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PRINCÍPIOS 
DA CORRETAGEM 
E ÉTICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Descrever a história da corretagem imobiliária no Brasil.
 > Reconhecer a evolução da figura do corretor imobiliário.
 > Identificar os atores envolvidos na corretagem imobiliária.
Introdução
O papel principal dos corretores de imóveis na intermediação de negócios 
imobiliários é notório na sociedade atual. As atuações mais lembradas são em 
relação à compra e venda, além da locação de imóveis. No entanto, é necessário 
reconhecer que essa atividade nem sempre foi exercida da mesma forma como 
é hoje; houve um processo histórico que alterou a corretagem imobiliária em 
conjunto com a mudança da própria forma de atuar dos profissionais da área. 
Neste capítulo, você vai conhecer a história da corretagem imobiliária no 
Brasil, de modo a perceber que ela começou ainda no período colonial, pas-
sando por diversas transformações que acompanharam, também, o próprio 
mercado imobiliário. Correlato à história da corretagem imobiliária, você vai 
reconhecer a evolução da figura do corretor imobiliário, podendo perceber que, 
Histórico da 
profissão do corretor 
de imóveis e os seus 
principais atores
Gabriel Bonesi Ferreira
no início, a atividade era exercida informalmente, sem a necessidade de cursos 
ou inscrições em órgãos competentes, ao contrário da atualidade, quando ela 
já é regulada em lei e exige das pessoas formação profissional e inscrição 
junto aos órgãos competentes para ser exercida. Por fim, vai identificar quais 
são os atores envolvidos na relação de corretagem imobiliária, reconhecendo 
a existência de ao menos três agentes (vendedor ou locador, comprador ou 
locatário e o corretor de imóveis) e as suas funções.
História da corretagem imobiliária no Brasil
Como a maioria das profissões existentes, a corretagem imobiliária surgiu de 
modo informal e de uma necessidade a partir do trabalho de intermediação 
para a aquisição ou a alocação de pessoas em imóveis. Celani (2019) afirma 
que a corretagem imobiliária propriamente dita começou com a chegada da 
Corte Real portuguesa ao Brasil, durante o Período Colonial, em 1807. Tal 
chegada ocorreu sem que houvesse qualquer tipo de preparo prévio no Bra-
sil, por isso a Coroa Real desalojou diversos moradores de suas residências 
para que estas passassem a abrigar a Corte e seus empregados. Tal processo 
deu-se sem qualquer tipo de indenização, o que causou grande revolta popular. 
Em razão disso, alguns portugueses decidiram indenizar particularmente os 
proprietários dessas residências desocupadas, trabalho que passou a ser 
intermediado por negociadores contratados, conforme explica Celani (2019), 
sendo eles considerados os primeiros corretores de imóveis no Brasil.
Celani (2019) também destaca que, no período colonial, as intermediações 
na compra e venda de imóveis eram raras, e a transação e a transferência dos 
imóveis aconteciam por ato do proprietário e a partir da entrega da casa. Espo-
radicamente comerciantes locais faziam a divulgação de imóveis para a compra, 
venda ou locação em seus estabelecimentos a pedido do seu proprietário.
A transferência da Corte Portuguesa ao Brasil implicou a transferência da 
sede do reino ao Brasil, o que levou à estruturação de diversas instituições 
de Estado, como Tribunais, repartições, Conselhos, Forças Armadas, órgãos 
administrativos diversos, dentre outros. As cidades se transformaram, em 
especial o Rio de Janeiro, com a melhoria de sua infraestrutura. Essas mu-
danças impactaram o mercado imobiliário, na medida que a efervescência da 
então capital atraiu novos moradores, havendo grande expansão no número 
de habitantes e no crescimento da cidade. Com isso, diversas pessoas pas-
saram a se dedicar ao ramo imobiliário intermediando negócios, buscando 
compradores e vendedores, locadores e locatários, etc., como explica Celani 
(2019). No entanto, essa intermediação ainda era dispersa, e a atividade de 
Histórico da profissão do corretor de imóveis e os seus principais atores2
corretagem podia ser desenvolvida por comerciantes locais, leiloeiros e 
agentes imobiliários — estes últimos se dedicavam mais exclusivamente à 
atividade de intermediação de negócios imobiliários.
