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Aula 04 - Da prova e suas espécies

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DIREITO 
PROCESSUAL 
DO TRABALHO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Descrever o conceito e os princípios da prova.
 > Identificar a hierarquia quanto aos meios de prova e o ônus probatório.
 > Reconhecer os fatos que independem de prova, os que são objeto de 
prova e a prova emprestada.
Introdução
A prova no direito processual é de suma importância. Além de conferir credi-
bilidade às alegações feitas pelas partes em juízo, a prova também é utilizada 
na formação do convencimento do juiz acerca da controvérsia posta na relação 
processual entre autor e réu. Desse modo, o devido processo legal, ao dispo-
nibilizar às partes a oportunidade de provar as suas alegações, assegura a 
efetividade dos princípios constitucionais do contraditório, da ampla defesa 
e do acesso à justiça.
Neste capítulo, você vai aprender sobre o conceito e os princípios da prova, 
as principais espécies de prova utilizadas no processo do trabalho, a valoração 
da prova e o conceito de ônus da prova. Você também vai estudar os fatos que 
dependem e os que independem de prova no nosso ordenamento jurídico, 
assim como a utilização da prova emprestada. 
Da prova e 
suas espécies
Kleber Soares de Araújo
Conceito e princípios da prova no 
Direito Processual do Trabalho
A palavra prova se origina do latim probatio, cuja derivação vem do verbo 
probare, que significa persuadir, demonstrar, examinar. Prova, no senso 
comum, significa a ação e o efeito de provar a veracidade de algum fato ou 
a autenticidade de alguma coisa. Do ponto de vista processual, prova é um 
instrumento de convencimento sobre a existência ou não de fatos relevantes 
no processo. 
Para Leite (2019, p. 709), “[...] a prova, nos domínios do direito processual, 
seria o meio lícito para demonstrar a veracidade ou não de determinado fato 
com a finalidade de convencer o juiz acerca da sua existência ou inexistência”. 
Nas palavras de Schiavi (2017, p. 671), as provas são “[...] os instrumentos admi-
tidos pelo Direito como idôneos, a demonstrar um fato ou um acontecimento, 
ou, excepcionalmente, o direito que interessa à parte no processo, destinados 
à formação da convicção do órgão julgador da demanda”. Portanto, prova 
processual é qualquer meio idôneo destinado a convencer o órgão julgador 
da veracidade dos fatos alegados no bojo do processo.
De um modo geral, o reclamante, quando ajuíza a reclamação traba-
lhista, e o reclamado, quando apresenta a contestação, invocam fatos com 
a justificativa de substanciar a pretensão de um e a resistência do outro. 
O magistrado, após o exame dos acontecimentos alegados e a sua adequação 
ao caso concreto, extrairá a solução do litígio por meio de uma decisão judicial.
Alegar simplesmente os fatos não é o bastante para a concretude da 
pretensão tanto do reclamante quanto do reclamado. Para que haja a decla-
ração do direito, é necessário, antes de tudo, que o juiz constate a veracidade 
do fato alegado. Essa constatação se dá por meio das provas juntadas aos 
autos. Assim, a doutrina também conceitua prova processual sob o aspecto 
do sentido objetivo e subjetivo da prova, conforme descrito a seguir.
 � Sentido objetivo: é a prova como instrumento ou meio hábil que de-
monstra a existência de um fato (documentos, testemunhas, perícias 
etc.).
 � Sentido subjetivo: é a certeza originada do fato comprovado por meio 
da produção do instrumento probatório. 
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Sob essa perspectiva, Theodoro Júnior (2018, p. 896) nos ensina que:
Prova é, pois, em sentido objetivo, “todo e qualquer elemento material dirigido ao 
juiz da causa para esclarecer o que foi alegado por escrito pelas partes, especial-
mente circunstâncias fáticas”. Mas, para o processo, a prova, como ensinava João 
Monteiro, não é (em sentido subjetivo) somente um fato processual, “mas ainda 
uma indução lógica, é um meio com que se estabelece a existência positiva ou 
negativa do fato probando, e é a própria certeza dessa existência”.
A finalidade da prova é formar a convicção do juiz sobre os fatos (rele-
vantes e pertinentes) apontados no processo. Ela deve ser pensada como 
meio de formação do convencimento sobre a verdade. Nascimento (2013, 
p. 202) salienta que: 
A prova tem a finalidade de transportar, para o processo judicial, a realidade 
externa dos fatos que geraram a demanda, traduzindo-os, para que possam ser 
conhecidos pelo juiz e para que sirvam de base para os debates entre as partes. 
