frascos Polipropilen o Permeável Opaco Boa Sim Líquidos e sólidos (revestiment os) Frascos Teflon - politetrafluor oetil eno - Opaco Até 200 oC - Pouca adesividade Revestiment o de superfícies Poliacrilatos (polimetacril ato de metila) - Boa Baixa Não - Frascos Poliamidas (nylon) Impermeável Boa Boa Sim - Filmes Policarbona tos (ésteres do ácido carbônico) Impermeável a vapor e pouco permeável a gases - Boa Não Leve e resistente ao choque mecânico Frascos Polietileno (baixa pressão) Pouco permeável Opaco Boa Sim - Frascos p/ injetáveis Polietileno (alta pressão) Permeável Opaco Baixa Não - Frascos Uso: formas líquidas, semissólidas e sólidas. Os plásticos celulósicos são usados para embalar comprimidos, cápsulas e pós. Plásticos polivinílicos são usados para acondicionamento de comprimidos, file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br cápsulas, pós e formas líquidas, bem como no revestimento de metais e papéis. O poliestireno é mais empregado no acondicionamento de formas sólidas. Plásticos termorresistentes rígidos ou flexíveis de PVC, polietileno polipropileno e poliestireno de alta densidade podem ser utilizados no acondicionamento de injetáveis, desde que não haja cedência de plastificante. Metais São muito úteis na dispensação de formas semissólidas (ex.: pomadas, cremes). Entre os mais utilizados, temos os tubos de estanho e alumínio. Ambos são leves e maleáveis, impermeáveis, apresentam boa plasticidade, boa proteção contra luz e boa resistência térmica, são inodoros, não são tóxicos e podem ser moldados facilmente. Como principal desvantagem dos acondicionamentos metálicos está a possibilidade de ocorrer catálise oxidativa. O estanho Sn, embora mais caro, é mais quimicamente inerte que o alumínio, que em alguns casos exige revestimento interno com vernizes. Uso: formas semissólidas, como pomadas e cremes. Borracha São hidrocarbonetos polimerizados de origem natural (ex.: polímeros do isopreno) ou sintética (ex.: polímeros do butadieno, siloxano ou cloropreno). São empregados na vedação dos frascos (borracha natural só aplicável a soluções aquosas). De acordo com o tratamento dado, as borrachas podem apresentar como características: elasticidade, resistência térmica e mecânica. Como tratamentos, temos a vulcanização, que inclui a adição de dióxido de enxofre (SO2), zinco (Zn), entre outros compostos com função de ativadores, aceleradores, cargas, amolecedores ou antioxidantes. A composição complexa das borrachas acarreta possibilidades diversas de interação com o conteúdo. O SO2 e o Zn atacam o anel -lactâmico das penicilinas. Igualmente, as borrachas podem absorver conservantes ou antioxidantes, viabilizando indiretamente a proliferação de microrganismos e oxidação. Uso: são utilizadas em tampas de acondicionamento de produtos injetáveis file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br de doses múltiplas. Esses recipientes fechados com tampas de borracha permitem a retirada com agulhas de sucessivas porções do medicamento destinado à administração parenteral sem alterar concentração, qualidade ou pureza das porções restantes. file:///D:/Meus%20Negocios/Pensar%20Cursos/www.pensarcursos.com.br
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