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1 Disciplina: Relacionamento com o cliente Autor: Dr. Rodrigo Souza da Costa Revisão de Conteúdos: Esp. Murillo Hochuli Castex Designer Instrucional: Esp. Murillo Hochuli Castex Revisão Ortográfica: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm Ano: 2019 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Rodrigo Souza da Costa Relacionamento com o cliente 2ª Edição 2019 Curitiba, PR Editora São Braz 3 Editora São Braz Rua Cláudio Chatagnier, 112 Curitiba – Paraná – 82520-590 Fone: (41) 3123-9000 Coordenador Técnico Editorial Marcelo Alvino da Silva Conselho Editorial D.r Alex de Britto Rodrigues / D.ra Diana Cristina de Abreu / D.r Eduardo Soncini Miranda / D.ra Gilian Cristina Barros / D.r Jefferson Zeferino / D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de Barros Dias / D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno / D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia Revisão de Conteúdos Murillo Hochuli Castex Parecerista Técnico Marcelo Alvino da Silva / Murillo Hochuli Castex Designer Instrucional Murillo Hochuli Castex Revisão Ortográfica Alexandre Kramer Morgenterm Desenvolvimento Iconográfico Juliana Emy Akiyoshi Eleutério FICHA CATALOGRÁFICA COSTA, Rodrigo Souza da. Relacionamento com o Cliente / Rodrigo Souza da Costa. – Curitiba: Editora São Braz, 2019. 56 p. ISBN: 978-85-5475-460-0 1.Marketing. 2. Relacionamento. 3. Estratégias. Material didático da disciplina de Relacionamento com o cliente – Faculdade São Braz (FSB), 2019. Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos, o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 Sumário Prefácio ................................................................................................................. 07 Aula 1 – Conceitos essenciais do marketing .......................................................... 08 Apresentação da aula 1 ........................................................................................ 08 1.1 Fundamentos e conceitos essenciais do marketing .................................. 08 1.2 Conceitos de marketing de relacionamento .............................................. 09 1.3 Práticas Gerenciais: marketing de relacionamento como filosofia ............ 12 1.4 Produtos e serviços .................................................................................. 15 1.4.1 Características e classificações de produtos e serviços ........................ 16 1.4.2 Análise de portfólio de produtos e serviços ............................................ 20 1.4.3 Níveis de Produtos e Serviços ............................................................... 21 1.5 Endomarketing ......................................................................................... 23 Conclusão da aula 1 .............................................................................................. 25 Aula 2 – Tecnologias do marketing de relacionamento: comunicação integrada 26 Apresentação da aula 2 ........................................................................................ 26 2.1 Comunicação integrada de marketing ............,........................................ 27 2.2 Evolução dos meios de comunicação ....................................................... 29 2.3 Ferramentas de comunicação integrada de marketing ............................. 30 Conclusão da aula 2 .............................................................................................. 32 Aula 3 – Gestão de produtos e serviços com foco no cliente .................................. 33 Apresentação da aula 3 ......................................................................................... 33 3.1 Ciclo de vida do produto ........................................................................... 33 3.2 Avaliação da Competitividade de Produtos .............................................. 37 3.3 Posicionamento de produtos .................................................................... 39 3.4 Diferenciação do produto ......................................................................... 41 Conclusão da aula 3 .............................................................................................. 42 Aula 4 – Planejamento estratégico de marketing de relacionamento ..................... 43 Apresentação da aula 4 ......................................................................................... 43 4.1 Definição de planejamento de marketing .................................................. 44 4.2 Avaliação de cenários .............................................................................. 46 4.3 Análise da situação .................................................................................. 48 4.4 Diagnóstico situacional ............................................................................. 49 4.5 Elaboração do plano ................................................................................. 50 4.6 Avaliação e controle ................................................................................. 51 Conclusão da aula 4 .............................................................................................. 51 6 Conclusão da disciplina ......................................................................................... 52 Índice Remissivo ................................................................................................... 53 Referências ........................................................................................................... 55 7 Prefácio Nesta disciplina, serão apresentadas as principais discussões sobre o relacionamento com o cliente, quebrando alguns paradigmas importantes, para que seja possível compreender o que realmente é o marketing, enquanto fenômeno que traz desenvolvimento e aumento de competitividade para as empresas que o aplicam de forma correta. Nesse sentido, primeiramente será necessário esclarecer que o marketing não é simplesmente fazer propaganda, divulgação ou somente comunicação. Esses assuntos, assim como tantos outros, fazem parte do que é definido como “composto mercadológico”. Mas o que isso quer dizer?São ferramentas utilizadas pelos profissionais de marketing, e não a totalidade do marketing em si. O segundo ponto a ser ressaltado, é que se trata de um erro limitar o marketing à gestão de vendas. Independentemente de tratarmos de vendas de produtos tangíveis ou serviços, isso é apenas uma consequência de um planejamento de marketing bem executado. Obviamente, um dos objetivos das organizações que atuam em um mercado é “vender” seu produto, mas, para isso, o relacionamento com o cliente é essencial. 8 Aula 1 – Conceitos essenciais do marketing Apresentação da aula 1 Nesta aula, serão apresentados os fundamentos e conceitos essenciais do marketing, assim como os conceitos essenciais referentes ao marketing de relacionamento e ao endomarketing. Neste capítulo, nosso objetivo, além de apresentar técnicas e ferramentas essenciais do marketing de relacionamento, é promover a reflexão sobre a sua importância e como praticá-lo. 1.1 Fundamentos e conceitos essenciais do marketing Como dito anteriormente, marketing não é simplesmente vender, mas sim facilitar todo o processo de vendas, ou seja, facilitar para a empresa a oportunidade de trazer o cliente para o seu negócio, criando valor para que ele tenha interesse em comprar o produto ou serviço da empresa e estabelecer um relacionamento com ela. Com essas observações em mente, vamos nos aprofundar em outros conceitos essenciais do marketing de relacionamento. Termos como: necessidade ou desejo, agregação de valor, estabelecimento de relacionamento, comunicação eficaz e muitos outros são essenciais para a sua formação como gestor. Inicialmente faremos uma introdução aos principais conceitos relacionados ao marketing e o relacionamento com o cliente. Ressalto que você deve ter muita atenção, principalmente na relação que esses conceitos têm uns com os outros, de forma que você consiga enxergar a atividade mercadológica de maneira holística. Mas qual é o grande segredo do marketing? Bem, enquanto gestor, é necessário entender o que as pessoas mais desejam e que esse desejo é o que elas mais valorizam. Assim, chega-se em outro ponto essencial: qual a diferença entre preço e valor? Para entender isso, pergunto: qual o preço do seu amor pelo seu filho, pais, cônjuge? Difícil de quantificar, certo? Isso porque não se trata de preço, mas sim do valor. Valor é algo muito subjetivo e varia de acordo com a pessoa 9 e seus gostos, com certeza você deve dar valor a algo que, para outros, não tem valor. Já o preço é quanto determinado item custa, ou seja, a quantia em dinheiro que alguém paga por isso. Em linhas gerais, posso dizer para você que as pessoas pagam o preço somente por aquilo que percebem como um bom negócio ou benefício, ou seja, alguma coisa que acrescente ao que está intrínseco no produto, que é o valor (KOTLER, 2012). Acompanhem o raciocínio, o cliente vai escolher entre diferentes ofertas, de diferentes empresas, sempre considerando aquele que proporcionará o maior valor agregado. Assim, podemos dizer que valor se trata da relação entre a somatória de benefícios tangíveis e intangíveis que o produto oferece e a somatória dos custos financeiros e emocionais envolvidos na aquisição desse produto (COBRA, 2010). Então, de forma resumida, o valor é uma combinação de qualidade, serviço e preço, são esses três fatores que farão com que o cliente decida como o valor é percebido para ele. Dessa forma, quanto maior a percepção da qualidade/serviço e menor a percepção do preço, mais valor será percebido pelo cliente (KOTLER, 2012). Assim, a criação de valor para o cliente é a atividade mercadológica mais importante ao estabelecer relacionamento com o cliente. Com isso, as vendas seriam apenas consequência desta criação de percepção de valor por parte dos nossos clientes. Nesse sentido, as empresas buscam focar seus esforços na criação e manutenção de relacionamentos mais próximos com os seus clientes e esse relacionamento tende a criar valor para as pessoas. 