Como meio destinado a levar para o processo a reconstituição dos fatos, poderá 
ter falhas e não cumprir com exatidão esse fim, situação na qual haverá a verda-
de real (concreta) diferente da realidade formal (imaginária), e esta prevalecerá. 
De nada adianta ter ocorrido ou não um fato se não pode ser provado.
Por isso que é tão importante a prova no processo, bem como a sua 
devida análise pelas partes e pelo juiz, para que a verdade real, concreta, 
seja estabelecida no processo.
Princípios
Assim como o Processo do Trabalho está sujeito aos princípios constitucio-
nais do processo, aos princípios do Direito Processual Civil e aos princípios 
específicos que norteiam o próprio Direito Processual do Trabalho, como o 
princípio da informalidade, o princípio da conciliação, o princípio da sim-
plicidade etc., o direito probatório também se submete a alguns princípios, 
como veremos a seguir. 
Princípio do contraditório e da ampla defesa: é um princípio previsto no art. 5º, 
LV, da Constituição Federal de 1988 (CF/1988), que deve ser observado em 
qualquer processo judicial ou administrativo: “Art. 5º [...]: [...] LV - aos liti-
gantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela 
inerentes” (BRASIL, 1988, documento on-line). As partes têm o direito funda-
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mental de se manifestarem reciprocamente sobre as provas apresentadas, 
assim como devem ter as mesmas oportunidades para apresentarem suas 
provas nos momentos processuais oportunos.
Princípio da necessidade da prova: não basta a simples alegação dos fatos, 
haja vista que o interesse das partes deve ser comprovado em juízo. Ou seja, 
é necessário que os litigantes façam prova de suas alegações, pois os fatos 
não comprovados são inexistentes no processo.
Princípio da unidade da prova: a prova, embora constituída de diversas formas 
(documentos, testemunhas, inspeção judicial etc.), deve ser examinada no 
seu conjunto, devendo formar uma só unidade a ser apreciada globalmente. 
As provas testemunhais devem ser analisadas em seu conjunto, e não 
de forma isolada em cada uma de suas partes. Caso haja divergência 
entre a prova produzida por um laudo pericial e a prova testemunhal, cabe ao juiz 
analisar todo o estuário probatório para formar o seu convencimento motivado. 
Princípio da proibição da prova ilícita: esse princípio encontra guarida no 
art. 5º, LVI, da CF, o qual prevê que são inadmissíveis no processo as provas 
obtidas por meios ilícitos. O art. 369 do Código de Processo Civil (CPC) asse-
gura aos litigantes o direito de empregar todos os meios legais, bem como 
os moralmente legítimos, ainda que não especificados no CPC, para provar a 
verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente 
na convicção do juiz (BRASIL, 2015).
Você sabe a diferença entre prova ilícita e prova ilegítima? A prova 
ilícita é aquela que implica violação de direito material — por exem-
plo, a violação do direito à intimidade, nos casos de prova obtida por meio de 
interceptação telefônica sem a prévia autorização judicial. Já a prova ilegítima 
decorre da violação de norma processual no momento da sua produção. Pode-
mos citar como exemplo de prova ilegítima a oitiva de pessoas que não podem 
depor, como é o caso dos menores de 16 anos, nos termos do inciso III do 
art. 447 do CPC(BRASIL, 2015).
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Princípio da oralidade: geralmente, no processo do trabalho, as provas são 
produzidas oralmente na audiência de instrução e julgamento, isto é, na pre-
sença do juiz. A exceção são as provas documentais. Esse princípio encontra 
respaldo em diversos artigos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), 
principalmente no art. 845: “Art. 845 - O reclamante e o reclamado compa-
recerão à audiência acompanhados das suas testemunhas, apresentando, 
nessa ocasião, as demais provas” (BRASIL, 1943, documento on-line).
Princípio da imediação: esse princípio estabelece, segundo Leite (2019), que o 
juiz, como diretor do processo, é quem colhe direta e imediatamente a prova. 
Tal princípio está disposto no art. 848 da CLT, que faculta ao juiz interrogar as 
partes de ofício, e também no art. 852-D do mesmo diploma legal, na seção 
que disciplina o procedimento sumaríssimo:
Art. 852-D. O juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar as provas 
a serem produzidas, considerado o ônus probatório de cada litigante, podendo 
limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias, 
bem como para apreciá-las e dar especial valor às regras de experiência comum 
ou técnica (BRASIL, 1943, documento on-line).
Princípio da aquisição processual ou da aquisição da prova: segundo esse 
princípio, as provas, independentemente de quem as produziu (reclamante ou 
reclamado), não pertencem às partes, mas, sim, ao processo. Assim, a prova 
produzida por qualquer das partes se incorpora ao processo.
