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Estética e Cirurgia Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Mestra Paula Carvalho Revisão Textual: Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos Cosméticos Reparadores • Barreira Cutânea e Hidratação; • Cosméticos Reparadores; • Bandagens; • Curativos e Acessórios Pré e Pós-Cirúrgicos. • Conhecer os ativos mais indicados e associações de protocolos no pré e pós-operatório. OBJETIVO DE APRENDIZADO Cosméticos Reparadores Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Cosméticos Reparadores Barreira Cutânea e Hidratação Até aqui vimos que nas cirurgias plásticas os sistemas linfático e venoso sofrem muitas alterações, por isso não podemos nos esquecer de que a epiderme, princi- palmente a camada córnea, sofre também alterações, como descamação, desidra- tação e às vezes até o surgimento de acne. Sendo assim, no pós-operatório podemos também fazer uso de cosméticos re- paradores, que irão refazer o manto hidrolipídico, melhorar a elasticidade da pele, hidratar, contribuindo com o processo de cicatrização. Não podemos nos esquecer de que enquanto a cicatriz estiver aberta, o uso des- tes cosméticos é contraindicado e para nossa segurança e segurança do cliente, o ideal é sempre esperar a liberação médica. Para melhor compreensão destes cosméticos, precisamos relembrar a barreira cutânea, sua composição e suas funções. A barreira íntegra é formada pelo estrato córneo, cuja composição é feita prin- cipalmente de água e óleo. A parte aquosa é aproximadamente 15%, pois a maior parte encontra-se na derme. Os corneócitos são células achatadas e envoltas por proteínas altamente reticuladas e por lipídeos. Já a parte oleosa é formada por grânulos lamelares, que são vesículas transportadoras de lipídeos da camada supra- basal para a camada córnea (colesterol, ceramidas e fosfolipídeos), onde se forma uma bicamada lipídica. Estes lipídeos são referentes a 10% do peso seco do estrato córneo. Os desmossomas e corneodesmossomas são proteínas especializadas que geram aderência em tecidos estratificados, e ainda temos os grânulos de querato hialina, que é a queratina unida por outras proteínas (filagrina) e que forma o NMF. Existem dois tipos de barreiras que podem trabalhar ou não ao nosso favor: a barreira hidrolípica, que é nosso hidratante natural, e a barreira proteica, que é um escudo de proteção. A barreira proteica é firme, constituída essencialmente por queratina. A substân- cia essencial para a queratinização é a filagrina, que fixa a queratina junto a outras proteínas, criando a camada córnea. A filagrina é produzida pela camada granular, onde se transforma em grânulos de querato hialina. Ela é um dos pilares mais importantes da hidratação, mantendo os queratinócitos em estado viável para assegurar sua síntese. A barreira hidrolipídica é formada pelas camadas espinhosa e granular, que produzem grânulos ricos em lipídeos, sendo o mais importante a esfingosina. Estes lipídeos ocupam 20% do espaço intercelular, eles formam uma barreira semiperme- ável; assim, cosméticos com os óleos corretos têm mais afinidade com essa região. A enzima transglutaminase age como cola, formando este invólucro. Portanto, o que faz a pele permanecer saudável, macia, com flexibilidade e elas- ticidade é o equilíbrio que existe no mecanismo de sua hidratação, na capacidade 8 9 que o organismo tem de promover a renovação celular nas substâncias que com- põem a epiderme para um bom funcionamento do mecanismo de hidratação; a camada córnea deve ser capaz de reter água, de modo que sua taxa de evaporação sempre se mantenha em um nível normal. As funções da barreira epidérmica são: • TEWL – limita a perda de água e eletrólitos; • Força mecânica e rigidez à epiderme; • Barreira antimicrobiana – pH levemente ácido; • Hidratação – NMF. • TEWL: perda de água transepidermal. • NMF: fator natural de hidratação da pele. • pH: potencial de hidrogênio. • RLs: radicais livres. Ex pl or Quanto mais estas funções estiverem equilibradas, melhor será o processo de cicatrização e recuperação