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Prévia do material em texto

LEGISLAÇÃO CIVIL
APLICADA II
Martha Luciana 
Scholze
Revisão técnica:
Gustavo da Silva Santanna 
Bacharel em Direito
Especialista em Direito Ambiental Nacional e Internacional 
e em Direito Público
Mestre em Direito
Professor em cursos de graduação e pós-graduação em Direito
Miguel do Nascimento Costa
Bacharel em Ciências Sociais 
Especialista em Processo Civil
Mestre em Direito Público
 
Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin - CRB -10/2147
L514 Legislação civil aplicada II / Fabiana Hundertmarck Leal... [et
al.] ; [revisão técnica: Gustavo da Silva Santanna, 
Miguel do Nascimento Costa]. – Porto Alegre: SAGAH, 
2018.
380 p. : il. ; 22,5 cm
ISBN 978-85-9502-428-1
1. Direito civil. I. Leal, Fabiana Hundertmarck. 
CDU 347
Legislacao_Civil_Aplicada_II_Book.indb 2 22/05/2018 13:31:12
Registro de imóveis: 
princípios e efeitos 
do registro
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Demonstrar a importância do registro de imóveis.
  Explicar os princípios regentes do registro de imóveis.
  Analisar os efeitos jurídicos do registro de imóveis.
Introdução
O registro de imóveis é um ato de caráter público que visa dar publicidade 
sobre a alteração da propriedade e a instituição de ônus reais sobre 
imóveis. É a garantia real do direito do comprador sobre o bem adquirido 
e a sua principal função, portanto, é ser o repositório fiel da propriedade 
imóvel e dos negócios jurídicos a ela referentes. É no cartório de registro 
de imóveis que a escritura se torna pública.
Neste capítulo, estudaremos sobre a importância do processo de 
registro de imóveis, bem como conheceremos os seus princípios regentes 
e efeitos jurídicos.
Importância do registro de imóveis 
A Lei nº. 6.015, de 31 de dezembro de 1973, comumente conhecida como Lei 
dos Registros Públicos, dispõe sobre todos os registros públicos do nosso País, 
assegurando a autenticidade, segurança e efi cácia dos atos jurídicos relativos 
a eles, como o registro civil de pessoas naturais ou jurídicas, o registro de 
títulos e documentos e, ainda, o registro de imóveis. Os demais registros são 
regidos por legislação própria.
Legislacao_Civil_Aplicada_II_Book.indb 337 22/05/2018 13:32:01
Segundo Resende (2001), com o passar do tempo e o crescimento da po-
pulação, as melhores terras se tornaram fundamentais para o suprimento das 
necessidades de alimentação das pessoas e também dos seus animais. Assim, 
iniciou-se a estabilização do homem nas ditas terras boas, que ainda precisavam 
ser aradas e fertilizadas para que produzissem continuamente. Nesse contexto, 
as pessoas que possuíam mais recursos se convertiam em donos das áreas com 
maior extensão e executavam benfeitorias para retirar o próprio sustento delas. 
No Brasil, historicamente o surgimento do registro de imóveis ocorreu 
no período colonial por intermédio da Igreja, que respondia pelos registros 
públicos realizados no País, em especial os referentes a batismos, casamentos, 
óbitos e imóveis. É importante ressaltarmos que na época a Igreja desfrutava de 
importância vital para o bom funcionamento do Brasil Colônia. Com base em 
relatos históricos, verificamos que somente com a Proclamação da República, 
em 1889, deu-se a separação efetiva entre Igreja e Estado. Até então, todos os 
registros civis eram realizados pelos vigários nas paróquias e apenas depois de 
1889 surgiram documentos informando que o Estado criara registros públicos 
exclusivos para a prática de atos civis.
No nosso País, o marco dos registros públicos se originou da necessidade de 
estabelecer registros para os imóveis, dada a demanda de fixação das delimita-
ções da extensão de cada terreno particular e a existência de uma ocupação 
geral de terras desordenada, feita sem planejamento durante a colonização.
