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Profa. Ma. Eliana Delchiaro UNIDADE II Orientação e Supervisão de Estágio: Pré-escola 1. Os personagens da pré-escola. 2. Cenas do cotidiano da pré-escola I: Educando o olhar para as práticas educativas. 3. Cenas do cotidiano da pré-escola II: A unidade teoria-prática na Educação Infantil. 4. O registro e a reflexão sobre o observado. Organização da Unidade II Quem são os personagens da creche? Vamos saber mais sobre quem é a criança, como se desenvolve, como aprende. A proposta pedagógica de uma instituição apoia-se nas concepções dos educadores e dos profissionais que nela atuam ao elaborarem suas intenções e ações. Os personagens da pré-escola Crianças Professores Famílias Profissionais da instituição Fonte: Tonnuci (2008, p. 141). Durante as observações no campo de estágio, coloque atenção no seu olhar qualificado. A instituição de Educação Infantil é um local em que as crianças vivem experiências, o que promove desenvolvimento e aprendizagem. Os educadores são desafiados a pensar sobre a maneira como organizam os tempos, os espaços e as relações, a fim de garantir essas experiências. Outro desafio, não menos importante, é entender a unidade educacional como um espaço aberto à comunidade interna de professores/as e profissionais da educação, à comunidade externa: pais, mães ou responsáveis e, ainda, à comunidade do entorno da instituição. Todas são produtoras de culturas e parceiras no processo de educação das crianças. Os personagens da pré-escola Todas as crianças nascem iguais. Mas se todos nascem iguais, por que nos tornamos tão diferentes? As crianças pequenas: características do desenvolvimento Fonte: adaptado de: https://tinyurl.com/fv9m97j6 O desenho de Aninha Aninha tem 4 anos e desenha muito bem. Ela realiza essa atividade desde muito pequena, quando sua família já lhe oferecia diferentes riscantes e tintas para que pudesse se expressar. Tão pequena ela já conhece aquarela, crayon, carvão, guache e faz até mistura com as cores. Em casa e na escola desenhar é uma das suas brincadeiras prediletas. As possibilidades para o desenvolvimento não ocorrem para todas as crianças de maneira uniforme; elas dependem da aprendizagem que é determinada pelas experiências culturais e sociais a que a criança é exposta desde o momento do nascimento. Dessa forma, podemos dizer: todo mundo é diferente. Aninha, a pequena desenhista, entrou em contato com diferentes materiais desde cedo, o que estimulou seu processo de desenvolvimento e aprendizagem. Desenvolvimento e aprendizagem são processos complementares que se alimentam mutuamente. O desenvolvimento humano é um processo que vai acontecer ao longo da vida, no entanto ele é ativo, interativo e dinâmico. Ele é uma tarefa conjunta e recíproca, e cada ambiente vai oferecer experiências para a criança conhecer o mundo e a si mesma. As crianças pequenas: características do desenvolvimento Sendo a criança a protagonista da instituição de Educação Infantil, torna-se fundamental conhecer os processos de desenvolvimento que a criança vivencia para planejar e estruturar ambientes de aprendizagem desafiadores e práticas educativas adequados à faixa etária. A Psicologia tem se encarregado, ao longo dos anos, em pesquisas e estudos, de compreender as teorias sobre o desenvolvimento humano e o significado das interações sociais. Vale a pena conhecer cada uma dessas diferentes teorias. São elas: a inatista, a ambientalista e a interacionista. Teorias sobre o desenvolvimento humano As concepções de desenvolvimento e aprendizagem que adotamos têm como teóricos de referência principalmente: Lev Vygotsky (1) e Henri Wallon (2) Autores importantes apresentados no livro-texto da disciplina Fontes: 1: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8f/Lev_Vygotsky_1896-1934.jpg 2: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3b/Wallon_henri.jpg É preciso que o/a professor/a se aproprie das teorias do desenvolvimento humano para que entenda o papel da educação e para que enxergue a criança como um ser capaz de estabelecer relações com o mundo que o rodeia, sendo capaz de atitudes de participação e autonomia. Sem esse conhecimento, fica difícil para o/a professor/a fazer uma boa mediação. Para a criança do século XXI, espera-se um novo perfil de professor/a. Nesse sentido, a formação inicial e continuada deve investir na perspectiva da educação como o motor do desenvolvimento humano, um processo de humanização na promoção e inserção de vivências culturais (Mello, 2010, p. 40). Papel do professor As crianças dos 4 anos aos 5 anos e 11 meses já alcançaram muitas conquistas e começam a se perceber como uma pessoa em particular. Elas aprendem sobre si e sobre o mundo à medida que vão explorando as possibilidades de vida em grupo. Nesse sentido, a entrada da criança