1.2 Conceitos de marketing de relacionamento É cada vez mais imperativo que as empresas apostem no seu relacionamento com os clientes, e, dessa forma, o marketing de relacionamento se tornou uma ferramenta essencial. Essa expressão, marketing de relacionamento, atualmente abrange uma ampla variedade de atividades realizadas pelas empresas para estimular a repetição da compra (PALMER, 2006). 10 No entanto, ainda temos muita confusão sobre o marketing de relacionamento, em um cenário em que muitos profissionais ainda reduzem as suas atividades com as ferramentas de CRM (do inglês, Customer Relationship Management). Marketing de relacionamento Fonte: https://img.freepik.com/fotos-gratis/executivos-do-aperto-de-mao-negocio- saudacao-no-trabalho_1150-645.jpg?size=626&ext=jpg Hoje em dia, tem-se, no mercado, uma infinidade de softwares que analisam e cruzam esses dados, bem como fornecem informações sobre os clientes para que as empresas estreitem o seu relacionamento com os clientes. Vocabula rio CRM: trata-se de uma ferramenta para cadastro de clientes, atendimentos, suporte técnico, vendas, marketing, serviço ao cliente, entre outros. É uma plataforma muito utilizada pelas empresas para auxiliar os funcionários a organizarem informações sobre os seus clientes e vendas. No entanto, o relacionamento com o cliente vai muito além de uma simples análise de dados em um software, pois é necessário estabelecer um modo de fazer negócios que começa dentro da empresa, com o envolvimento de todos os 11 atores envolvidos na criação de valor para o cliente (colaboradores, diretoria, fornecedores). O relacionamento com o cliente é algo amplo e tem como objetivo o desenvolvimento de um serviço sobre o qual será estabelecido o relacionamento. Assim, há a preocupação em personalizar o relacionamento de forma individualizada e ampliar o serviço principal com outros benefícios. Além disso, também há a preocupação em formar preços que estimulem a lealdade do cliente e comunicar-se de forma efetiva com os colaboradores, para que estes tenham melhor desempenho ao se relacionar com os clientes. (BERRY, 1995). Dessa forma, o envolvimento dos colaboradores e o fortalecimento de atitudes voltadas ao relacionamento com o cliente são essenciais. Isso porque o essencial para o marketing de relacionamento é a ideia de que será muito mais rentável e menos custoso vender mais para os mesmos clientes, do que o esforço para atrair novos clientes. Além disso, se faz muito importante atentarmos para a ideia de estabelecer contatos mais próximos com os clientes atuais, ou seja, uma maior interação das redes de relacionamento (GUMMESSON, 2010). Não estou dizendo aqui que não devemos buscar novos clientes, mas o correto é estabelecermos critérios para isso, de acordo com o potencial destes novos clientes. Quando o relacionamento com o cliente está sedimentado, a empresa deve buscar o que chamamos de ações up selling ou cross selling que, por definição, são: Up Selling: oferecer o mesmo produto de forma contínua e melhorada (recompra); Cross Selling: oferecer outros produtos do portfólio da empresa para o mesmo cliente (compra de outros produtos da empresa). Assim, em relação ao objetivo de ações mercadológicas voltadas para o relacionamento com o cliente, não se trata de vender mais para o maior número de clientes, mas sim, vender mais para cada cliente atual. Para isso, precisamos 12 conhecer a fundo quais são as necessidades de nossos clientes, para estimularmos a compra. A isso chamamos de processo de fidelização de clientes. No entanto, a fidelização não se trata de uma obrigação contratual, mas onde o cliente é fiel a um produto ou serviço por vontade própria ao perceberque há naquele produto ou serviço benefícios que o farão se esforçar mais para obtê-lo, independentemente do preço. Outra confusão muito comum é confundir fidelização com promoção. Muitas empresas acabam adotando ações promocionais como forma de fidelização. Um exemplo dessa confusão são os programas de milhagem que envolvem o acúmulo de pontos para trocar futuramente por produtos ou serviços. Mas isso não pode ser considerado uma forma de fidelização, pois um cliente acaba buscando ter múltiplos “cartões fidelidade” de empresas concorrentes. Ou seja, se um mesmo cliente consome produtos concorrentes tendo em vista somente a promoção, isso não se trata de fidelização. Espero que você tenha percebido até aqui que a fidelização pelo relacionamento não é algo simples. Isso porque estamos lidando com pessoas que apresentam perfis de consumo distintos, de acordo com suas características pessoais, personalidades e formação. Por isso, sempre que estamos lidando diretamente com pessoas e suas individualidades, temos que considerar essas particularidades. 1.3 Práticas gerenciais: marketing de relacionamento como filosofia O marketing de relacionamento é uma filosofia de negócios, ou seja, uma forma de desenvolver estratégias para atuação em determinados mercados. Devemos sempre buscar uma visão apurada do contexto social no qual estamos atuando, bem como as suas necessidades e desejos. Reforço que marketing não se limita somente à publicidade e vendas, estas atividades estão inseridas dentro de um contexto muito mais amplo de se pensar a atividade mercadológica dentro das empresas. Quando olhamos as pesquisas de mercado atualmente, percebemos que elas são extremamente profissionais e técnicas, buscando apenas se atentar à 13 frieza dos números e análises estatísticas robustas, que pouco exploram as particularidades das pessoas e dos grupos sociais ao qual pertencem. Assim, temos que buscar uma filosofia de atuação mercadológica, tendo como base uma maior aproximação com o cliente, que será essencial para que objetivos da nossa empresa sejam alcançados. Com esse pensamento, temos que as atividades de marketing de uma empresa devem apresentar uma maior aproximação com o perfil e as características dos consumidores, fazendo com que tenhamos análises mais subjetivas. Dessa forma, não se trata de nenhum absurdo pensar em uma filosofia de negócios voltada para o lado humano do consumo, uma vez que o ser humano, enquanto consumidor, é o cerne do mercado e das empresas. As atividades mercadológicas vão trazer os clientes para o centro das considerações empresariais. Nesse sentido, conseguimos repensar questões básicas, ou seja, devemos entender as necessidades dos clientes, buscar formas para respondê- las e procurar novas oportunidades de mercado. Em uma organização que está orientada para o cliente, esses valores são sugeridos internamente, para influenciar o comportamento dos colaboradores (PALMER, 2006). Quando temos o estabelecimento dessa relação é que fica mais evidente o marketing de relacionamento. Os gestores de marketing perceberam isso e, atualmente, buscam estabelecer o foco das ações mercadológicas das empresas para o cliente. Importante Obviamente, não podemos deixar de lado os aspectos instrumentais e as técnicas de marketing, como a pesquisa aplicada. No entanto, devemos lembrar sempre que o contexto social deve prevalecer, já que o foco das ações das empresas são as pessoas (URDAN, 2013 p. 18). Dessa forma, esta visão filosófica do marketing não descarta os processos de troca e gerenciais. Essas três concepções são complementares na tarefa de conquistar, satisfazer e gerar resultados, mantendo os clientes em nossas empresas, conforme a figura abaixo: 14 Três concepções de marketing: troca, filosofia e processo Fonte: PALMER (2006), adaptado pelo DI (2019). Devemos observar sempre que há a necessidade de termos uma estrutura administrativa que permita o processo gerencial, com o objetivo de estabelecer a troca de produtos e serviços por um relacionamento duradouro entre a empresa e o cliente. No entanto, o sucesso dessa ação não pode deixar de lado o que entendemos como uma filosofia mercadológica empresarial. Esse processo de troca sempre será essencial para que os objetivos empresariais sejam atingidos, mas a forma como as trocas são efetuadas se torna a questão mais importante. Assim, posso definir para você que o principal objetivo do gestor de marketing está relacionado ao processo de criação, desenvolvimento e manutenção das trocas entre os clientes e as empresas, atendendo às necessidades de ambos e tendo como base os desejos do mercado consumidor. As atividades gerenciais são importantes para manter a empresa e o controle dos negócios. É importante que tenhamos departamentos bem estruturados, que enxerguem a empresa como um todo, criando programas que envolvam toda a empresa desde a entrada de insumos até o relacionamento pós-venda. Três concepções de marketing Troca Filosofia empresarial Processo gerencial 15 O trabalho do marketing de relacionamento atua em todas as etapas da criação de uma solução para o cliente, independentemente dessa solução ser um produto ou um serviço indo ao encontro das necessidades e desejos dos clientes e do fortalecimento do relacionamento entre ambos (URDAN, 2013). Com o estabelecimento de uma filosofia de marketing, estamos criando valor para o mercado, solucionando problemas e atendendo as necessidades de nossos clientes. Com isso, conseguimos estabelecer relacionamentos de longo prazo com nossos consumidores. Dessa forma, devemos sempre entender o mercado, ou seja, quais são suas necessidades para podermos criar estratégias voltadas para os clientes, desenvolvendo programas que criem valor para o mercado, construindo esses relacionamentos, tendo sempre como objetivo de entender e atender o que o cliente considera como valor. Modelo simplificado do processo de marketing Fonte: Kotler e Armstrong (2007), adaptado pelo DI (2019). 