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FISIOTERAPIA NAS DISFUNÇÕES 
ORTOPÉDICAS, TRAUMATOLÓGICAS 
E DESPORTIVAS 
Francklin Trindade da Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
, 
 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 PRINCÍPIOS GERAIS E ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL EM FISIO 
ORTOPÉDICA E TRAUMATOLÓGICA ............................................................ 3 
2 DISFUNÇÕES ORTOPÉDICAS E TRAUMATOLÓGICAS DE MEMBROS 
SUPERIORES ............................................................................................. 24 
3 DISFUNÇÕES ORTOPÉDICAS E TRAUMATOLÓGICAS DE MEMBROS 
INFERIORES .............................................................................................. 46 
4 DISFUNÇÕES ORTOPÉDICAS E TRAUMATOLÓGICAS, ESTRUTURAIS E 
POSTURAIS DA COLUNA VERTEBRAL ........................................................ 66 
5 MEDICINA DO ESPORTE ......................................................................... 86 
6 LESÕES ESPECÍFICAS DO ESPORTE ....................................................... 105 
 
 
, 
 
 
3 
 
 
1 PRINCÍPIOS GERAIS E ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL EM FISIO 
ORTOPÉDICA E TRAUMATOLÓGICA 
Apresentação 
Neste bloco serão abordados os princípios da ortopedia com conceitos importantes 
para a compreensão das disfunções mais comuns tratadas na área ortopédica, desde 
doenças degenerativas até condições traumatológicas. Os principais conceitos de 
avaliação para que o tratamento seja realizado de forma adequada e progressiva, além 
dos recursos e formas de manejo para tratamento de acordo com as condições clínicas 
apresentadas e como os recursos podem influenciar na condição clínica do paciente, 
por fim, os critérios necessários para uma alta satisfatória. 
Bons estudos! 
 
 
, 
 
 
4 
 
1.1 Princípios da ortopedia 
A fisioterapia ortopédica inclui o tratamento do sistema musculoesquelético composto 
por osso, cartilagem, ligamentos, músculos, tendões, sinóvia, bursas e fáscia. Esse 
sistema é derivado embriologicamente do mesênquima e é composto por tecidos 
conjuntivos ósseos e moles. Estes tecidos evoluíram para servir a duas funções básicas: 
integridade estrutural e mobilidade estável. Os tecidos são materiais compostos 
constituídos por células que se encontram dentro da matriz extracelular que 
produzem. O tratamento fisioterapêutico pode ser realizado em qualquer uma dessas 
estruturas que podem ter sido sujeitas a lesão ou trauma. Isso inclui entorses, 
distensões, fraturas, pós cirurgias, lesões repetitivas, entre outras. 
Além de exercícios, muitos recursos podem ser utilizados, de forma conjunta ou 
isolada, tais como: 
● Liberação miofascial; 
● Mobilizações e manipulações articulares; 
● Eletroestimulação; 
● Fotobiomodulação; 
● Facilitação neuromuscular proprioceptiva; 
● Bandagens. 
Para um tratamento adequado é importante que alguns conceitos sejam pré-
estabelecidos e diferenciados entre si, a saber: 
➢ Patologia: estudo das doenças X Doença: uma estrutura ou sistema muda sua 
histologia, estrutura ou fisiologia. 
▪ Doença transitória: numa lesão, o processo inflamatório é iniciado e, logo em 
seguida, o processo de regeneração, levando à cura tecidual. Ex.: Lesão 
muscular. 
▪ Doença crônica: a doença instala-se no indivíduo por tempo indeterminado. 
Ex.: Osteoartrite: há uma alteração na conformação da cartilagem, que pode se 
degenerar até exposição do osso subcondral. 
, 
 
 
5 
 
➢ Doença: sempre causa uma disfunção X Disfunção: nem sempre é causada por 
uma doença, mas, a longo prazo, pode desenvolver uma. 
▪ Tendinite: processo inflamatório inicial localizado nos tendões. 
▪ Tendinose: processo degenerativo do tendão, formando um tecido cicatricial 
de má qualidade. 
▪ Tendinopatia: terminologia genérica utilizada quando não é possível 
identificar se há uma inflamação ou degeneração tendínea. 
▪ Osteoartrite / osteoartrose: são sinônimos para degeneração de cartilagem 
hialina e/ou osso subcondral por inteiro. 
▪ Lesão condral ou lesão osteocondral: apenas um foco de lesão na cartilagem 
de uma articulação saudável. 
▪ Osteomielite: processo infeccioso do tecido ósseo por decorrência de 
cirurgias, fixadores externos ou fratura exposta. 
▪ Pioartrite ou artrite séptica: processo infeccioso da articulação. 
▪ Anquilose: fusão patológica da articulação. Ex.: Espondilite Anquilosante. 
▪ Artrodese: fusão da articulação através de processo cirúrgico. 
▪ Fratura: toda e qualquer ruptura do tecido ósseo. 
▪ Luxação: é a completa e persistente perda de contato entre as superfícies 
articulares. 
▪ Subluxação: perda parcial de contato das superfícies articulares com parcial 
congruência. 
▪ Consolidação viciosa: consolidação de uma fratura com alinhamento 
diferente da anatomia. 
▪ Pseudoartrose: falha na consolidação óssea, onde seu foco de fratura adquiri 
movimento. 
, 
 
 
6 
 
▪ Necrose avascular: O tecido entra em necrose por isquemia. Ex.: No raio-X, o 
local aparece mais branco que o osso; é comum em cabeças de ossos longos 
e no osso escafoide. 
Além disso, é importante saber os tipos de contração muscular na qual o tratamento 
poderá ser baseado, tais como: 
➢ Isométrica: mantém a contração muscular sem movimento articular. 
➢ Isotônica: contração muscular associado ao movimento articular. 
▪ Concêntrica — encurtamento das fibras musculares: movimento de 
aproximação de origem e inserção em direção ao centro do músculo. Ex.: 
Flexão de cotovelo. 
▪ Excêntrica — estiramento das fibras musculares: movimento de 
afastamento de origem e inserção muscular. 
E, essas contrações musculares podem ser, como: 
➢ Cadeia cinética aberta: ocorre quando o segmento distal de uma extremidade 
se move livremente no espaço, apenas uma articulação é envolvida no 
movimento com estímulo de cisalhamento na articulação. 
➢ Cadeia cinética fechada: ocorre quando o segmento distal se encontra fixo, 
mais de uma articulação é envolvida no movimento com estímulo de 
compressão na articulação. 
1.1.1 Princípios do fortalecimento muscular: 
▪ Sobrecarga: carga superior ao que o músculo está habituado e deve ser 
aumentada progressivamente quando ocorre adaptação muscular. 
▪ Adaptação: tempo para o corpo se adaptar à nova sobrecarga imposta. 
▪ Especificidade: exercícios específicos às atividades funcionais do paciente e a 
qual tipo de fibra muscular será recrutada. 
, 
 
 
7 
 
▪ Reversibilidade: Os músculos precisam de estímulos constantes de carga para 
manter o fortalecimento, se o estímulo é cessado retornará ao seu tamanho e 
força basais. 
1.2 Princípios da traumatologia 
1.2.1 Tipos de ossos: 
• Trabeculares (Osso Esponjoso): presente nas epífises. Fraturas nessa região 
costumam deformar o osso. 
• Corticais (Osso Compacto): presente nas diáfises. Fraturas nessa região criam um 
traço de fratura. 
1.2.2 Diagnóstico de uma fratura: 
As fraturas sem trauma podem ocorrer quando não há uma boa qualidade óssea, além 
disso, quando são acometidos por osteoporose, infecção ou tumores geram as fraturas 
patológicas, ou por impacto constante numa mesma região, isso gera as fraturas por 
estresse/fadiga. 
O diagnóstico dessas fraturas ocorrerá por meio de uma anamnese detalhada, na qual 
abordará os mecanismos de lesão, inspeção, palpação e exame físico. 
1.2.2.1 Sinais clínicos: 
• Dor no periósteo: mesmo sem o rompimento, acaba ficando sensibilizado pela 
inflamação gerada pela fratura. 
• Deformidade: quando há desvios de fragmento. 
• Impotência funcional: depende do tipo de fratura, pois nem sempre impede o 
movimento. Ex.: Fratura de escafoide. 
• Mobilidade anormal no foco da fratura. 
• Visualização do foco da fratura: Ex.: fratura exposta. 
, 
 
 
8 
 
• Atitudes típicas: Ex.: Em fratura de colo de fêmur o membro inferior adota uma 
posição de rotação externa. 
1.2.2.2 Mecanismos de trauma: 
• Direto: Ex.: Chute, pancada, atropelamento. 
• Indireto: Ex.: Queda com a mão espalmada, na qual a energia do contato com o 
solo é dissipada e há fraturaem outra região do membro superior que não tocou o 
solo diretamente. 
1.2.2.3 Classificação das fraturas 
A classificação de uma fratura é necessária para dar uma noção de complexidade, 
gravidade e prognóstico. Para que a classificação seja efetiva é preciso analisar os 
seguintes aspectos: 
1.2.2.3.1 Integridade da pele: 
• Fechadas: fraturas contidas dentro dos tecidos moles. 
• Abertas (expostas): quando o osso fraturado aparece. Essas situações são 
delicadas, pois podem lesionar tecidos moles e nobres do corpo, além de virar uma 
porta de entrada para agentes infecciosos. 
1.2.2.3.2 Localização: 
• Epífise; 
• Placa de crescimento; 
• Metáfise; 
• Diáfise - Terço proximal, médio e distal; 
• Intra-articulares. 
 
 
, 
 
 
9 
 
1.2.2.3.3. Traço de fratura: 
• Transversa; 
• Cominutiva ou explosão – envolve mais de 3 fragmentos no foco da fratura; 
• Oblíqua; 
• Espiral – traço rotacional. 
 
Figura 1.1: Tipos de fratura 
Fonte: Adaptada de Alila Medical Media via Shutterstock 
1.2.2.3.4. Estabilidade 
➢ Estáveis: 
▪ Fraturas incompletas: fragmentos não se separam; 
▪ Transversais: são mais estáveis, pois após a redução os fragmentos se 
mantem unidos pela contração muscular. 
➢ Instáveis: 
▪ Fraturas obliquas; 
▪ Espirais; 
▪ Cominutivas. 
, 
 
 
10 
 
1.2.2.3.5. Deslocamento 
• Deslocadas: Quando apresenta alguma deformidade angular. Ex.: Varo, valgo, 
anterior ou posterior, fragmentos rodados em sentidos opostos ou sobreposição 
dos fragmentos. 
• Sem desvio; 
1.2.3 Fratura em crianças: os ossos são mais flexíveis, pois ainda estão em 
desenvolvimento e apresentam grande quantidade de colágeno e cartilagem. 
➢ Fraturas típicas: 
▪ Subperiostal: fratura abaixo da membrana do periósteo, em que os 
fragmentos não se separam, mas deformam (amassam). 
▪ Epifisiólise / episiolistese traumática: separação ou deformação da placa de 
crescimento. 
▪ Deformação Plástica: fratura em Galho Verde: incompleta com deformidade, 
onde os fragmentos não se separam. 
1.2.4 Fisiologia do reparo ósseo 
1.2.4.1. Fase inflamatória: 
• 1 semana após a fratura; 
• O processo inflamatório fica mais marcante trazendo com ele suas características 
básicas, dentre elas uma grande quantidade de mediadores químicos no local. 
1.2.4.2. Fase reparativa: 
• 4 – 12 semanas; 
• O sangue gerado na hemorragia entre esta fase e a anterior vai se tornando 
fibrose e ao final dela fibrocartilagem, que será essencial para que os fragmentos 
permaneçam unidos, formando um calo mole que se transforma em um osso 
reticulado (osso imaturo). 
 
, 
 
 
11 
 
1.2.4.3. Fase de remodelação: 
• Dura de semanas a meses; 
• O osso reticulado é substituído por osso lamelar (osso maduro); 
• Aumento da estabilidade no foco da fratura. 
1.2.5 Tipos de consolidação óssea 
➢ Primária: 
Contato direto entre os fragmentos da fratura: fraturas estáveis ou fixadas através de 
osteossínteses. 
➢ Secundária: 
Não há contato direto entre os fragmentos da fratura, este espaço é substituído pelo 
calo mole até que haja consolidação completa no local. 
1.2.6 Princípios da estabilidade: 
1.2.6.1 Estabilidade absoluta: 
• Consolidação primária; 
• Não há movimento no foco da fratura; 
• Redução dos fragmentos de forma mais próxima possível da anatomia; 
• Compressão interfragmentária. 
• Não há formação de calo mole, mas mesmo após a fixação com osteossíntese 
para uma consolidação completa o osso passa por todas as fases da 
consolidação óssea. 
1.2.6.2 Estabilidade relativa: 
• Consolidação secundária; 
• Presença de movimento, mesmo que mínimo, entre os fragmentos; 
• Redução dos fragmentos que pode ou não ser de forma anatômica; 
• Há formação de calo mole. 
 
, 
 
 
12 
 
1.2.7 Tratamento cruento (cirúrgico): 
1.2.7.1 Tipos de osteossínteses: 
• Interfragmentar: Parafusos ou fios metálicos; utilizado em áreas onde não 
encaixam placas ou para fragmentos pequenos. 
• Suporte: Placas com parafusos. 
• Tutores: Hastes implantadas dentro da medula óssea, acompanhadas de 
parafusos que são chamados de bloqueio distal e proximal que impedem o 
movimento rotacional da fratura. 
1.2.7.2 Fixadores Externos: 
• Linear (Delta); 
• Semicircular ou Circular (Ilizarov). 
1.2.7.3 Tratamento Incruento (Conservador): 
• Talas gessadas; 
• Tipoia: Velpeau, funcional; 
• Robofoot; 
• Coletes para tronco e colares cervicais. 
1.3 Avaliação ortopédica e traumatológica 
Uma avaliação detalhada do paciente é importante para identificar os acometimentos 
principais aqueles que podem estar associados ao trauma. A avaliação é dividida em 
algumas etapas, a saber: 
➢ Anamnese: informações do paciente que possam estar relacionadas com sua 
sintomatologia e tipo de acometimento, como: idade, profissão, comorbidades, 
entre outras. 
➢ Inspeção: procurar por hematomas, escoriações, analisar cor e hidratação da 
pele, identificar a presença de edemas e cicatrizes. 
, 
 
 
13 
 
➢ Palpação: identificação da localização de estruturas anatômicas de referência 
para orientar em relação a testes especiais e posicionamento das estruturas, 
além de pontos de tensão muscular que possam estar presentes. 
▪ Ombro: clavícula, processo coracoide, cabeça umeral, espinha da escápula, 
ângulos da escapula. 
▪ Cotovelo: epicôndilos lateral e medial, olecrano, cabeça do rádio, fossa cubital. 
▪ Quadril: crista ilíaca, espinha ilíaca anterossuperior e postero superior, sínfise 
púbica, trocânter maior. 
▪ Coluna: processos espinhosos e transversos. 
▪ Joelho: patela, côndilos femorais e tibiais, cabeça da fíbula, linha articular. 
➢ Exame Físico: 
▪ Testes especiais: provocativos de dor para cada estrutura ou conjunto de 
estruturas. Possuem duas características importantes: a sensibilidade: o 
quanto o teste é sensível para detectar determinado acometimento 
estrutural e a especificidade: o quanto o teste é específico para excluir todos 
os indivíduos que de fato não possuem o determinado acometimento 
daquela estrutura, geralmente testes com alta sensibilidade possuem uma 
baixa especificidade e o contrário é verdadeiro, ou seja, testes com baixa 
sensibilidade possuem alta especificidade. 
▪ Quadril: 
o Teste Patrick Fabere: identifica disfunção na articulação sacro ilíaca. 
Paciente em decúbito dorsal, terapeuta realiza de forma passiva a flexão de 
joelho e quadril, rotação externa de quadril e apoia o calcâneo no joelho 
contralateral e realiza movimentação para baixo no joelho que está em 
flexão, positivo se o paciente referir dor. 
o Teste de Trendelemburg: identifica fraqueza dos músculos abdutores do 
quadril. Paciente em pé de costas para o terapeuta, irá realizar flexão de 
quadril e joelho a 90°. Teste positivo se houver queda da pelve 
contralateral. 
▪ Tornozelo e pé: 
, 
 
 
14 
 
o Lung Teste: identifica a diminuição de dorsiflexão. Paciente em 
ortostatismo, com base afastada anteriormente, realiza a flexão de joelho e 
dorsiflexão forçada até encostar a região da patela na parede sem retirar o 
calcâneo do chão, com o pé do membro inferior testado o mais longe 
possível da parede, positivo se houver diferença entre os lados. 
o Queda do navicular (Drop do navicular): detecta a presença de pé plano. 
Identificar e marcar a tuberosidade do navicular e mensurar a distância 
entre a proeminência óssea e a base de apoio do pé sem carga e 
novamente após receber carga, positivo se houver diminuição da distância 
quando recebe carga. 
▪ Coluna: 
o TMG - Teste de mobilidade global: verifica a presença de dor nos 
movimentos de flexão, extensão, rotações e inclinação da coluna e a 
amplitude desses movimentos. 
o Spurling: identifica compressão de raízes nervosas cervicais. Paciente 
sentado de costas para o terapeuta, que posiciona as duas mãos na cabeça 
do paciente e realiza inclinação e compressão. Positivo se o paciente referir 
sintomas de irradiação para o membro superior. Caso teste der positivoé 
necessário realizar a tração, se paciente referir alívio é a confirmação do 
teste positivo. 
▪ Cotovelo: 
o Teste de Cozen: identifica epicondilite lateral. Paciente sentado com o 
antebraço em pronação com desvio ulnar e mão fechada, é solicitada a 
extensão de punho contra resistência do terapeuta, o teste é positivo se 
houver dor no epicôndilo lateral. 
o Teste cotovelo de golfista: identifica epicondilite medial. Paciente com o 
cotovelo em flexão de 90°, é solicitada uma pronação de antebraço contra 
a resistência do terapeuta, é positivo se o paciente sentir dor no epicôndilo 
medial. 
 
, 
 
 
15 
 
▪ Joelho: 
o Teste de gaveta anterior: verifica a integridade do ligamento cruzado 
anterior. Paciente em decúbito dorsal com joelho a 90° de flexão, o 
terapeuta com as mãos abaixo da linha articular faz uma anteriorização da 
tíbia, é positivo se quando comparado com o lado contralateral a amplitude 
da anteriorização é maior. 
o Teste de Pivot Shift: verifica a integridade do ligamento cruzado anterior. 
Paciente em decúbito dorsal, o terapeuta faz o movimento passivo de 
flexão de joelho e quadril a 90° e com uma mão atrás do joelho e outra no 
calcanhar faz uma rotação interna da tíbia e após uma extensão de joelho e 
quadril, é positivo se quando comparado com o lado contralateral o 
movimento rotacional do joelho for maior. 
▪ Ombro: 
o Teste de apreensão: verifica a presença de instabilidade glenoumeral 
anterior. Com o paciente em decúbito dorsal, o terapeuta realiza de forma 
passiva a abdução de ombro e cotovelo a 90° e simula uma rotação 
externa, o teste é positivo quando o paciente apresenta reação de proteção 
do membro ou expressão facial de apreensão. 
o Teste de queda do braço: Com o paciente em ortostatismo, é solicitado 
que realize uma abdução acima de 90° e retorne o movimento lentamente, 
é positivo se próximo a 90° houver a perda de controle do movimento com 
a queda brusca do membro superior ao lado do corpo. 
1.4 Manejo da dor aguda e dor crônica na ortopedia e traumatologia 
➢ Definição de dor: Experiência angustiante, associada a situações reais ou 
potencial dano tecidual com componentes sensoriais, emocionais, cognitivos e 
sociais. 
▪ Real: quando o indivíduo sente dor por uma lesão que realmente 
aconteceu. 
, 
 
 
16 
 
▪ Potencial: quando não há lesão e mesmo assim o indivíduo sente dor, 
por uma alteração neurofisiológica. Ex.: Fibromialgia. 
➢ Mecanismos de dor: 
▪ Nociceptiva: está associada a uma lesão tecidual, com ativação de neurônios 
terminais receptivos de estímulos químicos nocivos (inflamatórios), 
mecânicos ou isquêmicos. O local da dor é correspondente à área de lesão 
tecidual e geralmente tem uma resolução de acordo com o tempo esperado 
de cicatrização tecidual. 
▪ Neuropática: ocasionada por uma lesão primária ou disfunção do sistema 
nervoso periférico e envolve mecanismos fisiopatológicos associados ao 
funcionamento e capacidade de resposta de nervos alterados. Os 
mecanismos incluem hiperexcitabilidade e geração de impulsos anormais e 
sensibilidade mecânica, térmica e química. Descrita como queimação, 
pontada ou choque. 
▪ Nociplástica: Causada por uma lesão primária ou disfunção do sistema 
nervoso central. Possui um padrão desproporcional entre o dano tecidual e a 
clínica do paciente, com duração dos sintomas além do período de 
cicatrização tecidual e localização difusa. Possui forte associação com fatores 
psicossociais. 
➢ Dor aguda X dor crônica: 
▪ Dor aguda: 
o Está relacionada à lesão tecidual; 
o A dor corresponde ao dano tecidual; 
o Tem duração menor que 3 meses; 
o Fortemente relacionada a mecanismo de dor nociceptiva. 
▪ Dor Crônica: 
o Persistente além do tempo de cicatrização tecidual; 
o A dor não corresponde ao quadro clínico do paciente; 
o Tem característica de dor continua ou recorrente; 
o Duração maior que 3 meses; 
, 
 
 
17 
 
Fortemente relacionada a mecanismo de dor nociplástica. 
➢ Manejo na dor aguda: 
 
▪ AINES (Anti-inflamatórios Não Esteroidais); 
▪ Terapia manual; 
▪ Eletroanalgesia: modulação dos sintomas através da teoria das comportas; 
▪ Educação em dor: fornece uma compreensão sobre os processos biológicos 
por trás da dor afim de reduzir a sintomatologia e melhorar a capacidade 
funcional; 
▪ Exercícios. 
➢ Manejo na dor crônica: 
▪ Eletroanalgesia associada a exercícios ativos; 
▪ Educação em dor; 
▪ Exercícios; 
▪ Acupuntura. 
Seja qual for o tipo de dor, a resposta dos pacientes é evitar atividades e buscar 
descanso, no entanto, a terapia com exercícios é frequentemente prescrita como uma 
opção de tratamento para controlar a dor. Existem benefícios conhecidos do exercício 
e da atividade física regular, como: controle de peso, redução dos riscos de doenças 
cardiovasculares e metabólicas e de alguns tipos de câncer, melhora da saúde mental e 
humor e melhora da capacidade de realizar atividades diárias. 
➢ Hipoalgesia induzida por exercício 
O exercício aumenta as concentrações séricas de endocanabinoides que podem 
contribuir para o controle da transmissão da dor. O controle da dor é alcançado de 
forma diferente com diversos tipos de exercícios. A prescrição de intensidade e 
frequência adequadas de exercício é importante para alcançar os efeitos desejados da 
hipoalgesia. 
 
