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Prévia do material em texto

F. Tales Massei Miguel L. Albuquerque 
 
 
 
 
 
 
 
Janeiro de 2023 
A 
Editora 
Império Cristão 
 F. Tales Massei Miguel L. Albuquerque 
 
Copyright © 2023 Editora Império Cristão Todos os direitos re-
servados. 
Email: editoraimperiocristãoeic@gmail.com 
Site: http://editoraimperiocristaolivros.blogspot.com 
Contatos: 
(11) 91184-5727 – (11) 94202-1709 
CNPJ: 49.153.076/0001-46 
 
Todas as interpretações textuais e ideias teológica neste livro é 
de responsabilidade do autor e não necessariamente refletem o 
ponto de vista da 
(EDITORA IMPÉRIO CRISTÃO) 
 
Proibida a reprodução por quaisquer meios (mecânicos, 
eletrônicos, xerográficos, fotográficos, gravação, esto-
cagem em banco de dados, etc.), a não ser em citações 
breves com indicação de fonte. 
 
 
A 
Editora 
Império Cristão 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
(Câmara Brasileira do Livro, SP Brasil) 
 
 A345l - M394l Massei, Felipe Tales 
 Livre Arbítrio e Predestinação – Um Tratado 
Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade/ Felipe Tales Massei, 
Miguel L. Albuquerque. – Jundiaí-SP: Editora Império Cristão, 1ª 
Edição Janeiro de 2023. 
 201 p.; Tamanho: 14x21 cm. 
 Bibliografia, pág., 197-199 
 ISBN: 979-83-736-5385-5 
 
 
 CDU: 23 CDD: 234-9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Índice de catálogo sistemático 
1. Bíblia. 
2. Predestinação e Livre Arbítrio. 
3. Teologia Dogmática. 
I. Título 
 
 
 
Diretora Executiva: 
Jaqueline A. Massei 
Gerente de Publicação: 
Jackson S. Fernandes 
Diagramação: 
Felipe Tales Massei 
Revisão: 
Jamile N. Fernandes 
Capa: 
Setor de Designer 
Impressão: 
São Paulo 
Gráfica: 
Book 2 
Todas as referências Bíblicas usadas neste livro 
são da tradução livre da versão KJA, exceto as que 
contem indicações da fonte. 
 
 
 
 
 
 
Dedicatória 
(F. Tales Massei) 
Dedico este Livro ao querido irmão em Cristo, meu grande 
amigo que considero um pai, Pastor Jackson S. Fernandes, 
um homem piedoso que me ensinou muito sobre a vida 
cristã, é o servo de Cristo com quem eu tenho prazer de tra-
balhar junto tanto no ministério OPCN – (O Poder da Cruz 
para as Nações) como na Editora Império Cristão. 
 
Dedicatória 
(Miguel L. Albuquerque) 
Dedico este livro a todos os amantes das Escritura, a todos 
os expositores Evangelho, mensageiros do Senhor Jesus. 
Dedico este livro também a minha família e aos meus ami-
gos. 
 
 
 
Sumário 
 
INTRODUÇÃO 
HISTÓRIA ............................................................................................................ 14 
Antecedentes ............................................................................................................................... 15 
A Influência De João Calvino .............................................................................................. 18 
A Diferença Em Relação Ao Luteranismo ..................................................................... 21 
A Expansão Calvinista ............................................................................................................ 22 
O Sínodo De Dort ...................................................................................................................... 24 
A Confissão De Fé De Westminster .................................................................................. 25 
DOUTRINA .......................................................................................................... 26 
Revelação E As Escrituras ..................................................................................................... 26 
Deus ................................................................................................................................................. 28 
Criação E Expiação ................................................................................................................... 30 
Pecado ............................................................................................................................................ 31 
VERTENTES TEOLÓGICAS REFORMADAS ...................................................... 32 
O Amiraldismo ........................................................................................................................... 32 
O Calvinismo Do Sínodo De Dordt ................................................................................... 33 
Aliancismo Calvinista .............................................................................................................. 37 
Hipercalvinismo ........................................................................................................................ 38 
O Edwardsianismo ................................................................................................................... 39 
Barth E O Calvinismo Evangelical .................................................................................... 39 
O Novo Calvinismo ................................................................................................................... 40 
Interpretação Sociológica ...................................................................................................... 41 
ARMINIANISMO ................................................................................................. 42 
História .......................................................................................................................................... 45 
Contexto Histórico.................................................................................................................... 46 
TEOLOGIA ........................................................................................................... 49 
Arminianismo Clássico ........................................................................................................... 49 
Interpretação Dos Cinco Pontos ........................................................................................ 54 
Citações Das Obras De Armínio ......................................................................................... 56 
Arminianismo Wesleyano ..................................................................................................... 59 
 
 
 
CAPÍTULO I 
A SOBERANIA DE DEUS 
OS PLANOS DE DEUS NÃO PODEM SER FRUSTRADOS ................................. 65 
COMO FUNCIONA A FÉ NA SOBERANIA DE DEUS ......................................... 72 
COMO FUNCIONA A ORAÇÃO NA SOBERANIA DE DEUS .............................. 76 
 
CAPÍTULO II 
A EXPIAÇÃO LIMITADA 
A EXPIAÇÃO SÓ TEM EFEITO PARA OS QUE CREEM .................................... 80 
A EXPIAÇÃO OFERECIDA É SUFICIENTE PARA O MUNDO TODO ............... 82 
A EXPIAÇÃO PODE SER REJEITADA PELOS PECADORES ............................. 84 
 
CAPÍTULO III 
A LIVRE ESCOLHA 
O HOMEM TEM DIREITO DE ESCOLHA ......................................................... 90 
O RESULTADO DE UMA NATUREZA CAÍDA .................................................... 91 
A GRAÇA COMUM ............................................................................................... 92 
CAPÍTULO IV 
INTERVENÇÃO DIVINA 
DEUS INTERVÉM EM NOSSAS ESCOLHAS? .................................................... 95 
A VERDADE SOBRE A INTERVENÇÃO DIVINA ............................................... 96 
A COMPATIBILIDADE DA INTERVENÇÃO COM RESPONSABILIDADE 
HUMANA ............................................................................................................. 98 
 
CAPÍTULO V 
O CHAMAMENTO GERAL 
DEUS TEM UM PROPÓSITO QUE É NOS CHAMAR ....................................... 110 
DEUS NOS ATRAI A ELE POR MEIO DO SACRIFÍCIO DE CRISTO ................ 111POR MEIO DA PREGAÇÃO ................................................................................ 112 
 
CAPÍTULO VI 
PROGRESSÃ DA GRAÇA 
O ALCANCE DA GRAÇA SALVADORA .............................................................. 119 
O PROCESSO DE JUSTIFICAÇÃO .................................................................... 122 
A Graça É A Fonte Da Justificação ................................................................................. 122 
A Obra De Cristo É O Fundamento Da Justificação ............................................... 124 
A Fé É O Meio Da Justificação .......................................................................................... 127 
O PROCESSO DE REGENERAÇÃO ................................................................... 129 
A Necessidade Da Regeneração ........................................................................................ 132 
O PROCESSO DE SANTIFICAÇÃO .................................................................... 133 
O Que Significa Santificação Ou Santidade? .............................................................. 134 
Os Conceitos Acerca Da Santificação ............................................................................. 135 
Quem Opera A Santificação, Deus Ou O Homem? .................................................. 136 
O Equilíbrio Na Santificação ............................................................................................. 137 
Quem Está Apto À Santificação?...................................................................................... 139 
Como Ocorre A Santificação? ............................................................................................ 140 
As Características Da Santificação .................................................................................. 142 
Através Da Santificação É Possível Deixar De Pecar? ............................................ 143 
A Santificação Não É Legalismo Ou Uma Aparente Espiritualidade ............. .144 
A Importância Da Santificação ......................................................................................... 146 
 
 CAPÍTULO VII 
TORNANDO-SE PARTE DO CORPO DE CRISTO 
AGORA SOMOS SERVOS DE DEUS .................................................................. 150 
UM ESTÁGIO DE TRANSFORMAÇÃO .............................................................. 151 
NOVA CRIATURA .............................................................................................. 153 
 
 CAPÍTULO VIII 
A ELEIÇÃO 
COMO FUNCIONA A ELEIÇÃO ........................................................................ 159 
A ELEIÇÃO É UMA AÇÃO CONJUNTA ............................................................. 163 
 
 
ELEITOS EM CRISTO ........................................................................................ 163 
CRISTO O ELEITO DE DEUS ............................................................................ 164 
 
 CAPÍTULO IX 
A PRESCIÊNCIA DE DEUS 
A PRESCIÊNCIA NA BÍBLIA ............................................................................. 170 
A PRESCIÊNCIA DE DEUS É SUA VISÃO ACERCA DO FUTURO ................... 170 
A PRESCIÊNCIA DE DEUS É MAIS DO QUE COGNIÇÃO ................................ 171 
CONCLUSÃO SOBRE A PRESCIÊNCIA DE DEUS ........................................... 173 
 
CAPÍTULO X 
A PREDESTINAÇÃO 
QUANDO ACONTECE A PREDESTINAÇÃO .................................................... 178 
QUEM É PREDESTINADO ................................................................................ 183 
 
 CAPÍTULO XI 
A JUSTIÇA DE DEUS 
OS ASPECTOS DA JUSTIÇA DE DEUS ............................................................. 188 
A JUSTIÇA DE DEUS NA BÍBLIA ...................................................................... 189 
O AMOR E A JUSTIÇA DE DEUS ....................................................................... 191 
CRISTO E A JUSTIÇA DIVINA .......................................................................... 192 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 195 
BIBLIOGRAFIAS .................................................................................................................. 197 
 
 
 
 
 
Prefacio 
Este material tem o objetivo de lhe proporcionar a verda-
deira compreensão sobre esse assunto. Produzido com muita 
oração e dedicação da nossa parte para oferecer ao leitor um 
bom conteúdo doutrinário solidificado nas Escrituras, um li-
vro que pretende retirar as limitações que formaram um 
campo de divergência e abrir os portões para um campo de 
formação de um pensamento fiel às Escrituras a partir dos 
ensinamentos da fé reformada, temos neste livro alguma opi-
niões a respeito de tudo que aprendemos ao longo do tempo 
a respeito do assunto, e em uma unificação de ideias a pro-
cura de formas para harmoniza-las ambas as doutrina; che-
gamos a algumas conclusões aparte do que é tradicional na 
forma em quem essas doutrinas se encontram e o momento 
exato desse encontro. Tenha a certeza de que tem em mãos 
um dos melhores conteúdos já publicado sobre o assunto.
 
 
 
 
13 | P á g i n a 
 
I 
 
T 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
alar sobre predestinação e livre-arbítrio com certeza 
ainda é um dos assuntos mais polêmicos que exis-
tem na atualidade e o desenvolvimento dessas doutrinas bem 
como sua formação está profundamente fundamentada nas 
escrituras, ao longo dos séculos os dois extremismos geraram 
grandes debates e esses debates perduram as nossas gera-
ções. O desenvolvimento dessas doutrinas teve início ainda 
na Igreja Primitiva, e foram organizadas por alguns homens 
piedosos que foram levantados por Deus para nos esclarecer 
F 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
14 | P á g i n a 
 
o que as escrituras tem a nos ensinar a respeito de determi-
nados assuntos que não ficaram tão claros aos leitores, tanto 
para um leitor iniciante das escrituras ou ainda para quem é 
mais dedicado aos estudos. Para entendermos esse assunto 
nós precisaremos analisar a história por trás de todas essas 
divergências, de como surgiram esses debates e o por que 
surgiram tantas discussões e ainda até hoje não há da parte 
de muitos uma posição de equilíbrio, isso se dá pelo simples 
fato de colocar os pontos que aparentemente se divergem em 
ordens erradas. Explicaremos, portanto, qual é o momento 
exato em que ambas as doutrinas se encontram nas escritu-
ras, quando termina uma e quando começa a outra, também 
veremos quando e como elas se expressam ao mesmo tempo. 
É necessário lembrar que uma doutrina não anula a outra, e 
para entendermos essa questão e conseguimos achar o ponto 
de equilíbrio e compatibilidade é necessário abrir mão do 
conceito de que uma está certa e a outro está errada. O pro-
blema maior para entender essas questões sobre responsabi-
lidade humana e Soberania Divina está na questão da exis-
tência do pecado como entendemos esse fato e até que ponto 
o pecado atingiu a humanidade se entendemos essas ques-
tões provavelmente entenderemos muitas outras. 
 
