Buscar

urinalise_e_fluidos_biologicos_unidade_iv

Prévia do material em texto

URINÁLISE E FLUIDOS 
BIOLÓGICOS
UNIDADE IV
OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS
Elaboração
Rebeca Confolonieri
Julio Cesar Pissuti Damalio
Ana Isabel de Camargo
Atualização
Rebeca Confolonieri
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO
UNIDADE IV
OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS .................................................................................................5
CAPÍTULO 1 
SUOR E SALIVA ................................................................................................................... 5
CAPÍTULO 2 
SUCO GÁSTRICO ............................................................................................................... 12
CAPÍTULO 3 
LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO ....................................................................................... 15
PARA (NÃO) FINALIZAR........................................................................................................25
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................26
5
UNIDADE IVOUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS
CAPÍTULO 1 
SUOR E SALIVA
1.1. Suor
1.1.1. Introdução
Suor, também chamado de transpiração, é a perda de fluido líquido, consistido 
principalmente de cloreto de sódio e ureia em solução, que é secretado pelas glândulas 
sudoríparas na pele de mamíferos. Animais com poucas glândulas de suor, como os 
cachorros, conseguem resultados similares ofegando, evaporando água do revestimento 
molhado da cavidade oral e faringe.
Nos humanos, o suor é uma forma de excretar dejetos de nitrogênio, mas é também, 
e fundamentalmente, uma forma de regular a temperatura. A evaporação de suor 
da superfície da pele tem um efeito refrescante. Então, na água quente, ou quando 
o indivíduo sente calor por causa de exercício, mais suor é produzido. Esse fluido 
é aumentado por nervosismo e náusea; e diminuído por resfriados. A transpiração 
excessiva também é chamada de hiperidrose ou hiperhidrose.
O suor acumulado em certas áreas do corpo humano, tais como pés, axilas e virilhas, 
podem ser atacados por fungos e bactérias, o que pode ocasionar odores desagradáveis. 
Por isso, é de extrema importância que haja uma higienização adequada desses locais. O 
cheiro do suor também pode variar, uma vez que a quantidade de glândulas sudoríparas 
pode variar entre pessoas de diferentes etnias.
O teste do suor ainda é o principal teste para o diagnóstico da fibrose cística (FC).
1.1.2. Coleta
Obter uma amostra correta de suor é bastante difícil, principalmente levando-se em 
consideração que o paciente deverá ser induzido a transpirar, e que a qualidade do 
material pode ser prejudicada por contaminação ou evaporação.
Mobile User
6
UNIDADE IV | OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS
O método clássico de Gibson e Cooke, que ainda é considerado o padrão-ouro para 
o teste de suor, tem sido repetidamente criticado por causa de sua complexidade, o 
que restringe o acesso ao teste. As complicações dessa técnica incluem a necessidade 
de extrair o suor de filtros de papel ou gaze usados para coletá-lo, pesando-se as 
amostras duas vezes, antes e após a coleta, e a posterior diluição para a análise química 
desenvolvida para detectar os dois eletrólitos cuja concentração apresenta valores 
anormais na FC, ou seja, cloro e sódio (Souza; Elias, 2006).
A quantidade mínima de suor a ser coletado é de 75 mg. A obtenção da alíquota pode 
ser feita com o uso de almofadas de gaze e papel de filtro.
Existe um meio de coletar esse líquido; aplicando-se um eletrodo de cloreto à pele após 
estimulação e medindo-se a concentração diretamente. Como a quantidade de sódio 
presente deve ser próxima à concentração de cloreto, alguns laboratórios preferem 
medir ambos os parâmetros para controlar melhor a qualidade do procedimento.
Para simplificar o teste, muitos laboratórios têm adotado métodos alternativos. Um deles 
é o sistema de coleta do suor por Macroduct®, por meio do qual o suor é coletado para 
dentro de uma espiral de plástico após a estimulação pela iontoforese por pilocarpina. A 
pesagem e o risco de evaporação são então eliminados. O suor pode ser captado da espiral, 
e sua composição iônica analisada posteriormente por técnicas bioquímicas habituais, 
ou pode imediatamente ser colocado em analisador de condutividade, que fornecerá 
rapidamente os valores de equivalente de cloreto de sódio (NaCl) no suor em mmol/L.
Dois sistemas baseados na medida indireta de eletrólitos em suor não diluído, 
coletado em tubos capilares de plástico após estimulação, têm despertado muito 
interesse: a osmometria e os sistemas de condutividade (Souza; Elias, 2006).
1.1.3. Análise
A análise do suor é realizada porque a determinação do nível de eletrólitos (sódio e 
cloreto) pode confirmar o diagnóstico de fibrose cística, que se apresenta na infância. 
Trata-se de uma doença metabólica que afeta as glândulas secretoras de muco.
Os indicadores mais comuns dessa doença são os antecedentes familiares de fibrose 
cística, desenvolvimento precário, obstrução intestinal no recém-nascido, bem como 
insuficiência pancreática ou sofrimento respiratório no lactente.
A demonstração de níveis elevados de sódio e cloreto no suor de pacientes que 
apresentem qualquer desses sintomas, ou todos eles, serve para confirmar o diagnóstico 
de fibrose cística.
Mobile User
7
OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS | UNIDADE IV
1.2. Saliva
1.2.1. Introdução
A saliva é um dos mais complexos, versáteis e importantes fluidos do corpo, que 
supre um largo espectro de necessidades fisiológicas. É composta por água e diversos 
componentes que iniciam a digestão e protegem o trato respiratório e digestório contra 
vírus e bactérias. Também desempenha diversas funções. Em condições ideais de saúde, 
o ser humano produz de 1 a 2 litros de saliva por dia.
A saliva é uma secreção aquosa transparente secretada pelas glândulas salivares 
diretamente na cavidade bucal. Sua maior parte (cerca de 99%) é constituída por água 
e cerca de 1% composto por proteínas (ex.: ptialina, lactoferrina, lisozima, gustina, 
imunoglobulinas etc.) e íons (ex.: cálcio e ferro) (Douglas, 2006).
Suas propriedades são essenciais para a proteção da cavidade bucal, do epitélio 
gastrointestinal e da orofaringe. Além de umedecer os tecidos moles e duros da cavidade 
bucal, tem função de destaque no controle da quantidade de água do organismo. 
Quando o corpo está com falta de água, a boca fica seca, manifestando a sede.
A saliva é renovada na cavidade bucal aproximadamente duas vezes por minuto pelas 
glândulas salivares (Douglas, 2006).
Todas as glândulas salivares maiores e menores contribuem para a composição da saliva. 