1.4 Produtos e serviços É fato que qualquer empresa, não importando o seu tamanho, tipo ou formato, terá que vender um produto ou serviço e esse é o ponto central de seu negócio. Essas relações de troca só podem ocorrer pela venda de produtos ou serviços. No entanto, devemos entender produtos de uma forma mais abrangente. De uma forma geral, produto é aquilo que a empresa oferece para um mercado, com o objetivo de atender um desejo ou uma necessidade. Geralmente, esse Entender o mercado, as necessidades e desejos do cliente Elaborar uma estratégia de marketing orientada para os clientes Desenvolver um programa de marketing integrado que proporcione valor superior Construir relacionamentos lucrativos e criar o encantamento dos clientes Capturar valor dos clientes para gerar lucro e qualidade para eles 16 produto faz parte de um portfólio de produtos que deve ser muito bem analisado pela empresa. Vale ressaltar que um produto não está restrito a algo tangível (bem físico). Dessa forma, podemos ampliar o conceito de produto para um serviço, uma experiência, um evento, um lugar ou as próprias empresas. O conceito de produto significa muito mais e pode ser definido como quaisquer itens, tangíveis ou intangíveis, que satisfaçam a necessidade de um determinado cliente (PALMER, 2006). Independentemente de ser tangível ou intangível, uma ideia ou um serviço, o que o gestor de marketing deve perceber é a geração de valor para o cliente. Este é um dos principais pontos a serem observados nas atividades mercadológicas e passa pelo planejamento das estratégias, em um contexto em que os produtos devem ser especificados conforme o posicionamento adotado. Ressalto para você que as pessoas não compram apenas os produtos,mas também vão analisar quais são os benefícios que aquele produto consumido irá oferecer. Lembre-se de que os nossos clientes compram “valor” e pagarão um “preço” por ele, mas o que devemos considerar é que as pessoas sempre vão associar o produto comprado ao valor ou benefício que ele entrega. 1.4.1 Características e classificações de produtos e serviços O portfólio de produtos da empresa e cada produto presente nele devem ser classificados de acordo com as características que vão causar o sucesso da oferta que a empresa está fazendo no mercado. Desse modo, a forma de se classificar os produtos, em um contexto mercadológico, é muito importante para que tenhamos condições de destinar os produtos corretos para atendimento dos anseios de nossos clientes. As formas mais básicas de classificarmos os produtos levando em consideração suas características. Posso afirmar que cada produto demanda uma estratégia de classificação adequada, de acordo com o composto de marketing. Assim, podemos classificar os produtos de acordo com a sua durabilidade, tangibilidade e uso (KOTLER, 2006). Inicialmente, vou explicar aqui a forma de classificação quanto à durabilidade e tangibilidade: 17 Bens não duráveis: são os bens tangíveis que são consumidos em uma quantidade reduzida de vezes como, por exemplo, chocolate ou pasta de dente. Esses bens são consumidos de forma rápida e adquiridos com maior frequência, pois não apresentam durabilidade. Tratam-se de produtos encontrados facilmente e disponibilizados em muitos locais. Atento para o fato de que esses produtos apresentam margens menores de lucro no varejo e necessitam de muita propaganda, com anúncios em massa; Bens duráveis: são bens que se usam por um período maior de tempo, pois apresentam uma durabilidade maior. Como exemplo, automóveis, roupas e eletrodomésticos. São produtos adquiridos por venda personalizada e que precisam apresentar algum nível de serviço. As margens de lucro são maiores, mas exigem garantias do fabricante em termos de qualidade e serviço; Serviços: aqui temos produtos intangíveis, que apresentam algumas características peculiares, tais como: inseparabilidade, variabilidade e perecibilidade. Exigem mais cuidado com o critério de qualidade, pois a credibilidade e a adaptabilidade são seus maiores atributos. Agora, quanto ao uso, podemos classificar os bens como de consumo e industriais. Os bens de consumo são de quatro tipos: conveniência, compra comparada, especialidade e não procurados. Já os bens industriais podem ser classificados segundo seu custo relativo e o modo como entram no processo de produção e se dividem em materiais/peças, bens de capital e suprimentos. Na sequência, serão apresentados definições e exemplos de cada um deles. Os bens de conveniência são aqueles produtos comprados com maior frequência, de acordo com sua conveniência. As principais características desse tipo de produtos são o imediatismo e o mínimo de esforço que o consumidor tem para encontrá-los. Podemos dividir aqui também em produtos básicos, de impulso e de emergência: 18 Bens básicos: são aqueles comprados com maior regularidade e com um certo planejamento. Por exemplo: um cliente pode comprar regularmente creme dental, sabonete, arroz, feijão, entre outros; Bens de impulso: são comprados sem planejamento prévio ou esforço de busca, como chocolates, revistas, refrigerantes, entre outros; Bens de emergência: são comprados quando surge uma necessidade urgente, como guarda-chuvas durante uma tempestade. Vale ressaltar que empresas que comercializam bens de impulso e de emergência devem procurar expor esses produtos em locais onde os consumidores possam ser estimulados a comprá-los ou encontrá-los quando precisarem (KOTLER, 2012). Já os bens de compra comparada são aqueles que os clientes costumam estabelecer comparações de acordo com o atendimento de suas necessidades. Os principais atributos observados são: qualidade, preço e modelo. Nesta categoria, estão os automóveis, eletrodomésticos e roupas. Além disso, esse tipo de bem pode ter sua compra comparada de forma homogênea ou heterogênea: Homogênea: esses bens se assemelham em qualidade, no entanto, apresentam uma diferença significativa de preço para justificar as comparações de compra; Heterogêneos: esses bens se diferem em outros atributos e serviços relacionados ao produto, que tende a ser mais importante que o preço. Já os bens de especialidade são produtos que vão apresentar características semelhantes e particulares com as quais os clientes os identificam e, assim, farão esforços adicionais para adquiri-los. Sendo um 19 produto considerado especial, apresentará poucas características de comparação, pois os compradores os conhecem justamente por especialidade. Como exemplo, posso citar uma Ferrari, pois os compradores farão um esforço para comprá-la. Vale ressaltar que os bens de especialidade estão direcionados para clientes também especiais, isto é, os clientes que têm identificação com a marca e recursos suficientes para adquiri-los. Vale ressaltar que esse tipo de bem não envolve comparações. Isso porque os clientes investem tempo e energia para chegar aos revendedores que dispõem dos produtos desejados. Não é necessário que os vendedores estejam convenientemente localizados, mas deve-se fazer com que os compradores potenciais saibam encontrá-los (KOTLER, 2012). Os bens não procurados podem ser definidos como produtos/serviços que os consumidores não pensam em comprar e, até mesmo, não gostariam de comprar, mas que, em algum momento, serão consumidos. Como exemplo desse tipo de bem, é possível citar: seguros de vida, seguros contra incêndio, jazigos, entre outros. A característica particular desse bem é que ele vai demandar um maior esforço de comunicação para que os consumidores o comprem. Os bens industriais são subdivididos em: Materiais e peças: bens que são necessários para a manufatura de produtos. Podemos subdividir esse tipo em matérias-primas e peças manufaturadas. Existem ainda outras subdivisões que consideram o tipo de matéria-prima e de componentes que o bem apresenta; Bens de capital: servem para manter certo grau de gerenciamento da produção, ou seja, são necessários para que ocorra a produção. São as instalações e equipamentos que a empresa possui para transformação de materiais e peças; Suprimentos e serviços empresariais: são todos os serviços necessários para que ocorra a produção e os suprimentos básicos que cumprem a mesma função. Por exemplo: tinta, pregos (itens 20 de manutenção e reparo); papel, caneta e todos os chamados materiais de expediente (suprimentos operacionais). O gestor de marketing também deve observar para além dessas classificações que servem como parâmetro para organização das atividades empresariais. Destaco aqui duas dimensões muito importantes no contexto mercadológico e que devem ser observadas: o grau de envolvimento e de disponibilidade do produto. O envolvimento pode ser baixo (uma bala) ou alto (um automóvel) e o grau de disponibilidade do produto está relacionado ao esforço que nosso cliente tem para obter o produto. 