O art. 5º, XXII, da Constituição Federal de 1988 garante a todos os brasilei-
ros e estrangeiros residentes no Brasil o direito de propriedade. Esse direito 
concede ao proprietário do bem a faculdade de usá-lo e de retirar dele todo 
o proveito que possa oferecer, empregando-o em seu próprio proveito ou de 
terceiro autorizado pelo proprietário. Para isso, o proprietário pode aliená-lo por 
renda ou doação ou, ainda, gravá-lo de ônus, como o que acontece quando se 
oferece o bem como forma de garantia de uma dívida. Dessa forma, o sistema 
registral brasileiro é de natureza mista, ou seja, ele pode ser:
Constitutivo: cria um direito e assim gera conhecimento para o Brasil e para o 
mundo. É constitutivo em relação aos atos de oneração e às transmissões inter vivos.
Declarativo: limita-se a declarar a existência de um direito preexistente. É 
um ato declaratório quando operado nas aquisições originárias e causa mortis, 
bem como nos títulos de divisão judiciais ou extrajudiciais.
Portanto, podemos afirmar que os sistemas de registros servem para criar, mo-
dificar, declarar e extinguir direitos no plano da normalidade da vida em sociedade. 
Registro de imóveis: princípios e efeitos do registro338
Legislacao_Civil_Aplicada_II_Book.indb 338 22/05/2018 13:32:01
Cartório de registro de imóveis
Podemos defi nir cartório, serventia ou serviço público de registro de imóveis 
como um estabelecimento público que presta um serviço igualmente público 
ao elaborar o registro de bens imóveis (terrenos, casas, apartamentos, vagas de 
garagens, lojas, etc.). Nesses locais, as pessoas acessam informações seguras sobre 
a situação jurídica real desses bens. Conforme as lições de Ceneviva (2010), que 
nos apresenta a Lei dos Registros Públicos (Lei nº. 6.015/1973) comentada, expõe 
que o cartório judicial é administrado por um ofi cial de registro de imóveis, 
que, de acordo com o art. 236 da Constituição, não é um funcionário público, 
embora tenha ingressado na atividade mediante concurso público. Fundamentado 
nessa lei, ele é considerado titular de uma função pública delegada pelo Estado, 
ou seja, um particular em colaboração com a Administração Pública. Logo, o 
seu trabalho é um serviço público não privativo. 
Por ser uma serventia registral pública, o registro de imóveis lida com todas 
as informações registrais referentes aos imóveis situados no território brasileiro 
como públicas. Desse modo, elas estão ao alcance de qualquer cidadão sob a 
exigência do pagamento de taxas e ganhos pertinentes.
É por meio dessas serventias registrais que os direitos reais sobre os imó-
veis se constituem, alteram ou extinguem. O registro de imóveis, por sua vez, 
configura-se como depósito de todas as informações da propriedade dos imóveis 
que fazem parte da sua zona de atuação com caráter de autenticidade e eficácia. 
Assim, dependendo do tamanho das cidades, podem existir um ou mais serviços 
de registros de imóveis no seu território. Geralmente, em cidades maiores, como 
as capitais dos estados, observamos a existência de mais desses serviços. Para 
regulá-los, as leis de organização judiciária dividem o território em circunscrições, 
de maneira que cada serventia de registro de imóveis possui um limite territorial 
determinado legalmente. Nesse sentido, o registro imobiliário é realizado sempre 
no cartório do lugar onde o imóvel se localiza, sob pena de nulidade em hipótese 
da não observação da lei. 
A justificativa para a existência do registro de imóveis é a segurança da 
aquisição da propriedade imobiliária por intermédio de atos oriundos de acordos 
de vontade entre as partes. Ou seja, determinado imóvel pertencerá a certa zona 
registral e isso será permanente, não sendo possível simplesmente “mudar” ou 
“escolher” um registro de imóvel para a realização dos atos registrais. 