Essa composição varia de acordo com a taxa de secreção, que é baixa durante o sono e 
alta (± 5 ml por minuto) quando em estimulação. A secreção é controlada pelo centro 
salivar no cérebro, e o fluxo é gerado pelo paladar (gustação). A função mastigatória 
é controlada por meio de receptores no periodonto e nos músculos da mastigação 
(Douglas, 2006).
1.2.2. Composição
A saliva secretada pelas glândulas salivares contém água e glicoproteínas (entre elas 
a mucina, que confere viscosidade à saliva). Também lubrifica os alimentos e a boca, 
sendo que mantém úmida esta última. Outra substância presente na saliva é a ptialina, 
uma enzima proteica que digere amidos. A ptialina hidrolisa cerca de 70% do amido 
ingerido, transformando-o em maltose (Douglas, 2006).
1.2.3. Coleta
Para realizar a coleta, deve ser solicitado um tubo especial, sendo mais conhecido o 
Salivette® (Figura 29).
Mobile User
8
UNIDADE IV | OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS
Figura 29. Salivette®.
Fonte: Douglas, 2006.
1.2.4. Preparação
A coleta deve ser feita em até duas horas após o horário habitual do paciente acordar ou 
conforme solicitação médica. Não há necessidade de jejum após dieta leve. Se, contudo, 
o exame for feito após as principais refeições (almoço e jantar), deve haver um intervalo 
detrês horas entre a refeição e a coleta.
O paciente não pode fazer tratamento dentário nas 24 horas que antecedem ao exame. 
Antes da coleta, é necessário ficar três horas sem escovar os dentes. É preciso que sejam 
informados todos os medicamentos em uso.
1.2.5. Procedimento
 » Abrir o Salivette® e remover o swab;
 » Colocar o swab na boca, estimulando a salivação.
 » Manter o swab durante 3 minutos ou o tempo necessário para sentir que está 
saturado de saliva.
 » Retornar o swab para a posição inicial no Salivette®.
 » Fechar firmemente.
Centrifugar por 2 minutos e transferir a saliva para o tubo de transporte/alíquota (tubo 
padrão). O volume mínimo necessário de saliva é 1,0 mL.
1.2.6. Análise
A ideia da utilização da saliva como matriz de análise para métodos de diagnóstico 
existe há muito tempo, desde 1975, e a criação da nova metodologia pode ser pertinente 
Mobile User
9
OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS | UNIDADE IV
e viável devido à facilidade da coleta desse fluido e à quantidade de informações 
determinantes em seus constituintes (Douglas, 2006).
Os testes diagnósticos baseados em amostras de saliva são atualmente utilizados com 
frequência na endocrinologia, pesquisa em pediatria, em estudos clínicos em psicologia 
e psiquiatria, bem como na pesquisa sobre estresse (Douglas, 2006).
O fluido salivar pode oferecer uma alternativa ao plasma e à urina, como matriz de 
análise para o diagnóstico e controle de diversas doenças sistêmicas. A análise da 
saliva com finalidades diagnósticas se fundamenta na possível correlação entre os 
constituintes salivares e os parâmetros bioquímicos tradicionais, principalmente do 
plasma (Douglas, 2006).
 » Dosagem hormonal: a saliva é um meio ideal para encontrar hormônios estáveis, 
podendo ser armazenada em até 20 dias em temperatura ambiente. A coleta da 
saliva é um procedimento simples, em que se utilizam swabes de algodão ou 
plástico, colocados em frasco de plástico específico. Esses tubos devem conter 
dispositivos prontos para serem usados, com duas câmaras, que possam ser 
centrifugados a fim de remover detritos e que também possam ser usados para 
armazenar, sob congelamento, as amostras antes da análise. Imunoensaios 
altamente sensíveis, como radioimunoensaios, ensaios imunoenzimáticos ou 
fluorescentes com resolução temporal, encontram-se amplamente disponíveis. 
Dependendo do estudo/pesquisa, kits são utilizados e, posteriormente, há a 
centrifugação e o congelamento da amostra em -15ºC até ser analisado, a qual, 
por sua vez, foi descongelada e centrifugada novamente com o intuito de separar 
as proteínas presentes na saliva do líquido sobrenadante. Posteriormente, esse 
mesmo líquido é aspirado e armazenado.
 » Análise de DNA: uma certa quantidade de células da membrana mucosa, presente 
no revestimento da boca, é retirada com swab e colocada em solução-tampão para 
que não haja perda do material. Para a extração do DNA, é necessário o uso da 
proteinase K, para que haja quebra das células e que elas, por sua vez, liberem seu 
DNA na solução. Há um período de encubação, a uma temperatura de 56ºC. Elas 
são agitadas para facilitar a quebra das células; o material é pipetado e transferido 
para uma placa em que há uma solução que possui partículas magnéticas 
minúsculas. A solução de magneto de DNA é completamente misturada, assim o 
DNA recebe uma carga negativa e é atraído pelas partículas magnéticas carregadas 
positivamente. A placa é colocada em um suporte magnético e a solução-tampão 
é removida com cuidado; as partículas magnéticas com DNA são lavadas e depois 
um “tampão de fixação de DNA” é pipetado para um dos poços da placa. Esta, por 
sua vez, é colocada em um bloco de aquecimento, com a finalidade de as partículas 
Mobile User
10
UNIDADE IV | OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS
de DNA se soltarem e entrarem no buffer de fixação; o buffer que possui o DNA é 
transferido para tubos e a placa é escaneada, posteriormente sendo armazenada 
a -20ºC para ser submetida ao PCR.
 » Diagnóstico de doenças: para o diagnóstico da estomatite protética associada à 
candidíase, por exemplo, devem-se considerar os sinais clínicos, associados aos 
exames laboratoriais, como a citopatologia, para uma confirmação. Deve-se realizar 
a citopatologia da lesão bucal para obtenção de material por meio da raspagem 
da mucosa com uma espátula de madeira ou metal ou escova plástica, para a 
coleta de células epiteliais superficiais e, passagem para uma lâmina de vidro 
com posterior fixação em álcool, e coloração com Papanicolaou (ácido periódico 
de Schiff) para observação em microscópico óptico. Há consenso entre vários 
pesquisadores que a cultura quantitativa da saliva e a citopatologia são suficientes 
para o estabelecimento do diagnóstico de candidíase.
 » Alterações sistêmicas: análise bioquímica.
 » Anticorpos: a facilidade em coleta de saliva desenvolveu em estudiosos o interesse 
em usá-la para pesquisa de anticorpos de HIV, os quais permanecem estáveis por 
uma temperatura ambiente quando coletados com um certo dispositivo comercial 
(Omni-Sal, Saliva Diagnostic Systems, Inc.), assim como de vírus herpes e hepatite B.