1.4.2 Análise de portfólio de produtos e serviços Uma das decisões mais importantes que devemos tomar quando tratamos de relacionamento com o cliente é a forma de avaliar o portfólio de produtos/serviços da empresa, que está relacionada aos produtos que serão oferecidos pela empresa a seu cliente. Aqui temos algo essencial para a tomada de decisões mercadológicas da empresa. É preciso saber como funcionam as vendas da empresa, qual o nível desejado de rentabilidade e o perfil do nosso cliente para cada item que estamos disponibilizando no mercado. Isso faz com que tenhamos melhoresdecisões sobre aumentar, manter, recuar ou eliminar a oferta no mercado. Para fazermos essa avaliação com assertividade, precisamos identificar e analisar a sua abrangência, extensão, profundidade e consistência do nosso mix de produtos. Isso porque a empresa que conseguir dominar seu portfólio de produtos terá um maior nível de competitividade quando comparado aos seus concorrentes. Dessa forma, estará mais apta para gerenciar as mudanças necessárias de forma mais efetiva e com um tempo menor de resposta. Essa agilidade deve estar sempre alinhada com a capacidade produtiva ou de organização do serviço e vai estabelecer a velocidade de reação de uma empresa a um ataque ou ação da concorrência. 21 1.4.3 Níveis de produtos e serviços Você, enquanto gestor de marketing, deve saber em qual nível seu o produto deve ser oferecido ao mercado, tendo em vista que produto é o que vamos ofertar ao mercado para satisfazer as necessidades de nossos compradores. Dessa forma, podemos estabelecer uma hierarquia de valor para o cliente, ou seja, o somatório do produto em todos os possíveis níveis. Tenha em mente que cada nível de produto vai agregar mais valor para o cliente, assim, temos os cinco níveis que vão constituir uma hierarquia de valor para o cliente. (KOTLER, 2012). Esses níveis estão relacionados aos produtos. Primeiro, temos o benefício central, depois: produto básico, produto esperado, produto ampliado e produto potencial. Estes cinco níveis irão compor o conceito do produto total, como você pode observar na figura a seguir (KOTLER, 2012): Cinco níveis dos produtos Fonte: Kotler (2012). O primeiro nível é o mais elementar de qualquer produto e se trata do benefício central, ou seja, o que o consumidor realmente está comprando. Por 22 exemplo, quando compramos uma passagem de avião, o que esperamos basicamente é irmos de um ponto “A” para um ponto “B”. Aqui temos o benefício central do produto/serviço. A partir do momento em que o benefício central oferecido pelo produto foi definido, devemos fazer com que esse benefício seja configurado em um produto básico. Usando o mesmo exemplo da passagem aérea, temos que nosso produto básico se trata da viagem de avião em si, assim, o produto/serviço oferecido necessita que tenhamos, pelo menos, um avião para a viagem. No terceiro nível, preparamos o produto esperado, ou seja, vamos criar um produto/serviço que possua os atributos, sejam eles tangíveis ou intangíveis, que são esperados pelo nosso cliente. Assim, nosso cliente vai esperar que não ocorram atrasos no voo, bem como espera que tenha segurança no avião, um serviço de bordo adequado, dentre outras coisas. Para o quarto nível, devemos ter a perspectiva do produto ampliado, ou seja, vamos buscar exceder as expectativas de nossos clientes, oferecendo a ele mais do que o que ele está esperando. Assim, podemos oferecer cardápio variado no serviço de bordo, opções de entretenimento (como filmes e músicas), traslados do aeroporto, entre outros. Devido à competitividade, independentemente do segmento de mercado em que se atua, há a necessidade de observarmos essas questões. Fatores como o menor poder aquisitivo em mercados emergentes e menor exigência do consumidor em mercados menos desenvolvidos devem ser levados em consideração. Além disso, temos que considerar o fato de que mercados com muita demanda fazem os consumidores terem um desejo de consumo por impulso e, também, muitas vezes se trata da primeira oportunidade que estão tendo de adquirir o produto/serviço em suas vidas. No entanto, quando estamos lidando com mercados mais consolidados, devemos buscar oferecer produtos diferenciados ou produtos ampliados. Neste nível, é onde está a maior demanda e os consumidores são mais exigentes quando avaliam a relação dos benefícios que o produto traz, ou seja, qual o valor percebido por ele. Lembre-se: a diferenciação e a competitividade da empresa dependem, cada vez mais, da ampliação do produto ofertado. Dessa forma, você deve 23 analisar como funciona o consumo de seu cliente, em outras palavras, entender como o usuário obtém e usa bens e serviços. Ressalto, porém, que o processo de ampliação do produto vai agregar custo e os benefícios ampliados vão passar a serem percebidos como benefícios esperados, fazendo com que tenhamos que sempre buscar novas formas de diferenciação (KOTLER, 2012). Por fim, temos o quinto nível, que trata do produto potencial. Este nível engloba as melhorias possíveis de serem realizadas futuramente para continuar o processo de diferenciação do produto. Se trata daquele “algo a mais” que as empresas vão oferecer, mas que não foram relacionadas ao produto inicialmente. Nesse ponto, espero que você já tenha notado que os produtos e seus níveis vão depender do comportamento do mercado, ou seja, o quão estável ele se configura e o quão exigente ele é. Devemos sempre estar atentos ao comportamento dos mercados, para que possamos identificar as oportunidades de ofertar o produto certo e no momento adequado para seu público-alvo. 1.5 Endomarketing Quando falamos de empresas e mercados, temos um fator comum a essas duas questões: são formadas por pessoas, assim, temos o público externo, formado por clientes, fornecedores, representantes, varejistas, entre outros, que são atores importantes para o atingimento dos objetivos mercadológicos de uma empresa, ao mesmo tempo, temos o público interno, nossos colaboradores, que são o foco das ações relacionadas ao endomarketing. Nossos colaboradores são essenciais para que possamos atingir os resultados empresariais esperados, pois são as suas competências que determinarão a força e solidez da empresa (PALMER, 2006). São os colaboradores que refletem o marketing interno e são fundamentais para o sucesso empresarial. Assim, posso dizer para você que as ações mercadológicas da empresa serão tão boas quanto as pessoas que fazem parte dela. 24 Marketing interno Fonte: https://nectar.inf.br/wp-content/uploads/2017/11/97-380x250.jpg Além disso, devemos considerar o fato de que as empresas devem enxergar os clientes enquanto pessoas, compreendendo os aspectos de suas vidas em toda sua plenitude e não como alguém que simplesmente consome seus produtos (KOTLER, 2012). É comum o contato dos colaboradores de uma empresa, em maior ou menor grau e, quanto maior esse contato, mais a empresa tem capacidade de agir estrategicamente de acordo com os anseios dos clientes, pois toda a interação com eles é feita por pessoas. Em uma indústria, os colaboradores têm pouco ou quase nenhum contato com os clientes. No entanto, a execução de seu trabalho vai se refletir na satisfação destes. Nesses casos, o setor de marketing deve atuar conjuntamente com a gestão de recursos humanos, para que se possa selecionar e treinar os colaboradores de forma a desenvolverem suas tarefas alinhadas aos objetivos da empresa (PALMER, 2006). A eficácia das ações mercadológicas é condicionada pelas ações dos colaboradores, sobretudo aqueles que estão na linha de frente interagindo com os clientes. Na indústria automobilística, por exemplo, os colaboradores da produção não são vistos pelos clientes, o que faz com que tenham menor impacto sobre o 25 cliente final. Porém, em um restaurante, os garçons vão influenciar a percepção dos clientes em relação aos benefícios que são oferecidos (PALMER, 2006). Dessa forma, se faz importante na gestão mercadológica termos estratégias relativas às pessoas, tendo em vista que são elas que efetuarão as negociações em nome da empresa e, por estarmos em um cenário cada vez mais competitivo, devemos buscar formas de nos relacionarmos mais estreitamente com os clientes, com o auxílio de nossos colaboradores. Partindo dessa premissa, você deve semprebuscar apoio no setor de gestão de pessoas da empresa, para poder desenvolver a capacidade de responder a algumas questões: Quais habilidades são necessárias para quem atua diretamente com o nosso cliente? Como esses colaboradores devem ser recrutados, treinados, monitorados e premiados? Assim, toda a comunicação interna vai auxiliar o processo de endomarketing, fazendo com que os valores da empresa sejam assimilados pelo seu público interno. Ressalto que é praticamente impossível apresentarmos resultados satisfatórios sem o processo de marketing interno (LAS CASAS, 2000). Dessa forma, devemos estabelecer iniciativas que possibilitem o diálogo entre a empresa e seus colaboradores, fazendo com que estes sejam peças estratégicas na gestão mercadológica. Para isso, a comunicação interna vem para facilitar o processo de comunicação. Conclusão da aula 1 Nesta aula, foram abordados os fundamentos do marketing e do relacionamento com o cliente, explorando alguns conceitos-chave e termos que são comumente utilizados pelos profissionais de mercado. Mesmo que de forma básica e breve, a elucidação destes termos é uma oportunidade para que você se familiarize com a disciplina e que, na continuidade de seus estudos, facilite seu entendimento sobre questões mais pontuais. 