cicatricial. Figura 1 – Padrão brick & mortar do estrato córneo (barreira cutânea) Fonte: ADDOR & AOKI, 2010 Estrutura de hidratação da pele, formada por uma parte celular e proteica e por uma parte lipídica. A hidratação ocorre por osmose, que é a passagem espontânea de um solvente por uma membrana semipermeável, indo de uma solução menos concentrada (ou um solvente puro) para uma solução mais concentrada (menos diluída). Os tipos são: • Emolientes: capazes de “preencher as fendas” entre os corneócitos, retendo água nesta camada, por aumentar a coesão celular; • Reparadores proteicos: reparam estruturas proteicas dérmicas danificadas ou estimulam a produção das mesmas; 9 UNIDADE Cosméticos Reparadores • Umectantes: retêm água na camada córnea, seja por atraí-la da derme, seja por atraí-la do meio externo; • Oclusivos: retardam a evaporação e perda d’água epidérmica através da for- mação de um filme hidrofóbico. Eles são os que mais atendem às necessidades de reparação, pois tornam a pele íntegra para uma ótima recuperação e também podem ser aplicados nas cicatrizes, caso o médico libere. Cosméticos Reparadores No processo de recuperação do tecido, algumas classes de cosméticos são fundamentais. Entre elas, podemos citar os antioxidantes, hidratantes, vitaminas e fatores de crescimento. Já no pós-tardio, dependendo da cirurgia, podemos ob- servar flacidez cutânea, como, por exemplo, na lipoaspiração, e também cicatriz hipercrômica. Nestes casos, ainda podemos recorrer ao auxílio dos cosméticos firmantes e clareadores. Os princípios ativos estão ligados diretamente à ação principal do cosmético, definindo e direcionando o tratamento estético. Ativos antioxidantes – precisamos nos lembrar aqui dos Radicais Livres, que são moléculas instáveis pelo fato de seus átomos terem um número ímpar de elétrons. Para que estas moléculas fiquem estáveis, elas reagem com as células que encon- tram para roubarem o elétron que está faltando, gerando, assim, uma reação em cadeia, pois ao retirar o elétron da célula, esta se tornará outro radical livre. Esse processo fica exacerbado em situações de estresse comouma cirurgia. Todo pro- cesso inflamatório desencadeia um aumento na produção de RLs. O corpo produz antioxidantes para combatê-los, mas o problema é quando a produção dos antioxidantes é menor do que a de RLs. E então eles geram a oxida- ção dos lipídios das membranas celulares, dificultando o metabolismo e desacele- rando o processo de reparação tecidual, no caso das cirurgias plásticas. Esquema de formação de Radicais Livres (RLs): http://bit.ly/2OGcTlw Ex pl or Aprenda mais sobre os radicais livres: https://youtu.be/9mdhfRfZoYI Ex pl or Os ativos antioxidantes, também chamados de antirradicais livres, são substân- cias capazes de neutralizar um radical livre, doando o elétron de que eles precisam. 10 11 Vejamos alguns: • Coenzima Q10: capta os RLs e é estimulante do sistema imunológico. Encon- trada na sardinha e amendoim; • Extrato de chá verde: além de antioxidante, também é um anti-inflamatório e protege a pele contra a ação carcinogênica do UVB; • Ginkgo biloba: antioxidante, atua no sistema circulatório e no metabolis- mo celular. Excelente no pós-operatório para acelerar a evolução do edema e equimose; • Extrato de semente de uva: antioxidante natural, protege a pele das ações da radiação solar; • Idebenona: derivada da Coenzima Q10, tem peso molecular baixo e consegue atravessar até a derme, neutralizando os RLs. Os ativos hidratantes garantem quantidade adequada de água em todas as cama- das da pele e a recuperação da mesma, principalmente nos processos cicatriciais. A pele tem mecanismos de hidratação natural, como a secreção das glândulas sebá- ceas e sudoríparas, que formam o manto hidrolipídico, nosso hidratante natural. A hidratação natural da pele pode ser influenciada pela quantidade de água ingerida, pela umidade do meio e pela capacidade do estrato córneo de manter essa água. Quanto mais hidratada antes da cirurgia a pele estiver, melhor será para a realiza- ção das incisões cirúrgicas, e no pós-operatório