HISTÓRIA 
INTRODUÇÃO 
 
15 | P á g i n a 
 
Há alguns séculos atrás surgiram muitas contradições 
doutrinárias dentro da Igreja, e essas contradições levaram 
alguns a escreverem artigos a respeito das doutrinas que es-
tavam sendo expostas de maneira errada, consequente-
mente, consideradas heresias. Foi aí então que se deu início 
ao movimento religioso e teológico que trouxe novamente a 
verdade que estava sendo obscurecida pelo clero papal, que 
estava colocando a tradição em pé de igualdade em autori-
dade das escrituras a partir daí que começa o desenvolvi-
mento e esclarecimento de ambas as doutrinas. 
Antecedentes 
Ainda que a Reforma Protestante tenha eclodidoapenas 
no século XVI, as raízes deste movimento começaram a 
emergir durante a Baixa Idade Média (séculos XI-XV), 
quando grupos de cristãos passaram a questionar as normas, 
práticas e doutrinas da Igreja Católica, os quais ficaram co-
nhecidos como aqueles que propagavam as “heresias medie-
vais”, ou seja, que se colocavam contrários à doutrina católica 
romana. Dentre eles estavam os valdenses, grupo religioso 
fundado pelo mercador Pedro Valdo, no século X. Um movi-
mento cristão de caráter ascético, os valdenses já defendiam 
muitos dos pontos que mais tarde seriam importantes para a 
Reforma, expostos na Profissão de Fé de Valdo, que sobre-
vive até hoje. Dentre outras teses teológicas relevantes, os 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
16 | P á g i n a 
 
valdenses pregavam: A suficiência da expiação de Cristo; 
uma negação do Purgatório como uma “invenção do Anti-
cristo”; a queda do homem; a negação da transubstanciação; 
o sacerdócio universal; a estrita aderência à Bíblia, que foi 
traduzida para a língua da população; a recusa da veneração 
aos santos; e a pregação da Palavra por leigos. Intensamente 
perseguidos pelas autoridades católicas, os valdenses busca-
ram se juntar à nascente Reforma Protestante, no século 
XVI, e com as Resoluções de Chanforan em 12 de setembro 
de 1532, se tornaram formalmente parte da tradição Calvi-
nista. O movimento influenciou significativamente o proemi-
nente reformador suíço Heinrich Bullinger, e a primeira ver-
são protestante da Bíblia em francês, traduzida por Pierre 
Robert Olivétan com a ajuda de um ainda jovem e recém-
convertido ao Protestantismo João Calvino, foi em parte ba-
seada na versão valdense do Novo Testamento, e teve auxílio 
em seu financiamento e publicação das Igrejas valdenses. 
Desta forma, é razoável supor que houve significativa in-
fluência do movimento valdense no Calvinismo. Entretanto, 
os personagens que teriam maior influência sobre as refor-
mas religiosas seriam o reformador inglês John Wycliffe 
(1320-1384) e o reformador tcheco Jan Hus (1369-1415). 
Wycliffe foi padre, doutor e professor de teologia em Oxford, 
sendo um forte crítico do luxo, abusos e excessos de poder da 
INTRODUÇÃO 
 
17 | P á g i n a 
 
Igreja, e colocando-se contra a existência do poder papal e de 
qualquer forma de institucionalização da Igreja. Defendia 
que a mesma deveria adotar uma pobreza apostólica e afir-
mava que a verdadeira Igreja era composta pela Assembleia 
dos Eleitos, que não necessitavam de intermediários, pois 
possuíam um contato direto com Deus através do acesso às 
Escrituras, tendo também traduzido a Bíblia para o inglês. 
Condenou a prática das indulgências, a veneração de ima-
gens e santos, a confissão auricular e o celibato clerical. Ape-
sar de ter recebido o apoio da Corte inglesa, em especial por 
condenar o envio de dinheiro inglês para Roma, tendo che-
gado a ser conselheiro teológico da Coroa, a reação da Igreja 
Romana às suas ideias foi dura, e no Concílio de Constança 
(1415), suas obras foram condenadas como heréticas, seus 
escritos queimados e proibidos de circular, e ele próprio foi 
condenado à fogueira póstuma, fazendo com que seus ossos 
fossem exumados e queimados. Contudo, suas ideias se es-
palharam por outras regiões da Europa e influenciaram Jan 
Hus. Também padre e professor da Universidade de Praga, 
Hus foi um difusor das ideias de Wycliffe, ao defender a ado-
ção da pobreza apostólica por parte do clero e o fim das in-
dulgências, e também afirmando a Bíblia como a maior au-
toridade cristã, e declarando que o Papa que não a seguisse 
não deveria ser obedecido, visto que Cristo era o verdadeiro 
chefe da Igreja. Também antecipou algumas teses Calvinistas 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
18 | P á g i n a 
 
importantes, tais como a Depravação Total e a Expiação Li-
mitada, em alguns trechos da sua obra. Às vezes, o termo Cal-
vinista, sem ser seguido de alguma explicação, significa Cal-
vinismo do sínodo de Dordt como em oposição a outras po-
sições teológicas, principalmente o arminianismo. 
A Influência De João Calvino 
João Calvino exerceu uma influência importantíssima no 
desenvolvimento da doutrina reformada. Para além da sua 
influência sobre a doutrina da predestinação, pela qual é 
mais conhecido, ele era um prolífico escritor, produzindo 
uma ampla obra literária que compõe 59 volumes da coleção 
conhecida como Corpus Reformatorum, incluindo as famo-
sas Institutas da religião Cristã, comentários sobre quase to-
dos os livros da Bíblia, sermões, escritos apologéticos, litúr-
gicos e catequéticos, panfletos e tratados, além de inúmeras 
cartas escritas às mais diferentes categorias de pessoas. 
As Institutas da Religião Cristã, opus magnum (ou grande 
obra), foram publicadas pela primeira vez em 1536, e atuali-
zadas com novas informações e ideias ao longo de 23 anos, 
sendo a sua última edição publicada em 1559. Em sua pri-
meira edição, foi publicada com o propósito de ser uma in-
trodução simples (até mesmo rudimentar) ao conhecimento 
da vida cristã, ou, como dito pelo próprio Calvino: 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Calvino
https://pt.wikipedia.org/wiki/Predestina%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Institutas_da_Religi%C3%A3o_Crist%C3%A3
INTRODUÇÃO 
 
19 | P á g i n a 
 
“Pretendi apenas fornecer algum ensino elementar atra-
vés do qual qualquer pessoa que tenha sido tocada por um 
interesse na religião pudesse ser educada na verdadeira pi-
edade. E fui especialmente diligente nessa obra por causa 
do nosso próprio povo da França. Vi muitos deles com fome 
e sede de Cristo, mas muito poucos imbuídos com até mesmo 
um pequeno conhecimento dele. Que é isto que propus, o 
próprio livro testifica através de sua forma de ensino sim-
ples e até mesmo rudimentar”. 
Esta primeira edição tinha apenas seis capítulos, que tra-
tavam dos seguintes temas: 
1. A lei: Exposição do Decálogo; 
2. A fé: Exposição do Credo dos Apóstolos; 
3. A oração: Exposição da Oração Dominical; 
4. Os sacramentos; 
5. Os cinco falsos sacramentos; 
6. A liberdade cristã, o poder eclesiástico e a administra-
ção política. 
 Com o tempo, entretanto, a empreitada de Calvino foi ga-
nhando contornos mais ambiciosos. Já na segunda edição 
das Institutas, ele afirmava que: 
“Minha intenção nesta obra foi preparar e treinar de tal 
modo na leitura da Palavra Divina os aspirantes à teologia 
sagrada que eles possam ter fácil acesso à mesma e depois 
nela prossigam sem tropeçar. Pois penso que abrangi de tal 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
20 | P á g i n a 
 
maneira a suma da religião em todas as suas partes, dis-
pondo-a em ordem, que todos os que a assimilarem corre-
tamente não terão dificuldade em determinar tanto o que 
devemos buscar de modo especial nas Escrituras quanto 
para que objetivo devem direcionar tudo o que está contido 
nas Escrituras”. 
Ao final, em sua última edição, as Institutas possuíam um 
volume muito maior que em sua versão original, e abordaram 
um escopo de assuntos muito mais amplo e complexo. Outra 
fonte de contribuição de Calvino para o estabelecimento da 
teologia reformada foi a sua atuação na fundação da Acade-
mia de Genebra. Através da sua liderança e com o auxílio de 
Teodoro de Beza, estabelecido por ele como o primeiro reitor 
da recém-nascida Universidade, a Academia pôde se tornar 
um proeminente centro de treinamento para reformadores 
protestantes, a maioria dos quais eram refugiados franceses, 
enviando assim missionários e pastores por toda a Europa. 
Além disso, Calvino buscou exercer um papel conciliador en-
tre as diferentes correntes do protestantismo da época, bus-
cando conciliar luteranos e zuinglianos no quedizia respeito 
à sua doutrina sobre a Ceia, e sendo co-autor do Consensus 
Tigurinos ou Consenso de Zurique, que buscava trazer uni-
dade às igrejas protestantes quanto às suas doutrinas sobre 
os sacramentos. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Academia_de_Genebra
https://pt.wikipedia.org/wiki/Academia_de_Genebra
https://pt.wikipedia.org/wiki/Protestantismo
INTRODUÇÃO 
 
21 | P á g i n a 
 
A Diferença Em Relação Ao Luteranismo 
O Calvinismo se desenvolveu principalmente a partir da 
segunda fase da Reforma Protestante, quando as igrejas pro-
testantes começaram a se institucionalizar, na sequência da 
excomunhão de Martinho Lutero da Igreja Católica Romana. 
Neste sentido, o Calvinismo foi originalmente um movi-
mento luterano. O próprio Calvino assinou a versão alterada 
da Confissão Luterana de Augsburg, a Variata, em 1540. Por 
outro lado, a influência de Calvino começou a fazer-se sentir 
na Reforma Suíça, que não foi luterana, tendo seguido a ori-
entação conferida por Ulrico Zuínglio, um teólogo da pri-
meira geração da Reforma que tinha alguns pontos relevan-
tes de divergência com os luteranos, particularmente quanto 
ao papel dos sacramentos. A doutrina das Igrejas reforma-
das, portanto, tomou uma direção independente da de Lu-
tero, graças à influência de numerosos escritores e reforma-
dores, dentre os quais estavam Ulrico Zuínglio, João Cal-
vino, Martin Bucer, William Farel, Heinrich Bullinger, Pie-
tro Martire Vermigli, Teodoro de Beza, e John Knox. Calvi-
nistas romperam com a Igreja Católica Romana, mas dife-
riam de outros reformadores. Em relação aos Luteranos, dis-
tinguiam-se na doutrina sobre a presença real de Cristo na 
Eucaristia, princípio regulador do culto e o uso da lei de Deus 
para os crentes, entre outras coisas. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_Protestante
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Cat%C3%B3lica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_Su%C3%AD%C3%A7a
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ulrico_Zu%C3%ADnglio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ulrico_Zu%C3%ADnglio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Cat%C3%B3lica_Romana
https://pt.wikipedia.org/wiki/Luteranismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Princ%C3%ADpio_regulador_do_culto
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
22 | P á g i n a 
 