26 Também abordamos aqui uma questão muito importante: a visão subjetiva e filosófica do marketing, como forma de fazer negócios. E, por fim, foram desmistificados alguns equívocos comuns que observei ao longo dos anos, trabalhando e ministrando aulas na área. Atividade de Aprendizagem Discorra sobre as seguintes questões: a que se atribui o aumento da importância da área de marketing nas últimas décadas? Explique a importância do conceito de valor percebido pelo cliente para o estabelecimento de estratégias de marketing. Aula 2 – Tecnologias do marketing de relacionamento: comunicação integrada Apresentação da aula 2 A comunicação empresarial é cada vez mais estratégica dentro das empresas, devido ao fato de que vários fatores causaram uma intensa renovação dos processos e formas de comunicação. Atualmente, temos o crescimento significativo da utilização das mídias digitais. Devo ressaltar para você que, além de tudo isso, nossos clientes evoluíram nas formas como consomem seus produtos, levando em consideração, por exemplo, as recomendações feitas por usuários, como um novo mecanismo de comparação entre empresas concorrentes, de acordo com o nível de satisfação dos clientes. Essas novas formas de comunicação empresarial indicam que a comunicação deve traduzir a missão e a visão da empresa. A comunicação deve ser a mais transparente possível, sempre estando alinhada com os elementos que formam o produto e outros fatores (como o preço e a distribuição). Isso quer dizer que a comunicação da empresa deve estar voltada para a integração do processo mercadológico. 27 Tendo isso em mente, nesta aula vou apresentar para você formas de realizar essa comunicação integrada e quais são as ferramentas que fazem parte desse processo. Também serão apresentados os elementos essenciais para elaborar uma comunicação integrada de marketing. 2.1 Comunicação integrada de marketing Em relação à comunicação integrada de marketing e sua aplicação, temos que avaliar que, a cada dia, a evolução tecnológica oferece mais recursos para permanecermos conectados. Com isso, as formas de comunicação já não têm uma identidade única, pois agora estão também pautadas em questões tecnológicas para a sua transmissão. No entanto, não é a tecnologia em si que dita as mudanças em nossa sociedade, mas sim a forma como as pessoas se apropriam dela, adequando- as ao seu cotidiano. Por exemplo, posso citar para você a forma como utilizamos nossas televisões atualmente. A partir do momento em que se consegue a interação da TV com a internet, muda-se a forma de consumir entretenimento, respondendo às necessidades de cada um na utilização de seus recursos. Ví deo Assista ao filme Os Desconectados (2012), que mostra como a sociedade contemporânea utiliza os diversos dispositivos criados para servir de suporte para um universo quase incalculável de conteúdo para todos os tipos de consumidores. Trailer disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Ye0T7Ts6Uw8 Outro exemplo é o jornal impresso, que vem migrando seus conteúdos para plataformas digitais, mas que, por sua característica essencial (impresso em papel), permite a utilização de tecnologias como o QR Code. Também temos, em grandes shoppings e redes de supermercados, a utilização de totens interativos, fornecendo informações sobre os produtos ou serviços que são disponibilizados e que possibilitam novas experiências para os consumidores. 28 Saiba Mais QR Code deriva do termo em inglês Quick Response – resposta rápida. É constituído por códigos de barras bidimensionais, que permitem a decodificação de centenas de informações binárias (JENKINS, 2009). Assim, são imagens que, ao serem visualizadas por câmeras de celulares que possuem aplicativos para decodificação, permitem ao leitor acessar informações adicionais, como sites e imagens construídas com a tecnologia da Realidade Aumentada. A partir do momento em que as empresas aproveitam esse movimento tecnológico para agregar novas funcionalidades nas formas de comunicação integrada, podemos dizer que a comunicação integrada de marketing (CIM) se trata da forma integrada como utilizam-se as ferramentas de comunicação, sem que a mensagem seja alterada, visando atingir o consumidor em diferentes contatos. Vale ressaltar que os modelos de comunicação propostos para as ações mercadológicas não devem ser elementos isolados dentro da empresa. Assim, devemos sempre buscar o alinhamento com os outros elementos do composto de marketing (praça, preço e produto). Ou seja, para que o marketing cumpra a sua função na empresa, não basta contar com o melhor produto, pelo melhor preço e disponibilizá-lo da melhor forma. É essencial que nosso público-alvo conheça a nossa empresa pela comunicação” (LIMA, 2013). Dessa forma, podemos dizer que a comunicação de marketing representa a voz das empresas e de suas marcas, que buscam dialogar com seus consumidores (KOTLER, 2012). De forma complementar, posso dizer para você que toda a comunicação de marketing deve considerar os objetivos empresariais e temos cinco pontos essenciais para isso (PINHEIRO, 2009): Selecionar as ferramentas de comunicação integrada ajustadas com os objetivos e metas empresariais; Escolher as mídias que atinjam o público-alvo e garantam retorno; Definir quais são os pontos de contato do nosso produto com os clientes; 29 Estabelecer todo o planejamento e cronograma para integração das ferramentas e mídias; Manter a coerência e uniformidade do conteúdo com as mídias e ferramentas utilizadas. 2.2 Evolução dos meios de comunicação Estamos atravessando um momento na história da humanidade em que os constantes e intensos avanços tecnológicos acabaram promovendo mudanças radicais nas formas de comunicação. Isso pode ser observado, de forma prática, como uma mudança na forma como a comunicação ocorre de pessoas para pessoas e de empresas para pessoas. Assim, podemos citar ao menos dois pontos fundamentais que ilustram essa nova era da comunicação: O crescimento da internet e das redes sociais; A abertura dos mercados internacionais. A internet existe desde 1969, sendo inicialmente denominada “Arpanet”, nos EUA. No entanto, sua popularização e cobertura do território global é um fenômeno que começou nos anos 90 e se intensificou a partir dos anos 2000, como uma rede de comunicação. São evidentes os enormes benefícios que ela trouxe para os avanços científicos e, em consequência, na forma comoas pessoas se comunicam e obtêm informações que aproximam as empresas de seus consumidores, beneficiando-os por estas relações mais próximas. Para explorar melhor esse contexto, é necessário voltar um pouco no tempo. Na década de 50, com o surgimento da televisão, era oferecida uma chance de conhecermos novos produtos e serviços que estavam surgindo. Nesse ponto da história, a comunicação configurava-se como um modelo de via única, formada por três elementos: emissor – meio – receptor. Nesse modelo, o emissor era a empresa que transmitia sua mensagem para o receptor (audiência/sociedade/consumidor), em um contexto em que ele estava numa posição inerte do processo, ou seja, sua função era somente receber a mensagem (SANTAELLA, 1996). 30 Com o passar do tempo, as formas de respostas para o consumidor foram sendo aprimoradas com a utilização de caixas postais para envio de malas diretas e centrais telefônicas. Mesmo com um leve incentivo para ouvir os consumidores, a comunicação era, basicamente, centralizada nas empresas. Atualmente, temos a interatividade na internet, que se torna um argumento de venda (PRIMO, 2003). Com a popularização das redes sociais, os consumidores passaram a fazer parte do processo de comunicação de forma mais ativa. Atualmente, consegue-se informações sobre qualquer produto/serviço pelo compartilhamento de publicações e comentários, em um cenário em que os usuários opinam sobre suas marcas preferidas e, também, reclamam em grupos para debate. Com o compartilhamento de opiniões, mais as opiniões de sua rede de relacionamento, o usuário está realizando o processo de comunicação para muitos. De certa maneira, a forma como consumimos conteúdos se alterou drasticamente e, ao utilizarem tais ferramentas, os clientes estão selecionando o que lhes interessa, acessando conteúdos relacionados diretamente ao que agrega valor para eles (SANTAELLA, 2004). Dessa forma, devemos nos atentar para a mudança nas formas de comunicação com o cliente, conforme a tecnologia evolui e alavanca as mudanças sociais. Devemos deixar de ser simples emissores de informação, para estabelecermos um diálogo participativo e colaborativo com nossos clientes. Com essas mudanças, não somente os consumidores são beneficiados, mas, as empresas que melhor aproveitarem essa possibilidade de diálogo e estreitarem o relacionamento com seu público também serão beneficiadas (KOTLER, 2010). 