Buscar

urinalise_e_fluidos_biologicos_unidade_iii

Prévia do material em texto

URINÁLISE E FLUIDOS 
BIOLÓGICOS
UNIDADE III
FLUIDOS BIOLÓGICOS
Mobile User
Elaboração
Rebeca Confolonieri
Julio Cesar Pissuti Damalio
Ana Isabel de Camargo
Atualização
Rebeca Confolonieri
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO
UNIDADE III
FLUIDOS BIOLÓGICOS ...............................................................................................................5
CAPÍTULO 1 
FLUIDOS SEROSOS .............................................................................................................. 5
CAPÍTULO 2 
FLUIDO SEMINAL (SÊMEN) ................................................................................................ 15
CAPÍTULO 3 
FLUIDO AMNIÓTICO ......................................................................................................... 22
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................27
5
UNIDADE IIIFLUIDOS BIOLÓGICOS
CAPÍTULO 1 
FLUIDOS SEROSOS
1.1. Introdução
Na fisiologia, o termo fluido seroso é qualquer um dos vários fluidos corporais 
semelhantes ao soro, que são tipicamente amarelos pálidos e transparentes e de natureza 
benigna. O líquido preenche o interior das cavidades do corpo (Robbins et al., 2000).
O líquido seroso (LS) é aquele situado nas cavidades fechadas do organismo com a 
função de lubrificá-las, já que as superfícies entram em contato durante o movimento. 
Essas cavidades (pleural, pericárdica e peritoneal) são revestidas por duas membranas 
conhecidas como serosas. Uma delas reveste as paredes da cavidade (membrana parietal) 
e a outra cobre os órgãos do interior da cavidade (membrana visceral) (Figura 22).
Figura 22. Exemplo do espaço pleural que contém o líquido seroso.
 Pleura parietal 
(cobertura exterior) 
Cavidade pleural 
Pleura visceral 
(cobertura interior) 
Fonte: Robbins et al., 2000.
6
UNIDADE III | FLUIDOS BIOLÓGICOS
Normalmente, a quantidade do líquido seroso é pequena, pois as velocidades de 
produção e de reabsorção são proporcionais. O derrame desses líquidos é classificado 
em transudatos e exsudatos.
 » Transudatos são resultantes de um processo mecânico no qual ocorre 
um distúrbio sistêmico que resulta em um rompimento do equilíbrio entre 
filtração e reabsorção do líquido. É caracterizado pela baixa quantidade 
proteínas. É causado pelo aumento da pressão hidrostática ou redução 
das proteínas plasmáticas. As possíveis causas são insuficiência cardíaca, 
renal e hepática. Ele é o oposto do exsudato por não ser decorrente de um 
processo inflamatório. Possui até 3 ng/mL de proteína e baixa celularidade 
(Vargas; TEIXEIRA; MARCHI, 2004).
 » Exsudatos provêm de processos inflamatórios, ocorrendo, assim, 
comprometimento das membranas, inclusive infecções e neoplasias. Líquido 
com alto teor de proteínas séricas e leucócitos, produzido como reação a danos 
nos tecidos e vasos sanguíneos (Vargas; Teixeira; Marchi, 2004).
Tabela 5. Critérios de Light: diferença entre transudato e exsudato.
Parâmetros Transudatos Exsudatos
Relação entre proteína do líquido pleural e sérica. ≤ 0,5 > 0,5
Relação entre DHL do líquido pleural e sérica. ≤ 0,6 > 0,6
DHL no líquido pleural >2/3 do limite superior no soro. não sim
Fonte: Vargas; Teixeira; Marchi, 2004.
A presença de qualquer um dos três critérios de exsudato é suficiente para sua 
caracterização e a presença dos três critérios de transudato é necessária para sua 
caracterização (Vargas; Teixeira; Marchi, 2004).
1.2. Coleta
Os líquidos serosos são colhidos por aspiração com agulha nas respectivas cavidades. 
Os procedimentos são conhecidos como:
 » toracocentese: líquido pleural;
 » pericardiocentese: líquido pericárdico; e
 » paracentese: líquido peritoneal ou ascítico.
Geralmente, a quantidade colhida de cada líquido é grande para que cada alíquota fique 
disponível em cada seção do laboratório.
Mobile User
7
FLUIDOS BIOLÓGICOS | UNIDADE III
Para a contagem celular, é necessária uma amostra com anticoagulante; para a cultura, 
um tubo estéril; e para as análises bioquímicas, uma amostra heparinizada. Também 
é preciso colher uma amostra não heparinizada para a observação de coagulação 
espontânea.
 » A toracocentese é a remoção do líquido pleural da cavidade pleural com uma 
agulha e seringa. O indivíduo é posicionado sentado, com os braços levantados 
e apoiados. É aplicado anestésico local, o médico insere a agulha dentro da 
cavidade pleural e a amostra é retirada (Strasinger, 2009).
 » A pericardiocentese é o procedimento realizado para a drenagem do fluido 
pericárdico (derrame). Esse procedimento deve ser feito por médico experiente 
e, se possível, na unidade de hemodinâmica (Strasinger, 2009).
 » A paracentese está indicada para pessoas que sofram de patologias que 
tenham acumulado líquidos em grandes quantidades na cavidade abdominal 
(ascite). É um procedimento médico que consiste na retirada de líquido de 
uma cavidade do corpo por meio da punção com agulha (Strasinger, 2009).
1.3. Líquido pleural
O líquido pleural encontra-se na cavidade pleural, é lubrificante para o movimento 
de inspiração e expiração dos pulmões. É derivado do filtrado plasmático a partir de 
capilares sanguíneos nos pulmões. É encontrado em pequenas quantidades entre as 
camadas das pleuras – membranas que revestem a cavidade torácica e os pulmões 
(Abbas; Fausto; Kumar, 2010).
Uma variedade de condições e doenças pode provocar inflamação das pleuras (pleurite) 
e/ou acúmulo excessivo de líquido pleural (derrame pleural). A análise do líquido pleural 
é um grupo de exames que avaliam esse líquido para determinar a causa de seu aumento 
(Abbas; Fausto; Kumar, 2010).
As duas principais razões para o acúmulo de líquido no espaço pleural são (Abbas; 
Fausto; Kumar, 2010):
 » Um desequilíbrio entre a pressão do líquido no interior dos vasos sanguíneos (o 
que leva o líquido para fora dos vasos) e a quantidade de proteínas no sangue (o 
que mantém os líquidos nos vasos sanguíneos). Nesse caso, o líquido acumulado 
é denominado transudato. Esse tipo de líquido geralmente acomete ambos os 
pulmões e, frequentemente, é resultado de insuficiência cardíaca congestiva ou 
cirrose.