 » Detecção e medição de drogas.
A análise resulta em uma avaliação da função adrenal. O cortisol é o principal hormônio 
glicocorticoide produzido pelo córtex adrenal humano.
Os níveis de cortisol são regulados por meio de um balanço com o hormônio 
adrenocorticotrófico (ACTH) da pituitária e do hipotálamo, respectivamente. Níveis elevados 
de ACTH estimulam o córtex adrenal a liberar cortisol que, ao atingir determinados níveis, 
suprime o ACTH num feedback negativo. Alguns fatores fora desse eixo metabólico podem 
interferir no processo, como febre, inflamações, dor, estresse e hipoglicemia. O cortisol e 
o ACTH normalmente apresentam variações circadianas com picos no período da manhã, 
sendo os maiores níveis encontrados em torno das 8 horas da manhã e os menores, mais 
tarde. Assim, é aconselhável colher amostra às 8 horas para diagnóstico de insuficiência 
adrenal e depois das 16 horas para diagnóstico de síndrome de Cushing.
Valores aumentados = síndrome de Cushing, síndromes de hipersecreção ectópica 
de ACTH, carcinoma ou adenoma adrenal, displasia ou hiperplasia adrenal micro ou 
macronodular, estresse.
Valores diminuídos = insuficiência adrenocortical (síndrome de Addison), síndrome 
adrenogenital e hipopituitarismo.
Mobile User
11
OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS | UNIDADE IV
A saliva é um líquido claro, viscoso, alcalino (pH entre 6 e 7), que contém em sua 
composição 95% de água, 3% de substâncias orgânicas e 2% de sais minerais. Além 
disso, também apresenta dois tipos de secreção proteica: uma secreção serosa e 
rica em ptialina, que contribui para digestão do amido; outra secreção mucosa, 
que contém mucina, elemento lubrificante que facilita a mastigação e a passagem 
do bolo alimentar pelo esôfago por meio da deglutição.
A síndrome de Cushing causa sintomas e complicações sérias como obesidade 
centrípeta, isto é, ocorre na face e no abdome, mas não nos membros que, ao 
contrário, são finos e com atrofia da musculatura, o que causa fraqueza muscular. 
Aparecem estrias largas e de cor violeta (geralmente no abdome e raiz dos 
membros) e equimoses (manchas roxas) frequentes. Pode levar ao diabetes e à 
hipertensão e pode ser causada por uso excessivo de corticoide, por via oral, 
injetável ou mesmo tópica, como nasal ou pela pele. Contudo, pode ser também 
em decorrência de produção excessiva de cortisol (corticoide produzido nas 
suprarrenais), seja por tumor das suprarrenais (também chamadas adrenais) ou por 
tumor produtor de ACTH, que é o hormônio hipofisário que estimula as adrenais 
(Douglas, 2006).
O tumor produtor de ACTH pode estar localizado na própria hipófise e, nesses 
casos, costuma ser benigno, muito pequeno e recebe o nome de doença de Cushing 
(Douglas, 2006).
12
CAPÍTULO 2 
SUCO GÁSTRICO
2.1. Introdução
O suco gástrico, produzido no estômago pelas glândulas gástricas,é um líquido claro 
que atua sobre as proteínas, transformando-as em pequenos polipeptídios, para que, 
depois, no intestino delgado, esses polipeptídios sejam transformados em aminoácidos 
e sejam absorvidos (Aires, 2018).
O suco gástrico contém água, enzimas (a pré-enzima inativa pepsinogênio, em contato 
com o ácido clorídrico, é modificada quimicamente para se tornar pepsina e a enzima 
pancreática tripsina), sais inorgânicos, ácido clorídrico e uma quantidade mínima de 
ácido láctico. A sua função é atuar sobre o quimo, proporcionando a digestão gástrica 
dos alimentos, principalmente das proteínas (Aires, 2018).
O HCl presente no suco ajuda a destruir as bactérias presentes nos alimentos. 
Proporciona ainda o meio ácido ideal para a atuação das enzimas do suco, isto porque 
promove a redução do pH para valores abaixo de 2,5 (Aires, 2018).
O estômago produz cerca de três litros de suco gástrico por dia. Sucos gástricos são 
líquidos encontrados no estômago (Aires, 2018).
Os sucos no estômago iniciam o processo de decomposição dos alimentos, para que 
os nutrientes possam ser extraídos pelo intestino, e são produzidos pelas glândulas do 
estômago, conforme necessário (Aires, 2018).
Nos seres humanos, o equilíbrio do pH oscila entre um (1,0) e três (3,0), tornando essa 
secreção estomacal muito ácida. A acidez é importante porque decompõe os alimentos 
para torná-los acessíveis ao trato digestivo (Aires, 2018).
A alta acidez do estômago também mata muitas bactérias e microrganismos que não 
podem sobreviver naquele ambiente, protegendo o corpo da infecção por muitos 
patógenos comuns (Aires, 2018).
A produção de líquidos gástricos é desencadeada quando o hormônio gastrina é 
liberado no sangue. A gastrina é liberada pelo organismo em resposta à presença de 
alimentos no estômago, indicando que o estômago precisa se movimentar e iniciar o 
processo de digestão. Várias glândulas do estômago são responsáveis pela produção 
de diferentes componentes desses sucos e por alcançar o equilíbrio correto dos 
componentes (Aires, 2018).
Mobile User
13
OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS | UNIDADE IV
A determinação laboratorial da acidez gástrica é muito importante e considerada útil 
para o diagnóstico e o tratamento de úlcera péptica, anemia perniciosa e na monitoração 
de cirurgias.
Atualmente, outros métodos estão em uso para a detecção desses distúrbios, como, por 
exemplo, exame endoscópico direto das lesões, técnicas radiológicas, medida dos níveis 
de gastrina sérica, exame citológico do conteúdo gástrico para detecção de neoplasias, 
exame imunológico do soro para avaliação do fator anti-intrínseco e anticorpos contra 
células parietais encontradas da anemia perniciosa, e eletrodos sensíveis ao pH (que 
transmitem a leitura do pH quando introduzidos no estômago).
A análise do suco gástrico tem por maior finalidade confirmar resultados obtidos por 
meio de outros métodos.
2.2. Coleta
A obtenção do conteúdo gástrico é realizada por intubação nasal ou oral do paciente. 
Para ter certeza de que a coleta foi um sucesso, a posição do tubo é verificada por exame 
fluoroscópico do estômago.