 
, 
 
 
18 
 
➢ Exercício aeróbico | Treinamento de resistência: 
A intensidade do exercício deve ser bem tolerada pelo paciente para que o exercício 
seja eficaz, deve atingir grupos musculares maiores, envolver contrações musculares 
repetitivas e elevar a frequência cardíaca de repouso para a frequência cardíaca alvo 
por pelo menos 20 minutos. A janela terapêutica para o treinamento aeróbio é de 
extrema importância, pois alguns pacientes podem apresentar piora dos sintomas 
secundária ao exercício. A dor musculoesquelética é um dos efeitos colaterais do 
exercício e, portanto, ter um equilíbrio correto é muito importante para atingir os 
objetivos desejados. 
Os estudos sugerem variadas cargas de trabalho que podem resultar em hipoalgesia 
induzida por exercício: 
- Ruble, SB et al: 30 min de exercício em esteira a 75% VO2 max. resultou em 
diminuição significativa das classificações de dor. 
- Naugle et al: 25 min de bicicleta estacionária a 70% da frequência cardíaca de reserva 
foram suficientes para modulação da dor. 
➢ Exercício de resistência | Treinamento de força: 
As contrações isométricas máximas de alta intensidade produzem maior hipoalgesia 
induzida por exercícios em comparação com a contração de baixa intensidade: 
- Koltyn e Arbogast: O exercício resistido consistiu em 45 min de levantamento de 3 
séries de 10 repetições a 75% de 1RM, que incluiu supino, leg press, pull down e 
extensão de braço. 
- Vaegter et al: Comparou contrações de grandes grupos musculares a 30% e 60% da 
contração isométrica voluntária máxima dos indivíduos e concluíram que a contração 
isométrica de alta intensidade produziu uma maior hipoalgesia local induzida por 
exercício em comparação com a contração de baixa intensidade. 
Ao prescrever exercícios para o controle da dor, é importante: 
, 
 
 
19 
 
- Compreender os parâmetros (ou seja, modo, frequência, duração, intensidade) do 
exercício terapêutico; 
- Descrever como modificar os parâmetros do exercício no que se refere à condição de 
dor, idade, fatores psicossociais e estado de saúde do paciente; 
- Reconhecer a importância da implementação de terapias adjuntas para abordar 
questões relacionadas à prescrição de exercícios (ou seja, biopsicossocial, 
comportamentos de evitação, catastrofização, terapia cognitivo-comportamental); 
- Compreender a importância da educação do paciente na prescrição de exercícios 
terapêuticos, incluindo o conceito de motivação, estimulação para melhorar a eficácia 
geral do tratamento e a adesão. 
1.5 Critérios de alta na ortopedia e traumatologia 
Quando é hora dedar alta ao paciente, podemos utilizar algumas ferramentas 
avaliativas de forma quantitativa e qualitativa como critério, alguns exemplos são: 
➢ ADM Funcional: em alguns acometimentos, como fraturas complexas ou intra-
articulares, a ADM pode não ser recuperada em sua totalidade pré lesão, mas 
todas as articulações possuem ADM’s consideradas funcionais, ou seja, as 
amplitudes necessárias para realizar as atividades de vida diária. 
▪ Cotovelo: - 30° extensão e 110° de flexão; 
▪ Tornozelo: 12° de dorsiflexão; 
▪ Joelho: 90° de flexão. 
➢ Escalas Avaliativas | Questionários: são consideradas medidas de autorrelato, 
pois na maior parte das vezes será preenchido pelo paciente. Cada um possui 
uma pontuação diferente, com perguntas ou afirmações pré-estabelecidas, 
onde o total da pontuação terá uma interpretação diferente. 
▪ ODI (Oswestry Disability Index - Índice de Incapacidade de Oswestry): avalia 
a função nas atividades de vida diária nos indivíduos em processo de 
reabilitação de dor lombar aguda ou crônica no âmbito de 10 atividades, 
cada uma possui afirmações com pontuação de 0-5. Quanto maior a 
pontuação maior é a incapacidade funcional do indivíduo. 
, 
 
 
20 
 
▪ DASH (Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand – Incapacidade do braço, 
ombro e mão): avalia a função das atividades relacionada aos membros 
superiores, possui 30 itens, nos quais cada um possui uma pontuação de 1-5. 
Quanto maior a pontuação, maior é a incapacidade funcional do indivíduo. 
▪ AOFAS (American Orthopaedic Foot and Ankle Society – Sociedade 
Ortopédica Americana de Pé e Tornozelo): avalia dor, função e alinhamento 
do pé, possui uma pontuação de 0-100, na qual quanto maior a pontuação 
maior a funcionalidade do paciente. 
▪ TAMPA: avalia o medo do movimento (cinesiofobia), possui 17 itens, com 
pontuação de 1-4 em cada item, geralmente é utilizada para paciente com 
lombalgia, cervicalgia, fibromialgia. Quanto maior a pontuação maior o grau 
de cinesiofobia do paciente. 
▪ EQ5D: avalia a qualidade de vida em 5 domínios de saúde: mobilidade, 
cuidados pessoais, atividades habituais, dor/desconforto e 
ansiedade/depressão, com 3 níveis de resposta e uma escala visual analógica 
(EVA) com pontuação que varia de 0-100, na qual quanto maior a pontuação, 
melhor é a qualidade de vida do indivíduo. 
➢ Testes Funcionais: são testes que avaliam a quantidade e/ou qualidade do 
movimento dentro de um espectro de forma funcional. São medidas baseadas 
em desempenho. 
▪ Teste Step Down: identifica a presença de valgo dinâmico, queda da pelve no 
plano frontal, compensações laterais do tronco durante o movimento, controle 
excêntrico do quadríceps. Paciente com um membro apoiado num degrau de 
15cm e outro suspenso, é solicitado que leve o calcanhar próximo do chão e 
retorne à posição inicial, com as mãos na cintura durante o movimento. O 
movimento deve ser realizado de forma lenta, com algumas repetições. A 
interpretação do teste depende de qual domínio está sendo avaliado. 
▪ Y Balance Test: é utilizado para testar o risco de lesão ou relesão no membro 
inferior unilateral em cadeia cinética fechada. Linhas em formato de Y são 
desenhadas no chão e o paciente é posicionado no centro, devendo 
unilateralmente excursionar o membro inferior nas três direções (anterior, 
posteromedial e posterolateral) sem realizar apoio do pé no chão. 
, 
 
 
21 
 
O teste deve ser realizado três vezes em cada direção, em que a cada tentativa 
deve ser registrada a distância máxima a que foi chagada. O maior valor entre 
as tentativas é utilizado para o cálculo, que é realizado da seguinte forma: 
 
Direção anterior + posteromedial + posterolateral / 3 X comprimento do membro 
inferior X 100 
Pontuações abaixo de 89% tem uma probabilidade maior de lesão. 
▪ T-FAST (Timed functional arm and shoulder test – Teste funcional 
temporizado de braço e ombro): são solicitadas e temporizadas atividades de 
vida diária. como: 
o Movimentos repetidos e contínuos de mão na cabeça e nas costas por 30 
segundos (25-30 movimentos); 
o Movimentos rotacionais na parede em sentido horário e anti-horário por 60 
segundos em cada direção, num círculo de 12 polegadas onde o centro 
deve estar na altura do ombro do paciente (80-100 movimentos); 
o Elevação de galão com 3,2 litros, a uma altura de 56 polegadas do chão (36 
da primeira prateleira e 20 acima da segunda) por 30 segundos (14-20 
movimentos); 
o Todas as atividades são realizadas bilateralmente e comparadas entre si. 
▪ TUG (Timed up and go – Cronometrar e ir): teste utilizado inicialmente para 
prever risco de queda em idosos, mas também pode ser utilizado para 
verificar a qualidade do movimento de indivíduos ao sentar-se numa cadeira, 
levantar-se e marcha. Materiais utilizados: 
o Cadeira; 
o Cronometro; 
o Fita: para marcar 3 metros de distância à frente da cadeira; 
o Cone: marcando o fim dos 3 metros. 
, 
 
 
22 
 
O paciente inicia o teste sentado, ao disparo do cronometro levanta-se e inicia o 
trajeto até o cone, onde dá a volta e retorna à posição inicial. A pontuação utilizada 
como corte é de 13,5 segundos. 
➢ Teste de força muscular: pode ser mensurada de formas diferentes a fim de 
revelar possíveis desequilíbrios musculares que possam estar presentes, 
algumas formas de avaliar são: 
▪ TUC: Teste de unidades contráteis: o movimento é realizado contra uma 
resistência manual e é mensurado por grupos musculares. A interpretação é 
realizada da seguinte forma: grupo muscular forte ou fraco, presença de dor 
ou não durante a contração. 
▪ Dinamômetro: a dinamometria é uma medida mais precisa da força que um 
músculo pode exercer e pode permitir que as diferenças de força sejam 
registradas ao longo do tempo. 
o Dinamômetro manual: realizada com aparelhos portáteis, em que a 
contração é mensurada através de uma contração isométrica voluntária 
máxima. 
o Dinamômetro isocinético: são máquinas capazes de resistir à mesma 
quantidade de resistência e velocidade durante todo o movimento. A 
contração é mensurada associada ao movimento e o resultado da 
comparação entre os membros analisados não deve ultrapassar o valor de 
10-15% de diferença entre eles, valores acima disso são preditivos de 
lesões. 
Estas ferramentas podem ser utilizadas não só como critérios de alta, mas como 
avaliação inicial, para se ter um parâmetro comparativo ao final do tratamento e como 
método de reavaliação durante o tratamento para verificar se a linha de tratamento 
está de fato tendo um efeito positivo. 
 
 
, 
 
 
23 
 
Conclusão 
Neste bloco foi possível revisar aspectos importantes que englobam desde a avaliação 
de um paciente até a forma de abordagem mais adequada, assim como os principais 
critérios de alta. É percebido que os conceitos iniciais são importantes para 
entendimento adequado das doenças e disfunções, do curso da doença e de como é 
dado seu tratamento e alta. 
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA 
HOPPENFELD, S.; MURTHY, V. Tratado e reabilitação de fraturas. 1ª ed. São Paulo: 
Manole, 2001. 
KENDALL, Florence Peterson; MCCREARY, Elizabeth Kendall. Músculos: provas e 
funções. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1987. 
KISNER, Carolyn e COLBY, Lynn Allen. Exercícios Terapêuticos: fundamentos e 
técnicas. 3ª ed. São Paulo: Manole, 1998. 
RUBLE, S. B., et. al. Thermal Pain Perception After Aerobic Exercise. ScienceDirect 
Archives of Physical Medicine and Rehabilitation, v 86, n.5, p. 1019–1023, 2005. 
Disponível em https://doi.org/10.1016/j.apmr.2004.09.024. Acesso em 18 nov. 2022. 
NAUGLE, K. M., et. al. Intensity Thresholds for Aerobic Exercise-Induced Hypoalgesia. 
Medicine & Science in Sports & Exercise. v. 46 – n. 4 – p. 817-825, 2014. doi: 
10.1249/MSS.0000000000000143. 
KOLTYN, K. F.; ARBOGAST, R. W. Perception of pain after resistance exercise. British 
Journal of Sports Medicine. 1998; v. 32. n. 1, p. 20–24. Disponível em 
http://dx.doi.org/10.1136/bjsm.32.1.20.Acesso em 18 nov. 2022. 
VAEGTER, H. B.; HANDBERG, G.; GRAVEN-NIELSEN, T. Similarities between exercise-
induced hypoalgesia and conditioned pain modulation in humans. Pain. v. 155 – n. 1 - 
p 158-167, 2014. doi: 10.1016/j.pain.2013.09.023. Disponível em 
https://doi.org/10.1016/j.pain.2013.09.023. Acesso em 18 nov. 2022. 
 
https://doi.org/10.1016/j.apmr.2004.09.024
http://dx.doi.org/10.1136/bjsm.32.1.20
https://doi.org/10.1016/j.pain.2013.09.023
, 
 
 
24 
 
 
2. DISFUNÇÕES ORTOPÉDICAS E TRAUMATOLÓGICAS DE MEMBROS 
SUPERIORES 
Apresentação 
Neste bloco serão abordadas as principais disfunções ortopédicas do membro superior 
mais comuns tratadas na área traumatologia e ortopedia. Os principais conceitos de 
avaliação e tratamento das doenças que acometem as articulações do ombro, 
cotovelo, punho, mão e os acometimentos neurais. 
Bons estudos! 
 
 
, 
 
 
25 
 
2.1 Disfunções ortopédicas e traumatológicas de ombro 
➢ CAPSULITE ADESIVA: 
É uma síndrome de origem desconhecida cuja principal característica é a perda 
dolorosa e progressiva dos movimentos ativos e passivos da articulação glenoumeral. É 
sabido que a doença está na capsula articular, evolui de um estado inflamatório para 
uma fibrose e, consequentemente, perde-se sua elasticidade e volume. Pode durar de 
6 meses a 2 anos e meio e tem involução espontânea em tempo invariável. 
➢ Quadro clínico: 
▪ Mais comum em mulheres; 
▪ Dor generalizada em ombro de início insidioso; 
▪ Dor à movimentação ativa e passiva de glenoumeral, com piora da dor no 
período noturno; 
▪ História ou doença articular pregressa; 
▪ Geralmente unilateral; 
▪ Perda progressiva de todos os movimentos em especial rotação externa. 
➢ Fatores de risco: 
▪ Diabetes mellitus; 
▪ Histórico de fratura de úmero proximal ou doença articular ou tendínea. 
➢ Fases: 
▪ 1: Inicial: inflamatória, caracterizada por muita dor 
▪ 2: Fase de rigidez progressiva: perca progressiva dos movimentos ativos e 
passivos 
▪ 3: Fase de congelamento: estabilização do quadro, o paciente pode ou não 
relatar dor. 
▪ 4: Fase de descongelamento: retorno gradual dos movimentos 
➢ Diagnóstico: 
▪ História clínica; 
▪ Ressonância nuclear magnética: é evidenciada a diminuição do recesso axilar. 
 
 
, 
 
 
26 
 
➢ Tratamento: 
A fisioterapia não interfere no curso da doença, mas pode melhorar o desfecho dela, 
pois alivia a dor e traz conforto ao paciente. 
▪ Recursos físicos: indicação apenas na fase inicial da doença em que há 
processo inflamatório ativo. 
▪ Manutenção de ADM: evitar mais perdas, na fase de congelamento, e 
reestabelecer a ADM na fase de descongelamento, ativa e passivamente 
através de exercícios ativos. 
▪ Terapias manuais: liberação miofascial, principalmente nos músculos 
periescapulares, pela compensação da articulação escapulo torácica na falta 
da mobilidade da glenoumeral e mobilizações articulares. 
▪ Manutenção de força muscular: dentro dos arcos de movimento permitidos. 
➢ SÍNDROME DO IMPACTO 
Lesão caracterizada pelo pinçamento das estruturas do espaço subacromial, como: 
tendões do manguito rotador, da porção longa do bíceps, bursa subacromial, 
principalmente nos movimentos acima de 90°, ocorrendo uma sucessão de micro 
lesões nessas estruturas. 
➢ Fatores de risco: 
▪ Estruturais: Anatômicos; 
o Tipo de acrômio: Classificação de Bigliani: 
• I – Mais plano, não é tão prejudicial; 
• II – Levemente curvo, pode ser que desenvolva a síndrome; 
• III – Em formato de gancho, é o mais prejudicial, a chance de desenvolver a 
síndrome é grande. 
▪ Funcionais: 
o Função do manguito rotador: com sua fraqueza, não há oposição à força do 
deltoide, que já é forte naturalmente, isso gera desequilíbrio muscular, 
onde o deltoide é muito mais forte que o manguito rotador, fazendo com 
que o úmero impacte sobre o acrômio. 
, 
 
 
27 
 
o Retração posterior da cápsula testada através do teste sleeper stretch, em 
que se mede a amplitude de rotação interna de forma comparativa com o 
lado contralateral. Sendo uma condição adquirida por micro traumas na 
capsula posterior, pelo movimento repetido de arremesso, por exemplo, 
que cicatrizam em forma de fibrose, limitando a elasticidade capsular. 
o Discinesia escapular: (qualidade do movimento escapular) alterações da 
posição da escapula durante o movimento, podem gerar sobrecarga em 
determinadas estruturas. 
▪ Quadro clínico: 
o Queixa de dor de evolução insidiosa; 
o Relata redução da força por conta da inibição neuromuscular gerada pela 
dor e episódios de fisgada quando o ombro está elevado; 
o Dificuldade em dormir, principalmente sobre o lado afetado; 
o Local da dor em face lateral, região subacromial e referida próxima à 
inserção do deltoide; 
o Pontos gatilho ativos ou latentes na cintura escapular e MMSS, padrão de 
movimento disfuncional, utilização de musculatura acessória. 
▪ Diagnóstico: 
o Testes especiais: teste do arco doloroso, teste de neer, hawkins kennedy e 
jobe. 
▪ Tratamento: 
o Fase inicial: 
• Manutenção da mobilidade; 
• Alívio da dor; 
• Mobilização articular; 
• Mobilização escapular; 
• Controle muscular proximal. 
 
, 
 
 
28 
 
o Fase intermediaria: 
• Otimizar reparação dos tecidos se necessário; 
• Fortalecimento seletivo do manguito rotador; 
• Alongamento de capsula posterior. 
o Fase avançada/remodelagem: 
• Aumento da força global dos MMSS; 
• Propriocepção – CCF e CCA; 
• Pliometria; 
• Treinos de estabilização em CCA e CCF. 
o Fase Final: simulação do gesto esportivo, para atletas e retorno as 
atividades. 
➢ LESÃO DE MANGUITO ROTADOR: 
As rupturas podem ser classificadas pelo número de tendões acometidos ou pelo 
tamanho do distanciamento entre as fibras tendíneas. O tendão mais acometido é o 
do músculo supraespinhal e pode ser classificado em: 
- Ruptura pequena: menor que 1cm; 
- Ruptura média: 1-3cm; 
- Ruptura grande: 3-5cm; 
- Ruptura massiva: maior que 5cm. 
As lesões do manguito rotador podem ser causadas por alterações degenerativas, 
microtraumas repetitivos, lesões traumáticas graves por queda com a mão estendida, 
por uma força inesperada ao empurrar ou puxar ou durante a luxação do ombro. A 
deterioração muscular normal relacionada à idade e movimentos repetitivos 
excessivos são exemplos de causas atraumáticas. 
➢ Fatores de risco: 
▪ Tabagismo; 
▪ Obesidade; 
▪ Diabetes Mellitus. 
, 
 
 
29 
 
➢ Quadro clínico: 
▪ Dor intensa no momento da lesão; 
▪ Dor noturna; 
▪ Dor com atividades em posição acima da cabeça; 
▪ Sinal de arco doloroso positivo; 
▪ Fraqueza do músculo envolvido; 
▪ Rigidez do ombro. 
➢ Diagnóstico: 
▪ Testes especiais: teste de queda do braço, belly press e teste de gerber; 
▪ Ressonância nuclear magnética: evidencia as rupturas parciais ou totais dos 
tendões e inflamação presente no local. 
➢ Tratamento: 
▪ Fase inicial: 
o Alívio de dor e tensão muscular em regiões proximais ao ombro; 
o Manutenção de mobilidade articular; 
o Ativação muscular de músculos periescapulares. 
▪ Fase intermediária: 
o Ativação de músculos do manguito rotador; 
o Mobilidade em amplitudes maiores. 
▪ Fase final: 
o Fortalecimento em cadeia cinética fechada; 
o Treinamento de gesto esportivo; 
o Pliometria; 
o Perturbação rítmica. 
, 
 
 
30 
 
2.2 Disfunções ortopédicas e traumatológicas de cotovelo 
➢ SÍNDROME DO PRONADOR REDONDO 
O pronador redondo possui dois ventres musculares, onde o nervo mediado passa por 
entre suas fibras podendo ser comprimido em 3 áreas diferentes: 
▪ Próximo à inserção do bíceps; 
▪ Entre os ventres musculares do pronador; 
▪ E, mais adiante, na massa muscular dos flexores superficiais do dedo. 
➢ Quadro clínico: 
▪ Manifestações sensoriais: acometimento de nervo mediano: parestesia em 
face palmar do 1º até metade do 4º dedo e dorsal na ponta dos dedos. 
▪ Manifestações motoras: fraqueza e hipotrofia da musculatura inervada pelo 
nervo mediano(eminência tênar): flexor curto do polegar, abdutor curto do 
polegar e oponente do polegar. 
➢ Diagnóstico: 
▪ Teste especial de Phalen e Tínel de punho possuem resultados negativos, 
pois a compressão é na região do cotovelo; 
▪ Positivo para teste da síndrome do pronador redondo. 
➢ Tratamento: 
▪ Liberação miofascial; 
▪ Mobilização neural; 
▪ Melhorar equilíbrio neuromuscular da cintura escapular e todo membro 
superior. 
➢ EPICONDILITE LATERAL 
Também conhecida como cotovelo de tenista, é uma síndrome de excesso de uso (over 
use), associada ao desequilíbrio biomecânico, gerando sobrecarga na região do 
epicôndilo lateral, sendo um dos gestos esportivos do tênis causadores mais comuns o 
backhand, assim como em indivíduos que trabalham com horas de digitação. Os 
tendões mais afetados são: extensor radial curto do carpo e supinador. 
, 
 
 
31 
 
➢ Quadro clínico: 
▪ Sensibilidade ao toque no epicôndilo lateral; 
▪ Dor exacerbada por movimentos repetitivos e na extensão de punho 
resistida; 
▪ Perda de força de preensão palmar. 
➢ Diagnóstico: Testes especiais: 
▪ Cozen; 
▪ Mill; 
▪ Maudsley. 
➢ EPICONDILITE MEDIAL 
Também conhecida como cotovelo de golfista, está associada às mesmas causas da 
epicondilite lateral, porém com o mecanismo de lesão inverso. Os tendões mais 
afetados são os dos músculos: flexor radial do carpo e pronador redondo. 
➢ Quadro clínico: 
▪ Sensibilidade ao toque no epicôndilo medial; 
▪ Dor exacerbada por movimentos repetitivos e na flexão de punho resistida; 
▪ Perda de força de preensão palmar. 
➢ Fatores de Risco: 
Os fatores de risco são semelhantes, tanto na epicondilite medial quanto lateral: 
▪ Treinamento: o quanto aquele tecido é sobrecarregado durante as atividades 
➢ Técnica de gesto esportivo: 
Deve ser a melhor possível para evitar compensações e ter o menor gasto energético. 
➢ Tratamento: 
▪ Terapias manuais; 
▪ Mobilização articular; 
▪ Bandagens rígidas; 
▪ Eletro analgesia; 
▪ Ajuste de técnicas de gesto esportivo e carga dos treinos ou da exposição à 
atividade laboral; 
, 
 
 
32 
 
▪ Reequilíbrio da sinergia do manguito rotador e das forças proximais do 
membro superior; 
• Exercícios isométricos direcionados à musculatura extensora e flexora de 
punho evoluindo para excêntricos. 
▪ Tríade terrível do cotovelo 
É caracterizada por uma lesão traumática no cotovelo com luxação posterior, fratura 
da cabeça/colo do rádio e do processo coronoide, associada à lesão ligamentar. O 
mecanismo de lesão mais comum é a queda sobre a mão espalmada. 
➢ Diagnóstico: 
▪ Radiografia: fraturas associadas e direção da luxação; 
▪ Tomografia computadorizada: presença de fraturas ocultas e de fragmentos 
intra-articulares; 
▪ Ressonância nuclear magnética: acometimento de tecidos moles. 
➢ Tratamento cirúrgico: 
▪ Redução da luxação; 
▪ Artroplastia da cabeça do rádio; 
▪ Reconstrução dos ligamentos rompidos; 
▪ Fixação com parafusos. 
➢ Tratamento pós cirúrgico: 
▪ Fase Inicial 1ª – 4ª semana 
o Controle de inflamação e dor; 
o Ganho de ADM precoce: OBS: se houve reconstrução ligamentar a extensão 
final deve ser evitada por 6 semanas; 
o Amplitudes totais de ombro, punho e dedos. 
▪ Fase intermediária 4ª – 8ª semana 
o Progressão de ADM; 
o Após 6° semana iniciar ativação muscular de todo membro superior. 
▪ Fase Final: 8ª – 12ª semana 
o Progressão de exercícios de fortalecimento; 
o Exercícios em cadeia cinética fechada; 
o Treino de gesto esportivo. 
 