A Expansão Calvinista 
Após a publicação das Institutas, houve um período de in-
tenso crescimento do movimento reformado na Europa, cada 
qual com o seu viés teológico e social distinto. Na Escócia, 
onde o reformador John Knox liderou um movimento revo-
lucionário de cunho religioso, o movimento se desenvolveu 
em uma direção politicamente muito mais radical do que no 
Calvinismo original. Knox entrou em conflito com as autori-
dades quase imediatamente, embora a Confissão Escocesa 
seja cuidadosamente contida, em relação à resistência ao po-
der, expressa: Portanto, confessamos e declaramos que aque-
les que resistem aos poderes supremos, enquanto estiverem 
agindo em suas próprias esferas, estão resistindo à orde-
nança de Deus e não podem ser considerados inocentes. Afir-
mamos ainda que, enquanto os príncipes e governantes cum-
prirem vigilantemente seu ofício, qualquer pessoa que lhes 
negue ajuda, conselho ou serviço, o nega a Deus, que por seu 
lugar-tenente anseia por isso deles. Mesmo assim, a qualifi-
cação, enquanto eles estiverem agindo em suas próprias es-
feras, representa uma ameaça ao poder; e, em suas entrevis-
tas posteriores com a Rainha e em seu debate com Maitland 
de Lethington, Knox afirmou categoricamente que quando os 
poderes governantes ultrapassassem suas esferas, o povo ti-
nha todo o direito de resistir a eles. No século e meio 
INTRODUÇÃO 
 
23 | P á g i n a 
 
seguinte, a história da Escócia foi dominada pela determina-
ção da coroa em dominar a Igreja. As coisas chegaram ao 
auge com a restauração de 1660, quando Carlos II se arrogou 
o poder absoluto em todas as questões espirituais e tempo-
rais. A luta pela independência espiritual tornou-se então 
uma luta contra a tirania política; o produto final seria a der-
rota do absolutismo e a introdução da monarquia constituci-
onal. A base da luta era uma teoria bem desenvolvida da de-
sobediência civil, exposta em uma volumosa literatura. En-
quanto isso, na Suíça, isolada política e culturalmente após a 
Reforma de sua proximidade geográfica com a França cató-
lica romana e Sabóia, Genebra foi forçada a estabelecer uma 
rede difusa, mas poderosa, de relações intelectuais e econô-
micas com o resto da Europa e com nações no exterior. A Ba-
sileia e Genebra tornaram-se, então, além de centros missio-
nários, centros de impressão importantes, com uma produ-
ção literária igual à de centros históricos como Estrasburgo 
ou Lyon com a tradição acadêmica suíça geralmente conside-
rando a Reforma como o divisor de águas entre a cidade me-
dieval e o início da República moderna independente. Na 
França, a despeito da ampla perseguição aos Huguenotes, em 
1555 foram erguidas as primeiras Igrejas Calvinistas, nome-
adamente em Paris, Meaux, Angers, Poitiers e Loudun. Nos 
três anos seguintes surgiram as comunidades de Orleães, 
Rouen, La Rochelle, Toulouse, Rennes e Lyon. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Paris
https://pt.wikipedia.org/wiki/Loudun
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rennes
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
24 | P á g i n a 
 
O protestantismo francês, a partir de então, experimentou 
um rápido crescimento. Em 1562, já eram mais de 2.000 
Igrejas francesas, com dois milhões de huguenotes. Além 
desses primeiros locais, o Calvinismo se espalhou pela Ingla-
terra, Holanda, Itália, as colônias de língua inglesa da Amé-
rica do Norte e por partes da Alemanha e da Europa central. 
Em muitos destes locais, o Calvinismo tornou-se imediata-
mente popular e atraente, para além das fronteiras geográfi-
cas e sociais. Na Alemanha, encontrou adeptos entre burgue-
ses e príncipes e, na Inglaterra e na Holanda, houve conver-
tidos em todos os grupos sociais. No mundo anglo-saxão, as 
noções Calvinistas encontraram materialização no purita-
nismo inglês, cujo éthos provou ser muito influente na Amé-
rica do Norte no início do século XVII. No Brasil, os primei-
ros registros de evangelização Calvinista começaram já du-
rante o período colonial, mas só houve crescimento susten-
tado dos membros desta corrente religiosa a partir do século 
XIX, com o advento da liberdade religiosa. 
O Sínodo De Dort 
De 1618 a 1619, ocorreu um sínodo internacional que teve 
lugar em Dordrecht, na Holanda. Este sínodo, promovido 
pela Igreja Reformada Holandesa, com o objetivo de regular 
uma séria controvérsia nas Igrejas Holandesas, gerada pela 
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADnodo
INTRODUÇÃO 
 
25 | P á g i n a 
 
ascensão do Arminianismo, contou com representantes re-
formados de alguns estados da Alemanha, Inglaterra, Suíça e 
Holanda, sem contar com representantes reformados de ou-
tras nações alemãs, Hungria e França. Em 1610, os seguido-
res de Jacobus Arminius apresentaram aos Estados Gerais 
uma admoestação remonstrante, em cinco artigos que conti-
nham seus pontos de vista teológicos; assim, os Arminianos 
holandeses também eram chamados de remonstrantes. Em-
bora o sínodo originalmente objetivasse trazer acordo sobre 
a doutrina da predestinação entre todas as Igrejas reforma-
das, ele acabou com os remonstrantes sendo expulsos, uma 
vez que recusaram-se a aceitar as regras que então foram es-
tabelecidas. Em resposta à controvérsia teológica, foram pro-
duzidos os Cânones de Dort, descrevendo os pontos básicos 
de uma das vertentes da doutrina reformada. 
A Confissão de Fé de Westminster 
A Confissão de Westminster foi produzida pela Assem-
bleia de Westminster, convocada pelo Parlamento inglês em 
1643, durante a Guerra Civil Inglesa. A Confissão foi conclu-
ídaem 1646 e apresentada ao Parlamento, que a aprovou 
após algumas revisões em junho de 1648. Foi adotada pela 
Igreja da Escócia em 1647, por vários corpos Presbiterianos 
americanos e ingleses com algumas modificações e por al-
guns Congregacionais e Batistas. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Assembleia_de_Westminster
https://pt.wikipedia.org/wiki/Assembleia_de_Westminster
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
26 | P á g i n a 
 
Baseada nos Artigos de Religião Irlandeses (1615), ela 
também se baseou fortemente na tradição reformada do con-
tinental e na herança dos credos da Igreja Cristã primitiva. 
Um consenso teológico do Calvinismo internacional em sua 
formulação clássica, consiste em 33 capítulos, e fornece uma 
visão dos pontos de vista reconhecidos pela ortodoxia refor-
mada da época, tais como a autoridade das Escrituras, as 
doutrinas quanto à Trindade e a Cristo, bem como as visões 
Calvinistas quanto às alianças de Deus com o homem, os sa-
cramentos e o sacerdócio. 
 
DOUTRINA 
O termo doutrina pode ser definido como o conjunto de 
princípios que servem de base a um sistema, seja ele religi-
oso, político, filosófico, militar, pedagógico, entre outros. 
Revelação E As Escrituras 
Todos os teólogos reformados plenamente acreditamos 
que Deus comunica o conhecimento de Si mesmo para as 
pessoas através da Sua Palavra. As pessoas não são capazes 
de saber nada sobre Deus, exceto através desta auto-revele-
ção. A especulação sobre qualquer coisa que Deus não reve-
lou através de sua Palavra não se justifica. Todavia, os Calvi-
nistas entendem que Deus é infinito, e as pessoas finitas são 
INTRODUÇÃO 
 
27 | P á g i n a 
 
incapazes de compreender um Ser infinito. Enquanto o co-
nhecimento revelado por Deus nunca está incorreto, ele tam-
bém nunca é completo. De acordo com a teologia reformada, 
a auto-revelação de Deus é sempre através de Seu Filho Jesus 
Cristo, porque Cristo é o único mediador entre Deus e as pes-
soas (1 Tm 2:5). A revelação de Deus através de Cristo vem 
por meio de dois canais básicos. 
1. A Criação e Providência, a chamada revelação 
natural, que é criar e continuar a trabalhar no mundo 
de Deus. Esta ação de Deus dá a todos o conheci-
mento sobre Ele, mas esse conhecimento só é sufici-
ente para fazer todos os seres humanos culpados por 
seus pecados, porque ele não inclui conhecimento do 
Evangelho. 
2. A Redenção, que é o Evangelho da salvação da 
condenação que é castigo pelo pecado, esta é a reve-
lação especial. Na teologia reformada, a Palavra de 
Deus assume diversas formas. O próprio Jesus Cristo 
é o Verbo encarnado. As profecias sobre Ele podem 
ser encontradas no Antigo Testamento e no ministé-
rio dos apóstolos que o viram e comunicaram a sua 
mensagem, também são a Palavra de Deus. Além 
disso, a pregação dos ministros sobre Deus é a pró-
pria Palavra de Deus, porque Deus é considerado fa-
lando através deles. Deus fala também através de 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jesus_Cristo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jesus_Cristo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_cria%C3%A7%C3%A3o_no_G%C3%AAnesis
https://pt.wikipedia.org/wiki/Divina_Provid%C3%AAncia
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
28 | P á g i n a 
 
escritores humanos na Bíblia, que é composta de tex-
tos separados por Deus para a auto-revelação. Teó-
logos reformados enfatizam a Bíblia como um meio 
excepcionalmente importante pelo qual Deus se co-
munica com as pessoas. Teólogos reformados afir-
mam que a Bíblia é verdadeira, mas as diferenças 
surgem entre eles sobre o significado e a extensão de 
sua veracidade. Seguidores da escola de Princeton, 
tais como a Igreja Presbiteriana do Brasil, Igreja 
Presbiteriana Nacional no México e Igreja Presbite-
riana na América, consideramos que a Bíblia é ver-
dadeira e infalível, ou incapaz de erro ou falsidade, 
em todos os aspectos. Um outro ponto de vista, in-
fluenciado pelo ensino de Karl Barth e a Neo-Orto-
doxia, é encontrado na Confissão de 1967 da Igreja 
Presbiteriana (EUA). Aqueles que tomam este ponto 
de vista acreditam que a Bíblia é a principal fonte de 
nosso conhecimento de Deus. Neste ponto de vista, 
Cristo é a revelação de Deus, e as Escrituras testemu-
nham desta revelação ao invés de ser a própria reve-
lação. 
Deus 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Presbiteriana_do_Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Presbiteriana_Nacional_no_M%C3%A9xico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Presbiteriana_Nacional_no_M%C3%A9xico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Presbiteriana_na_Am%C3%A9rica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Presbiteriana_na_Am%C3%A9rica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Presbiteriana_(EUA)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Presbiteriana_(EUA)
INTRODUÇÃO 
 
29 | P á g i n a 
 
Para a maior parte da tradição reformada não houve mo-
dificação do consenso medieval sobre a doutrina de Deus. O 
caráter de Deus é descrito usando principalmente três adje-
tivos: Eterno, Infinito e Imutável. Teólogos reformados como 
Shirley Guthrie propuseram que em vez de conceber a Deus 
em termos de Seus atributos e liberdade para fazer o que qui-
ser, a doutrina de Deus deve ser baseada no trabalho de Deus 
na história e sua liberdade para viver com e capacitar as pes-
soas. Tradicionalmente, teólogos reformados também segui-
ram a tradição medieval que remonta aos conselhos da Igreja 
primitiva de Nicéia e Calcedônia na doutrina da Trindade. 
Deus é um Deus em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. 
O Filho (Cristo) é detido para ser eternamente gerado pelo 
Pai e o Espírito Santo procede eternamente do Pai e Filho. 
No entanto, os teólogos contemporâneos têm sido críticos 
nos aspectos de pontos de vista ocidentais. Com base na tra-
dição cristã oriental, estes teólogos reformados propuseram 
uma "Trindade Social", na qual as pessoas da Trindade só 
existem em sua vida juntos como pessoas em relação. Con-
fissões reformadas contemporâneas como a Confissão de 
Barmen e as declarações da Igreja Presbiteriana (EUA) têm 
evitado a linguagem sobre os atributos de Deus e têm enfati-
zado seu trabalho de reconciliação e de capacitação das pes-
soas. O Teólogo novo Calvinista Michael Horton, no entanto, 
argumentou que o trinitarianismo social é insustentável 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Confiss%C3%A3o_de_Barmen
https://pt.wikipedia.org/wiki/Confiss%C3%A3o_de_Barmen
https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Presbiteriana_(EUA)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Novo_calvinismo
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Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
30 | P á g i n a 
 
porque abandona a unidade essencial de Deus em favor de 
uma comunidade de seres separados em comunidade. 
Criação e Expiação 
Teólogos reformados afirmam a crença cristã histórica de 
que Cristo é eternamente uma pessoa com uma natureza di-
vina e uma natureza humana. Reformadores cristãos especi-
almente enfatizam que Cristo verdadeiramente se tornou hu-
mano para que as pessoas pudessem ser salvas. A natureza 
humana de Cristo tem sido um ponto de discórdia entre a 
cristologia Reformada e Luterana. De acordo com a crença 
de que os seres humanos finitos não podem compreender a 
Divindade infinita, teólogos reformados asseguram que o 
corpo humano de Cristo não pode estar em vários locais ao 
mesmo tempo. Porque os luteranos creem que Cristo é corpo 
presente na Eucaristia, eles sustentam que Cristo é corpo 
presente em muitos locais simultaneamente. Para os cristãos 
reformados, tal crença nega que Cristo realmente se tornou 
humano. João Calvino e muitos teólogos reformados que o 
seguiram descrevem a obra da redenção de Cristo, em termos 
de três ofícios: Profeta, Sacerdote e Rei. Cristo é dito ser um 
profeta que ensina a doutrina perfeita, sacerdote que inter-
cede ao Pai emfavor dos crentes e se ofereceu como sacrifício 
pelo pecado, e um rei que governa a Igreja e luta pelos 
INTRODUÇÃO 
 