A história da corretagem imobiliária está relacionada às transformações 
sociais e, inclusive, ao volume de negócios de uma sociedade. O aumento dos 
negócios imobiliários decorre de grandes fluxos populacionais às cidades, 
da migração da população do campo às áreas urbanas. Celani (2019) destaca 
que, em 1940, apenas 31% da população era urbana, e em 1970 as cidades 
passaram a abrigar dois terços da população.
Assim, a urbanização da população é um fenômeno que contribuiu com o 
aumento dos negócios imobiliários. Afinal, no campo, o volume de negócios 
imobiliários tende a ser bem menor, tendo em vista que a fixação das pessoas 
às áreas rurais está relacionada a um processo de subsistência, ou seja, 
vive-se no local onde se explora o cultivo e a criação de animais, de onde 
diretamente as famílias retiram seu sustento. Ao contrário, nas cidades, as 
propriedades tendem a ser bem menores e o trabalho também é distinto, 
o que tende a aumentar o número de negócios.
O mais notável fenômeno de urbanização ocorreu em São Paulo, como 
destaca Celani (2019), que em 1890 cresceu 168%; e, entre 1900 e 1920, 141%. 
Esse grande aumento populacional ocasionou uma grande demanda por 
habitações, quando surgiram os primeiros corretores de imóveis, que pas-
saram a ser designados assim profissionalmente nas capitais e nos grandes 
conglomerados urbanos.
A migração do campo às cidades da população, denominada êxodo rural, 
tem vários motivos, dentre os quais se destacam: a concentração de terras 
e da produção no campo, gerando menores disponibilidade e viabilidade de 
terras a pequenos e médios produtores; a mecanização da produção nas 
áreas rurais, diminuindo, por consequência, a oferta de trabalho no campo; 
e a criação de empregos nos setores secundários e terciários nas cidades, 
decorrentes da industrialização das cidades ocorrida principalmente a partir 
do segunda metade do século XX, como explicam Alves, Souza e Marra (2011).
O êxodo rural é o processo de migração massiva de pessoas do campo 
para a cidade, geralmente associado ao processo de urbanização e 
aumento das cidades. Costuma ser um processo desordenado e decorrente de 
vários fatores, o que pode levar a consequências sociais e estruturais negativas, 
como o aumento do desemprego, a expansão das periferias, o surgimento ou 
a expansão de favelas, etc. 
Histórico da profissão do corretor de imóveis e os seus principais atores 3
Nas décadas de 1930 e 1940, impulsionados pela criação e pela consolidação 
das primeiras leis trabalhistas, surgiram os sindicatos de corretores de imóveis. 
O primeiro foi fundado no Rio de Janeiro (o Sindimóveis-Rio) com a concessão 
da carta sindical em 1936, seguido pela Associação Profissional dos Corretores 
de Imóveis em São Paulo, em 1938, formalizado como sindicato em 1942. 
A institucionalização como categoria profissional favoreceu a formalização 
da profissão. Celani (2019) destaca que a criação do Pregão Imobiliário em 
São Paulo, uma forma de transmissão de anúncios de imóveis na Rádio Tupi 
e no jornal Diário de São Paulo, em parceria com a Associação de Corretores 
de Imóveis do Estado de São Paulo, foi um dos marcos para o aumento da 
credibilidade da categoria perante a sociedade. Por esses motivos, Celani (2019) 
destaca que, na década de 1940, ocorreu a organização e o reconhecimento 
da profissão de corretor de imóveis.
