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DA RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL (Art. 789 a 796, CPC). 1. Previsão legal (CPC, art. 789 a 796). 2. Disposições Gerais. 3. Responsabilidade originária (CPC, 789). 4. Responsabilidade secundária (CPC, 790). 5. Responsabilidade no caso de direito real de superfície (CPC, 791, cc art. 1.369 a 1.77, CC). 6. Alienação em fraude de execução (CPC, 792. Ver art. 856, § 3.º e 828, § 4.º, CPC). 7. Execução por credor com direito de retenção (CPC, 793). 8. Responsabilidade, benefício de ordem e direito de regresso do fiador executado (CPC, 794). 9. Responsabilidade dos sócios pelas obrigações da sociedade (CPC, 795). 10. Responsabilidade do espólio e dos sucessores do devedor falecido (CPC, 796). A responsabilidade é patrimonial, o que importa é a idoneidade patrimonial, pois o indivíduo que possui patrimônio pode ser obrigado a pagar com esses bens; o processo de execução tem instrumentos que obrigarão à parte, se não houver patrimônio não há como obrigar a cumprir. Art. 789. O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei. Bens presentes = há possuía antes da obrigação Bens futuros = adquiriu após a assunção da obrigação. O legislador diz todos os bens, mas são somente o necessário para garantir o cumprimneto da obrigação, há bens patrimoniais que não servem de garantia, chamados impenhoráveis,o legislador traz uma relação deles, como salários/aposentadorias(que não excedam 50 salários mínimos), (exceto em casos de pagamento de alimentos), somente os bens necessários para cumprir a obrigação. São então, somente aqueles bens que garantem o cumprimento, aqueles que são permitidos legalmente (os que não estão listados como impenhoráveis). Art. 790. São sujeitos à execução os bens: I - do sucessor a título singular, tratando-se de execução fundada em direito real ou obrigação reipersecutória; Normalmente os bens que são garantias são do devedor, chamamos de responsabilidade originária (do próprio devedor); há bens que mesmo não estando com o devedor são garantias da execução, chamamos de responsabilidade secundária ou executória secundária (bens não estão com o devedor, mas servem como garantia para a execução desde que penhoráveis e até o limite da execução). Sucessor é aquele que sucede, a sucessão pode se dar por atos entre pessoas vivas ou por evento morte, em qualquer caso se porventura alguém sucedeu o devedor após a assunção da obrigação, ou seja, a obrigação já existia, o bem será responsabilizado para cumprimento da obrigação. Não importando se a obrigação for fundada em direito real ou em direito pessoal, obrigação persecutória. Ação real- aquela que tem como objeto tutela dos direitos reais (rol tratado no art. 1225: propriedade, direito de superfície, etc) Ação reipersecutória - ações que não são reais, visam o direito pessoal, tratam de relações jurídicas obrigacionais. II - do sócio, nos termos da lei; O legislador faz uma ressalva, se o sócio atua de forma fraudulenta com a finalidade de utilizar a sociedade para prejudicar os credores cairá no artigo 50 do CC,colocando - o como responsável pelas obrigações da sociedade; se for questões referentes ao direito do consumidor será no artigo 28 do CPC, para identificar qual será enquadrado há o procedimento da desconsideração da personalidade jurídica. Não é sempre que o sócio será responsabilizado, apenas nessas hipóteses e com esse procedimento de desconsideração da personalidade jurídica. III - do devedor, ainda que em poder de terceiros; Se o bem é de propriedade do devedor não importa com quem esteja, quem o detiver será obrigado a apresentá-lo ao processo de execução, se não apresentar haverá o mandado de busca e apreensão, remissão da posse de bem móvel ou imóvel. IV - do cônjuge ou companheiro, nos casos em que seus bens próprios ou de sua meação respondem pela dívida; Nesse caso é necessário que a dívida seja comum, ou seja, quando o proveito daquela obrigação for dos dois, a obrigação em comum, nesse caso os bens do cônjuge ou companheiro que não fez diretamente a obrigação também serão responsabilizados. Se não houve proveito à situação obrigacional não responderá pela obrigação, se houver execução em