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FISIOTERAPIA NAS DISFUNÇÕES ORTOPÉDICAS, TRAUMATOLÓGICAS E DESPORTIVAS Francklin Trindade da Silva , 2 SUMÁRIO 1 PRINCÍPIOS GERAIS E ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL EM FISIO ORTOPÉDICA E TRAUMATOLÓGICA ............................................................ 3 2 DISFUNÇÕES ORTOPÉDICAS E TRAUMATOLÓGICAS DE MEMBROS SUPERIORES ............................................................................................. 24 3 DISFUNÇÕES ORTOPÉDICAS E TRAUMATOLÓGICAS DE MEMBROS INFERIORES .............................................................................................. 46 4 DISFUNÇÕES ORTOPÉDICAS E TRAUMATOLÓGICAS, ESTRUTURAIS E POSTURAIS DA COLUNA VERTEBRAL ........................................................ 66 5 MEDICINA DO ESPORTE ......................................................................... 86 6 LESÕES ESPECÍFICAS DO ESPORTE ....................................................... 105 , 3 1 PRINCÍPIOS GERAIS E ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL EM FISIO ORTOPÉDICA E TRAUMATOLÓGICA Apresentação Neste bloco serão abordados os princípios da ortopedia com conceitos importantes para a compreensão das disfunções mais comuns tratadas na área ortopédica, desde doenças degenerativas até condições traumatológicas. Os principais conceitos de avaliação para que o tratamento seja realizado de forma adequada e progressiva, além dos recursos e formas de manejo para tratamento de acordo com as condições clínicas apresentadas e como os recursos podem influenciar na condição clínica do paciente, por fim, os critérios necessários para uma alta satisfatória. Bons estudos! , 4 1.1 Princípios da ortopedia A fisioterapia ortopédica inclui o tratamento do sistema musculoesquelético composto por osso, cartilagem, ligamentos, músculos, tendões, sinóvia, bursas e fáscia. Esse sistema é derivado embriologicamente do mesênquima e é composto por tecidos conjuntivos ósseos e moles. Estes tecidos evoluíram para servir a duas funções básicas: integridade estrutural e mobilidade estável. Os tecidos são materiais compostos constituídos por células que se encontram dentro da matriz extracelular que produzem. O tratamento fisioterapêutico pode ser realizado em qualquer uma dessas estruturas que podem ter sido sujeitas a lesão ou trauma. Isso inclui entorses, distensões, fraturas, pós cirurgias, lesões repetitivas, entre outras. Além de exercícios, muitos recursos podem ser utilizados, de forma conjunta ou isolada, tais como: ● Liberação miofascial; ● Mobilizações e manipulações articulares; ● Eletroestimulação; ● Fotobiomodulação; ● Facilitação neuromuscular proprioceptiva; ● Bandagens. Para um tratamento adequado é importante que alguns conceitos sejam pré- estabelecidos e diferenciados entre si, a saber: ➢ Patologia: estudo das doenças X Doença: uma estrutura ou sistema muda sua histologia, estrutura ou fisiologia. ▪ Doença transitória: numa lesão, o processo inflamatório é iniciado e, logo em seguida, o processo de regeneração, levando à cura tecidual. Ex.: Lesão muscular. ▪ Doença crônica: a doença instala-se no indivíduo por tempo indeterminado. Ex.: Osteoartrite: há uma alteração na conformação da cartilagem, que pode se degenerar até exposição do osso subcondral. , 5 ➢ Doença: sempre causa uma disfunção X Disfunção: nem sempre é causada por uma doença, mas, a longo prazo, pode desenvolver uma. ▪ Tendinite: processo inflamatório inicial localizado nos tendões. ▪ Tendinose: processo degenerativo do tendão, formando um tecido cicatricial de má qualidade. ▪ Tendinopatia: terminologia genérica utilizada quando não é possível identificar se há uma inflamação ou degeneração tendínea. ▪ Osteoartrite / osteoartrose: são sinônimos para degeneração de cartilagem hialina e/ou osso subcondral por inteiro. ▪ Lesão condral ou lesão osteocondral: apenas um foco de lesão na cartilagem de uma articulação saudável. ▪ Osteomielite: processo infeccioso do tecido ósseo por decorrência de cirurgias, fixadores externos ou fratura exposta. ▪ Pioartrite ou artrite séptica: processo infeccioso da articulação. ▪ Anquilose: fusão patológica da articulação. Ex.: Espondilite Anquilosante. ▪ Artrodese: fusão da articulação através de processo cirúrgico. ▪ Fratura: toda e qualquer ruptura do tecido ósseo. ▪ Luxação: é a completa e persistente perda de contato entre as superfícies articulares. ▪ Subluxação: perda parcial de contato das superfícies articulares com parcial congruência. ▪ Consolidação viciosa: consolidação de uma fratura com alinhamento diferente da anatomia. ▪ Pseudoartrose: falha na consolidação óssea, onde seu foco de fratura adquiri movimento. , 6 ▪ Necrose avascular: O tecido entra em necrose por isquemia. Ex.: No raio-X, o local aparece mais branco que o osso; é comum em cabeças de ossos longos e no osso escafoide. Além disso, é importante saber os tipos de contração muscular na qual o tratamento poderá ser baseado, tais como: ➢ Isométrica: mantém a contração muscular sem movimento articular. ➢ Isotônica: contração muscular associado ao movimento articular. ▪ Concêntrica — encurtamento das fibras musculares: movimento de aproximação de origem e inserção em direção ao centro do músculo. Ex.: Flexão de cotovelo. ▪ Excêntrica — estiramento das fibras musculares: movimento de afastamento de origem e inserção muscular. E, essas contrações musculares podem ser, como: ➢ Cadeia cinética aberta: ocorre quando o segmento distal de uma extremidade se move livremente no espaço, apenas uma articulação é envolvida no movimento com estímulo de cisalhamento na articulação. ➢ Cadeia cinética fechada: ocorre quando o segmento distal se encontra fixo, mais de uma articulação é envolvida no movimento com estímulo de compressão na articulação. 1.1.1 Princípios do fortalecimento muscular: ▪ Sobrecarga: carga superior ao que o músculo está habituado e deve ser aumentada progressivamente quando ocorre adaptação muscular. ▪ Adaptação: tempo para o corpo se adaptar à nova sobrecarga imposta. ▪ Especificidade: exercícios específicos às atividades funcionais do paciente e a qual tipo de fibra muscular será recrutada. , 7 ▪ Reversibilidade: Os músculos precisam de estímulos constantes de carga para manter o fortalecimento, se o estímulo é cessado retornará ao seu tamanho e força basais. 1.2 Princípios da traumatologia 1.2.1 Tipos de ossos: • Trabeculares (Osso Esponjoso): presente nas epífises. Fraturas nessa região costumam deformar o osso. • Corticais (Osso Compacto): presente nas diáfises. Fraturas nessa região criam um traço de fratura. 1.2.2 Diagnóstico de uma fratura: As fraturas sem trauma podem ocorrer quando não há uma boa qualidade óssea, além disso, quando são acometidos por osteoporose, infecção ou tumores geram as fraturas patológicas, ou por impacto constante numa mesma região, isso gera as fraturas por estresse/fadiga. O diagnóstico dessas fraturas ocorrerá por meio de uma anamnese detalhada, na qual abordará os mecanismos de lesão, inspeção, palpação e exame físico. 1.2.2.1 Sinais clínicos: • Dor no periósteo: mesmo sem o rompimento, acaba ficando sensibilizado pela inflamação gerada pela fratura. • Deformidade: quando há desvios de fragmento. • Impotência funcional: depende do tipo de fratura, pois nem sempre impede o movimento. Ex.: Fratura de escafoide. • Mobilidade anormal no foco da fratura. • Visualização do foco da fratura: Ex.: fratura exposta. , 8 • Atitudes típicas: Ex.: Em fratura de colo de fêmur o membro inferior adota uma posição de rotação externa. 1.2.2.2 Mecanismos de trauma: • Direto: Ex.: Chute, pancada, atropelamento. • Indireto: Ex.: Queda com a mão espalmada, na qual a energia do contato com o solo é dissipada e há fraturaem outra região do membro superior que não tocou o solo diretamente. 1.2.2.3 Classificação das fraturas A classificação de uma fratura é necessária para dar uma noção de complexidade, gravidade e prognóstico. Para que a classificação seja efetiva é preciso analisar os seguintes aspectos: 1.2.2.3.1 Integridade da pele: • Fechadas: fraturas contidas dentro dos tecidos moles. • Abertas (expostas): quando o osso fraturado aparece. Essas situações são delicadas, pois podem lesionar tecidos moles e nobres do corpo, além de virar uma porta de entrada para agentes infecciosos. 1.2.2.3.2 Localização: • Epífise; • Placa de crescimento; • Metáfise; • Diáfise - Terço proximal, médio e distal; • Intra-articulares. , 9 1.2.2.3.3. Traço de fratura: • Transversa; • Cominutiva ou explosão – envolve mais de 3 fragmentos no foco da fratura; • Oblíqua; • Espiral – traço rotacional. Figura 1.1: Tipos de fratura Fonte: Adaptada de Alila Medical Media via Shutterstock 1.2.2.3.4. Estabilidade ➢ Estáveis: ▪ Fraturas incompletas: fragmentos não se separam; ▪ Transversais: são mais estáveis, pois após a redução os fragmentos se mantem unidos pela contração muscular. ➢ Instáveis: ▪ Fraturas obliquas; ▪ Espirais; ▪ Cominutivas. , 10 1.2.2.3.5. Deslocamento • Deslocadas: Quando apresenta alguma deformidade angular. Ex.: Varo, valgo, anterior ou posterior, fragmentos rodados em sentidos opostos ou sobreposição dos fragmentos. • Sem desvio; 1.2.3 Fratura em crianças: os ossos são mais flexíveis, pois ainda estão em desenvolvimento e apresentam grande quantidade de colágeno e cartilagem. ➢ Fraturas típicas: ▪ Subperiostal: fratura abaixo da membrana do periósteo, em que os fragmentos não se separam, mas deformam (amassam). ▪ Epifisiólise / episiolistese traumática: separação ou deformação da placa de crescimento. ▪ Deformação Plástica: fratura em Galho Verde: incompleta com deformidade, onde os fragmentos não se separam. 