, 
 
 
33 
 
➢ Complicações: 
▪ Instabilidade; 
▪ Rigidez pós-traumática; 
▪ Ossificação heterotópica. 
2.3 Disfunções ortopédicas e traumatológicas de punho 
➢ FRATURA EM DISTAL DE RÁDIO 
É caracterizada por fraturas que ocorrem a até 3cm da articulação rádio cárpica, é 
comum em jovens por traumas de alta energia, geralmente do sexo masculino, e em 
traumas de baixa energia por mulheres com idade acima de 65 anos, sendo o 
mecanismo mais comum é a queda sobre a mão espalmada. 
Pode ser classificada como: 
▪ Fratura de Coles: fragmento com desvio dorsal (punho em extensão); 
▪ Fratura de Smith: fragmento com desvio palmar (punho em flexão); comum 
em vítimas de acidentes de moto. 
➢ Diagnóstico: 
▪ Radiografia. 
➢ Tratamento conservador: Tala gessada braquiopalmar (4 semanas) 
▪ Controle de dor e inflamação no período de imobilização; 
▪ Manutenção de ADM e força das articulações adjacentes; 
▪ Após retirada da imobilização; 
▪ Recuperação de ADM de forma progressiva; 
▪ Ganho de força muscular. 
➢ Tratamento cirúrgico: 
▪ Fio de Kirchner: Retirado após consolidação óssea; 
▪ Placa e parafuso; 
▪ Fixadores externos. 
➢ Pós-operatório: 
▪ Alívio de dor e edema; 
▪ Mobilização articular precoce e progressiva; 
▪ Ganho de força muscular após período de consolidação óssea; 
 
, 
 
 
34 
 
➢ FRATURA – LUXAÇÃO DE GALEAZZI: 
É caracterizada por uma fratura no terço médio e distal da diáfise do rádio e luxação 
da ulna na articulação radioulnar distal associada. O mecanismo de lesão mais comum 
é a queda com a mão espalmada. 
➢ Diagnóstico: 
▪ Radiografia. 
➢ Tratamento conservador: quando não há desvio do foco da fratura é utilizado 
uma tala gessada de 7-10 dias e, após isto, órtese funcional de 4-6 semanas. 
▪ Alívio de dor e diminuição do processo inflamatório; 
▪ Manutenção de ADM de articulações adjacentes; 
▪ Ganho de ADM após retirada da imobilização; 
▪ É indicado que o movimento de supinação ocorra após a 8° semana. 
➢ Tratamento cirúrgico: placa e parafuso 
▪ Pós-operatório: 
o Órtese por 2-4 semanas em supinação e cotovelo a 90°; 
o Alívio de dor e diminuição de edema; 
o Mobilidade passiva até 6 semanas; 
o Mobilidade ativa após a 6 semana de forma progressiva; 
o Tala noturna por 12 semanas; 
o Ganho de força muscular após 8 semana. 
➢ IMPACTO ULNO-CARPAL 
Ocorre por contato da região medial (ulnar) do semilunar ou piramidal com a cabeça 
da ulna, pela variância ulnar positiva, ou seja, um comprimento ulnar aumentado em 
relação ao rádio, um posicionamento congênito da superfície articular ulnar mais 
distalmente do que a superfície articular radial, por encurtamento radial adquirido 
secundário a trauma - por exemplo, uma consolidação viciosa do rádio após uma 
fratura do rádio distal, ou fechamento fisário prematuro do rádio. 
 
 
, 
 
 
35 
 
➢ Quadro clínico: 
▪ Dor à palpação na região entre a cabeça da ulna e o osso piramidal; 
▪ Dor no movimento de desvio ulnar; 
▪ Diminuição de ADM de punho e rotações do antebraço. 
➢ Diagnóstico: 
▪ Radiografia; 
▪ Ressonância magnética; 
▪ Tratamento Cirúrgico; 
▪ Osteotomia de 2-3mm e fixação com placa e parafuso. 
➢ Pós cirúrgico: 
▪ Imobilização 1-2 semanas tala braquiopalmar; 
▪ 2 – 6ª semana ADM progressiva; 
▪ 6 – 8ª semana início de ativação muscular; 
▪ 12 – 16ª semana treinamento de força e gestos funcionais. 
➢ LESÃO DE FIBROCARTILAGEM TRIANGULAR 
O complexo de fibrocartilagem triangular é formado pelo ligamento ulno-semilunar e 
ulno-piramidal e tendão do flexor e extensor ulnar do carpo, é um importante 
estabilizador nos movimentos de rotação e dissipação de carga durante a preensão. 
Podem ocorrem em pacientes com a variância ulnar positiva, excesso de treinos com 
micro traumas repetitivos e pode estar relacionado a trauma, como queda com apoio 
da mão, por exemplo, pronação e apreensão repetitivas aumentam a pressão sobre a 
fibrocartilagem. 
➢ Quadro clínico: 
▪ Dor na borda ulnar do punho com piora na preensão, rotação e desvio ulnar; 
▪ Dificuldade em apoio com descarga de peso na região. 
➢ Avaliação: Testes provocativos de dor 
▪ Teste de compressão: desvio ulnar forçado com antebraço em neutro. 
▪ Teste de imprensa: é solicitado que o paciente se levante da cadeira 
utilizando os punhos em extensão; 
▪ Exame de imagem: ressonância magnética. 
, 
 
 
36 
 
➢ Tratamento cirúrgico: 
▪ Reparo artroscópico. 
➢ Pós cirúrgico: 
▪ Imobilizaçãopor 1 semana; 
▪ A partir da primeira semana os exercícios de mobilidade podem ser iniciados. 
▪ Utilização de órtese antebraquiopalmar por 4 semanas; 
▪ Após 4° semana, início de ativação muscular progressivo; 
▪ Retorno as atividades esportivas em 3-4 meses. 
2.4 Disfunções ortopédicas e traumatológicas de mão 
➢ DEDO EM GATILHO 
Deformidade estrutural do tendão, que por um excesso de uso ou por uma pré 
disposição genética pode formar uma calosidade e quando passa por dentro da polia 
para realizar o movimento de flexão, no retorno a calosidade fica presa e o paciente 
relata que precisa fazer bastante força para realizar a extensão sentindo um click 
(sensação do gatilho) quando consegue, ao longo do tempo essa calosidade aumenta 
por conta do atrito, até ficar totalmente presa na polia e não conseguir mais realizar a 
extensão. Outra situação que pode acontecer é a polia ficar mais larga e comportar o 
tamanho da calosidade, neste caso o paciente relata que teve episódios de dedo em 
gatilho e depois desapareceu. É comum em indivíduos que possuem problemas com 
colágeno, como queloides e má cicatrização. 
➢ Quadro clínico: 
▪ O movimento passivo é livre, porém no movimento ativo há o sinal do 
gatilho. 
▪ Ocorre em apenas um ou dois dedos unilateralmente. 
➢ Tratamento: 
▪ Modificação de atividades; 
▪ Utilização de talas; 
▪ Cirurgia para liberação pode ser indicada; 
▪ Fortalecimento de interósseos e lumbricais; 
▪ Mobilidade ativa de articulação interfalangianas; 
▪ Termoterapia. 
, 
 
 
37 
 
➢ TENOSSINOVITE DE QUERVAIN 
Tendinopatia nos tendões que passam pelo túnel I (abdutor longo e extensor curto do 
polegar). Causado por over use em atividades como golfe, pesca, carpintaria. A 
ressonância magnética, mostra se o quadro é inflamatório ou degenerativo, no 
inflamatório há a presença de líquido entre a bainha e o tendão, no quadro 
degenerativo o tendão apresenta espessamento. Em casos mais avançados pode 
apresentar calcificações. 
➢ Quadro clínico: 
▪ Dor com piora na abdução do polegar, preensão palmar e desvio ulnar; 
▪ Diminuição de ADM; 
▪ Fraqueza e parestesia na mão. 
➢ Avaliação: 
▪ Teste de Finkelstein. 
➢ Tratamento: 
▪ Termoterapia; 
▪ Bandagens; 
▪ Liberação miofascial eminência tênar; 
▪ Exercícios isométricos podem ser iniciados com a diminuição do quadro 
álgico, evoluindo para excêntricos. 
➢ SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO 
Síndrome compressiva do nervo mediano no túnel do carpo. 
➢ Fatores predisponentes: 
▪ Ocupacionais: jornadas de trabalho intensas, com movimentos repetidos das 
mãos, podem gerar sobrecarga e espessamento do tendão, comprimindo o 
tecido neural. 
▪ Artrite reumatoide: doença autoimune que causa deformidade estrutural e 
destruição do tecido conjuntivo e superfícies articulares. 
, 
 
 
38 
 
▪ Medicamentos e gravidez: corticoide e anticoncepcional são medicamentos 
que geram retenção de líquido, e este excesso pode comprimir o nervo 
mediano, situação semelhante acontece na gravidez. 
➢ Quadro clínico: 
▪ Ter um ou mais dos fatores predisponentes presente, caso não tenha, é 
possível considerar que o problema pode estar relacionado a outra região 
como cotovelo, ombro ou cervical. 
▪ Sensações neuropáticas no território do nervo mediano: 
o Formigamento; 
o Choque; 
o Frio doloroso; 
o Queimação; 
o Alfinetadas. 
▪ As alterações motoras aparecem a longo prazo, como perda de força 
principalmente na preensão palmar e hipotrofia dos músculos inervados pelo 
nervo mediano. 
➢ Exames complementares: 
▪ Eletroneuromiografia: avalia a velocidade de condução nervosa e a 
qualidade da condução nervosa. 
▪ Ultrassonografia: identifica a presença de corpos estranhos, alterações 
anatômicas, massas, líquidos. 
▪ Análises clínicas: verifica se há presença de doenças autoimunes; artrite 
reumatoide, gota. 
▪ Radiografia: identifica sequela de fratura, consolidação viciosa, luxação. 
▪ Tomografia computadorizada: identifica fraturas sutis, tumores. 
▪ Ressonância magnética: avalia tecidos moles. 
➢ Diagnóstico diferencial: 
▪ Radiculopatia C5/C6 ou C6/C7; hérnias discais cervicais baixas; 
▪ Síndrome do desfiladeiro torácico; 
▪ Síndrome do pronador redondo. 
 
, 
 
 
39 
 
➢ Tratamento cirúrgico: secção do túnel, abrindo espaço para o tecido neural. 
▪ Tratamento conservador: 
▪ Fase inicial: 
o Controle do processo inflamatório; 
o Retirar a carga desta região, ativando toda a cadeia muscular, começando 
pela região escapular; 
o Aumentar/manter ADM. 
▪ Fase intermediária: 
o Melhorar força muscular da musculatura intrínseca e extrínseca; 
o Melhorar controle motor. 
▪ Fase Final: 
o Gestos funcionais. 
➢ DEFORMIDADE EM BOTOEIRA 
Lesão do extensor curto dos dedos, inserido na falange média, entrando em 
deformidade com flexão da articulação interfalangiana proximal e hiperextensão da 
interfalangiana distal. 
➢ Quadro clínico: 
Não realiza extensão da articulação interfalangiana proximal de forma ativa, mas o 
movimento passivo é livre. 
▪ Tratamento cirúrgico: reparação do tendão com sutura (tenorrafia), 
osteossíntese para a fratura (imobilizando a articulação por algumas 
semanas). Quando o tendão apenas desinsere, o tendão é reinserido e preso 
por um botão que fica na frente da unha associado a fios de kirschner que 
depois são retirados. 
▪ Pós cirúrgico: 
o Reparo cirúrgico: respeitar o período de cicatrização do tendão (3 semanas 
dependendo da gravidade e extensão da lesão e da técnica cirúrgica); 
o Não permitir movimentos ativos; 
o Evitar grandes amplitudes de movimento passivo; 
o Prevenir as contraturas; 
o Recuperar a ADM; 
o Recuperar a função. 
, 
 
 
40 
 
➢ FRATURA DE ESCAFOIDE 
O osso do carpo mais comumente fraturado, geralmente está associado à fratura de 
punho e mão, pois o mecanismo de trauma é o mesmo. Nas primeiras radiografias o 
traço é sutil ou praticamente invisível, pois a maior parte dele é revestida por 
cartilagem, portanto, o sinal de dor em região de tabaqueira anatômica é um grande 
indicativo de lesão. É necessário a imobilização, e com 7 a 10 dias após a lesão é 
possível ver com mais clareza o traço da fratura nas radiografias. Nas tomografias, o 
traço é mais bem visualizado desde o princípio. 
O atraso no diagnóstico da fratura pode acarretar complicações, como: pseudoartrose, 
diminuição da força de preensão e ADM. 
➢ Quadro clínico: 
▪ Dor profunda na parte radial do punho, agravada na preensão; 
▪ Edema; 
▪ Diminuição de ADM dos movimentos do polegar. 
➢ Avaliação: 
▪ Clínica; 
▪ Teste de compressão do escafoide. 
➢ Tratamento conservador: 
▪ Imobilização de aproximadamente 90 dias; 
▪ Braquiopalmar + polegar (30 dias); 
▪ Antebraquiopalmar + polegar (60 dias). 
➢ Tratamento cirúrgico: garante melhor estabilidade para o fragmento através 
da fixação com parafusos. 
▪ Objetivos gerais da reabilitação: 
o Restaurar ADM; 
o Redução de edema; 
o Aumento de força após recuperação de ADM; 
o Retorno às atividades esportivas. 
 
 
, 
 
 
41 
 
▪ Complicações: 
o Necrose isquêmica do polo proximal, retardo de consolidação, rigidez 
articular. 
2.5 Disfunções de nervos periféricos de membros superiores 
As lesões neurais são classificadas em: 
Neuropraxia: Primeiro grau - Geralmente é secundária a uma compressão, em que há 
danos locais na camada mais superficial da mielina. 
Axôniotmese: Segundo grau – Há lesão do axônio, mas o endoneuro está intacto, essa 
circunstância é ideal para o processo de regeneração tecidual. 
Neurotmese: Terceiro grau – Ruptura completa de todo o tronco nervoso. 
 
Figura 2.1: Tipos de lesões nervosas; neuropraxia, axoniotmese e neurotmese, respectivamente. 
Fonte: Adaptada de SEDDON, H. J., 1942. 
➢ SÍNDROME DO DESFILADEIRO TORÁCICO 
Combinação de sinais e sintomas que afetam a região cervical e dos MMSS por 
compressão do plexo braquial. 
, 
 
 
42 
 
O feixe vasculho-nervoso (plexo braquial e artériasubclávia) sofre compressão devido 
às seguintes condições: 
▪ Contratura dos músculos escalenos (feixe anterior e médio); 
▪ Presença de costela cervical (hipertrofia de processo transverso da 7° vertebra 
cervical); 
▪ Contratura de peitoral menor e Esternocleidomastoideo. 
➢ Quadro clínico: 
▪ Dor difusa em região de cervical que irradia para todo o membro superior; 
▪ Parestesia em membro superior; 
▪ Fraqueza de membro superior – A persistir a compressão, evolui para um 
comprometimento motor. 
➢ Diagnóstico diferencial: 
Radiculopatia cervical: nesta condição os sintomas respeitam o dermátomo 
corresponde. 
➢ Diagnóstico: 
▪ Testes especiais positivos: manobra de Adson, teste de Ross; 
▪ Radiografias confirmam a presença de costela cervical; 
▪ Diminuição da temperatura e palidez das extremidades; 
▪ Compressões venosas podem acarretar TVP de subclávia produzindo edema 
no membro superior. 
➢ Tratamento: 
▪ Reestabelecer equilíbrio muscular de cintura escapular; 
▪ Liberação miofascial de músculos cervicais; 
▪ Mobilização neural; 
▪ Exercícios de mobilidade para coluna cervical. 
➢ PARALISIA DE ERB OU ERB-DUCHENNE 
É uma forma de paralisia obstétrica, ou seja, uma lesão das raízes nervosas superiores 
do plexo braquial que ocorre durante o nascimento devido às manobras realizadas 
num parto considerado difícil, pode ocorrer um estiramento ou avulsão dessas raízes. 
, 
 
 
43 
 
Os nervos e músculos acometidos são: 
▪ Nervo axilar: músculo deltoide e redondo menor; 
▪ Nervo musculo cutâneo: musculo bíceps braquial, braquial; 
▪ Nervo supraescapular: músculo supraespinhal e infraespinhal. 
➢ Fatores de risco: 
▪ Obesidade materna; 
▪ Diabetes gestacional; 
▪ Macrossomia fetal. 
➢ Quadro clínico: 
Déficit de rotação lateral de ombro, elevação e flexão de cotovelo. 
➢ Diagnóstico: 
▪ Histórico clínico; 
▪ No exame físico apresenta diminuição dos movimentos do membro superior 
afetado, assim como força e sensibilidade. 
➢ Tratamento: 
▪ 6 primeiros meses: manutenção de ADM para prevenir deformidades e 
melhorar força dos músculos preservados; 
▪ Exercícios focados na bilateralidade; 
▪ Nas duas primeiras semanas evitar extremos das ADMs; 
▪ Terapia induzida por restrição: restringir o membro não afetado para 
otimizar movimento do membro afetado; 
▪ Utilização de talas e órteses; 
▪ Estimulação sensorial. 
➢ Tratamento cirúrgico: 
▪ Transferências tendíneas; 
▪ Transferências neurais. 
 
 
 
, 
 
 
44 
 
➢ SÍNDROME DO ESPAÇO QUADRILÁTERO 
É o espaço composto pela porção lateral do tríceps, músculo redondo menor e 
redondo maior e pela borda medial do úmero, e no centro passam o nervo axilar e a 
artéria circunflexa posterior, onde pode gerar uma compressão que está associada a 
uma sobrecarga principalmente em atletas como arremessadores, que regularmente 
realizam o movimento de abdução e rotação externa. 
➢ Quadro clínico: 
▪ Dor difusa no ombro; 
▪ Dor na região posterior do ombro; 
▪ Perda de sensibilidade na distribuição do nervo axilar; 
▪ Fraqueza principalmente em abdução e rotação externa. 
➢ Tratamento: 
▪ Liberação miofascial em região de quadrilátero; 
▪ Mobilização articular glenoumeral; 
▪ Alongamento de cápsula posterior; 
▪ Manipulação de coluna cervical e torácica; 
▪ Estabilização escapular; 
▪ Fortalecimento de manguito rotador. 
 
, 
 
 
45 
 
Conclusão 
Neste bloco revisamos aspectos relacionados à avaliação e quadro clínico apresentado 
em cada patologia dos membros superiores, além de identificarmos a melhor forma de 
abordagem e principais objetivos do tratamento fisioterapêutico. 
REFERÊNCIAS 
HOPPENFELD, S.; MURTHY, V. Tratado e reabilitação de fraturas. 1ª ed. São Paulo: 
Manole, 2001. 
KENDALL, Florence Peterson; McCREARY, Elizabeth Kendall. Músculos: Provas e 
Funções. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1987. 
KISNER, Carolyn e COLBY, Lynn Allen. Exercícios Terapêuticos: Fundamentos e 
Técnicas. 3ª ed. São Paulo: Manole, 1998. 
SEDDON, H. J. Three Types of Nerve Injury. Brain, v. 66, n. 4, p. 237–288, 1943. doi: 
10.1093/brain/66.4.237. Disponível em https://doi.org/10.1093/brain/66.4.237. 
Acesso em 18 nov. 2022. 
SULLIVAN, Susan B; SCHMITZ, Thomas J. Fisioterapia Avaliação e Tratamento. 4ª ed. 
São Paulo: Manole, 2004. 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://doi.org/10.1093/brain/66.4.237
, 
 
 
46 
 
 
3 DISFUNÇÕES ORTOPÉDICAS E TRAUMATOLÓGICAS DE MEMBROS 
INFERIORES 
Apresentação 
Neste bloco serão abordadas as principais disfunções ortopédicas dos membros 
inferiores mais comuns tratadas na área ortopédica e traumatológica. As principais 
formas de avaliação, apresentação de quadro clínico e formas de manejo das 
articulações do quadril, joelho, tornozelo, articulações do pé e disfunções neurais dos 
membros inferiores. 
Bons estudos! 
 
 
, 
 
 
47 
 
3.1 Disfunções ortopédicas e traumatológicas de quadril 
➢ OSTEOARTRITE: 
Doença articular degenerativa, progressiva, pode ocorrer por causa primária: genética 
ou secundária: relacionada à biomecânica e sequelas de traumas. 
➢ Fatores de risco: 
▪ Idosos; 
▪ Obesidade; 
▪ Esportes de alto impacto. 
➢ Quadro clínico: 
▪ Dor no quadril, inicialmente na em região de virilha, referida em região de 
coxa e joelho; 
▪ Dor em posição ortostática mantida; 
▪ Fadiga na deambulação; 
▪ Dor matinal, por característica articular; 
▪ Rigidez articular. 
➢ Num quadro tardio pode apresentar: 
▪ Diminuição de ADM; 
▪ Dificuldade nas AVDs; 
▪ Dor noturna; 
▪ Atrofia de músculos adjacentes, contraturas em flexão. 
➢ Diagnóstico: 
▪ Radiografia: evidencia diminuição do espaço articular e osteófitos na 
articulação. 
➢ Tratamento conservador: 
▪ Diminuição da sobrecarga articular; 
▪ Aconselhável o uso de bengala; 
▪ Diminuição de peso; 
▪ Educação sobre a doença; 
▪ Diminuição de tensão muscular; 
▪ Mobilização articular; 
▪ Exercícios ativos. 
 
, 
 
 
48 
 
➢ Tratamento cirúrgico 
▪ Artroplastia total do quadril. 
➢ BURSITE TROCANTÉRICA 
A bursa encontra-se entre o tendão do glúteo máximo e a superfície posterolateral do 
trocânter maior, que pode ser causada por um atrito da banda iliotibial ou 
desequilíbrio muscular entre adutores e abdutores, e ainda por causas traumáticas 
como queda lateral. 
➢ Quadro clínico: 
▪ Dor na região lateral do quadril e da coxa; 
▪ Dor durante a deambulação ou ao cruzar as pernas; 
▪ Aumento gradativo de dor em posições mantidas; 
▪ Dor a palpação no trocânter. 
➢ Avaliação: 
▪ Teste de Ober positivo. 
➢ Tratamento: 
▪ Controle de dor e edema; 
▪ Liberações miofasciais; 
▪ Órtese para corrigir as diferenças de comprimento dos membros, se houver; 
▪ Restauração de ADM; 
▪ Reequilíbrio de força muscular. 
➢ IMPACTO FÊMORO ACETABULAR 
É um distúrbio clínico relacionado ao movimento do quadril envolvendo contato 
prematuro entre o acetábulo e o fêmur proximal, que resulta em sintomas 
particulares, sinais clínicos e achados de imagem. Alterações degenerativas e 
osteoartrite podem se desenvolver a longo prazo como resultado desse contato 
anormal. Está associada a três variações na morfologia da articulação do quadril: 
alterações no componente femoral o qual é denominado: CAM, no componente 
acetabular: PINCER e uma combinação dos dois componentes alterados: MISTO. 
 