Mobile User
8
UNIDADE III | FLUIDOS BIOLÓGICOS
 » Uma lesão ou inflamação das pleuras. Nesse caso, o líquido acumulado é 
denominado exsudato. Geralmente, acomete apenas um pulmão e pode ser 
observado em infecções (pneumonia, tuberculose, sarcoidose), neoplasias (câncer 
pulmonar, cânceres metastáticos, linfoma, mesotelioma) ou doença autoimune.
A diferenciação entre os tipos de líquidos é importante, pois auxilia no diagnóstico 
de uma doença ou condição clínica específica. Médicos e laboratórios utilizam um 
conjunto inicial de exames (contagem celular, proteína, albumina ou nível de lactato 
e aspecto do líquido) para diferenciar transudatos e exsudatos. Uma vez que se 
determina entre um ou outro, exames adicionais podem ser realizados para identificar 
a doença ou o estado clínico responsável por pleurite e/ou derrame (Abbas; Fausto; 
Kumar, 2010).
Sua cor é transparente e amarelo-clara. A turvação em geral está ligada à presença de 
leucócitos e indica infecções bacterianas, tuberculose ou distúrbio imunológico como 
artrite reumatoide.
A presença de sangue pode significar lesão traumática (hemotórax), lesão na membrana 
(como nas neoplasias), ou pode decorrer de aspiração traumática. O encontro de 
neutrófilos significa que há infecção bacteriana. Contudo, a visualização de linfócitos 
será um sugestivo de tuberculose ou neoplasia.
Glicose baixa está associada à tuberculose, inflamação reumatoide e neoplasia. Amilase 
elevada significa presença de pancreatite. E pH baixo relaciona-se com tuberculose, 
neoplasia e ruptura esofágica.
Ocorre acúmulo de líquido pleural na pneumonia e nos carcinomas (derrames exsudatos) 
e, também, na insuficiência cardíaca (distúrbio sistêmico – produção de transudatos).
1.4. Líquido pericárdicoO pericárdio é um saco fibrocolágeno em forma de cone que reveste o coração e contém 
uma pequena quantidade de fluido seroso fisiológico em quantidades normalmente 
<50 mL. O pericárdio parietal normal tem propriedades elásticas e se distende para 
acomodar aumento no volume do líquido intrapericárdico (Strasinger, 2009).
Líquido pericárdico é o líquido seroso segregado pela camada serosa do pericárdio na 
cavidade pericárdica. O pericárdio é constituído por duas camadas; uma camada fibrosa 
externa e uma camada fibrosa interna. Essa camada serosa apresenta duas membranas 
que encerram a cavidade pericárdica, para a qual é segregado o líquido pericárdico 
(Strasinger, 2009).
Mobile User
9
FLUIDOS BIOLÓGICOS | UNIDADE III
A função primordial do líquido pericárdico, como o de todo líquido seroso, é lubrificar 
as membranas que o envolve. Outra função do pericárdio é proteger a ocorrência de 
lesões nos pulmões durante os batimentos cardíacos normais (Strasinger, 2009).
Ele é encontrado entre as membranas pericárdicas. Normalmente é pequena a 
quantidade de líquido (10 a 50 mL).
Sua coloração é transparente e amarelo-clara. O líquido encontra-se turvo nas infecções 
e neoplasias. Nos distúrbios metabólicos, o líquido aspirado é transparente.
Os derrames ocorrem por infecção (pericardite), neoplasias ou comprometimento 
metabólico. Valores elevados de leucócitos indicam infecção, mais especificamente 
endocardite bacteriana. Níveis baixos de glicose indicam infecção bacteriana e neoplasia.
O derrame pericárdico corresponde ao acúmulo de sangue ou líquidos na membrana que 
envolve o coração, o pericárdio, resultando no tamponamento cardíaco. Isso interfere 
diretamente no fluxo de sangue para os órgãos e tecidos e, por isso, é considerada uma 
situação grave e que deve ser tratada o mais rápido possível (Strasinger, 2009).
Essa situação é, na maioria das vezes, consequência da inflamação do pericárdio, 
conhecida como pericardite, que pode ser causada por infecções bacterianas ou 
virais, doenças autoimunes e alterações cardiovasculares. É importante que a causa da 
pericardite e, consequentemente, do derrame pericárdico, seja identificada para que 
possa ser iniciado o tratamento (Strasinger, 2009).
O derrame pericárdico tem cura quando o diagnóstico é feito logo que surgem os 
sintomas e quando o tratamento é iniciado em seguida, de acordo com as orientações do 
cardiologista, sendo, assim, possível evitar complicações fatais para o coração (Strasinger, 
2009).
Distúrbios metabólicos, como uremia, hipotireoidismo e doenças autoimunes são as 
principais causas de transudatos (Strasinger, 2009).
Pacientes com pericardite aguda geralmente apresentam evidência de inflamação 
sistêmica, incluindo leucocitose, velocidade de hemossedimentação (VHS) aumentada e 
elevação de proteína C reativa (PCR). Entretanto, esses testes trazem pouca informação 
sobre o diagnóstico etiológico específico (Strasinger, 2009).
Ocorre aumento nas concentrações da troponina sérica em 35 a 50% dos pacientes 
com pericardite. Pode ocorrer também aumento da CPK total e CK-MB, no entanto, 
possuem menor sensibilidade. Ocorre normalização da troponina em até 2 semanas. 
Acredita-se que essa elevação seja decorrente da inflamação do epicárdio adjacente, 
Mobile User
10
UNIDADE III | FLUIDOS BIOLÓGICOS
e não de necrose miocárdica. O aumento da troponina sérica não está relacionado 
a um pior prognóstico, entretanto elevações prolongadas (que durem mais que 2 
semanas) sugerem associação com miocardite, o que, nesse caso, possui pior prognóstico 
(Strasinger, 2009).
A apresentação clínica deve nortear a solicitação de exames adicionais, como 
sorologias, anticorpos antinucleares, fator reumatoide, teste da tuberculina, entre 
outros, pois a solicitação de rotina para a investigação de todos os pacientes com 
pericardite aguda ajuda pouco no esclarecimento da etiologia específica e não é 
custo-efetiva. A maioria dos casos de pericardite idiopática provavelmente decorre 
de infecção viral, no entanto, a solicitação para culturas e sorologias virais tem pouca 
importância na prática clínica e a documentação de infecção viral recente não altera 
o tratamento (Strasinger, 2009).