1.2.4 Fisiologia do reparo ósseo 1.2.4.1. Fase inflamatória: • 1 semana após a fratura; • O processo inflamatório fica mais marcante trazendo com ele suas características básicas, dentre elas uma grande quantidade de mediadores químicos no local. 1.2.4.2. Fase reparativa: • 4 – 12 semanas; • O sangue gerado na hemorragia entre esta fase e a anterior vai se tornando fibrose e ao final dela fibrocartilagem, que será essencial para que os fragmentos permaneçam unidos, formando um calo mole que se transforma em um osso reticulado (osso imaturo). , 11 1.2.4.3. Fase de remodelação: • Dura de semanas a meses; • O osso reticulado é substituído por osso lamelar (osso maduro); • Aumento da estabilidade no foco da fratura. 1.2.5 Tipos de consolidação óssea ➢ Primária: Contato direto entre os fragmentos da fratura: fraturas estáveis ou fixadas através de osteossínteses. ➢ Secundária: Não há contato direto entre os fragmentos da fratura, este espaço é substituído pelo calo mole até que haja consolidação completa no local. 1.2.6 Princípios da estabilidade: 1.2.6.1 Estabilidade absoluta: • Consolidação primária; • Não há movimento no foco da fratura; • Redução dos fragmentos de forma mais próxima possível da anatomia; • Compressão interfragmentária. • Não há formação de calo mole, mas mesmo após a fixação com osteossíntese para uma consolidação completa o osso passa por todas as fases da consolidação óssea. 1.2.6.2 Estabilidade relativa: • Consolidação secundária; • Presença de movimento, mesmo que mínimo, entre os fragmentos; • Redução dos fragmentos que pode ou não ser de forma anatômica; • Há formação de calo mole. , 12 1.2.7 Tratamento cruento (cirúrgico): 1.2.7.1 Tipos de osteossínteses: • Interfragmentar: Parafusos ou fios metálicos; utilizado em áreas onde não encaixam placas ou para fragmentos pequenos. • Suporte: Placas com parafusos. • Tutores: Hastes implantadas dentro da medula óssea, acompanhadas de parafusos que são chamados de bloqueio distal e proximal que impedem o movimento rotacional da fratura. 1.2.7.2 Fixadores Externos: • Linear (Delta); • Semicircular ou Circular (Ilizarov). 1.2.7.3 Tratamento Incruento (Conservador): • Talas gessadas; • Tipoia: Velpeau, funcional; • Robofoot; • Coletes para tronco e colares cervicais. 1.3 Avaliação ortopédica e traumatológica Uma avaliação detalhada do paciente é importante para identificar os acometimentos principais aqueles que podem estar associados ao trauma. A avaliação é dividida em algumas etapas, a saber: ➢ Anamnese: informações do paciente que possam estar relacionadas com sua sintomatologia e tipo de acometimento, como: idade, profissão, comorbidades, entre outras. ➢ Inspeção: procurar por hematomas, escoriações, analisar cor e hidratação da pele, identificar a presença de edemas e cicatrizes. , 13 ➢ Palpação: identificação da localização de estruturas anatômicas de referência para orientar em relação a testes especiais e posicionamento das estruturas, além de pontos de tensão muscular que possam estar presentes. ▪ Ombro: clavícula, processo coracoide, cabeça umeral, espinha da escápula, ângulos da escapula. ▪ Cotovelo: epicôndilos lateral e medial, olecrano, cabeça do rádio, fossa cubital. ▪ Quadril: crista ilíaca, espinha ilíaca anterossuperior e postero superior, sínfise púbica, trocânter maior. ▪ Coluna: processos espinhosos e transversos. ▪ Joelho: patela, côndilos femorais e tibiais, cabeça da fíbula, linha articular. ➢ Exame Físico: ▪ Testes especiais: provocativos de dor para cada estrutura ou conjunto de estruturas. Possuem duas características importantes: a sensibilidade: o quanto o teste é sensível para detectar determinado acometimento estrutural e a especificidade: o quanto o teste é específico para excluir todos os indivíduos que de fato não possuem o determinado acometimento daquela estrutura, geralmente testes com alta sensibilidade possuem uma baixa especificidade e o contrário é verdadeiro, ou seja, testes com baixa sensibilidade possuem alta especificidade. ▪ Quadril: o Teste Patrick Fabere: identifica disfunção na articulação sacro ilíaca. Paciente em decúbito dorsal, terapeuta realiza de forma passiva a flexão de joelho e quadril, rotação externa de quadril e apoia o calcâneo no joelho contralateral e realiza movimentação para baixo no joelho que está em flexão, positivo se o paciente referir dor. o Teste de Trendelemburg: identifica fraqueza dos músculos abdutores do quadril. Paciente em pé de costas para o terapeuta, irá realizar flexão de quadril e joelho a 90°. Teste positivo se houver queda da pelve contralateral. ▪ Tornozelo e pé: , 14 o Lung Teste: identifica a diminuição de dorsiflexão. Paciente em ortostatismo, com base afastada anteriormente, realiza a flexão de joelho e dorsiflexão forçada até encostar a região da patela na parede sem retirar o calcâneo do chão, com o pé do membro inferior testado o mais longe possível da parede, positivo se houver diferença entre os lados. o Queda do navicular (Drop do navicular): detecta a presença de pé plano. Identificar e marcar a tuberosidade do navicular e mensurar a distância entre a proeminência óssea e a base de apoio do pé sem carga e novamente após receber carga, positivo se houver diminuição da distância quando recebe carga. ▪ Coluna: o TMG - Teste de mobilidade global: verifica a presença de dor nos movimentos de flexão, extensão, rotações e inclinação da coluna e a amplitude desses movimentos. o Spurling: identifica compressão de raízes nervosas cervicais. Paciente sentado de costas para o terapeuta, que posiciona as duas mãos na cabeça do paciente e realiza inclinação e compressão. Positivo se o paciente referir sintomas de irradiação para o membro superior. Caso teste der positivoé necessário realizar a tração, se paciente referir alívio é a confirmação do teste positivo. ▪ Cotovelo: o Teste de Cozen: identifica epicondilite lateral. Paciente sentado com o antebraço em pronação com desvio ulnar e mão fechada, é solicitada a extensão de punho contra resistência do terapeuta, o teste é positivo se houver dor no epicôndilo lateral. o Teste cotovelo de golfista: identifica epicondilite medial. Paciente com o cotovelo em flexão de 90°, é solicitada uma pronação de antebraço contra a resistência do terapeuta, é positivo se o paciente sentir dor no epicôndilo medial. , 15 ▪ Joelho: o Teste de gaveta anterior: verifica a integridade do ligamento cruzado anterior. Paciente em decúbito dorsal com joelho a 90° de flexão, o terapeuta com as mãos abaixo da linha articular faz uma anteriorização da tíbia, é positivo se quando comparado com o lado contralateral a amplitude da anteriorização é maior. o Teste de Pivot Shift: verifica a integridade do ligamento cruzado anterior. Paciente em decúbito dorsal, o terapeuta faz o movimento passivo de flexão de joelho e quadril a 90° e com uma mão atrás do joelho e outra no calcanhar faz uma rotação interna da tíbia e após uma extensão de joelho e quadril, é positivo se quando comparado com o lado contralateral o movimento rotacional do joelho for maior. ▪ Ombro: o Teste de apreensão: verifica a presença de instabilidade glenoumeral anterior. Com o paciente em decúbito dorsal, o terapeuta realiza de forma passiva a abdução de ombro e cotovelo a 90° e simula uma rotação externa, o teste é positivo quando o paciente apresenta reação de proteção do membro ou expressão facial de apreensão. o Teste de queda do braço: Com o paciente em ortostatismo, é solicitado que realize uma abdução acima de 90° e retorne o movimento lentamente, é positivo se próximo a 90° houver a perda de controle do movimento com a queda brusca do membro superior ao lado do corpo. 1.4 Manejo da dor aguda e dor crônica na ortopedia e traumatologia ➢ Definição de dor: Experiência angustiante, associada a situações reais ou potencial dano tecidual com componentes sensoriais, emocionais, cognitivos e sociais. ▪ Real: quando o indivíduo sente dor por uma lesão que realmente aconteceu. , 16 ▪ Potencial: quando não há lesão e mesmo assim o indivíduo sente dor, por uma alteração neurofisiológica. Ex.: Fibromialgia. ➢ Mecanismos de dor: ▪ Nociceptiva: está associada a uma lesão tecidual, com ativação de neurônios terminais receptivos de estímulos químicos nocivos (inflamatórios), mecânicos ou isquêmicos. O local da dor é correspondente à área de lesão tecidual e geralmente tem uma resolução de acordo com o tempo esperado de cicatrização tecidual. ▪ Neuropática: ocasionada por uma lesão primária ou disfunção do sistema nervoso periférico e envolve mecanismos fisiopatológicos associados ao funcionamento e capacidade de resposta de nervos alterados. Os mecanismos incluem hiperexcitabilidade e geração de impulsos anormais e sensibilidade mecânica, térmica e química. Descrita como queimação, pontada ou choque. ▪ Nociplástica: Causada por uma lesão primária ou disfunção do sistema nervoso central. Possui um padrão desproporcional entre o dano tecidual e a clínica do paciente, com duração dos sintomas além do período de cicatrização tecidual e localização difusa. Possui forte associação com fatores psicossociais. ➢ Dor aguda X dor crônica: ▪ Dor aguda: o Está relacionada à lesão tecidual; o A dor corresponde ao dano tecidual; o Tem duração menor que 3 meses; o Fortemente relacionada a mecanismo de dor nociceptiva. ▪ Dor Crônica: o Persistente além do tempo de cicatrização tecidual; o A dor não corresponde ao quadro clínico do paciente; o Tem característica de dor continua