, 
 
 
49 
 
➢ Quadro clínico: 
▪ Dor em região do quadril, demonstrada pelo paciente com a letra C; 
▪ Rigidez; 
▪ Diminuição da ADM. 
➢ Avaliação: 
▪ Teste de FADIR positivo. 
➢ Tratamento conservador: 
▪ Reequilíbrio biomecânico; 
▪ Liberação miofascial; 
▪ Mobilização articular; 
▪ Fortalecimento do complexo póstero lateral do quadril; 
▪ Melhora do controle motor; 
▪ Aumento de mobilidade de quadril. 
➢ Tratamento cirúrgico: 
▪ Osteotomia femoral (CAM); 
▪ Osteotomia acetabular (PINCER). 
➢ PUBALGIA 
É um termo que se refere a dor inguinal crônica ou na região do púbis bi ou unilateral, 
sãodesencadeadas por cirurgia ou hérnia inguinal anterior, uso excessivo de músculos 
abdominais inferiores e músculos proximais de coxa, principalmente em esportes 
como futebol, corridas de longas distâncias. 
➢ Quadro clínico: 
▪ Dor na sínfise e adutores exacerbados de forma espontânea ou a palpação; 
▪ Dor piora com esforço e melhora com repouso; 
▪ Dor progressiva e incapacitante. 
➢ Avaliação: 
▪ Dor a palpação; 
▪ Manobra de grava; 
▪ Ressonância magnética; 
 
 
, 
 
 
50 
 
➢ Tratamento conservador: 
▪ Fase inicial: controle da dor, melhora da mobilidade e liberações miofasciais; 
▪ Fase intermediária: controle proximal e estabilização segmentar; 
▪ Fase final: gesto esportivo e propriocepção avançada. 
➢ ARTROPLASTIA DE QUADRIL 
Indicada em casos graves de osteoartrite de quadril, dor incapacitante, fraturas de colo 
de fêmur, necrose avascular da cabeça femoral e displasias do desenvolvimento do 
quadril. É um dos procedimentos cirúrgicos mais bem-sucedidos dos últimos tempos. 
Tanto o componente acetabular quanto o femoral podem ser substituídos em 
conjunto (total) ou separados (parcial). 
Os componentes podem ser de cerâmica, metal ou polietileno, podem ser fixados com 
ou sem cimento biológico, sendo as próteses não cimentadas indicadas a pacientes 
mais jovens, com boa qualidade óssea, que sofreram acidentes de alta energia por 
exemplo e as cimentadas indicadas para pacientes com baixa qualidade óssea, que 
geralmente são os pacientes idosos. 
➢ Vias de acesso: 
▪ Smith-Peterson (via anterior); 
▪ Watson-Jones (via ântero-lateral); 
▪ Hardinge (via lateral); 
▪ Moore (via póstero-lateral). 
➢ Reabilitação: 
▪ Orientações iniciais para evitar luxações: 
o Flexão acima de 90°; 
o Rotação interna. 
o Adução. 
➢ Fase inicial 1ª — 6ª semana: 
▪ Diminuição do processo álgico e inflamatório; 
▪ Ativação da musculatura abdutora (4° semana); 
▪ Treino de descarga de peso no membro inferior operado; 
▪ Treino de marcha. 
, 
 
 
51 
 
➢ Fase intermediaria 7ª — 11ª semana: 
▪ Manutenção de ADM; 
▪ Treino de AVDs: marcha, subir e descer escadas e rampas. 
➢ Fase final 12ª — 18ª semana: 
▪ Ganho de força muscular em cadeia cinética aberta e fechada; 
▪ Evolução do controle motor na marcha; 
▪ Manutenção de força, ADM e propriocepção avançados. 
➢ Complicações: 
▪ Lesão neural: principalmente na via anterior do nervo femoral sensitivo; 
▪ Fratura periprotética; 
▪ Infecção; 
▪ Desgaste do material; 
▪ Luxação. 
3.2 Disfunções ortopédicas e traumatológicas de Joelho 
➢ SÍNDROME DA DOR FEMOROPATELAR 
Síndrome dolorosa anterior do joelho, especificamente ao redor da patela, 
manifestando-se ao subir e descer escadas, em esforço prolongado, posições estáticas 
mantidas, em agachamentos, podendo apresentar edema difuso. 
➢ Quadro clínico: 
▪ Pode se dar na infância, adolescência, fase adulta ou em idosos; 
▪ Indivíduos ativos ou sedentários; 
▪ Dor anterior no joelho e na superfície articular da patela; 
▪ Edema com agudização do quadro de dor; 
▪ Crepitação em estágios mais avançados. 
➢ Fatores de risco: 
Instabilidade articular: pode ser um fator agravante para as doenças: vindo de forma 
estrutural anatômica, a saber: 
, 
 
 
52 
 
▪ Tróclea rasa: a tróclea lateral é maior formando uma barreira física que 
impede que a patela lateralize, pois as forças laterais são maiores por conta 
do valgo fisiológico; 
▪ Tipologia da Patela: 
o Classificação de Wiberg. 
▪ Inibição Neuromuscular. 
➢ Tratamento: 
▪ Fase inicial 
o Medidas pró-inflamatórias: Crioterapia, laser, US. 
o Aumento de força muscular de quadríceps, inicialmente dentro dos ângulos 
de proteção, evoluindo para angulações maiores com a melhora do quadro 
álgico. 
o Estabilidade dinâmica proximal: fortalecimento da musculatura de tronco e 
abdutores de quadril. 
▪ Fase intermediária 
o Treinamento sensório-motor; 
o Exercícios dinâmicos. 
O critério de evolução do paciente não é a quantidade de movimentos e sim a 
qualidade de seus movimentos. 
▪ Fase final 
o Exercícios de alta complexidade: dupla tarefa, solos instáveis; 
o Treino de gesto esportivo. 
➢ OSTEOARTRITE 
Pode ser causada por predisposição genética em que as enzimas proteolíticas liberadas 
pelos leucócitos destroem a cartilagem articular ou podem estar relacionadas a outras 
doenças que fazem com que a cartilagem se degenere: gota, artrite reumatoide ou 
desequilíbrios biomecânicos causados por traumatismos e cirurgias. 
➢ Quadro clínico: 
▪ Dor profunda; 
▪ Limitação de ADM geralmente no início da deambulação; 
, 
 
 
53 
 
▪ Marcha antálgica; 
▪ Presença de edema generalizado com inibição artrogênica; 
▪ Crepitação. 
➢ Classificação: 
▪ Grau 0: normal; 
▪ Grau 1: estreitamento do espaço articular duvidoso e possíveis osteófitos na 
borda. Apresenta: dor, episódios de edemas, alguma inibição artrogênica, 
nenhuma limitação de ADM e sem deformidade; 
▪ Grau 2: possível estreitamento do espaço articular e osteófitos definidos; 
▪ Grau 3: estreitamento do espaço articular bem definido e vários osteófitos 
moderados, alguma esclerose subcondral e deformidade no contorno ósseo; 
▪ Grau 4: notável estreitamento do espaço articular, esclerose subcondral, 
deformidade no contorno ósseo definida e presença de grandes osteófitos. 
➢ Classificação funcional: 
▪ Grau 1 e 2: ótimo prognóstico, pequena incapacidade funcional, é necessário 
apenas o controle do estilo de vida com a inclusão de exercícios regulares e 
manutenção de peso; 
▪ Grau 3: ainda não tem indicação cirúrgica, os sintomas são mais acentuados 
assim como incapacidade funcional; 
▪ Grau 4: indicação de cirurgia: prótese total de joelho. 
Nem sempre os sintomas estarão no mesmo nível do grau de lesão, isso é muito 
relativo de cada paciente. 
➢ Tratamento: 
▪ Medidas analgésicas que possam controlar dor e edema; 
▪ Manutenção de ADM; 
▪ Restabelecer as forças proximais de quadril e tronco; 
▪ Melhorar a força dos músculos dos estabilizadores dinâmicos do joelho; 
▪ A utilização de bengalas pode ser indicada; 
 
 
 
, 
 
 
54 
 
➢ LESÕES MENISCAIS 
O menisco tem a função de melhorar a congruência articular e estabilidade articular, 
além de absorver e distribuir cargas axiais. Pode ser por causada por mecanismos 
traumáticos ou degenerativos. 
O menisco possui três regiões que nos indicam prognóstico de lesão: 
▪ Zona vermelha: zona periférica de maior vascularização; 
▪ Zona vermelha branca: zona intermediária com média vascularização; 
▪ Zona branca: zona mais interna com menor vascularização. 
As lesões na zona vermelha têm maior possibilidade de cicatrização em lesões 
pequenas e tem boa indicação para suturas meniscais. 
Os mecanismos de lesão em extensão lesionam o corno anterior do menisco enquanto 
os mecanismos em flexão lesionar o corno posterior do menisco. 
➢ Sinais e sintomas: 
▪ Dor localizada na interlinha articular; 
▪ Bloqueio articular nas lesões agudas; 
▪ Sinovites de repetição ao esforço; 
▪ Hipotrofia do quadríceps. 
Os critérios para a escolha do tratamento cirúrgico ou conservador englobam: locais 
de lesão; tipo de paciente: sedentário ou atletas; idade; lesões associadas e 
sintomatologia. 
➢ Tratamento cirúrgico: 
▪ Meniscectomia parcial; 
▪ Sutura meniscal. 
➢ Reabilitação meniscectomia: 
▪ Fase 1 — Inicial: 1ª semana; 
o Alívio de dor e redução do processo inflamatório. 
▪ Fase 2 — Intermediária: 2ª semana; 
o Ganho de ADM; 
o Ativação muscular. 
 
, 
 
 
55 
 
▪ Fase 3 — Final: 3ª semana; 
o Fortalecimento muscular; 
o Melhora do controle motor. 
▪ Fase 4 — Retorno ao esporte: 4ª à 5ª semana; 
o Treino de gestos esportivos. 
➢ Reabilitação de sutura meniscal: 
▪ Fase 1: proteção máxima 1ª à 3ª semana; 
o Alívio de dor e diminuição do processo inflamatório. 
▪ Fase 2: readaptação funcional intermediária 4ª à 10ª semana; 
o Ganho de ADM; 
o Ativação muscular. 
▪ Fase 3: readaptação funcionalavançada 11ª à 15ª semana; 
o Fortalecimento muscular; 
o Melhora do condicionamento físico. 
▪ Fase 4: retorno as atividades esportivas 16ª à 24ª semana; 
o Treino de gesto esportivo; 
o Treino sensório motor. 
3.3 Disfunções ortopédicas e traumatológicas de tornozelo 
➢ ENTORSE 
O mecanismo de lesão mais comum é a supinação: inversão, flexão plantar e adução, 
lesionando os seguintes ligamentos: talofibular anterior, calcaneofibular e talofibular 
posterior. Mecanismo de lesão comum em aterrisagem de saltos, pisar em superfícies 
irregulares. 
➢ Classificação: 
▪ Grau I: distensão dos ligamentos talofibular anterior e calcaneofibular; 
▪ Grau II: ruptura total do ligamento talofibular anterior e parcial do ligamento 
calcaneofibular; 
▪ Grau III: ruptura completa dos ligamentos talofibular anterior e posterior e 
calcaneofibular. 
, 
 
 
56 
 
 
Figura 3.1: Ligamentos do tornozelo 
Fonte: rob9000 via Shutterstock 
➢ Fatores de risco: 
▪ Histórico de entorses sem reabilitação; 
▪ Diminuição de dorsiflexão; 
▪ Esportes de contato em nível competitivo. 
➢ Quadro clínico: 
▪ Dor; 
▪ Edema; 
▪ Hematoma; 
▪ Redução de ADM; 
▪ Dificuldade em descarregar peso no membro afetado; 
▪ Alterações de marcha. 
➢ Avaliação: 
▪ Teste de gaveta anterior e posterior; 
▪ Lunge teste; 
▪ Teste de figura em 8; 
▪ Squeeze teste. 
➢ Tratamento: 
▪ Fase 1 (2- 3 dias): Protocolo Peace and Love – Protocolo de tratamento para 
lesões agudas. 
, 
 
 
57 
 
o Proteção (Protection): evitar atividades de alta intensidade; 
o Elevação (Elevation): Drenagem de hematoma e edema 
o Evitar (Avoid Anti-inflamatories): Uso de anti-inflamatórios e 
analgésicos 
o Compressão (Compression): Limitar difusão do edema 
o Educação (Education): Explicar comportamento da lesão 
o Carga (Load): Conforme tolerado 
o Otimismo (Optimism): Deixar claro os ganhos do paciente 
o Vascularização (Vascularisation): Cardiovasculares conforme tolerado 
o Exercícios (Exercise): Mobilidade, força e proprioceptivos 
▪ 0 - 2 semanas: 
o Diminuição de edema; 
o Liberação miofascial; 
o Otimização do reparo tecidual; 
o Melhora de ADM; 
o Treino de marcha; 
o Ativação muscular. 
o 3 - 4 semanas: 
o Retorno ao trabalho e esportes a nível de participação. 
▪ 4 - 6 semanas: 
o Treino em superfícies irregulares; 
o Reprodução dos mecanismos de lesão. 
▪ 6 - 8 semanas: 
o Retorno as competições. 
Em entorses com lesões de grandes escalas nas quais a reconstrução dos ligamentos é 
necessária, a reabilitação segue os seguintes princípios: 
 
, 
 
 
58 
 
➢ Pós cirúrgico: 
▪ 0 - 2 semanas: 
o Carga zero; 
o Utilização de robofoot e muletas. 
▪ 3-6 semana: 
o Carga progressiva. 
▪ 6-12 semana: 
o Substituição de robofoot por aircast; 
o Ativação muscular; 
o Mobilidade sem restrição 6-8 semana. 
▪ 16 semana: 
o Retorno as atividades esportivas e de impacto. 
➢ LESÃO DE SINDESMOSE: 
Ocorre quando há uma luxação posterior da fíbula ou uma rotação externa da tíbia 
com o pé fixo ao solo, num mecanismo rotacional de membro inferior. 
➢ Classificação de West Point: 
▪ Grau I: entorse de talofibular anterior; 
▪ Grau II: ruptura completa de ligamento talofibular anterior e ligamento 
interósseo; 
▪ Grau III: ruptura de todos os ligamentos com afastamento da região de 
sindesmose. 
➢ Avaliação: 
▪ Squeeze test; 
▪ Cotton test; 
▪ Radiografia. 
➢ Tratamento: 
▪ Carga zero por 2 semanas e utilização de robofoot; 
▪ Carga parcial até 4 semana e utilização de robofoot; 
▪ Carga total em 6 semana; 
▪ Corrida entre 8 e 10 semanas; 
▪ Movimentos rotacionais em 12 semanas; 
▪ Retorno ao esporte em 16 - 24 semanas. 
, 
 
 
59 
 
3.4 Disfunções ortopédicas e traumatológicas de pé 
➢ FASCEITE PLANTAR: 
A fáscia plantar tem como função a sustentação do arco longitudinal medial do pé e 
auxilia na fase de propulsão durante a marcha, na corrida e nos saltos, pois na fase de 
aplainamento a fáscia acumula energia elástica e devolve no momento da propulsão, 
impulsionando o corpo para frente. 
➢ Fatores de risco: 
▪ Intrínsecos (Biomecânica): 
o Corredores, pois tem alta demanda; 
o Hiperpronação do pé; 
o Pé cavo rígido; 
o Tendão calcâneo tenso, por encurtamento de cadeia posterior; 
o Diminuição de ADM na primeira articulação metatarso falangiana; Ex.: 
Joanete. 
➢ Extrínsecos (podem fazer parte da biomecânica, porém são reversíveis): 
▪ Correr em superfícies rígidas; 
▪ Calçados inadequados (chinelo, rasteirinha); 
▪ Fraqueza de tríceps Sural e musculatura intrínseca do pé; 
▪ Desequilíbrios de cintura pélvica e tronco. 
➢ Quadro clínico: 
▪ Dor de início gradual e insidiosa; 
▪ Dor à palpação na tuberosidade do calcâneo, podendo estender-se ou não 
para o arco medial; 
▪ Dor matinal nos primeiros passos ou após longo período de inatividade; 
▪ Dor à dorsiflexão ativa e passiva do tornozelo e extensão da primeira 
articulação metatarso falangiana por tensão máxima na fáscia plantar. 
➢ Tratamento: 
▪ Controle inflamatório e da dor: na fase aguda; 
▪ Diminuição da tensão exercida na fáscia; 
▪ Terapia manual – liberação miofascial; 
, 
 
 
60 
 
▪ Alongamentos de cadeia posterior e fáscia; 
▪ Suspensão das atividades provocativas de dor; 
▪ Órteses corretivas, palmilhas; 
▪ Fortalecimento da musculatura intrínseca do pé. 
➢ LESÃO DE TURCO 
Lesão do ligamento Lisfranc que tem origem na região lateral do cuneiforme medial e 
se insere na parte superior medial da base do 2° metatarso. O mecanismo de lesão 
mais comum é o trauma direto no dorso do pé. 
➢ Quadro clínico: 
▪ Dor entre as bases do 1° e 2° metacarpo; 
▪ Assintomático durante a marcha, mas sente dor em atividades de maior 
demanda. 
➢ Avaliação: 
▪ Teste de pronação: abdução do antepé, o paciente pode relatar dor ou 
instabilidade; 
▪ Dor ou instabilidade numa força compressiva no bordo medial e lateral do 
pé. 
➢ Diagnóstico: 
▪ Radiografia: com carga; 
▪ Tomografia computadorizada: evidência maior espaço entre o 1° e 2° 
metatarso. 
➢ Tratamento: 
▪ Quando há apenas uma distensão ligamentar, a imobilização com robofoot é 
indicada de 6-8 semanas; 
▪ Quando há uma ruptura do ligamento com separação entre os metatarsos, a 
cirurgia é indicada com fixação através de fios de Kirchner ou parafusos e 
imobilização por 6 semanas; 
▪ Redução do quadro álgico nas primeiras semanas; 
▪ Carga proprioceptiva inicialmente; 
▪ Movimentos ativos assistidos; 
▪ Ativação muscular em cadeia cinética fechada. 
, 
 
 
61 
 
➢ Após período de imobilização: 
▪ Ganho de ADM progressivo; 
▪ Melhora da força muscular de todo membro inferior; 
▪ Melhora do controle motor. 
➢ TENDINOPATIA DO TENDÃO CALCÂNEO 
Lesão por uso excessivo e estresse crônico em região do tendão, tem grande 
correlação com retro pé varo/valgo e tipo de pisada. A sintomatologia apresenta-se na 
inserção do tendão sendo denominada de tendinopatia insercional ou tendinopatia 
não insercional que apresenta sintomas na porção média, ou seja, de 2 a 6cm da 
inserção, em que há a diminuição da vascularização do tendão, o que diminui a 
propensão de regeneração, pois não tem capacidade de inflamação, além disso 
apresenta características degenerativas, como alterações na síntese de colágeno do 
tendão. 
➢ Fatores de risco: 
▪ Obesidade; 
▪ Hipertensão arterial sistêmica; 
▪ Diabetes tipo II; 
▪ Uso prolongado de esteroides; 
▪ Diminuição de dorsiflexão. 
➢ Quadro clínico: 
▪ Dor de início gradual e insidiosa; 
▪ Dor intensa e constante durante ou, principalmente, após atividade; 
▪ Edema ou ligeiro espessamento estrutural; 
▪ 2 a 3cm acima da inserção apresenta sensibilidade a palpação; 
▪ Aumento de dor na dorsiflexão passiva ou flexão plantar resistida. 
➢ Avaliação: 
▪ Sinal do arco positivo; 
▪ Teste Royal London hospital positivo. 
 
 
 
, 
 
 
62 
 
➢ Tratamento: 
▪ Utilização de palmilhas corretivas: o tipo de pisada pronada cria um ângulo 
durantea contração do tríceps Sural que a longo prazo gera uma fragilidade 
no tendão; 
▪ Controle de dor; 
▪ Ganho de ADM: principalmente dorsiflexão; 
▪ Ganho de força muscular, inicialmente com exercícios isométricos, evoluindo 
para os excêntricos: neste tipo de contração há uma grande transmissão de 
carga do músculo para o tendão, é um estímulo mecânico que gera uma 
alteração biológica nos tendões, favorecendo o processo de regeneração a 
longo prazo. 
3.5 Disfunções de nervos periféricos de membros inferiores 
➢ SÍNDROME DO PIRIFORME 
Condição musculoesquelética caracterizada por uma combinação de sintomas, 
incluindo dor em região de glúteos e/ou quadril por compressão do nervo ciático 
abaixo ou entre as fibras do músculo piriforme, por hipertrofia do músculo piriforme 
ou bursite do músculo piriforme, é considerada como uma neuropatia periférica dos 
ramos do nervo ciático causada por uma condição anormal do piriforme, por trauma 
na região de glúteo ou articulação sacrilíaca, ponto gatilho miofascial ou bursite do 
piriforme. 
➢ Quadro clínico: 
▪ Queixa de dor profunda e localizada na superfície posterior do quadril; 
▪ Hipoestesia e parestesia em direção à perna; 
▪ Dor na rotação externa resistida; 
▪ Dor no estiramento passivo de rotação interna; 
▪ Não tem característica neurológica como perda de força e reflexos tendíneos 
diminuídos. 
➢ Avaliação: 
▪ Sensibilidade à palpação do ventre muscular com reprodução dos sintomas; 
▪ Teste de Laségue positivo; 
▪ Teste de Trendelemburg positivo. 
 
, 
 
 
63 
 
➢ Tratamento: 
▪ Manobras miofasciais em músculos rotadores externos; 
▪ Reequilíbrio dinâmico muscular; 
▪ Restabelecimento de mobilidade em coluna lombo sacral, articulação 
sacrilíaca e quadril; 
▪ Mobilização neural. 
➢ SÍNDROME DO TÚNEL DO TARSO 
É a uma neuropatia compressiva do sistema nervoso periférico, mais precisamente no 
nervo tibial posterior na região do túnel osteofibroso, entre o retináculo dos flexores 
dos dedos e o maléolo medial. A principal causa é a hiperpronação do pé que pode 
estar relacionado com o tipo de pé e sua pisada, sendo comum o pé plano associado a 
uma pisada pronada. Ocorre um espessamento do tendão por uso excessivo e esse 
espaço do túnel diminui fazendo com que o nervo comprimido apresente sintomas. 
➢ Estruturas que compõe o túnel do tarso: 
▪ Tendão do tibial posterior; 
▪ Tendão do flexor longo dos dedos; 
▪ Tendão do flexor longo do hálux; 
▪ Artéria tibial posterior; 
▪ Veia tibial posterior; 
▪ Nervo tibial posterior. 
➢ Quadro clínico: 
▪ Queimação; 
▪ Dor; 
▪ Parestesia e hipoestesia na região medial do pé com irradiação para a região 
plantar, com piora do quadro na descarga de peso; 
▪ Alteração da sensibilidade; 
▪ Alterações vasculares no pé; 
▪ Fraqueza na flexão dos dedos e abdução do hálux; 
▪ Piora da dor com descarga de peso e atividades de alta demanda. 
 