2.3 Ferramentas de comunicação integrada de marketing Quando estamos lidando com o processo de comunicação integrada de marketing, devemos lembrar que vamos utilizar uma diversidade de ferramentas 31 que possibilitem a transmissão das mensagens das empresas aos consumidores, bem como receber deles feedback. As ferramentas utilizadas serão escolhidas de acordo com os objetivos de comunicação que foram definidos no planejamento estratégico empresarial, bem como dos recursos disponíveis, do público que se pretende atingir com a comunicação e os objetivos mercadológicos estabelecidos. Vale ressaltar que devemos lançar mão da utilização da maior quantidade de ferramentas possíveis. Contudo, devemos estar atentos, pois isso pode gerar um movimento de clientes que não serão atendidos, dessa forma, o resultado pode não ser o esperado. Com isso, você deve entender que a comunicação integrada de marketing deve estar alinhada a todos os demais elementos que constituem o composto mercadológico, ou seja, nossos produtos devem estar condizentes com a qualidade comunicada e a quantidade em estoque deve ser suficiente para o atendimento da demanda no período. Partindo dessas premissas, escolher as ferramentas que serão utilizadas é essencial para a consecução dos objetivos estabelecidos. Como responsável pelo planejamento, você deverá escolher, entre outras opções, quais serão as suas ferramentas de comunicação (OGDEN, 2002; JENKINS, 2009): Publicidade e propaganda: são atividades que são reguladas por um conselho específico, que orientam como deve ser a relação entre empresas, agências e veículos de comunicação, por meio de normas específicas que devem ser seguidas pelo mercado; Relações públicas: é a ferramenta que promoverá a comunicação das organizações com seus públicos de interesse; Comunicação digital: aqui, a principal característica recai sobre as possibilidades de interação das diferentes mídias, com a utilização de plataformas digitais; Merchandising: nesta ferramenta, um dos responsáveis pela gestão dos estoques do fabricante lidará com o varejo e os 32 consumidores finais. Entre as técnicas mais utilizadas para garantia dos resultados do merchandising, a exposição dos produtos nas lojas é a mais comum; Promoção de vendas: a promoção de vendas possui objetivo de aumentar o volume de vendas ou promover vendas. Temos várias formas para incentivar os consumidores a comprarem, como a distribuição de amostras, degustações (com apoio do merchandising), sorteios e concursos; Assessoria de imprensa: esta ferramenta atua em conjunto com os veículos de comunicação, para promoção de notícias sobre a empresa e seus produtos/serviços; Comunicação interna: mesmo sem fins comerciais, essa ferramenta é muito importante, pois trata o colaborador como um dos principais públicos de interesse da empresa. Conclusão da aula 2 Nesta aula abordou-se a evolução das tecnologias de informação e a forma como elas afetaram a relação com o cliente. Mesmo que de forma básica e breve, vimos que a evolução tecnológica em curso fez com que as empresas tivessem que repensar toda sua forma de comunicação com o cliente, passando de um simples emissor de informações para um debatedor em tempo real sobre as características inerentes de seus produtos/serviços. Abordei aqui uma questão instrumental muito importante, que se trata da conceitualização das principais ferramentas de comunicação com o cliente, que são: publicidade e propaganda; relações públicas; comunicação digital; merchandising; promoção de vendas; assessoria de imprensa e comunicação interna. Em nossa próxima aula, veremos sobre como efetuar a gestão de nossos produtos e serviços, utilizando o ponto de vista do cliente. 33 Atividade de Aprendizagem Discorra sobre as seguintes questões: como podemos definir o que é posicionamento? Como efetuá-lo de forma a colaborar com a estratégia de marketing? Como estabelecer critérios para o estabelecimento de segmentações de mercado para produtos empresariais, tendo em vista a diferenciação? Aula 3 – Gestão de produtos e serviços com foco no cliente Apresentação da aula 3 Uma das questões mais importantes na análise do portfólio de produtos de uma empresa é a avaliação do Ciclo de Vida do Produto (POLIZEI, 2010). Todos os produtos têm um ciclo de vida, ou seja, nenhum produto fica estanque e igual para sempre (KELLER, 2006). Mesmo que hoje encontremos produtos que estão no mercado há décadas, eles com certeza já passaram por remodelações ou adaptações importantes em algum atributo (seja ele tangível ou intangível), em algum momento de seu ciclo de vida (KOTLER, 2010). É importante lembrar que esse conceito também pode ser aplicado a serviços com apenas algumas adaptações inerentes às suas características (LAS CASAS, 2013). 3.1 Ciclo de vida do produto Quando fazemos a análise do portfólio de produtos de uma empresa, é essencial que estejamos atentos à avaliação do ciclo de vida do produto. Isso é uma regra básica do marketing: todos os produtos apresentam um ciclo de vida, pois nenhum produto apresentará uma linearidade em sua penetração de mercado e, desse modo, são lançados e passam por períodos de crescimento e diminuição das vendas. Contudo, você deve estar se perguntando: e aqueles produtos que estão no mercado há décadas?Eles também estão sujeitos a este ciclo? Sim, estão. 34 Mesmo produtos que estão há muito tempo no mercado já sofreram com adequações ou adaptações importantes em alguns de seus atributos de percepção de valor para o cliente, em algum momento de sua atuação no mercado. Vale lembrar que essa linha de pensamento pode ser utilizada em serviços, ressaltando apenas algumas adaptações, de acordo com as suas características. Todo produto/serviço inicia em seu ciclo de origem, ou seja, desde a fase de seleção das ideias que vão originar o produto final, passando pelo desenvolvimento e teste de conceito, criação das estratégias de marketing, toda a análise do negócio e culminando na preparação final para a introdução do produto no mercado. Aqui, devemos ter bastante claro que, com o passar do tempo, o produto sofrerá alterações para adequação aos desejos e necessidades da demanda. Por isso, é necessário que façamos previsões sobre essas mudanças, com o intuito de manter a flexibilidade. Nesse sentido, devemos estar sempre atentos ao ambiente em que será lançado o produto. Depois de toda essa fase de preparação do produto, temos o ciclo de mercado. Estamos nos estágios de introdução, crescimento, maturidade e declínio do produto. Vamos sempre iniciar com lucro zerado para, em seguida, estabelecermos todos os custos e investimentos que serão necessários para a inserção do produto no mercado. Será a partir da fase de crescimento que o produto começará a apresentar lucros efetivamente, ou seja, que ele pagou todo o investimento feito e a empresa terá o saldo positivo. Para ilustrar melhor o Ciclo de Vida dos Produtos, peço que você analise a figura abaixo, para entendermos as peculiaridades de cada um dos estágios (KOTLER, 2012): 35 Ciclo de vida do produto Fonte: Kotler (2012). Introdução: se trata do período de baixo crescimento nas vendas, pois o produto está entrando no mercado. Não há lucros nesse estágio, devido aos custos com desenvolvimento e lançamento do produto; Crescimento: é o período em que há uma rápida aceitação do produto no mercado e uma melhoria na rentabilidade obtida com a comercialização; Maturidade: aqui, temos uma baixa no crescimento das vendas, pois o produto alcançou a aceitação da maior parte dos compradores potenciais. A lucratividade é estabilizada ou entra em declínio, caso enfrente um aumento da concorrência; Declínio: aqui as vendas apresentam uma queda vertiginosa e os lucros reduzem drasticamente. No entanto, cabe ressaltar que quando nosso produto chega ao estágio de maturidade, não necessariamente significa que entrará em declínio. Isso porque temos ferramentas mercadológicas que possibilitam as empresas a estabelecerem a diferenciação e o reposicionamento do produto no mercado. 36 Quando temos condições de reposicionar o produto no mercado, define- se que o produto apresenta um padrão de crescimento-queda-maturidade; ou de ciclo-novo ciclo; ou um padrão escalonado, conforme ilustra a figura a seguir: Ciclo de reposicionamento do produto Fonte: Kotler (2012). O pensamento acerca do conceito de ciclo de vida do produto é relativamente simples. No entanto, os gestores das empresas devem estar sempre atentos em relação ao comportamento e desempenho do produto no mercado em que está inserido, para que seja possível reagir e estabelecer formas de diferenciação e reposicionamento adequados, fazendo com que o produto continue sendo consumido. Isso quer dizer que sempre será possível prolongar a vida de um produto no mercado, temos várias empresas que fazem isso com maestria, tais como: Coca-Cola, Nestlè, Ford, dentre muitas outras. Mas isso só acontece quando são tomadas decisões acertadas e efetivas no que se refere ao marketing e ao relacionamento com o cliente. Como disse, todo produto terá sua curva de ciclo de vida, pois cada um apresenta características peculiares e pode atuar em mercados diferentes. Porém, são as decisões mercadológicas (aumentar, manter, recolher ou abandonar a oferta no mercado) que vão prolongar a vida do produto e necessitam de uma correta análise do portfólio, bem como de um planejamento mais adequado possível. 