Quando o objeto do registro é um bem móvel, a sua posse se adquire com 
a mera entrega do bem ao seu adquirente, ato denominado tradição. Todavia, 
na hipótese de bem imóvel, ele só pode ser adquirido com o registro de um 
contrato pertinente no devido registro de imóveis. Por exemplo, se nos referi-
339Registro de imóveis: princípiose efeitos do registro
Legislacao_Civil_Aplicada_II_Book.indb 339 22/05/2018 13:32:01
mos à compra e venda de um imóvel e o contrato ainda não está registrado, o 
adquirente tampouco é o proprietário real do imóvel. Para isso, o título deve ser 
encaminhado para registro e, então, o registrador iniciará o ato de qualificação 
do título, de forma a constituir, modificar ou extinguir os direitos reais sobre 
os imóveis. Ademais, também é função do oficial registrador examinar os 
títulos e os documentos apresentados, além de verificar a sua registrabilidade, 
evidenciando se são válidos estão de acordo com as disposições legais. Portanto, 
ele verifica pontualmente a legalidade e a validade do título, procedendo ou 
não ao seu registro. Para esses atos a sua competência é ampla.
Após o exame do título, o oficial registrador emite um julgamento: admite o 
título como perfeito e apto a gerar o direito real pretendido e, assim, determina 
o registro ou devolve o título ao apresentante para que ele seja complementado 
com as exigências apontadas. O ato de devolução do título para o apresentante é 
chamado de nota de impugnação, nota de exigência, nota devolutiva ou, ainda, 
nota explicativa de exigência. Vale observarmos que o oficial é soberano e inde-
pendente em relação ao registro do título, com a consequente aceitação dele nas 
condições apresentadas, ou à sua negação e posterior impugnação.
O ato de registrar ou transcrever em livro especial de instituição, órgão 
ou cartório autentica e proporciona publicidade a atos, resguardando direitos 
contra terceiros. Para Diniz (2004), o domínio da propriedade é o direito que a 
pessoa física ou jurídica possui, dentro dos limites normativos, de usar, gozar e 
dispor de um bem corpóreo ou incorpóreo, bem como de reivindicá-lo de quem 
injustamente o detenha. Assim, a lei concede ao ato jurídico a matrícula, que 
compreende o registro ou a transcrição, ou seja, a sua publicidade. No caso de um 
bem imóvel, fica constituído o direito real erga ommes, oponível contra todos. 
Para o adquirente assegurar o direito à aquisição, ele deve registrar o imóvel no 
cartório de registro de imóveis e, logo, dar publicidade à troca de proprietário.
Na Constituição Federal, no Código Civil e em legislações específicas, sempre en-
contraremos sustentação para garantir o direito à aquisição de um imóvel. Com 
o desenvolvimento das cidades e as modificações no modo de vida das pessoas, 
surgiram novos modelos de moradia, novas formas de aquisição e particularidades 
relativas ao domínio sobre o bem, que pode ser individual ou coletivo. Ele é individual 
quando pertence integralmente ao seu titular, sem nenhum condicionamento a outros 
proprietários. Por outro lado, é coletivo caso, embora seja único, tenha vários titulares 
possuidores do seu domínio ou dos seus direitos, seja em caráter transitório ou definitivo.
Registro de imóveis: princípios e efeitos do registro340
Legislacao_Civil_Aplicada_II_Book.indb 340 22/05/2018 13:32:01
Princípios regentes do registro de imóveis
A Lei nº. 6.015/1973, que rege os registros públicos, apresenta-nos nos seus 
artigos diversos princípios norteadores do serviço de registro público. Vejamos 
quais são esses princípios.