 
, 
 
 
64 
 
➢ Avaliação: 
▪ Teste de tínel positivo; 
▪ Exames de imagem: ressonância magnética pode detectar a presença de um 
neuroma que pode estar causando a compressão neural; 
▪ Eletroneuromiografia: avalia a funcionalidade e fisiologia do nervo e 
músculos que são inervados por ele; 
▪ Teste de discriminação de dois pontos em território do nervo tibial posterior. 
➢ Tratamento: 
▪ Controle inflamatório; 
▪ Crioterapia, somente numa crise aguda; 
▪ Palmilhas corretivas; 
▪ Liberação miofascial; 
▪ Mobilização neural; 
▪ Alongamento de cadeia posterior; 
▪ Bandagens rígidas associada a exercícios; 
▪ Cirurgia para a liberação do espaço do túnel quando não há sucesso do 
tratamento conservador. 
➢ NEUROMA DE MORTON 
É um tumor benigno causado por forças de cisalhamento que ocorrem, 
principalmente, durante a fase de propulsão da marcha, nas regiões das cabeças dos 
metatarsos, tendo uma frequência maior entre as cabeças do 3° e 4° metatarsos 
aprisionando o nervo plantar intermetatarsal, é descrita pelo paciente como uma 
pedra no calçado. 
➢ Fatores de risco: 
▪ Tensão muscular de tríceps Sural; 
▪ Ante pé valgo ou varo. 
➢ Quadro clínico: 
▪ Dor; 
▪ Queimação; 
▪ Parestesia; 
▪ Choque no antepé com irradiação para os dedos; 
▪ Aumento da dor na compressão da região e descarga de peso; 
▪ Alívio da dor pela remoção do calçado. 
, 
 
 
65 
 
➢ Avaliação: 
▪ Teste de compressão positivo; 
▪ Teste de tínel plantar positivo. 
➢ Tratamento: 
▪ Uso de coxim para afastamento dos metatarsos e diminuição da compressão 
do nervo; 
▪ Calçados com parte anterior mais larga; 
▪ Terapia manual; 
▪ Terapia por ondas de choque; 
▪ Cirurgia de descompressão neural. 
Conclusão 
Neste bloco foi possível revisar aspectos relacionados desde a avaliação e quadro 
clínico apresentado por cada disfunção ortopédica até a melhor forma de manejo dos 
pacientes, assim como os principais objetivos de tratamento. 
REFERÊNCIAS 
HOPPENFELD, S.; MURTHY, V. Tratado e reabilitação de fraturas. 1ª ed. São Paulo: 
Manole, 2001. 
KENDALL, Florence Peterson; McCREARY, Elizabeth Kendall. Músculos: Provas e 
Funções. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1987. 
KISNER, Carolyn e COLBY, Lynn Allen. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 
3ª ed. São Paulo: Manole, 1998. 
SULLIVAN, Susan B; SCHMITZ, Thomas J. Fisioterapia Avaliação e Tratamento. 4ª ed. 
São Paulo: Manole, 2004. 
 
 
 
 
, 
 
 
66 
 
 
4 DISFUNÇÕES ORTOPÉDICAS E TRAUMATOLÓGICAS, ESTRUTURAIS E 
POSTURAIS DA COLUNA VERTEBRAL 
Apresentação 
Neste bloco serão abordadas as principais disfunções traumatológicas, posturais e 
estruturais dos segmentos da coluna vertebral, disfunções da articulação 
temporomandibular, englobando aspectos da avaliação até o tratamento, e avaliação 
do sistema de bandeiras, muito utilizado na triagem, ou seja, o momento inicial da 
avaliação terapêutica e classificação dos subgrupos de tratamento para dor lombar. 
Bons estudos! 
 
 
, 
 
 
67 
 
4.1 Disfunções ortopédicas da coluna vertebral 
➢ ESPONDILOARTROSE 
Doença degenerativa que acomete a cartilagem articular e, posteriormente, o osso 
subcondral de forma progressiva e irreversível. Essa degeneração atinge facetas, corpo 
vertebral e disco vertebral. 
Pode ser classificada em: 
▪ Primária: genética; 
▪ Secundária: alterações posturais, obesidade, idade, fraturas etc. 
➢ Quadro clínico: 
▪ Dor miofascial; com a perda de movimento das vértebras, a musculatura 
entra em espasmo, criando pontos gatilhos; 
▪ Rigidez articular matinal; 
▪ Inibição, pela dor mecânica intermitente, gera uma hipotrofia muscular e, 
consequente, instabilidade vertebral, fazendo com que as cargas mecânicas 
sejam transferidas para as estruturas passivas da coluna; ligamentos, 
articulações, discos. 
➢ Tratamento: 
▪ Redução de peso; existe uma forte relação dessa doença com indivíduos 
acima do peso; 
▪ Manutenção de mobilidade; 
▪ Manutenção de força; 
▪ Exercícios aeróbicos; 
▪ Exercícios funcionais de acordo com a atividade exercida pelo paciente. 
• DISCOPATIAS: 
Alteração morfológica dos discos intervertebrais por processo degenerativo com 
consequente perda da função do disco, de altura e hidratação, acompanhada ou não 
de compressão/irritação nervosa, ou seja, dos nervos que saem desses espaços 
intervertebrais. Embora a causa exata seja desconhecida, acredita-se que esteja 
associada ao processo de envelhecimento durante o qual os discos intervertebrais 
desidratam, perdem elasticidade e colapsam. A doença degenerativa do disco pode 
desenvolver-se em qualquer nível da coluna, mas é mais comum nas regiões cervical e 
lombar inferior. 
, 
 
 
68 
 
• Funções do disco intervertebral 
▪ Manter a altura do espaço Intervertebral; 
▪ Absorver e dissipar cargas; 
▪ Proteger o corpo vertebral e as estruturas próximas dele como as raízes 
nervosas; 
▪ O núcleo pulposo tem a função de distribuir as cargas enquanto o anel 
fibroso resiste às cargas impostas. 
• Quadro clínico:▪ Dor após longos períodos em posições mantidas; 
▪ Alívio de dor no repouso, em mudanças frequentes deposição estática e após 
atividade física de alta intensidade; 
▪ Antes do surgimento de uma hérnia de disco em qualquer que seja o seu 
nível vertebral, passa por algumas fases, que são: Abaulamento discal, 
Protusão discal, Extrusão discal e Hérnia Verdadeira. Vejamos mais a respeito 
de cada uma abaixo: 
➢ Abaulamento discal 
Há uma alteração estrutural no disco, aumentando de tamanho, estende-se além dos 
contornos do corpo vertebral em todas as direções ou em metade ou mais da metade 
da circunferência do corpo. 
▪ Avaliação: 
Através da ressonância magnética é possível avaliar se há extensão uniforme e 
circunferencial do contorno discal, e se essa extensão representa um tamanho maior 
que 50% do tamanho total do disco. 
➢ Protusão discal 
O ligamento longitudinal posterior permanece intacto, mas o núcleo pulposo colide 
com o anel fibroso. 
, 
 
 
69 
 
 
Figura 4.1. Disco Intervertebral com protusão discal 
Fonte: Adaptada de Masakra via Shutterstock 
➢ Extrusão Discal 
O núcleo pulposo atravessa o anulo fibroso e o ligamento longitudinal posterior se 
mantém intacto. 
➢ Hérnia verdadeira 
Ruptura de todas as camadas do ânulo fibroso com massa que oblitera a gordura 
epidural (parede da dura-máter). Sua altura é maior que a largura. 
 
Figura 4.2. Disco Intervertebral com hérnia verdadeira 
Fonte: Adaptada de Masakra via Shutterstock 
Na ressonância magnética, numa vista sagital, é realizado o cálculo da largura medular, 
se o material do disco invadir mais da metade desta largura é uma hérnia considerada 
verdadeira. 
, 
 
 
70 
 
• Quadro Clínico: 
▪ Pode ocorrer alterações (plexo braquial e/ou lombo sacro); 
o Sensoriais: Dermátomos; 
o Motoras: Miótomos. 
▪ Espasmos Musculares; trapézio, Esternocleidomastoideo, escalenos, 
quadrado lombar e paravertebrais. 
• Avaliação: 
▪ Testes de compressão cervical, teste de valsava e teste de Kernig positivos; 
▪ Testes de Laségue e teste de slump positivos. 
• Critérios para Tratamento Cirúrgico: 
▪ Sintomas neurológicos graves; 
▪ Déficit neurológico progressivo; 
▪ Falha no tratamento conservador; 
▪ Dor com limitações importantes. 
• Técnicas cirúrgicas: 
▪ Discectomia; 
▪ Laminectomia; 
▪ Artrodese. 
• Tratamento: 
▪ Educação em dor; 
▪ Terapias manuais: Manobras miofasciais, mobilização articular, tração; 
▪ Mobilização neural; 
▪ Cinesioterapia: 
o Estabilização segmentar; 
o Controle sensório-motor; 
o Exposição gradual e progressiva aos movimentos de maior dificuldade. 
▪ O fortalecimento muscular deve ser direcionado para os músculos do tronco 
e cintura pélvica nas lombociatalgias e nas cervicobraquialgias para os 
músculos da cervical e cintura escapular; 
▪ Exercícios aeróbicos. 
 
, 
 
 
71 
 
• RADICULOPATIA 
Condição clínica que envolve um ou mais nervos, resultando em função 
prejudicada (neuropatia). O local da lesão na radiculopatia é ao nível da raiz do 
nervo espinhal. O resultado é dor (conhecida como dor radicular), fraqueza nos 
membros, dormência/parestesia e dificuldade em controlar músculos específicos. 
Na radiculopatia, o problema ocorre no local ou próximo à origem da raiz nervosa, 
quando ela sai da medula espinhal, mas a dor e os sintomas que a acompanham 
geralmente irradiam para a parte do corpo que é suprida por esse nervo 
específico. Por exemplo, um choque de raiz nervosa na coluna cervical pode 
resultar em dor e fraqueza no antebraço. Da mesma forma, um impacto na 
região lombar pode manifestar-se com sintomas no pé. 
A dor radicular resultante da radiculopatia não deve ser confundida com a dor 
referida, que é diferente tanto no mecanismo quanto nas características clínicas. A 
polirradiculopatia é uma condição na qual mais de uma raiz nervosa espinhal é 
afetada. Pode ser secundária à doença degenerativa do disco, osteoartrite, 
degeneração/hipertrofia da articulação facetaria, hipertrofia 
ligamentar, espondilolistese ou uma combinação desses fatores. Os sintomas da 
radiculopatia dependem de quais nervos são afetados, mas sempre irão respeitar 
as áreas correspondentes aos dermátomos neurais. 
https://www.physio-pedia.com/Spinal_cord_anatomy
https://www.physio-pedia.com/Pain_Mechanisms
https://www.physio-pedia.com/Cervical_Anatomy
https://www.physio-pedia.com/Lumbar
https://www.physio-pedia.com/Referred_Pain
https://www.physio-pedia.com/Referred_Pain
https://www.physio-pedia.com/Degenerative_Disc_Disease
https://www.physio-pedia.com/Osteoarthritis
https://www.physio-pedia.com/Spondylolisthesis
, 
 
 
72 
 
 
Figura 4.3. Dermátomos e miótomos região anterior 
Fonte: Adaptada de stihii via Shutterstock 
 
 
Figura 4.4 — Dermátomos e miótomos 
Fonte: Adaptada de via Shutterstock 
, 
 
 
73 
 
Os sintomas mais comuns são: 
▪ Dor; 
▪ Dormência; 
▪ Formigamento; 
▪ Hipersensibilidade ao toque; 
▪ Fraqueza nos músculos controlados pelos nervos afetados. 
• Avaliação: 
▪ Sintomas com distribuição por dermátomos, importante avaliar todos do 
segmento; 
▪ Déficits motores e sensoriais; 
▪ Teste especial cervical: Spurling; 
▪ Teste especial lombar: elevação da perna reta; 
▪ Diminuição de reflexos tendinosos. 
• Tratamento: 
▪ Mobilização articular; 
▪ Manipulação vertebral; 
▪ Mobilização neural; 
▪ Tração cervical e lombar; 
▪ Exercícios direcionados a abertura do forame vertebral. 
4.2 Disfunções traumatológicas da coluna vertebral 
• ESPONDILÓLISE 
Deformidade, má formação ou fratura da porção interarticular da vértebra, área de 
conexão entre a parte anterior e posterior da vértebra. Acredita-se que seja 
decorrente de uma fratura por fadiga ou por pseudoartrose. Pode haver uma história 
de esforço súbito acompanhado de estalidos ex.: pegar objeto pesado do chão com a 
coluna em flexão – é chamada de espondilólise traumática. Pode ser uni ou bilateral. 
, 
 
 
74 
 
• Quadro clínico: 
▪ Pode ser assintomática; 
▪ Início de dor gradual ou agudo; 
▪ Dor irradiada para os membros inferiores; 
▪ Aumento de dor nos movimentos de extensão e rotação; 
▪ Alívio de dor no repouso. 
• Avaliação: 
▪ Ocorre com maior incidência ao nível de L5-S1, mas pode ocorrer em níveis 
mais altos; 
▪ Radiografias de perfil oblíquas: apresenta o sinal do cão Scottish terrier; 
▪ É a principal causa de espondilolistese. 
• Tratamento: 
▪ Alívio de dor; 
▪ Cessação das atividades agravantes de dor; 
▪ Utilização de colete para permitir o reparo ósseo que leva em média 6 
semanas; 
▪ Estabilização segmentar; 
▪ Melhora do controle motor. 
• ESPONDILOLISTESE 
A Espondilólise é considerada uma fratura estável, mas quando, após isto, há um 
escorregamento vertebral, é caracterizada como uma fratura instável e denominada 
de espondilolistese. É o deslizamento anterior de um corpo vertebral em relação a 
outro, situado imediatamente abaixo. 
Quando a fratura é estável, nada acontece com a vértebra, havendo separação da 
parte anterior e posterior desta. Podem ser de causa genética: má formação; ou, 
adquiridas: congênitas, traumáticas, degenerativas e, principalmente, por 
consequência de Espondilólise. 
▪ Sistema de Meyerding: Classificação do grau de escorregamento vertebral: 
De acordo com a posição da vértebra superior em relação a vértebra inferior, avalia-se 
a evolução do escorregamento através de radiografia em perfil. A vertebra de cima é 
dividia em quatro partes iguais, em que cada parte representa 25% do corpo da 
vertebra e para cada 25% de escorregamento do corpo da vertebra conta-se um grau. 
, 
 
 
75 
 
• I – 0 a 25% 
• II – 25 a 50% 
• III – 50 a 75% 
• IV – 75 a 100% 
 
Figura 4.5 — Graus de escorregamento vertebral, sistema de meyerding 
Fonte: Olga Bolbot via Shutterstock 
• Quadro clínico: 
▪ Dor exacerbada pela extensão no segmento afetado; 
▪ Diminuição de ADM; 
▪ Marcha antálgica; 
▪ Tensão muscular em cadeia posterior;▪ Distúrbios de coordenação e equilíbrio. 
• Avaliação: 
▪ Teste de elevação da perna reta; 
▪ Radiografia; 
• Tratamento: 
▪ Alívio de dor; 
▪ Afastamento de atividades que possam piorar o escorregamento vertebral; 
▪ Utilização de colete; 
▪ Liberação miofascial; 
, 
 
 
76 
 
▪ Exercícios de estabilização segmentar; 
▪ Treino de marcha; 
▪ Exercícios aeróbicos; 
▪ Educação em dor. 
• Tratamento cirúrgico: 
▪ Artrodese – grau 3 e 4 
▪ Fase I: 1ª – 6ª semana 
o Educação em relação a dispositivos auxiliares de marcha; 
o Contrações isométricas leves da musculatura do assoalho pélvico; 
o Mobilização neural. 
▪ Fase II: 6ª – 10ª semana 
o Exercícios com cargas leves; 
o Ativação de paravertebrais e músculos inseridos na fáscia toracodorsal. 
▪ Fase III: 11ª – 19ª semana 
o Retorno as atividades; 
o Treinamento de resistência; 
o Exercícios aeróbicos. 
▪ Fase IV: 20ª semana até 12° mês 
o Restauração da função pré lesão; 
o Continuar com o programa de exercícios de forma contínua; 
o Exercícios mais específicos com gestos esportivos. 
4.3 Disfunções estruturais e posturais da coluna vertebral 
• DOENÇA DE SCHEUERMANN (Cifose do adolescente) 
É uma deformidade estrutural ocorrente no plano sagital da coluna vertebral, mais 
exclusivamente na parte anterior dos corpos vertebrais, sofrendo uma pressão maior 
por conta do aumento da cifose torácica. A imaturidade óssea faz com que a doença se 
instale com maior facilidade, a vertebra adota um aspecto em cunha, aumentando 
ainda mais este padrão cifótico. A parte anterior da vertebra é menor que a posterior, 
quando deveria ter o mesmo tamanho em ambos os lados, a coluna torácica é a 
principal afetada. Possui causa idiopática, mas existe componente hereditário. A 
vértebra sofre uma alteração na placa de crescimento, interferindo em seu 
desenvolvimento. 
, 
 
 
77 
 
• Quadro clínico: 
▪ Raramente dói; 
▪ Padrão estético incômodo aos pacientes; 
▪ Em casos avançados, pode-se comprometer o sistema cardiorrespiratório. 
• Avaliação: 
▪ Janela de risco entre 11 e 16 anos; 
▪ Cifose maior que 45°; 
▪ Normalmente acontece em indivíduos altos para a idade; 
▪ Diminuição da mobilidade do tronco. 
• Tratamento: 
▪ Utilização de coletes: em casos mais leves o uso é facultativo, mas em casos 
mais graves deve-se ser utilizado associado à prática de exercícios regulares; 
▪ Reeducação postural: reequilíbrio de tensões e distribuição de cargas; 
▪ Melhora da força e resistência muscular; 
▪ Dar condições para que a musculatura possa funcionar melhor e treino de 
padrão postural funcional. Nestes casos, o paciente precisa estar vigilante em 
relação ao novo padrão postural, para que seja mantido; 
▪ Melhora da mobilidade articular. 
Nos casos mais graves, quando há um comprometimento do sistema 
cardiorrespiratório, a artrodese é indicada após o fim do crescimento ósseo, porém há 
a perda de 20% a 30% dos movimentos. 
• ESCOLIOSE 
É uma doença que acomete, principalmente, crianças na fase de crescimento. São 
classificadas em estruturadas: de causa idiopática, neuromusculares e congênitas, que 
representam 80% dos casos; além disso, possuem graus mais leves e mais graves; é 
irreversível, e em não estruturadas que podem ser causadas por uma assimetria de 
membro inferiores, neuropatias periféricas, por padrão antálgico mantido, e posturais, 
por vícios de posturas estáticas. 
Existe uma curva principal, onde iniciou-se a escoliose, geralmente é a maior e mais 
grave e uma curva secundária de origem compensatória, a primária. É uma 
deformidade tridimensional, pois além de inclinar a vértebra também faz um 
movimento de rotação e inclinação. 
, 
 
 
78 
 
➢ Avaliação: 
▪ Teste de Adams Positivo: o lado da gibosidade representa a convexidade da 
curva; 
▪ Sinal de obliquidade pélvica: pode ser causada por alterações ascendentes, 
advindas da coluna ou descendentes advindas dos membros inferiores; 
▪ Mensuração real e aparente dos membros inferiores; 
▪ Avaliação postural; 
▪ Avaliação radiológica: devem ser realizadas a cada 6 meses para 
acompanhamento de progressão da doença durante todo o processo de 
crescimento. 
▪ Ângulo de Cobb: define o grau de comprometimento da escoliose: 
o Definir a vértebra ápice superior que inicia a curvatura e a vértebra ápice 
inferior, última a participar da curvatura. 
1. No raio-X, tangenciar o corpo das vértebras; 
2. As vértebras, cujas linhas se encontram, fazem parte da escoliose; 
3. A partir do momento que a linha fica paralela não faz mais parte da 
escoliose; 
4. Tangenciar a primeira e a última linha e calcular o ângulo. 
▪ Sinal ou Ângulo de Risser: é o sinal de ossificação da apófise do ilíaco, o 
processo se inicia entre 10-11 anos. Na margem superior do ilíaco há uma 
placa de crescimento, que deve ser dividida em 4 partes iguais e classificadas 
de lateral para medial, onde cada grau representa 25% de ossificação do 
ilíaco. Entre o grau 4 e 5 o indivíduo para de crescer e consequentemente a 
escoliose para de evoluir. 
➢ Tratamento: 
▪ Cirúrgico: 
o Artrodese. 
▪ Conservador: 
o Órtese: colete; 
, 
 
 
79 
 
o Exercícios ativos com foco em força e resistência muscular; é importante 
trabalhar nos três planos, pois a escoliose é uma deformidade 
tridimensional; 
o Terapia manual; 
o Aumento de ADM; 
o Autocorreção 3D. 
4.4 Disfunções de articulação temporomandibular 
A Disfunção Temporomandibular (DTM) é um termo amplo que engloba as desordens 
da articulação temporomandibular e suas estruturas anatômicas associadas. O 
distúrbio pode ser intra-articular, devido à inflamação, alterações estruturais internas, 
como desarranjo interno, degeneração, ou pode ser extra-articular devido ao 
desequilíbrio ou hiperatividade dos músculos da mandíbula, comumente os músculos 
da mastigação ou os músculos cervicais. Existe uma forte correlação entre disfunção 
postural da coluna cervical e DTM. Existem inúmeras outras condições que podem 
causar dor na região da ATM. 
➢ Causas Intra-articulares: 
▪ Condições inflamatórias dentro da articulação causadas por trauma direto, 
como um golpe no queixo ou mandíbula, trauma indireto, como lesão em 
chicote, bruxismo, apertamento da mandíbula ou perda de altura dental 
devido a dentes desgastados ou ausentes; 
▪ Sinovite - a sinóvia ou a cápsula podem estar inflamadas. Muitas vezes há dor 
em repouso e ADM limitada ou dor no final da amplitude. 
▪ Retrodiscite - o tecido retrodiscal (a fixação posterior do disco articular à 
fossa mandibular) é altamente vascularizada e inervada e, se inflamado, pode 
causar dor intensa. A mandíbula pode desviar-se do lado doloroso em 
repouso e durante a abertura. 
▪ Desarranjo interno: Alterações estruturais na articulação, pode ser causado 
por trauma direto ou indireto. 
o Deslocamento do disco com redução – O disco articular pode se deslocar 
em qualquer direção, mas mais comumente se deslocará anteriormente. 
, 
 
 
80 
 
O disco será empurrado para a frente durante a abertura e se agrupará. Em 
um determinado ponto do alcance, o disco se reposicionará ou se reduzirá, 
causando um clique audível ou palpável. A mandíbula muitas vezes se 
desvia para o lado afetado. 
o Deslocamento do disco sem redução – Nesta versão mais severa o disco 
não reduzirá causando dor e perda de alcance. A mandíbula muitas vezes se 
desvia para o lado afetado. Não haverá clique, mas o paciente pode relatar 
que houve um clique quando sua mandíbula travou. 
➢ HIPERMOBILIDADE 
Pode resultar em movimento anterior excessivo da mandíbula e do disco articular. Isso 
resultará no desvio da mandíbula para longe do lado afetado. Geralmente, há alguns 
sons de clique na ATM e pode ou não haver dor. A hipermobilidade pode estar 
relacionada a distúrbios do tecido conjuntivo, como síndrome de Marfam ou condições 
especiais, como síndrome de Down e paralisia cerebral. A hipermobilidade, a longo 
prazo, pode fazercom que o disco articular se alongue e degenere. O disco pode, 
portanto, não reduzir ao fechar, fazendo com que a ATM fique presa em uma posição 
aberta. Isso geralmente pode ocorrer após a abertura da boca em uma posição 
extrema, como ao cantar ou bocejar ou após um procedimento odontológico 
prolongado. 
➢ Causas extra-articulares 
▪ Espasmo muscular pode causar dor significativa e limitação do movimento 
da mandíbula. Conhecido como trismo, frequentemente afeta um ou mais 
músculos, comumente os músculos da mastigação, principalmente os 
músculos masseter, temporal e pterigoideo. As causas incluem 
procedimentos dentários prolongados ou anestésicos em que a boca foi 
mantida aberta por longos períodos, estresse, bruxismo e disfunção 
postural. 
▪ Distúrbios posturais cervicais podem causar dor na mandíbula. O ventre 
anterior do músculo digástrico se insere no mento e no osso hioideo. 
, 
 
 
81 
 
Esta fixação significa que no movimento de protração, o digástrico exercerá 
uma força posterior na mandíbula. Com a protração cervical prolongada, 
como ocorre com má postura ou postura relacionada ao estresse, o côndilo 
mandibular é empurrado para trás contra o tecido retrodiscal, 
eventualmente causando inchaço, dor e degeneração gradual do disco. 
▪ Fraturas da mandíbula ocorrem, frequentemente, na sínfise mandibular ou 
no colo condilar. O mecanismo da lesão pode ser um golpe na mandíbula ou 
uma queda. O tratamento geralmente pode começar dentro de uma ou duas 
semanas após a cirurgia para iniciar a mobilização precoce da ATM e 
restaurar a função. 
➢ Avaliação: 
▪ Estática: posicionamento das estruturas, como: cervical, mandíbula e língua; 
▪ Palpação: articulação ATM, ventres musculares faciais e cervicais; 
▪ Inspeção: qualidade do movimento, notando se há desvios durante a 
mordida; 
▪ Exame físico: verificar amplitudes de movimento. 
➢ Tratamento: 
▪ Alívio de dor, edema e tensão muscular num primeiro momento, em 
condições mais agudas; 
▪ Após a diminuição do quadro álgico, restaurar a ADM com exercícios para 
mobilidade ativa e mobilizações articulares; 
▪ Ativação muscular de musculatura estabilizadora da região cervical e cintura 
escapular; 
▪ Promoção de saúde com boa higiene do sono, bons hábitos alimentares e 
redução do estresse; 
▪ O tratamento segue em conjunto com bucomaxilo para prescrição de placas 
para bruxismo, tratamento de caries, falta de dentes da arcada que possam 
estar atrapalhando a mastigação. 
 