1.5. Líquido peritoneal
O acúmulo de líquido na cavidade peritoneal é chamado de ascite e, por isso, esse 
líquido é comumente denominado de ascítico e não peritoneal.
O termo “ascite” denota acúmulo patológico de fluido na cavidade peritoneal. Homens 
hígidos apresentam pouco ou nenhum fluido intraperitoneal, mas mulheres podem, 
normalmente, conter até 20 mL, dependendo da fase do ciclo menstrual (Strasinger, 
2009).
As causas da ascite podem ser classificadas em duas categorias fisiopatológicas: a que 
está associada com peritônio normal e a que ocorre devido ao peritônio enfermo. A 
causa mais comum de ascite é a hipertensão portal secundária a doenças crônicas do 
fígado, que corresponde a mais de 80% dos pacientes com ascite. As causas mais comuns 
de ascite não hipertensiva incluem infecções (tubérculos), malignidade intra-abdominal, 
enfermidades inflamatórias do peritônio e lesões ductais (quilosa, pancreática, biliar) 
(Strasinger, 2009).
Sua análise é feita para diagnósticos das peritonites (Strasinger, 2009).
Esse fluido tem a função de lubrificar a cavidade abdominal, permitindo um movimento 
de deslize das alças intestinais entre si à medida que se faz necessário em virtude da 
progressão dos alimentos durante a digestão e produção do bolo fecal (Strasinger, 2009).
Assim como os líquidos pleural e pericárdico, o ascítico é transparente e amarelo-claro. 
A turvação pode indicar peritonite e até mesmo cirrose.
Mobile User
11
FLUIDOS BIOLÓGICOS | UNIDADE III
Líquidos turvos indicam infecções; líquidos esverdeados são encontrados quando há 
derrame biliar.
Valores elevados de hemácias podem indicar traumatismo hemorrágico, enquanto 
valores elevados de leucócitos podem indicar cirrose, peritonite bacteriana.
Glicose baixa está relacionada à peritonite tuberculosa e neoplasia. Amilase elevada 
pode indicar quadros de pancreatite ou perfuração gastrintestinal. Ureia ou creatinina 
elevadas podem significar ruptura da bexiga. E fosfatase alcalina elevada pode se associar 
à perfuração intestinal.
Contagem de células: o fluido ascítico normal contém menos de 500 leucócitos/µL e menos 
de 250 polimorfonucleares/µL. Uma condição inflamatória pode causar contagem 
elevada de leucócitos. Uma contagem maior que 250 polimorfonucleares é 
altamente suspeita de peritonite bacteriana, seja peritonite espontânea primária 
ou peritonite secundária. Uma contagem de leucócitos elevada com predomínio 
de linfócitos pode ser suspeita de tuberculose ou carcinomatose peritoneal 
(Strasinger, 2009).
Proteína total e albumina: o gradiente albumina sérica - ascite é o melhor teste isolado 
para classificação da ascite em causas hipertensivas portal e não hipertensivas portal. O 
gradiente é calculado subtraindo-se a albumina do fluido ascítico da albumina sérica. 
Um gradiente maior que 1,1 g/dL sugere fortemente hipertensão portal subjacente, 
enquanto gradientes menores que 1,1 g/dL implicam causas não hipertensivas portais 
da ascite (Strasinger, 2009).
Bacterioscopia pelo Gram e cultura: usados com a finalidade de detectar peritonites 
bacterianas. A sensibilidade da cultura aumenta muito quando o laboratório faz a cultura 
diretamente em frascos de hemocultura. Dosagem de glicose, LDH e amilase: úteis na 
distinção entre peritonite bacteriana espontânea e peritonite bacteriana secundária. Os 
níveis de glicose estão reduzidos em pacientes com peritonite tuberculosa. A amilase 
elevada pode sugerir ascite pancreática (Strasinger, 2009).
1.6. Líquido sinovial
1.6.1. Introdução
O fluido sinovial ou líquido sinovial (LS) tem a função de proteger, nutrir e lubrificar as 
cartilagens não vascularizadas das articulações (Figura 23). Derivado do plasma sanguíneo 
por ultrafiltração e enriquecido de mucoproteínas secretadas pelos sinoviócitosdo 
tecido sinovial, esse líquido se apresenta normalmente límpido e transparente, de 
Mobile User
12
UNIDADE III | FLUIDOS BIOLÓGICOS
cor amarelada, contendo 2 g/dL de proteínas isentas de fibrinogênio (não coagula 
espontaneamente) e não apresenta cristais.
Em termos de etiologia, a análise do LS é usada para classificar distúrbios articulares.
Em casos patológicos, o volume do LS pode aumentar devido à elevação da 
permeabilidade capilar. Nos casos de traumatismos, hemácias estão presentes e o 
número de leucócitos é maior do que o normal.
Figura 23. Componentes de uma articulação sinovial.
Cavidade 
articular 
Cartilagem 
articular 
Líquido 
sinovial 
Cápsula 
articular 
Membrana 
fibrosa 
Membrana 
sinovial 
Epífese óssea 
Fonte: Strasinger, 2009.
O aumento na quantidade das proteínas totais está relacionado com a gravidade de 
afecções das articulações e, principalmente, de artrites e doenças reumáticas, em que 
a análise dos constituintes do LS encontra aplicação diagnóstica e prognóstica.
1.6.2. Coleta
A amostra geralmente recebida pelo laboratório é aspirada do joelho com agulha, num 
procedimento chamado de artrocentese, realizado em condições de esterilidade estrita.
A quantidade normal de LS contida na cavidade articular do joelho é inferior a 3,5 mL, 
aumentando nos distúrbios articulares.
O LS deve ser colhido em condições estéreis e em frasco com e sem anticoagulante. O 
mais utilizado é a heparina ou o EDTA líquido. Esses anticoagulantes evitam a presença 
de artefatos que poderiam prejudicar a análise da amostragem.
Em amostras patológicas, pode haver fibrinogênio em quantidade aumentada. Por isso, 
é recomendável que se colham amostras com anticoagulante para as análises citológica 
e bioquímica, e sem anticoagulante para a análise microbiológica, respectivamente.
Mobile User
13
FLUIDOS BIOLÓGICOS | UNIDADE III
O paciente deve estar em jejum de, no mínimo, 6 horas, de forma a permitir o equilíbrio 
da glicose do plasma com a do LS. Deve ser colhida glicemia de jejum. O LS pode 
fornecer informações úteis para o diagnóstico das seguintes situações: suspeita de 
infecção (artrite supurativa aguda), artrite devido a ácido úrico (gota) ou a pirofosfato 
de cálcio (pseudogota) e diagnóstico diferencial de artrite.