em uma pré-escola é um divisor no seu processo de desenvolvimento. Nessa fase temos momentos importantes, como a aquisição da identidade pessoal, a aprendizagem da fala, o desenvolvimento das primeiras amizades e o controle do esfíncter. A necessidade de dormir diminui muito, e elas têm mais tempo para brincar e explorar os ambientes. Elas se interessam pela brincadeira de faz de conta e jogos de regras. Mas afinal, quais são as principais características das crianças que frequentam a pré-escola? As crianças dos 4 anos aos 5 anos e 11 meses demonstram interesse em ajudar nas tarefas caseiras, como: varrer, lavar a louça, dobrar e guardar roupas, molhar as plantas, entre outras. Para favorecer a autonomia, é importante dar algumas instruções às crianças sobre cuidados de segurança, conversar com elas, ajudá-las a evitar objetos e lugares perigosos. Precisamos acreditar que as crianças são capazes de entender e aprender. Aproveite para observar as crianças no campo de estágio. Seguem algumas sugestões: Como estão os cuidados com o corpo? A criança bebe água sozinha ou precisa ser lembrada pelo/a professor/a? A ida ao banheiro acontece de forma natural ou há momentos coletivos para isso? Observe se o ambiente oferece perigos ou riscos e como elas são alertadas. Mas afinal, quais as principais características das crianças que frequentam a pré-escola? Será que as famílias hoje continuam com a mesma estrutura, papai, mamãe e filhos? Alguma coisa mudou? O que mudou? Nessa mesma direção, existem dificuldades na relação família-unidade educacional que se apresentam como desalinho nas correspondências recíprocas de acusações entre eles. O diálogo, a criação de estratégias de aproximação e participação são fundamentais para que, juntas, família e unidade educacional possam assumir um papel centrado no desenvolvimento das crianças. A participação dos familiares nas unidades de Educação Infantil depende muito da forma como a instituição se abre para a realização de um trabalho coletivo, como organizar as reuniões, festividades, o período de adaptação, o contato diário. As famílias parceiras indispensáveis É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança. (Provérbio africano) Os profissionais que atuam na pré-escola: todos são educadores Fonte: Pátio Revista Pedagógica (1999, p. 45). A protagonista de uma instituição de Educação Infantil em que todas as ações pedagógicas se concretizam está representada pela figura: a) da criança. b) da família. c) do/a professor/a. d) do/a profissional de apoio. e) do/a diretor/a da escola. Interatividade A protagonista de uma instituição de Educação Infantil em que todas as ações pedagógicas se concretizam está representada pela figura: a) da criança. b) da família. c) do/a professor/a. d) do/a profissional de apoio. e) do/a diretor/a da escola. Resposta Rotina e cotidiano, vamos entender melhor sobre isso? Cenas do cotidiano da pré-escola I: educandoo olhar para as práticas educativas Rotina Cotidiano Produtos culturais, produzidos e reproduzidos no dia a dia, organizam a cotidianidade. São as atividades rotineiras: cozinhar, dormir, estudar, trabalhar, cuidar da casa, reguladas por costumes e definidas em um espaço-tempo social. É mais abrangente e se refere a um espaço-tempo fundamental para a vida humana, pois é nele que acontecem as atividades rotineiras como também é o locus em que pode surgir o inesperado, a inovação, entre outras possibilidades. Fonte: adaptado de: Barbosa (2006, p. 37). Quando pensamos nos tempos vividos pelas crianças no cotidiano das unidades de Educação Infantil, devemos levar em consideração: que elas não devem ser submetidas ao tempo do relógio, com rotinas cronometradas, sempre iguais; que há um conjunto de materialidades que contribuem para o desenvolvimento integral; as interações entre as crianças ou entre crianças e adultos; as múltiplas linguagens que devem estar presentes no cotidiano do processo educativo (São Paulo, 2019). Materialidades: representam um conjunto de objetos, ferramentas e instrumentos que permitem investigar, pensar e raciocinar. São elas os jogos, os brinquedos, os materiais artísticos, científicos e tecnológicos e também os recursos de fácil acesso como pedaços de madeira, pedaços de cano etc. (São Paulo, 2019). Cenas do cotidiano da pré-escola I: educando o olhar para as práticas educativas A criança pequena precisa aprender, com outros seres humanos, a partir dos grupos sociais de que faz parte, os costumes, as regras e os hábitos socioculturais da sua comunidade. Será uma forma de ajudá-la no seu desenvolvimento estabelecer alguns rituais, ou seja, atos que se mantêm fiéis a certas regras e hábitos sociais que têm significado para uma cultura. (Barbosa, 2006) Na instituição é importante as crianças entenderem os momentos de passagem de uma atividade para