 
, 
 
 
82 
 
4.5 Avaliação de bandeiras e subgrupos em coluna vertebral 
4.5.1 Avaliação do Sistema de Bandeiras: 
São sinalizadores de condições do paciente que podem direcionar, de maneira 
adequada, qual é o melhor tratamento a ser aplicado para cada quadro clínico dos 
pacientes, e podem ser divididos em sinalizadores clínicos e psicossociais. Os 
sinalizadores clínicos alertam distúrbios musculoesqueléticos de uma patologia mais 
grave como fraturas, infecções e tumores, portanto, devem ser direcionados aos 
especialistas a cada caso de forma imediata. As bandeiras psicossociais permitem 
identificar aspectos do indivíduo como um todo, além de seu contexto social e, na 
identificação dessas bandeiras, os pacientes também devem ser encaminhados a 
especialistas, porém, ser urgência. 
➢ Vermelha (Red flag): indicam patologia grave e o paciente deve ser 
encaminhado ao pronto atendimento de imediato. 
▪ Síndrome da calda equina: déficit motor ou sensitivo progressivo, parestesia 
em sela, ciatalgia bilateral, fraqueza em membros inferiores, retenção 
urinária ou incontinência fecal, alteração de micção. 
▪ Fratura: dor pontual em pacientes acima de 50 anos com histórico de trauma 
ou acima de 70 anos sem histórico de trauma, podendo estar associada à 
osteoporose ou osteopenia. 
▪ Infecção: principal sintoma é a febre, principalmente se houver alguma ferida 
aberta ou infecção do trato urinário recente. 
➢ Amarela (Yellow flag): referem-se às características do indivíduo que afetam a 
forma como gerenciará sua situação em relação a pensamentos, sentimentos e 
comportamentos. Pode ser considerada em qualquer alteração psicológica ou 
emocional percebida, mas sem diagnóstico. 
▪ Isolamento social; 
▪ Rápidas e momentâneas oscilações de humor; 
▪ Cinesiofobia; 
▪ Experiência prévia com tratamentos que não funcionaram diminuindo a 
expectativas em relação ao tratamento atual; 
, 
 
 
83 
 
▪ Superproteção ou pouco suporte familiar; 
▪ Ansiedade; 
▪ Características depressivas; 
▪ Crenças negativas. 
➢ Laranja (Orange flag): condições psiquiátricas diagnosticadas por profissional 
especializado, tais como: 
▪ depressão; 
▪ ansiedade; 
▪ desordens de personalidade. 
➢ Azul (Blue flag): relacionada ao trabalho e saúde: houve uma lesão por conta 
do trabalho ou o paciente relaciona o local de trabalho como um causador ou 
influenciador de sua lesão. 
▪ Ex.: paciente com dor lombar crônica que já foi orientado, mas continua com 
dor e diz que não pode voltar a trabalhar, pois acha que o trabalho vai piorá-
la. 
➢ Preta (Black flag): relaciona questões financeiras ao contexto, ambiente, 
outros indivíduos, sistemas e políticas. 
▪ Ex.: Uma legislação impede o paciente de retornar ao trabalho ou, se ele 
comprovar que continua com a doença, irá aposentar-se ou se manterá 
afastado e recebendo algum tipo de auxílio governamental. 
▪ Ex.: Dificuldades para conseguir o tratamento, seja por não cobertura do 
plano de saúde ou o SUS não disponibiliza o tratamento adequado. 
▪ Ex.: O paciente não recebe o suporte familiar que gostaria e se sente culpa 
por não auxiliar financeiramente a família. 
4.5.2 Subgrupos de tratamento para dor lombar 
O sistema de classificação, baseado em tratamento, guia o profissional de saúde a 
partir da apresentação clínica do paciente, identificando características na linha de 
base que predizem a capacidade de resposta a estratégias de tratamentos diferentes. 
4.5.3 Abordagem de modulação de sintomas: utilizado quando os pacientes 
apresentam os seguintes sintomas: 
, 
 
 
84 
 
● Episódios recentes ou recorrentes de lombalgia que estão causando 
sintomas significativos; 
● O paciente tende a evitar certas posturas; 
● A amplitude de movimento ativa é limitada e dolorosa; 
● Sensibilidade aumentada com exame neurológico; 
● Esses pacientes precisam de intervenções que modulam seus sintomas. 
Neste grupo, os pacientes são tratados. Principalmente. com terapia manual, 
exercícios de preferência direcional e tração. 
4.5.4 Abordagem de controle do movimento: pacientes com comprometimento do 
controle do movimento, é preciso investigar a causa do comprometimento para tratá-
la com os seguintes recursos: 
➢ Mobilidade neural: utilizando avaliação dinâmica neural, como teste de 
elevação da perna reta e teste de tensão do nervo femoral. Sinais significativos 
de tensão da raiz nervosa sugerem que o paciente pode não ser adequado para 
a abordagem de controle de movimento, em vez disso, ele deve ser classificado 
na abordagem de modulação de sintomas. 
➢ Mobilidade da(s) articulação(ões): objetiva-se investigar se a coluna lombar e 
regiões adjacentes possuem alinhamento articular adequado e capacidade de 
se mover livremente dentro dos limites fisiológicos. A avaliação da mecânica 
articular envolve a observação das curvaturas da coluna vertebral, as relações 
de alinhamento e a avaliação da mobilidade das articulações. 
➢ Mobilidade dos tecidos moles: quando a mobilidade dos tecidos moles é 
prejudicada, podem ocorrer compensações de movimento defeituosas e na 
coordenação, podendo levar a lesões. Os déficits de mobilidade dos tecidos 
moles podem ser abordados com vários tipos de intervenções de terapia 
manual. 
 
 
, 
 
 
85 
 
4.5.5 Abordagem de otimização funcional: 
Uma intervenção de otimização funcional é para pacientes relativamente 
assintomáticos; eles podem realizar atividadesda vida diária, mas precisam retornar a 
níveis mais altos de atividades físicas, por exemplo, esporte, trabalho, entre outros. O 
estado do paciente está bem controlado, ou seja, a dor é agravada apenas pela fadiga 
do sistema de movimento. 
Esses pacientes necessitam de intervenções que maximizem seu desempenho físico 
para níveis mais elevados de atividades físicas. Para esse grupo, o tratamento deve 
otimizar o desempenho do paciente no contexto de um trabalho ou esporte, com o 
treinamento de gestos funcionais e readequação de gestos esportivos, favorecendo 
uma mecânica do movimento com menor gasto energético e sobrecarga em estruturas 
especificas. 
Conclusão 
Neste bloco foi possível analisar os aspectos relacionados à avaliação adequada, 
quadro clínico, classificações e manejo com os principais objetivos fisioterapêuticos 
dos pacientes com disfunções dos segmentos da coluna vertebral e articulação 
temporomandibular, além disso, foi possível estudar os métodos mais adequados para 
avaliação de bandeiras e classificação para tratamento dos pacientes com dor lombar. 
REFERÊNCIAS 
HOPPENFELD, S.; MURTHY, V. Tratado e reabilitação de fraturas. 1ª ed. São Paulo: 
Manole, 2001. 
KENDALL, Florence Peterson; MCCREARY, Elizabeth Kendall. Músculos: Provas e 
Funções. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1987. 
KISNER, Carolyn; COLBY, Lynn Allen. Exercícios Terapêuticos: fundamentos e técnicas. 
3ª ed. São Paulo: Manole, 1998. 
SULLIVAN, Susan B; SCHMITZ, Thomas J. Fisioterapia Avaliação e Tratamento. 4ª ed. 
São Paulo: Manole, 2004. 
, 
 
 
86 
 
 
5 MEDICINA DO ESPORTE 
Apresentação 
Neste bloco serão tratados os temas relacionados à medicina do esporte e sobre os 
papéis fundamentais para o fisioterapeuta do âmbito esportivo. Abordaremos as 
competências do profissional, objetivos e condutas em relação aos atletas. Também 
serão estudados os fatores de risco associados às lesões da mulher atleta e como 
conduzir as consultas com este grupo, objetivando uma conduta fisioterapêutica com 
excelência, ética e profissionalismo. 
Por fim, veremos sobre a utilização dos critérios de retorno ao esporte, como aplicá-los 
e em qual momento deve-se regressar o atleta ao seu desempenho funcional mais 
adequado. 
Bons estudos! 
 
 
, 
 
 
87 
 
5.1 Introdução à medicina do esporte 
Os atletas de alto rendimento mantêm seus corpos em condições físicas máximas, 
melhorando seu desempenho e facilitando a prevenção de lesões esportivas, além 
disso, a medicina do esporte auxilia neste processo. 
A medicina do esporte é uma área da medicina que se concentra na prevenção e 
tratamento de lesões relacionadas ao esporte. É necessário que haja conhecimento 
técnico em fisiologia do exercício, prevenção de doenças e lesões, promoção de saúde, 
melhora do desempenho nas práticas esportivas competitivas profissionais e não 
competitivas amadoras, cardiologia, imunologia, endocrinologia, nutrologia e, até 
mesmo, higiene do sono. 
A medicina esportiva e a fisioterapia desportiva não são exatamente a mesma coisa. A 
fisioterapia é um componente importante na recuperação de lesões atléticas e na 
melhora do desempenho físico, utilizando principalmente exercícios para prevenir e 
tratar lesões, por outro lado, a medicina esportiva conta com uma ampla variedade de 
tratamentos, além de poder recomendar, inclusive, cirurgias nos casos de lesões 
esportivas mais graves. Também pode-se recomendar exercícios para aumentar a 
resistência, flexibilidade, fornece-se aconselhamento nutricional, direciona a melhora 
do desempenho físico, além de prevenir, diagnosticar e tratar lesões relacionadas ao 
esporte. 
É necessária uma especialização específica nesta área para compreender todos os 
aspectos que englobam o diagnóstico, prevenção e tratamento de lesões associadas ao 
esporte. 
5.1.1 Prevenção de lesões esportivas: 
Preconiza a melhora do desempenho atlético, sem aumentar o risco de lesões, como 
exemplo tem-se o ajuste das técnicas relacionadas ao gesto esportivo e aumento da 
força muscular. 
 
, 
 
 
88 
 
5.1.1.1 Tratamento de lesões esportivas: 
➢ Lesões agudas ou pré-existentes: os profissionais são treinados para identificar 
os tratamentos adequados para as lesões e, dependendo da gravidade destas, 
pode-se utilizar talas, gesso ou órteses. 
Além disso, utilizam-se de diversos outros recursos de tratamento, como: 
▪ Injeção de esteroides: a fim de reduzir edema e dor; 
▪ Analgésicos via oral; 
▪ Tratamento fisioterapêutico; 
▪ Reparação cirúrgica. 
Algumas das lesões mais comumente tratadas são: 
▪ Lesão de manguito rotador; 
▪ Lesões de ligamento cruzado anterior; 
▪ Luxações articulares; 
▪ Fraturas por estresse; 
▪ Lesões por esforços repetitivos; 
▪ Entorses; 
▪ Distensões musculares; 
A reabilitação após as lesões é essencial para controle de dor e restauração das 
funções, isso pode ocorrer das seguintes maneiras: 
▪ Restauração da amplitude de movimento; 
▪ Redução de edema, dor e inflamação; 
▪ Aumento de força muscular; 
▪ Melhora da coordenação e equilíbrio; 
▪ Manutenção da capacidade aeróbica. 
 
 
, 
 
 
89 
 
5.1.2 Melhora do desempenho atlético: 
Os profissionais da medicina do esporte desenvolvem planos de tratamento 
individualizados para cada indivíduo de acordo com seus objetivos, tais como: ganho 
de força muscular até a próxima temporada de jogos, aumento de velocidade durante 
as partidas de tênis, levando-se em consideração o nível atual de condicionamento 
físico; os objetivos atléticos e o histórico médico. 
O condicionamento físico é altamente pessoal, portanto, não há um plano de 
tratamento que englobe todos os objetivos; se o indivíduo está se recuperando de 
uma lesão, os objetivos podem ser o ganho de amplitude de movimento e alívio de 
dor, para retornar ao condicionamento físico pré lesão e evitar complicações. Mas se o 
objetivo é melhorar o condicionamento físico, o indivíduo poderá beneficiar-se de um 
aconselhamento nutricional, exercícios resistidos e o ajuste da técnica esportiva para 
melhoria na qualidade de movimento e menor gasto energético. 
Após uma lesão aguda os profissionais de medicina do esporte também estão aptos a 
examinar o local da lesão, realizar solicitação de exames de imagem e laboratoriais, 
recomendando os tratamentos que podem ocorrer de forma conservadora com 
recursos fisioterapêuticos, cirúrgicos, entre outros. 
5.1.3 Medicina do Esporte X Ortopedia 
A especialidade de medicina do esporte utiliza de uma abordagem mais holística em 
relação ao paciente para prevenir e tratar lesões advindas da prática do esporte e 
trabalha em conjunto a outros profissionais, como fisioterapeutas, nutricionistas, 
educadores físicos, para melhoria na recuperação das lesões e do desempenho físico 
do atleta, já o médico especialista em ortopedia atua em lesões agudas ou crônicas, 
não necessariamente advindas do esporte, focadas principalmente no sistema 
musculoesquelético. 
Os profissionais da medicina do esporte podem ser encontrados em diversos 
ambientes, tais quais podemos destacar os clubes e associações esportivas; as 
academias esportivas de alto rendimento; equipe médica de seleções, times e atletas 
individuais profissionais; clínicas particulares de preparação e reabilitação para atletas 
profissionais e amadores. Enquanto os médicos ortopedistas atuam principalmente em 
hospitais; clínicas ortopédicas e consultórios particulares. 
 
, 
 
 
90 
 
5.2 Princípios gerais na fisioterapia desportiva 
Os fisioterapeutas estão envolvidos na prevenção e tratamento de lesões resultantes 
do esporte e da prática de exercícios em todas as idades e em todos os níveis de 
habilidade, fornecendo instruções baseadas em evidências sobre a participação segura 
no esporte e no exercício. Além disso, promovem um estilo de vida ativo para auxiliar 
os indivíduos a melhorar e manter sua qualidade de vida. Os fisioterapeutasdos 
esportes também desempenham um papel importante em ajudar atletas de todas as 
idades e todos os níveis de habilidade a melhorar seu desempenho. 
Trabalham em uma ampla variedade de configurações com atletas recreativos ativos 
em consultórios particulares ou clínicas, nos esportes sociais e em clubes participando 
das sessões de treinamento, também podem estar inseridos no cenário dos atletas de 
elite, em esportes competitivos e profissionais, trabalhando e viajando com as 
equipes, integrando seus serviços com outros profissionais, como médicos e 
treinadores. 
Para se tornar um fisioterapeuta desportivo é necessária a especialização após a 
graduação que dura em média de 12 a 24 meses. Além do conhecimento técnico e 
científico, baseado em evidências, é necessário criatividade para adaptar-se às 
situações propostas pelo esporte. 
A fisioterapia tornou-se parte integrante da equipe de medicina esportiva e tem um 
papel crucial no manejo de lesões durante grandes eventos internacionais. Para 
exemplificar, percebemos que os fisioterapeutas formaram o maior grupo profissional 
trabalhando nos Jogos Olímpicos de Londres 2012. Vale ressaltar que o papel essencial 
do fisioterapeuta esportivo nos esportes internacionais e de elite (e em todos os 
outros níveis do esporte) continua sendo o fornecimento de tratamento e reabilitação 
de lesões e suporte ao desempenho por meio de intervenções, tais como: prevenção, 
manutenção e recuperação de lesões. 
A percepção comum do papel do fisioterapeuta esportivo no apoio aos atletas durante 
a competição ou em grandes jogos parece ser que o profissional é um "provedor de 
intervenções de tratamento relacionadas a lesões específicas", porém, a atuação 
acaba tendo um papel muito maior também em relação ao apoio a atletas não 
lesionados. 
, 
 
 
91 
 
Durante os Jogos Olímpicos de Londres 2012, os atletas compareceram aos serviços de 
fisioterapia na ausência de lesões. Supõe-se que isto ocorra, pois as sessões de 
fisioterapia focadas na manutenção da função física contribui para o desenvolvimento 
atlético, além de auxiliar na recuperação. Também ficou evidente que os atletas 
necessitavam de visitas de acompanhamento para a acompanhamento de sua 
condição/lesão e que as lesões musculares eram as mais comuns, assim como as 
lesões por over use. Além disso, as sessões/encontros de fisioterapia não relacionados 
a lesões refletiram a necessidade de manutenção do sistema musculoesquelético, 
estratégias de prevenção de lesões, assistência na recuperação e gerenciamento 
contínuo de condições pré-existentes a lesão. 
É evidente que o papel do fisioterapeuta na esfera do esporte internacional é vasto e 
que a atuação vai além do tratamento de lesões e reabilitação, para uma participação 
muito mais ampla que inclui assistência na manutenção e recuperação 
musculoesquelética, bem como na prevenção de lesões estratégias e reabilitação de 
suporte. 
Os fisioterapeutas esportivos também estão em uma posição única para poder assumir 
papéis de liderança. A amplitude do conjunto de habilidades deste profissional inclui a 
compreensão do gerenciamento de cuidados agudos, exercícios e abordagens 
baseadas em evidências para prevenção e tratamento de lesões, bem como conceitos 
gerais de força e condicionamento, tudo isso permite que os fisioterapeutas esportivos 
supervisionem a saúde dos atletas em vários códigos esportivos. Outro benefício é a 
grande quantidade de tempo que os fisioterapeutas esportivos passam trabalhando 
diretamente com os atletas. 
Para executar o seu trabalho de maneira eficaz, o profissional dispõe-se de técnicas de 
tratamento fisioterapêutico, tais como mobilizações articulares; liberação miofascial; 
manipulações articulares; prescrição de exercícios; acupuntura; bandagens; 
termoterapia. 
 
 
, 
 
 
92 
 
O fisioterapeuta esportivo divide-se entre competências em duas categorias, a saber: 
➢ Competências técnicas: 
São habilidades necessárias para eficácia no ambiente de trabalho, tais como: 
▪ Gestão de trauma agudo; 
▪ Conhecimento técnico e prático de mobilizações articulares e teciduais e 
manipulações; 
▪ Acupuntura; 
▪ Aplicação de bandagens; 
▪ Reabilitação. 
➢ Competências não técnicas: 
Compreende as habilidades sociais necessárias no ambiente de trabalho, influenciando 
diretamente nas interações com os atletas e a equipe multidisciplinar, como: 
▪ Comunicação; 
▪ Ética; 
▪ Comportamento. 
5.3 A mulher atleta 
Os principais tipos de lesões nos esportes são: concussões, lesões meniscais, entorses 
de tornozelo, distensões musculares e fraturas. Vale ressaltar que, ao tratar pacientes, 
é importante entender o quanto as diferenças de gênero influenciam na estrutura 
corporal e como isso pode afetar as lesões durante o esporte. 
De modo geral, a maioria das lesões musculoesqueléticas estão mais relacionadas ao 
tipo de esporte praticado do que especificamente ao gênero do indivíduo, no entanto, 
nos últimos anos, percebeu-se que as taxas de lesão do ligamento cruzado anterior 
foram maiores em mulheres do que em homens. Esse aumento pode ser atribuído a 
fatores extrínsecos - como o tipo de esporte praticado, equipamento utilizado, 
questões ambientais, condicionamento e habilidade da atleta - e intrínsecos - como 
frouxidão ligamentar, influências hormonais, alinhamento biomecânico e largura da 
incisura intercondilar - neste caso, relaciona-se especificamente à estrutura corporal. 
, 
 
 
93 
 
Algumas particularidades biomecânicas podem estar relacionadas ao aumento de 
determinadas lesões em alguns tipos de esportes e é importante que essas diferenças 
estejam claras no momento da avaliação, assim como sua influência no esporte. Para 
exemplificar, temos: 
➢ Corrida: para as mulheres, a corrida tem sido associada a um risco 
aproximadamente 50% maior de patologias comuns, como síndrome da dor 
patelofemoral, fascite plantar e síndrome da banda iliotibial. Algumas 
evidências sugerem que as mulheres apresentam maior adução e rotação 
interna no quadril, bem como abdução no joelho e eversão do tornozelo 
durante a fase de apoio da corrida, independentemente da inclinação ou 
velocidade variada. 
➢ Aterrissagem de salto: a lesão do ligamento cruzado anterior é um 
acometimento comum observado em esportes com saltos. Isso pode ocorrer 
quando há um aumento do estresse em valgo no joelho ou a atleta cai em uma 
posição relativamente ereta, ambos consequentemente aumentam a demanda 
nas estruturas de suporte do joelho, além disso ao aterrissar os ângulos de 
flexão do joelho e quadril são diminuídos quando comparados aos homens. 
Além das diferenças em relação a biomecânica, o metabolismo entre os gêneros são 
diferentes e podem influenciar muitos aspectos nas atividades esportivas e de 
treinamento, a saber o metabolismo de glicose e lipídios prejudicados, bem como 
equilíbrio energético e distribuição de gordura corporal, têm grande impacto na saúde 
geral e podem ter um efeito maior nas mulheres do que nos homens. 
Uma das maiores razões para as diferenças de desempenho esportivo em homens e 
mulheres é o uso de glicose e o tipo de fibra muscular esquelética. As mulheres 
tendem a ter uma proporção maior de fibras do tipo I e maior densidade capilar, 
levando à capacidade de conter a fadiga. Isso significa melhor perfusão tecidual e 
maior capacidade de oxidação de glicose e ácidos graxos. Os homens têm uma 
capacidade glicolítica mais alta, isto significa que podem queimar mais glicose na 
ausência de oxigênio, consequentemente, tem-se um melhor desempenho e potência 
durante os exercícios. 
, 
 