31 | P á g i n a 
 
crentes. O ofício tríplice vincula a obra de Cristo com a obra 
de Deus no antigo Israel. 
 Acreditam que a morte e ressurreição de Jesus torna pos-
sível para os crentes alcançar o perdão dos pecados e recon-
ciliação com Deus por meio da expiação. Reformados Calvi-
nistas subscrevem-se a diversas posições sobre a expiação. 
Uma posição surgida com Calvino é chamada Expiação 
Substitutiva, o que explica a morte de Cristo como um paga-
mento de sacrifício pelo pecado. Acredita-se que Cristo mor-
reu no lugar do crente, que é considerado justo como resul-
tado desse pagamento sacrificial. 
Pecado 
Na teologia cristã, as pessoas são criadas boas e à imagem 
de Deus, mas nos tornamos corrompidos pelo pecado, o que 
faz com que sejamos imperfeitos e excessivamente propensos 
à desobedecer o Criador. Cristãos reformados, seguindo a 
tradição de Agostinho de Hipona, acreditamos que esta cor-
rupção da natureza humana foi causada pelo primeiro pe-
cado de Adão e Eva, a doutrina chamada Pecado original. 
Teólogos reformados enfatizam que este pecado afeta toda a 
natureza de uma pessoa, incluindo a sua vontade. Sob esta 
visão o pecado domina as pessoas de forma que são incapazes 
de evitar o pecado, tem sido chamado de Total Depravity. 
Em Português, o termo “Depravação Total” pode ser 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Expia%C3%A7%C3%A3o_(vis%C3%A3o_substitucion%C3%A1ria)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Expia%C3%A7%C3%A3o_(vis%C3%A3o_substitucion%C3%A1ria)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Agostinho_de_Hipona
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
32 | P á g i n a 
 
facilmente mal interpretado para significar que as pessoas 
estão ausentes de qualquer bondade ou incapazes para fazer 
qualquer bem. No entanto, pelo ensino Reformado enquanto 
as pessoas continuam a suportar algo da imagem de Deus, 
podem fazer coisas que são exteriormente boas, mas suas in-
tenções pecaminosas afetam toda a sua natureza e ações pelo 
que eles não são totalmente agradáveis a Deus. Talvez, em 
português, fosse melhor usar a expressão “depravação GE-
RAL” ao invés de “total”, para entender que toda a natureza 
foi afetada, que é o que pretende a expressão original. 
 
VERTENTES TEOLÓGICAS REFORMADAS 
O Calvinismo não é um sistema doutrinário uniforme. 
Não é definido por um conjunto doutrinário distintivo, mas 
por um anseio de ser uma Igreja sempre em contínua re-
forma, algo expresso pelo lema latino “Ecclesia Reformanda 
semper reformata est”. Dentre as principais vertentes estão 
as seguintes. 
O Amiraldismo 
O Amiraldismo são as correntes reformadas que não fo-
ram influenciadas pelas reinterpretações que Teodoro de 
Beza fez sobre Calvino. Encontrou adeptos entre huguenotes 
e vários calvinistas moderados de língua inglesa. Parte da 
INTRODUÇÃO 
 
33 | P á g i n a 
 
premissa de que Deus tornou os benefícios da redenção de 
Cristo disponíveis a todos sem distinção. No entanto, como 
ninguém acreditaria por si mesmo se Deus não interviesse na 
primeira pessoa para suscitar a fé, Ele elege aqueles a quem 
pretende levar à fé em Cristo. 
O Calvinismo do Sínodo de Dordt 
A Escolástica Protestante e o Hipercalvinismo reinterpre-
tam a teologia reformada com base nos Cânones do Sínodo 
de Dordt. Lembrados pelo mnemônico, isto é, uma técnica 
com o objetivo de auxiliar a memória. “TULIP”, diz-se po-
pularmente que os cinco pontos resumem os Cânones de 
Dort; no entanto, não há nenhuma relação histórica entre 
eles, e alguns estudiosos argumentam que sua linguagem dis-
torce o significado dos Cânones, da teologia de Calvino e da 
teologia da Ortodoxia Calvinista do século XVIII, particular-
mente na linguagem sobre a Depravação Total e a Expiação 
Limitada. Os cinco pontos foram mais recentemente popula-
rizados no livreto de 1963, “Os Cinco Pontos do Calvinismo 
Definidos, Defendidos e Documentados” por David N. Steele 
e Curtis C. Thomas. As origens dos cinco pontos e do acrô-
nimo são incertas. As primeiras menções aos pontos parecem 
estar delineadas na contra remonstrância de 1611, uma res-
posta reformada menos conhecida aos arminianos que ocor-
reu antes dos Cânones de Dort. A sigla foi usada por Cleland 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cinco_pontos_do_calvinismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cinco_pontos_do_calvinismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2nones_de_Dort
https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2nones_de_Dort
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
34 | P á g i n a 
 
Boyd McAfee já por volta de 1905. Uma das primeiras apari-
ções impressas do acrônimo T-U-L-I-P está no livro de Lo-
raine Boettner de 1932, “The Reformed Doctrine of Predes-
tination”. A sigla foi muito cautelosamente usada por apolo-
gistas e teólogos Calvinistas antes do livreto de Steele e Tho-
mas. 
A afirmação central desses pontos é que Deus salva toda 
pessoa de quem tem misericórdia, e que seus esforços não 
são frustrados pela injustiça ou incapacidade dos seres hu-
manos. 
1. A Depravação Total, também chamada de “incapa-
cidade total”, afirma que, como consequência da queda 
do homem, toda pessoa está escravizada pelo pecado. 
Nos Cânones de Dort, a expressão Depravação Total 
não aparece, mas há a exposição de uma ideia similar: 
“Portanto, todos os homens são concebidos no pecado, 
e ao nascer como filhos da ira, incapazes de qualquer 
bem são ou salvífico, e inclinados ao mal, mortos em 
pecados e escravos do pecado; e eles não querem e 
nem podem voltar a Deus, nem corrigir sua natureza 
corrompida, e nem melhorá-la por si mesmos, sem a 
graça do Espírito Santo, que é aquele que regenera”. 
2. A Eleição Incondicional, afirma que Deus esco-
lheu os seus Eleitos desde a eternidade, não com base 
INTRODUÇÃO 
 
35 | P á g i n a 
 
na virtude, mérito ou fé previstos para essas pessoas; 
ao contrário, a sua escolha é incondicionalmente fun-
damentada somente em sua misericórdia. Deus esco-
lheu desde a eternidade estender misericórdia aos que 
escolheu e reter misericórdia aos não escolhidos. Os es-
colhidos recebem a salvação somente por meio de 
Cristo. Aqueles não escolhidos recebem a ira, que é jus-
tificada por seus pecados contra Deus. 
3. A Expiação Limitada, também chamada de “re-
denção particular” ou “expiação definida”. Apesar de os 
cânones de Dordt e muitos de seus participantes cre-
rem na expiação geral, porém com eficácia limitada, a 
recepção posterior por uma vertente hipercalvinista 
afirma que a expiação substitutiva de Jesus foi definida 
e certa em seu propósito e no que ela realizou. Isso im-
plica que apenas os pecados dos eleitos foram expiados 
pela morte de Jesus. Muitos intérpretes dos cânones de 
Dort não acreditam, no entanto, que a expiação seja li-
mitada em seu valor ou poder, mas sim que a expiação 
é limitada no sentido de que se destina a alguns e não a 
todos. Ou, como é exposto nos Cânones de Dort: “Pois 
este foi o soberano conselho, e a mais graciosa vontade 
e propósito de Deus Pai, que a eficácia vivificante e sal-
vífica da morte mais que preciosa de seu Filho se es-
tendesse a todos os Eleitos, para conceder a eles, e 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Expia%C3%A7%C3%A3o_limitada
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
36 | P á g i n a 
 
somente a eles, o dom da fé justificadora, e assim, 
trazê-los infalivelmente à salvação”. 
4. A Graça Irresistível, também chamada de “graça 
eficaz”, afirma que a graça salvadora de Deus é efetiva-
mente aplicada àqueles a quem Ele determinou salvar 
(isto é, os Eleitos) e supera a sua resistência natural em 
obedecer ao chamado do Evangelho, trazendo-os para 
a fé salvadora. Isso significa que quando Deustem o 
propósito soberano de salvar alguém, esse indivíduo 
certamente será salvo. A doutrina sustenta que esta in-
fluência intencional do Espírito Santo de Deus não 
pode ser resistida, mas que o Espírito Santo, “graciosa-
mente faz com que o pecador eleito coopere, creia, ar-
rependa-se, e vá livre e espontaneamente a Cristo”. 
5. Perseverança dos Santos, também conhecida 
como “perseverança de Deus com os santos” e “a pre-
servação dos crentes”, a palavra “santos” é usada para 
se referir a todos os que são separados por Deus, e não 
àqueles que são excepcionalmente santos, canonizados 
ou no céu, a doutrina afirma que, visto que Deus é so-
berano e a sua vontade não pode ser frustrada por hu-
manos ou por qualquer outra coisa ou ser, aqueles a 
quem Deus chamou à comunhão com Ele continuarão 
na fé até o fim. Aqueles que aparentemente caem ou 
INTRODUÇÃO 
 
37 | P á g i n a 
 
nunca tiveram fé verdadeira para começar (1 Jo 2:19), 
ou, se eles são salvos, mas não andam no Espírito, eles 
serão divinamente castigados (Hb 12:5-11) e serão leva-
dos ao arrependimento (1 Jo 3:6–9). 
Alguns dos pontos citados acima estão muito bem coloca-
dos e fundamentos nas escrituras, mas ficou algumas lacunas 
entre a verdades e as supostas exposições dessas verdades, 
como se tivesse sido ocultado o sentido da mensagem doutri-
nária de Deus ao homem, criando assim uma possibilidade 
de ver como uma controvérsia a luz de outros versículos. Por 
isso o Calvinismo é tão criticado, mas para aqueles que o 
aceita esses tornam-se consequentemente radicais naquilo 
que creem. 
Aliancismo Calvinista 
O teólogo reformado holandês Johannes Cocceius, propôs 
um conceito de pacto ou aliança para descrever a maneira 
como Deus entra em comunhão com as pessoas na história. 
O conceito de aliança é tão proeminente na teologia refor-
mada que às vezes é chamada de "teologia da aliança". No 
entanto, teólogos do século XVII desenvolveram um sistema 
teológico particular chamado "teologia da aliança" ou "teo-
logia federal" que muitas igrejas reformadas continuam a 
afirmar nos dias de hoje. Esse sistema estabelece uma divisão 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
38 | P á g i n a 
 
sobre a relação de Deus com as pessoas principalmente em 
dois pactos: O “pacto das obras"” e o “pacto da graça”. O 
pacto das obras é feito com Adão e Eva no Jardim do Éden, 
onde Deus proveria uma vida abençoada no Jardim com a 
condição de que Adão e Eva obedecessem à lei Divina perfei-
tamente, lei que esta, por natureza implantada no homem, 
mais conhecida como “lei moral”. 
Como Adão e Eva quebraram o pacto ao comer o fruto 
proibido, eles ficaram sujeitos à morte, foram banidos do jar-
dim e o pecado foi transmitido a toda a humanidade. Teólo-
gos federais geralmente inferem que Adão e Eva teriam ga-
nho a imortalidade caso tivessem obedecido perfeitamente. 
O segundo pacto, chamado o pacto da graça, é dito ter sido 
feito imediatamente após o pecado de Adão e Eva. Nele, Deus 
graciosamente oferece a salvação da morte sob a condição de 
fé em Jesus Cristo. Este pacto é administrado em formas di-
ferentes em todo o Antigo e Novo Testamentos, mas mantém 
a substância de ser livre de uma exigência de perfeita obedi-
ência. 
Hipercalvinismo 
O hipercalvinismo é um ramo fatalista da teologia calvi-
nista. Para os hipercalvinistas, a humanidade não tem o de-
ver universal de crer em Cristo para a salvação de suas almas, 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ad%C3%A3o_e_Eva
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jardim_do_%C3%89den
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hipercalvinismo
INTRODUÇÃO 
 