outra. Antes de escovar os dentes, antes de dormir, ou mesmo a hora de compartilhar e de guardar os brinquedos. Com esses rituais, as crianças participam da organização do tempo e compreendem as atitudes que se espera em cada atividade. Cenas do cotidiano da pré-escola I: educando o olhar para as práticas educativas A instituição de Educação Infantil é um espaço impregnado de vínculos, afetos e apropriação de hábitos e costumes culturais que estão inseridos nos momentos de comer, ir ao banheiro, dormir, e com aprendizagens significativas pelas crianças. Para tanto, elas precisam ter uma experiência completa e não serem interrompidas pelo tempo cronológico. Dessa maneira, o/a professor/a tem o compromisso de mostrar o mundo para elas de forma paciente, gentil e carinhosa, e seria interessante diversificar o lugar das atividades para proporcionar mais interações, novas descobertas e diferentes desafios em um cotidiano repleto de significados e apropriações. Os estudos de Barbosa (2006) demonstram que a rotina das instituições de Educação Infantil segue um padrão fixo e universal, e por trás da sua organização estão presentes concepções de infância, criança, educação, naturalização, homogeneização, moralização e controle social. Cenas do cotidiano da pré-escola I: educando o olhar para as práticas educativas Para que as propostas e as atividades possam propiciar ricas experiências, é preciso ter espaços que promovam interações e brincadeiras. A organização dos espaços e materiais deve atender aos documentos legais, como as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (Brasil, 2009a), no item 7, ao efetivarem propostas pedagógicas que ofereçam condições para um trabalho coletivo e que provoquem aprendizagens, garantindo assim o direito das crianças a se conhecer, se expressar e se relacionar, conforme estabelece também a BNCC EI. (Brasil, 2017) Vamos diferenciar espaços e ambientes? A organização dos espaços e as materialidades da unidade educacional de Educação Infantil Fonte: Girotto (2013, p. 53). Horn (2017) explica que a construção do espaço não é neutra; ela envolve um conjunto de relações que se revelam na forma como ele se constitui. Ele tem sido entendido como parte do currículo porque é um parceiro pedagógico na medida em que exerce uma função mediadora no processo de aprendizagem. O espaço se refere ao local em que as atividades acontecem e se caracteriza pela presença de materiais didáticos, objetos, mobiliário e decoração. O ambiente representa o conjunto que envolve o espaço físico e as relações que se estabelecem. Diz respeito às interações, à afetividade e às relações interpessoais. Podemos dizer que o espaço tem um caráter mais objetivo e o ambiente, uma natureza subjetiva. (Horn, 2017) Espaço e ambiente Discutir as diferenças entre os conceitos de espaço, lugar, ambiente e território é uma tarefa que exige um estudo mais aprofundado, uma vez que encontramos diferentes autores apoiados em perspectivas teóricas diversificadas. (Barbosa, 2006) Para Barbosa (2006, p. 119), “um ambiente é um espaço construído, que se define nas relações com os seres humanos por ser organizado simbolicamente pelas pessoas responsáveis pelo seu funcionamento e também pelos seus usuários”. Assim, entendemos que os espaços são lugares elaborados, pensados com significado para vivermos. No caso da unidade educacional de Educação Infantil, precisamos refletir sobre sua dimensão educativa. Espaço e ambiente Conforme explica Horn (2017), a organização do espaço se revela um elemento do currículo que favorece a aprendizagem. Ela explica que, dependendo da forma como as estruturas espaciais são impostas no ambiente, elas podem ser estimulantes ou limitadoras da aprendizagem. Uma sugestão da autora para atender necessidades e ritmos diferentes das crianças se refere ao planejamento das atividades. Elas podem acontecer de forma sequenciada e vivenciada por todos ao mesmo tempo ou em pequenos grupos com propostas diversificadas e simultâneas. O espaço externo pode ser enriquecido com objetos para compor um cenário, por exemplo, um castelo, uma floresta ou uma astronave, com tecidos que se transformem em circos ou cabanas. (Oliveira et al., 2019) Espaço e ambiente As unidades de Educação Infantil devem organizar contextos significativos para os espaços externos porque neles as crianças também aprendem. Elas sentem cheiros, exploram a terra, a água e a areia e ainda podem ser educadas no sentido de categorizar, observar, escolher e propor interações com diversos elementos. Espaços externos Fonte: Horn (2017, p. 90). Os espaços externos são uma possibilidade para as crianças terem contato com a natureza ou com espaços diferentes dos ambientes que vivem em casa. Dessa forma, os espaços externos das instituições da infância abrem diversas possibilidades para as crianças, em