A história da corretagem de imóveis é correlata à organização da pro-
fissão. Assim, é possível verificar que, no início, a corretagem de imóveis 
surge informalmente, por meio de pessoas que intermediavam determinados 
negócios imobiliários de acordo com a necessidade. Muitas vezes, sequer 
eram remunerados, por exemplo, quando se faziam anúncios de vendas por 
comerciantes em seus estabelecimentos ou mesmopor meio da mera indi-
cação de compradores, vendedores, locadores e locatários a outras pessoas. 
No entanto, essa atividade vai progressivamente se alterando, se tornando 
cada vez mais profissionalizada. 
Após os anos 1940, houve diversos movimentos de aproximação e união 
de forças entre as principais instituições de corretores imobiliários da época 
do Rio de Janeiro e de São Paulo, o que culminou com o surgimento de outras 
organizações, sindicatos ou associações nos outros Estados brasileiros, que 
também passaram a ter um processo de urbanização. O surgimento dessas 
diversas instituições e o aumento do número de corretores imobiliários le-
varam à regulamentação da profissão, um processo que se iniciou nos anos 
1950, mas que teve a uma legislação aprovada apenas no início dos anos 1960. 
Também no início dos anos 1960 e como consequência da legislação 
recentemente aprovada, os sindicatos de corretores foram substituídos 
pelos Conselhos Regionais. Desde então, ainda que tenha havido alterações 
legislativas significativas com vistas a acompanhar as mudanças na so-
ciedade, a corretagem imobiliária não deixou mais de ser legislativamente 
regulamentada e organizada. Inclusive, na atualidade, se observa uma grande 
profissionalização e organização do setor, que se materializa, por exemplo, 
pelas normas de regulamentação e organização, além da grande quantidade 
Histórico da profissão do corretor de imóveis e os seus principais atores4
de cursos de profissionalização e aperfeiçoamento desse setor. Também em 
1960, o Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (SCIESP) 
declarou apoio à regulamentação da profissão no que compete às exigências 
para o título de corretor de imóveis. Com isso, o SCIESP buscava garantir a 
segurança e a boa fama nas transações imobiliárias. Em 26 de março de 1961, 
foi declarada a validade jurídica das sociedades formadas por corretores, 
seguida pela publicação da Lei nº 4.116/62, que regulamentou a profissão 
legalmente. 
A Lei nº 6.530/78 e suas alterações trazidas pelas leis posteriores compõem 
a atual legislação que trata da profissão de corretor de imóveis e seus órgãos 
de fiscalização. Também são aplicáveis à relação de corretagem imobiliária o 
Código Civil (BRASIL, 2002) e o Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990). 
Dos anos 1960 até hoje, o mercado imobiliário sofreu grandes mudanças. 
Os fatos mais relevantes estão relacionados ao processo de urbanização 
brasileira. Foi somente nos 1970 que a população nas cidades passou a ser 
superior à população rural, conforme mostram Alves, Souza e Marra (2011). 
A mudança da população para o campo alterou significativamente o mercado 
imobiliário em razão da necessidade de residências e estabelecimentos de 
comércios, serviços e indústrias correlatos e que também são causa e con-
sequência do aumento da população urbana.
Outro aspecto relevante é que a partir dos anos 1960 houve o aumento 
gradativo do crédito imobiliário. Foram criados diversos programas gover-
namentais e incentivos ao crédito privado com os objetivos de expandir o 
crédito e proporcionar um aumento dos negócios imobiliários, o que também 
era uma política pública de garantia de moradia à população, um dos direitos 
fundamentais, inclusive, previsto na Constituição Federal em seu art. 6º 
(BRASIL, 1988) após a emenda Constitucional 26 de 2000. 
O atual mercado imobiliário é resultado, em grande medida, de um pro-
cesso que iniciou com a urbanização brasileira e a passagem para o paradigma 
neoliberal do capitalismo. Mais do que nunca e por diversos motivos, os 
imóveis são objeto de investimentos e especulação financeira e imobiliária 
— basta pensar nos fundos imobiliários negociados na bolsa de valores. 