39 | P á g i n a 
 
pois Deus já determinou quem vai ser salvo ou não. O hiper-
calvinismo difere do calvinismo tradicional na “suficiência e 
eficiência” da expiação de Cristo. A predestinação no calvi-
nismo tradicional sustenta que somente os eleitos são capa-
zes de compreender a expiação de Cristo, mas que a suficiên-
cia da expiação se estende a toda a humanidade, enquanto o 
hipercalvinismo sustenta que a expiação é suficiente apenas 
para os eleitos. Entre os teólogos hipercalvinistas estão John 
Gill, Arthur Pink e R.C. Sproul. 
O Edwardsianismo 
A teologia da Nova Inglaterra ou “Edwardsianismo” de-
signa uma escola de teologia que cresceu por influência do 
avivalista Jonathan Edwards na época colonial dos Estados 
Unidos colonial. Nessa vertente, Deus é considerado sob as-
pectos mais éticos; por uma nova ênfase na liberdade, habi-
lidade e responsabilidade do homem; pela restrição da qua-
lidade moral à ação em distinção da natureza; e pela teoria 
de que o princípio constitutivo da virtude é a benevolência. 
Considera que o pecado original não é herdado, mas que os 
descendentes de Adão foram co-participantes da primitiva 
transgressão. Diferente de boa parte dos outros calvinistas, 
essa vertente adota a visão governamental de expiação. 
Barth e o Calvinismo Evangelical 
https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Gill
https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Gill
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Arthur_Pink&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/R.C._Sproul
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jonathan_Edwards_(te%C3%B3logo)
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
40 | P á g i n a 
 
Uma reformulação contemporânea da teologia reforma 
ocorreu pela teologia dialética do teólogo reformado suíço 
Karl Barth, Emil Brunner e Thomas F. Torrance. Para 
Barth, nenhum outro fundamento pode haver além de Jesus 
Cristo. Desse modo, a compreensão da exatidão e valor das 
Escrituras só pode emergir adequadamente ao considerar o 
que significa para elas serem verdadeiras testemunhas da Pa-
lavra encarnada, Jesus Cristo. Tudo ao contrário disso seria 
a idolatria: a deificação do pensamento humano, falsos deu-
ses, bloqueando assim a verdadeira voz do Deus vivo. Isso, 
por sua vez, levaria a teologia a se tornar prisioneira das ide-
ologias humanas. A complexidade do pensamento de Barth 
teve recepção diversa. Sob a designação de teologia neo-or-
todoxa é examinado por teólogos de outras tradições, sobre-
tudo luteranos e católicos. 
Entre reformados de tendência evangelical, com base nos 
Cinco Solas da teologia neo-ortodoxa surgiriam teólogos 
como Donald G. Bloesch, Alvin Plantinga, Alister McGrath, 
Kevin Vanhoozer e James A. K. Smith que combinam filoso-
fia, ciência e a tradição histórica do cristianismo em questões 
e métodos teológicos reformados. 
O Novo Calvinismo 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Evangelicalismo
INTRODUÇÃO 
 
41 | P á g i n a 
 
O Novo Calvinismo é uma reinterpretação não denomina-
cional das doutrinas aliancistas e hipercalvinistas sob uma 
ótica cultural dos Estados Unidos da América, surgido nas 
últimas décadas do século XX e primeiras décadas de século 
XXI. 
Interpretação Sociológica 
Sociólogos como Max Weber e Ernest Gellner analisaram 
a teoria e as consequências práticas desta doutrina e chega-
ram à conclusão de que os resultados são paradoxais. Em 
parte, explicam o precoce desenvolvimento do capitalismo 
nos países onde o calvinismo foi popular: “Holanda, Escócia 
e Estados Unidos”, sobretudo, Para Weber, o calvinista acre-
dita que Deus é Soberano em todas as coisas, e, portanto, o 
homem não tem participação alguma na própria salvação, 
logo, Deus predestinou os seus escolhidos para a salvação, 
uma vez que a humanidade após o pecado não teria condi-
ções de se voltar ao Criador por estarem mortos em seus pe-
cados e delitos. Buscando serem bons cristão, trabalhando 
muito, seguindo sempre todos os princípios bíblicos, o calvi-
nista faz tudo para a glória de Deus. Com essa cosmovisão, 
por meio do trabalho a sociedade se desenvolveu economica-
mente fazendo com que houvesse uma ligação com o capita-
lismo. Os holandeses, os escoceses e os americanos ganha-
ram,então, a fama de serem sovinas, pouco generosos, 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Novo_Calvinismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos_da_Am%C3%A9rica
https://pt.wikipedia.org/wiki/Max_Weber
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ernest_Gellner
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
42 | P á g i n a 
 
interessados apenas no dinheiro. Estas características são na 
vida moderna quase um dado adquirido em qualquer cultura, 
mas nos tempos da Reforma Protestante, o calvinismo terá 
instituído uma nova e revolucionária forma de relação com a 
riqueza. Ocorre que o uso dos ideais calvinistas para o ala-
vancar da sociedade capitalista é equivocadamente relacio-
nado a ideais capitalistas intrínsecos ao calvinismo. Calvino 
em sua obra afirma que a riqueza não tem razão de ser, se 
não para ajudar aos que necessitam, e critica a avareza ao di-
zer que o fruto do trabalho só é digno se útil ao próximo: 
“Da mão de Deus tens tu o que possuis. Tu, porém, deve-
rias usar de humanidade para com aqueles que padecem 
necessidades. És rico? Isso não é para teu bel prazer. Deve 
a caridade faltar por isso? Deve ela diminuir? Não está ela 
acima de todas as questões do mundo? Não é ela o vínculo 
da perfeição?”; “Condena o Profeta a estes ladrões e assal-
tantes que lhe parecia deterem o poder de oprimir a gente 
pobre e o pequeno trabalhador, uma vez que eram eles que 
tinham grande abundância de trigo e grãos;... é o mesmo 
como se cortassem a garganta dos pobres, quando os fazem 
assim sofrer fome”. 
 
ARMINIANISMO 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_Protestante
INTRODUÇÃO 
 
43 | P á g i n a 
 
O arminianismo é uma escola de pensamento soterioló-
gica que refere-se à “doutrina da salvação”, baseada nas 
ideias do holandês Jacó Armínio (1560-1609) e seus segui-
dores históricos, os remonstrantes. A aceitação doutrinária 
se estende por boa parte do cristianismo desde os primeiros 
argumentos entre Atanásio e Orígenes, até a defesa de Agos-
tinho de Hipona do “pecado original”. O arminianismo ho-
landês foi originalmente articulado na Remonstrância 
(1610), uma declaração teológica assinada por 45 ministros e 
apresentado ao estado holandês. O Sínodo de Dort (1618–19) 
foi chamado pelos estados gerais para mudar a Remonstrân-
cia. Os cinco pontos da Remonstrância afirmam que: 
1. A eleição “e condenação no dia do julgamento” 
foi condicionada pela fé racional ou não-fé do ho-
mem; 
2. A expiação, embora qualitativamente suficiente a 
todos os homens, só é eficaz ao homem de fé; 
3. Sem o auxílio do Espírito Santo, nenhuma pessoa 
é capaz de responder à vontade de Deus; 
4. A graça é resistível; e 
5. Os crentes são capazes de resistir ao pecado, mas 
não estão fora da possibilidade de cair da graça. 
O ponto crucial do arminianismo remonstrante reside na 
afirmação de que a dignidade humana requer a liberdade 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
44 | P á g i n a 
 
perfeita do arbítrio. Desde o século XVI, muitos cristãos in-
cluindo os batistas (A History of the Baptists terceira edição 
por Robert G. Torbet) têm sido influenciados pela visão ar-
miniana. 
Também os metodistas, os congregacionalistas das pri-
meiras colônias da Nova Inglaterra nos séculos XVII e XVIII, 
e os universalistas e unitários nos séculos XVIII e XIX. O 
termo arminianismo é usado para definir aqueles que afir-
mam as crenças originadas por Jacó Armínio, porém o termo 
também pode ser entendido de forma mais ampla para um 
agrupamento maior de ideias, incluindo as de Hugo Grotius, 
John Wesley e outros. Há duas perspectivas principais sobre 
como o sistema pode ser aplicado corretamente: arminia-
nismo clássico, que vê em Armínio o seu representante; e ar-
minianismo wesleyano, que vê em John Wesley o seu repre-
sentante. O arminianismo wesleyano é por vezes sinônimo de 
metodismo. Além disso, o arminianismo é muitas vezes mal 
interpretado por alguns dos seus críticos que o incluem no 
semipelagianismo ou no pelagianismo, ainda que os defen-
sores de ambas as perspectivas principais neguem veemen-
temente essas alegações. Dentro do vasto campo da história 
da teologia cristã, o arminianismo está intimamente relacio-
nado com o calvinismo “ou teologia reformada”, sendo que 
os dois sistemas compartilham a mesma história e muitas 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Batistas
https://pt.wikipedia.org/wiki/Metodista
https://pt.wikipedia.org/wiki/Congregacionalismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Universalismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Unitarismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_teologia_crist%C3%A3
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_teologia_crist%C3%A3
INTRODUÇÃO 
 
45 | P á g i n a 
 
doutrinas. No entanto, eles são frequentemente vistos como 
rivais dentro do evangelicalismo por causa de suas divergên-
cias sobre os detalhes das doutrina da predestinação e da sal-
vação. 
História 
Embora tenha sido discípulo do notável calvinista Teo-
doro de Beza, Armínio defendeu uma forma evangélica de si-
nergismo “crença de que a salvação do homem depende da 
cooperação entre Deus e o homem”, que é contrário ao mo-
nergismo, do qual faz parte o calvinismo “crença de que a sal-
vação é inteiramente determinada por Deus, sem nenhuma 
participação livre do homem”. O sinergismo arminiano di-
fere substancialmente de outras formas de sinergismo, tais 
como o pelagianismo e o semipelagianismo, como se de-
monstrará adiante. De modo análogo, também há variações 
entre as crenças monergistas, tais como o supralapsaria-
nismo e o infralapsarianismo. 
Armínio não foi o primeiro e nem o último sinergista na 
história da Igreja. Certo é que, há dúvidas quanto ao fato de 
que ele tenha introduzido algo de novo na teologia cristã. Os 
próprios arminianos costumavam afirmar que os Padres da 
Igreja grega dos primeiros séculos da era cristã e muitos dos 
teólogos católicos medievais eram sinergistas, tais como o re-
formador católico Erasmo de Roterdã. Até mesmo Philipp 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Predestina%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Salva%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Salva%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Teodoro_de_Beza
https://pt.wikipedia.org/wiki/Teodoro_de_Beza
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sinergismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sinergismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pelagianismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Semipelagianismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Infralapsarianismo
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
46 | P á g i n a 
 