 
94 
 
Isso está relacionado à maior porcentagem de fibras do tipo II presentes em seu 
organismo. Esta é uma razão pela qual os atletas do sexo masculino tendem a serem 
mais rápidos e mais fortes nas competições atléticas. 
Outra grande diferença é atribuível aos níveis mais altos de testosteronanos homens e 
aos níveis mais altos de estrogênio nas mulheres. A testosterona é atribuída a maiores 
quantidades de massa muscular e à capacidade de construir músculos. O estrogênio 
tem sido associado a uma melhor saúde metabólica e o aumento da sensibilidade 
muscular à glicose. Estudos mostram que, quando comparados a homens sedentários, 
homens treinados em resistência têm de 3 a 5 vezes mais receptores de estrogênio nas 
mitocôndrias, aumentando a taxa de captação de glicose no músculo quando 
ativado. Isso também se relaciona com a capacidade dos homens de se destacarem em 
eventos de alto desempenho, enquanto as mulheres tendem a converterem melhor 
gordura em energia e, por isso, fadigam-se menos. 
No geral, a eficiência do uso de energia do músculo esquelético, armazenamento de 
gordura e hormônios sexuais desempenham um papel no treinamento de homens e 
mulheres. 
5.3.1 Tríade feminina 
A tríade feminina é considerada um transtorno do espectro, isto porque há uma 
variedade de apresentações possíveis, e as mulheres não precisam possuir todos os 
três sintomas para estar em risco de complicações de saúde. Neste distúrbio, há uma 
relação alterada entre a disponibilidade de energia, função menstrual e densidade 
mineral óssea. 
Isso significa que a pessoa tem uma baixa quantidade de energia disponível em seu 
corpo, e esse esgotamento de energia afeta os diferentes sistemas do corpo. As 
consequências de alguma desarmonia nesse contexto são numerosas, incluem 
infecções de repetição; baixo rendimento no esporte; emagrecimento excessivo; 
alterações de humor e fraturas de estresse. 
, 
 
 
95 
 
A principal causa da tríade feminina é a falta de disponibilidade de energia. A 
diminuição da disponibilidade de energia pode ser causada pela restrição da ingestão 
de alimentos, vômitos autoinduzidos, consumo de inibidores de apetite, uso de 
laxantes ou diuréticos ou demandas excessivas de exercícios. 
Recomenda-se, como cuidado, evitar desequilíbrio nesses três elementos, o que pode 
ser causado por ausência regular de menstruação — a chamada amenorreia—, por 
baixa massa óssea para a idade, levando a reações de estresse e até a fraturas, e por 
distúrbios alimentares, tais como anorexia, caracterizada por uma rígida e insuficiente 
dieta alimentar, e bulimia, na qual há ingestão de grandes quantidades de alimento, 
seguida de métodos compensatórios, como o vômito. 
De fato, os cuidados com a alimentação são importantes para evitar desequilíbrios ou 
disfunções que, consequentemente, resultam em problemas de saúde. Afinal, se a 
dieta alimentar não for adequada, restará pouca quantidade de energia, proveniente 
das refeições, para atender às outras funções do organismo. Além disso, os alimentos 
fornecem proteínas e minerais, como o cálcio, que são componentes fundamentais 
para a saúde óssea, assim como carboidratos, vitaminas e a própria gordura, portanto, 
é importante optar por uma alimentação saudável e balanceada de acordo com as 
atividades do dia a dia. Para a manutenção da qualidade óssea, os exercícios com carga 
— que, no mínimo, devem suportar o peso corporal — devem ser realizados, pois 
determinam maior ganho de massa óssea porque o estímulo mecânico ósseo tem 
efeito positivo na formação de um osso de boa qualidade. Nesse caso, estão incluídas 
modalidades como caminhada, corrida. vôlei e tênis. 
Vale ressaltar que as atividades que recebem algum suporte corporal, como natação e 
ciclismo, devem ser evitadas como atividade principal. Os resultados da diminuição na 
energia podem ser evidenciados na redução da capacidade de recuperação de lesões, 
diminuição da densidade óssea, função menstrual prejudicada e aumento do risco de 
doenças cardiovasculares. 
 
 
, 
 
 
96 
 
5.4 Atuação do fisioterapeuta no esporte 
Conforme mencionado anteriormente, as competências do fisioterapeuta esportivo 
englobam a promoção da participação segura na atividade física, fornecimento de 
aconselhamento, adaptação de intervenções de reabilitação e treinamento, com o 
objetivo de prevenir lesões, restaurar a função ideal, contribuir para a melhoria do 
desempenho esportivo. Além disso, a população acometida pode ser composta por 
atletas de todas as idades e habilidades, portanto, o fisioterapeuta deve garantir um 
alto padrão de prática profissional e ética. O papel do fisioterapeuta varia e pode 
depender de diversos fatores, dentre os quais podemos destacar: o esporte em que 
estão envolvidos; seu papel específico dentro da equipe e o nível de desempenho do 
esporte, ou seja, nível local ou internacional, amador ou profissional. 
Foram identificadas onze competências que são necessárias para os fisioterapeutas do 
esporte. Juntamente com essas competências, há um conjunto de habilidades ou 
padrões específicos que precisam ser mantidos. Essas competências e padrões estão 
relacionados aos vários papéis sobrepostos que o fisioterapeuta do esporte cumpre, 
podendo ser: 
5.4.1 Gerenciamento do cliente/paciente 
5.4.1.1 Prevenção de lesões 
Os profissionais estão equipados para informar e treinar atletas, treinadores e demais 
membros da equipe multidisciplinar de forma que haja redução na ocorrência e 
recorrência de lesões específicas, além de avaliar o risco de lesão associado à 
participação em um esporte ou atividade física específica. 
5.4.1.2 Intervenção aguda 
Habilidades para responder adequadamente a uma lesão ou doença aguda em vários 
contextos, como treinamento ou competição. 
 
 
, 
 
 
97 
 
5.4.1.3 Reabilitação 
Utilizar o raciocínio clínico e as habilidades terapêuticas para avaliar e diagnosticar 
lesões relacionadas ao esporte. Além disso, é necessário habilidade em projetar, 
implementar, avaliar e modificar intervenções baseadas em evidências que permitem 
um retorno seguro ao nível ideal de desempenho do atleta em seu esporte ou 
atividade física específica. 
Algumas técnicas de tratamento que podem ser utilizadas nesta área de atuação são: 
mobilizações articulares; massagens; manipulações; modificações de sintomas durante 
exercícios e exercícios preventivos ou após lesões. 
Ao considerar um programa de reabilitação dentro do ambiente esportivo, é 
importante considerar a cicatrização dos tecidos; os gestos esportivos; planejamento 
de objetivos a curto, médio e longo prazo; os aspectos psicológicos e comportamentais 
do atleta, além dos fatores contextuais, tais como as temporadas de competições. 
Os objetivos terapêuticos também variam de acordo com o atleta e a quantidade de 
lesões que este já sofreu. No caso de uma lesão ocorrida pela primeira vez, a 
reabilitação visará evitar uma nova lesão; com lesões recorrentes, o objetivo será 
prevenir a reincidência, mas também determinar os fatores causadores de lesões e 
abordá-los. Às vezes, os atletas queixam-se de imperfeições e o objetivo da 
reabilitação pode ser evitar que essa imperfeição se torne uma lesão. 
A reabilitação oferece uma oportunidade ideal para avaliar o atleta de forma holística 
e entender por que ele está incorrendo a lesões específicas. Para a prescrição de 
exercícios é importante levar em consideração as propriedades musculares, tais como: 
força ou resistência, nível de dor, cadeias cinéticas que se referem à ativação 
específica da tarefa de modo sequencial durante os padrões funcionais, permitindo 
uma transferência de energia mecânica adequada ao longo de todo o movimento, elos 
fracos desta cadeia geram compensações durante o movimento e transferência de 
energia ineficiente. 
, 
 
 
98 
 
É imprescindível considerar o tipo de esporte em que o atleta participa (esportes 
aquáticos versus terrestres, esportes radicais) e a habilidade do atleta (por exemplo, 
um atleta paralímpico em cadeira de rodas) ao incorporar toda a cadeia cinética no 
plano de reabilitação. Veja a seguir alguns exemplos de envolvimento de toda a cadeia 
cinética: 
➢ Tênis: perna e tronco geram50% - 55% da energia cinética total necessária 
para o saque. 
➢ Beisebol: requisitos importantes para um arremesso de beisebol eficiente são a 
amplitude de movimento e controle de rotação externa do ombro, bem como a 
estabilidade lombo pélvica do quadril e a ativação do músculo glúteo. 
➢ Atletas de arremesso com força reduzida de abdução do quadril e amplitude de 
movimento do quadril podem ter um risco aumentado de lesões no ombro e 
cotovelo. 
5.4.1.4 Melhoria de performance 
Contribui para a melhoria do desempenho do atleta através da avaliação do perfil 
físico e do desempenho do atleta, podendo aconselhar ou intervir para otimizar o 
desempenho num desporto específico, numa abordagem de equipe multidisciplinar. 
➢ Conselheiro 
▪ Promoção de um estilo de vida ativo e seguro: os fisioterapeutas do esporte 
são competentes em trabalhar em conjunto com outros profissionais no 
ambiente de equipe multidisciplinar para promover a participação segura em 
esportes e atividades físicas para indivíduos de todas as habilidades. Espera-
se que eles forneçam conselhos baseados em evidências sobre a atividade ou 
esporte ideal para um indivíduo específico, bem como conselhos sobre as 
maneiras de minimizar o risco de lesões e promover a saúde. 
▪ Promoção de fair play e práticas antidoping: promoção de práticas 
esportivas seguras, profissionais e éticas. 
 
, 
 
 
99 
 
➢ Líder profissional 
▪ Formação contínua: manter e melhorar padrões clínicos por meio de 
abordagens críticas, reflexivas e baseadas em evidências para a prática. 
▪ Profissionalismo e gestão: competências na gestão de tempo, recursos e 
pessoal de maneira profissional, legal e ética, promovendo e facilitando o 
desenvolvimento e a excelência profissional. 
➢ Inovação 
▪ Envolvimento em pesquisa: os fisioterapeutas do esporte são informados e 
avaliam sua prática em relação às novas informações, identificam questões 
relevantes para um estudo mais aprofundado e são investidos e envolvidos 
em pesquisas que abordam essas questões em vários níveis. 
▪ Divulgação das melhores práticas: divulgação de novas informações e 
pesquisas para outros profissionais da equipe multidisciplinar por meio de 
diferentes mídias, como comunicações da equipe, conferências, grupos de 
interesse especial, colaborações de pesquisa e reuniões, bem como material 
publicado, como relatórios, revistas promocionais documentos, boletins 
informativos e internet. 
▪ Ampliação da prática por meio da inovação: incentivo e promoção à 
aplicação e integração de novos conhecimentos e inovação na prática da 
equipe multidisciplinar e nos processos de tomada de decisão, influenciando 
novas direções de pesquisa e inovação. 
➢ Adesão à reabilitação 
Após uma lesão esportiva, a adesão do atleta ao tratamento é considerada 
fundamental para o processo de reabilitação. Os fatores emocionais que influenciam 
na adesão são: 
▪ Suporte social; 
▪ Objetivos durante a terapia; 
▪ Pressões internas e externas; 
, 
 
 
100 
 
Além disso, existem algumas estratégias que podem ser utilizadas para o aumento da 
adesão do atleta no processo de reabilitação, tais como: 
▪ Educação: conhecer sobre a lesão aumenta a crença na eficácia da 
abordagem de reabilitação; 
▪ Comunicação: refere-se à escuta sobre as principais queixas e objetivos do 
paciente; 
▪ Fortalecimento de crenças positivas: correlação das atividades fragmentadas 
naquele momento ligando-se ao que ele conseguirá executar no futuro; 
▪ Metas de curto prazo. 
É importante considerar, para um tratamento completo, a saúde do atleta e o 
aprimoramento de seu desempenho, também é preciso entender o esporte que o 
atleta pratica e a importância deste em sua vida, mensurando as demandas físicas e 
psicológicas. 
Além disso, recomenda-se trabalhar em conjunto com o técnico para entender as 
demandas da equipe e aspectos técnicos dos gestos esportivos, reconhecendo 
possíveis causas de lesão, atuando na retaguarda com a prevenção de lesões e 
facilitando o processo de criação de programas de reabilitação específicos para o 
esporte em questão. 
A participação em treinamentos e competições é importante não apenas para auxílio 
de lesões agudas, mas para compreensão completa do contexto do atleta, além do 
aumento de confiança entre o paciente e o profissional. 
5.5 Critérios de retorno ao esporte 
O retorno ao esporte pode ser diferente para cada atleta, pois este processo depende 
do esporte e do nível de participação, portanto, esses aspectos devem ser 
considerados na tomada de decisão sobre o retorno ao esporte. Este processo ocorre 
em conjunto com a reabilitação final do atleta e possui três elementos essenciais, a 
saber: 
➢ Retorno à participação: 
▪ Participação na reabilitação; 
▪ Participação de treinamento modificado ou irrestrito; 
▪ Participando do esporte. 
, 
 
 
101 
 
No entanto, todos os itens acima estão em um nível mais baixo do que o retorno do 
atleta ao objetivo esportivo. Indicado para atletas fisicamente ativos, mas não prontos 
para retornar ao esporte. 
➢ Retorno ao esporte: 
▪ Atleta retornou ao seu esporte específico, mas ainda não no nível de 
desempenho desejado. 
Para alguns atletas o retorno ao esporte (mesmo que não no nível de desempenho 
desejado) será suficiente e isso pode constituir um retorno bem-sucedido ao esporte 
para o atleta individual. 
➢ Retorno ao desempenho: 
▪ Prolonga o regresso ao desporto; 
▪ Atleta retornou ao esporte, está se apresentando em níveis pré-lesão ou 
acima. 
Os atletas geralmente alcançam melhores desempenhos pessoais neste estágio ou 
experimentam crescimento pessoal no que se refere às expectativas de desempenho. 
Em alguns esportes, o retorno ao desempenho pode ser mais fácil, mas em esportes 
abertos, como o boxe, isso não é facilmente alcançado. 
Efeitos contextuais considerados no retorno ao esporte: 
Modelo de retorno ao esporte é baseado em decisões em três etapas, vejamos: 
➢ Avaliação do estado de saúde: envolve fatores médicos, como: 
▪ Dados demográficos do paciente; idade; 
▪ Sintomas; 
▪ Histórico médico; 
▪ Sinais no exame físico: fraqueza; 
▪ Exames de imagem; 
, 
 
 
102 
 
▪ Testes funcionais; 
▪ Estado psicológico; 
▪ Gravidade potencial de lesão: concussão. 
➢ Avaliação do risco de participação: envolve modificadores de risco esportivo, 
como: 
▪ Tipo de esporte: contato vs sem contato 
▪ Posição jogada; 
▪ Dominância do membro; 
▪ Nível competitivo; 
▪ Capacidade de proteção: estofamento ou equipamento de proteção. 
➢ Modificação da decisão: incluindo modificadores de decisão, como: 
▪ Horário e temporada; 
▪ Pressão do atleta; 
▪ Pressão externa, por exemplo, treinadores, família; 
▪ Mascarando a lesão; 
▪ Conflito de interesses; 
▪ Medo de litígio; 
▪ Otimizando o retorno ao esporte. 
Os fatores psicossociais e contextuais também exercem grande influência na 
recuperação após lesão e desempenham um papel crucial no momento de retorno ao 
esporte. 
Os atletas podem desenvolver características cinesiofóbicas durante o processo de 
reabilitação, por isso é importante desenvolver estratégias de autonomia e centradas 
no atleta, a fim de criar forte aliança terapêutica considerando que fatores ambientais 
e sociais mais amplos afetam a tomada de decisões e devem ser componentes vitais da 
recuperação. 
, 
 
 
103 
 
Os fatores psicológicos, sociais e contextuais mudam ao longo do tempo e todos eles 
devem ser avaliados no início do processo de reabilitação e ao longo de todas as fases 
de recuperação. A compreensão desses fatores pode melhorar e otimizar o 
gerenciamento de lesões; promover o retorno ao esporte e melhorar a qualidade de 
vida a longo prazo. 
Sucesso no retorno ao esporte 
O sucesso tem significados diferentes para cada indivíduos. Pode ser dependente do 
contexto da situação específica ou do resultado. Especificamente relacionado ao 
esporte, o sucesso pode serbaseado nos seguintes contextos: 
● Foco no objetivo: definir o sucesso como o retorno à participação 
sustentada no esporte no menor tempo possível; 
● Foco no desempenho: treinador ou atleta definindo o sucesso em relação 
ao desempenho do atleta no retorno ao esporte; 
● Foco no resultado: médico definindo sucesso como a prevenção de lesões 
associadas novas (ou recorrentes) 
Usando uma abordagem centrada no atleta, a equipe multidisciplinar e o atleta devem 
decidir de forma colaborativa como o sucesso será definido. Isso também deve ser 
decidido o mais rápido possível após a lesão. 
 
, 
 
 
104 
 
Conclusão 
Neste bloco estudamos os princípios gerais da medicina no esporte, a atuação 
fisioterapêutica nos atletas, os princípios para um melhor raciocínio clínico diante do 
tratamento de uma lesão neste setor. Abordamos também a definição da mulher 
atleta e os desafios fisioterapêuticos encontrados no tratamento e recuperação neste 
público. 
REFERÊNCIAS 
HOPPENFELD, S.; MURTHY, V. Tratado e reabilitação de fraturas. 1ª ed. São Paulo: 
Manole, 2001. 
KENDALL, Florence Peterson; McCREARY, Elizabeth Kendall. Músculos: provas e 
funções. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1987. 
KISNER, Carolyn e COLBY, Lynn Allen. Exercícios terapêuticos: fundamentos e técnicas. 
3ª ed. São Paulo: Manole, 1998. 
SULLIVAN, Susan B; SCHMITZ, Thomas J. Fisioterapia avaliação e tratamento. 4ª ed. 
São Paulo: Manole, 2004. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
, 
 
 
105 
 
 
6 LESÕES ESPECÍFICAS DO ESPORTE 
Neste bloco serão abordadas as principais disfunções decorrentes dos esportes 
overhead, com foco em lesões predominantes nos membros superiores, devido à 
prática do basquete, tênis, futebol e corrida. Apresentando os mecanismos de lesão e 
formas de tratamento, assim como os principais objetivos fisioterapêuticos e as 
maneiras de prevenção das lesões em cada esporte. 
Bons estudos! 
 
 
, 
 
 
106 
 
6.1 Lesões em overhead (vôlei, handebol e natação) 
A articulação do ombro é a mais móvel do corpo humano e instável na mesma 
proporção, este fato propicia a um alto número de lesões nessa região nos esportes. 
Os gestos esportivos chamados de overhead, ou seja, em amplitudes acima da cabeça, 
deixam o ombro na posição menos estável possível: com abdução de 90° e flexão de 
cotovelo a 90°, por esta razão, o esporte aéreo pode levar a lesões traumáticas e 
atraumáticas por uso excessivo no ombro. 
Lesões traumáticas, como uma luxação do ombro, geralmente ocorrem em ambientes 
de competição. As luxações são caracterizadas pelo deslocamento das superfícies 
articulares sem redução espontânea, causando um início súbito e severo de dor até 
que seja realizada a redução, enquanto a subluxação é caracterizada pela perda parcial 
das superfícies articulares, com redução espontânea e acompanhada por breves 
explosões de dor e sente instabilidade constante. 
Lesões atraumáticas, como rupturas parciais dos tendões e tendinites, ocorrem em 
ambiente de treinamento e estão relacionadas a altas repetições dos mesmos 
movimentos ou cargas mais altas. Dentre as lesões mais comuns, podemos destacar: 
➢ Lesão de SLAP: Lesão labral desenvolvida a partir de movimentos aéreos 
repetitivos ao longo do tempo, causando dor, diminuição de amplitude de 
movimento, crepitações e sensação de instabilidade. Comum em esportes de 
contato e naqueles que exigem movimentos repetitivos. 
Um dos esportes overhead praticados mais comuns é o vôlei que envolve atividade 
aérea repetitiva, principalmente nos saques, levantamentos e bloqueios. São 
movimentos diferentes dos arremessos aéreos e os atletas manifestarão sua 
instabilidade de uma forma diferente, também, normalmente como instabilidade 
multidirecional. 
As forças cinéticas sobre o ombro são as maiores durante o spiking, jogada ofensiva 
em que um jogador bate a bola bruscamente para baixo sobre a rede e na quadra 
adversária, dificultado a recuperação da bola, e os atletas que frequentemente 
realizam essa atividade tanto em jogos quanto em prática devem ser monitorados 
quanto a sinais de uso excessivo. 
, 
 
 
107 
 
Com o tempo, o movimento repetitivo associado ao saque de vôlei pode levar à 
atenuação crônica do tecido capsular, resultando em apreensão durante a atividade 
aérea com o braço em elevação para frente e abdução ou até mesmo em atividades da 
vida diária. 
Embora as lesões de ligamento glenoumeral inferior tenham sido descritas em atletas 
de beisebol, essa lesão também pode ser vista em jogadores de vôlei competitivos, já 
que a abdução extrema e a rotação externa obtidas durante um saque do vôlei podem 
aproximar-se de um arremesso no campo de beisebol. 
Semelhante ao vôlei, os nadadores também estão sujeitos à instabilidade 
multidirecional e frouxidão ligamentar generalizada. O “ombro do nadador” é um 
termo usado para abranger uma ampla gama de patologias (pinçamento subacromial, 
tendinite do bíceps ou manguito rotador, ou apenas dor generalizada no ombro), que 
afeta essa população de pacientes. 
Dentre alguns fatores que mais contribuem para a dor no ombro, destacam-se a maior 
exposição à natação, histórico de lesão traumática e aqueles que experimentaram 
sentimentos de instabilidade subjetiva, lesões estas que podem estar relacionadas ao 
volume de treinamento dos nadadores. 
Outro esporte também considerado overhead, porém existe muito mais contato com 
os adversários que os outros, é o handebol, no qual verifica-se que a maior parte das 
lesões agudas ocorrem pelo contato com o oponente durante o arremesso e na 
aterrissagem dos saltos dos jogadores. 
Os contatos inadequados e colisões entre jogadores durante as partidas contribuem 
para o grande número de lesões agudas, como nos tackles, em que ocorre a 
interceptação do avanço do jogador adversário. 
Durante os arremessos, os jogadores impõem altas demandas no membro superior 
dominante, além disso, passam por alterações fisiológicas e patológicas nos tecidos 
moles e restrições ósseas ao redor do ombro e cotovelo. A velocidade, força e precisão 
de um arremesso variam de acordo com o tipo e a abordagem. 
, 
 
 
108 
 
A maioria dos arremessos no handebol realizados durante o salto sobre os braços. Um 
típico arremesso de braço pode ser descrito como um movimento que consiste em 
três fases principais, a saber: fase de enrolamento/armamento do braço; fase de 
aceleração do braço e fase de desaceleração. Vejamos as características de cada fase 
abaixo: 
➢ Fase de enrolamento/armamento do braço 
O objetivo desta fase é colocar o arremessador em uma boa posição inicial, movendo 
sua extremidade superior e a bola para trás, enquanto o quadril começa a se mover 
para frente. O ombro arremessador gira externamente e abduz, e quanto mais para 
trás o braço gira, maior a amplitude que ele tem para girar para frente gerando 
velocidade. Grandes cargas excêntricas são produzidas ao redor da articulação do 
ombro e do cotovelo para encerrar a armação do braço e iniciar a aceleração do braço, 
além disso, supõe-se que essa situação esteja relacionada às lesões por uso excessivo 
do ombro e do cotovelo. 
➢ Fase de aceleração do braço 
É a parte explosiva do arremesso entre o momento da rotação externa máxima do 
ombro e o instante do lançamento da bola. Durante esta fase, o tronco flexiona a 
partir de sua posição estendida. O ombro arremessador permanece abduzido, 
enquanto os rotadores internos do ombro se contraem concentricamente para ajudar 
a produzir uma velocidade máxima de rotação interna, que ocorre próximo ao 
momento da liberação da bola. Além disso, o cotovelo de arremesso estende-se até 
atingir a extensão quase total. 
➢ Fase de desaceleração 
A fase de desaceleração do braço é o curto tempo desde a liberação da bola até a 
rotação interna máxima do ombro. Durante esta fase, o braço também abduz 
horizontalmente ao longo do tronco para desacelerar. As altas forçascompressivas 
produzidas no ombro e cotovelo próximo ao momento do lançamento da bola, 
juntamente com as cargas de desaceleração, é outra parte do arremesso que se supõe 
estar relacionada a problemas de uso excessivo do ombro e cotovelo. 
, 
 