Durante a coleta do material, deve-se pedir ao cliente que não degluta quantidade 
excessiva de saliva, pois ela neutraliza a acidez gástrica.
A coleta é realizada, geralmente, em jejum, e é mais completa quando a aspiração é contínua, 
durante todo o período. Como a análise da acidez é feita em amostras de quinze minutos, 
o produto da aspiração deve ser colocado em recipientes rotulados com a hora da coleta.
2.3. Análise
A análise do ácido gástrico raramente é feita na prática atual. Quando é feita, usam-se 
amostras do conteúdo gástrico obtidas por sonda nasogástrica para medir a produção 
gástrica ácida em estado basal e estimulado. Esse exame pode ser útil em pacientes 
que apresentam úlceras recorrentes após uma vagotomia cirúrgica para tratamento de 
úlcera péptica. Nesse caso, uma resposta ácida positiva após estímulo (refeição fantasma) 
indica uma vagotomia incompleta (Aires, 2018).
Esse teste também é usado para avaliar pacientes com gastrinemia elevada. A 
hipercloridria na vigência de gastrina alta sugere síndrome de Zollinger-Ellison. A 
hipocloridria na presença de gastrina alta sugere uma diminuição na produção ácida, 
como ocorre na anemia perniciosa, na gastrite atrófica e após a inibição ácida por 
fármacos antissecretores potentes (Aires, 2018).
Mobile User
14
UNIDADE IV | OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS
Para realizar a análise da secreção ácida, introduz-se uma sonda nasogástrica e o 
conteúdo gástrico é aspirado e descartado. O suco gástrico é então coletado por 1 hora, 
dividido em quatro amostras em períodos de 15 minutos. Essas amostras representam 
a produção ácida basal do estômago (Aires, 2018).
A análise gástrica também pode ser realizada durante o monitoramento de pH 
esofágico por cateter (Aires, 2018).
A rotina realizada nas amostras de suco gástrico é de:
 » aparência;
 » volume;
 » acidez titulável; e
 » pH.
Normalmente, sua cor é verde-clara e contém muco. Em jejum, não deve conter partículas 
de alimentos, afinal, sua presença é indicativa de digestão incompleta.
É preciso registrar casos em que haja presença de bile em grande quantidade (que 
confere à amostra uma coloração verde-amarelada) e aparências sanguinolentas.
O volume é expresso em mililitros. Com a acidez titulável, seu valor serve para determinar 
a produção total de ácido.
O pH possui uma boa correlação com os valores da acidez titulável, principalmente em 
pessoas com anormalidades na produção do ácido gástrico. Sua determinação também 
serve de monitoração indireta dos pacientes em estado crítico.
A acidez gástrica é produzida pela estimulação das células parietais pela gastrina, 
o que produz o ácido clorídrico.
A Síndrome de Zollinger-Ellison (ZES) ou hipergastrinemia é um distúrbio endócrino 
caracterizado por níveis aumentados do hormônio gastrina, fazendo com que o 
estômago produza ácido gástrico em excesso. Uma das consequências da acidez 
aumentada é a formação de úlceras pépticas em 95% dos pacientes. Geralmente, é 
causada por um tumor (gastrinoma) no duodeno ou pâncreas produtor de gastrina.
Mobile User
15
CAPÍTULO 3 
LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO
3.1. Introdução
O líquido cefalorraquidiano ou líquor (LCR) é o terceiro principal fluido biológico (Figura 
30). O seu exame é utilizado para o diagnóstico de pelo menos quatro das principais 
afecções neurológicas, como as infecções, hemorragias, doenças degenerativas e 
doenças neoplásicas.
É um fluido corporal estéril e de aparência clara que ocupa o espaço subaracnóideo 
no cérebro (espaço entre o crânio e o córtex cerebral, mais especificamente, entre as 
membranas aracnoide e pia-máter das meninges) e no espaço subaracnóideo na medula 
espinhal. É uma solução salina muito pura, pobre em proteínas e células, e age como 
um amortecedor para o córtex cerebral e a medula espinhal (Robbins et al., 2000).
Figura 30. Processo de amniocentese.
 
Coluna vertebral 
Líquido cefalorraquidiano 
Exame LCR 
Fonte: Robbins et al., 2000.
O volume do LCR na primeira infância é de 40 a 60 mL e, no adulto, é de 90 a 150 mL, 
sendo 25% encontrado no sistema ventricular e o restante no espaço subaracnóideo. 
Normalmente, há uma renovação de 40 a 50 mL desse líquido por dia.
O LCR apresenta algumas funções, sendo as principais delas:
 » Proteção mecânica do sistema nervoso central (SNC) contra amortecimentos de 
traumatismos que venham a atingir o encéfalo e/ou a medula espinhal.
Mobile User
16
UNIDADE IV | OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS
 » Via de eliminação de produtos do metabolismo do SNC.
 » Defesa contra agentes infecciosos, pela distribuição homogênea de células de defesa.
 » Facilitador da pronta difusão de imunoglobulinas.
3.2. Coleta
3.2.1. Cuidados pré-coleta de líquor
Antes da coleta, devem-se checar algumas coisas importantes (Strasinger, 2009):
 » Presença de lesões ou massas com efeito expansivo dentro do cérebro.
 » Antecedentesde doenças ou uso de medicamentos que podem afetar a coagulação 
do sangue.
 » Lesões ativas no local da punção.
 » Cirurgias ou condições prévias que podem prejudicar ou impossibilitar a coleta 
de líquor pela região da coluna lombar.
3.3. Amostra
A coleta só pode ser realizada por um profissional especializado, que saiba evitar a 
ocorrência de acidentes, mesmo fatais, em casos imprevisíveis.
Geralmente, colhe-se por punção lombar, entre a 3ª e a 4ª ou entre a 4ª e a 5ª vértebra. 
É um procedimento que exige algumas precauções, que compreendem a medida 
da pressão intracraniana (PIC) e o emprego de técnica com a intenção de não haver 
introdução de infecção ou de provocar lesão no tecido neural.
As amostras devem ser colhidas em três tubos estéreis, marcados conforme a ordem 
em que forem sendo obtidos:
 » 1o Tubo = utilizado para análises bioquímicas e sorológicas.
 » 2o Tubo = usado para microbiologia.
 » 3o Tubo = destinado à contagem celular.
Se possível, recomenda-se coletar o 4o tubo para análises que venham a ser solicitadas, 
pois amostras destinadas a outros tipos de avaliações bioquímicas e sorológicas mais 
específicas devem ser congeladas (como no caso da dosagem do Venereal Disease 
Research Laboratories, VDRL, – para diagnosticar sífilis).