Princípio do convencimento motivado do juiz: esse princípio, também deno-
minado de princípio da persuasão racional do juiz, possibilita ao juiz firmar 
seu convencimento sobre a veracidade dos fatos alegados pelas partes, desde 
que fundamente os motivos de sua convicção. Isso é o que preceituam o 
art. 371 do CPC — “O juiz apreciará a prova constante dos autos, independen-
temente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões 
da formação de seu convencimento” (BRASIL, 2015, documento on-line) — 
e o art. 93, IX, da CF/1988:
Art. 93. [...]:
[...] IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, 
e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limi-
tar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, 
ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do 
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação (BRASIL, 
1988, documento on-line).
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Princípio da aptidão para a prova: segundo esse princípio, quem deve produzir 
a prova não é aquele que detém o ônus processual de acordo com as regras 
de distribuição, mas, sim, quem detém melhores condições (materiais ou 
técnicas) para produzi-la. Nas palavras de Schiavi (2017, p. 689):
O presente princípio se amolda perfeitamente ao Processo do Trabalho, consideran-
do-se a hipossuficiência e a dificuldade probatória de produção de determinadas 
provas pelo trabalhador e as melhores condições de produção de determinadas 
provas pelo empregador, como nas hipóteses da prova do salário (art. 464 da CLT), 
da jornada (art. 74, § 2-, da CLT) etc.
Princípio da paridade de armas probatórias: de acordo com esse princípio, 
o magistrado deverá oferecer às partes a igualdade de oportunidades no 
que tange à produção das provas, sob pena de violação do art. 139, I, do CPC: 
“Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, 
incumbindo-lhe: I - assegurar às partes igualdade de tratamento; [...]” (BRASIL, 
2015, documento on-line).
Princípio da lealdade processual e boa-fé: o que se busca com esse princípio 
é o dever de lealdade das partes na esfera de produção de provas. Quando 
ambas as partes agem com lealdade, a convicção do magistrado se firma com 
precisão, ficando muito próxima da verdade real. 
Princípio da busca da verdade real: esse princípio é extraído da leitura dos 
arts. 371 do CPC e 765 e 852-D da CLT. Da interpretação desses dispositivos, 
Leite (2019, p. 724) conclui que: 
[...] o juiz tem liberdade na condução do processo na busca de elementos proba-
tórios que formem o seu convencimento sobre a alegação das partes a respeito 
dos fatos que tenham importância para a prolação de uma decisão fundamentada, 
adequada e justa.
Por fim, é importante que você saiba a diferença entre a verdade real e a 
verdade formal para os fins da teoria da prova. A verdade real é aquela que 
decorre dos fatos que realmente aconteceram na vida, isto é, da realidade em 
si. Já a verdade formal corresponde aos elementos constantes no processo, 
como resultado das provas produzidas pelos sujeitos do processo. 
Meios de prova e ônus probatório
A convicção do juiz deve ser estabelecida de acordo com os meios ou os 
instrumentos reconhecidos pelo ordenamento jurídico como idôneos, isto é, 
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conforme as provas juridicamente admissíveis — ou seja, de acordo com os 
meios de prova. Meios de prova são os instrumentos materiais ou pessoais 
trazidos ao processo para demonstrar a veracidade dos fatos alegados nos 
autos, com o intuito de convencer o magistrado. Para Leite (2019, p. 743):
Os meios de prova podem ser sintetizados na seguinte pergunta: como provar? 
A resposta é obtida pela conjugação do art. 5º, LVI, da CF, segundo o qual “são 
inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”, e do art. 369 do 
CPC, que aponta no sentido de que “as partes têm o direito de empregar todos os 
meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados 
neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a 
defesa e influir eficazmente na convicção do juiz”.
Desse modo, todos os meios legais, assim como os moralmente legítimos, 
ainda que não especificados na legislação, são hábeis para provar a verdade 
dos fatos em que se fundamenta a pretensão ou a defesa. Os meios de prova 
moralmente legítimos não estão previstos em lei, porém, podem ser utilizados 
no processo por não violarem a moral e os bons costumes.
Vimos que o art. 369 do CPC admite a utilização dos meios juridicamente 
idôneos — meios legais de prova — e dos meios moralmente legítimos, como 
o depoimento pessoal, a prova documental, a prova testemunhal etc. Não há 
um rol taxativo dos meios de prova admitidos em processo. Em vista disso, 
passaremos à análise dos meios de prova mais utilizados no processo do 
trabalho.