Segundo o princípio da publicidade, determinado pelo art. 16 da lei 
referida, os oficiais e os encarregados das repartições em que se façam os 
registros são obrigados a lavrar certidão do que lhes for requerido e a forne-
cer às partes as informações solicitadas. No registro de imóveis, é por meio 
da publicidade que o imóvel, as suas características, os direitos reais que 
nele incidem, bem como o nome do proprietário se tornam de conhecimento 
comum, pois qualquer pessoa pode requerer uma certidão sem informar ao 
oficial ou ao funcionário o motivo do pedido. Esse princípio visa a proteção 
dos interesses de terceiros, assegurando-lhes que as informações presente 
nos registros públicos correspondem à realidade tanto em relação às pessoas 
interessadas como a respeito do bem a que se referem.
O princípio da legalidade objetiva impedir que títulos inválidos, ineficazes 
ou imperfeitos sejam registrados. Quando um título é apresentado para o seu 
registro, ele é examinado para se verificar se está de acordo com a legislação 
vigente ou da época da sua firmação. O art. 198 da Lei nº. 6.015/1973 prevê 
que, havendo alguma exigência a ser cumprida, o oficial as indicará por escrito. 
Assim, a validade do registro de um título fica condicionada à validade do 
negócio jurídico causal. Se o negócio for nulo, o registro será igualmente nulo. 
Logo, se o negócio for anulado, o registro também o será.
O princípio da especialidade consiste em assegurar a individualidade do 
registro cujo imóvel é objeto. Os arts. 225 e 176, § 1º, II, 3, da Lei nº. 6.015/1973 
discorrem sobre a individualização de cada imóvel para torná-lo inconfundível 
a qualquer outro, exigindo a sua plena e perfeita identificação nos títulos apre-
sentados. Dessa forma, deve haver correspondência exata entre o imóvel objeto 
do título e o imóvel do álbum imobiliário para que o registro seja levado a efeito.
O princípio da continuidade está previsto nos arts. 195, 222 e 237 da men-
cionada lei. Esses dispositivos determinam que o encadeamento entre assentos 
pertinentes a um dado imóvel e as pessoas nele presentes é imprescindível, 
formando uma continuidade ininterrupta de titularidades jurídicas de um imóvel. 
O registro de título é viável apenas se contiver informações perfeitamente coin-
cidentes com as que constam na respectiva matrícula. Caso haja alguma sentença 
transitada em julgado que anula um negócio jurídico, para que seja respeitado 
o princípio da continuidade o registro é cancelado e, consequentemente, são 
cancelados também todos os posteriores que se apoiem nele.
341Registro de imóveis: princípios e efeitos do registro
Legislacao_Civil_Aplicada_II_Book.indb 341 22/05/2018 13:32:01
O princípio da prioridade precisa que o título está prenotado lançado no 
livro protocolo e esta pré-notação, que é o número de ordem, determina a prio-
ridade do registro do título. Essa prioridade, por sua vez, define a preferência 
dos direitos reais, beneficiando, assim, a pessoa que primeiro apresentar o seu 
título, pois a prioridade é garantida pela ordem cronológica da apresentação 
dos títulos, de forma a garantir a prioridade de exame e registro e a preferên-
cia do direito real, oponível perante terceiros. Quando um imóvel é vendido 
pela mesma pessoa duas vezes, por exemplo, temos um caso de direito real 
contraditório incompatível, sendo registrado o título que primeiro ingressar 
no protocolo e devolvido o outro com os motivos da recusa, pois os títulos são 
contraditórios no seu conteúdo, colidentes entre si. Podem suceder situações de 
direitos reais contraditórios compatíveis, atribuídos pelo mesmo transmitente 
a titulares diversos ou não, incidentes sobre o mesmo imóvel, como a hipoteca, 
cujos direitos não se anulam reciprocamente, apenas se graduam.
Qualquer pessoa pode apresentar um título para registro, independente-
mente de qualquer formalidade. Eis que nos deparamos com o princípio da 
instância, uma vez que o oficial precisa ser incitado por alguém para exercer 
a sua função, não podendo agir ex officio, salvo exceções.