Mobile User
17
OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS | UNIDADE IV
Durante a obtenção da amostra, é possível que se forme uma fibrina dentro do tubo 
algum tempo após a coleta. Esse fenômeno leva à suspeita de meningite tuberculosa.
Sendo um líquido nobre, todo esforço deve ser tomado para evitar a necessidade de 
nova coleta, e o fluido colhido em excesso deve ser armazenado, após a centrifugação 
e efetuação das análises, sob congelação (Strasinger, 2009).
Cuidados pós-coleta de líquor
Permanecer em repouso relativo, preferencialmente deitado, por 4 horas após a coleta 
(Strasinger, 2009).
Complicações da coleta de líquor
90% dos pacientes não apresentam nenhum problema após a coleta do líquor (Strasinger, 
2009).
Em 10% dos casos, pode ocorrer algum incômodo como (Strasinger, 2009):
 » dor de cabeça;
 » dor na região lombar, principalmente no local da penetração da agulha;
 » dor nas pernas (é rara, ocorre em crianças, bilateralmente. Não é muito grave e vai 
embora sozinha. Está relacionada com a diminuição da pressão do líquor e não 
pela punção em si, ou por lesão de nervo);
 » sangramento abundante;
 » herniação;
 » infecção;
 » cefaleia pós-punção.
Cefaleia pós-punção:
Essa complicação é mais comum em mulheres jovens, magras, com antecedentes 
de enxaqueca de repetição ou com diagnóstico de doenças desmielinizantes.
Não está relacionada a lesões ocasionadas pela punção, mas pela diferença de 
pressão do líquor (Strasinger, 2009).
3.4. Análise
O exame do líquido cefalorraquidiano (LCR) ou líquor vem sendo utilizado como ferramenta 
diagnóstica desde o final do século XIX, contribuindo significativamente para o diagnóstico 
Mobile User
18
UNIDADE IV | OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS
de patologias neurológicas. Além do diagnóstico, a análise do LCR permite o estadiamento 
e o seguimento de processos vasculares, infecciosos, inflamatórios e neoplásicos que 
acometem, direta ou indiretamente, o sistema nervoso (Strasinger, 2009).
A rotina do exame de LCR inclui suas propriedades físicas, o exame de citologia, de seus 
aspectos bioquímicos e imunológicos. Em casos de processo inflamatório, realiza-se a 
pesquisa do agente etiológico.
A análise clínica inicia-se já no processo de coleta, quando deve ser verificado se o fluido 
corre sob pressão (indicativo de hipertensão intracraniana) ou apenas em gotejamento 
lento (normal) (Strasinger, 2009).
Em condições normais, o LCR é límpido, incolor, levemente alcalino, com a densidade 
entre 1.006 a 1.009 e contém até 4 células por mm3.
Nos homens, a taxa de proteína é pouco maior do que nas mulheres, sendo maior nos 
velhos do que em pessoas jovens.
A coloração normal desse fluido é límpida e incolor “como água de rocha”. A 
terminologia mais adequada para descrever a aparência do LCR é: cristalino, opaco ou 
turvo, leitoso, xantocrômico e sanguinolento.
Eventualmente, aparecem amostras de cor esverdeadas ou azuladas, em certos casos 
de meningite bacteriana causada por Pseudomonas.
A turvação pode ser resultado de elevada concentração de proteínas ou lipídios, mas 
também ser indicativo de infecção, sendo a opacidade causada pela presença de leucócitos.
LCR xantocrômico pode estar associado à turvação em certas meningites bacterianas. 
Xantocromia associada à hemorragia ocorre em hemorragias intracranianas. O exame 
microscópico, no qual se visualizam macrófagos com hemácias fagocitadas, é um dado 
seguro de hemorragia intracraniana.
O exame citológico é realizado pela contagem global de células por mm3 e pela 
contagem específica dessas células (neutrófilos, linfócitos, monócitos, plasmócitos, 
células histioides e outras), que, por sua vez, deve ser feita em um esfregaço corado.
A citologia deve ser iniciada prontamente, pois as células suspensas em líquor sofrem 
rápida degradação in vitro. Contam-se as células presentes por milímetro cúbico com uso 
da câmara de Fuchs-Rosental (na sua ausência, pode ser usada a câmara de Neubauer) 
(Strasinger, 2009).
A diluição não é necessária, a menos que seja observada celularidade muito elevada. 
Uma porção do líquor deve ser reservada para análise em uma lâmina fixada e corada, 
Mobile User
19
OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS | UNIDADE IV
obtida por meio de uma citocentrífuga ou câmara de Suta, para diferenciação das células 
encontradas. Normalmente, é encontrado um predomínio de linfócitos, com alguns 
monócitos e poucos (ou nenhum) neutrófilos. A contagem intensamente aumentada 
de leucócitos está associada a infecções, sendo que o predomínio de neutrófilos é 
indicativo de infecção bacteriana, e o predomínio de linfócitos é associado a infecções 
virais ou tuberculosas. Algumas condições, como a esclerose múltipla e a síndrome de 
Guillain-Barré, associam-se a um leve aumento na contagem de linfócitos. A presença de 
eosinófilos em qualquer número é considerada forte indício de acometimento parasitário 
do sistema nervoso, notadamente pelo Schistosoma mansoni. Eventualmente, podem 
ser encontradas células ependimárias (Strasinger, 2009).
A análise bioquímica mais frequentemente realizada no LCR é a dosagem proteica. 
Glicose, lactato, glutamina e desidrogenase láctica (DHL) também são dosados no LCR.
A técnica de contraimunoeletroforese (CIE) é o método sorológico utilizado nos setores 
de microbiologia para detectar e identificar antígenos bacterianos no LCR.
A função do setor de microbiologia na análise do LCR é identificar a etiologia da 
meningite.
Para a realização do exame microbiológico, é preciso que a contagem global esteja 
com mais de 4 células por mm3. Em seguida, após a centrifugação do tubo, separa-se o 
sobrenadante para as análises imunológicas. Então, utilizando o sedimento, será feito o 
exame a fresco do LCR entre lâmina-lamínula para a pesquisa de fungos. Confeccionam-se 
diversos esfregaços:
 » 1o: corado pelo método de Gram = detecção de organismos bacterianos e fúngicos.
 » 2o: corado pelo método de Ziehl-Neelsen = bacterioscopia para pesquisa de bacilos 
álcool-ácido-resistentes (BAAR) quando há suspeita de meningite tuberculosa 
(Figura 31).
Figura 31. Bacilos álcool-ácido-resistentes.