Depoimento pessoal
Inicialmente, vamos fazer a distinção entre interrogatório e depoimento pes-
soal. O interrogatório é o ato do juiz que tem o objetivo de esclarecer algum 
fato relativo à causa, podendo ser determinado de ofício a qualquer momento 
durante o trâmite processual. O depoimento pessoal deve ser requerido, ge-
ralmente, pelas partes — ou seja, o reclamante requer o depoimento pessoal 
do reclamado e vice-versa, com o objetivo de obter a confissão. Desse modo, 
podemos concluir que:
 � a finalidade do interrogatório não é a obtenção de confissão judicial, 
mas, sim, o esclarecimento de fatos.
 � o depoimento pessoal, requerido pela parte contrária, visa à confissão.
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A confissão é o ato processual por meio do qual o confitente declara a 
verdade de um fato, contrário ao seu interesse, porém favorável ao interesse 
do seu adversário. Ela pode ser judicial ou extrajudicial, real ou ficta. A con-
fissão judicial, como o próprio nome revela, é obtida em juízo, por meio do 
depoimento pessoal. A extrajudicial é realizada fora do processo; pode ser 
por escrito, em qualquerdocumento, ou verbal, sendo que, nesse último caso, 
a confissão oral só terá eficácia nos casos em que a lei não exija prova literal. 
A confissão extrajudicial deve ser vista com muita cautela no processo do 
trabalho, conforme explica Garcia (2017, p. 277):
A confissão extrajudicial, principalmente se feita pelo empregado, durante o con-
trato de trabalho, deve ser objeto de verificação quanto à sua validade, em especial 
quanto à higidez da manifestação da vontade. Exemplificando, pode-se defender 
que não seria válida a confissão extrajudicial do empregado, no sentido de que 
não trabalhou em condições perigosas, se na realidade dos fatos isso ocorria.
A confissão real é a declaração expressa do confitente de fato contrário 
ao seu interesse. A ficta, por outro lado, envolve presunção relativa de vera-
cidade dos fatos alegados pela parte contrária. Santos e Hajel Filho (2020, p. 
747) esclarecem que “[...] a ficta é uma confissão presumida. Há uma suposição 
sobre a ocorrência dos fatos. É uma ficção jurídica”. Eles também demonstram 
dois exemplos de confissão ficta: 
Ela se manifesta quando a parte, devidamente intimada, não comparece 
para prestar o depoimento pessoal (art. 844 da CLT e Súmula 74, I, do TST) 
quando a parte se recusa a depor ou o faz por evasivas ou, ainda, quando 
não impugna de forma especificada os fatos narrados pelo autor na inicial 
(SANTOS; HAJEL FILHO, 2020, p. 747).
O principal efeito da confissão, seja real ou ficta, é a dispensa da produção 
de provas quanto ao fato confessado. O juiz presume a veracidade do fato 
confessado contrário ao confitente.
Prova documental 
A prova documental é um meio de prova cujo valor probatório é relativi-
zado no processo do trabalho. Na realidade trabalhista, a prova documental 
geralmente é produzida pelo empregador no curso da relação de trabalho. 
Em muitas circunstâncias, essas provas não condizem com a realidade, sobre-
tudo pela situação de necessidade do empregado em manter o seu emprego. 
Por isso, o juiz, ao verificar que a prova documental destoa da realidade 
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fática, deve observar o princípio da primazia da realidade, privilegiando o que 
realmente ocorreu em detrimento de documentos muitas vezes adulterados.
O princípio da primazia da realidade preconiza que os fatos preva-
lecem sobre as formas. Para o Direito do Trabalho, os documentos 
são válidos desde que estejam em sintonia com a realidade diária do contrato 
individual de trabalho. Assim, pouco importa se na carteira de trabalho (CTPS) do 
empregado conste que ele recebe apenas um salário fixo, quando, na realidade, 
há pagamentos de comissões por fora. Prevalecerá a realidade fática (pagamento 
por fora) sobre o aspecto formal (anotação na CTPS).
Quanto ao momento de juntada, via de regra, cabe ao reclamante juntar 
os documentos com a petição inicial (art. 787 da CLT e arts. 320 e 434 do CPC), 
e, ao reclamado, com a contestação (art. 434 do CPC). Entretanto, o art. 435 
do CPC admite a juntada posterior de documentos quando ocorrer fatos 
novos no curso do processo. Segundo esse dispositivo, é lícito às partes, 
em qualquer tempo, juntar aos autos documentos novos, quando destinados 
a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados ou para contrapô-los 
aos que foram produzidos nos autos. Admite-se também a juntada poste-
rior de documentos formados após a petição inicial ou após a contestação, 
em casos de força maior. Nesse caso, cabe à parte que produziu o documento 
comprovar o motivo que a impediu de juntá-lo no momento oportuno.