mais rápido ocorrerá a recuperação do tecido. A hidratação também garante a saúde da pele, visto que a pele desidratada se comporta como uma pele sensível, que apresenta prurido, descamação, vermelhi- dão e fissuras, que atrapalham no resultado final das intervenções estéticas. Vejamos as características de alguns ativos hidratantes: • Aquaxyl: harmoniza o fluxo hídrico da pele, melhorando as reservas de água e diminuindo a perda de água transepidérmica; • Alantoína: derivada do confrei, possui ação hidratante e cicatrizante. Ótima para recuperar ferimentos; • Aloe vera: hidratante, calmante, anti-inflamatória e protetora. Quando asso- ciada a filtros solares, tem ação regeneradora; • Aquaporine active: aumenta a produção dos canais de aquaporina, restau- rando o fluxo natural de água na pele; • Ácido hialurônico: com baixo peso molecular, tem também poder preenche- dor e com alto peso molecular forma um filme de hidratação na pele. Importante! As aquaporinas são proteínas transmembranáceas que permitem o transporte de mo- léculas de água através da membrana plasmática das células. São expressas tanto nas células epiteliais como endoteliais. Você Sabia? 11 UNIDADE Cosméticos Reparadores E para que a pele possa se refazer e se recuperar, ela precisa também de subsí- dios, pois todo o metabolismo estará acelerado, principalmente nos primeiros 21 dias, em que a fibrinogênese está ocorrendo para reparar o tecido. As vitaminas são muito importantes nesse processo, pois medeiam várias reações enzimáticas importantes para a fisiologia celular. Elas possuem ação regenerativa, antioxidantes e hidratante. • Vitamina E: antioxidante natural que protege a membrana celular; • Vitamina C: neutraliza os RLs, ajuda a conservar a vitamina E, estimula a pro- dução de colágeno e dependendo da concentração, ainda pode clarear a pele; • Vitamina B3: nicotinamida, realiza a síntese de coenzimas, regula a produção de lipídios; • Vitamina B1: tiamina, essencial para o metabolismo celular; • Vitamina B2: riboflavina, atua nas reações de respiração celular, envolvidas no metabolismo energético; • Vitamina B5: pantenol, auxilia nos processos de regeneração epidérmica e cicatrização; Podemos citar ainda o Óleo de girassol, que é um excelente hidratante, re- generador e cicatrizante, ideal para ser utilizado em cicatrizes, quando liberado pelo médico. Fatores de Crescimento (FC) são moléculas biologicamente ativas, que regulam direta e externamente o ciclo celular. Essas proteínas atuam em nível de membrana celular, provocando uma cascata bioquímica que leva à sua ação direta no núcleo da célula, promovendo a gênica. Diversas células epidermais e epiteliais produzem essas moléculas, tais como os macrófagos, fibroblastos e queratinócitos, que além de produzirem os fatores também são ativadas por eles. Vimos, lá no capítulo que trata sobre cicatrização, que os FC estão presentes e também podemos contar com eles no uso tópico para acelerar o processo. Existem vários fatores de crescimento, dentre eles podemos citar: • PDGF: atua na proliferação de fibroblastos; • EGF: um estudo in vitro realizado em porcos acarretou um aumento dose- -dependente da espessura do tecido de granulação e a reepitelização de feridas de espessura parcial; • aFGF e bFGF (fator de crescimento fibroblástico ácido e básico, respecti- vamente): possuem importante função no processo de reparo, principalmente estimulando a angiogênese; • TGFβ (fator transformador do crescimento): reparo, principalmente na mi- gração de células inflamatórias para o sítio da lesão, na diferenciação de fi- broblastos em miofibroblastos e no processo de angiogênese pela indução da expressão de proteínas da matriz extracelular. 