A Lei nº. 6.015/1973 elenca quais atos exigem registro, contudo não impõe 
sanções ou penalidades diretas a quem não registrar algum dos títulos, uma 
vez que o prejuízo pela indiligência é sofrido pelo próprio titular que não pro-
moveu o registro do seu título. Assim, temos o princípio da obrigatoriedade, 
que serve para evitar que títulos não sejam registrados, visto que quem não 
observar esse dever arca com o ônus da sua omissão.
Já o princípio da tipicidade propõe o registro dos títulos legalmente previstos, 
conforme o art. 172 da Lei nº. 6.015/1973, estando ditos títulos relacionados no 
art. 167 da mesma lei, que não apresentou, porém, todos os atos e títulos que 
necessitam deregistro. Como exemplo de título atípico, podemos citar a escritura 
pública de cessão de direitos hereditários, que não é título hábil para o registro, 
mas sim para a habilitação no processo de inventário. Dele resulta o formal de 
partilha, que consiste no título típico para o registro da transmissão da propriedade.
A fé pública inerente ao registro e a presunção de domínio se relacionam 
diretamente à validade do negócio jurídico. Como já comentamos, o título só é 
registrado se atender aos requisitos legais, presumindo-se que é perfeitamente 
válido o negócio jurídico que originou o título registrado, de modo a conferir 
ao seu titular presunção e fé públicas. Dessa forma, compõe-se o princípio da 
presunção e fé pública.
A propriedade e os seus direitos são transmissíveis apenas com o registro do 
título e para que ele seja registrado é necessário que os direitos constantes dele 
Registro de imóveis: princípios e efeitos do registro342
Legislacao_Civil_Aplicada_II_Book.indb 342 22/05/2018 13:32:01
estejam disponíveis em nome do transmitente. Nesse sentido, o transmitente 
não pode vender área maior que aquela que constar no registro, tampouco pode 
vender um imóvel gravado com cláusula de inalienabilidade. Esse é o princípio 
da disponibilidade.
Com a Lei nº. 6.015/1973, criou-se a matrícula de imóveis, acarretando o 
princípio da inscrição. O art. 176 e os parágrafos seguintes desse diploma legal 
explicitam os requisitos legais e obrigatórios a serem observados e satisfeitos 
para a efetivação da matrícula, que tem por intuito cadastrar todos os imóveis 
do território nacional, cujo controle e exatidão das informações disponibili-
zarão ao sistema registral brasileiro mais autenticidade, segurança e eficácia.
Finalmente, o princípio da territorialidade é definido no art. 169 dessa mesma 
lei. Ele escreve que o registro do imóvel deve ser feito no ofício imobiliário da 
circunscrição territorial a que pertencer o imóvel, estabelecendo exceções a isso 
nos seus incisos I e II. Com isso, qualquer interessado pode tomar conhecimento 
da situação física e jurídica de qualquer imóvel, uma vez que basta saber a qual 
circunscrição pertence o imóvel para, então, dirigir-se ao ofício imobiliário com-
petente e solicitar uma certidão para conferir as informações que interessam.
A matrícula-mãe engloba um empreendimento no seu todo, incluindo a matrícula 
originária do terreno antes da incorporação de condomínios ou loteamentos. Ela é 
chamada assim porque apresenta a situação geral do imóvel, ou seja, antes da abertura 
das matrículas das frações ideais destinadas às unidades futuras ou aos respectivos lotes.
Efeitos jurídicos do registro de imóveis
Nos cartórios de registros de imóveis, executam-se dois grandes atos: o registro 
e a averbação, além da matrícula, que é o seu substrato, ou seja, o veículo ou 
o elemento físico e formal que serve de base para a realização dos referidos 
atos públicos e formais de registros e averbações.