Melanchthon (1497-1560), companheiro de Lutero na re-
forma alemã, era sinergista, embora o próprio Lutero não 
fosse. 
Armínio e seus seguidores divergiram do monergismo cal-
vinista por entenderem que as crenças calvinistas na eleição 
incondicional e especialmente na reprovação incondicional, 
na expiação limitada e na graça irresistível: 
• seriam incompatíveis com o caráter de Deus, que é 
amoroso, compassivo, bom e deseja que todos se 
salvem. 
• violariam o caráter pessoal da relação entre Deus e 
o homem. 
• levariam à consequência lógica inevitável de que 
Deus fosse o autor do mal e do pecado. 
Contexto Histórico 
Para compreender os motivos que levaram à aguda con-
trovérsia entre o calvinismo e o arminianismo, é preciso 
compreender o contexto histórico e político no qual se inse-
riam os Países Baixos à época. De acordo com historiadores, 
tais como Carl Bangs, autor de “Arminius: A Study in the 
Dutch Reformation (1985)”, as igrejas reformadas da região 
eram protestantes, em sentido geral, e não rigidamente cal-
vinistas. Embora aceitassem o catecismo de Heidelberg como 
INTRODUÇÃO 
 
47 | P á g i n a 
 
declaração primária de fé, não exigiam que seus ministros ou 
teólogos aderissem aos princípios calvinistas, que vinhamsendo desenvolvidos em Genebra, por Beza. Havia relativa 
tolerância entre os protestantes holandeses. De fato, havia 
tanto calvinistas quanto luteranos. Os seguidores do siner-
gismo de Melanchthon conviviam pacificamente com os que 
professavam o supralapsarianismo de Beza. O próprio Armí-
nio, acostumado com tal “unidade na diversidade”, mostrou-
se estarrecido, em algumas ocasiões, com as exageradas rea-
ções calvinistas ao seu ensino. Essa convivência pacífica co-
meçou a ser destruída quando Franciscus Gomarus, colega 
de Armínio na Universidade de Leiden, passou a defender 
que os padrões doutrinários das Igrejas e universidades ho-
landesas fossem calvinistas. Então, lançou um ataque contra 
os moderados, incluindo Armínio. 
De início, a campanha para impor o calvinismo não foi 
bem sucedida. Tanto a igreja quanto o Estado não considera-
vam que a teologia de Armínio fosse heterodoxa. Isso mudou 
quando a política passou a interferir no processo. Na época, 
os países baixos, liderados pelo príncipe Maurício de Nas-
sau, calvinista, estavam em guerra contra a dominação da 
Espanha, a católica. Alguns calvinistas passaram a convencer 
os governantes dos Países Baixos, e especialmente o príncipe 
Nassau, de que apenas a sua teologia proveria uma proteção 
segura contra a influência do catolicismo espanhol. De fato, 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maur%C3%ADcio,_pr%C3%ADncipe_de_Orange
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maur%C3%ADcio,_pr%C3%ADncipe_de_Orange
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
48 | P á g i n a 
 
caricaturas da época apresentavam Armínio como um jesuíta 
disfarçado. Nada disso foi jamais comprovado. Depois da 
morte de Armínio, o governo começou a interferir cada vez 
mais na controvérsia teológica sobre predestinação. O prín-
cipe Nassau destituiu os arminianos dos cargos políticos que 
ocupavam. Um arminiano foi executado e outros foram pre-
sos. O conflito teológico atingiu tamanha proporção que le-
vou a Igreja a convocar o Sínodo Nacional da Igreja Refor-
mada, em Dort, mais conhecido como o Sínodo de Dort, onde 
os arminianos, conhecidos como “remonstrantes”, tiveram a 
oportunidade de defender seus pontos de vista perante as au-
toridades, partidárias do calvinismo. As discussões ocorre-
ram em 154 reuniões iniciadas em 13 de novembro 1618 e en-
cerrada em 9 de maio de 1619, cujo assunto era a predestina-
ção incondicional defendida pelo calvinismo e a predestina-
ção condicional defendida pelo arminianismo. Os arminia-
nos acabaram sendo condenados como hereges, destituídos 
de seus cargos eclesiásticos e seculares, tiveram suas propri-
edades expropriadas e foram exilados. Logo que Maurício de 
Nassau morreu, os calvinistas perderam o seu poder na re-
gião e os arminianos puderam retornar ao país, onde funda-
ram Igrejas e um seminário, o qual até hoje existe na Ho-
landa (Remonstrants Seminarium). Em síntese, as igrejas 
protestantes holandesas continham diversidade teológica, à 
INTRODUÇÃO 
 
49 | P á g i n a 
 
época de Armínio. Tanto monergistas quanto sinergistas 
eram ali representados e conviviam pacificamente. O que le-
vou a visão monergista à supremacia foi o poder do Estado, 
representado pelo príncipe Maurício de Nassau, que perse-
guiu os sinergistas. Para Armínio e seus seguidores, sua teo-
logia também era compatível com a reforma protestante. Em 
sua opinião, tanto o calvinismo quanto o arminianismo são 
duas correntes inseridas na reforma protestante, por serem, 
ambas, compatíveis com o lema dos reformados: Sola Scrip-
tura, Solus Christus, Sola Gratia, Sola Fide, Soli Deo Gloria. 
 
TEOLOGIA 
A teologia arminiana geralmente cai em um dos dois gru-
pos: 
1. Arminianismo clássico, elaborado a partir do 
ensino de Jacó Armínio; 
2. Arminianismo wesleyano, com base princi-
palmente nos ensinos de Wesley. 
Ambos os grupos se sobrepõem consideravelmente. 
Arminianismo Clássico 
O arminianismo clássico, às vezes chamado de “arminia-
nismo reformado”, é o sistema teológico que foi apresentado 
por Jacó Armínio e mantido pelos remonstrantes; sua 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jac%C3%B3_Arm%C3%ADnio
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
50 | P á g i n a 
 
influência serve como base para todos os sistemas arminia-
nos. A lista de crenças é dado abaixo: 
• A depravação é total: Armínio declarou: 
“Neste estado [caído], o livre-arbítrio do homem 
para o verdadeiro bem não está apenas ferido, en-
fermo, inclinado e enfraquecido; mas ele está tam-
bém preso, destruído e perdido. E os seus poderes 
não só estão debilitados e inúteis a menos que seja 
assistido pela graça, mas não tem poder algum ex-
ceto quando é animado pela graça divina”. 
• A expiação destina-se a todos: Jesus morreu 
para todas as pessoas, Jesus atrai todos a si 
mesmo, e todas as pessoas têm oportunidade de se 
salvarem pela fé. 
• A morte de Jesus satisfaz a justiça de Deus: 
A penalidade pelos pecados dos eleitos é paga in-
tegralmente através da obra de Jesus na cruz. As-
sim, a expiação de Cristo é destinada a todos, mas 
requer a fé para ser efetuada. Armínio declarou 
que: “Justificação, quando usada para o ato de um 
juiz, também é exclusivamente a imputação da jus-
tiça através da misericórdia... ou esse homem é 
justificado diante de Deus... de acordo com o rigor 
da justiça sem qualquer perdão”. Stephen Ashby 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Deprava%C3%A7%C3%A3o_total
https://pt.wikipedia.org/wiki/Expia%C3%A7%C3%A3o_(vis%C3%A3o_de_satisfa%C3%A7%C3%A3o)
INTRODUÇÃO 
 
51 | P á g i n a 
 
esclarece: “Armínio só considera duas maneiras 
possíveis em que o pecador pode ser justificado: 
(1) pela nossa adesão absoluta e perfeita à lei, ou 
(2) exclusivamente pela divina imputação da jus-
tiça de Cristo”. 
• A graça é resistível: Deus toma a iniciativa no 
processo de salvação e a sua graça vem a todas as 
pessoas. Esta graça muitas vezes chamada de “pre-
veniente ou pré-graça regeneradora” age em todas 
as pessoas para convencê-las do Evangelho, 
chamá-las fortemente à salvação, e capacitar a 
possibilidade de uma fé sincera. Picirilli declarou 
que “realmente esta graça está tão próxima da re-
generação que ela leva inevitavelmente à regene-
ração, a menos que, por fim, seja resistida”. A 
oferta de salvação por graça não age irresistivel-
mente em um simples causa-efeito (i.e num mé-
todo determinístico), mas sim de um modo de in-
fluência e resposta, que tanto pode ser livremente 
aceita e livremente negada. 
• O homem tem livre arbítrio para respon-
der ou resistir: O livre-arbítrio é limitado pela 
soberania de Deus, mas a soberania de Deus per-
mite que todos os homens tenham a opção de 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
52 | P á g i n a 
 
aceitar o Evangelho de Jesus através da fé, simul-
taneamente, permite que todos os homens resis-
tam. 
• A eleição é condicional: Armínio define elei-
ção como “o decreto de Deus pelo qual, de Si 
mesmo, desde a eternidade, decretou justificar em 
Cristo, os crentes, e aceitá-los para a vida eterna”. 
Só Deus determina quem será salvo e a sua deter-
minação é que todos os que crêem em Jesus atra-
vés da fé sejam justificados. Segundo Armínio, 
“Deus a ninguém preza em Cristo, a menos que se-
jam enxertados nele pela fé”. 
• Deus predestina os eleitos a um futuro glo-
rioso: A predestinação não é a predeterminação 
de quem irá crer, mas sim a predeterminação da 
herança futura do crente. Os eleitos são, portanto, 
predestinados à filiação pela adoção, glorificação, 
e vida eterna. 
• A justiça de Cristo é imputada ao crente: A 
justificação é sola fide. Quando os indivíduos se ar-
rependem e creem em Cristo “fé salvífica”, eles são 
regenerados e trazidos a união com Cristo, pela 
qual a morte e a justiça de Cristosão imputadas a 
eles, para sua justificação diante de Deus. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Elei%C3%A7%C3%A3o_condicional
INTRODUÇÃO 
 
53 | P á g i n a 
 
• A segurança eterna é também condicional: 
Todos os crentes têm plena certeza da salvação 
com a condição de que eles permaneçam em 
Cristo. A salvação é condicional à fé, portanto, a 
perseverança também é condicional. A apostasia 
“desvio de Cristo” só é cometida por uma delibe-
rada e proposital rejeição de Jesus e renúncia da 
fé. 
Os cinco artigos da remonstrância que os seguidores de 
Armínio formularam em 1610 o estado acima de crenças re-
lativas (1) eleição condicional, (2) expiação ilimitada, (3) de-
pravação total, (4) e a graça resistível, e (5) possibilidade de 
apostasia. Note, entretanto, que o artigo quinto não nega 
completamente a perseverança dos santos, Armínio mesmo, 
disse: “Nunca me ensinaram que um verdadeiro crente pode 
cair ... longe da fé ... ainda não vou esconder que há passa-
gens da Escritura que parecem-me usar este aspecto, e as 
respostas a elas que me foi permitido ver, não são como a 
gentileza de aprovar-se em todos os pontos para o meu en-
tendimento”. Além disso, o texto dos artigos da Remons-
trância diz que nenhum crente pode ser arrancado da mão de 
Cristo, e à questão da apostasia, “a perda da salvação” é ne-
cessário mais estudos antes que pudesse ser ensinada com 
plena certeza. As crenças básicas de Jacó Armínio e os 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Preserva%C3%A7%C3%A3o_condicional_dos_santos
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
54 | P á g i n a 
 
remonstrances estão resumidos como tal pelo teólogo 
Stephen Ashby: 
1. Antes de ser chamado e capacitado, alguém é in-
capaz de crer... somente capaz de resistir. 
2. Depois de ter sido chamado e capacitado, mas an-
tes da regeneração, alguém é capaz de crer... e 
também capaz de resistir. 
3. Após alguém crer, Deus o regenera, alguém é ca-
paz de continuar crendo... também capaz de resis-
tir. 
4. Após resistir ao ponto de descrer, alguém é inca-
paz de acreditar... só capaz de resistir. 
Interpretação dos Cinco Pontos 
O terceiro ponto sepulta qualquer pretensão de associar o 
arminianismo ao pelagianismo ou ao semipelagianismo. De 
fato, a doutrina de Armínio é perfeitamente compatível com 
a Depravação Total calvinista. Ou seja, em seu estado origi-
nal o homem é herdeiro da natureza pecaminosa de Adão e 
totalmente incapaz, até mesmo, de desejar se aproximar de 
Deus. Nenhum homem nasce com o “livre-arbítrio”, ou seja, 
com a capacidade de não resistir a Deus. 
O quarto ponto demonstra claramente que é a graça pre-
veniente que restaura no homem a sua capacidade de não 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Deprava%C3%A7%C3%A3o_total
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gra%C3%A7a_preveniente
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gra%C3%A7a_preveniente
INTRODUÇÃO 
 