12 13 Em suma, os fatores de crescimento atuam em vários processos fisiológicos, destacando-se no processo de cicatrização com consequente reepitelização a partir da substituição das estruturas desorganizadas do colágeno tipo III e elastina por moléculas mais resistentes e estruturadas, o que auxilia no processo de reparação, podendo ser aplicados concomitantemente ao uso de eletroterapia estética. Um dos possíveis acontecimentos do pós-operatório tardio é a flacidez tissular e hipercromia. No caso da flacidez, ela é mais comum quando se realiza lipoas- piração, pois sabemos que o tecido adiposo também faz a sustentação do tecido epitelial. Já as hipercromias podem ocorrer nas cicatrizes, o que é mais comum em fototipos altos e também quando o cliente não segue a recomendação de utilização de filtro solar. Para a flacidez tissular, podemos recorrer aos ativos firmantes, que atuam da seguinte forma: restaurando o colágeno e a elastina, reduzindo a atividade das metaloproteinases, melhorando a comunicação dermoepidérmica, promovendo efeito tensor, estimulando o aumento da quantidade de fibroblastos e propiciando a manutenção da integridade da matriz extracelular. Vejamos aqui alguns destes ativos utilizados: • Densiskin: atua na matriz extracelular, estimulando a produção de colágeno, elastina e glicosaminoglicanas. Auxilia na reestruturação da membrana celular e tem ação inibidora das metaloproteinases da matriz; • Rafermine: obtido do extrato hidrolisado da soja, tem a capacidade de forta- lecer a estrutura molecular da derme, aumentando a firmeza e a tonicidade, e estimula os fibroblastos a retrair e inibir as metaloproteinases, impedindo a degradação das fibras de colágeno e elastina; • Easy lift: tensor instantâneo que forma um filme sobre a pele, deixando-a mais lisa, diminuindo a profundidade de rugas. Figura 2 – Flacidez tissular Fonte: Getty Images 13 UNIDADE Cosméticos Reparadores Já os ativos clareadores agem na maioria das vezes na inibição da tirosinase, inibindo a produção da melanina, ou também podem agir na melanina já formada. Além de clarear as hipercromias já existentes, também impedem ou minimizam a formação de novas manchas. Figura 3 – Cicatriz hipercrômica Fonte: Getty Images Estas “manchas escuras”podem surgir no pós-operatório por vários motivos. Dentre eles, ressaltamos a exposição solar, a predisposição genética, a cicatriza- ção e as reações orgânicas do período pós-inflamatório. Podemos citar algumas substâncias despigmentantes utilizadas em cosméticos para tratar ou amenizar as hipercromias: • Ácido kójico: inibe a tirosinase, não é fotossensível e pode ser aplicado em todos os fototipos; Você sabe o que é fototipo? Acesse: http://bit.ly/2M4efnQ Ex pl or • Algowhite: atua inibindo a tirosinase e a comunicação melanócito-queratinócito. • Vitamina C: em sua forma pura e estabilizada, tem ação antioxidante; depen- dendo da concentração, age como clareadora e também estimula a produção de colágeno. E um outro cosmético que deve ser utilizado é o Filtro solar, que evitará as hiper- cromias e também a sensibilização da área, principalmente nas equimoses. Os filtros são divididos em orgânicos e inorgânicos, sendo que os orgânicos ou físicos formam uma camada protetora sobre a pele, que reflete e dispersa a radiação solar. Já os inorgânicos ou químicos atuam por absorção da radiação UV. Algumas substâncias orgânicas têm a propriedade de ao mesmo tempo absorver, dispersar e refletir o UV. 14 15 Figura 4 – Diferença entre a ação dos fi ltros orgânicos ou químicos e dos fi ltros inorgânicos ou químicos Fonte: UFC Bandagens Considera-se bandagem o recurso externo flexível para auxílio no corpo hu- mano, podendo ser dividida em inelástica ou rígida e elástica. As elásticas podem estirar-se e voltam ao seu tamanho original. As rígidas são as de gesso, esparadra- po ou micropore, e as elásticas são o taping ou bandagem terapêutica elástica. São sensíveis ao calor, possuem textura e espessura similares à pele e as linhas de distribuição do adesivo em S simulam os diferentes sentidos da elasticidade da pele humana. Ela permite e auxilia o fluxo linfático, permanecendo no local por até 10 dias. A aplicação da bandagem está relacionada com a direção e também com a ten- são, que pode ser maior ou menor, dependendo do objetivo, lembrando-se aqui de que o objetivo estético no pós-operatório é a diminuição do edema somente, o que minimiza quadros álgicos. A maior parte das aplicações utiliza aplicações com tensões abaixo de 50%. A colocação é realizada por dois pontos fixos ou âncoras, sem tensão, e zonas tera- pêuticas que receberão a tensão. 