A matrícula é um documento físico e público que consiste em uma ficha 
de individualização ou especialização com a descrição perfeita do imóvel. É 
a base física dos assentamentos registrais e contém a descrição do imóvel e a 
enunciação da sua titularidade. Na matrícula do imóvel são lançados, registra-
dos, adicionados e escritos os registros e averbações, demonstrando a situação 
jurídica real do imóvel. Cada matrícula conta com um número exclusivo de 
343Registro de imóveis: princípios e efeitos do registro
Legislacao_Civil_Aplicada_II_Book.indb 343 22/05/2018 13:32:02
ordem para pronta identificação e é por meio dela que identificamos todo o 
rol de proprietários que o imóvel já possuiu. Portanto, os atos de averbação e 
registros devem ser lançados na matrícula do imóvel.
A averbação é o ato que escritura alterações, acréscimos e extinções do 
ato de registro referentes ao imóvel ou às pessoas que constam na matrícula do 
imóvel. O ato de averbar ocorre na necessidade de fazer constar na matrícula 
do imóvel ou registro a ocorrência de atos que modifiquem o imóvel. Essas 
inclusões alteraram o registro e a própria matrícula. A averbação ainda pode 
ser feita em casos como inclusão de habite-se, mudanças ou ajustes de nome, 
modificações de estado civil decorrentes de casamento ou divórcio, alterações 
viárias, dentre outras. Ela também informa situações formais sobre eventuais 
cancelamentos de hipoteca, penhoras, arresto, etc.
O registro tem por finalidade escriturar os atos translativos ou declarató-
rios. Trata-se de um ato cartorial realizado na matrícula do imóvel que declara 
quem é o proprietário formal e legal do imóvel e informa se a propriedade 
desse bem está sendo transmitida de uma pessoa a outra.
Com base no art. 167, I, da Lei nº. 6.015/1973, além das matrículas dos 
imóveis podem ser efetuados os seguintes registros no registro de imóveis:
  instituição de bem de família;
  hipotecas legais, judiciais e convencionais;
  contratos de locação de prédios, nos quais tenha sido consignada cláusula 
de vigência no caso de alienação da coisa locada;
  penhor de máquinas e de aparelhos utilizados na indústria, instalados 
e em funcionamento, com os respectivos pertences ou sem eles;
  penhoras, arrestos e sequestros de imóveis;
  servidões em geral;
  usufruto e uso sobre imóveis e habitação quando não resultarem do 
Direito de Família;
  rendas constituídas sobre imóveis ou a eles vinculadas por disposição 
de última vontade;
  contratos de compromisso de compra e venda, de cessão deles e de pro-
messa de cessão, com ou sem cláusula de arrependimento, que tenham 
por objeto imóveis não loteados e cujo preço tenha sido pago no ato da 
sua celebração ou deva sê-lo a prazo, de uma só vez ou em prestações;
  enfiteuse;
  anticrese;
Registro de imóveis: princípios e efeitos do registro344
Legislacao_Civil_Aplicada_II_Book.indb 344 22/05/2018 13:32:02
  convenções antenupciais;
  cédulas de crédito rural e industrial;
  contratos de penhor rural;
  empréstimos por obrigações ao portador ou debêntures, inclusive as 
conversíveis em ações;
  incorporações, instituições e convenções de condomínio;
  contratos de promessa de venda, cessão ou promessa de cessão de 
unidades autônomas condominiais a que alude a Lei nº. 4.591, de 16 de 
dezembro de 1964, quando a incorporação ou a instituição de condo-
mínio se formalizar na vigência desta Lei;
  loteamentos urbanos e rurais;
  contratos de promessa de compra e venda de terrenos loteados em 
conformidade com o Decreto-lei nº. 58, de 10 de dezembro de 1937, 
e respectiva cessão e promessa de cessão, quando o loteamento se 
formalizar na vigência desta Lei;
  citações de ações reais ou pessoais reipersecutórias relativas a imóveis;
  sentenças de desquite e de nulidade ou anulação de casamento quando, nas 
respectivas partilhas, existirem imóveis ou direitos reais sujeitos a registro;
  julgados e atos jurídicos entre vivos que dividirem imóveis ou os de-
marcarem, inclusive nos casos de incorporação que resultarem em 
constituição de condomínio e atribuírem uma ou mais unidades aos 
incorporadores;
  sentenças que nos inventários, arrolamentos e partilhas adjudicarem 
bens de raiz em pagamento das dívidas da herança;
  atos de entrega de legados de imóveis, dos formais de partilha e das 
sentenças de adjudicação em inventário ou arrolamento quando não 
houver partilha;
  arrematação e adjudicação em hasta pública;
  dote;
  sentenças declaratórias de usucapião;
  compra e venda pura e condicional;
  permuta;
  doação em pagamento;
  transferência de imóvel a sociedade quando integrar quota social;
  doação entre vivos;
  desapropriação amigável e sentenças que, em processo de desapropria-
ção, fixarem o valor da indenização.