especial o rico contato com os elementos da natureza, que incentivam a curiosidade, a exploração, o encantamento e novas formas de brincar. (Horn; Barbosa, 2022) Espaços externos Fonte: Horn e Barbosa (2022, p. 138). Horn explica que os espaços externos devem ser organizados para acolher as experiências das crianças, não apenas as motoras, mas as afetivas, relacionais e cognitivas, porque neles acontecem interações e brincadeiras. Ela faz uma consideração importante quanto a ser seguro e acessível, em especial para as crianças com locomoção dificultada e crianças com alguma deficiência. (Horn, 2017) Ao longo das considerações feitas, pudemos verificar que a organização dos espaços, tanto internos como externos, dialoga com as interações, as brincadeiras e a gestão do tempo, cujo resultado é uma Unidade Educacional de Educação Infantil com cultura própria, em um ambiente brincante, cooperativo e carregado de alegria e descobertas: um campo de experiências, exploração e criatividade.Espaços externos De acordo com os autores apresentados, complete a lacuna com o conceito correto. O .......... se refere ao local em que as atividades acontecem e se caracteriza pela presença de materiais didáticos, objetos, mobiliário e decoração. a) Lugar. b) Território. c) Ambiente. d) Espaço. e) Recinto. Interatividade De acordo com os autores apresentados, complete a lacuna com o conceito correto. O .......... se refere ao local em que as atividades acontecem e se caracteriza pela presença de materiais didáticos, objetos, mobiliário e decoração. a) Lugar. b) Território. c) Ambiente. d) Espaço. e) Recinto. Resposta O/A professor/a precisa mediar e organizar experiências em contextos significativos de aprendizagem para que ocorram interações diversas e brincadeiras, conforme definem as DCNEI nos eixos estruturantes do currículo: interações e brincadeiras. É com essa perspectiva que a BNCC EI reafirma o processo educativo centrado nas crianças, mediado pelo/a professor e organizado em seis direitos de aprendizagens e com objetivos compreendidos em campos de experiências. A BNCC EI apresenta os objetivos de aprendizagem como processos a serem construídos a partir de diferentes proposições didáticas em distintos campos de experiências. Ela ainda define que: “Os campos de experiência constituem um arranjo curricular que acolhe as situações e as experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural.” (Brasil, 2017, p. 38) Cenas do cotidiano da pré-escola II: a unidade teoria-prática na Educação Infantil Oliveira et al. (2019) esclarecem que o/a professor/a deve entender que os campos de experiências combinam três elementos: As experiências das relações que as crianças estabelecem na sua vida social, nos ambientes de casa e na instituição da infância, ao lado da mediação das diferentes linguagens. Pensar, portanto, no cotidiano das crianças que ficam entre quatro, seis ou até oito horas numa instituição de Educação Infantil torna-se uma grande responsabilidade do/a professor/a e das equipes escolares, especialmente por ser um tempo da infância e, para tal, precisa ser vivido de modo prazeroso significativo e participativo. Cenas do cotidiano da pré-escola II: a unidade teoria-prática na Educação Infantil Ana, de 4 anos, vinha sempre de cadeira de rodas para a UE [unidade educacional]; dessa vez, estava no colo da sua mãe. Ela nunca teve a oportunidade de estar com seus colegas de turma de outra forma. Enquanto a coordenadora pedagógica, uma das professoras e a mãe da criança conversavam sobre o grave quadro de infecção que a acometeu nos últimos dias e a necessidade de afastamento, através da janela, Ana avista seus amigos no pátio e começa a chorar. A coordenadora e a professora conversam com a criança tentando acalmá-la. A mãe prontamente coloca a filha no chão da sala e, para a surpresa de todos, Ana, ao seu modo, engatinha até seus amigos que, encantados, sem que ninguém faça qualquer intervenção, olham para Ana e falam: – Olha, a Ana sabe engatinhar! E saem engatinhando junto dela pelos corredores, até que uma criança volta até ela, segura suas mãozinhas e diz: – Agora é a sua vez de tentar fazer assim... – e faz menção de impulso de levantar, dando a Ana uma nova possibilidade de desenvolvimento. (São Paulo, 2019, p. 54) Cena 11: Interagir para a inclusão O que podemos observar nesta cena é a interação das crianças com a criança com deficiência, ou seja, que é possível aprender por caminhos diferentes. Nesta cena, podemos reafirmar a importância da comunicação e da articulação entre as famílias e a instituição de Educação Infantil. A socialização entre as crianças contribuiu para as interações. Elas impulsionam o desenvolvimento tanto da criança com deficiência quanto dos que estão junto dela. As crianças ensinam aos adultos formas de acolher e cuidar, nos