ou recorrente; o Duração maior que 3 meses; , 17 Fortemente relacionada a mecanismo de dor nociplástica. ➢ Manejo na dor aguda: ▪ AINES (Anti-inflamatórios Não Esteroidais); ▪ Terapia manual; ▪ Eletroanalgesia: modulação dos sintomas através da teoria das comportas; ▪ Educação em dor: fornece uma compreensão sobre os processos biológicos por trás da dor afim de reduzir a sintomatologia e melhorar a capacidade funcional; ▪ Exercícios. ➢ Manejo na dor crônica: ▪ Eletroanalgesia associada a exercícios ativos; ▪ Educação em dor; ▪ Exercícios; ▪ Acupuntura. Seja qual for o tipo de dor, a resposta dos pacientes é evitar atividades e buscar descanso, no entanto, a terapia com exercícios é frequentemente prescrita como uma opção de tratamento para controlar a dor. Existem benefícios conhecidos do exercício e da atividade física regular, como: controle de peso, redução dos riscos de doenças cardiovasculares e metabólicas e de alguns tipos de câncer, melhora da saúde mental e humor e melhora da capacidade de realizar atividades diárias. ➢ Hipoalgesia induzida por exercício O exercício aumenta as concentrações séricas de endocanabinoides que podem contribuir para o controle da transmissão da dor. O controle da dor é alcançado de forma diferente com diversos tipos de exercícios. A prescrição de intensidade e frequência adequadas de exercício é importante para alcançar os efeitos desejados da hipoalgesia. , 18 ➢ Exercício aeróbico | Treinamento de resistência: A intensidade do exercício deve ser bem tolerada pelo paciente para que o exercício seja eficaz, deve atingir grupos musculares maiores, envolver contrações musculares repetitivas e elevar a frequência cardíaca de repouso para a frequência cardíaca alvo por pelo menos 20 minutos. A janela terapêutica para o treinamento aeróbio é de extrema importância, pois alguns pacientes podem apresentar piora dos sintomas secundária ao exercício. A dor musculoesquelética é um dos efeitos colaterais do exercício e, portanto, ter um equilíbrio correto é muito importante para atingir os objetivos desejados. Os estudos sugerem variadas cargas de trabalho que podem resultar em hipoalgesia induzida por exercício: - Ruble, SB et al: 30 min de exercício em esteira a 75% VO2 max. resultou em diminuição significativa das classificações de dor. - Naugle et al: 25 min de bicicleta estacionária a 70% da frequência cardíaca de reserva foram suficientes para modulação da dor. ➢ Exercício de resistência | Treinamento de força: As contrações isométricas máximas de alta intensidade produzem maior hipoalgesia induzida por exercícios em comparação com a contração de baixa intensidade: - Koltyn e Arbogast: O exercício resistido consistiu em 45 min de levantamento de 3 séries de 10 repetições a 75% de 1RM, que incluiu supino, leg press, pull down e extensão de braço. - Vaegter et al: Comparou contrações de grandes grupos musculares a 30% e 60% da contração isométrica voluntária máxima dos indivíduos e concluíram que a contração isométrica de alta intensidade produziu uma maior hipoalgesia local induzida por exercício em comparação com a contração de baixa intensidade. Ao prescrever exercícios para o controle da dor, é importante: , 19 - Compreender os parâmetros (ou seja, modo, frequência, duração, intensidade) do exercício terapêutico; - Descrever como modificar os parâmetros do exercício no que se refere à condição de dor, idade, fatores psicossociais e estado de saúde do paciente; - Reconhecer a importância da implementação de terapias adjuntas para abordar questões relacionadas à prescrição de exercícios (ou seja, biopsicossocial, comportamentos de evitação, catastrofização, terapia cognitivo-comportamental); - Compreender a importância da educação do paciente na prescrição de exercícios terapêuticos, incluindo o conceito de motivação, estimulação para melhorar a eficácia geral do tratamento e a adesão. 1.5 Critérios de alta na ortopedia e traumatologia Quando é hora dedar alta ao paciente, podemos utilizar algumas ferramentas avaliativas de forma quantitativa e qualitativa como critério, alguns exemplos são: ➢ ADM Funcional: em alguns acometimentos, como fraturas complexas ou intra- articulares, a ADM pode não ser recuperada em sua totalidade pré lesão, mas todas as articulações possuem ADM’s consideradas funcionais, ou seja, as amplitudes necessárias para realizar as atividades de vida diária. ▪ Cotovelo: - 30° extensão e 110° de flexão; ▪ Tornozelo: 12° de dorsiflexão; ▪ Joelho: 90° de flexão. ➢ Escalas Avaliativas | Questionários: são consideradas medidas de autorrelato, pois na maior parte das vezes será preenchido pelo paciente. Cada um possui uma pontuação diferente, com perguntas ou afirmações pré-estabelecidas, onde o total da pontuação terá uma interpretação diferente. ▪ ODI (Oswestry Disability Index - Índice de Incapacidade de Oswestry): avalia a função nas atividades de vida diária nos indivíduos em processo de reabilitação de dor lombar aguda ou crônica no âmbito de 10 atividades, cada uma possui afirmações com pontuação de 0-5. Quanto maior a pontuação maior é a incapacidade funcional do indivíduo. , 20 ▪ DASH (Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand – Incapacidade do braço, ombro e mão): avalia a função das atividades relacionada aos membros superiores, possui 30 itens, nos quais cada um possui uma pontuação de 1-5. Quanto maior a pontuação, maior é a incapacidade funcional do indivíduo. ▪ AOFAS (American Orthopaedic Foot and Ankle Society – Sociedade Ortopédica Americana de Pé e Tornozelo): avalia dor, função e alinhamento do pé, possui uma pontuação de 0-100, na qual quanto maior a pontuação maior a funcionalidade do paciente. ▪ TAMPA: avalia o medo do movimento (cinesiofobia), possui 17 itens, com pontuação de 1-4 em cada item, geralmente é utilizada para paciente com lombalgia, cervicalgia, fibromialgia. Quanto maior a pontuação maior o grau de cinesiofobia do paciente. ▪ EQ5D: avalia a qualidade de vida em 5 domínios de saúde: mobilidade, cuidados pessoais, atividades habituais, dor/desconforto e ansiedade/depressão, com 3 níveis de resposta e uma escala visual analógica (EVA) com pontuação que varia de 0-100, na qual quanto maior a pontuação, melhor é a qualidade de vida do indivíduo. ➢ Testes Funcionais: são testes que avaliam a quantidade e/ou qualidade do movimento dentro de um espectro de forma funcional. São medidas baseadas em desempenho. ▪ Teste Step Down: identifica a presença de valgo dinâmico, queda da pelve no plano frontal, compensações laterais do tronco durante o movimento, controle excêntrico do quadríceps. Paciente com um membro apoiado num degrau de 15cm e outro suspenso, é solicitado que leve o calcanhar próximo do chão e retorne à posição inicial, com as mãos na cintura durante o movimento. O movimento deve ser realizado de forma lenta, com algumas repetições. A interpretação do teste depende de qual domínio está sendo avaliado. ▪ Y Balance Test: é utilizado para testar o risco de lesão ou relesão no membro inferior unilateral em cadeia cinética fechada. Linhas em formato de Y são desenhadas no chão e o paciente é posicionado no centro, devendo unilateralmente excursionar o membro inferior nas três direções (anterior, posteromedial e posterolateral) sem realizar apoio do pé no chão. , 21 O teste deve ser realizado três vezes em cada direção, em que a cada tentativa deve ser registrada a distância máxima a que foi chagada. O maior valor entre as tentativas é utilizado para o cálculo, que é realizado da seguinte forma: Direção anterior + posteromedial + posterolateral / 3 X comprimento do membro inferior X 100 Pontuações abaixo de 89% tem uma probabilidade maior de lesão. ▪ T-FAST (Timed functional arm and shoulder test – Teste funcional temporizado de braço e ombro): são solicitadas e temporizadas atividades de vida diária. como: o Movimentos repetidos e contínuos de mão na cabeça e nas costas por 30 segundos (25-30 movimentos); o Movimentos rotacionais na parede em sentido horário e anti-horário por 60 segundos em cada direção, num círculo de 12 polegadas onde o centro deve estar na altura do ombro do paciente (80-100 movimentos); o Elevação de galão com 3,2 litros, a uma altura de 56 polegadas do chão (36 da primeira prateleira e 20 acima da segunda) por 30 segundos (14-20 movimentos); o Todas as atividades são realizadas bilateralmente e comparadas entre si. ▪ TUG (Timed up and go – Cronometrar e ir): teste utilizado inicialmente para prever risco de queda em idosos, mas também pode ser utilizado para verificar a qualidade do movimento de indivíduos ao sentar-se numa cadeira, levantar-se e marcha. Materiais utilizados: o Cadeira; o Cronometro; o Fita: para marcar 3 metros de distância à frente da cadeira; o Cone: marcando o fim dos 3 metros. , 22 O paciente inicia o teste sentado, ao disparo do cronometro levanta-se e inicia o trajeto até o cone, onde dá a volta e retorna à posição inicial. A pontuação utilizada como corte é de 13,5 segundos. ➢ Teste de força muscular: pode ser mensurada de formas diferentes a fim de revelar possíveis desequilíbrios musculares que possam estar presentes, algumas formas de avaliar são: ▪ TUC: Teste de unidades contráteis: o movimento é realizado contra uma resistência manual e é mensurado por grupos musculares. A interpretação é realizada da seguinte forma: grupo muscular forte ou fraco, presença de dor ou não durante a contração. ▪ Dinamômetro: a dinamometria é uma medida mais precisa da força que um músculo pode exercer e pode permitir que as diferenças de força sejam registradas ao longo do tempo. o Dinamômetro manual: realizada com aparelhos portáteis, em que a contração é mensurada através de uma contração isométrica voluntária máxima. o Dinamômetro isocinético: são máquinas capazes de resistir à mesma quantidade de resistência e velocidade durante todo o movimento. A contração é mensurada associada ao movimento e o resultado da comparação entre os membros analisados não deve ultrapassar o valor de 10-15% de diferença entre eles, valores acima disso são preditivos de lesões. Estas ferramentas podem ser utilizadas não só como critérios de alta, mas como avaliação inicial, para se ter um parâmetro comparativo ao final do tratamento e como método de reavaliação durante o tratamento para verificar se a linha de tratamento está de fato tendo um efeito positivo. , 23 Conclusão Neste bloco foi possível revisar aspectos importantes que englobam desde a avaliação de um paciente até a forma de abordagem mais adequada, assim como os principais critérios de alta. É percebido que os conceitos iniciais são importantes para entendimento adequado das doenças e disfunções, do curso da doença e de como é dado seu tratamento e alta. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA HOPPENFELD, S.; MURTHY, V. Tratado e reabilitação de fraturas. 1ª ed. São Paulo: Manole, 2001. KENDALL, Florence Peterson; MCCREARY, Elizabeth Kendall. Músculos: provas e funções. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1987. KISNER, Carolyn e COLBY, Lynn Allen. Exercícios Terapêuticos: fundamentos e técnicas. 3ª ed. São Paulo: Manole, 1998. RUBLE, S. B., et. al. Thermal Pain Perception After Aerobic Exercise. ScienceDirect Archives of Physical Medicine and Rehabilitation, v 86, n.5, p. 1019–1023, 2005. Disponível em https://doi.org/10.1016/j.apmr.2004.09.024. Acesso em 18 nov. 2022. NAUGLE, K. M., et. al. Intensity Thresholds for Aerobic Exercise-Induced Hypoalgesia. Medicine & Science in Sports & Exercise. v. 46 – n. 4 – p. 817-825, 2014. doi: 10.1249/MSS.0000000000000143. KOLTYN, K. F.; ARBOGAST, R. W. Perception of pain after resistance exercise. British Journal of Sports Medicine. 1998; v. 32. n. 1, p. 20–24. Disponível em http://dx.doi.org/10.1136/bjsm.32.1.20.Acesso em 18 nov. 2022. VAEGTER, H. B.; HANDBERG, G.; GRAVEN-NIELSEN, T. Similarities between exercise- induced hypoalgesia and conditioned pain modulation in humans. Pain. v. 155 – n. 1 - p 158-167, 2014. doi: 10.1016/j.pain.2013.09.023. Disponível em https://doi.org/10.1016/j.pain.2013.09.023. Acesso em 18 nov. 2022. https://doi.org/10.1016/j.apmr.2004.09.024 http://dx.doi.org/10.1136/bjsm.32.1.20 https://doi.org/10.1016/j.pain.2013.09.023 , 24 2. DISFUNÇÕES ORTOPÉDICAS E TRAUMATOLÓGICAS DE MEMBROS SUPERIORES Apresentação Neste bloco serão abordadas as principais disfunções ortopédicas do membro superior mais comuns tratadas na área traumatologia e ortopedia. Os principais conceitos de avaliação e tratamento das doenças que acometem as articulações do ombro, cotovelo, punho, mão e os acometimentos neurais. Bons estudos! , 25 2.1 Disfunções ortopédicas e traumatológicas de ombro ➢ CAPSULITE ADESIVA: É uma síndrome de origem desconhecida cuja principal característica é a perda dolorosa e progressiva dos movimentos ativos e passivos da articulação glenoumeral. É sabido que a doença está na capsula articular, evolui de um estado inflamatório para uma fibrose e, consequentemente, perde-se sua elasticidade e volume. Pode durar de 6 meses a 2 anos e meio e tem involução espontânea em tempo invariável. ➢ Quadro clínico: ▪ Mais comum em mulheres; ▪ Dor generalizada em ombro de início insidioso; ▪ Dor à movimentação ativa e passiva de glenoumeral, com piora da dor no período noturno; ▪ História ou doença articular pregressa; ▪ Geralmente unilateral; ▪ Perda progressiva de todos os movimentos em especial rotação externa. ➢ Fatores de risco: ▪ Diabetes mellitus; ▪ Histórico de fratura de úmero proximal ou doença articular ou tendínea. ➢ Fases: ▪ 1: Inicial: inflamatória, caracterizada por muita dor ▪ 2: Fase de rigidez progressiva: perca progressiva dos movimentos ativos e passivos ▪ 3: Fase de congelamento: estabilização do quadro, o paciente pode ou não relatar dor. ▪ 4: Fase de descongelamento: retorno gradual dos movimentos ➢ Diagnóstico: ▪ História clínica; ▪ Ressonância nuclear magnética: é evidenciada a diminuição do recesso axilar. , 26 ➢ Tratamento: A fisioterapia não interfere no curso da doença, mas pode melhorar o desfecho dela, pois alivia a dor e traz conforto ao paciente. ▪ Recursos físicos: indicação apenas na fase inicial da doença em que há processo inflamatório ativo. ▪ Manutenção de ADM: evitar mais perdas, na fase de congelamento, e reestabelecer a ADM na fase de descongelamento, ativa e passivamente através de exercícios ativos. ▪ Terapias manuais: liberação miofascial, principalmente nos músculos periescapulares, pela compensação da articulação escapulo torácica na falta da mobilidade da glenoumeral e mobilizações articulares. ▪ Manutenção de força muscular: dentro dos arcos de movimento permitidos. ➢ SÍNDROME DO IMPACTO Lesão caracterizada pelo pinçamento das estruturas do espaço subacromial, como: tendões do manguito rotador, da porção longa do bíceps, bursa subacromial, principalmente nos movimentos acima de 90°, ocorrendo uma sucessão de micro lesões nessas estruturas. ➢ Fatores de risco: ▪ Estruturais: Anatômicos; o Tipo de acrômio: Classificação de Bigliani: • I – Mais plano, não é tão prejudicial; • II – Levemente curvo, pode ser que desenvolva a síndrome; • III – Em formato de gancho, é o mais prejudicial, a chance de desenvolver a síndrome é grande. ▪ Funcionais: o Função do manguito rotador: com sua fraqueza, não há oposição à força do deltoide, que já é forte naturalmente, isso gera desequilíbrio muscular, onde o deltoide é muito mais forte que o manguito rotador, fazendo com que o úmero impacte sobre o acrômio. , 27 o Retração posterior da cápsula testada através do teste sleeper stretch, em que se mede a amplitude de rotação interna de forma comparativa com o lado contralateral. Sendo uma condição adquirida por micro traumas na capsula posterior, pelo movimento repetido de arremesso, por exemplo, que cicatrizam em forma de fibrose, limitando a elasticidade capsular. o Discinesia escapular: (qualidade do movimento escapular) alterações da posição da escapula durante o movimento, podem gerar sobrecarga em determinadas estruturas. ▪ Quadro clínico: o Queixa de dor de evolução insidiosa; o Relata redução da força por conta da inibição neuromuscular gerada pela dor e episódios de fisgada quando o ombro está elevado; o Dificuldade em dormir, principalmente sobre o lado afetado; o Local da dor em face lateral, região subacromial e referida próxima à inserção do deltoide; o Pontos gatilho ativos ou latentes na cintura escapular e MMSS, padrão de movimento disfuncional, utilização de musculatura acessória. ▪ Diagnóstico: o Testes especiais: teste do arco doloroso, teste de neer, hawkins kennedy e jobe. ▪ Tratamento: o Fase inicial: • Manutenção da mobilidade; • Alívio da dor; • Mobilização articular; • Mobilização escapular; • Controle muscular proximal. , 28 o Fase intermediaria: • Otimizar reparação dos tecidos se necessário; • Fortalecimento seletivo do manguito rotador; • Alongamento de capsula posterior. o Fase avançada/remodelagem: • Aumento da força global dos MMSS; • Propriocepção – CCF e CCA; • Pliometria; • Treinos de estabilização em CCA e CCF. o Fase Final: simulação do gesto esportivo, para atletas e retorno as atividades. ➢ LESÃO DE MANGUITO ROTADOR: As rupturas podem ser classificadas pelo número de tendões acometidos ou pelo tamanho do distanciamento entre as fibras tendíneas. O tendão mais acometido é o do músculo supraespinhal e pode ser classificado em: - Ruptura pequena: menor que 1cm; - Ruptura média: 1-3cm; - Ruptura grande: 3-5cm; - Ruptura massiva: maior que 5cm. As lesões do manguito rotador podem ser causadas por alterações degenerativas, microtraumas repetitivos, lesões traumáticas graves por queda com a mão estendida, por uma força inesperada ao empurrar ou puxar ou durante a luxação do ombro. A deterioração muscular normal relacionada à idade e movimentos repetitivos excessivos são exemplos de causas atraumáticas. ➢ Fatores de risco: ▪ Tabagismo; ▪ Obesidade; ▪ Diabetes Mellitus. , 29 ➢ Quadro clínico: ▪ Dor intensa no momento da lesão; ▪ Dor noturna; ▪ Dor com atividades em posição acima da cabeça; ▪ Sinal de arco doloroso positivo; ▪ Fraqueza do músculo envolvido; ▪ Rigidez do ombro. ➢ Diagnóstico: ▪ Testes especiais: teste de queda do braço, belly press e teste de gerber; ▪ Ressonância nuclear magnética: evidencia as rupturas parciais ou totais dos tendões e inflamação presente no local. ➢ Tratamento: ▪ Fase inicial: o Alívio de dor e tensão muscular em regiões proximais ao ombro; o Manutenção de mobilidade articular; o Ativação muscular de músculos periescapulares. ▪ Fase intermediária: o Ativação de músculos do manguito rotador; o Mobilidade em amplitudes maiores. ▪ Fase final: o Fortalecimento em cadeia cinética fechada; o Treinamento de gesto esportivo; o Pliometria; o Perturbação rítmica. , 30 2.2 Disfunções ortopédicas e traumatológicas de cotovelo ➢ SÍNDROME DO PRONADOR REDONDO O pronador redondo possui dois ventres musculares, onde o nervo mediado passa por entre suas fibras podendo ser comprimido em 3 áreas diferentes: ▪ Próximo à inserção do bíceps; ▪ Entre os ventres musculares do pronador; ▪ E, mais adiante, na massa muscular dos flexores superficiais do dedo. ➢ Quadro