Fonte: Strasinger, 2009.
Mobile User
20
UNIDADE IV | OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS
Eventualmente, faz-se a pesquisa de cápsulas misturando-se, numa lâmina, uma alçada 
de LCR com uma gota de tinta nanquim ou tinta da China; então, cobre-se com uma 
lamínula e se examina ao microscópio, com objetiva de imersão. Esse preparo tem por 
finalidade detectar umas das causas mais comuns de meningite fúngica, o Cryptococcus 
neoformans (Figura 32).
Figura 32. Cryptococcus neoformans.
Fonte: Strasinger, 2009.
Tabela 7. Resumo dos principais resultados no diagnóstico diferencial da meningite.
Bacteriana Viral TuberculosaFúngica
Contagem elevada de 
leucócitos
Contagem elevada de 
leucócitos
Contagem elevada de 
leucócitos
Contagem elevada de 
leucócitos
Presença de 
neutrófilos Presença de linfócitos
Presença de linfócitos e 
monócitos
Presença de linfócitos e 
monócitos
Grande elevação nos 
níveis de proteínas
Elevação moderada 
nos níveis de 
proteínas
Elevação moderada ou 
acentuada nos níveis de 
proteínas
Elevação moderada ou 
acentuada nos níveis de 
proteínas
Acentuada diminuição 
do nível de glicose
Níveis normais de 
glicose Níveis baixos de glicose
Níveis normais ou baixos 
de glicose
Níveis elevados de 
lactato
Níveis normais de 
lactato Níveis elevados de lactato Níveis elevados de lactato
Níveis elevados de 
DHL (LD4 e LD5)
Níveis elevados de 
DHL (LD2 e LD3)
Formação de película
Prova de tinta da China 
positiva para Cryptococcus 
neoformans
Organismos Gram-
positivos e CIE Prova com látex positiva
Fonte: Strasinger, 2001.
A contraimunoeletroforese (CIE) é uma técnica amplamente utilizada no Brasil 
para o diagnóstico laboratorial indireto de meningites causadas por Neisseria 
Mobile User
21
OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS | UNIDADE IV
meningitidis (Men) dos sorogrupos A, B e C e Haemophilus influenzae (Hi) tipo b, 
desde a década de 1970.
A escassez de estudos no LCR se deve à carência de profissionais especializados nesse 
tipo de análise e à menor demanda do exame em relação a outros fluidos, o que acarreta 
maior custo na implantação de procedimentos de qualidade (Strasinger, 2009).
3.4.1. Análise bioquímica
3.4.1.1. Glicose
A glicose entra no LCR após saturação cinética por meio de um mecanismo de 
transporte facilitado. Esse mecanismo não é totalmente funcional até quatro a 
oito semanas após o nascimento. É por isso que, com a barreira hematoencefálica 
imatura nesse momento, a concentração de glicose no LCR é dependente da idade 
(Strasinger, 2009).
Os níveis de glicose no LCR são utilizados para diferenciar meningite bacteriana de viral 
(Strasinger, 2009).
A hipoglicorraquia no LCR é causada principalmente por alterações nos mecanismos de 
transporte de glicose por meio da barreira hematoencefálica e por sua grande utilização 
por parte das células encefálicas (Strasinger, 2009).
Os níveis de glicose no LCR são interpretados em relação à glicose no soro. A glicose 
no soro e no LCR equilibram-se após um período de aproximadamente quatro horas, 
de modo que a concentração de glicose no LCR em um dado momento reflete os níveis 
de glicose no soro durante essas últimas quatro horas (Strasinger, 2009).
O sangue, para exame de glicemia, deve ser colhido pelo menos duas horas antes da 
punção do LCR, a fim de que haja tempo para esse equilíbrio, ou os resultados devem 
ser comparados com os níveis plasmáticos após um jejum de quatro horas para uma 
adequada interpretação clínica (Strasinger, 2009).
Os níveis de glicose se normalizam antes dos níveis de proteínas e da contagem de 
células durante a recuperação da meningite, tornando-se um parâmetro útil na avaliação 
de resposta ao tratamento (Strasinger, 2009).
3.4.1.2. Proteína
As proteínas do LCR são constituídas em grande parte de albumina e, em muito menor 
quantidade, de globulinas (Strasinger, 2009).
Mobile User
22
UNIDADE IV | OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS
A análise da quantidade total de proteínas no LCR é utilizada principalmente 
para detectar doenças do sistema nervoso central (SNC), associadas ao aumento 
da permeabilidade da barreira hematoencefálica ou à produção intratecal de 
imunoglobulinas (Strasinger, 2009).
Valores anormalmente baixos estão presentes quando há perda de fluido no SNC 
(Strasinger, 2009).
O aumento de proteínas no LCR é observado em infecções, hemorragias 
intracranianas, esclerose múltipla, Guillain-Barré, malignidades, algumas 
anormalidades endócrinas, uso de alguns medicamentos e uma variedade de 
condições inflamatórias (Strasinger, 2009).
A síndrome de Guillain-Barré é a maior causa de paralisia flácida generalizada no 
mundo. É descrita como uma tríade composta por: fraqueza muscular progressiva, 
arreflexia e aumento das proteínas (>45 mg/dL) no LCR, sem pleocitose (10 células 
mononucleares/mm3). Esses achados laboratoriais são característicos e evidentes em 
80% dos pacientes após a segunda semana da doença (Strasinger, 2009).
Outra patologia em que se observa uma proteinorraquia é a esclerose múltipla (EM), 
que é uma doença crônica do sistema nervoso central (SNC), de etiologia desconhecida, 
cujas manifestações iniciais ocorrem na adolescência e no adulto jovem, secundárias 
à desmielinização multifocal, por mecanismo autoimune. Como consequência desse 
processo, surgem as alterações no líquido cefalorraquidiano (LCR), características 
da doença, tais como a presença de bandas Imunoglobulina G (IgG) oligoclonais 
e aumento do índice de IgG, indicando a síntese intratecal de imunoglobulinas 
(Strasinger, 2009).
O aumento de proteínas é a mais comum anormalidade encontrada no exame de LCR, 
porém é um achado inespecífico e deve ser interpretado em correlação à apresentação 
clínica e outros achados laboratoriais (Strasinger, 2009).
Uma punção traumática pode introduzir células sanguíneas no LCR, assim como a 
mesma situação pode ocorrer com as proteínas plasmáticas. Por isso, para avaliar o nível 
de proteínas, utiliza-se um cálculo de correção. Quando o hematócrito sanguíneo e os 
níveis séricos de proteínas forem normais, é aceitável subtrair 1 mg/dL de proteínas 
para cada 1.200 hemácias contadas (Strasinger, 2009).