revelam afetos, mas para isso elas precisam ter espaços de fala e serem ouvidas. Quanto ao campo de experiências desta cena, podemos dizer que foi contemplado “O eu, o outro e nós”. O que podemos observar sobre a Cena 11 A professora das crianças de 5 anos percebeu que Henri estava sendo barrado na brincadeira de casinha pelas duas meninas que brincavam. Ele pediu ajuda à professora, e ela foi conversar com as meninas. Elas argumentaram que brincar de casinha era coisa de meninas. A professora perguntou se na casa delas não tinha pai, avô ou irmão, e a resposta foi sim. Ela perguntou, então, por que Henri não poderia assumir um desses papéis na brincadeira. As meninas se entreolharam e decidiram aceitar Henri na brincadeira no papel de pai. Poucos minutos depois, no entanto, as meninas vieram reclamar que não queriam mais brincar com Henri, pois ele tinha lavado a louça, e isso era coisa de menina, e não de menino. Cena 12: Brinquedos de meninos e brinquedos de meninas (Na brincadeira, havia uma bacia com água, sabão, pano de prato e objetos para serem lavados, e essa era a atividade mais interessante da brincadeira! Por isso, as meninas buscaram um argumento que consideraram forte para afastar Henri). Na hora da roda, a professora trouxe essa questão para ser discutida no grupo e pediu a opinião da turma. Uma das crianças argumentou que o seu pai lavava louça em casa e que, portanto, isso não era coisa de menina. Todos concordaram. Na semana seguinte, em tom de brincadeira, um pai veio “reclamar”, pois a notícia que havia chegado pela filha era de que ele era o “único pai que não lavava louça em casa” e, com essa “bronca” da filha, tinha passado a fazer isso. (São Paulo, 2019, p. 79-80). Cena 12: Brinquedos de meninos e brinquedos de meninas Questões que envolvem gênero são frequentes na Educação Infantil e o/a professor/a deve estar atento para desconstruir imagens estereotipadas, em que o papel da mulher e do homem são distintos na sociedade. – “Isso é brinquedo de menina e isso é brinquedo de menino”, ou – “Vamos fazer uma fila de meninos e outra de meninas” ou, ainda, – “Meninas vestem rosa e meninos vestem azul”. São frases que refletem aquilo que a sociedade acredita ser indicado para cada gênero, como se um brinquedo fosse capaz de determinar a identidade de gênero da criança – ou, ainda, sua orientação sexual. As crianças devem ser livres para fazer escolhas sobre com o que brincar, sem pressão e sem necessidade de se encaixar num modelo preconcebido. Todas podem e devem brincar com todos os brinquedos. O que aprendemos com a Cena 12 As interações e brincadeiras como eixos do currículo na pré-escola No artigo 9º das DCNEI, as interações e as brincadeiras são eixos norteadores das práticas pedagógicas. A partir disso, Kishimoto (2010, p. 2-3) indica as seguintes interações: interação com o/a professor/a; interação com as crianças; interação com os brinquedos e materiais; interação entre criança e ambiente; interações (relações) entre a instituição, a família e a criança. Fonte: Klisys e Stella (2010, p. 10). Os direitos de aprendizagem e desenvolvimento propostos pela BNCC se expressam nas seguintes ações para a criança: A efetivação dos direitos de aprendizagem e dos campos de experiência: os modos de educar e cuidar EXPLORAR BRINCAR CONVIVER CONHECER-SE EXPRESSAR PARTICIPAR Assim, entendemos que o cuidar e o educar são desenvolvidos quando: ao conviver com seus pares e adultos, as crianças estabelecem interações e aprendem os jeitos de cuidar da sua cultura e o respeito às diferentes pessoas; ao brincar com diferentes parceiros em diferentes tempos e espaços, ampliam suas experiências – em especial o faz de conta permite experiências expressivas que se relacionam com proteção, conforto e segurança; ao participar de rodas de conversas e situações que envolvam cuidados, alimentação,segurança e proteção relativas ao cotidiano da vida pessoal e escolar, estão desenvolvendo linguagens e elaborando conhecimentos sobre estes temas que vão contribuir para sua autonomia; A efetivação dos direitos de aprendizagem e dos campos de experiência: os modos de educar e cuidar Assim, entendemos que o cuidar e o educar são desenvolvidos quando: ao explorar o espaço, os materiais e os elementos da natureza adquirem novos conhecimentos e saberes sobre a cultura e a ciência; ao expressar com confiança seus sentimentos, emoções, medos, dúvidas e raivas, a criança encontra um ambiente que acolhe e oferece conforto e segurança; ao conhecer-se, a criança está construindo uma imagem de si e de seu grupo de pertencimento, e nas diversas interações que estabelece em seu contexto familiar e na instituição de Educação Infantil aprende a lidar com seus limites e possibilidades. A efetivação dos direitos de aprendizagem e dos campos de experiência: os modos de educar