1.6.3. Análise
A análise do LS começa pela determinação do volume total colhido. A aparência e 
a coloração são observadas em um tubo transparente contra um fundo branco. A 
leucocitose e a presença de cristais e gotas de gordura, ou outras células degeneradas, 
podem produzir um aspecto turvo. A coloração avermelhada produzida pela presença 
de sangue deve ser diferenciada entre coleta traumática e condições patológicas, 
como fratura, atingindo a superfície articular, o tumor, a artrite traumática, a artropatia 
neurogênica, a artrite hemofílica, entre outras.
A viscosidade é avaliada grosseiramente, deixando-se o fluido percorrer a partir da ponta 
de uma seringa. Um fio ininterrupto de 4 a 6 cm é considerado normal. A viscosidade 
estará diminuída em condições inflamatórias e nas efusões traumáticas rápidas. Pelo 
Método de Ropes, a adição de ácido acético causa a formação de um coágulo que pode 
ser avaliado como:
 » bom = coágulo sólido;
 » regular = coágulo mole;
 » pobre = coágulo friável; e
 » ruim = coágulo ausente.
O valor da glicose dosada é inferior em cerca de 0 a 10 mg/dL à do sangue. Encontrar-
se-á diminuída nas artrites bacterianas (incluindo a tuberculosa). O aumento da 
concentração de proteínas pode ocorrer em casos de gota, artrite reumatoide e artrite 
séptica, refletindo tanto o aumento da permeabilidade vascular como a síntese de 
imunoglobulinas (anticorpos).
A análise imunológica pode ser feita pela determinação do fator reumatoide, que, 
embora inespecífico, esteja presente em cerca de 60% dos pacientes com artrite 
reumatoide. A detecção de adenosina deaminase (ADA) em concentração elevada é 
indicativa da tuberculose.
A avaliação microscópica inclui a contagem celular total e diferencial, que podem ser 
efetuadas por meio da contagem celular em câmara de Neubauer, seguida da análise 
Mobile User
14
UNIDADE III | FLUIDOS BIOLÓGICOS
de distensão corada por corantes do tipo Leishman ou May-Grünwald-Giemsa. Um 
microscópio de luz polarizada deve ser usado para a avaliação da presença de cristais. 
Qualquer cristal presente no líquido sinovial é considerado anormal, sendo muito comuns 
os cristais de ácido úrico, associados ao acometimento por gota.
As provas microbiológicas devem sempre incluir a coloração de Gram e, sempre que 
houver suspeita da tuberculose, a coloração de Ziehl-Neelsen. A cultura é positiva na 
maioria das atrites não gonocóccicas, mas a Neisseria gonorrhoeae é isolada em apenas 
cerca de 50% dos casos positivos. A cultura para Mycobacterium tuberculosis é positiva 
em cerca de 80% dos casos. Esse germe pode também ser detectado por meio de 
técnicas de biologia molecular.
Tabela 6. Células e inclusões observadas no LS.
Célula/inclusão Descrição Significado
Neutrófilos Leucócitos polimorfonucleares.
Infecção bacteriana.
Inflamação provocada por 
cristais.
Linfócitos Leucócitos mononucleares. Inflamação não bacteriana.
Macrófagos
(monócitos)
Grandes leucócitos mononucleares que podem ser 
vacuolados.
Normal.
Infecções virais.
Células da membrana
Sinovial
Semelhantes a macrófagos, mas podem ser 
multinucleados. Normal.
Células de Reiter Macrófagos vacuolados com neutrófilos fagocitados.
Síndrome de Reiter.
Inflamação inespecífica.
Células RA (ragócito) Neutrófilos com grânulos citoplasmáticos escuros, contendo complexos imunes.
Artrite reumatoide.
Inflamação imunológica.
Células de cartilagens Grandes células multinucleadas. Osteoartrite.
Corpos
riciformes
A olho nu, lembra arroz polido.
Sob o microscópio, assemelha-se com colágeno e 
fibrina.
Tuberculose.
Artrite reumatoide e 
bacteriana.
Gotículas de gordura Glóbulos intracelulares e extracelulares refringentes. Traumatismo.
Hemossiderina Inclusões com aglomerados de células sinoviais. Sinovite vilonodular pigmentada.
Fonte: Strasinger, 2001.
Mobile User
15
CAPÍTULO 2 
FLUIDO SEMINAL (SÊMEN)
2.1. Introdução
Líquido seminal é a parte do sêmen sem espermatozoides. Esse fluido limpa o canal 
da uretra, diminuindo o pH ácido da urina para que não contamine o esperma e não 
mate os espermatozoides. Assim, facilita que a ejaculação saia forte, para alcançar o 
útero o mais rápido possível. Tem, em sua composição, secreções da vesícula seminal 
(80%), da próstata e glândula bulbouretral, além de muitos componentes provenientes 
do epidídimo e testículos.
O plasma seminal dos humanos contém um complexo de componentes orgânicos e 
inorgânicos (Strasinger, 2009).
O plasma seminal fornece um meio nutritivo e protegido para os espermatozoides 
produzidos no testículo durante as suas jornadas até o trato reprodutivo feminino 
(Strasinger, 2009).
O exame a ser realizado para análise do líquido seminal é o espermograma. As principais 
razões para sua avaliação são:
 » avaliação de casos de infertilidade; e
 » estado de pós-vasectomia.
O sêmen é composto por quatro frações provenientes de:
 » glândulas bulbouretrais; 
 » testículos e epidídimos; 
 » próstata; e
 » vesículas seminais.
Essas frações se diferem em termos de composição e, para que o líquido seja normal, 
deve haver mistura delas durante a ejaculação. Como a composição das frações do 
sêmen é variável, sua coleta deverá ser bem-feita para que a análise/avaliação da 
fertilidade masculina seja precisa. Portanto, para isso, os pacientes devem receber 
orientações claras e detalhadas sobre a obtenção do material.
Apesar de a fertilização poder ser efetuada por um único espermatozoide, a quantidade 
de espermatozoides presentes no sêmen é um dado valioso para medir a fertilidade.
Mobile User
16
UNIDADE III | FLUIDOS BIOLÓGICOS
2.2. Coleta
A amostra é coletada por meio da masturbação. A coleta deve ser realizada em frasco 
estéril, após um períodode 2 dias (no mínimo) até 7 dias (no máximo) de abstinência 
sexual, período em que também não deve se masturbar, pois a quantidade e a qualidade 
do esperma são afetadas pela quantidade de vezes que o homem ejacula. O exame é 
realizado sempre pela parte da manhã. O paciente deverá, inicialmente, lavar bem as 
mãos com água e sabão antes de entrar para realizar a coleta.