A maior facilidade de crédito e a maior facilidade de transporte e comunicação 
colaboram para o aumento dos negócios imobiliários. Desse modo, trata-se 
de um mercado em constante alteração, no qual a corretagem imobiliária 
também se altera com o tempo por meio do uso de novas ferramentas e 
meios de intermediação de negócios, acompanhando e criando novas formas 
de atuação que façam frente aos fatos sociais. 
Histórico da profissão do corretor de imóveis e os seus principais atores 5
Evolução da figura do corretor imobiliário
A figura do corretor imobiliário, ou seja, do profissional da área de correta-
gem imobiliária, alterou-se ao longo do tempo em razão de diversos fatores, 
tanto pelas alterações na regulamentação do setor, como pela própria forma 
de atuação. O histórico da figura do corretor imobiliário se confunde com a 
própria história da corretagem imobiliária, afinal, o corretor imobiliário é um 
dos principais atores nesse tipo de relação. 
Como apresentado por Celani (2019), é possível reconhecer que o trabalho 
que tem a corretagem imobiliária como objeto começou de modo bastante 
informal, mas logo começou a ganhar um caráter de profissão, de ofício, de 
um trabalho para o sustento de seus autores. 
Nos primeiros jornais publicados no Brasil, durante o período colonial, 
já havia anúncios de imóveis, como explica Celani (2019), nos quais constatam-
-se menções de intermediários nos negócios. Muitos deles eram comerciantes 
de produtos diversos e que acabaram também se ocupando da corretagem 
imobiliária. Além dos comerciantes e leiloeiros, que também se ocupavam 
de negócios imobiliários, muitos começaram a se especializar no ramo, sur-
gindo a figura dos agentes imobiliários, que se utilizavam de anúncios nos 
jornais para divulgar suas ofertas, bem como buscavam identificar e angariar 
vendedores para receber deles a autorização de venda e intermediação do 
negócio. Nessa época não havia regulamentação ou cursos na área, então os 
primeiros corretores eram pessoas que aprendiam suas atividades na prática, 
passando a viver exclusivamente da intermediação imobiliária. 
Celani (2019) explica que a figura do corretor imobiliário se consolida e 
se difunde a partir do processo de urbanização, decorrente do êxodo rural, 
e que se iniciou a partir da última década do século XIX e se intensificou 
na segunda metade do século XX. O aumento da população urbana gerou 
necessidade de moradias até então inexistentes, por isso há, também, uma 
expansão geográfica da cidade. Ocorre, desse modo, uma maior comerciali-
zação de imóveis, tendo em vista a necessidade de moradia e a expansão de 
loteamentos de novas áreas para receberem bairros e moradias.
Com novos moradores, surge também a necessidade de novos comércios 
e negócios para atender às necessidades dessa população, colaborando, 
também, com a expansão do mercado imobiliário. Além disso, com o mercado 
imobiliário se expandindo, passam a surgir interessados em investir nele, 
por meio da construção de imóveis para locação, cujas intermediação e 
administração também passam a ser realizadas por corretores imobiliários.
Histórico da profissão do corretor de imóveis e os seus principais atores6
O surgimento dos sindicatos de corretores imobiliários a partir dos anos 
1930 e 1940 faz nascer a categoria dos corretores de imóvel, favorecendo 
também a sua organização. É nesse período que surgem as primeiras imobili-
árias, com espaço físico e como um local para se fazer negócios imobiliários. 
Como destaca Celani (2019), muitas vezes a intermediação dos negócios desse 
período era acordada verbalmente, sem advogados ou acordo escrito, sim-
plesmente se acordava o valor da comissão que seria paga com a conclusão 
do negócio — e assim era feito.