e cuidar A criança precisa da ajuda de alguém mais experiente para orientar suas ações em atividades do dia a dia; assim, os/as professores/as devem promover experiências que permitam situações de aprendizagem envolvendo cuidado, educação, conforto e segurança: adotar hábitos de higiene pessoal (interessar-se por lavar as mãos, limpar o nariz sozinhas, escovar os dentes com cuidado); perceber a vontade de ir ao banheiro e ter progressivo controle do esfíncter; executar movimentos colaborativos ao vestir-se ou desnudar-se, tais como colocar ou tirar os sapatos, abotoar-se etc. reconhecer situações de potencial perigo e tomar precauções para evitá-las; não colocar a mão suja na boca, não comer terra, plantas e tintas; não subir em lugares altos sem supervisão; ter cuidado com materiais pontiagudos. Oliveira et al (2019, p. 261-262) A efetivação dos direitos de aprendizagem e dos campos de experiência: os modos de educar e cuidar As situações apresentadas ajudam a direcionar seu olhar para a sua experiência no campo de estágio. Observe quantas situações podem acontecer que, com prevenção e diálogo, podem ser evitadas. Observe a postura do professor nas situações que envolvem um cuidado que educa! A efetivação dos direitos de aprendizagem e dos campos de experiência: os modos de educar e cuidar As DCNEI definem dois eixos estruturantes do currículo. São eles: a) Espaço e ambiente. b) Interações e brincadeiras. c) Convivência e conhecimento. d) Planejamento e avaliação. e) Participação e exploração. Interatividade As DCNEI definem dois eixos estruturantes do currículo. São eles: a) Espaço e ambiente. b) Interações e brincadeiras. c) Convivência e conhecimento. d) Planejamento e avaliação. e) Participação e exploração. Resposta Registrar é deixar marcas. Marcas que retratam uma história vivida. Cecília Warschauer (1993) O registro tem como objetivo construir a memória compreensiva, que se difere da memória mecânica; para a autora, a memória compreensiva é uma possibilidade para se realizar novas aprendizagens e não uma mera recordação do aprendido. “O registro ajuda a guardar na memória fatos, acontecimentos ou reflexões, mas também possibilita a consulta quando esquecemos. Este ter ‘presente’ o já acontecido é de especial importância na transformação do agir, pois oferece o conhecimento de situações arquivadas na memória, capacitando o sujeito a uma resposta mais profunda, mais integradora e mais amadurecida, porque menos ingênua e mais experiente, de quem já aprendeu com a experiência.” (Warschauer, 1993, p. 63). O registro e a reflexão sobre o observado Algumas reflexões importantes sobre o registro diário, elaborado pelo/a professor/a na instituição de Educação Infantil: O registro diário é um espaço pessoal para o/a professor/a escrever suas experiências sobre as crianças, as descobertas que elas fazem e anotar as observações das situações que causam inquietação ou dúvida. O registro torna-se um local em que se materializa o pensamento em uma observação atenta e curiosa. Ele é um instrumento valioso para o/a professor/a compreender a prática educativa. É também um espaço de reflexão, à medida que o registro é realizado a partir do vivido no cotidiano da instituição. O registro e a reflexão sobre o observado O registro é tão importante que ele se associa à avaliação e ao planejamento. O registro de observação das crianças é utilizado para a avaliação, que é considerado um processo de inclusão, conhecimento e respeito ao desenvolvimento da criança. As observações devem ser registradas para que não se percam e possam ser compartilhadas. Elas fazem parte de uma documentação pedagógica ou, como expressam as Diretrizes, “documentação específica”, da qual trata o inciso IV do capítulo 10 das DCNEI. A BNCC EI, por sua vez, se refere à avaliação como um trabalho do professor para refletir, selecionar, organizar, planejar e acompanhar o conjunto de práticas e interações, garantindo a pluralidade de situações que promovam o desenvolvimento pleno das crianças. O registro e a reflexão sobre o observado O registro feito pelo professor a partir da observação é instrumento necessário para se conhecer a prática educativa, já que, segundo Oliveira et al. (2019, p. 320), “sem ele, trabalha-se frequentemente com o ouvir dizer, com preconceitos, com informações muito incompletas”. Quando citamos registros, estão incluídos os realizados pelos professores e pelas crianças em diferentes momentos do cotidiano: relatórios, fotografias, desenhos, filmes e textos (Brasil, 2017). Todos esses recursos se tornam instrumentos de análise sobre a história vivida pelo grupo de crianças e criam procedimentos para se redimensionar a prática educativa, fortalecendo o trabalho do professor. O registro e a reflexão sobre o observado O registro de memória é efêmero, perde-se no tempo e revela