Não é recomendado o uso de preservativos durante a coleta, pois podem conter 
substâncias espermicidas, favorecendo um resultado sem qualidade e certamente errado.
Normalmente, há revistas e/ou vídeos eróticos que facilitam a coleta do material. Deve-
se evitar perda do sêmen, o que acarretaria a necessidade de uma nova coleta.
Preferencialmente, a amostra deverá ser colhida no laboratório, porém, como existem 
casos especiais, a coleta poderá ser autorizada em domicílio, desde que o paciente 
mantenha o frasco contendo o sêmen em temperatura ambiente e não demore mais do 
que uma hora para entregar ao laboratório. Um dos parâmetros que deverá ser anotado 
é a hora exata do término da coleta.
As amostras recentes são coaguladas e devem-se liquefazer nos 30 minutos seguintes 
após a coleta. Portanto, conclui-se que a hora em que foi realizada a obtenção da 
alíquota é de extrema importância para a avaliação da sua liquefação. A análise não 
pode ser iniciada enquanto a liquefação não tiver ocorrido.
2.3. Análise
Sempre serão avaliados os seguintes parâmetros nos casos de fertilidade e/ou 
infertilidade: volume, viscosidade, pH, contagem do número de espermatozoides, 
motilidade, morfologia e viabilidade dos espermatozoides.
2.3.1. Análise bioquímica do sêmen
O sêmen não é composto apenas por espermatozoides. Na verdade, estes representam 
a menor parte (Strasinger, 2009).
O líquido que transporta os espermatozoides (plasma seminal) é produzido por 
glândulas, chamadas vesículas seminais, também pela próstata. Esse líquido contém 
várias substâncias que são importantes para conservar os espermatozoides. A falta 
dessas substâncias pode diminuir a qualidade do sêmen (Strasinger, 2009).
Mobile User
17
FLUIDOS BIOLÓGICOS | UNIDADE III
Embora existam testes para a determinação desses marcadores, não se sabe ainda 
ao certo o papel de cada uma deles. Uma exceção a essa regra é a determinação da 
frutose, um açúcar presente no plasma seminal, que consiste na fonte de energia para 
os espermatozoides (Strasinger, 2009).
A frutose pode estar ausente ou diminuída em várias condições que causam infertilidade 
masculina (Strasinger, 2009).
A ausência de frutose pode indicar a ausência congênita bilateral dos canais deferentes 
ou a obstrução bilateral dos ductos ejaculadores (Strasinger, 2009).
2.4. Volume
O volume normal é de 2,0 a 5,0 mL. Para verificar essa medida, deve-se despejar o 
conteúdo do frasco em um tubo cônico graduado. Com a inversão da amostra, pode-se 
avaliar a viscosidade, sendo que, se estiver normal, a alíquota gotejará no recipiente e 
não se mostrará aglutinada ou filamentosa.
Valores abaixo de 2,0 mL podem representar fatores obstrutivos, como agenesia de 
deferentes, agenesia de vesículas seminais, fibrose cística, obstrução pós-cirurgias de 
próstata e obstruções pós-infecções. Podem também mostrar ejaculação retrógrada (para 
a bexiga) em casos de pacientes com diabetes, lesão medular ou doenças neurológicas.
2.5. pH
O pH normal é ligeiramente alcalino, variando entre 7,3 e 8,3. Caso a relação entre o 
líquido prostático e o seminal esteja elevada, o pH poderá ser mais ácido.
Isso é muito importante quando ocorre a deposição do sêmen no fundo da vagina 
em uma relação sexual. O pH da vagina é muito ácido (ao redor de 4,0). Ao encontrar 
esse ambiente hostil, o sêmen básico “neutraliza” a acidez da vagina, mantendo os 
espermatozoides vivos.
2.6. Número de espermatozoides
Com relação à quantidade do número de espermatozoides, os valores normais 
geralmente vão de 20 a 160 milhões por mililitro, sendo consideradas limítrofes as 
quantias entre 10 e 20 milhões por mililitro.
O espermograma é feito diluindo-se a amostra e concentrando as células na Câmara de 
Neubauer (Figura 24). Em um dos métodos mais usados, realiza-se a diluição da amostra 
Mobile User
18
UNIDADE III | FLUIDOS BIOLÓGICOS
em 1:20 e, em seguida, faz-se a contagem do número de espermatozoides nos cinco 
quadrantes destinados à contagem dos eritrócitos (R) ou nos dois quadrantes destinados 
aos leucócitos (W). A questão da quantidade da diluição e do número de quadrantes a 
serem contados varia de um laboratório para outro.
Figura 24. Câmara de Neubauer.
Fonte: Strasinger, 2009.
Contudo, a diluição do sêmen antes de realizar a contagem é essencial para promover 
a imobilização dos espermatozoides. Geralmente, o diluente tradicional contém 
bicarbonato de sódio e formalina (formol). Mas, antes de introduzir o diluente na 
amostra, deve-se tomar cuidado para não contaminar a amostra com ele, a fim de, 
antes, determinar a motilidade.
A baixa contagem dos espermatozoides pode ser causada por falta do meio de nutrição, 
normalmente produzido pelas vesículas seminais. Isso significa que há ausência ou 
deficiência de frutose na amostra.
2.7. Motilidade
Depois de chegarem ao colo do útero, os espermatozoides precisam deslocar-se por 
meio das tubas uterinas e alcançar o óvulo. Portanto, trata-se de uma avaliação subjetiva 
a ser realizada por exame microscópio da amostra não diluída, em que se determina a 
porcentagem de espermatozoides com motilidade ativa.
A porcentagem e a qualidade da motilidade devem ser determinadas em cada campo 
e, então, deve-se registrar uma média desses resultados. É considerada normal uma 
motilidade mínima de 50 a 60%.
A classificação da motilidade divide-se em:
Mobile User
19
FLUIDOS BIOLÓGICOS | UNIDADE III
 » A = Motilidade progressiva linear rápida (movimentos rápidos).
 » B = Motilidade progressiva linear lenta (movimentos lentos).
 » C = Não progressivos (movimentos incertos).
 » D = Imóveis (sem movimentos).
A soma de A+B (motilidade progressiva) deve ser, no mínimo, de 32% ou A+B+C 40%. 
Quando o valor é menor do que 40%, testes de vitalidade devem ser feitos para sabermos 
se os espermatozoides parados estão vivos ou não. No exame de vitalidade, as formas vivas 
devem ser superiores a 58%.