clínico: ▪ Manifestações sensoriais: acometimento de nervo mediano: parestesia em face palmar do 1º até metade do 4º dedo e dorsal na ponta dos dedos. ▪ Manifestações motoras: fraqueza e hipotrofia da musculatura inervada pelo nervo mediano(eminência tênar): flexor curto do polegar, abdutor curto do polegar e oponente do polegar. ➢ Diagnóstico: ▪ Teste especial de Phalen e Tínel de punho possuem resultados negativos, pois a compressão é na região do cotovelo; ▪ Positivo para teste da síndrome do pronador redondo. ➢ Tratamento: ▪ Liberação miofascial; ▪ Mobilização neural; ▪ Melhorar equilíbrio neuromuscular da cintura escapular e todo membro superior. ➢ EPICONDILITE LATERAL Também conhecida como cotovelo de tenista, é uma síndrome de excesso de uso (over use), associada ao desequilíbrio biomecânico, gerando sobrecarga na região do epicôndilo lateral, sendo um dos gestos esportivos do tênis causadores mais comuns o backhand, assim como em indivíduos que trabalham com horas de digitação. Os tendões mais afetados são: extensor radial curto do carpo e supinador. , 31 ➢ Quadro clínico: ▪ Sensibilidade ao toque no epicôndilo lateral; ▪ Dor exacerbada por movimentos repetitivos e na extensão de punho resistida; ▪ Perda de força de preensão palmar. ➢ Diagnóstico: Testes especiais: ▪ Cozen; ▪ Mill; ▪ Maudsley. ➢ EPICONDILITE MEDIAL Também conhecida como cotovelo de golfista, está associada às mesmas causas da epicondilite lateral, porém com o mecanismo de lesão inverso. Os tendões mais afetados são os dos músculos: flexor radial do carpo e pronador redondo. ➢ Quadro clínico: ▪ Sensibilidade ao toque no epicôndilo medial; ▪ Dor exacerbada por movimentos repetitivos e na flexão de punho resistida; ▪ Perda de força de preensão palmar. ➢ Fatores de Risco: Os fatores de risco são semelhantes, tanto na epicondilite medial quanto lateral: ▪ Treinamento: o quanto aquele tecido é sobrecarregado durante as atividades ➢ Técnica de gesto esportivo: Deve ser a melhor possível para evitar compensações e ter o menor gasto energético. ➢ Tratamento: ▪ Terapias manuais; ▪ Mobilização articular; ▪ Bandagens rígidas; ▪ Eletro analgesia; ▪ Ajuste de técnicas de gesto esportivo e carga dos treinos ou da exposição à atividade laboral; , 32 ▪ Reequilíbrio da sinergia do manguito rotador e das forças proximais do membro superior; • Exercícios isométricos direcionados à musculatura extensora e flexora de punho evoluindo para excêntricos. ▪ Tríade terrível do cotovelo É caracterizada por uma lesão traumática no cotovelo com luxação posterior, fratura da cabeça/colo do rádio e do processo coronoide, associada à lesão ligamentar. O mecanismo de lesão mais comum é a queda sobre a mão espalmada. ➢ Diagnóstico: ▪ Radiografia: fraturas associadas e direção da luxação; ▪ Tomografia computadorizada: presença de fraturas ocultas e de fragmentos intra-articulares; ▪ Ressonância nuclear magnética: acometimento de tecidos moles. ➢ Tratamento cirúrgico: ▪ Redução da luxação; ▪ Artroplastia da cabeça do rádio; ▪ Reconstrução dos ligamentos rompidos; ▪ Fixação com parafusos. ➢ Tratamento pós cirúrgico: ▪ Fase Inicial 1ª – 4ª semana o Controle de inflamação e dor; o Ganho de ADM precoce: OBS: se houve reconstrução ligamentar a extensão final deve ser evitada por 6 semanas; o Amplitudes totais de ombro, punho e dedos. ▪ Fase intermediária 4ª – 8ª semana o Progressão de ADM; o Após 6° semana iniciar ativação muscular de todo membro superior. ▪ Fase Final: 8ª – 12ª semana o Progressão de exercícios de fortalecimento; o Exercícios em cadeia cinética fechada; o Treino de gesto esportivo. , 33 ➢ Complicações: ▪ Instabilidade; ▪ Rigidez pós-traumática; ▪ Ossificação heterotópica. 2.3 Disfunções ortopédicas e traumatológicas de punho ➢ FRATURA EM DISTAL DE RÁDIO É caracterizada por fraturas que ocorrem a até 3cm da articulação rádio cárpica, é comum em jovens por traumas de alta energia, geralmente do sexo masculino, e em traumas de baixa energia por mulheres com idade acima de 65 anos, sendo o mecanismo mais comum é a queda sobre a mão espalmada. Pode ser classificada como: ▪ Fratura de Coles: fragmento com desvio dorsal (punho em extensão); ▪ Fratura de Smith: fragmento com desvio palmar (punho em flexão); comum em vítimas de acidentes de moto. ➢ Diagnóstico: ▪ Radiografia. ➢ Tratamento conservador: Tala gessada braquiopalmar (4 semanas) ▪ Controle de dor e inflamação no período de imobilização; ▪ Manutenção de ADM e força das articulações adjacentes; ▪ Após retirada da imobilização; ▪ Recuperação de ADM de forma progressiva; ▪ Ganho de força muscular. ➢ Tratamento cirúrgico: ▪ Fio de Kirchner: Retirado após consolidação óssea; ▪ Placa e parafuso; ▪ Fixadores externos. ➢ Pós-operatório: ▪ Alívio de dor e edema; ▪ Mobilização articular precoce e progressiva; ▪ Ganho de força muscular após período de consolidação óssea; , 34 ➢ FRATURA – LUXAÇÃO DE GALEAZZI: É caracterizada por uma fratura no terço médio e distal da diáfise do rádio e luxação da ulna na articulação radioulnar distal associada. O mecanismo de lesão mais comum é a queda com a mão espalmada. ➢ Diagnóstico: ▪ Radiografia. ➢ Tratamento conservador: quando não há desvio do foco da fratura é utilizado uma tala gessada de 7-10 dias e, após isto, órtese funcional de 4-6 semanas. ▪ Alívio de dor e diminuição do processo inflamatório; ▪ Manutenção de ADM de articulações adjacentes; ▪ Ganho de ADM após retirada da imobilização; ▪ É indicado que o movimento de supinação ocorra após a 8° semana. ➢ Tratamento cirúrgico: placa e parafuso ▪ Pós-operatório: o Órtese por 2-4 semanas em supinação e cotovelo a 90°; o Alívio de dor e diminuição de edema; o Mobilidade passiva até 6 semanas; o Mobilidade ativa após a 6 semana de forma progressiva; o Tala noturna por 12 semanas; o Ganho de força muscular após 8 semana. ➢ IMPACTO ULNO-CARPAL Ocorre por contato da região medial (ulnar) do semilunar ou piramidal com a cabeça da ulna, pela variância ulnar positiva, ou seja, um comprimento ulnar aumentado em relação ao rádio, um posicionamento congênito da superfície articular ulnar mais distalmente do que a superfície articular radial, por encurtamento radial adquirido secundário a trauma - por exemplo, uma consolidação viciosa do rádio após uma fratura do rádio distal, ou fechamento fisário prematuro do rádio. , 35 ➢ Quadro clínico: ▪ Dor à palpação na região entre a cabeça da ulna e o osso piramidal; ▪ Dor no movimento de desvio ulnar; ▪ Diminuição de ADM de punho e rotações do antebraço. ➢ Diagnóstico: ▪ Radiografia; ▪ Ressonância magnética; ▪ Tratamento Cirúrgico; ▪ Osteotomia de 2-3mm e fixação com placa e parafuso. ➢ Pós cirúrgico: ▪ Imobilização 1-2 semanas tala braquiopalmar; ▪ 2 – 6ª semana ADM progressiva; ▪ 6 – 8ª semana início de ativação muscular; ▪ 12 – 16ª semana treinamento de força e gestos funcionais. ➢ LESÃO DE FIBROCARTILAGEM TRIANGULAR O complexo de fibrocartilagem triangular é formado pelo ligamento ulno-semilunar e ulno-piramidal e tendão do flexor e extensor ulnar do carpo, é um importante estabilizador nos movimentos de rotação e dissipação de carga durante a preensão. Podem ocorrem em pacientes com a variância ulnar positiva, excesso de treinos com micro traumas repetitivos e pode estar relacionado a trauma, como queda com apoio da mão, por exemplo, pronação e apreensão repetitivas aumentam a pressão sobre a fibrocartilagem. ➢ Quadro clínico: ▪ Dor na borda ulnar do punho com piora na preensão, rotação e desvio ulnar; ▪ Dificuldade em apoio com descarga de peso na região. ➢ Avaliação: Testes provocativos de dor ▪ Teste de compressão: desvio ulnar forçado com antebraço em neutro. ▪ Teste de imprensa: é solicitado que o paciente se levante da cadeira utilizando os punhos em extensão; ▪ Exame de imagem: ressonância magnética. , 36 ➢ Tratamento cirúrgico: ▪ Reparo artroscópico. ➢ Pós cirúrgico: ▪ Imobilizaçãopor 1 semana; ▪ A partir da primeira semana os exercícios de mobilidade podem ser iniciados. ▪ Utilização de órtese antebraquiopalmar por 4 semanas; ▪ Após 4° semana, início de ativação muscular progressivo; ▪ Retorno as atividades esportivas em 3-4 meses. 2.4 Disfunções ortopédicas e traumatológicas de mão ➢ DEDO EM GATILHO Deformidade estrutural do tendão, que por um excesso de uso ou por uma pré disposição genética pode formar uma calosidade e quando passa por dentro da polia para realizar o movimento de flexão, no retorno a calosidade fica presa e o paciente relata que precisa fazer bastante força para realizar a extensão sentindo um click (sensação do gatilho) quando consegue, ao longo do tempo essa calosidade aumenta por conta do atrito, até ficar totalmente presa na polia e não conseguir mais realizar a extensão. Outra situação que pode acontecer é a polia ficar mais larga e comportar o tamanho da calosidade, neste caso o paciente relata que teve episódios de dedo em gatilho e depois desapareceu. É comum em indivíduos que possuem problemas com colágeno, como queloides e má cicatrização. ➢ Quadro clínico: ▪ O movimento passivo é livre, porém no movimento ativo há o sinal do gatilho. ▪ Ocorre em apenas um ou dois dedos unilateralmente. ➢ Tratamento: ▪ Modificação de atividades; ▪ Utilização de talas; ▪ Cirurgia para liberação pode ser indicada; ▪ Fortalecimento de interósseos e lumbricais; ▪ Mobilidade ativa de articulação interfalangianas; ▪ Termoterapia. , 37 ➢ TENOSSINOVITE DE QUERVAIN Tendinopatia nos tendões que passam pelo túnel I (abdutor longo e extensor curto do polegar). Causado por over use em atividades como golfe, pesca, carpintaria. A ressonância magnética, mostra se