nossas crenças e valores. O registro escrito deve acontecer de preferência simultaneamente à observação e “informar nomes, idades, locais, horários, situações observadas e objetos disponíveis” (Oliveira et al., 2019, p. 321). Deve descrever com detalhes as pessoas, seus gestos, movimentos, falas e o que manipulam. É interessante que se indique quem e quantas crianças estão na cena. O registro, a depender do professor, pode ser complementado por reflexões sobre como ele viu o acontecido. “Todos os registros, dos mais simples e objetivos aos mais complexos, devem contribuir de alguma forma para o pensamento reflexivo do professor.” (Oliveira et al., 2019, p. 322) Lembretes importantes sobre como utilizar os registros segundo Oliveira et al. (2019) Esperamos que as reflexões sobre o registro diário tenham sido elucidativas e ao mesmo tempo se tornem um convite para você se aprofundar no assunto. No entanto, e para além disso, imaginamos que esses conhecimentos possam se tornar uma ponte para a produção do seu diário de campo de estágio, bem como o relatório reflexivo. O propósito da transposição entre esses registros é dar um caráter formativo à sua experiência, ou seja, dar conhecimento para a tarefa que vai percorrer a sua vida docente: a elaboração de registros da prática pedagógica no cotidiano das instituições em que vai atuar e a elaboração da documentação pedagógica, especialmente na Educação Infantil. O registro do diário de campo Os registros se referem a situações do cotidiano: as interações entre as crianças, os adultos e os recursos materiais e físicos que observa, as dúvidas que surgem a partir das atividades das crianças, posturas do/a professor/a observado/a, as brincadeiras, o desenvolvimento de projetos, as relações entre as equipes e, principalmente, suas reflexões. Os registros são, em geral, feitos simultaneamente à observação, visto ser essa também a função do estágio; no entanto,se estiver participando das atividades, o registro deverá acontecer logo que terminar o estágio. Diário de campo de estágio Para que todo o processo do estágio seja formativo, faz-se necessário registrar os aspectos observados, tendo em vista que não podemos guardar tudo em nossa memória. Sendo assim, é essencial que você tenha um diário de campo do estágio (pode ser um caderno, um fichário) no qual possa anotar suas observações, impressões, interpretações, percepções etc. Dessa forma, poderá realizar uma observação sistematizada. O registro no diário de campo é uma etapa do processo de sua documentação pedagógica do estágio. Neste ato você poderá relatar uma situação observada, fotografar um espaço ou a produção de uma criança, entre outras possibilidades. Para Madalena Freire (2008, p. 50), “quando pensamos em realizar o registro, exercitamos operações mentais, como comparar, observar, interpretar, classificar e sintetizar”. Estas ações mentais podem auxiliá-lo/a na produção do registro. Como registrar a observação? Espaços/ambientes, materiais/brinquedos. Rotinas e práticas pedagógicas. Relações interpessoais. Relações com as famílias/comunidade. Momentos pedagógicos coletivos, e: Como observar por meio das questões norteadoras. Durante o estágio, você deverá observar: O quê? Para quê? Como? Rotinas e práticas pedagógicas. Durante o estágio, você deverá observar: O quê? Para quê? Como? Fonte: adaptado de: Manual de Estágio Supervisionado – Pré-escola. Rotinas e práticas pedagógicas Rotinas pedagógicas, organização dos tempos didáticos; planejamento pedagógico. Observa-se diversidade da rotina semanal com utilização e exploração de diferentes espaços e ambientes, bem como a abordagem dos Campos de Experiências propostos na Base Nacional Curricular Comum? A distribuição dos tempos contempla o interesse e o envolvimento das crianças ou há muitos momentos de espera? Como o(a) professor(a) lida com a interrupção das brincadeiras para respeitar a rotina estabelecida? As ações destinadas ao cuidar e ao educar são integradas? Como? Qual é a relação entre a quantidade de professores e a quantidade de crianças? Quais atividades permanentes compõem a rotina proposta? Quais são os projetos desenvolvidos? As ações destinadas às interações e brincadeiras são contempladas? Como? O(A) professor(a) faz algum tipo de registro, documentação pedagógica do processo vivido pelas crianças na pré- escola? Se sim, como ele(a) faz? Qual uso ele(a) faz dessa documentação? O Relatório Reflexivo deverá ser estruturado em três partes: a) Parte 1: caracterização da pré-escola: A parte inicial do seu relato deve contemplar as informações gerais da pré-escola, como: nome, endereço completo, quantidade de crianças pequenas atendidas, de professores(as), de funcionários(as) e outras informações que sejam pertinentes sobre a localização/território do entorno da pré-escola, ou