15 UNIDADE Cosméticos Reparadores • Bandagem no pós-operatório de lipoaspiração para minimizar edema e equimose. Disponível em: http://bit.ly/2yCU0oE • Bandagem em cicatriz hipertrófica: http://bit.ly/2yEGxwD Ex pl or Figura 5 – Bandagem em pós-operatório imediato Fonte: CHI, et. al; 2018 Figura 6 – Cores e tamanhos de bandagens Fonte: Divulgação Os objetivos são diminuir a pressão nos tecidos lesados, canalizando ou dirigindo o exsudato aos linfonodos. Deve-se observar a integridade da pele, sensibilidade e também o fototipo, por conta de possíveis reações e sensibilizações. Para remoção das faixas, deve-se ume- decê-las com óleo, aguardar 15 minutos, estirando a pele e removendo as faixas com cuidado. São necessários cursos de aperfeiçoamento e também liberação do médico para aplicação. A pressão ocasionada pela bandagem atua como canais que direcionam o ex- sudato para o ducto linfático mais próximo. A fita é aplicada com a base próxima ao nódulo linfático a ser dirigido o exsudato, sendo aplicada com um padrão de 0 - 15% de tensão. O mecanismo de bombeamento necessita da contração muscular, então para que a técnica apresente os benefícios de forma satisfatória, é necessário que ocorra movimentação livre das articulações. Existem várias possibilidades de aplicação da bandagem para o linfedema. Uma delas consiste na aplicação da base e âncora, ambas de aproximadamente 3 cm - sem tensionamento, e caso isto ocorra deverá ser o mínimo possível. A técnica deverá ser aplicada de proximal para distal, contra a direção do fluido linfático. São utilizadas tiras finas recortadas da fita original, aplicadas na técnica em “leque”, as tiras podem ser sobrepostas ou aplicadas no sentido do segmento do membro a ser tratado. Existem diferentes tipos de corte e aplicações, dependendo da ação desejada. Para edema, o mais utilizado é em leque, chamado também de “fan”, como pode- mos observar na imagem a seguir. 16 17 Bandagem funcional para redução do edema: http://bit.ly/2OPNBSa Ex pl or Curativos e Acessórios Pré e Pós-Cirúrgicos Os curativos são de competência da equipe de enfermagem, mas o conheci- mento é necessário, visto que muitos profissionais de estética irão trabalhar em equipes multidisciplinares. Além dos curativos, o cliente pode estar com o dreno, principalmente na abdominoplastia. Os atendimentos podem ser realizados com os curativos e/ou dreno, desde que o médico tenha liberado. Figura 7 – Faixa de silicone para curativo na cicatriz Fonte: Divulgação Curativo de silicone O curativo de silicone é utilizado para deixar a cicatriz plana e com aspecto na- tural. Também pode ser indicado para cicatrizes hipertróficas. Figura 8 Fonte: Divulgação 17 UNIDADE Cosméticos Reparadores Órtese umbilical A órtese umbilical é utilizada para reposicionamento após abdominoplastia, para que o umbigo fique o mais próximo do formato anatômico. Curativo de micropore em cicatriz recente: http://bit.ly/2OFMvIi Ex pl or Curativo com micropore A higienização e troca devem ser feitas pela enfermagem ou pelo próprio pa- ciente, conforme a orientação médica. Em algumas clínicas, o primeiro banho pós- -cirurgia também é realizado pela enfermagem, na própria clínica. O tratamento da ferida operatória é controverso na literatura e varia desde não usar curativo, mantê-lo por 24 a 48 horas ou mantê-lo até a retirada das suturas. Caso o médico libere o paciente para atendimento, mesmo o cliente estando com curativo, devemos observar se o ferimento está limpo, sem secreção purulenta, se está com odor fétido, se a região circundante está quente e ou avermelhada, Caso estes sinais sejam positivos, podem ser indícios de processo inflamatório agudo ou infeccioso, não devemos atender. Nesse caso, deve-se orientar o cliente a que procure o médico. Meias elásticas O uso de meias elásticas com pressão graduada é recomendado para os pacien- tes com história prévia de insuficiência ve- nosa ou de