A organização da categoria em sindicatos gerou diversas consequências, 
como (CELANI, 2019): 
 � a utilização do termo “corretor de imóveis” para caracterizar o pro-
fissional da área; 
 � a possibilidade de fazer parte do recém-criado fundo de aposentadoria 
e pensões dos comerciários, em 1940; 
 � descontos em jornais para a publicação de anúncios por meio de con-
vênios entre diretorias de sindicatos e proprietários de jornais;
 � o reconhecimento da capacidade técnica de realizar avaliaçãooficial 
de imóveis pelos sindicatos de corretores em favor de repartições 
arrecadadores ou por via judicial. 
Nesse período, a principal forma de publicidade era realizada por meio 
de anúncios em jornais, podendo também ocorrer em rádios, tendo em vista 
serem esses os principais meios de comunicação da época.
Além disso, os sindicatos, em especial do Rio de Janeiro e de São Paulo, 
os mais expressivos da época, passaram a se reunir para fixar normas em 
conjunto. Entre elas destacam-se as que tinham por objetivo a regulamentação 
de transação imobiliária, modelos de documentos, e a fixação de valores de 
comissão, tetos e mínimos, variando de acordo com o negócio intermediado. 
Esse processo de profissionalização e regulamentação, ainda que difuso, 
inicia-se nos anos 1940, culminando com a primeira regulamentação legislativa 
da profissão nos anos 1960. E os sindicatos tiveram um importante papel na 
regulamentação da profissão por aturem em diversas frentes em favor da 
categoria, inclusive, lutando pela regulamentação da profissão com a especial 
finalidade de garantir direitos e deveres aos profissionais da área.
Em 1962, no dia 26 de outubro, ocorreu a primeira reunião do Conselho 
Federal de Corretores de Imóveis do Brasil (Cofeci), que deu origem ao Conse-
lho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) e acabou por eleger a primeira 
Histórico da profissão do corretor de imóveis e os seus principais atores 7
presidência e diretoria do Cofeci. Após essa reunião, foram formadas várias 
células do Creci pelo país, de acordo com as suas respectivas regiões. Contudo, 
ao fim da década de 1960, algumas coisas mudaram: 
1. o papel dos sindicatos foi repensado em relação à sua função de fisca-
lização sobre a profissão, que passou a ser exercida pelos Conselhos 
Regionais e Federal; 
2. os Conselhos (Federal e Regional) passaram a fiscalizar o exercício 
profissional da corretagem; 
3. com isso, os Sindicatos perderam a sua força ideológica dentro da 
profissão. 
Assim, ocorreu um movimento de substituição do papel dos sindicatos 
pelos conselhos no que diz respeito à regulamentação da profissão. Isso não 
significa que os sindicatos tenham desaparecido, mas passaram a desempe-
nhar um papel mais ligado à defesa dos interesses da categoria. 
Nas décadas seguintes, em especial nos anos 1980 e 1990, a profissão 
corretor se consolidou efetivamente por todo país em razão da criação de 
24 conselhos regionais, bem como uma efetiva fiscalização da profissão. Vale 
ressaltar que desde o surgimento da profissão, o perfil e a função desses 
profissionais se alteraram muito em decorrência de vários atenuantes, como 
a enorme urbanização pela qual passou todo o país praticamente, o que, por 
sua vez, contribuiu para uma maior concorrência no mercado de trabalho da 
corretagem. 
As regulamentações legislativas alteraram o exercício da atividade do 
corretor de imóveis e passaram a exigir formação e habilitação do profis-
sional na área. Suas atividades passaram a ser regidas e disciplinadas por 
marcos legislativos importantes, como a própria lei do corretor de imóveis 
(BRASIL, 1978), além do Código Civil (BRASIL, 2002) e do Código de Defesa do 
Consumidor (BRASIL, 1990). 
Além do plano legislativo, a forma de atuação dos corretores de imóveis 
mudou ao longo do tempo. Provavelmente, a alteração na forma de atuação 
mais recente decorre da revolução digital. O uso da internet é uma ferramenta 
muito utilizada na atualidade no mercado imobiliário, como por meio de 
pesquisa de preços e demais informações necessárias para a realização de 
negócios imobiliários.