2.8. Morfologia
A morfologia espermática (Figura 25) deve ser avaliada periodicamente ou quando o sêmen 
apresentar suspeita de alterações morfológicas. No exame, são avaliadas e registradas as 
alterações presentes em cada estrutura, separadamente. Os defeitos podem ocorrer em 
um dos segmentos da célula espermática ou em mais de uma estrutura, simultaneamente.
A infertilidade também pode estar associada àqueles espermatozoides morfologicamente 
incapazes de fertilizar. Pode-se observar a presença de espermatozoides imaturos que, 
por sua vez, precisam ser distinguidos dos leucócitos; são mais esféricos se comparados 
aos maduros e podem ou não possuir cauda. Quando as formas imaturas estiverem 
em grande quantidade, significa que há alguma anormalidade, pois, geralmente, os 
espermatozoides já amadurecem dentro do epidídimo antes de sua liberação.
Figura 25. Morfologia espermática normal.
 
Cabeça 
Peça 
intermediária 
Cauda 
(flagelo) 
Mitocôndria 
Núcleo 
Membrana celular 
Acrossomo 
Fonte: Strasinger, 2009.
Mobile User
20
UNIDADE III | FLUIDOS BIOLÓGICOS
Existem, porém, alterações encontradas nos espermatozoides. Entre muitas, as mais 
encontradas são (Figura 26):
 » Piriforme: cabeça em forma de gota, com a parte afinada voltada para a peça 
intermediária.
 » Amorfos: caracterizados por apresentarem defeitos estruturais na cabeça de forma 
irregular.
 » Vacuolizados.
 » Bicefálico.
 » Globócito.
 » Defeito na peça intermediária.
 » Bi e/ou policaudal.
 » Cauda curta ou cauda dobrada.
 » Cauda enrolada.
 » Macrocefálico.
 » Microcefálico.
 » Cabeça fusiforme.
 » Cauda com grau maior que 90º.
 » Peça intermediária alongada.
Figura 26. Morfologiasanormais.
 
Normal Cabeça dupla Cabeça gigante Cabeça amorfa Microcabeça 
Cabeça cônica Cabeça constrita Cauda dupla Cauda enrolada Espermátide 
Fonte: Strasinger, 2009.
Mobile User
21
FLUIDOS BIOLÓGICOS | UNIDADE III
2.9. Viabilidade
Na análise de viabilidade, observa-se a quantidade, em porcentagem, de 
espermatozoides vivos e mortos (Figura 27).
Figura 27. Espermatozoides vivos e mortos. 
Vivo 
Morto 
Fonte: Pereira; Janini, 2001.
No procedimento, mistura-se uma pequena quantidade da amostra com um corante 
de eosina-nigrosina para, então, ser observado no microscópio, que dará os seguintes 
dados:
 » Células mortas = coram-se de vermelho contra um fundo azul escuro.
 » Células vivas = estarão branco-azuladas (pois não houve a penetração da eosina).
A normalidade desse parâmetro analisado é igual ou superior a 58% de formas vivas.
Amostra de pós-vasectomia
Para espermograma pós-vasectomia, não há necessidade de abstinência sexual, 
lembrando que o mais indicado é realizar a coleta três meses após a cirurgia ou a 
critério médico.
Apenas será realizada a visualização da amostra pura para verificar ausência de 
espermatozoides, indicando a eficácia ou não da cirurgia. O que os médicos 
esperam é que, dentro de seis meses após o procedimento cirúrgico, o número 
de espermatozoides já esteja zerado.
 » Não é necessário realizar lâmina de vivo/morto.
 » Não é preciso diluir amostra para contagem de espermatozoides.
Caso seja encontrado um número de espermatozoides, o exame deverá ser repetido 
num prazo de mais ou menos 1 mês após o primeiro.
Mobile User
22
CAPÍTULO 3 
FLUIDO AMNIÓTICO
3.1. Introdução
O líquido amniótico (LA) é um líquido que envolve o embrião, o qual preenche a 
bolsa amniótica. Esta última normalmente se forma na segunda semana de gravidez e, 
assim que se forma, enche-se de líquido amniótico que, inicialmente, é apenas água 
proveniente da mãe (Strasinger, 2009).
O LA é um importante componente do ambiente intrauterino. Sua produção e sua 
absorção dependem de uma série de mecanismos interdependentes entre o feto, a 
placenta, as membranas e o organismo materno. Sua coloração, propriedades físicas, 
volume e composição são propriedades importantes para a análise da qualidade do 
líquido, e variam ao longo do desenvolvimento do feto (Strasinger, 2009).
O LA encontra-se no saco embrionário que circunda o feto, protegendo-o como um 
amortecedor (Strasinger, 2009).
É considerado uma das estruturas fundamentais para o auxílio ao desenvolvimento do 
feto, o qual o protege contra choques mecânicos, permite o seu crescimento simétrico, 
funciona como barreira contra infecções, impede a aderência entre o embrião e o âminio, 
além de ajudar a controlar a temperatura corporal do embrião. Ademais, permite que o 
feto se mova livremente no ventre, o que o auxilia em seu desenvolvimento muscular, 
ajuda também na prevenção da compressão do cordão umbilical e funciona como 
depósito de excretas fecais do feto (Strasinger, 2009).
É formado pelo metabolismo das células do feto, pela água que atravessa a placenta e, 
nos últimos estágios do desenvolvimento, pela urina do feto (por volta da 36ª semana).
A análise clínica do líquido avalia o bem-estar e a maturidade do feto. Como o líquido 
é produto do metabolismo fetal, os componentes fornecem informações sobre os 
processos metabólicos que nele estão ocorrendo e o progresso na maturação do feto.
A análise citogenética é um importante instrumento na detecção de defeitos congênitos. 
Sem dúvida, será cada vez mais requisitada, graças aos avanços no mapeamento 
cromossômico e na terapia genética.
3.2. Coleta
O LA é colhido por aspiração com agulha no saco amniótico; procedimento chamado 
de amniocentese (Figura 28). Trata-se de uma técnica relativamente segura que pode 
ser realizada no próprio laboratório.
Mobile User
23
FLUIDOS BIOLÓGICOS | UNIDADE III
As amostras devem ficar protegidas da luz e ser examinadas imediatamente. É necessário 
que sejam tomadas precauções especiais com as amostras destinadas à análise 
citogenética, pois as células devem se manter vivas para cultura em laboratório.
Figura 28. Processo de amniocentese.
 
Pele 
Fascia 
Bexiga Parede 
uterina 
Cavidade 
amniótica 
Fonte: Robbins et al., 2000.