Prova testemunhal
A testemunha é o sujeito probatório que comparece ao processo para prestar 
informações relevantes sobre fatos da causa, revelando a sua percepção 
sensorial sobre a situação fática. A prova testemunhal se tornou o meio de 
prova mais usual no processo do trabalho, sendo, muitas vezes, o único. Não 
é raro que, em virtude das dificuldades encontradas pelo empregado em 
obter documentos que comprovem suas alegações, este apresente apenas 
prova testemunhal.
Cada parte poderá indicar, no máximo, três testemunhas no rito ordinário, 
duas no sumaríssimo, e até seis para a apuração de falta grave. Mas, afinal, 
qualquer pessoa pode se tornar uma testemunha? Não. De acordo com o 
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art. 447 do CPC, não podem ser testemunhas as pessoas incapazes, impedidas 
ou suspeitas (BRASIL, 2015).
Os incapazes para depor se encontram registrados no § 1º do art. 447 do 
CPC (BRASIL, 2015). São eles: 
 � o interdito por enfermidade ou deficiência mental;
 � o que, acometido por enfermidade ou retardamento mental, ao tempo 
em que ocorreram os fatos, não podia discerni-los, ou, ao tempo em 
que deve depor, não está habilitado a transmitir as percepções;
 � o que tiver menos de 16 anos; e
 � o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que 
lhes faltam.
Os impedidos estão declinados no § 2º do mesmo dispositivo. São 
impedidos:
 � o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descendente em qualquer 
grau e o colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes, por con-
sanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse público ou, 
tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder obter 
de outro modo a prova que o juiz repute necessária ao julgamento do 
mérito;
 � o que é parte na causa;
 � o que intervém em nome de uma parte, como o tutor, o representante 
legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e outros que assistam ou 
tenham assistido as partes.
Por fim, são consideradas pessoas suspeitas o inimigo da parte ou seu 
amigo íntimo e a pessoa que tiver interesse no litígio, nos moldes do art. 447, 
§ 3º, do CPC (BRASIL, 2015).
Prova pericial
A prova pericial será necessária quando a elucidação do(s) fato(s) exigir 
domínio técnico — ou seja, a pessoa que vai analisá-lo(s) necessita possuir 
conhecimento técnico especializado. A perícia é um meio de prova destinada 
a produzir uma conclusão quanto a um evento que demande especialização 
técnica científica.
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De acordo com o art. 464 do CPC, a perícia pode ser realizada por meio de 
um exame, de uma vistoria ou de uma avaliação. O exame está relacionado 
à inspeção de pessoas, semoventes e coisas que não sejam bens imóveis. 
A vistoria é uma perícia que se destina a analisar um bem imóvel, como para 
verificar se o estabelecimento empresarial é insalubre ou não. A avaliação 
busca determinar o valor de uma coisa ou bem (BRASIL, 2015).
A prova pericial será realizada por um perito, pessoa que deve ser es-
pecialista em uma determinada área de conhecimento. É considerado um 
auxiliar eventual do juízo. É importante ressaltar que o juiz não está adstrito 
ao laudo pericial, ou seja, ele pode considerar ou deixar de considerar as 
conclusões do laudo. Isso quer dizer que o magistrado tem liberdade para 
julgar em sentido contrário ao laudo pericial, desde que fundamente o seu 
entendimento com base no cenário fático apresentado nos autos e nas demais 
provas apresentadas no processo (persuasão racional).
A realização de perícia é obrigatória nas demandas envolvendo 
pedidos de adicionais de insalubridade e periculosidade, de acordo 
com o § 2º do art. 195 da CLT. Essa regra deve ser observada mesmo no caso 
do reclamado revel, pois, como se trata de pedidos envolvendo fatos técnicos, 
é fundamental a realização da prova técnica. Nesse contexto, não se admite a 
confissão ficta do reclamado, no caso de revelia — ou seja, não há presunção 
relativa de veracidade dos fatos alegados pelo reclamante na petição inicial.
Valoração da prova
Ao estudarmos os princípios da prova no processo do trabalho, vimos que a 
prova, após sua produção, pertence ao processo (princípio da aquisição da 
prova). Também já vimos que o seu propósito é o de colaborar com a formação 
da convicção do órgãojulgador sobre os fatos. Desse modo, o magistrado, 
para formar o seu posicionamento, necessita de um método para valorar a 
prova, não podendo agir arbitrariamente.