seja, características do bairro (residencial ou comercial, central ou periférico, rural ou urbano). b) Parte 2: Análise da pré-escola e da sua organização pedagógica: Nesta parte do relatório, você deve analisar os aspectos observáveis, que indicam o que observar e como observar por meio das questões norteadoras. Agora é o momento de utilizar todos os registros feitos no diário de campo e construir um texto reflexivo explicitando suas aprendizagens durante o estágio na pré-escola. Como elaborar o Relatório Reflexivo? Relatório Reflexivo c) Parte 3: Reflexões finais Nesta parte do relatório, você deverá analisar quais foram as aprendizagens durante o estágio. Reflita sobre as experiências na pré-escola e disserte sobre o que sabia teoricamente e pôde observar na prática; analise qual foi a repercussão do estágio no seu percurso formativo e destaque o que você aprendeu. E, para finalizar, cite algo que tenha te surpreendido durante o estágio. ATENÇÃO Como elaborar o Relatório Reflexivo? O relatório deve conter, OBRIGATORIAMENTE, no mínimo 5 e no máximo 10 páginas, sem contar capa e folhas em branco. Formatação do relatório: o relatório deverá ser digitado respeitando a seguinte formatação: tamanho da letra: 12; fonte: Times New Roman ou Arial; espaçamento entrelinhas: 1,5; alinhamento do texto: justificado (margens alinhadas à esquerda e à direita). Durante o estágio você poderá coletar muitas imagens; vale lembrar que em hipótese alguma deverão ser inseridas imagens de crianças ou professores/as e funcionários/as. No diário de campo de estágio você provavelmente terá diversos registros; no entanto, não se esqueça de que todos os aspectos observáveis devem estar organizados no relatório reflexivo. Portanto, escreva todos os dias para poder selecionar os mais interessantes. Desejamos uma boa experiência de estágio na pré-escola e que as reflexões aqui propostas façam diferença na sua formação docente! Lembretes finais Escolha a alternativa que não se refere a uma característica do registro feito pelo professor em sua prática educativa: a) Ele contribui para a construção da memória compreensiva. b) É um espaço pessoal para o/a professor/a escrever suas experiências sobre as crianças. c) É um material que não é utilizado para o planejamento e a avaliação. d) Ele é um instrumento para o/a professor/a compreender a prática educativa. e) É um espaço de reflexão, à medida que é realizado a partir do vivido no cotidiano da instituição infantil. Interatividade Escolha a alternativa que não se refere a uma característica do registro feito pelo professor em sua prática educativa: a) Ele contribui para a construção da memória compreensiva. b) É um espaço pessoal para o/a professor/a escrever suas experiências sobre as crianças. c) É um material que não é utilizado para o planejamento e a avaliação. d) Ele é um instrumento para o/a professor/a compreender a prática educativa. e) É um espaço de reflexão, à medida que é realizado a partir do vivido no cotidiano da instituição infantil. Resposta BARBOSA, M. C. S. Por amor e força. Rotinas na Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 2006. BRASIL. Resolução CNE/CEB n. 5, de 17 de dezembro de 2009. Brasília, 2009a. Disponível em: https://tinyurl.com/mry4zfna. Acesso em: 18 jan. 2024. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. FREIRE, M. Educador: educa a dor. São Paulo: Paz e Terra, 2008. HORN, M. G. S. Brincar e Interagir nos espaços da escola infantil. Porto Alegre: Penso, 2017. HORN, M. G. S.; BARBOSA, M. C. S. Abrindo as portas da escola infantil: viver e aprender e aprender nos espaços externos. Porto Alegre: Penso, 2022. KISHIMOTO, T. M. Brinquedos e Brincadeiras na Educação Infantil. In: SEMINÁRIO NACIONAL: CURRÍCULO EM MOVIMENTO – PERSPECTIVAS ATUAIS, 1., 2010, Belo Horizonte, nov. 2010. Anais […]. Brasília: MEC, 2010. Disponível em: https://tinyurl.com/2bbdhwck. Acesso em: 21 jul. 2023. Referências KLISYS, A.; STELLA, C. D. Quer jogar? São Paulo: Edições Sesc, 2010. MELLO, S. A. Documento de reorientação curricular da Rede Municipal de Osasco. Osasco: Centro de Formação de Osasco, 2010. OLIVEIRA, Z. M. R. et al. O trabalho do professor na Educação Infantil. 3. ed. São Paulo: Biruta, 2019. SÃO PAULO. Currículo da cidade: Educação Infantil. São Paulo: SME/COPED, 2019. TONUCCI, F. 40 anos com olhos de criança. Porto Alegre: Artmed, 2008. WARSCHAUER, C. A roda e o registro: uma parceria entre alunos, professor e o conhecimento. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993. OBSERVAÇÃO: Para acesso ao Manual de Estágio: AVA – COMUNIDADES – MINHAS COMUNIDADES – PD – CEE COORDENADORIA DE ESTÁGIOS EM EDUCAÇÃO – TURMA 2022, você encontrará um MANUAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO – PRÉ-ESCOLA. Referências ATÉ A PRÓXIMA!
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