345Registro de imóveis: princípios e efeitos do registro
Legislacao_Civil_Aplicada_II_Book.indb 345 22/05/2018 13:32:02
O registro de imóveis visa garantir autenticidade, segurança e eficácia 
aosatos jurídicos sujeitos ao regime da lei, o que se deve não só ao valor 
elevado dos contratos imobiliários, mas também à intensa repercussão social 
que eles motivam. Dessa forma, o art. 1º da Lei nº. 6.015/1973 determina 
que “Os serviços concernentes aos Registros Públicos, estabelecidos pela 
legislação civil para autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos, 
ficam sujeitos ao regime estabelecido nesta Lei” (BRASIL, 1973, documento 
on-line).
Por essas questões, é importante que o profissional que trabalha com a 
venda de imóveis conserve um relacionamento saudável com os cartórios e 
registros de imóveis. Nesses termos, Almeida (2016) afirma que corretores 
precisam dos serviços fornecidos pelos cartórios e a qualidade deles também 
impacta no serviço prestado aos seus clientes, uma vez que os cartórios são 
fontes de informações e soluções no decorrer do negócio imobiliário. Nesse 
sentido, os registros públicos são uma forma de garantir aos contratantes 
apoio estatal para que exerçam as suas atividades com segurança, uma vez 
que são respaldados em lei e, com a formação probatória, poderão requerer 
o exercício dos seus direitos em juízo, caso seja necessário.
Figura 1. Características fundamentais da matrícula de imóveis.
Fontes: Adaptada de Reinaldo (2015, documento on-line).
Especialidade objetiva
a) descrição simpli�cada
b) descrição técnica
Especialidade subjetiva
(titulares do domínio)
Especialidade do fato
jurídico (títulos 
registráveis)
A partir daqui:
registros e averbações
(a vida do imóvel)
Registro de imóveis: princípios e efeitos do registro346
C22_Legislacao_civil_aplicada_II.indd 346 22/05/2018 13:40:21
Carlos vendeu um imóvel residencial a Pedro, que o pagou à vista, mas nunca procedeu 
ao ato de registro da escritura pública de compra e venda junto ao cartório de registro 
de imóveis competente. Quais são os riscos que Pedro está correndo? 
Conforme o art. 1.245, § 1º, do Código Civil, enquanto o título não for registrado o alienante 
(vendedor Carlos) continuará a ser considerado dono do imóvel. Assim, se não houver o 
registro no nome do adquirente, a propriedade permanece no registro imobiliário no nome 
do vendedor (Carlos), respondendo inclusive por dívidas dessa pessoa. Portanto, o imóvel 
pode até mesmo ser penhorado ou arrematado judicialmente sem que o comprador saiba 
da situação. Além disso, caso o vendedor Carlos use de má-fé sabendo que o comprador 
Pedro ainda não registrou o imóvel no seu nome, ele pode, fraudulentamente, vender o 
imóvel novamente a uma terceira pessoa (terceiro de boa-fé). Então, se o terceiro, com boa-fé, 
registrar o título referente à compra e venda antes que Pedro, será legalmente considerado 
o proprietário do imóvel, restando ao adquirente Pedro reclamar do transmitente trapaceiro 
Carlos tão somente o direito de reaver perdas e danos.