55 | P á g i n a 
 
resistir à Deus. Portanto, para Armínio, a salvação é pela 
graça somente e por meio da fé somente. Nesse sentido, os 
arminianos do coração concordam com os calvinistas no sen-
tido de que a capacitação, por meio da graça, precede a fé, e 
que até mesmo a fé salvadora seja um dom de Deus. A dife-
rença está na compreensão da operação dessa graça. Para os 
calvinistas, a graça é concedida apenas aos eleitos, que a ela 
não podem resistir. Para os arminianos, a expiação por meio 
de Jesus Cristo é universal e comunica essa graça preveni-
ente a todos os homens; mas ela pode ser resistida. Assim 
como o pecado entrou no mundo pelo primeiro Adão, a graça 
foi concedida ao mundo por meio de Cristo, último Adão (Rm 
5:18; Jo 1:9). Nesse sentido, os arminianos entendem que (2 
Tm 4:10) aponta para duas salvações em Cristo: uma univer-
sal e uma especial para os que creem. A primeira corresponde 
à graça preveniente, concedida a todos os homens, que lhes 
restaura o arbítrio, ou seja, a capacidade de não resistir a 
Deus. Ela é distribuída a todos os homens porque Deus é 
amor (1 Jo 4:8, Jo 3:16) e deseja que todos os homens se sal-
vem (1 Tm 2:4; 2 Pedro 3:9), conforme defendido no segundo 
ponto do arminianismo. A segunda é alcançada apenas pelos 
que não resistem à graça salvadora e creem em Cristo. Estes 
são os predestinados, segundo a visão arminiana de predes-
tinação. Portanto, embora a expressão “livre-arbítrio” seja 
comumente associada ao arminianismo, ela deve ser 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Calvinistas
https://pt.wikipedia.org/wiki/Expia%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Primeiro_Ad%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Salva%C3%A7%C3%A3o_universal&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Salva%C3%A7%C3%A3o_universal&action=edit&redlink=1
https://pt.wikisource.org/wiki/Tradu%C3%A7%C3%A3o_Brasileira_da_B%C3%ADblia/I_Jo%C3%A3o/IV#4:8
https://pt.wikipedia.org/wiki/Predestina%C3%A7%C3%A3o
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
56 | P á g i n a 
 
entendida como “arbítrio liberto”, “livre agência” ou “von-
tade liberta” pela graça preveniente, convencedora, ilumina-
dora e capacitante que torna possíveis o arrependimento e a 
fé. Sem a atuação da graça, nenhum homem teria livre-arbí-
trio. Ao contrário dos calvinistas, os arminianos creem que 
essa graça preveniente, concedida a todos os homens, não é 
uma força irresistível, que leva o homem necessariamente à 
salvação. Para Armínio, tal graça irresistível violaria o caráter 
pessoal da relação entre Deus e o homem. Assim, todos os 
homens continuam a ter a capacidade de resistir à Deus, que 
já possuíam antes da operação da graça (At 7:51; Lc 7:30; Mt 
23:37). Portanto, a responsabilidade do homem em sua sal-
vação consiste em não resistir ao Espírito Santo. Este é o co-
ração do sinergismo arminiano, o qual difere radicalmente 
dos sinergismos, pelagiano e semipelagiano. No que tange à 
perseverança dos santos, os remonstrantes não se posiciona-
ram, já que deixaram a questão em aberto. 
Citações Das Obras De Armínio 
Os textos a seguir transcritos, escritos pelo próprio Armí-
nio, são úteis para demonstrar algumas de suas ideias. 
[…] Mas em seu estado caído e pecaminoso, o homem não é 
capaz, de por si mesmo, pensar, desejar, ou fazer aquilo que 
é realmente bom; mas é necessário que ele seja regenerado 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gra%C3%A7a_irresist%C3%ADvel
https://pt.wikipedia.org/wiki/Esp%C3%ADrito_Santo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sinergismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Semipelagianismo
INTRODUÇÃO 
 
57 | P á g i n a 
 
e renovado em seu intelecto, afeições ou vontade, e em todos 
os seus poderes, por Deus em Cristo através do Espírito 
Santo, para que ele possa ser capacitado corretamente a en-
tender, avaliar, considerar, desejar, e executar o que quer 
que seja verdadeiramente bom. Quando ele é feito partici-
pante desta regeneração ou renovação, eu considero que, 
visto que ele está liberto do pecado, ele é capaz de pensar, 
desejar e fazer aquilo que é bom, todavia não sem a ajuda 
contínua da Graça Divina. Com referência à Graça Divina, 
creio, (1.) É uma afeição imerecida pela qual Deus é ama-
velmente afetado em direção a um pecador miserável, e de 
acordo com a qual ele, em primeiro lugar, doa seu Filho, 
“para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna”, e, 
depois, ele o justifica em Cristo Jesus e por sua causa, e o 
admite no direito de filhos, para salvação. (2.) É uma infu-
são (tanto no entendimento humano quanto na vontade e 
afeições), de todos aqueles dons do Espírito Santo que per-
tencem à regeneração e renovação do homem, tais como a 
fé, a esperança, a caridade, etc.; pois, sem estes dons graci-
osos, o homem não é capaz de pensar, desejar, ou fazer qual-
quer coisa que seja boa. (3.) 
É aquela perpétua assistência e contínua ajuda do Espí-
rito Santo, de acordo com a qual Ele age sobreo homem que 
já foi renovado e o excita ao bem, infundindo-lhe 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
58 | P á g i n a 
 
pensamentos salutares, inspirando-lhe com bons desejos, 
para que ele possa dessa forma verdadeiramente desejar 
tudo que seja bom; e de acordo com a qual Deus pode então 
desejar trabalhar junto com o homem, para que o homem 
possa executar o que ele deseja. Desta maneira, eu atribuo 
à graça O COMEÇO, A CONTINUIDADE E A CONSUMA-
ÇÃO DE TODO BEM, e a tal ponto eu estendo sua influência, 
que um homem, embora regenerado, de forma nenhuma 
pode conceber, desejar, nem fazer qualquer bem, nem resis-
tir a qualquer tentação do mal, sem esta graça preveniente 
e excitante, seguinte e cooperante. Desta declaração clara-
mente parecerá que de maneira nenhuma eu faço injustiça 
à graça, atribuindo, como é dito de mim, demais ao livre-
arbítrio do homem. Pois toda a controvérsia se reduz à so-
lução desta questão, “a graça de Deus é uma certa força ir-
resistível?” Isto é, a controvérsia não diz respeito àquelas 
ações ou operações que possam ser atribuídas à graça, (pois 
eu reconheço e ensino muitas destas ações ou operações 
quanto qualquer um), mas ela diz respeito unicamente ao 
modo de operação, se ela é irresistível ou não. A respeito da 
qual, creio, de acordo com as escrituras, que muitas pessoas 
INTRODUÇÃO 
 
59 | P á g i n a 
 
resistem ao Espírito Santo e rejeitam a graça que é ofere-
cida.1 
Arminianismo Wesleyano 
John Wesley foi historicamente o advogado mais influ-
ente dos ensinos da soterologia arminiana. Wesley concor-
dou com a vasta maioria daquilo que o próprio Armínio de-
fendeu, mantendo doutrinas fortes, tais como as do pecado 
original, depravação total, eleição condicional, graça preve-
niente, expiação ilimitada e possibilidade de apostasia. Wes-
ley, porém, afastou-se do arminianismo clássico em três 
questões: 
• Expiação, a expiação para Wesley é um híbrido 
da teoria da substituição penal e da teoria gover-
namental de Hugo Grócio, advogado e um dos Re-
monstrantes. Steven Harper expõe: “Wesley não 
colocou o elemento substitucionário dentro de 
uma armação legal …Preferencialmente sua “dou-
trina” busca trazer para dentro do próprio relacio-
namento a “justiça” entre o amor de Deus pelas 
pessoas e a aversão de Deus ao pecado …isso não é 
a satisfação de uma demanda legal por justiça; 
 
1 Extraído de “ As Obras de James Arminius” Vol. I 
https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Wesley
https://pt.wikipedia.org/wiki/Expia%C3%A7%C3%A3o_(vis%C3%A3o_governamental)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Expia%C3%A7%C3%A3o_(vis%C3%A3o_governamental)
http://www.arminianismo.com/index.php?option=com_content&task=category&sectionid=8&id=76&Itemid=35
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
60 | P á g i n a 
 
assim, muito disso é um ato de reconciliação ime-
diato”. 
• Possibilidade de apostasia, Wesley aceitou 
completamente a visão arminiana de que cristãos 
genuínos podem apostatar e perder sua salvação. 
Seu famoso sermão “A Call to Backsliders” demos-
tra claramente isso. Harper resume da seguinte 
forma: “o ato de cometer pecado não é ele mesmo 
fundamento para perda da salvação … a perda da 
salvação está muito mais relacionada a experiên-
cias que são profundas e prolongadas. Wesley via 
dois caminhos principais que resultam em uma 
definitiva queda da graça: pecado não confessado 
e a atitude de apostasi”. Wesley discorda de Armí-
nio, contudo, ao sustentar que tal apostasia não é 
final. Quando menciona aqueles que naufragaram 
em sua fé (1 Tim 1:19), Wesley argumenta que “não 
apenas um, ou cem, mas, estou convencido, mui-
tos milhares … incontáveis são os exemplos … da-
queles que tinham caído, mas que agora estão de 
pé’. 
• Perfeição cristã, conforme o ensino de Wesley, 
cristãos podem alcançar um estado de perfeição 
prática. Isso significa uma falta de todo pecado 
INTRODUÇÃO 
 
61 | P á g i n a 
 
voluntário, mediante a capacitação do Espírito 
Santo em sua vida. Perfeição cristã (ou santifica-
ção inteira), conforme Wesley, é “pureza de inten-
ção; toda vida dedicada a Deus” e “a mente que es-
tava em Cristo, nos capacita a andar como Cristo 
andou”. Isso é “amar a Deus de todo o seu coração, 
e os outros como você mesmo”. Isso é “uma restau-
ração não apenas para favor, mas também para a 
imagem de Deus”, nosso ser “encheu-se com a ple-
nitude de Deus”. Wesley esclareceu que a perfeição 
cristã não implica perfeição física ou em uma infa-
libilidade de julgamento. Para ele, significa que 
não devemos violar a longanimidade da vontade 
de Deus, por permanecer em transgressões invo-
luntárias. A perfeição cristã coloca o sujeito sob a 
tentação, e por isso há a necessidade contínua de 
oração pelo perdão e santidade. Isso não é uma 
perfeição absoluta, mas uma perfeição em amor. 
Além disso, Wesley nunca ensinou uma salvação 
pela perfeição, mas preferiu dizer que “santidade 
perfeita é aceitável a Deus somente através de Je-
sus Cristo”. 
O que iremos tratar neste livro especificamente é sobre 
um ponto de equilíbrio e compatibilidade em meio as duas 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
62 | P á g i n a 
 
doutrinas, e qual seria a organização correta para que essa 
harmonização aconteça, uma vez que este assunto se tornou 
tão complexo e de muita difícil compreensão. Nosso objetivo 
é faze-lo compreender a lógica dessas doutrinas, visto que 
sempre houve um ponto de encontro que foi ignorado por 
ambos os lados, negligenciado não no sentido estrito, mas 
sim no sentido de não houver uma dedicação em expor o 
ponto de equilíbrio com veemência, por isso não aprendemos 
essa compatibilidade. Pois foi mais satisfatório colocar uma 
doutrina em confronto com a outra e distingui-la ao invés de 
harmoniza-las. 
 