o quadro é inflamatório ou degenerativo, no inflamatório há a presença de líquido entre a bainha e o tendão, no quadro degenerativo o tendão apresenta espessamento. Em casos mais avançados pode apresentar calcificações. ➢ Quadro clínico: ▪ Dor com piora na abdução do polegar, preensão palmar e desvio ulnar; ▪ Diminuição de ADM; ▪ Fraqueza e parestesia na mão. ➢ Avaliação: ▪ Teste de Finkelstein. ➢ Tratamento: ▪ Termoterapia; ▪ Bandagens; ▪ Liberação miofascial eminência tênar; ▪ Exercícios isométricos podem ser iniciados com a diminuição do quadro álgico, evoluindo para excêntricos. ➢ SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO Síndrome compressiva do nervo mediano no túnel do carpo. ➢ Fatores predisponentes: ▪ Ocupacionais: jornadas de trabalho intensas, com movimentos repetidos das mãos, podem gerar sobrecarga e espessamento do tendão, comprimindo o tecido neural. ▪ Artrite reumatoide: doença autoimune que causa deformidade estrutural e destruição do tecido conjuntivo e superfícies articulares. , 38 ▪ Medicamentos e gravidez: corticoide e anticoncepcional são medicamentos que geram retenção de líquido, e este excesso pode comprimir o nervo mediano, situação semelhante acontece na gravidez. ➢ Quadro clínico: ▪ Ter um ou mais dos fatores predisponentes presente, caso não tenha, é possível considerar que o problema pode estar relacionado a outra região como cotovelo, ombro ou cervical. ▪ Sensações neuropáticas no território do nervo mediano: o Formigamento; o Choque; o Frio doloroso; o Queimação; o Alfinetadas. ▪ As alterações motoras aparecem a longo prazo, como perda de força principalmente na preensão palmar e hipotrofia dos músculos inervados pelo nervo mediano. ➢ Exames complementares: ▪ Eletroneuromiografia: avalia a velocidade de condução nervosa e a qualidade da condução nervosa. ▪ Ultrassonografia: identifica a presença de corpos estranhos, alterações anatômicas, massas, líquidos. ▪ Análises clínicas: verifica se há presença de doenças autoimunes; artrite reumatoide, gota. ▪ Radiografia: identifica sequela de fratura, consolidação viciosa, luxação. ▪ Tomografia computadorizada: identifica fraturas sutis, tumores. ▪ Ressonância magnética: avalia tecidos moles. ➢ Diagnóstico diferencial: ▪ Radiculopatia C5/C6 ou C6/C7; hérnias discais cervicais baixas; ▪ Síndrome do desfiladeiro torácico; ▪ Síndrome do pronador redondo. , 39 ➢ Tratamento cirúrgico: secção do túnel, abrindo espaço para o tecido neural. ▪ Tratamento conservador: ▪ Fase inicial: o Controle do processo inflamatório; o Retirar a carga desta região, ativando toda a cadeia muscular, começando pela região escapular; o Aumentar/manter ADM. ▪ Fase intermediária: o Melhorar força muscular da musculatura intrínseca e extrínseca; o Melhorar controle motor. ▪ Fase Final: o Gestos funcionais. ➢ DEFORMIDADE EM BOTOEIRA Lesão do extensor curto dos dedos, inserido na falange média, entrando em deformidade com flexão da articulação interfalangiana proximal e hiperextensão da interfalangiana distal. ➢ Quadro clínico: Não realiza extensão da articulação interfalangiana proximal de forma ativa, mas o movimento passivo é livre. ▪ Tratamento cirúrgico: reparação do tendão com sutura (tenorrafia), osteossíntese para a fratura (imobilizando a articulação por algumas semanas). Quando o tendão apenas desinsere, o tendão é reinserido e preso por um botão que fica na frente da unha associado a fios de kirschner que depois são retirados. ▪ Pós cirúrgico: o Reparo cirúrgico: respeitar o período de cicatrização do tendão (3 semanas dependendo da gravidade e extensão da lesão e da técnica cirúrgica); o Não permitir movimentos ativos; o Evitar grandes amplitudes de movimento passivo; o Prevenir as contraturas; o Recuperar a ADM; o Recuperar a função. , 40 ➢ FRATURA DE ESCAFOIDE O osso do carpo mais comumente fraturado, geralmente está associado à fratura de punho e mão, pois o mecanismo de trauma é o mesmo. Nas primeiras radiografias o traço é sutil ou praticamente invisível, pois a maior parte dele é revestida por cartilagem, portanto, o sinal de dor em região de tabaqueira anatômica é um grande indicativo de lesão. É necessário a imobilização, e com 7 a 10 dias após a lesão é possível ver com mais clareza o traço da fratura nas radiografias. Nas tomografias, o traço é mais bem visualizado desde o princípio. O atraso no diagnóstico da fratura pode acarretar complicações, como: pseudoartrose, diminuição da força de preensão e ADM. ➢ Quadro clínico: ▪ Dor profunda na parte radial do punho, agravada na preensão; ▪ Edema; ▪ Diminuição de ADM dos movimentos do polegar. ➢ Avaliação: ▪ Clínica; ▪ Teste de compressão do escafoide. ➢ Tratamento conservador: ▪ Imobilização de aproximadamente 90 dias; ▪ Braquiopalmar + polegar (30 dias); ▪ Antebraquiopalmar + polegar (60 dias). ➢ Tratamento cirúrgico: garante melhor estabilidade para o fragmento através da fixação com parafusos. ▪ Objetivos gerais da reabilitação: o Restaurar ADM; o Redução de edema; o Aumento de força após recuperação de ADM; o Retorno às atividades esportivas. , 41 ▪ Complicações: o Necrose isquêmica do polo proximal, retardo de consolidação, rigidez articular. 2.5 Disfunções de nervos periféricos de membros superiores As lesões neurais são classificadas em: Neuropraxia: Primeiro grau - Geralmente é secundária a uma compressão, em que há danos locais na camada mais superficial da mielina. Axôniotmese: Segundo grau – Há lesão do axônio, mas o endoneuro está intacto, essa circunstância é ideal para o processo de regeneração tecidual. Neurotmese: Terceiro grau – Ruptura completa de todo o tronco nervoso. Figura 2.1: Tipos de lesões nervosas; neuropraxia, axoniotmese e neurotmese, respectivamente. Fonte: Adaptada de SEDDON, H. J., 1942. ➢ SÍNDROME DO DESFILADEIRO TORÁCICO Combinação de sinais e sintomas que afetam a região cervical e dos MMSS por compressão do plexo braquial. , 42 O feixe vasculho-nervoso (plexo braquial e artériasubclávia) sofre compressão devido às seguintes condições: ▪ Contratura dos músculos escalenos (feixe anterior e médio); ▪ Presença de costela cervical (hipertrofia de processo transverso da 7° vertebra cervical); ▪ Contratura de peitoral menor e Esternocleidomastoideo. ➢ Quadro clínico: ▪ Dor difusa em região de cervical que irradia para todo o membro superior; ▪ Parestesia em membro superior; ▪ Fraqueza de membro superior – A persistir a compressão, evolui para um comprometimento motor. ➢ Diagnóstico diferencial: Radiculopatia cervical: nesta condição os sintomas respeitam o dermátomo corresponde. ➢ Diagnóstico: ▪ Testes especiais positivos: manobra de Adson, teste de Ross; ▪ Radiografias confirmam a presença de costela cervical; ▪ Diminuição da temperatura e palidez das extremidades; ▪ Compressões venosas podem acarretar TVP de subclávia produzindo edema no membro superior. ➢ Tratamento: ▪ Reestabelecer equilíbrio muscular de cintura escapular; ▪ Liberação miofascial de músculos cervicais; ▪ Mobilização neural; ▪ Exercícios de mobilidade para coluna cervical. ➢ PARALISIA DE ERB OU ERB-DUCHENNE É uma forma de paralisia obstétrica, ou seja, uma lesão das raízes nervosas superiores do plexo braquial que ocorre durante o nascimento devido às manobras realizadas num parto considerado difícil, pode ocorrer um estiramento ou avulsão dessas raízes. , 43 Os nervos e músculos acometidos são: ▪ Nervo axilar: músculo deltoide e redondo menor; ▪ Nervo musculo cutâneo: musculo bíceps braquial, braquial; ▪ Nervo supraescapular: músculo supraespinhal e infraespinhal. ➢ Fatores de risco: ▪ Obesidade materna; ▪ Diabetes gestacional; ▪ Macrossomia fetal. ➢ Quadro clínico: Déficit de rotação lateral de ombro, elevação e flexão de cotovelo. ➢ Diagnóstico: ▪ Histórico clínico; ▪ No exame físico apresenta diminuição dos movimentos do membro superior afetado, assim como força e sensibilidade. ➢ Tratamento: ▪ 6 primeiros meses: manutenção de ADM para prevenir deformidades e melhorar força dos músculos preservados; ▪ Exercícios focados na bilateralidade; ▪ Nas duas primeiras semanas evitar extremos das ADMs; ▪ Terapia induzida por restrição: restringir o membro não afetado para otimizar movimento do membro afetado; ▪ Utilização de talas e órteses; ▪ Estimulação sensorial. ➢ Tratamento cirúrgico: ▪ Transferências tendíneas; ▪ Transferências neurais. , 44 ➢ SÍNDROME DO ESPAÇO QUADRILÁTERO É o espaço composto pela porção lateral do tríceps, músculo redondo menor e redondo maior e pela borda medial do úmero, e no centro passam o nervo axilar e a artéria circunflexa posterior, onde pode gerar uma compressão que está associada a uma sobrecarga principalmente em atletas como arremessadores, que regularmente realizam o movimento de abdução e rotação externa. ➢ Quadro clínico: ▪ Dor difusa no ombro; ▪ Dor na região posterior do ombro; ▪ Perda de sensibilidade na distribuição do nervo axilar; ▪ Fraqueza principalmente em abdução e rotação externa. ➢ Tratamento: ▪ Liberação miofascial em região de quadrilátero; ▪ Mobilização articular glenoumeral; ▪ Alongamento de cápsula posterior; ▪ Manipulação de coluna cervical e torácica; ▪ Estabilização escapular; ▪ Fortalecimento de manguito rotador. , 45 Conclusão Neste bloco revisamos aspectos relacionados à avaliação e quadro clínico apresentado em cada patologia dos membros superiores, além de identificarmos a melhor forma de abordagem e principais objetivos do tratamento fisioterapêutico. REFERÊNCIAS HOPPENFELD, S.; MURTHY, V. Tratado e reabilitação de fraturas. 1ª ed. São Paulo: Manole, 2001. KENDALL, Florence Peterson; McCREARY, Elizabeth Kendall. Músculos: Provas e Funções. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1987. KISNER, Carolyn e COLBY, Lynn Allen. Exercícios Terapêuticos: Fundamentos e Técnicas. 3ª ed. São Paulo: Manole, 1998. SEDDON, H. J. Three Types of Nerve Injury. Brain, v. 66, n. 4, p. 237–288, 1943. doi: 10.1093/brain/66.4.237. Disponível em https://doi.org/10.1093/brain/66.4.237. Acesso em 18 nov. 2022. SULLIVAN, Susan B; SCHMITZ, Thomas J. Fisioterapia Avaliação e Tratamento. 4ª ed. São Paulo: Manole, 2004. https://doi.org/10.1093/brain/66.4.237 , 46 3 DISFUNÇÕES ORTOPÉDICAS E TRAUMATOLÓGICAS DE MEMBROS INFERIORES Apresentação Neste bloco serão abordadas as principais disfunções ortopédicas dos membros inferiores mais comuns tratadas na área ortopédica e traumatológica. As principais formas de avaliação, apresentação de quadro clínico e formas de manejo das articulações do quadril, joelho, tornozelo, articulações do pé e disfunções neurais dos membros inferiores. Bons estudos! , 47 3.1 Disfunções ortopédicas e traumatológicas de quadril ➢ OSTEOARTRITE: Doença articular degenerativa, progressiva, pode ocorrer por causa primária: genética ou secundária: relacionada à biomecânica e sequelas de traumas. ➢ Fatores de risco: ▪ Idosos; ▪ Obesidade; ▪ Esportes de alto impacto. ➢ Quadro clínico: ▪ Dor no quadril, inicialmente na em região de virilha, referida em região de coxa e joelho; ▪ Dor em posição ortostática mantida; ▪ Fadiga na deambulação; ▪ Dor matinal, por característica articular; ▪ Rigidez articular. ➢ Num quadro tardio pode apresentar: ▪ Diminuição de ADM; ▪ Dificuldade nas AVDs; ▪ Dor noturna; ▪ Atrofia de músculos adjacentes, contraturas em flexão. ➢ Diagnóstico: ▪ Radiografia: evidencia diminuição do espaço articular e osteófitos na articulação. ➢ Tratamento conservador: ▪ Diminuição da sobrecarga articular; ▪ Aconselhável o uso de bengala; ▪ Diminuição de peso; ▪ Educação sobre a doença; ▪ Diminuição de tensão muscular; ▪ Mobilização articular; ▪ Exercícios ativos. , 48 ➢ Tratamento cirúrgico ▪ Artroplastia total do quadril. ➢ BURSITE TROCANTÉRICA A bursa encontra-se entre o tendão do glúteo máximo e a superfície posterolateral do trocânter maior, que pode ser causada por um atrito da banda iliotibial ou desequilíbrio muscular entre adutores e abdutores, e ainda por causas traumáticas como queda lateral. ➢ Quadro clínico: ▪ Dor na região lateral do quadril e da coxa; ▪ Dor durante a deambulação ou ao cruzar as pernas; ▪ Aumento gradativo de dor em posições mantidas; ▪ Dor a palpação no trocânter. ➢ Avaliação: ▪ Teste de Ober positivo. ➢ Tratamento: ▪ Controle de dor e edema; ▪ Liberações miofasciais; ▪ Órtese para corrigir as diferenças de comprimento dos membros, se houver; ▪ Restauração de ADM; ▪ Reequilíbrio de força muscular. ➢ IMPACTO FÊMORO ACETABULAR É um distúrbio clínico relacionado ao movimento do quadril envolvendo contato prematuro entre o acetábulo e o fêmur proximal, que resulta em sintomas particulares, sinais clínicos e achados de imagem. Alterações degenerativas e osteoartrite podem se desenvolver a longo prazo como resultado desse contato anormal. Está associada a três variações na morfologia da articulação do quadril: alterações no componente femoral o qual é denominado: CAM, no componente acetabular: PINCER e uma combinação dos dois componentes alterados: MISTO. , 49 ➢ Quadro clínico: ▪ Dor em região do quadril, demonstrada pelo paciente com a letra C; ▪ Rigidez; ▪ Diminuição da ADM. ➢ Avaliação: ▪ Teste de FADIR positivo. ➢ Tratamento conservador: ▪ Reequilíbrio biomecânico; ▪ Liberação miofascial; ▪ Mobilização articular; ▪ Fortalecimento do complexo póstero lateral do quadril; ▪ Melhora do controle motor; ▪ Aumento de mobilidade de quadril. ➢ Tratamento cirúrgico: ▪ Osteotomia femoral (CAM); ▪ Osteotomia acetabular (PINCER). ➢ PUBALGIA É um termo que se refere a dor inguinal crônica ou na região do púbis bi ou unilateral, sãodesencadeadas por cirurgia ou hérnia inguinal anterior, uso excessivo de músculos abdominais inferiores e músculos proximais de coxa, principalmente em esportes como futebol, corridas de longas distâncias. ➢ Quadro clínico: ▪ Dor na sínfise e adutores exacerbados de forma espontânea ou a palpação; ▪ Dor piora com esforço e melhora com repouso; ▪ Dor progressiva e incapacitante. ➢ Avaliação: ▪ Dor a palpação; ▪ Manobra de grava; ▪ Ressonância magnética; , 50 ➢ Tratamento conservador: ▪ Fase inicial: controle da dor, melhora da mobilidade e liberações miofasciais; ▪ Fase intermediária: controle proximal e estabilização segmentar; ▪ Fase final: gesto esportivo e propriocepção avançada. ➢ ARTROPLASTIA DE QUADRIL Indicada em casos graves de osteoartrite de quadril, dor incapacitante, fraturas de colo de fêmur, necrose avascular da cabeça femoral e displasias do desenvolvimento do quadril. É um dos procedimentos cirúrgicos mais bem-sucedidos dos últimos tempos. Tanto o componente acetabular quanto o femoral podem ser substituídos em conjunto (total) ou separados (parcial). Os componentes podem ser de cerâmica, metal ou polietileno, podem ser fixados com ou sem cimento biológico, sendo as próteses não cimentadas indicadas a pacientes mais jovens, com boa qualidade óssea, que sofreram acidentes de alta energia por exemplo e as cimentadas indicadas para pacientes com baixa qualidade óssea, que geralmente são os pacientes idosos. ➢ Vias de acesso: ▪ Smith-Peterson (via anterior); ▪ Watson-Jones (via ântero-lateral); ▪ Hardinge (via lateral); ▪ Moore (via póstero-lateral). ➢ Reabilitação: ▪ Orientações iniciais para evitar luxações: o Flexão acima de 90°; o Rotação interna. o Adução. ➢ Fase inicial 1ª — 6ª semana: ▪ Diminuição do processo álgico e inflamatório; ▪ Ativação da musculatura abdutora (4° semana); ▪ Treino de descarga de peso no membro inferior operado; ▪ Treino de marcha. , 51 ➢ Fase intermediaria 7ª — 11ª semana: ▪ Manutenção de ADM; ▪ Treino de AVDs: marcha, subir e descer escadas e rampas. ➢ Fase final 12ª — 18ª semana: ▪ Ganho de força muscular em cadeia cinética aberta e fechada; ▪ Evolução do controle motor na marcha; ▪ Manutenção de força, ADM e propriocepção avançados. ➢ Complicações: ▪ Lesão neural: principalmente na via anterior do nervo femoral sensitivo; ▪ Fratura periprotética; ▪ Infecção; ▪ Desgaste do material; ▪ Luxação. 3.2 Disfunções ortopédicas e traumatológicas de Joelho ➢ SÍNDROME DA DOR FEMOROPATELAR Síndrome dolorosa anterior do joelho, especificamente ao redor da patela, manifestando-se ao subir e descer escadas, em esforço prolongado, posições estáticas mantidas, em agachamentos, podendo apresentar edema difuso. ➢ Quadro clínico: ▪ Pode se dar na infância, adolescência, fase adulta ou em idosos; ▪ Indivíduos ativos ou sedentários; ▪ Dor anterior no joelho e na superfície articular da patela; ▪ Edema com agudização do quadro de dor; ▪ Crepitação em estágios mais avançados. ➢ Fatores de risco: Instabilidade articular: pode ser um fator agravante para as doenças: vindo de forma estrutural anatômica, a saber: , 52 ▪ Tróclea rasa: a tróclea lateral é maior formando uma barreira física que impede que a patela lateralize, pois as forças laterais são maiores por conta do valgo fisiológico; ▪ Tipologia da Patela: o Classificação de Wiberg. ▪ Inibição Neuromuscular. ➢ Tratamento: ▪ Fase inicial o Medidas pró-inflamatórias: Crioterapia, laser, US. o Aumento de força muscular de quadríceps, inicialmente dentro dos ângulos de proteção, evoluindo para angulações maiores com a melhora do quadro álgico. o Estabilidade dinâmica proximal: fortalecimento da musculatura de tronco e abdutores de quadril. ▪ Fase intermediária o Treinamento sensório-motor; o Exercícios dinâmicos. O critério de evolução do paciente não é a quantidade de movimentos e sim a qualidade de seus movimentos. ▪ Fase final o Exercícios de alta complexidade: dupla tarefa, solos instáveis; o Treino de gesto esportivo. ➢ OSTEOARTRITE Pode ser causada por predisposição genética em que as enzimas proteolíticas liberadas pelos leucócitos destroem a cartilagem articular ou podem estar relacionadas a outras doenças que fazem com que a cartilagem se degenere: gota, artrite reumatoide ou desequilíbrios biomecânicos causados por traumatismos e cirurgias. ➢ Quadro clínico: ▪ Dor profunda; ▪ Limitação de ADM geralmente no início da deambulação; , 53 ▪ Marcha antálgica; ▪ Presença de edema generalizado com inibição artrogênica; ▪ Crepitação. ➢ Classificação: ▪ Grau 0: normal; ▪ Grau 1: estreitamento do espaço articular duvidoso e possíveis osteófitos na borda. Apresenta: dor, episódios de edemas, alguma inibição artrogênica, nenhuma limitação de ADM e sem deformidade; ▪ Grau 2: possível estreitamento do espaço articular e osteófitos definidos; ▪ Grau 3: estreitamento do espaço articular bem definido e vários osteófitos moderados, alguma esclerose subcondral e deformidade no contorno ósseo; ▪ Grau 4: notável estreitamento do espaço articular, esclerose subcondral, deformidade no contorno ósseo definida e presença de grandes osteófitos. ➢ Classificação funcional: ▪ Grau 1 e 2: ótimo prognóstico, pequena incapacidade funcional, é necessário apenas o controle do estilo de vida com a inclusão de exercícios regulares e manutenção de peso; ▪ Grau 3: ainda não tem indicação cirúrgica, os sintomas são mais acentuados assim como incapacidade funcional; ▪ Grau 4: indicação de cirurgia: prótese total de joelho. Nem sempre os sintomas estarão no mesmo nível do grau de lesão, isso é muito relativo de cada paciente. ➢ Tratamento: ▪ Medidas analgésicas que possam controlar dor e edema; ▪ Manutenção de