Todavia, não há uma regra fixa de hierarquia quanto às provas. Dessa 
maneira, cabe ao juiz formar o seu convencimento avaliando as provas produ-
zidas nos autos em face do direito a ser aplicado ao caso concreto, devendo 
sempre fundamentar a sua decisão. O art. 371 do CPC estabelece que o juiz 
deve apreciar a prova constante dos autos, independentemente do sujeito 
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que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu 
convencimento (BRASIL, 2015).
 Os autores Santos e Hajel Filho (2020, p. 736) defendem a tese de que o 
CPC de 2015 adotou o sistema da valoração democrática da prova, o qual 
preconiza que o juiz fundamente e indique as suas razões de julgar, não se 
admitindo em nenhuma hipótese a discricionariedade:
[...] o juiz deverá proferir sua decisão, respaldando-se nas provas existentes nos 
autos, valendo-se de critérios racionais e técnicos para justificar as razões que o 
fizeram aplicar ou afastar determinada prova. Assim, o CPC veda a fundamenta-
ção discricionária do juiz no que tange à valoração da prova. Portanto, para nós, 
o sistema a ser considerado é o da persuasão racional (isoladamente, sem a livre 
motivação), posto ser esse sistema uma forma de inibir arbitrariedades. 
Portanto, podemos inferir que não há hierarquia quanto aos meios de 
prova — ou seja, as provas constantes no processo devem ser analisadas em 
conjunto, devendo o magistrado, ao proferir a sua decisão no caso concreto, 
fundamentá-la com base no conjunto fático-probatório apresentado nos autos.
Ônus da prova
As partes têm o ônus de provar os fatos jurídicos alegados na petição inicial 
ou na contestação, assim como aqueles que se sucederem no decorrer da 
relação processual. O litigante não está obrigado a exercer o ônus proces-
sual, porém, a sua omissão pode lhe gerar um prejuízo jurídico-processual. 
Por exemplo, o reclamado tem o ônus de contestar a petição inicial, mas, se 
não contesta, os fatos alegados pelo reclamante serão presumidos como 
verdadeiros. Assim, a parte não está obrigada a comprovar a pretensão ou a 
resistência do fato, mas, se não o faz, assume o risco de o magistrado não a 
considerar para formar a sua convicção.
O art. 818 da CLT prevê as regras de distribuição do ônus da prova: 
“Art. 818. O ônus da prova incumbe: I - ao reclamante, quanto ao fato consti-
tutivo de seu direito; II - ao reclamado, quanto à existência de fato impeditivo, 
modificativo ou extintivo do direito do reclamante”. (BRASIL, 1943, documento 
on-line). Observe que o inciso I do artigo citado imputa ao reclamante o ônus 
de provar o fato constitutivo de seu direito — ou seja, deve provar a alegação 
que dá origem ao fato narrado. A título de exemplo, podemos mencionar a 
seguinte hipótese: o reclamante, na petição inicial, alega ter trabalhado em 
condições insalubres sem que houvesse o pagamento do adicional de insalu-
bridade durante todo o pacto laboral. Em princípio, cabe ao reclamante o ônus 
Da prova e suas espécies12
Narthagnam
Realce
Narthagnam
Realce
Narthagnam
Realce
da prova, por se tratar de fato constitutivo do direito postulado — adicional 
de insalubridade.
Por sua vez, cabe ao reclamado o ônus da prova quanto à existência de 
fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do reclamante. Vejamos 
alguns exemplos: o reclamante alega que não recebeu o pagamento referente 
ao 13º salário de todos os anos trabalhados na empresa. Nessa hipótese, cabe 
ao reclamado demonstrar os recibos de pagamento do direito postulado, por 
se tratar de fato extintivo. O fato modificativo é aquele que altera o direito 
pretendido pelo reclamante, como no caso de acordo de compensação de 
jornada de trabalho apresentada pelo reclamado, demonstrando que as horas 
trabalhadas além da jornada eram compensadas com folgas em outros dias. 
Os incisos I e II do art. 818 da CLT apresenta, como regra geral, a distribuição 
estática do ônus da prova. Todavia, os §§ 1º, 2º e 3º do mesmo dispositivo 
permitem ao juiz que ele se valha da regra denominada ônus dinâmico da 
prova. Nesse contexto, de acordo com a dinâmica social, com a dinâmica fática, 
pode surgir a necessidade de distribuir, de forma diversa, o ônus probatório 
previsto em lei. É o que dispõe o § 1º do art. 818 da CLT:
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas 
à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos 
deste artigo ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá 
o juízo atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão 
fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir 
do ônus que lhe foi atribuído (BRASIL, 1943, documento on-line).