Em Rn, o LCR geralmente é xantocrômico devido à elevação frequente dos níveis 
de bilirrubina e proteína nessa faixa etária, em razão da imaturidade da barreira 
hematoencefálica nos Rn (Strasinger, 2009).
Mobile User
23
OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS | UNIDADE IV
3.4.1.3. Lactato
Os níveis de lactato no LCR, diferentes dos níveis de glicose, não estão vinculados à 
concentração sanguínea, mas, sim, à sua produção intratecal (Strasinger, 2009).
Com exceção da doença mitocondrial, o lactato no LCR correlaciona-se inversamente 
com o valor da relação de glicose no LCR/soro. Um aumento do nível de lactato pode 
ser detectado mais cedo do que uma concentração reduzida de glicose. Por isso, para 
a diferenciação de meningite bacteriana de uma meningite asséptica, a concentração 
de lactato é um melhor indicador comparado a outros marcadores convencionais 
(Strasinger, 2009).
Os níveis de lactato são particularmente importantes quando a coloração de Gram é negativa 
e há um predomínio de polimorfonucleares, com glicose baixa (Strasinger, 2009).
A produção de níveis aumentados de lactato no LCR ocorre devido a uma destruição do 
tecido dentro do SNC, causada pela privação de oxigênio. Por isso, a elevação de lactato 
no LCR não se limita à meningite e pode ser resultante de qualquer quadro clínico que 
reduza o fluxo de oxigênio para os tecidos, apesar de ser utilizada, principalmente, no 
diagnóstico diferencial entre as meningites bacterianas e virais (Strasinger, 2009).
Os níveis de lactato são frequentemente utilizados para monitoramento de graves lesões 
na cabeça, considerado um marcador estabelecido de traumatismo crânio-encefálico 
(TCE) (Strasinger, 2009).
3.4.1.4. Lactato Desidrogenase (LD)
A LD é uma enzima citoplasmática presente em praticamente todos os principais sistemas 
de órgãos (Strasinger, 2009).
Estudos têm demonstrado que pacientes com patologia intracraniana, como malignidade 
ou infecção bacteriana, apresentam níveis de LD no LCR maiores se forem comparados 
a pacientes saudáveis (Strasinger, 2009).
Em condições normais, a atividade da LD no LCR é bem menor do que a encontrada no 
soro sanguíneo. Em Rn, elevações da LD são observadas em hemorragias intracranianas 
e estão de forma significativa associadas com distúrbios neurológicos, com convulsões 
e hidroencefalia (Strasinger, 2009).
A LD é útil na diferenciação de uma punção traumática de uma hemorragia intracraniana, 
já que, em uma punção traumática com hemáciasnão hemolisadas, não há aumento 
significante da LD (Strasinger, 2009).
Mobile User
24
UNIDADE IV | OUTROS FLUIDOS BIOLÓGICOS
3.4.1.5. Adenosina Deaminase (ADA)
ADA é uma enzima que está amplamente distribuída em quase todos os tecidos e 
que participa no metabolismo das purinas, onde ela degrada a adenosina e produz 
inosina. O seu papel crítico e ação fisiológica básica é a proliferação, a maturação e o 
funcionamento de células linfoides. Sua atividade aumenta em pacientes com deficiência 
na imunidade celular (Comar et al., 2009).
Numerosos estudos têm demonstrado que a dosagem de ADA no LCR é útil no 
diagnóstico de meningite tuberculosa, embora não seja patognomônico dessa doença, 
podendo ocorrer também aumento da atividade de ADA em pacientes com linfomas e 
leucemias (especialmente de células T), em neurosarcoidose, em meningites bacterianas 
graves ou complicadas, em neurobrucelose, em neurocriptococose e no soro de 
pacientes infectados com o vírus human immunodeficiency vírus (HIV) (Comar et al., 
2009).
Nos últimos anos, têm sido realizadas várias pesquisas com o objetivo de investigar o 
aumento dos níveis de ADA em pacientes infectados com HIV. Foi verificado que nesses 
pacientes há aumento progressivo da atividade de ADA, acompanhando a evolução 
natural da doença. O mecanismo fisiopatológico não está bem definido, mas os linfócitos 
CD4 e macrófagos são apontados como sendo responsáveis por aumento da atividade 
da enzima (Comar et al., 2009).
Mobile User
25
PARA (NÃO) FINALIZAR
O exame de urina, especificamente, é um procedimento de alta demanda, trabalhoso 
e pouco padronizado, porém é de suma importância para a conclusão de alguns 
diagnósticos clínicos.
O laboratório clínico deve ter procedimento da qualidade, bem documentado e 
atualizado, de modo que contribua para a uniformidade de execução por todo o pessoal 
técnico do exame microscópico do sedimento urinário. Todos devem fazer a avaliação 
do sedimento urinário usando o mesmo procedimento, investigando a presença das 
mesmas entidades sedimentares e usando os mesmos critérios de identificação.
Hoje em dia, poucos são os profissionais que ainda se sentam diante do microscópio 
para realizar 100% de uma rotina laboratorial em urinálise. A automação está crescendo 
e a cada dia que passa os aparelhos estão mais modernos e eficazes em suas análises.
O exame microscópico do sedimento urinário é um procedimento complexo e de 
custo elevado, considerando-se o tempo consumido pela sua execução. A realização 
do exame microscópico na rotina do laboratório exige profissionais qualificados, bem 
treinados, que possuam habilidade e experiência em microscopia. Além disso, eles 
devem conhecer procedimentos de microscopia, como campo claro, contraste de fase 
e luz polarizada, bem como saber como utilizar os microscópios que possibilitam esses 
tipos de microscopia.
Entre muitos dos equipamentos disponíveis no mercado, o UF-100/SYSMEX demonstra 
boa precisão, reprodutibilidade e concordância com a microscopia óptica. A utilização 
da citometria de fluxo implica maior agilidade e padronização da rotina, bem como uma 
nova maneira de reportar e interpretar o exame rotineiro de urina, sem dizer que esse 
tipo de sistema permite a observação da amostra sem centrifugação, para a identificação 
e contagem dos elementos figurados.
É inerente a esses sistemas uma reprodutibilidade maior em comparação com a 
microscopia manual realizada por diferentes pessoas, devendo ser seguidas as instruções 
do fabricante.
Devido à crescente automatização dos procedimentos, cada vez mais profissionais 
qualificados terão a oportunidade de continuar na prática manual das análises laboratoriais. 