3.3. Análise
O LA é um importante componente do ambiente intrauterino. Sua produção e sua 
absorção dependem de uma série de mecanismos interdependentes entre o feto, 
a placenta, as membranas e o organismo materno. Algumas propriedades são 
fundamentais para analisar a qualidade do líquido amniótico, e entre eles estão a sua 
coloração, as suas propriedades físicas, o seu volume e a sua composição (Strasinger, 
2009).
Para a análise dessas propriedades do líquido amniótico, duas técnicas são mais utilizadas 
durante a gravidez: amniocentese e amnioscopia (Strasinger, 2009).
Amniocentese consiste na introdução de uma agulha longa através da parede 
abdominal da mãe para a retirada do líquido amniótico, sendo que o volume do líquido 
retirado depende da idade do feto e do motivo do exame. Essa técnica é utilizada 
para detectar, principalmente: doenças congênitas, defeitos de tubo neural, idade 
gestacional e maturidade fetal pulmonar. É indicada, principalmente, para mulheres 
acima de 35 anos devido à maior probabilidade de anormalidades cromossômicas 
fetais (síndrome de Patau e Edwards), além de tornar possível o estudo do DNA 
(paternidade) (Strasinger, 2009).
Mobile User
24
UNIDADE III | FLUIDOS BIOLÓGICOS
Por sua vez, amnioscopia é um método endoscópico de observação da câmara amniótica, 
permitindo observá-la pelo canal cervical e através das membranas do polo inferior do 
ovo (Strasinger, 2009).
O exame de rotina mais antigo do líquido amniótico avalia a profundidade da anemia 
produzida no feto pela anemia hemolítica. A destruição das hemácias do feto por 
anticorpos presentes na circulação materna provoca o aparecimento do seu produto 
de degradação, a bilirrubina, no líquido amniótico. Dosando-se a bilirrubina, é possível 
determinar o grau de hemólise e avaliar o perigo que a anemia representa para o feto.
Nos casos de ruptura prematura das membranas amnióticas, pode ocorrer infecção 
da mãe e do feto. Nesses casos, é feita análise para detectar a presença de leucócitos; 
método indicativo de infecções.
A análise da alfa-fetoproteína é usada para determinar a possibilidade de distúrbios 
do tubo neural, como a anencefalia e a espinha bífida (a pele não se fecha e o tecido 
fica exposto).
A alfa-fetoproteína é uma proteína sintetizada pelo fígado do feto e, portanto, é 
encontrada no líquido amniótico por ser excretada na sua urina.
3.4. Coloração
Para realizar a análise das propriedades do líquido, é feita inicialmente a sua 
análise macroscópica, em que uma das características analisadas é a sua colocação. 
Normalmente, sua cor se encontra ausente, ou seja, incolor ou acinzentada, 
principalmente nos primeiros meses de gestação. No entanto, nos últimos meses, torna-
se opaca devido à presença de partículas em suspensão. Essas partículas são constituídas 
por lipídios que, ao aumentarem no decorrer da gestação, vão intensificar a turvação. 
Caso essa cor esteja alterada, isso tem significado patológico (Strasinger, 2009).
Uma das principais alterações da coloração do líquido ocorre quando se encontra com 
uma cor amarelo-alaranjada, devido à presença de bilirrubina em casos de anemia 
hemolítica, ou amarelo-acastanhada, devido à presença dos eritrócitos maternos ou 
fetais e devido à presença de hemossiderina e hemotoidina resultante de hemorragia. A 
cor esverdeada é devido à estercobilina, presente no mecônio, traduzindo o sofrimento 
fetal (Strasinger, 2009).
3.5. Propriedades físicas
Além disso, o líquido amniótico pode ser analisado a partir de suas características físicas 
e do seu aspecto, sendo classificado em (Strasinger, 2009): 
Mobile User
25
FLUIDOS BIOLÓGICOS | UNIDADE III
 » Tipo I: líquido amniótico sem partículas de suspensão.» Tipo II: líquido amniótico com escassas e pequenas partículas em suspensão.
 » Tipo III: líquido amniótico com grandes e abundantes partículas em suspensão.
 » Tipo IV: líquido amniótico com grandes e abundantes partículas em suspensão e 
com filamentos, com aspecto viscoso.
3.6. Volume 
Outra característica importante está relacionada com o volume do líquido amniótico, 
sendo que este se relaciona com algumas patologias como poliidrâmnio e oligoidrâmnio. 
O poliidrâmnio é o acúmulo patológico de líquido amniótico, associado a uma elevada 
morbimortalidade materna e perinatal. Considera-se poliidrâmnio quando o volume 
amniótico ultrapassa os 2.000 ml. As causas principais que levam a esse aumento são 
malformação fetal, distúrbios genéticos, diabetes mellitus, sensibilização Rh e infecções 
congênitas (Strasinger, 2009).
3.7. Composição
Com relação à análise microscópica, os principais componentes presentes nesse líquido 
estão em suspensão ou em dissolução. Entre os elementos em suspensão, estão as 
células esfoliadas do âmnio, oriundas principalmente do feto e, também, lanugem 
e gotículas de gordura. Entretanto, nos elementos em dissolução, encontram-se 
substâncias orgânicas, como proteínas, aminoácidos, alfa-fetoproteínas, substâncias 
nitrogenadas não proteicas, lipídios, carboidratos, vitaminas, enzimas, bilirrubina, 
hormônios, e as prostaglandinas e inorgânicas, como os eletrólitos, os quais estão 
relacionados com a idade gestacional (Strasinger, 2009).
Vale ressaltar também que o líquido amniótico é rico em células escamadas que 
delimitam a cavidade amniótica e, também, células oriundas do feto. No entanto, a 
base morfológica da citologia amniótica está estritamente relacionada ao feto, como o 
desenvolvimento intrauterino da pele, mucosas respiratórias e digestivas, das coberturas 
geniturinárias e de todas as cavidades em contato com esse líquido. Isso possibilita, 
então, analisar a fisiologia de cada epitélio, seus ritmos de crescimento e maturação, 
podendo diagnosticar: maturidade fetal, gestação de alto risco, morte fetal, infecções 
ovulares, sexo fetal, além de determinará o grupo sanguíneo fetal no líquido amniótico 
em gestações de 37 a 40 semanas (Strasinger, 2009).
Além disso, a composição do líquido amniótico muda com a idade gestacional; no início 
da gravidez o líquido se encontra isotônico em relação ao sangue materno e fetal. Com 
Mobile User
26
UNIDADE III | FLUIDOS BIOLÓGICOS
a queratinização da pele fetal, a passagem do líquido através da pele fetal fica bastante 
reduzida. Nesse período, a urina fetal é mais hipotônica do que no início da gestação, 
tornando, assim, o LA hipotônico em relação ao sangue fetal (Strasinger, 2009).