A revolução digital alterou a forma de atuação dos corretores imobiliários, 
o uso de anúncios em plataformas especializadas de compilação de ofertas 
de imóveis, em sites das próprias imobiliárias e nas redes sociais é uma rea-
Histórico da profissão do corretor de imóveis e os seus principais atores8
lidade nacional na atuação dos corretores de imóveis. A informatização dos 
catálogos das ofertas imobiliárias é também uma realidade há muito tempo 
na profissão, bem como a prospecção de imóveis pelos corretores. Assim, 
é inegável que o uso de meios digitais alterou em grande medida a forma de 
atuação dos corretores de imóvel.
Em relação à formação, na atualidade existe a obrigação de profissio-
nalização por meio de um curso específico, que conceda título técnico em 
transações imobiliárias, além da inscrição no Creci da jurisdição. Mas, além 
disso, há diversos cursos e programas de profissionalização que objetivam 
a formação continuada do profissional da área e até mesmo a sua especia-
lização em um segmento específico. Sem dúvida, as formações adicionais 
representam uma importante ferramenta para o melhor desempenho em um 
mercado competitivo, uma vez que fornecem ideias e instrumentos capazes 
de aprimorar a atuação na área.
Assim, é possível reconhecer que a própria sociedade contemporânea, 
mais tecnológica e informatizada, passou a exigir uma reinvenção desse 
profissional. O corretor passou a ser aquele que, além de apresentar as 
melhores opções, também deve apoiar o comprador na realização de seu 
negócio, bem como muitas vezes conhecer ramos específicos e se especializar 
neles. O conhecimento de diversas ferramentas digitais mostra-se, também, 
cada vez mais essencial para acompanhar uma mudança que já se impôs. 
Atores envolvidos na corretagem 
imobiliária
A corretagem conta necessariamente com ao menos três agentes: o corretor e 
o seu contratante (comprador, vendedor, locador ou locatário) e um terceiro, 
interessado em realizar o negócio. Nesse sentido, a corretagem é caracterizada 
como um negócio jurídico, da subespécie de um contrato de prestação de 
serviços ou que estabelece alguma outra relação de dependência. A relação 
que envolve a corretagem imobiliária é definida por seu contrato, legal-
mente no art. 722 do Código Civil: “pelo contrato de corretagem, uma pessoa, 
não ligada a outra em virtude de mandato, de prestação de serviços ou por 
qualquer relação de dependência, obriga-se a obter para a segunda um ou 
mais negócios, conforme as instruções recebidas” (BRASIL, 2002, documento 
on-line). É importante ressaltar que o art. 722 do CC trata do contrato de 
corretagem em diversas áreas, como de mercadorias, de bolsa de valores, 
de seguros, de operação de câmbio, corretor de imóveis, etc. (BRASIL, 2002). 
Histórico da profissão do corretor de imóveis e os seus principais atores 9
Trata-se de uma definição geral do contrato de corretagem e que claramente 
se aplica aos corretores de imóveis, guardadas as particularidades e as normas 
específicas previstas na legislação especial e outras normas regulatórias 
emitidas pelos órgãos competentes.
A partir dessa definição, é possível reconhecer alguns aspectos essenciais 
da relação e dos agentes envolvidos tendo em perspectiva a corretagem 
imobiliária: 
 � trata-se de um contrato, por isso submetido às regras gerais de direito 
civil; 
 � se caracteriza por uma prestação de serviços ou uma relação de depen-
dência, isto é, trata-se de uma atividade que envolve um intermediador 
do negócio — sua atividade, de algum modo (prestando serviço ou 
estabelecendo outra relação), faz com que o negócio seja viabilizado; 
 � aquele que realiza intermediação assume a obrigação de obter um 
ou mais negócios, ou seja, aproxima as partes de acordo com seus 
interesses mútuos; 
 � é um contrato acessório, uma vez que está vinculado ao contrato prin-
cipal e a perfectibilização de seus efeitos plenos depende do contrato 
principal;
 � é um contrato oneroso, o corretor de imóveis é remunerado por uma 
“comissão”.