 
109 
 
6.1.1 Prevenção de lesões em esportes aéreos 
As principais estratégias para evitar lesões nos esportes overhead são: 
▪ Gerenciamento adequado do cronograma de treinamento: para evitar 
sobrecarga aos tecidos; 
▪ Aumento progressivo de carga: após a melhora do período inicial álgico as 
cargas devem ser progressivamente aumentadas; 
▪ Fortalecimento de manguito rotador e bíceps braquial: mantém a cabeça 
umeral bem-posicionada dentro da fossa glenóide, evitando a translação 
excessiva da cabeça umeral; 
▪ Fortalecimento de músculos periescapulares: durante as fases do arremesso 
é necessário que a escápula esteja estabilizada. 
6.2 Lesões específicas no basquete 
Jogar basquete envolve corridas curtas, intermitentes e rápidas combinada com 
contato físico e acelerações e desacelerações, que podem levar a lesões graves. 
As lesões de basquete são geralmente classificadas como lesões agudas/traumáticas 
ou de uso excessivo. Lesões agudas ou traumáticas ocorrem devido a uma força ou 
impacto repentino, como uma queda ou tropeço, resultando em danos diretos às 
estruturas ligamentares ou ósseas e as lesões por uso excessivo estão relacionadas a 
movimentos repetitivos que geram sobrecarga tecidual. 
As lesões mais comuns são entorses de tornozelo; lesões no joelho; distensões 
musculares; tendinopatia do tendão calcâneo; cortes faciais e fraturas do pé. 
A tendência sugere claramente que lesões nos membros inferiores ocorrem muito 
mais regularmente do que lesões no tronco ou no membro superior. Dessas lesões, a 
maioria ocorre por mecanismo traumático, sendo a região mais comum de 
tornozelo/pé com as entorses, seguida por quadril e na coxa. 
Grandes partes das lesões relacionadas ao jogo ocorrem durante a segunda metade do 
jogo, o que identifica a fadiga como um fator predisponente. 
, 
 
 
110 
 
Com o conhecimento de hoje, essas lesões podem ser significativamente reduzidas 
pela implementação de um programa de aquecimento estrutural destinado a melhorar 
as técnicas de corrida e aterrissagem, bem como controle neuromuscular, equilíbrio e 
força. 
Ao examinar as lesões mais comuns do basquete, algumas são típicas para jogadores 
de todas as idades e níveis de habilidade, enquanto outras geralmente são 
experimentadas apenas por aqueles nos níveis mais altos. 
A preparação e o treinamento podem ajudar a reduzir as chances de uma lesão 
acontecer. No entanto, é importante reconhecer que muitas lesões no basquete 
geralmente ocorrem quando menos se espera, por isso, recomenda-se adquirir algum 
conhecimento a respeito das possíveis lesões antes que elas ocorram, pois isto pode 
ajudar todos a se prepararem com antecedência com vistas à prevenção. 
➢ Entorses de tornozelo 
O tratamento de uma entorse de tornozelo aguda envolve o protocolo PEACE 
AND LOVE. A necessidade de radiografia e avaliação por um médico é 
determinada caso a caso e depende da gravidade e localização da dor. 
▪ Lesões no joelho 
O basquete exige manobras de paradas e movimentos extensos e de corte que 
podem colocar em risco os ligamentos e meniscos do joelho. A lesão do 
ligamento colateral medial é mais comum após um golpe na parte externa do 
joelho. 
Uma lesão no ligamento cruzado anterior é uma lesão mais grave e pode 
ocorrer com uma mudança abrupta de direção e aterrissagem para o 
salto. Embora essa ruptura do ligamento seja mais comumente uma lesão de 
final de temporada que requer cirurgia corretiva, as técnicas atuais usadas para 
reparar o ligamento do LCA geralmente permitem que o jogador volte a jogar 
na temporada. 
 
, 
 
 
111 
 
➢ Distensões musculares: 
Podem ocorrer, principalmente, nos movimentos nos quais exijam uma 
contração excêntrica muscular, por exemplo, as mudanças bruscas de direção 
em alta velocidade. 
➢ Tendinopatia do tendão calcâneo: 
Por conta dos movimentos envolvidos no basquete, o tendão calcâneo é 
continuamente estressado e pode desenvolver micro rupturas que levam à 
inflamação crônica e dor. A princípio, a dor na região pode se dissipar à medida 
que o atleta se aquece, mas se não for diagnosticada e tratada, piorará, 
causando dor, limitando os movimentos e impossibilitando a função em níveis 
elevados, geralmente afeta atletas com mais tempo de experiencia. 
➢ Cortes faciais 
Dependendo da profundidade da lesão, o corte pode exigir pontos ou uma fita 
estéril "borboleta". O gelo pode proporcionar alívio da dor e diminuir o 
inchaço. 
➢ Fraturas por estresse: 
As fraturas por estresse podem ocorrer a partir de um rápido aumento no nível 
de atividade ou treinamento ou de excesso de treinamento. As fraturas por 
estresse no basquete ocorrem mais comumente no pé e na parte inferior da 
perna (tíbia). Uma vez diagnosticado, recomenda-se um período de 
imobilização e não descarga de peso. O retorno ao jogo é permitido uma vez 
que a fratura esteja completamente curada e o atleta esteja sem dor. 
➢ Estratégias de prevenção de lesões de basquete 
▪ Ativação de core; 
▪ Melhora da propriocepção; 
▪ Treinamento de aceleração e desaceleração; 
▪ Treinamento de habilidades pliométricas; 
, 
 
 
112 
 
▪ Melhora da força e resistência muscular; 
▪ Melhora do condicionamento cardiorrespiratório; 
▪ É importante utilizar equipamentos adequados como bola apropriada para o 
tipo de esporte e tênis com solas resistentes à derrapagem. 
6.3 Lesões específicas no tênis 
O gesto esportivo do saque de tênis coloca os jogadores em risco de desenvolver 
instabilidade no ombro em um mecanismo semelhante ao dos arremessadores. Por 
esse motivo, os jogadores de tênis também são suscetíveis à diminuição de rotação 
interna do ombro e lesões de SLAP, o que pode alterar a cinemática do ombro ou levar 
à instabilidade sutil. 
6.3.1 Lesões mais comuns no tênis 
Devido à corrida e às rápidas mudanças de direção no tênis, tanto os jogadores adultos 
quanto os juniores são propensos a entorses de tornozelo e dor patelofemoral. A dor 
no ombro devido a acometimentos no manguito rotador também afetam os jogadores, 
independentemente da idade, assim como a extensão do punho durante as jogadas de 
backhands de uma mão, a rotação do antebraço e saques podem contribuir para a dor 
no cotovelo. Se os jogadores não usarem a força do tronco durante as jogadas, o 
estresse extra pode ser colocado no ombro e no cotovelo. Isso pode ocasionar 
tendinose no manguito rotador ou acometimento nos tendões do cotovelo (cotovelo 
do tênis). 
6.3.1.1 Recomendações de prevenção de lesões: 
As lesões esportivas podem se enquadrar em uma de duas categorias: 
agudas/traumáticas e crônicas/atraumáticas. 
➢ Cotovelo de tenista: ocorre quando os jogadores de tênis estendem e 
flexionam os cotovelos com rapidez e frequência. Causa inflamação nos 
tendões que conectam o músculo do antebraço ao cotovelo. Ao contrário do 
cotovelo de golfista, que ocorre medialmente, o cotovelo de tenista fica 
inflamado lateralmente. 
, 
 
 
113 
 
Também chamada de epicondilite lateral, o cotovelo de tenista resulta, 
principalmente, do uso excessivo, tornando-o uma lesão esportiva crônica. Os 
principais sintomas são dor, queimação e fraqueza dos músculos extensores de 
punho. 
➢ Lesão de manguito rotador: o ombro é a articulação principal para o 
movimento do membro superior, portanto, nos movimentos do gesto esportivo 
pode haver rupturas parciais por sobrecarga nos tendões do manguito rotador. 
Os principais sintomas são: dor, diminuição da amplitude de movimento do 
ombro e fraqueza de todo o membro superior. 
➢ Ruptura do tendão calcâneo: este tendão permite que os atletas realizem 
atividades de alta energia com os membros inferiores, portanto,é muito 
importante para os saltos e aterrissagens durante os alcances de bola durante 
os jogos. Na maioria das vezes, possui uma característica de lesão atraumática 
no entanto, quando traumática, é distinguida por um estalo alto. A dor de uma 
ruptura do tendão de Aquiles geralmente está localizada acima do calcanhar e, 
neste caso, é necessária a cirurgia. É um fator de risco quando os atletas que se 
afastam da prática retornam repentinamente às atividades esportivas com alta 
intensidade. 
➢ Tendinite patelar: pode afetar os jogadores de tênis, principalmente nos saltos 
e aterrissagens realizados de forma repetida. É comum que os tenistas 
coloquem um imenso estresse no joelho. Alguns fatores que podem contribuir 
para esse tipo de lesão são aterrissar em superfícies especialmente ásperas 
(como cimento), levar a atividade esportiva ao extremo ou mesmo a elevação 
repetida de uma posição agachada para uma posição vertical. Dor e inchaço 
geralmente desenvolvem-se logo abaixo do joelho, região chamada de 
infrapatelar. 
➢ Fraturas por estresse na coluna: ocorre por hiperextensão e inclinações 
repetidas, causando estresse principalmente na região lombar, gerando 
espondilolisteses ou espondilólises. Geralmente sentem dor ao movimento e 
palpação, rigidez ao movimento e alívio da dor ao repouso. 
, 
 
 
114 
 
6.3.1.2 Prevenção de lesões no tênis: 
➢ Exercícios de aquecimento: caracterizados por aumento da frequência cardíaca 
e respiratória. Podem ser associados a membros superiores e inferiores, com ou 
sem resistência nos movimentos. 
➢ Fortalecimento muscular: melhora o condicionamento muscular para suportar 
o alto estresse proporcionado por esse esporte. 
➢ Gerenciamento de carga e de demandas da atividade: o esporte de alto 
rendimento não é considerado saudável ao corpo já que, na maior parte do tempo, 
exige uma alta demanda, mesmo que o corpo esteja em recuperação de lesões. É 
importante gerenciar a quantidade de jogos, a duração das partidas e a frequência 
semanal para que as demandas da atividade não excedam à quantidade de 
atividade ideal ao atleta. 
➢ Utilização de equipamentos adequados: a depender do peso da raquete pode 
sobrecarregar mais ou menos estruturas do membro superior, além disso os 
sapatos adequados ao solo também são importantes para redução de estresse nos 
membros inferiores. 
➢ Ajuste de técnica do gesto esportivo: estilo de jogo, modo como segurar a 
raquete, como realizar o balance da raquete e movimentos em quadra fazem 
parte do gesto esportivo e devem ser ajustados para o menor gasto energético 
possível, com menor sobrecarga sobre as estruturas. 
6.4 Lesões específicas no futebol 
As lesões no futebol são geralmente agudas ou crônicas. Lesões agudas são 
traumáticas, muitas vezes causadas por uma queda, golpe ou colisão entre os 
jogadores. Lesões crônica são aquelas em que o estresse repetitivo em um músculo, 
articulação ou tecido conjuntivo desencadeia um agravamento progressivamente de 
dores e comprometimento físico. As lesões mais comuns no futebol incluem: 
 
, 
 
 
115 
 
➢ Lesões no joelho: 
As lesões mais comuns no futebol são aquelas que envolvem o joelho. Isso ocorre, pois 
o futebol é um esporte que não envolve apenas chutes, mas que exige que os 
jogadores desacelerem em alta velocidade e alterem a direção da corrida 
rapidamente. 
Movimentos explosivos e espontâneos colocam extrema tensão rotacional nos joelhos, 
bem como nos ligamentos que os suportam. Quando o estresse excede a limitação de 
um ligamento, pode causar uma entorse ou rupturas. 
Os quatro ligamentos que ajudam a estabilizar a articulação do joelho são: 
▪ Ligamento cruzado anterior; 
▪ Ligamento cruzado posterior; 
▪ Ligamento colateral medial; 
▪ Ligamento colateral lateral. 
Vejamos abaixo algumas das principais lesões que ocorrem durante a prática do 
futebol. 
➢ Lesão do ligamento cruzado 
Esse tipo de lesão nem sempre causa dor e edema de imediato, pois podem ocorrer 
dentro de 24 horas, seguidos pela perda de amplitude de movimento e sensibilidade 
ao longo da linha articular. Lesões envolvendo o ligamento cruzado anterior são o tipo 
de lesão no joelho mais comum entre os jogadores de futebol. Como os ligamentos são 
menos retráteis do que os músculos ou tendões, são especialmente vulneráveis a 
danos. 
➢ Lesão no menisco 
Outra lesão comum no futebol é uma lesão no menisco. O menisco é a cartilagem em 
forma de C que amortece o espaço entre o fêmur e a tíbia. As rupturas parciais do 
menisco costumam trazer dor e diminuição da amplitude de movimento por 
travamento do joelho. 
, 
 
 
116 
 
➢ Concussão 
A concussão é uma forma de lesão cerebral traumática leve causada por um impacto 
súbito na cabeça. Colisões com outros jogadores ou o solo podem causar concussões. 
➢ Distensão de adutores 
Distensão de adutores é um tipo de tensão que ocorre quando os músculos da parte 
interna da coxa, os adutores, são alongados além de seus limites. Um jogador de 
futebol pode distender ao chutar uma bola e/ou ser encontrado com resistência por 
um oponente que tenta chutar a bola em outra direção. 
➢ Lesão nos isquiotibiais 
Lesões nos isquiotibiais envolvem os três músculos posteriores de coxa: bíceps 
femoral, semitendinoso e semimembranoso; podem variar de uma pequena tensão a 
uma ruptura total. Os movimentos contínuos de corrida, aceleração e desaceleração 
podem levar a lesões nos isquiotibiais. 
➢ Síndrome da banda iliotibial 
Esta é uma lesão de uso excessivo envolvendo o tendão da banda do trato iliotibial. A 
corrida contínua durante o futebol pode criar atrito à medida que a banda do trato 
iliotibial é tracionada ao longo da parte externa do joelho, o que pode causar 
tendinite. 
➢ Síndrome da dor patelofemoral 
Condição na qual a cartilagem sob a patela é danificada devido a lesão ou uso 
excessivo. Pode ocorrer quando há desalinhamento no joelho ou tendões tensos. 
6.4.1 Prevenção de lesões no futebol 
Muitas lesões no campo de futebol são o resultado direto de uso excessivo dos 
músculos, articulações e membros, excesso de treinamento, mau condicionamento ou 
falta de um aquecimento adequado. Para ajudar a reduzir o risco de lesões no futebol, 
recomenda-se: 
, 
 
 
117 
 
➢ Aquecimento pré-treino ou jogo: o início da prática esportiva é um momento 
em que o atleta está mais vulnerável a lesões. Isso acontece quando o corpo é 
levado de uma fase de inatividade diretamente para um exercício em alta 
intensidade. O risco pode ser minimizado pelo aquecimento prévio, pois este 
permite o aumento gradual do esforço demandado à musculatura e às 
articulações. A maioria das sessões de aquecimento tem duração entre 20 e 30 
minutos com uma combinação de exercícios cardiovasculares e de força. 
➢ Correção das fraquezas e desequilíbrios musculares: os músculos precisam 
responder de forma adequada às solicitações de movimento, tais como 
acelerações, desacelerações e mudanças de direção frequentes, por isso lesões 
como o rompimento do ligamento cruzado anterior e outras, decorrentes de 
entorses do joelho ou tornozelo, lesões musculares e lesões por sobrecarga, 
como a Pubalgia, lombalgia e tendinite patelar estão associadas a fraquezas e 
desequilíbrios musculares específicos. 
➢ Adequação da carga de treino: a fadiga desempenha um papel fundamental no 
risco de lesões no futebol. A maior parte das lesões acontece nos 15 minutos 
finais do segundo tempo de jogo, justamente em decorrência da fadiga que 
está associada à carga (volume e intensidade) de treino ou jogo, ao preparo 
físico e à capacidade de recuperação entre os treinos. Em situações de fadiga 
extrema, o desempenho cai e o risco de lesão aumenta. Diversos métodos são 
utilizados para o monitoramento de carga no futebol, incluindo escalas de 
fadiga, medidas da frequência cardíaca ou mesmo testes bioquímicos. Os dados 
a partir desses métodos devem ser utilizadospara ajustes no volume ou 
intensidade dos treinos, bem como dos períodos de recuperação, treinamento 
e competição. 
➢ Monitoramento do retorno esportivo: o retorno esportivo após férias (pré-
temporada) ou após lesão é um momento especialmente suscetível à 
ocorrência de novas lesões. Caso o atleta retorne em carga máxima após um 
período de inatividade, sem um processo de adaptação, o risco de lesão passa a 
ser inaceitavelmente elevado. Recomenda-se que, em ambas as situações, o 
aumento da carga de treino seja de não mais do que 15% por semana. 
, 
 
 
118 
 
➢ Reconhecimento precoce de lesões: em algumas situações, pode-se evitar o 
agravamento da lesão, como no caso da concussão cerebral, em consequência 
de traumas da cabeça contra cabeça, cotovelo ou pé do adversário ou de 
cabeça contra a bola ou trave. O reconhecimento desta lesão é fundamental, 
uma vez que, continuando em campo, um segundo golpe na cabeça poderia 
agravar bastante a lesão. 
6.5 Lesões específicas na corrida 
A maioria das lesões relacionadas à corrida ocorrem no membro inferior, sendo as 
mais comuns: 
➢ Síndrome da dor patelofemoral 
Dor à frente do joelho ou ao redor da patela. É uma lesão de uso excessivo comum em 
esportes que envolvem correr ou pular. 
A fraqueza nos abdutores de quadril ou nos extensores e flexores de joelho podem 
gerar instabilidade na articulação, aumentando o risco de desenvolver a síndrome da 
dor patelofemoral. Pode-se ser unilateral ou bilateral, com quadros álgicos que variam 
de leve a muito doloroso, com piora do quadro ao agachar, subir e descer escadas e 
saltar, além de crepitações após um período sem movimento. 
➢ Tendinopatia do tendão calcâneo 
Inflamação ou degeneração do tendão calcâneo, pode acontecer após aumento de 
quilometragem ou intensidade da corrida, por aumento de sobrecarga. Os sintomas 
principais são dor acima da inserção do tendão, edema e diminuição de dorsiflexão. 
➢ Síndrome do trato iliotibial 
O trato iliotibial é um dos estabilizadores dinâmicos do joelho, fundamental durante a 
marcha e corrida. A síndrome do trato iliotibial é causada pelo atrito repetitivo. É 
muito comum em corredores devido à sua tensão associada à fraqueza da musculatura 
glútea e abdominal, causando dor aguda, durante o movimento e sensibilidade à 
palpação. 
, 
 
 
119 
 
➢ Síndrome do estresse tibial medial 
Refere-se à dor em região medial da perna, ocorre geralmente quando há aumento 
brusco do volume de corrida, especialmente se o tipo de solo for mais rígido. Os 
pacientes relatam dor aos movimentos e alívio ao repouso edema e sensibilidade à 
palpação. 
➢ Lesões nos isquiotibiais 
Os isquiotibiais desaceleram a parte inferior da perna durante a fase de balanço do 
ciclo de corrida. A fraqueza desta musculatura pode ser um fator de risco para lesões. 
Nos velocistas as rupturas costumam ser mais agudas e repentinas enquanto os 
corredores de longas distâncias têm lesões menores nas fibras musculares de forma 
repetitivas. Alguns dos sintomas são: dor em região posterior e superior da perna, 
sensibilidade a palpação da região, rigidez e fraqueza da musculatura. 
➢ Fascite plantar 
A fascite plantar é uma das lesões nos pés mais comuns. Envolve irritação ou 
degeneração da espessa camada de tecido, chamada fáscia, na parte inferior do pé. 
Esta camada de tecido atua como uma mola durante a marcha e, principalmente, 
durante a corrida, quando há aumento do volume de corrida em um curto período, 
além de outros tecidos, a fáscia também é colocada sob maior estresse. A fraqueza 
muscular e tensão exacerbada de tríceps Sural também podem ser fatores de risco 
para essa condição. Os sintomas normalmente incluem: dor sob o calcanhar ou no 
meio do pé, sensação de queimação na parte inferior do pé, piora do quadro álgico 
pela manhã e após atividade prolongada. 
➢ Fraturas por estresse 
Uma fratura por estresse é uma fissura que se forma no osso devido a estresse ou 
impacto repetitivo. Para os corredores, fraturas de estresse geralmente ocorrem na 
parte superior do pé, no calcanhar ou na parte inferior da perna. Os sintomas de uma 
fratura por estresse normalmente incluem: 
, 
 
 
120 
 
▪ Dor que piora com o tempo, que pode ser pouco perceptível no início, mas à 
medida que a dor progride, pode ser sentida mesmo quando em repouso; 
▪ Edema; 
▪ Hematomas; 
▪ Sensibilidade à palpação no local da fratura. 
Geralmente leva-se de 6 a 8 semanas para consolidação de uma fratura por estresse. 
➢ Estratégias de prevenção para lesões em corredores: 
▪ Síndrome da dor patelofemoral: fortalecimento principalmente de quadríceps, 
abdutores de quadril e tríceps Sural; 
▪ Tendinopatia do tendão calcâneo: manejo de cargas e controle de atividades de 
alta demanda; 
▪ Síndrome do trato iliotibial: reequilíbrio de forças musculares dos músculos do 
quadril; 
▪ Lesões nos isquiotibiais: fortalecimento de glúteos e isquiotibiais alongando e 
fortalecendo seus isquiotibiais, alteração de técnica de corrida; 
▪ Fascite plantar: fortalecimento e alongamento de tríceps Sural, e 
fortalecimento de musculatura intrínseca do pé. 
 
, 
 
 
121 
 
Conclusão 
Neste bloco foi possível compreender os mecanismos das principais lesões decorrentes 
dos esportes mais praticados, a atuação fisioterapêutica dentro de cada esporte e as 
formas de prevenção das lesões de maneira geral. 
Dessa forma, ao agrupar as informações para o tratamento dessas lesões, podemos 
conduzir uma melhor prática terapêutica para o atleta dentro da sua especificidade. 
REFERÊNCIAS 
HOPPENFELD, S.; MURTHY, V. Tratado e reabilitação de fraturas. 1ª ed. São Paulo: 
Manole, 2001. 
KENDALL, Florence Peterson; McCREARY, Elizabeth Kendall. Músculos: provas e 
funções. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1987. 
KISNER, Carolyn e COLBY, Lynn Allen. Exercícios Terapêuticos: fundamentos e 
técnicas. 3ª ed. São Paulo: Manole, 1998. 
SULLIVAN, Susan B; SCHMITZ, Thomas J. Fisioterapia avaliação e tratamento. 4ª ed. 
Manole, 2004.

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