Portanto, a dedicação e a atualização são de extrema importância para que venhamos a 
ser destaques, entre muitos profissionais, no uso dos métodos convencionais.
26
REFERÊNCIAS
ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.; KUMAR, V. Patologia, Bases Patológicas das Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: 
Elsevier Editora Ltda, 2010.
AIRES, M. Fisiologia. 1. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
BARROS, E.; MANFRO, R. C.; THOMÉ, F. S.; GONÇALVES, L. F. S. Nefrologia – Rotinas, Diagnósticos e 
Tratamentos. 2. ed. Porto Alegre: Editora: Artmed, 1999.
CAMPANA, S. G.; CHÁVEZ, J. H.; HAAS, P. Diagnóstico laboratorial do líquido amniótico. Medicina 
Laboratorial. J. Bras. Patol. Med. Lab. V. 39, n. 3, set. 2003. Disponível em: https://doi.org/10.1590/
S1676-24442003000300007. Acesso em: 18 jun. 2023.
CATE, A. R. T. Histologia Bucal, Desenvolvimento, Estrutura e Função. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 1998. 
COMAR, S. R.; MACHADO, N. A.; DOZZA, T. G.; HASS, P. Análise citológica do líquido cefalorraquidiano. 
Estud Biol., v. 31, pp. 93-102, jan./dez. 2009.
CHAMPE, P. C.; HARVEY, R. A. Bioquímica Ilustrada. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. 
DEVLIN, T. M. Manual de Bioquímica com Correlações Clínicas. 4. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 1998.
DOMINGUES, V. S. Tamponamento Cardíaco da Etiologia ao Tratamento. Cuidados Intermédios em 
Perspectiva, v. 1, pp. 29-35, 2012.
DOUGLAS, C. R. Tratado de Fisiologia Aplicado à Saúde. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
ESTEVES, S. C.; NAKAZATO, L. T. Espermograma e correlações clínicas. 1. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2002.
GIBSON, L. E.; COOKE, R. E. A test for concentration of electrolytes in sweat in cystic fibrosis of the pancreas 
utilizing pilocarpine iontophoresis. Pediatrics, v. 24, pp. 545-549, 1959.
GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2002.
HENRY, J. B. Diagnósticos Clínicos e Tratamento por Métodos Laboratoriais. 20. ed. Barueri: Editora 
Manole, 2008.
HENRY, J. B. Diagnósticos Clínicos e Tratamento por Métodos Laboratoriais. 19. ed. São Paulo: Editora 
Manole, 1999.
HIRATA, M. H. Manual de Biossegurança. 1. ed. São Paulo: Manole, 2002.
LIMA, A. O.; SOARES, B. J.; GRECO, J. B.; GALIZZI, J.; CANÇADO, J. R. Métodos de laboratório aplicados 
à clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
MARZOCCO, A.; TORRES, B. B. Bioquímica Básica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.
MEDEIROS, A. S. Semiologia Urológica. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora Medsi, 1993. 
MILLER, O. Laboratório para o Clínico. 8. ed. Editora Atheneu, 1999.
MOTTA, V. T. Bioquímica Clínica para o laboratório: princípios e interpretações. 5. ed. Rio de Janeiro: 
Medbook, 2008.
https://doi.org/10.1590/S1676-24442003000300007
https://doi.org/10.1590/S1676-24442003000300007
27
REFERÊNCIAS
MOURA, R. A.; WADA, C. S.; PURCHIO, A.; ALMEIDA, T. V. Técnicas de Laboratório. 3. ed. Rio de Janeiro: 
Editora Atheneu, 2006.
PEREIRA, O. dos S.; JANINI, J. B. M. Atlas de Morfologia Espermática. São Paulo: Atheneu, 2001.
RAVEL, R. Laboratório Clínico: aplicações clínicas dos dados laboratoriais. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 1997.
ROBBINS, L. S. et al. Patologia Estrutural e Funcional. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. 
RUBIN, E.; FARBER, J. L. Patologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. 
SANTOS, V. S. dos. Formação da urina. Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/
biologia/formacao-urina.htm. Acesso em: 12 jun. 2020.
SHERLOCK, S.; DOOLEY, J. Ascites. Doenças do fígado e do sistema biliar. 11. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2004.
SOUZA, M. H. L.; ELIAS, D. O. Fundamentos da Circulação Extracorpórea. 2. ed. Rio de Janeiro: Alfa 
Rio, 2006. 
STRASINGER, S. K. Uroanálise e Fluidos Biológicos. 3. ed. São Paulo: Editora Premier, 2001. 
STRASINGER, S. K. Uroanálise e Fluidos Biológicos. 5. ed. São Paulo: Editora Premier, 2009.
SUMITA, N. M. et al. (org.) Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina 
Laboratorial (SBPC/ML): coleta e preparo da amostra biológica. Barueri: Manole: Minha Editora, 2014. 
TERRA, P. Vias Urinárias: Controvérsias em Exames Laboratoriais de Rotina. São Paulo: Editora Atheneu, 
2006. 
VALLADA, E. P. Manual de Examede Urina. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 1999.
VARGAS, F. S.; TEIXEIRA, L. R.; MARCHI, E. Derrame Pleural. São Paulo: Editora Roca Ltda., 2004. 630 p.
ZATZ, R. Fisiopatologia Renal. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2002.
Sites
Disponível em: www.scielo.br. Acesso em: 12 jun. 2020.
Disponível em: www.comciencia.br. Acesso em: 12 jun. 2020.
Disponível em: www.abcdasaude.eom.br/lista-d.php. Acesso em: 12 jun. 2020.
Disponível em: www.pubmed.gov. Acesso em: 12 jun. 2020.
Disponível em: https://nutricaorenal.com.br. Acesso em: 12 jun. 2020.
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Pleura. Acesso em: 7 jan. 2023.
Disponível em: https://www.medicinanet.com.br/m/conteudos/revisoes/3031/pericardiopatias.htm. 
Acesso em: 7 jan. 2023. 
Disponível em: https://www.laboratorioluppa.com.br/exames/LIQAS. Acesso em: 7 jan. 2023.
28
REFERÊNCIAS
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Saliva. Acesso em: 7 jan. 2023.
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADquido_cefalorraquidiano. Acesso em: 7 jan. 2023.
Disponível em: https://hemodialisevalenca.com.br/doencas-renais/. Acesso em: 7 jan. 2023.
	UNIDADE IV
	Outros fluidos biológicos
	Capítulo 1 
	Suor e saliva
	Capítulo 2 
	Suco gástrico
	Capítulo 3 
	Líquido cefalorraquidiano
	Para (não) finalizar
	Referências

Continue navegando