A corretagem imobiliária é uma atividade econômica que somente pode 
ser exercida pelo corretor de imóveis, profissional definido no art. 2º da 
Lei nº 6.530 (BRASIL, 1978) como aquele que é possuidor do título de técnico 
em transações imobiliárias e que está inscrito junto ao órgão competente 
(Creci). Essa intermediação inclui compra, venda,permuta e locação, com a 
possibilidade de opinar quanto à comercialização imobiliária (BRASIL, 1978). 
Assim, é possível identificar o primeiro agente envolvido na corretagem 
imobiliária, que é o próprio corretor de imóveis. 
Os outros atores do negócio são propriamente as partes que efetuam o 
contrato principal. Trata-se daqueles que realizam o contrato que foi interme-
diado, de compra, venda, permuta ou locação. Para compreender os processos 
e atores envolvidos é importante reconhecer a formação do contrato de 
corretagem, que envolve três etapas, conforme explica Scavone Júnior (2020): 
a aproximação das partes; o fechamento do negócio (assinatura da proposta); 
e a execução do contrato, cuja nomenclatura alteramos para adimplemento 
contratual. Analisemos a seguir cada uma das etapas.
Histórico da profissão do corretor de imóveis e os seus principais atores10
Aproximação das partes
A aproximação das partes significa identificar e reunir as partes, estabelecer 
a relação que torne possível a realização do negócio. Na prática, especifi-
camente, trata-se do ato em que o vendedor ou locador incube o corretor 
a buscar interessados para realização do seu negócio, incluindo atividades 
inerentes de apresentação do imóvel, como a oferta, a realização de visitas, 
a apresentação de detalhes e condições para a realização do negócio, etc. 
Por outro lado, no caso do comprador ou do locatário, trata-se da atividade 
em que o corretor localiza ou auxilia na localização do imóvel de acordo com 
as características pretendidas pelo interessado, poupando-lhe de algumas 
das tarefas inerentes. 
Assim, a atividade do corretor se inicia com a oferta do imóvel por meio de 
qualquer que seja o meio de publicização que seja mais adequado ao negócio 
ou, no segundo caso, com a busca de imóvel de acordo com as especificações 
dadas pelo pretendente, conforme escreve Scavone Júnior (2020). Realizada 
essa primeira tarefa, ocorre a aproximação das partes, que se trata especifi-
camente da atividade de intermediação, de realização das tratativas iniciais, 
conectando aquele que faz a oferta com aquele que busca um determinado 
imóvel para suas finalidades.
Nos negócios imobiliários, nesta etapa, é comum as partes solicitarem 
certidões mútuas, bem como pagar um pequeno sinal para verificar a conveni-
ência do negócio e evitar eventuais riscos inerentes a um negócio imobiliário, 
como explica Scavone Júnior (2020).
Fechamento do negócio (formação do vínculo 
jurídico)
Após a aproximação das partes, é necessário formar o vínculo jurídico, realizar 
o acordo que se materializará por meio da proposta e de sua aceitação. 
O trabalho do corretor é, também aqui, de intermediação, trabalhando por um 
consenso entre as partes e seus interesses. Assim, o corretor pode apresentar 
a ambas as partes pontos relevantes levantados por uma e pela outra parte, 
as vantagens do negócio, a realidade do mercado de acordo com os interesses 
e expectativas, dentre outros aspectos relacionados à negociação. Não se 
trata de “assumir lados” na negociação, mas definitivamente colaborar para 
que seja possível um acordo entre as partes. 