1. Fundamentado nos termos da Lei 
nº. 6.015/1973 sobre registro de 
imóveis, assinale a alternativa correta.
a) A matrícula é o documento 
pelo qual se cede a outrem os 
direitos de um imóvel que lhe 
pertence, tornando possível 
a transmissão entre vivos.
b) As certidões extrajudiciais 
referentes a hipoteca e penhora, 
que são emitidas pelos tabeliães, 
não possuem valor judicial 
porque são extrajudiciais.
c) A matrícula é o ato jurídico 
mais importante que existe no 
Direito Imobiliário brasileiro, 
visto que é por intermédio 
dela que cada imóvel é 
perfeitamente caracterizado.
d) Os imóveis só podem ter 
matrícula se preenchidos 
requisitos como: ser loteamento 
legalizado, ter tamanho 
máximo previsto no Plano 
Diretor e ter sido realizada a 
quitação dos encargos sociais.
e) As partes podem registrar 
no cartório de registro de 
imóveis o contrato de gaveta, 
pois se tornam garantia 
de aquisição do bem.
2. Basta ao interessado saber a qual 
circunscrição o imóvel pertence para 
solicitar certidão sobre a situação 
física e jurídica do imóvel. Essa 
afirmativa se refere ao princípio da:
a) instância.
b) disponibilidade.
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c) presunção.
d) obrigatoriedade.
e) territorialidade.
3. De acordo com a Lei de Registros 
Públicos (Lei nº. 6.015/1973) e as 
suas alterações, no que diz respeito 
aos títulos, somente se admitem 
registros de documentos, em 
sua maioria públicos, taxativos e 
estabelecidos no art. 221, que são:
a) escritos particulares, autorizados 
em lei, assinados pelas partes 
e testemunhas, com as firmas 
reconhecidas, dispensado o 
reconhecimento quando se 
tratar de atos praticados por 
entidades vinculadas ao Sistema 
Financeiro da Habitação (SFH).
b) as sentenças que deferirem 
a legitimação adotiva.
c) as sociedades civis que 
revestirem as formas 
estabelecidas nas leis 
comerciais, salvo as anônimas.
d) os atos constitutivos e os 
estatutos dos partidos políticos.
e) o contrato de parceria 
agrícola ou pecuária.
4. Qual é o princípio que visa impedir 
o registro de títulos inválidos, 
ineficazes ou imperfeitos e 
examinar se estão de acordo 
com a legislação vigente ou da 
época da sua firmação? 
a) Princípio da boa-fé.
b) Princípio da publicidade.
c) Princípio da legalidade.
d) Princípio da disponibilidade.
e) Princípio da obrigatoriedade.
5. Conforme a prática das transações 
imobiliárias, na venda de um 
imóvel a transferência da 
propriedade do bem se dá: 
a) pela assinatura do contrato 
de financiamento. 
b) pela lavratura da escritura 
pública, que é o documento 
máximo no qual consta o 
histórico integral do imóvel.
c) por meio da assinatura do 
contrato de compra e venda 
celebrado entre as partes.
d) no ato da averbação do 
imóvel na matrícula.
e) no momento em que a prefeitura 
municipal confecciona o auto de 
vistoria denominado habite-se.
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349Registro de imóveis: princípios e efeitos do registro
Legislacao_Civil_Aplicada_II_Book.indb 349 22/05/2018 13:32:04
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6015compilada.
http://blog.maspimentel.com.br/o-que-e-e-
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da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
 
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