37 3.2 Avaliação da competitividade de produtos Estabelecer formas de avaliar a competitividade de produto é uma ferramenta muito valiosa quando buscamos desenvolver uma análise minuciosa do portfólio de produtos da empresa. Para fazer isso, o gestor de marketing inicia uma avaliação interna da forma como seus produtos estão se comportando no mercado e fazem uma comparação externa com os produtos concorrentes (KOTLER, 2012). O que devemos fazer, aqui, é estabelecer uma relação dos atributos (tangíveis ou intangíveis) para os produtos que se pretende analisar e realizar uma comparação com a concorrência. Depois disso, atribuímos pesos para cada um desses atributos, sempre levando em conta a importância que o consumidor dá para eles. Assim, podemos fazer uma avaliação inicial da competitividade de nossos produtos, mostrando quais atributos podem ser melhorados, o que merece mais investimentos e quais atributos são menos importantes para atender os desejos de nossos clientes. Outra ferramenta muito disseminada para análise do portfólio de produtos é a Matriz BCG (Boston Consulting Group). Essa matriz utiliza a participação relativa de mercado e a taxa de crescimento de mercado como critérios de tomada de decisão para investimentos. Assim, os produtos são classificados de acordo com a sua rentabilidade em: abacaxi (produtos problemáticos); vacas leiteiras (produtos geradores de caixa); em questionamento (produtos que são dúvidas) e estrelas (produtos que são uma promessa). Essa matriz nos proporciona muitas informações importantes para o processo de análise do portfólio de produtos. Veja a figura a seguir: 38 Matriz para análise de portfólio de produtos Fonte: Boston Consulting Group (1970). Em questionamento: é aquele produto que tem a pior característica quanto ao fluxo de caixa, pois exige altos investimentos e apresenta baixo retorno e baixa participação de mercado; Estrela: exige grandes investimentos e são líderes no mercado, gerando receita. Portanto, ficam, frequentemente, no equilíbrio quanto ao fluxo de caixa; Vaca leiteira: são aqueles em que o lucro e a geração de caixa deve ser alto. Como o crescimento do mercado é baixo, poucos investimentos deverão ser exigidos. Pode ser a base de uma empresa; Abacaxi: devem ser evitados e minimizados em uma empresa, porque, ou dão prejuízo ou, pelo menos, apenas pagam seus custos. São produtos que têm certa dose de sentimentalismo por parte da empresa, que não os retira do mercado. 39 Tendo isso em mente, são necessárias algumas considerações importantes sobre a matriz BCG. Primeiramente, a decisão de transformar um produto em questionamento em um produto estrela vai consumir uma alta quantidade de recursos financeiros para investimento em marketing. Além disso, para manter uma vaca leiteira gerando fluxo de caixa, será necessário desenvolver estratégias de fidelização de clientes continuamente. Por fim, com os abacaxis, devemos nos focar no fluxo de caixa de curto prazo e reduzir o investimento em promoção, a fim de maximizar a rentabilidade. Entretanto, sempre devemos buscar uma forma de descontinuar essa linha de produtos, antes que comece a gerar prejuízos para a sua manutenção. 3.3 Posicionamento de produtos Quando estamos nos referindo ao posicionamento de produtos, temos que ter em mente que se trata de como queremos que o cliente veja o nosso produto, em relação à própria empresa e em comparação com todos os outros produtos concorrentes, que satisfaçam as mesmas necessidades. Com isso, podemos perceber que o posicionamentodo produto é um elemento central quando se trata das estratégias de marketing, pois é pelo posicionamento que podemos definir o destino do produto no mercado e a forma como vai gerar o valor desejado pela empresa na cabeça do seu consumidor. Isto quer dizer que a criação de valor está diretamente relacionada ao posicionamento que a empresa pretende adotar com sua linha de produtos. Ressalto aqui, uma questão muito importante: será mais fácil posicionar uma oferta no mercado do que errar esse posicionamento e depois buscar reposicioná-la no mesmo mercado. Dessa forma, existe uma série de fatores que podem ser levados em consideração na hora de definir o posicionamento do produto. Primeiramente, vou falar para você sobre o posicionamento considerando um atributo (tangível ou intangível) que possa gerar uma vantagem perante a concorrência. Por exemplo, os produtos da Apple são posicionados levando em conta o atributo design. Além disso, um dos níveis do produto que podemos pensar como forma de posicionamento é o benefício central entregue por ele. Assim, uma empresa 40 pode se posicionar com base no benefício central do produto ou qualquer outro que seja valorizado pelo cliente. Por exemplo, a durabilidade do produto, a confiabilidade de um serviço ou o status proporcionado. Os produtos cumprem uma função e podem ser posicionados de acordo com isso, conforme a sua aplicação. A forma como esses são utilizados ou aplicados dá a possibilidade de posicioná-los a partir dessas dimensões. Por exemplo, um produto de limpeza que tenha a finalidade de polir objetos de ambiente doméstico pode ser adaptado também para o uso em escritórios, lojas ou em automóveis. Temos outros produtos que são posicionados na mente dos consumidores, de acordo com seus usuários. Aqui, a percepção será ajudada de acordo com a categoria de produtos a que se está buscando atingir. Por exemplo, um fixador de próteses dentárias, que será conhecido pelo usuário do produto, e a empresa tem uma série de itens em seu portfólio que são percebidos como sendo produtos para pessoas que usam próteses dentárias. Além disso, também temos empresas que se posicionam no mercado de acordo com as ações de seus concorrentes ou pelo líder de mercado. Assim, o produto acabará sendo conhecido conjuntamente com seu concorrente, como no caso dos produtos genéricos. Também podemos posicionar de acordo com a categoria de um produto, o que pode ser óbvio em alguns casos. O público-alvo tem a consciência de que, nos Estados Unidos, a Maybelline é uma marca líder em cosméticos, a Cherrios em cereais e assim por diante” (KOTLER, 2012). Em alguns casos, porém, a empresa se vê obrigada em reforçar a comunicação sobre a categoria a que um produto pertence. O exemplo mais frequente é de produtos que são inovadores ou que estão sendo lançados e precisam informar para o seu cliente a qual categoria pertencem. Ex: a Johnson & Johnson posiciona sua marca “cotonetes” como sinônimo da categoria de hastes flexíveis. Outra forma de posicionar os produtos é utilizando o binômio qualidade e preço. Essa forma de posicionamento se trata da mais comum, pois estará trabalhando com uma variável facilmente adaptável: o preço. Dessa forma, sempre teremos produtos que serão percebidos como mais caros ou mais baratos, de maior ou de pior qualidade. 41 Dentro dessa estratégia, gostaria de destacar que devemos levar em consideração questões que podem facilmente ser rejeitadas pelo consumidor, dependendo da sua experiência com o produto. Isso porque o atributo “qualidade” é muito subjetivo e vai ter uma ampla variação de interpretação, o que torna o posicionamento instável. 3.4 Diferenciação do produto Outro conceito essencial para as ações mercadológicas é o de diferenciação. A diferenciação pode ser definida como o ato de desenvolver um conjunto de características significativas no produto/serviço, para distinguir a oferta da empresa em relação a da concorrência (KOTLER; KELLER, 2007). Há muito senso comum quando se trata do tema diferenciação. No entanto, poucas empresas acabam realmente se diferenciando. É extremamente necessário que as empresas se diferenciem dos concorrentes, para que tenham condições de obter uma melhor posição de seu produto/serviço ou marca na mente dos consumidores. Diferenciação de produto Fonte: https://marketing-insider.eu/wp-content/uploads/2015/04/Differentiation.jpg Esse é um tema extremamente importante, que você deve dominar: uma empresa diferencia sua oferta para posicioná-la em um segmento estrategicamente adotado e protegido da concorrência (PORTER, 1986). 42 Também vale ressaltar que a diferenciação não está relacionada somente à tecnologia. Na realidade, se avaliarmos a competitividade de um produto, vamos observar que alguns dos pontos fortes apurados junto ao consumidor apresentam potencial para ser o diferencial deste produto ou serviço. Dessa forma, para diferenciar de forma adequada a sua oferta no mercado, a empresa precisa potencializar seus pontos fortes, fazendo com que estes se tornem os atributos mais importantes do produto. Conclusão da aula 3 Nesta aula foram abordados os principais elementos sobre como definir e analisar o portfólio de produtos de nossas empresas e diferenciação de produtos. Para que possamos proteger o nosso diferencial competitivo, desde que esse diferencial se trate de um atributo tangível, ele pode ser registrado nos órgãos competentes, de acordo com a chamada patente. Esta é uma forma de proteger a diferenciação da imitação da concorrência. Por definição, patentes se tratam dos direitos concedidos ao inventor que permitem que se obtenham lucros com suas invenções por um determinado período. Para obter uma patente, é necessário registrar a invenção e cumprir determinadas condições ou características previstas em lei (PALMER, 2006 p. 229). Podemos diferenciar nossos produtos no mercado por atributos físicos (tangível) ou intangíveis, de acordo com a capacidade de desenvolvimento desses atributos. Dessa forma, a empresa pode diferenciar sua oferta utilizando serviços prestados, relacionados ao produto. Também podemos nos diferenciar pelas pessoas envolvidas no processo de oferta desse produto ao mercado. Em nossa próxima aula, falaremos sobre os elementos essenciais do planejamento estratégico de marketing e todos os elementos que o compõem, extremamente necessários para uma boa gestão mercadológica. 