Histórico da profissão do corretor de imóveis e os seus principais atores 11
Desse modo, o corretor trabalha para elucidar dúvidas e superar obstáculos 
diversos para a assinatura do contrato. Por exemplo, quando há dúvidas ou 
restrições quanto ao preço, às condições de pagamento, metragem, conser-
vação do imóvel, condições para venda ou locação, etc. A formação do vínculo 
ocorre quando, superados os entraves, acontece a assinatura da proposta pelo 
comprador ou locatário que será levada ao vendedor ou locador; se aceita 
a proposta, o negócio será considerado efetivado, quando será necessário 
marcar a data para a assinatura do contrato ou escritura, estabelecendo-se 
o vínculo jurídico entre as partes (SCAVONE JÚNIOR, 2020).
Nessa etapa, como complementa Scavone Júnior (2020), são indispensáveis 
três elementos: 
 � a coisa, isto é, o imóvel que é objeto do negócio; 
 � o preço, nos casos de venda, se ocorrerá a vista ou a prazo, e as suas 
condições; se locação, o preço da locação; 
 � o consentimento, isto é, a aceitação das partes pelo negócio. 
Também nessa etapa são estabelecidas as condições gerais para negócio, 
guardadas as suas especificidades e as necessidades e o interesse das partes.
Adimplemento contratual
A execução do contrato é a sua efetiva assinatura. A assinatura é ato contínuo 
da segunda etapa e, geralmente, trata-se do ato formal para a efetivação do 
negócio com as condições previamente negociadas. Especialmente nos con-
tratos de compra e venda é comum constar uma cláusula de arrependimento, 
com fundamento no art. 420 do CC (BRASIL, 2002), a qual obriga a parte que 
desistir do negócio a indenizar a outra.
Em seguida à assinatura e à perfectibilização do contrato imobiliário é 
realizado o pagamento da comissão de corretagem, isto é, também a sua im-
plementação. O contrato de corretagem é acessório ao contrato cujo corretor 
participou, no caso, o contrato imobiliário. Apesar de acessório, é importante 
reconhecer que o contrato de corretagem é um contrato de resultado, assim, 
se atingida a sua finalidade, é devida a remuneração ao corretor, mesmo que 
haja arrependimento de uma das partes, a teor do que estabelece o art. 725 
do CC (BRASIL, 2002). 
Assim, a partir do que foi apresentado, é possível verificar que a corretagem 
imobiliária é uma atividade que ocorre há bastante tempo no Brasil, desde o 
período colonial. Essa atividade, apesar de ter como característica essencial 
Histórico da profissão do corretor de imóveis e os seus principais atores12
a intermediação de negócios imobiliários, se modificou quanto à forma e aos 
requisitos ao longo dos anos, fazendo também com que a própria atividade 
do corretor de imóveis se alterasse. É importante reconhecer que a atividade 
sempre envolveu, e envolve, três atores, isto é, ao menos duas partes que 
realizam o negócio e o corretor imobiliário que atua na intermediação e 
conciliação dos interesses das partes para a realização final do negócio de 
acordo com seus interesses.
Referências 
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2010. Revista de Política Agrícola, v. 20, n. 2, p. 80-88, 2011.
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Brasília: Presidência da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
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BRASIL. Lei nº 4.116, de 27 de agosto de 1962. Dispõe sobre a regulamentação do exer-
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Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/l4116.htm. Acesso 
em: 3 jan. 2022.
BRASIL. Lei nº 6.530, de 12 de maio de 1978. Dá nova regulamentação à profissão de 
Corretor de Imóveis, disciplina o funcionamento de seus órgãos de fiscalização e dá 
outras providências. Brasília: Presidência da República, 1978. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6530.htm. Acesso em: 3 jan. 2022.
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor 
e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, 1990. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm. Acesso em: 3 jan. 2022.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília: Presidência 
da República, 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/
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CELANI, S. Histórico da profissão: corretor de imóveis. Brasília: COFECI, 2019. Disponível 
em https://www.cofeci.gov.br/historia-do-corretor-de-imoveis. Acesso em: 3 jan. 2022.
SCAVONE JÚNIOR, L. A. Direito imobiliário: teoria e prática. 16. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2020.
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