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CLASSIFICAÇÕES DOS CRIMES 2 CLASSIFICAÇÕES DOS CRIMES O crime pode ser classificado quanto ao agente, ao potencial ofensivo, ao resultado ou ao momento consumativo etc. Apesar disso, daremos atenção, nesse primeiro momento, às classifi- cações sobre os agentes e resultados. SUJEITOS DE UM CRIME Trata-se dos autores que participam de um cenário criminoso. Em determinadas situações, exige-se uma qualidade especial do autor ou da vítima para que se configure um crime. É por esse motivo que devemos conceituar esses personagens. ͫ Sujeito Ativo: é o autor do delito, sendo quem executa o núcleo do tipo penal em abstrato, ou seja, a conduta tipificada como crime. Importa destacar que pode ser uma pessoa física ou até mesmo pessoa jurídica, por expressa previsão constitucional nos casos dos Crimes Ambientais. Constituição Federal Art. 225, § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independen- temente da obrigação de reparar os danos causados. Para os tribunais superiores, a pessoa jurídica pode ser responsabilizada independentemente da pessoa física. Nesse sentido, não se coaduna com a CF a teoria da dupla imputação, que determinava a punição da pessoa jurídica somente quando estivesse conjuntamente com uma pessoa física no polo passivo (processada) de uma ação penal. Sujeito Passivo: é aquele que recebe a ação, isto é, a vítima do crime, sendo o titular do bem jurídico que o Direito Penal quer proteger. Pode ser pessoa física ou jurídica. O estado sempre será sujeito passivo de um crime, haja vista ser titular da norma penal incriminadora, assim, surgindo, o jus puniendi, que é o poder punitivo do estado. Sabendo disso, podemos classificar os crimes quanto aos sujeitos. QUANTO AO SUJEITO ͫ Crime Comum: pode ser praticado por qualquer pessoa, não exige condição ou qualidade especial do agente criminoso. Ex.: matar alguém – art. 121 do Código Penal. ͫ Crime Próprio: só pode ser praticado por pessoa determinada, que possua as condições especiais expressas pelo tipo penal. Ex.: peculato – art. 312 do Código Penal. ͫ Crime de Mão Própria: praticado por determinado agente, com qualidade e condição especial, praticando de maneira direta e pessoalmente (crimes de atuação pessoal). Ex.: reingresso de estrangeiro expulso (art. 338) e falso testemunho (art. 342), ambos tipificados no Código Penal. QUANTO AO RESULTADO OU AO MOMENTO DA CONSUMAÇÃO ͫ Material/De Resultado: exige-se o resultado naturalístico para sua consumação (con- formação do mundo exterior), como é o caso de um homicídio, que essa alteração é plenamente captada por nossos sentidos. CLASSIFICAÇÕES DOS CRIMES 3 ͫ Formal/Consumação Antecipada/Efeitos Cortados: trata-se dos crimes que descrevem em seu tipo uma conduta e um resultado, mas esse último como mero exaurimento do crime, pouco importando a sua ocorrência, a exemplo da corrupção passiva. Em outros termos, há resultado naturalístico, mas ele não é exigido para ser considerado consumado. ͫ Mera Conduta: são os crimes que geram apenas resultado jurídico, a alteração ocorre somente no mundo normativo. ͫ Permanentes: nessa classificação em especial, o crime se protrai no tempo. Em outros ter- mos, a execução do crime está ocorrendo o tempo inteiro – extorsão mediante sequestro. ͫ Continuado: conforme art. 71 do CP, considera-se em continuidade delitiva, quando o agente pratica mais de um crime da mesma espécie, e pelas condições de tempo, lugar e modus operandi, devem os crimes subsequentes ser havidos como continuação do primeiro. ͫ Habitual: se consuma com a reiteração de condutas – curandeirismo, art. 284; casa de prostituição, art. 229. ͫ Qualificado: é um crime derivado do tipo penal principal (caput), que agrava a pena do indivíduo em abstrato (aumento do patamar mínimo e máximo); Homicídio simples Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Homicídio qualificado Pena - reclusão, de doze a trinta anos. ͫ Privilegiado: há uma diminuição em relação à sanção penal, considerando a redução em abstrato (mínimo/máximo) ou por fração. ͫ Majorado/Circunstanciado: diferente do homicídio qualificado, o aumento nesse caso é determinado por uma fração, por exemplo, 1/3 – 1/2; 2/3 ou 2x, a exemplo do roubo circunstanciado. *Importante considerar o rigor técnico quando o assunto é agravamento (aumento) da pena: se a pena aumentar o patamar mínimo/máximo, o termo correto é QUALIFICADORA. Por outro lado, se o aumento se der em fração determinada, é MAJORANTE. É POSSÍVEL SER SUJEITO ATIVO E PASSIVO, AO MESMO TEMPO, DE UM CRIME? Não! O ordenamento jurídico brasileiro adota o princípio da alteridade, que fixa a impunibili- dade de uma conduta que não transcende a esfera individual, isto é, não fere outra pessoa. O Direito Penal não pune a autolesão!
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