Assim, diante de uma situação em que o reclamante ou o reclamado tenha 
dificuldade de produzir a prova, o magistrado pode determinar que a parte 
contrária a produza, invertendo, desse modo, o ônus da prova. Ou seja, em 
uma demanda em que a produção da prova seja muito difícil para uma parte, 
mas a prova do fato contrário seja mais fácil para a outra, o juiz poderá 
inverter o ônus da prova. Por fim, conforme disposto no § 1º supracitado, o 
juiz, verificando a necessidade de inverter o ônus, deverá fazê-lo antes de 
iniciar a instrução, evitando, desse modo, que a parte sobre quem vier a recair 
o ônus seja surpreendida. 
Objeto da prova e prova emprestada
No Direito Processual, as provas incidem sobre as alegações elaboradas 
pelas partes na causa de pedir e na defesa. Assim, de acordo com Santos e 
Hajel Filho (2020, p. 720), “[...] o objeto da prova não são os fatos, mas sim as 
Da prova e suas espécies 13
alegações sobre os fatos”. Entretanto, nem todas as alegações precisam ser 
provadas. Apenas os pontos controvertidos é que deverão ser solucionados 
pelas provas. 
Dessa forma, levando em consideração que nem todas as alegações de-
pendem de prova, constituem objeto da prova as alegações sobre os fatos 
relevantes, pertinentes e controvertidos. Tem-se por fatos relevantes aqueles 
que têm importância para a decisão do caso, por fatos pertinentes aqueles 
que têm relação com a causa, e por fatos controvertidos aqueles alegados 
por uma parte, mas negados pela outra.
Como já salientamos, nem todos os fatos dependem de prova (Figura 1). 
O art. 374 do CPC disciplina que: “Art. 374. Não dependem de prova os fatos: 
I - notórios; II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; 
III - admitidos no processo como incontroversos; IV - em cujo favor milita 
presunção legal de existência ou de veracidade” (BRASIL, 2015, documento 
on-line). Fatos notórios são os de conhecimento geral ou os conhecidos por 
grande parte da população onde o processo tramita. É notório que em épocas 
festivas, como Natal, há o aumento das vendas no comércio. Assim, esse fato 
— aumento das vendas no Natal — não precisa ser provado.
Também não há necessidade de provar fatos confessados e incontroversos, 
tendo em vista que não há discordância sobre as alegações. Os fatos admitidos 
no processo como incontroversos são aqueles cujas alegações não estão em 
desacordo. Exemplo é o reclamante que alega que trabalhou como gerente 
para o empregador, e este, em sua contestação, confirma a prestação de 
serviço na função de gerente. Por fim, os fatos presumidamente existentes 
ou verídicos também não precisam ser provados.
A presunção de legalidade pode ser classificada como presunção 
absoluta ou relativa. A presunção legal absoluta (juris et de jure) 
é aquela que não admite prova em contrário ao fato alegado. Um exemplo é o 
impedimento do juiz. Já a presunção legal relativa (juris tantum) pode ser refutada 
por prova em sentido contrário. Podemos citar como exemploas anotações 
feitas pelo empregador na carteira de trabalho do empregado, gerando apenas 
presunção relativa dos fatos ali registrados.
Da prova e suas espécies14
Figura 1. Fatos que dependem e independem de prova.
Fatos
revelantes
pertinentes
controvertidos
dependem
de prova
não dependem
de prova
notórios
confessados
incontroversos
presumidos
verdadeiros
Prova emprestada
Via de regra, as provas devem ser elaboradas no processo em que a demanda 
será julgada. Entretanto, há situação em que a fonte da prova expira, o que 
impossibilita a sua produção. Ocorrendo um cenário de impossibilidade de 
produção de prova, e tendo essa prova sido realizada em outro processo, é 
possível a utilização dessa prova em outro processo. Assim, uma prova oral 
ou pericial, por exemplo, consubstanciada em processo diverso, poderá ser 
transportada como prova documentada para um novo processo. Isso é o 
que se denomina prova emprestada. A doutrina aponta dois motivos para a 
utilização da prova emprestada:
 � preservar o direito à prova, quando a sua reprodução se torna impos-
sível, como no caso da inexistência da coisa periciada;
 � evitar a repetição inútil dos mesmos atos (economia processual).
No processo do trabalho, a prova emprestada tem grande valia, haja vista 
a forte influência do princípio da economia processual. Nesse sentido, exem-
plifica Teixeira Filho (2017), citado por Jorge Neto e Cavalcante (2019, p. 773):
Da prova e suas espécies 15
Um empregado ingressa em Juízo postulando horas extraordinárias; o réu contesta. 