43 Atividade de Aprendizagem Discorra a respeito das seguintes questões: explique como a matriz BCG contribui para a definição da estratégia de marketing. Explique as diferenças entre o gráfico de ciclo de vida do produto e o os gráficos do ciclo de reposicionamento do produto. Aula 4 – Planejamento estratégico de marketing de relacionamento Apresentação da aula 4 A tarefa de efetuar o planejamento é muito importante para as empresas. Porém, isso não é algo que é levado muito a sério na rotina empresarial e pouco se pratica dentro das empresas. São poucas as empresas que elaboram o planejamento, pois se trata de uma tarefa que demanda tempo dentro da própria instituição e nos diversos ambientes que a envolvem. A maioria dos empresários, sobretudo no Brasil, acaba partindo direto para a ação, antes de prever as circunstâncias envolvidas. Ou seja, não há planejamento, apenas se executam as mesmas tarefas repetidamente, dia após dia. Ao exercer essa repetição, você fica mais seguro de alguns elementos que fazem parte dessa tarefa e acabam criando zonas de conforto que nos impedem de aprender coisas novas, ou mesmo realizar nossas tarefas com maior eficiência. Importante O planejamento estratégico é extremamente necessário quando enfrentamos um cenário com opções diversas em um terreno desconhecido, com tempolimitado para resolver. Por isso, a principal tarefa do planejamento é a busca por informação, pois, assim, podemos tornar o cenário mais claro, ou seja, por meio da informação, poderemos optar por uma solução com maior assertividade. 44 A estratégia tem um papel fundamental na permanência de uma organização no mercado. É por ela que a organização vai conseguir se posicionar, ou seja, é como ela fará o direcionamento de suas ações para poder agir diante das ameaças da concorrência ou influenciar o ambiente competitivo (DA COSTA, 2010). O planejamento é caracterizado por ser um processo racional, centrado na alta cúpula da empresa, em um contexto em que os objetivos são essenciais na orientação, na avaliação do desempenho e na realização dos propósitos organizacionais, os quais devem ser coerentes com seu “perfil de potencialidades” (ANSOFF, 1977). De forma prática, podemos apontar que alguns utilizam o conhecimento de outros usuários para melhorar a qualidade de informação, com dados sobre trajetos alternativos, mudanças de sentido das ruas e opções de acomodação, transporte público e combustível, de forma estratégica. O planejamento estratégico também pode ser definido como as regras e diretrizes para decisão que orientam o processo de desenvolvimento de uma organização. Ele determina que as características específicas das estratégias de negócios são: (1) processo de formulação da estratégia estabelece as direções gerais nas quais a posição da empresa crescerá e se desenvolverá; (2) a formulação de estratégias deve basear-se em informações bastante agregadas e (3) o uso apropriado da estratégia exige feedback estratégico (ANSOFF, 1990). O planejamento pode ser definido pela análise de informações relevantes do presente e do passado para uma avaliação das ações futuras, ou seja, planejar é definir objetivos e meios para alcançá-los. Com o planejamento, a organização escolhe metas baseadas em estimativas e previsões, dando forma e direção aos esforços administrativos. Os objetivos do planejamento podem ser englobados em dois: determinar objetivos adequados e preparar mudanças novas e adaptadas (DA COSTA, 2010). 4.1 Definição de planejamento de marketing O planejamento de marketing se trata de uma função estratégica nas empresas, pois vai apontar as decisões a partir do cenário no qual a empresa se 45 encontra. Assim, a execução das estratégias deve atender os principais objetivos de marketing da empresa. Planejar é decidir agora o que vai se fazer mais tarde, incluindo como e quando vamos fazer isso. Sem um plano, não conseguimos fazer as coisas de forma efetiva e eficiente, porque não sabemos o que precisa ser feito ou como fazê-lo. No planejamento estratégico, os gerentes combinam os recursos de uma organização com as oportunidades de mercado a longo prazo (ETZEL, 2001). Os principais elementos do processo de gestão de marketing são as estratégias e os planos, capazes de orientar as atividades de marketing, em que é necessária uma abordagem sistêmica, que compreenda as mudanças e transformações que estão ocorrendo no mundo. A partir disso, podemos atribuir os seguintes princípios para o planejamento estratégico (KOTLER, 2012): Se trata de um processo, logo, nunca se apresenta em formato final, podendo assumir mudanças em seu percurso; Não se trata de um documento conceitual, mas um documento administrativo que guia a empresa em busca dos seus objetivos; Pode ser dividido em duas partes: a primeira sendo o planejamento estratégico e a segunda a execução do plano de marketing. A função de planejamento deve permear toda a empresa e, se necessário, poderá gerar outros planejamentos complementares; Na execução do planejamento, a empresa deverá estar aberta para a crítica, afinal, temos que conhecer, também, nossas fraquezas e ameaças. O planejamento deve prever cenários a longo prazo, ações a curto, médio e longo prazo. Dessa forma, quando o planejamento estratégico de marketing é realizado, é necessário que sigamos os seguintes passos: Descrição do cenário; Diagnóstico; Definição de estratégias; 46 Cronograma e planejamento de comunicação; Avaliação e controle das ações. Pesquise O Instituto para o desenvolvimento do varejo possui diversos dados de pesquisa e informações sobre o setor. As informações estão no site: www.idv.org.br. 4.2 Avaliação de cenários Primeiramente, temos que saber o que significa o termo “cenário” e tudo aquilo que o compõe. Quando tratamos de planejamento estratégico, cenário é a soma de fatores: econômicos, empresariais, concorrência, fornecedores, consumidores e tecnológico. A partir disso, devemos posicionar a empresa de acordo com esses parâmetros de comparação. Dessa forma, elaborar a construção do cenário vai se dividir entre descrição e análise interna e externa da empresa. A utilização de quadrantes de comparação com a concorrência, conforme a figura abaixo, pode nos auxiliar nesse processo (KOTLER, 2012). Quadrante de análise de cenário Fonte: adaptado de Kotler (2012). 47 O que podemos perceber nesse quadro é que ao localizar a empresa em um dos quadrantes, vamos assumir aquele posicionamento para ela. Isso significa que vamos ter mais claramente quem somos em relação aos fatores do quadrante. Assim, quando variamos os elementos em outros quadrantes, teremos a construção de um cenário para nosso negócio. Muito embora esse exercício facilite a visualização do cenário da empresa, não substitui a tarefa de execução da análise dos ambientes de marketing, que vai nos trazer informações mais precisas sobre as variáveis que podemos ou não interferir. O ambiente de marketing é dividido em dois. O primeiro é o macroambiente, ou ambiente externo, em que encontram-se as variáveis não controláveis, ou seja, a empresa deverá conhecer para lidar com suas alternâncias, porém, não há como interferir sobre esse ambiente, trazendo implicações sobre aspectos tecnológicos, econômicos, político-legais e socioculturais das organizações. O segundo é o microambiente, ou ambiente interno de marketing. Nele, temos como interferir, ajustando os elementos que o compõem, de acordo com as necessidades da empresa. Quando realizamos o planejamento de marketing, temos que analisar cada um desses ambientes, pois dessa análise serão criadas as estratégias de marketing (KOTLER, 2012). O ambiente empresarial Fonte: Kotler (2012), adaptado pelo autor (2019). 48 4.3 Análise da situação Após elaborarmos o relatório detalhado sobre os elementos que compõem cada um dos ambientes de marketing, vamos para a análise situacional da empresa. Essa análise pode ser elaborada pelo levantamento dos pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades, também conhecida como análise SWOT, que tem objetivo de oferecer informações estruturadas para o desenvolvimento de estratégias de marketing. A Matriz SWOT Fonte: Ansoff (1977). Para fazer a análise, devemos dividir todos os pontos fortes identificados na empresa em duas categorias: fatores externos, aqueles associados às oportunidades e fatores internos, associados às ameaças. Feito isso, faremos os mesmos procedimentos com os pontos fracos, ou seja, vamos dividir entre oportunidades e ameaças. Depois dessa sistematização, vamos construir uma matriz com quatro quadrantes, como na figura acima, e incluir os dois grupos de pontos fortes e os dois grupos de pontos fracos da empresa nos quatro quadrantes. 49 Para finalizar a análise do ambiente, vamos incluir informações sobre a empresa referentes ao mix de marketing e às diretrizes organizacionais da empresa. Para tanto, vamos descrever detalhadamente os produtos, as estratégias de preço, os canais de marketing e distribuição dos produtos e a promoção, além da
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