ADM; ▪ Restabelecer as forças proximais de quadril e tronco; ▪ Melhorar a força dos músculos dos estabilizadores dinâmicos do joelho; ▪ A utilização de bengalas pode ser indicada; , 54 ➢ LESÕES MENISCAIS O menisco tem a função de melhorar a congruência articular e estabilidade articular, além de absorver e distribuir cargas axiais. Pode ser por causada por mecanismos traumáticos ou degenerativos. O menisco possui três regiões que nos indicam prognóstico de lesão: ▪ Zona vermelha: zona periférica de maior vascularização; ▪ Zona vermelha branca: zona intermediária com média vascularização; ▪ Zona branca: zona mais interna com menor vascularização. As lesões na zona vermelha têm maior possibilidade de cicatrização em lesões pequenas e tem boa indicação para suturas meniscais. Os mecanismos de lesão em extensão lesionam o corno anterior do menisco enquanto os mecanismos em flexão lesionar o corno posterior do menisco. ➢ Sinais e sintomas: ▪ Dor localizada na interlinha articular; ▪ Bloqueio articular nas lesões agudas; ▪ Sinovites de repetição ao esforço; ▪ Hipotrofia do quadríceps. Os critérios para a escolha do tratamento cirúrgico ou conservador englobam: locais de lesão; tipo de paciente: sedentário ou atletas; idade; lesões associadas e sintomatologia. ➢ Tratamento cirúrgico: ▪ Meniscectomia parcial; ▪ Sutura meniscal. ➢ Reabilitação meniscectomia: ▪ Fase 1 — Inicial: 1ª semana; o Alívio de dor e redução do processo inflamatório. ▪ Fase 2 — Intermediária: 2ª semana; o Ganho de ADM; o Ativação muscular. , 55 ▪ Fase 3 — Final: 3ª semana; o Fortalecimento muscular; o Melhora do controle motor. ▪ Fase 4 — Retorno ao esporte: 4ª à 5ª semana; o Treino de gestos esportivos. ➢ Reabilitação de sutura meniscal: ▪ Fase 1: proteção máxima 1ª à 3ª semana; o Alívio de dor e diminuição do processo inflamatório. ▪ Fase 2: readaptação funcional intermediária 4ª à 10ª semana; o Ganho de ADM; o Ativação muscular. ▪ Fase 3: readaptação funcionalavançada 11ª à 15ª semana; o Fortalecimento muscular; o Melhora do condicionamento físico. ▪ Fase 4: retorno as atividades esportivas 16ª à 24ª semana; o Treino de gesto esportivo; o Treino sensório motor. 3.3 Disfunções ortopédicas e traumatológicas de tornozelo ➢ ENTORSE O mecanismo de lesão mais comum é a supinação: inversão, flexão plantar e adução, lesionando os seguintes ligamentos: talofibular anterior, calcaneofibular e talofibular posterior. Mecanismo de lesão comum em aterrisagem de saltos, pisar em superfícies irregulares. ➢ Classificação: ▪ Grau I: distensão dos ligamentos talofibular anterior e calcaneofibular; ▪ Grau II: ruptura total do ligamento talofibular anterior e parcial do ligamento calcaneofibular; ▪ Grau III: ruptura completa dos ligamentos talofibular anterior e posterior e calcaneofibular. , 56 Figura 3.1: Ligamentos do tornozelo Fonte: rob9000 via Shutterstock ➢ Fatores de risco: ▪ Histórico de entorses sem reabilitação; ▪ Diminuição de dorsiflexão; ▪ Esportes de contato em nível competitivo. ➢ Quadro clínico: ▪ Dor; ▪ Edema; ▪ Hematoma; ▪ Redução de ADM; ▪ Dificuldade em descarregar peso no membro afetado; ▪ Alterações de marcha. ➢ Avaliação: ▪ Teste de gaveta anterior e posterior; ▪ Lunge teste; ▪ Teste de figura em 8; ▪ Squeeze teste. ➢ Tratamento: ▪ Fase 1 (2- 3 dias): Protocolo Peace and Love – Protocolo de tratamento para lesões agudas. , 57 o Proteção (Protection): evitar atividades de alta intensidade; o Elevação (Elevation): Drenagem de hematoma e edema o Evitar (Avoid Anti-inflamatories): Uso de anti-inflamatórios e analgésicos o Compressão (Compression): Limitar difusão do edema o Educação (Education): Explicar comportamento da lesão o Carga (Load): Conforme tolerado o Otimismo (Optimism): Deixar claro os ganhos do paciente o Vascularização (Vascularisation): Cardiovasculares conforme tolerado o Exercícios (Exercise): Mobilidade, força e proprioceptivos ▪ 0 - 2 semanas: o Diminuição de edema; o Liberação miofascial; o Otimização do reparo tecidual; o Melhora de ADM; o Treino de marcha; o Ativação muscular. o 3 - 4 semanas: o Retorno ao trabalho e esportes a nível de participação. ▪ 4 - 6 semanas: o Treino em superfícies irregulares; o Reprodução dos mecanismos de lesão. ▪ 6 - 8 semanas: o Retorno as competições. Em entorses com lesões de grandes escalas nas quais a reconstrução dos ligamentos é necessária, a reabilitação segue os seguintes princípios: , 58 ➢ Pós cirúrgico: ▪ 0 - 2 semanas: o Carga zero; o Utilização de robofoot e muletas. ▪ 3-6 semana: o Carga progressiva. ▪ 6-12 semana: o Substituição de robofoot por aircast; o Ativação muscular; o Mobilidade sem restrição 6-8 semana. ▪ 16 semana: o Retorno as atividades esportivas e de impacto. ➢ LESÃO DE SINDESMOSE: Ocorre quando há uma luxação posterior da fíbula ou uma rotação externa da tíbia com o pé fixo ao solo, num mecanismo rotacional de membro inferior. ➢ Classificação de West Point: ▪ Grau I: entorse de talofibular anterior; ▪ Grau II: ruptura completa de ligamento talofibular anterior e ligamento interósseo; ▪ Grau III: ruptura de todos os ligamentos com afastamento da região de sindesmose. ➢ Avaliação: ▪ Squeeze test; ▪ Cotton test; ▪ Radiografia. ➢ Tratamento: ▪ Carga zero por 2 semanas e utilização de robofoot; ▪ Carga parcial até 4 semana e utilização de robofoot; ▪ Carga total em 6 semana; ▪ Corrida entre 8 e 10 semanas; ▪ Movimentos rotacionais em 12 semanas; ▪ Retorno ao esporte em 16 - 24 semanas. , 59 3.4 Disfunções ortopédicas e traumatológicas de pé ➢ FASCEITE PLANTAR: A fáscia plantar tem como função a sustentação do arco longitudinal medial do pé e auxilia na fase de propulsão durante a marcha, na corrida e nos saltos, pois na fase de aplainamento a fáscia acumula energia elástica e devolve no momento da propulsão, impulsionando o corpo para frente. ➢ Fatores de risco: ▪ Intrínsecos (Biomecânica): o Corredores, pois tem alta demanda; o Hiperpronação do pé; o Pé cavo rígido; o Tendão calcâneo tenso, por encurtamento de cadeia posterior; o Diminuição de ADM na primeira articulação metatarso falangiana; Ex.: Joanete. ➢ Extrínsecos (podem fazer parte da biomecânica, porém são reversíveis): ▪ Correr em superfícies rígidas; ▪ Calçados inadequados (chinelo, rasteirinha); ▪ Fraqueza de tríceps Sural e musculatura intrínseca do pé; ▪ Desequilíbrios de cintura pélvica e tronco. ➢ Quadro clínico: ▪ Dor de início gradual e insidiosa; ▪ Dor à palpação na tuberosidade do calcâneo, podendo estender-se ou não para o arco medial; ▪ Dor matinal nos primeiros passos ou após longo período de inatividade; ▪ Dor à dorsiflexão ativa e passiva do tornozelo e extensão da primeira articulação metatarso falangiana por tensão máxima na fáscia plantar. ➢ Tratamento: ▪ Controle inflamatório e da dor: na fase aguda; ▪ Diminuição da tensão exercida na fáscia; ▪ Terapia manual – liberação miofascial; , 60 ▪ Alongamentos de cadeia posterior e fáscia; ▪ Suspensão das atividades provocativas de dor; ▪ Órteses corretivas, palmilhas; ▪ Fortalecimento da musculatura intrínseca do pé. ➢ LESÃO DE TURCO Lesão do ligamento Lisfranc que tem origem na região lateral do cuneiforme medial e se insere na parte superior medial da base do 2° metatarso. O mecanismo de lesão mais comum é o trauma direto no dorso do pé. ➢ Quadro clínico: ▪ Dor entre as bases do 1° e 2° metacarpo; ▪ Assintomático durante a marcha, mas sente dor em atividades de maior demanda. ➢ Avaliação: ▪ Teste de pronação: abdução do antepé, o paciente pode relatar dor ou instabilidade; ▪ Dor ou instabilidade numa força compressiva no bordo medial e lateral do pé. ➢ Diagnóstico: ▪ Radiografia: com carga; ▪ Tomografia computadorizada: evidência maior espaço entre o 1° e 2° metatarso. ➢ Tratamento: ▪ Quando há apenas uma distensão ligamentar, a imobilização com robofoot é indicada de 6-8 semanas; ▪ Quando há uma ruptura do ligamento com separação entre os metatarsos, a cirurgia é indicada com fixação através de fios de Kirchner ou parafusos e imobilização por 6 semanas; ▪ Redução do quadro álgico nas primeiras semanas; ▪ Carga proprioceptiva inicialmente; ▪ Movimentos ativos assistidos; ▪ Ativação muscular em cadeia cinética fechada. , 61 ➢ Após período de imobilização: ▪ Ganho de ADM progressivo; ▪ Melhora da força muscular de todo membro inferior; ▪ Melhora do controle motor. ➢ TENDINOPATIA DO TENDÃO CALCÂNEO Lesão por uso excessivo e estresse crônico em região do tendão, tem grande correlação com retro pé varo/valgo e tipo de pisada. A sintomatologia apresenta-se na inserção do tendão sendo denominada de tendinopatia insercional ou tendinopatia não insercional que apresenta sintomas na porção média, ou seja, de 2 a 6cm da inserção, em que há a diminuição da vascularização do tendão, o que diminui a propensão de regeneração, pois não tem capacidade de inflamação, além disso apresenta características degenerativas, como alterações na síntese de colágeno do tendão. ➢ Fatores de risco: ▪ Obesidade; ▪ Hipertensão arterial sistêmica; ▪ Diabetes tipo II; ▪ Uso prolongado de esteroides; ▪ Diminuição de dorsiflexão. ➢ Quadro clínico: ▪ Dor de início gradual e insidiosa; ▪ Dor intensa e constante durante ou, principalmente, após atividade; ▪ Edema ou ligeiro espessamento estrutural; ▪ 2 a 3cm acima da inserção apresenta sensibilidade a palpação; ▪ Aumento de dor na dorsiflexão passiva ou flexão plantar resistida. ➢ Avaliação: ▪ Sinal do arco positivo; ▪ Teste Royal London hospital positivo. , 62 ➢ Tratamento: ▪ Utilização de palmilhas corretivas: o tipo de pisada pronada cria um ângulo durante
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