O órgão judicante, contudo, já teve oportunidade de, em diversas ações anteriores, 
propostas contra o mesmo réu, conceder as horas extras pedidas, pois sempre 
restou provado que a jornada de trabalho, então indicada, era igual para todos os 
empregados e, além disso, coincidente com a que este autor está alegando. Diante 
disto, indaga-se: qual a necessidade de, nesta última ação, proceder-se à inquiri-
ção de testemunhas (que, não raro, são as mesmas) se a ‘causa petendi’ (trabalho 
em jornada extraordinária) já foi objeto de provimentos jurisdicionais pretéritos, 
com trânsito em julgado? É evidente que razões de ordem lógica, articuladas a 
inafastável necessidade de economia processual, autorizam a que se faça, neste 
caso, o empréstimo da prova anteriormente produzida, desde que, à evidência, 
a sua produção tenha sido regular, com obediência aos princípios legais regentes, 
como, notadamente, o da contrariedade.
O art. 372 do CPC disciplina a regra sobre a aplicação da prova emprestada, 
todavia não menciona como seria produzido esse tipo de prova, apenas 
garante o contraditório: “Art. 372. O juiz poderá admitir a utilização de prova 
produzida em outro processo, atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, 
observado o contraditório” (BRASIL, 2015, documento on-line). Nesse momento 
surge uma indagação: como garantir o contraditório, haja vista que a prova 
fora produzida em outro processo e em um momento pretérito?
A doutrina nos apresenta três posicionamentos para responder esse 
questionamento. A primeira corrente entende que o contraditório somente 
estará garantido nos casos em que existir a total identidade das partes do 
processo no qual a prova foi produzida e do processo em que ela será utilizada. 
Perceba que essa é uma situação muito rara. A segunda corrente considera 
garantido o contraditório quando a parte contra quem a prova for utilizada 
tenha participado do processo em que ela foi produzida, isto é, no processo 
de origem. Por fim, há um terceiro posicionamento, esse mais liberal, que 
entende não ser necessária a participação das partes no processo originá-
rio. Os litigantes, após a juntada da prova emprestada no novo processo, 
poderão se manifestar no momento oportuno a seu respeito. Essa manifes-
tação, segundo essa corrente, garante o direito ao contraditório previsto no 
art. 372 do CPC (BRASIL, 2015).
Para finalizar, vamos ver como se comporta a jurisprudência sobre o tema. 
Os Tribunais Regionais do Trabalho defendem a utilização da prova empres-
tada com uma condicionante: que a parte tenha participado da produção 
da prova no processo originário. Veja algumas ementas que sintetizam esse 
posicionamento:
Da prova e suas espécies16
CERCEAMENTO DE DEFESA. PROVA EMPRESTADA. LAUDO PERICIAL. PRINCÍPIO DO 
CONTRADITÓRIO. [...]. Especificamente quanto à prova emprestada, a sua validade 
pressupõe o respeito ao contraditório (art. 372 do CPC), ou seja, pressupõe que a 
parte - a quem prejudica - contribuiu para a formação da prova. Se o reclamante 
não participou da lide anterior em que o laudo pericial para apuração da insalu-
bridade foi produzido, o transporte da prova desse processo para o atual viola o 
contraditório, consequentemente, é nula a decisão mediante a qual foi acolhida 
a prova que foi produzida sem a participação da parte a quem prejudica (BRASIL, 
2020, documento on-line).
PROVA EMPRESTADA. IMPRESCINDÍVEL VERIFICAR SE A PARTE A QUEM DESFAVORECE 
PARTICIPOU DO PROCESSO ONDE FOI PRODUZIDA COM AMPLO DIREITO DE DEFESA. 
Para que seja tida como válida a prova emprestada, é imprescindível que a parte 
a quem desfavorece tenha participado do processo onde foi produzida, de modo 
que ali lhe tenha sido assegurado o amplo direito de defesa e contraditório, sob 
pena de ser considerada prova inexistente (BRASIL, 2018, documento on-line).
INSALUBRIDADE. PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE. Verificada a similitude fática 
e garantido o contraditório, não há óbice para o aproveitamento da prova pericial 
legitimamente produzida em outro feito no qual a mesma ré figurou no polo passivo 
(BRASIL, 2014, documento on-line).
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da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
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Itapemirim. Relator: Luíza Aparecida Oliveira Lomba. Salvador, 1 agosto de 2018. Dispo-
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Ord-0010940-93.2017.5.03.0139. Ementa: Cerceamento de Defesa. Prova Emprestada. 
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Recorrido: Município de Belo Horizonte. Relator: Cesar Machado. Belo Horizonte, 
09 de junho de 2020. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/processos/163564150/
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