litisconsórcio com o cônjuge e não aproveitou, pode entrar com um Embargo à execução, quando passado o prazo pode entrar com a exceção de pré executividade, nesse caso não há prazo para ser proposto. V - alienados ou gravados com ônus real em fraude à execução; ● Fraude à execução é a alienação quando já há uma obrigação que já possui processo contra o devedor que pode levá-lo à insolvência. a fraude contra a execução para ser desfeita basta que o credor comunique no próprio processo que houve alienação ou que onera (o devedor pode alienar ou onerar desde que reserve garantias ao cumprimento da obrigação) ● Fraude contra credores: ocorre se não há processo e a alienação ou oneração for após a discussão da obrigação a diferença é que para ser desfeita a fraude contra credores deve ser feita ação própria chamada ação revocatória ou pauliana. VI - cuja alienação ou gravação com ônus real tenha sido anulada em razão do reconhecimento, em ação autônoma, de fraude contra credores; VII - do responsável, nos casos de desconsideração da personalidade jurídica. Somente após o trânsito em julgado da sentença que julgou procedente a ação pauliana é que se libera os bens para que seja penhorado, diante a ausência de novos bens a execução fica suspensa, nesse caso não aplica-se a prescrição intercorrente (credor não identifica bens penhoráveis o processo vai para arquivo, fica 1 ano e começa a correr o prazo para prescrição intercorrente), nesse caso há uma suspensão esperando ação pauliana; prescrevendo o prazo há prescrição do próprio direito. Antes disso, o credor notava que haveria prescrição e pendia penhora online, mesmo que não houvesse o que penhorar já interrompia a prescrição e começava-se a contar novamente o prazo para prescrição. Atualmente o credor deve efetivamente descobrir bens patrimoniais. (no art 11 da CLT também traz essa sistemática, com prazos diferentes) Art. 791. Se a execução tiver por objeto obrigação de que seja sujeito passivo o proprietário de terreno submetido ao regime do direito de superfície, ou o superficiário, responderá pela dívida, exclusivamente, o direito real do qual é titular o executado, recaindo a penhora ou outros atos de constrição exclusivamente sobre o terreno, no primeiro caso, ou sobre a construção ou a plantação, no segundo caso. Direito de superfície - o proprietário tem um terreno, cede-se à alguém para que explore apenas a superfície do terreno, mas a propriedade constitua sendo do proprietário, então tem-se 2 direitos reais cumulados: de superfície e de propriedade. Caso aquele que usa a superfície adquirir dívidas pode ser penhorado o direito dele de exploração do imóvel, mas o proprietário ainda terá seu direito à propriedade intacto; e se houver frutos em relação ao direito de superfície pode ser alienado também. Caso o proprietário tenha dívidas e seja executado a propriedade será penhorada e o direito de superfície ficará preservado. Em ambos os casos de penhora como é bem imovel deve ser averbado no cartório de registro de imóvel, deve ficar bem destacado sobre o que se faz a penhora. Quando há uma execução ambos os direitos são separados, nenhuma execução poderá contaminar o outro. § 1º Os atos de constrição a que se refere o caput serão averbados separadamente na matrícula do imóvel, com a identificação do executado, do valor do crédito e do objeto sobre o qual recai o gravame, devendo o oficial destacar o bem que responde pela dívida, se o terreno, a construção ou a plantação, de modo a assegurar a publicidade da responsabilidade patrimonial de cada um deles pelas dívidas e pelas obrigaçõesque a eles estão vinculadas. § 2º Aplica-se, no que couber, o disposto neste artigo à enfiteuse, à concessão de uso especial para fins de moradia e à concessão de direito real de uso. São direitos reais que convivem com o direito de propriedade, eles não excluem o direito de propriedade. O legislador elenca quais casos ocorre fraude à execução, em síntese fraude à execução ocorre quando o devedor faz algo que pode prejudicar a garantia da execução, são relacionados no art 792, mas não se limitam a ele, pois não é possível definir todos os casos que podem prejudicar a garantia. Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução: I - quando sobre o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no respectivo registro público, se houver; Se a ação é fundamentada em direito real ou pessoal e a ação estiver averbada em registro público, se houver condenação e alienação em prejuízo à execução é demonstrado a fraude à execução, a averbação é publicizar a ação no cartório de registro. Não é necessário que a ação seja de execução, desde que quando julgada procedente possa levar a uma insolvência. II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de execução, na forma do art. 828 III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a fraude; https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art828 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art828 Hipoteca Judiciária - se há uma sentença que condene o réu em pagamento de quantia em dinheiro ou que em dinheiro possa converter independente de estar transitada em julgado ou não, pode-se ir lá e pedir a averbação no cartório do registro de imóvel (hipoteca pode se dar apenas em bens imóveis e aeronaves), essa averbação é a hipoteca judicial, se dá no momento em que a sentença foi averbada (diferente da hipoteca convencional, que é direito real). IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência; V - nos demais casos expressos em lei. A fraude à execução não necessita que haja comprovação de má fé , o credor precisa apenas comprovar que houve prejuízo da garantia; na fraude contra credores a má fé pode ser discutida, na fraude à execução não há essa discussão. Precisa-se apenas comprovar que a alienação estava em andamento, as averbações servem para evitar que seja alegado boa fé, dando ciência à terceiro. Uma vez comprovada a fraude à execução o juiz expede mandado de busca e apreensão (bens móveis), ou mandado de remissão da posse (bens imóveis). O terceiro é obrigado a obedecer, a recuperação do bem não traz prejuízo jurídico ao terceiro adquirente, pois tem o direito de demandar contra o devedor alienante. § 1º A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente. A alienação em fraude à execução não é nula, é válida entre o devedor alienante e terceiro adquirente, com relação ao processo de execução é ineficaz, considerada como não realizável; não é nula pois provoca consequência jurídica, o terceiro adquirente não perde direito de cobrar do credor alienante ou oneroso. § 2º No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem. Se o bem não é sujeito a registro o dever de provar que está de boa fé é do terceiro adquirente, não do credor prejudicado. Antes o credor deverá provar que determinada alienação foi feita de má fé. Se o bem está sujeito a registro a simples apresentação da certidão basta. § 3º Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à execução verifica-se a partir da citação da parte cuja personalidade se pretende desconsiderar. O sócio é citado em procedimento de desconsideração da personalidade jurídica, se alienar bem que prejudique eventual execução após a citação e prejudique a execução é considerado fraude. O marco temporal é a citação do sócio na desconsideração da personalidade jurídica. § 4º Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 (quinze) dias. Embargos de terceiro tem um prazo longo para ser proposto, no processo de conhecimento pode ser proposto até trânsito em julgado da sentença, no processo de execução pode ser proposto até assinatura da carta de arrematação, adjudicação ou alienação. Esse dispositivo é controverso, pois embargos de 3º é apenas um, o prazo é até a assinatura das respectivas cartas, nesse caso o legislador traz o prazo de 15 dias; nesse caso entende-se que se o juiz fica sabendo da fraude, ele intima o devedor a se manifestar (não sendo embargos de terceiro),o legislador criou esse dispositivo para evitar os embargos de terceiro que podem vir após a decretação da fraude à execução tendo o prejuízo para terceiro, o terceiro até então pode impugnar. Então, esse dispositivo dá prazo de 15 dias para o terceiro impugnar e não para embargos de terceiro. Ao fazer a impugnação e o juiz não acolhendo será decretada fraude à execução o terceiro terá o bem dele retirado.
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