Mobile User
27
REFERÊNCIAS
ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.; KUMAR, V. Patologia, Bases Patológicas das Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: 
Elsevier Editora Ltda, 2010.
AIRES, M. Fisiologia. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
BARROS, E.; MANFRO, R. C.; THOMÉ, F. S.; GONÇALVES, L. F. S. Nefrologia – Rotinas, Diagnósticos e 
Tratamentos. 2. ed. Porto Alegre: Editora: Artmed, 1999.
CAMPANA, S. G.; CHÁVEZ, J. H.; HAAS, P. Diagnóstico laboratorial do líquido amniótico. Medicina 
Laboratorial. J. Bras. Patol. Med. Lab. V. 39, n. 3, set. 2003. Disponível em: https://doi.org/10.1590/
S1676-24442003000300007. Acesso em: 18 jun. 2023.
CATE, A. R. T. Histologia Bucal, Desenvolvimento, Estrutura e Função. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 1998. 
COMAR, S. R.; MACHADO, N. A.; DOZZA, T. G.; HASS, P. Análise citológica do líquido cefalorraquidiano. 
Estud Biol., v. 31, pp. 93-102, jan./dez. 2009.
CHAMPE, P. C.; HARVEY, R. A. Bioquímica Ilustrada. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. 
DEVLIN, T. M. Manual de Bioquímica com Correlações Clínicas. 4. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 1998.
DOMINGUES, V. S. Tamponamento Cardíaco da Etiologia ao Tratamento. Cuidados Intermédios em 
Perspectiva, v. 1, pp. 29-35, 2012.
DOUGLAS, C. R. Tratado de Fisiologia Aplicado à Saúde. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
ESTEVES, S. C.; NAKAZATO, L. T. Espermograma e correlações clínicas. 1. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2002.
GIBSON, L. E.; COOKE, R. E. A test for concentration of electrolytes in sweat in cystic fibrosis of the pancreas 
utilizing pilocarpine iontophoresis. Pediatrics, v. 24, pp. 545-549, 1959.
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2002.
HENRY, J. B. Diagnósticos Clínicos e Tratamento por Métodos Laboratoriais. 20. ed. Barueri: Editora 
Manole, 2008.
HENRY, J. B. Diagnósticos Clínicos e Tratamento por Métodos Laboratoriais. 19. ed. São Paulo: Editora 
Manole, 1999.
HIRATA, M. H. Manual de Biossegurança. 1. ed. São Paulo: Manole, 2002.
LIMA, A. O.; SOARES, B. J.; GRECO, J. B.; GALIZZI, J.; CANÇADO, J. R. Métodos de laboratório aplicados 
à clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
MARZOCCO, A.; TORRES, B. B. Bioquímica Básica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.
MEDEIROS, A. S. Semiologia Urológica. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora Medsi, 1993. 
MILLER, O. Laboratório para o Clínico. 8. ed. Editora Atheneu, 1999.
MOTTA, V. T. Bioquímica Clínica para o laboratório: princípios e interpretações. 5. ed. Rio de Janeiro: 
Medbook, 2008.
https://doi.org/10.1590/S1676-24442003000300007
https://doi.org/10.1590/S1676-24442003000300007
Mobile User
28
REFERÊNCIAS
MOURA, R. A.; WADA, C. S.; PURCHIO, A.; ALMEIDA, T. V. Técnicas de Laboratório. 3. ed. Rio de Janeiro: 
Editora Atheneu, 2006.
PEREIRA, O. dos S.; JANINI, J. B. M. Atlas de Morfologia Espermática. São Paulo: Atheneu, 2001.
RAVEL, R. Laboratório Clínico: aplicações clínicas dos dados laboratoriais. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 1997.
ROBBINS, L. S. et al. Patologia Estrutural e Funcional. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. 
RUBIN, E.; FARBER, J. L. Patologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. 
SANTOS, V. S. dos. Formação da urina. Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/
biologia/formacao-urina.htm. Acesso em: 12 jun. 2020.
SHERLOCK, S.; DOOLEY, J. Ascites. Doenças do fígado e do sistema biliar. 11. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2004.
SOUZA, M. H. L.; ELIAS, D. O. Fundamentos da Circulação Extracorpórea. 2. ed. Rio de Janeiro: Alfa 
Rio, 2006. 
STRASINGER, S. K. Uroanálise e Fluidos Biológicos. 3. ed. São Paulo: Editora Premier, 2001. 
STRASINGER, S. K. Uroanálise e Fluidos Biológicos. 5. ed. São Paulo: Editora Premier, 2009.
SUMITA, N. M. et al. (org.) Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina 
Laboratorial (SBPC/ML): coleta e preparo da amostra biológica. Barueri: Manole: Minha Editora, 2014. 
TERRA, P. Vias Urinárias: Controvérsias em Exames Laboratoriais de Rotina. São Paulo: Editora Atheneu, 
2006. 
VALLADA, E. P. Manual de Exame de Urina. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 1999.
VARGAS, F. S.; TEIXEIRA, L. R.; MARCHI, E. Derrame Pleural. São Paulo: Editora Roca Ltda., 2004. 630 p.
ZATZ, R. Fisiopatologia Renal. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2002.
Sites
Disponível em: www.scielo.br. Acesso em: 12 jun. 2020.
Disponível em: www.comciencia.br. Acesso em: 12 jun. 2020.
Disponível em: www.abcdasaude.eom.br/lista-d.php. Acesso em: 12 jun. 2020.
Disponível em: www.pubmed.gov. Acesso em: 12 jun. 2020.
Disponível em: https://nutricaorenal.com.br. Acesso em: 12 jun. 2020.
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pleura. Acesso em: 7 jan. 2023.
Disponível em: https://www.medicinanet.com.br/m/conteudos/revisoes/3031/pericardiopatias.htm. 
Acesso em: 7 jan. 2023. 
Disponível em: https://www.laboratorioluppa.com.br/exames/LIQAS. Acesso em: 7 jan. 2023.
29
REFERÊNCIAS
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Saliva. Acesso em: 7 jan. 2023.
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADquido_cefalorraquidiano. Acesso em: 7 jan. 2023.
Disponível em: https://hemodialisevalenca.com.br/doencas-renais/. Acesso em: 7 jan. 2023.
	UNIDADE IIIFluIdos biológicos
	Capítulo 1 
	Fluidos serosos
	Capítulo 2 
	Fluido seminal (sêmen)
	Capítulo 3 
	Fluido amniótico
	Referências

Continue navegando