fenômenos tromboembólicos e também para profilaxia de tais alterações circulatórias. Essas meias são largamente usadas em Cirurgia Geral, Neurocirurgia e em pacientes internados em Terapia Inten- siva. O seu uso deve ser prolongado por alguns dias, principalmente quando a ci- rurgia envolve membros inferiores, como no caso das lipoaspirações e implantes de próteses. Não são um curativo, mas em al- guns casos o paciente estará com elas no momento do atendimento, principalmente no pós-operatório imediato. Figura 9 – Meia elástica para prevenção de trombose Fonte: Divulgação 18 19 Dreno pós-abdominoplastia Figura 10 – Dreno abdominal no pós operatório de abdominoplastia Fonte: ARANTES, et. al; 2009 O uso do dreno pode ser considerado, por alguns autores, uma das formas de prevenção de seroma. Mas um grande fator predisponente ao aparecimento do se- roma é o amplo descolamento do retalho abdominal, que além de gerar uma maior área descolada para localização de coleções líquidas, desvasculariza sobremaneira o retalho abdominal, com maior lesão de vasos linfáticos, propiciando a ocorrência de seromas e necrose. Cinta A cinta deverá ser utilizada no pós-operatório imediato e até no mínimo 60 dias após, ou conforme orientação médica. Ela diminui o edema por fazer uma contenção e também auxilia na modelagem, já que o tecido necessita aderir novamente. Seu uso também proporciona conforto ao cliente. No momento do atendimento, o profissional de estética deverá auxiliar a retirada e posterior colo- cação da mesma. Por isso é importante conhecer uma cinta, para se familiarizar. Todos estes cuidadosfazem do atendimento um momento de bem-estar, com responsabilidade, e também propiciam seguran- ça ao cliente. Figura 11 – Cinta pós-lipoaspiração Fonte: Divulgação 19 UNIDADE Cosméticos Reparadores Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Hidratação da pele https://youtu.be/VMK5QVBoAgM Leitura Mecanismos de hidratação da pele http://bit.ly/2M4KuUc Radicais livres: conceitos, doenças relacionadas, sistema de defesa e estresse oxidativo FERREIRA, A. L. A.; MATSUBARA, L. S. Radicais livres: conceitos, doenças relacionadas, sistema de defesa e estresse oxidativo. Rev. Assoc. Med. Bras., vol. 43, n. 1, São Paulo, jan./mar. 1997. http://bit.ly/2M5yKRc Prevenção e tratamento de esquimose, edema e fibrose no pré, trans e pós-operatório de cirurgias plásticas CHI, Anny et al. Prevenção e tratamento de esquimose, edema e fibrose no pré, trans e pós-operatório de cirurgias plásticas. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, vol. 33, n. 3, 2018. http://bit.ly/2M2Jvnm 20 21 Referências AFORNALI, V. I. H. et al. Análise prévia da eficácia da hidratação utilizando diferentes formulações contendo ácido hialurônico. Disponível em: <https:// tcconline.utp.br/media/tcc/2017/05/ANALISE-PREVIA-DA-EFICACIA-DA- HIDRATACAO.pdf>. Acesso em: 22 mai. 20119. ANGER, J.; BARUZZI, C. A; Knobel, E. Um protocolo de prevenção de trombose venosa profunda em cirurgia plástica. Revista Brasileira de Cirurgia Plástica, vol. 18, n. 1, 2003, São Paulo. Disponível em: <http://www.rbcp.org.br/details/351/ pt-BR>. Acesso em: 29 mai. 2019. BERGESCH, D. Dermo Linfo Estetic Taping: teoria e prática. Porto Alegre: Essência do Saber, 2017. BORGES, F. S.; SCorza, F. A. Terapêutica em estética: conceito e técnicas. São Paulo: Phorte Editora, 2016. COSTA, C. K. et al. Um estudo da pele seca: produtos emulsionados para seu tra- tamento e busca de sensorial agradável para o uso contínuo. Visão Acadêmica, Curitiba , v. 5, n. 2, p. 69-78, jul. – dez./2004, ISSN: 1518-5192. Disponível em: < https://revistas.ufpr.br/academica/article/view/548/457>. Acesso em: 22 mai. 2019. MENDES, D. A. Tempo de permanência do curativo após mamoplastia de aumento com implantes de silicone: ensaio clínico aleatório. Tese (Doutorado em Ciências) – Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, 2015, 122 f. Disponível em: <http://www.repositorio.unifesp.br/handle/ 11600/39298>. Acesso em 29 mai. 2019 NAGATA, K. S.; MARQUES, S. M. 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