 
 
 
 
 
 
65 | P á g i n a 
 
I 
 
 
T 
 
 
 
CAPÍTULO I 
A SOBERANIA DE DEUS 
 
 
 
 
 
 
 
OS PLANOS DE DEUS NÃO PODEM SER FRUSTRA-
DOS 
 
Onisciência do Senhor está ligada a sua Soberania, 
Ele conhece todas as coisas porque Ele as criou (Gn 
1:1) porque Ele tem todo poder sobre a Sua criação, reis e rei-
nos (Sl 93:1; Dn 4:34-35), e domínio sob Suas mãos (Mt 
A 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
66 | P á g i n a 
 
10:29-30). Consequentemente, todos os planos que Deus ela-
bora são impossíveis de serem frustrados (Is 43:13; Dt 
32:39), Sendo assim, como algumas das minhas escolhas po-
dem retardar ou interromper os propósitos e as promessas 
de Deus? Muitos têm afirmado ao longo dos tempos que o 
homem pode sim interromper os planos de Deus e usam o 
exemplo de Abraão, dizendo que o fato dele ter se deitado 
com Agar serva de sua esposa Sara, retardou sua promessa, 
pois Abraão tinha 86 anos quando Agar deu à luz a Ismael, e 
segundo as Escrituras, Deus só voltou a falar com Abraão aos 
seus 99 anos, ou seja, 13 anos após, mas a Bíblia deixa claro 
que por mais que façamos planos, a vontade de Deus predo-
mina (Pv 16:1,33; Pv 19:21), e mesmo que o ser humano tente 
adiar ou retardar qualquer propósito de Deus a Bíblia afirma 
que para todo propósito debaixo do céu que está determi-
nado, há um tempo (Ec 3.1; Ec 8:6), assim como o filho da 
Promessa chegou no tempo determinado (Gn 21:2). 
Podemos portanto ver claramente que realmente o plano 
de Deus prevalece e a sua Soberana vontade é intransponível, 
porém (Pv 16:1), nos ensina que o homem também faz os 
seus planos, mas o poder de execução do plano vem de Deus, 
e não que o plano de Deus é predominante no aspecto de abo-
lir os planos do homem, isto é, o nosso plano só funciona se 
Deus nos fornece a capacidade, o versículo 9 de Provérbios 
 A SOBERANIADE DEUS 
 
67 | P á g i n a 
 
16 nos deixa bem claro que se estamos em Deus, participando 
de sua justiça como servos e filhos, obviamente a vontade 
Dele vai prevalecer, mas em resposta a nossa retidão, e o ver-
sículo 33 nos deixa claro por sua vez que o justo que já entre-
gou sua vida a Deus é totalmente dirigido por Ele, pois como 
já foi dito anteriormente à disposição de realizar qualquer 
plano ou pensamento vem de Deus, depois de termos esco-
lhido, ou seja, suas ações são uma resposta a nossa decisão. 
Em (Pv 19:11), Podemos observar que na declaração do es-
critor, é real que o entendimento do homem retém a ira de 
Deus, pois sua ira é claramente uma resposta ao pecado, e se 
o homem agir com entendimento em relação ao que Deus se 
sente satisfeito e glorificado, ele retarda sim sua ira pois 
como pode Deus se irar com algo que lhe glorifica? porém, 
não se pode desconsiderar que estamos tratando de uma 
questão vivenciada e pré-estabelecida em Deus desde a eter-
nidade, e que isso tudo pertence sim a um desígnio divino 
que jamais pode ser modificado, não obstante, desígnio, não 
é uma determinação que aboli fatores opostos, e sim uma res-
posta imutável às nossas ações. 
Tudo está determinado com base na sua soberania em re-
lação ao tempo, em relação as respostas que damos a ele, isto 
é para cada ação há uma reação e por saber de antemão cada 
uma de nossas ações, Ele simplesmente já tem o gabarito de 
cada uma de suas respostas às ações e perguntas do ser 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
68 | P á g i n a 
 
humano, no versículo 21 de Provérbios 19 podemos perceber 
que os propósitos do homem só poderão ter sucesso se esti-
verem alinhados com o conselho de Deus, e se não estiver não 
prosperará pelo simples fato de que Deus não perdeu o con-
trole da história e nenhuma ação ou plano do homem foge do 
conhecimento de Deus, e isso não quer dizer que o homem 
não pode fazer escolhas, precisa também levar em conside-
ração que o fator “ tempo” é de fato uma grande questão em 
jogo, pois nossas ações estão todas ordenadas por Deus no 
tempo dele, isto é, no “Kairós”, está tudo sobre controle dele, 
e no “Cronos” quando as coisas não acontecem de acordo 
com a nossa escolha ou vontade é porque já está acontecendo 
no Kairós, isto é, no futuro nossas escolhas já obtiveram seu 
sucesso ou fracasso. Porém ele por ser dono do tempo pode 
simplesmente nunca permitir que vejamos o resultado de al-
guma escolha errada, e somente nos permitir desfrutar da 
nossa mudança de escolha após uma frustração de uma esco-
lha anterior. 
Portanto podemos afirmar que Deus nos capacita a dar 
resposta certa a ele, para que nossos planos sejam consuma-
dos em conformidade com os seus desígnios. Em (Pv 
16:4), nos diz que o Senhor fez todas as coisas para determi-
nados fins e até o perverso para o dia da calamidade, ou seja, 
até os ímpios estão sujeitos a soberania de Deus e serve para 
 A SOBERANIA DE DEUS 
 
69 | P á g i n a 
 
seus propósitos (Rm 9:17-23), e o verso 9 de Provérbios 
16 nos ensina que a responsabilidade humana para racioci-
nar e agir, não contradiz a soberania de Deus, e o versículo 11 
nos afirma que Deus estabelece e mantém a ordem justa que 
torna a vida significativa e o versículo 33 fala que a sorte é 
lançada mas a total disposição é do Senhor, mas a mensagem 
implícita aqui é que a resposta não é acaso, mas provém de 
Deus, pois no Antigo Testamento a sorte era o meio usado 
para consultar a Deus a fim de que ele lhe desse uma res-
posta, era na verdade um meio de comunicação entre Deus e 
o homem. 
Se olharmos um pouco mais adiante ainda no livro de pro-
vérbios, (Pv 19:11), diz que a descrição do homem o torna 
longânimo, ou seja, que o discernimento do homem o torna 
paciente, a resposta sensata controla seu gênio, um homem 
sábio não se ofende diante de pequenos e insultos, e o versí-
culo 21 deixa claro que muitos propósitos era no coração do 
homem, ou seja muitos planos mas o conselho do Senhor 
permanecerá, significa dizer que é Deus quem decide, nós ve-
mos em diversos textos as escrituras essa afirmação como em 
(Jó 23:13; IS 14: 24-27; Is 46 :10), como entender então as 
afirmações de que Deus frustra conselhos e planos humanos 
trazendo o fracasso a esses planos (Sl 33:10-11; Is 8:10; Is 
19:3-4). O capítulo 10 de Isaias no versículo 5 ao 11 Diz o pró-
prio senhor que está usando o rei da Assíria para entrar em 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
70 | P á g i n a 
 
juízo com o povo pagão, mas o rei da assíria quer mais do que 
isso pois tem seus próprios planos de conquistar muitas na-
ções. Mas no versículo 12 diz que quando o Senhor terminar 
de executar seus planos, iria também castigar o rei da assíria, 
isso por que o rei diz que fez isso com sua própria força, sa-
bedoria e inteligência (vs 13-14). O que é dito no versículo 15 
é semelhante ao que é dito em (Rm 9:20-21) dando ênfase a 
soberania de Deus, lembrando que aquele que cria pode usar 
sua criação como quiser e que o que usa é mais importante 
do que aquele que é usado. 
 Os próximos versículos dizem um pouco sobre o juízo que 
cairá sobre a Assíria e o motivo, o propósito de todos esses 
planos de Deus em usar um povo ímpio depois castigá-los, 
mesmo que não fosse nessa situação, não seria de maneira 
alguma uma injustiça, pois toda a raça humana pela desobe-
diência a Deus por conta do pecado que habita na natureza 
pecaminosa do homem após a queda de Adão, está sentenci-
ado a ira vindoura que os profetas anunciaram (Sf 1:14-
18), ou seja, quando o Senhor está castigando ou mostrando 
sua ira a alguém, Ele simplesmente está entrando em juízo 
com aquela pessoa e quando retém a sua ira ao livrar alguém 
de algum mal o Senhor está dando a conhecer sua misericór-
dia, que o próprio Senhor disse a Moisés que terá misericór-
dia de quem ele quiser (Êx 33:19), pois não tem obrigação de 
 A SOBERANIA DE DEUS 
 
71 | P á g i n a 
 
dá-la a ninguém, pois não nos deve nada (Jo 41.11), pelo con-
trário, nós que devemos (Sl 49:7-9) e Cristo pagou (Cl 2:14) 
por Cristo ter pago, somos agora ovelhas do grande Pastor 
“Jesus” nosso Senhor (Jo 10:14), as ovelhas de Cristo são 
aquelas que o próprio Deus envia (Jo 6:37,44,45,65; Jo 
17:6,9,11,12,24), ou seja, Deus continua tendo misericórdia 
de quem ele quer (Rm 9:14-15), porém agora a expiação dos 
pecados daqueles que se tornaram escolhidos de Deus foi de-
finitivamente feita (Hb 10:12,14). 
Concluímos portanto que Deus é Soberano e que nada 
foge do seu controle, porém os planos dos homens são frus-
trados a medida que ele responde mal às ações de Deus, e se 
o homem for prudente e souber discernir qual é a vontade de 
Deus, certamente Deus o responderá fazendo com que o seu 
plano seja executado, dando assim o poder de execução ao 
homem, significa dizer que a Soberania e a responsabilidade 
humana elas devem caminhar juntos e o fato de Deus trazer 
juízo aos homens não quer dizer que anula o plano do homem 
quer dizer simplesmente que Deus não dá poder de execução 
deste plano pelo simples fato de que o homem não compre-
endeu a sua vontade, e quando compreendemos a vontade de 
Deus todos os planos e projetos que fazemos coincidem com 
os seus planos e desígnio, uma vez que ele nunca perdeu o 
controle da história e ainda nos dá o privilégio de participar 
do seu plano como sendo uma ação conjunta. 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
72 | P á g i n a 
 
Já vimos que Deus é Soberano e que a sua Soberania não 
anula os planos do homem, e que os seus conselhos são o po-
der de funcionamento de cada um dos planos que fazemos, 
quer dizer que ele pode aplicar o poder de funcionamento ounão. Ainda dentro desta questão existe as implicações a res-
peito da fé se esta move a mão de Deus ou não, de acordo com 
a exposição feita acima nossos planos e nossas escolhas não 
interferem na Soberania de Deus mas a questão agora é a 
nossa fé ela pode mover as mãos de Deus ou não como en-
tender isso? 
 
Como Funciona A Fé Na Soberania De Deus 
 
Alguns dizem que atitudes de fé movem o coração de 
Deus, Jesus é o autor e consumador da vida (At 3:15), conse-
quentemente autor da nossa fé ele conhece desde o ventre 
materno cada um de nós (Jr 1:5). Ele conhece nossas atitu-
des (Sl 103:14), ele sonda e conhece nossos pensamentos, an-
tes mesmo de dirigirmos as palavras ao Senhor ele já conhece 
todas elas (Sl 139:1-7), como posso mover o coração de al-
guém que sabe tudo que penso e faço antes de fazer? Na ver-
dade, o Senhor faz aquilo que o agrada e não há quem possa 
questioná-lo (Jó 40:2). 
 Certo homem que estava leproso tinha pleno conheci-
mento disso, pois quando se aproximou de Jesus, disse a ele 
 A SOBERANIA DE DEUS 
 
73 | P á g i n a 
 
que se fosse da sua vontade ele poderia curá-lo (Mt 8:1-
3), certa feita Jesus foi a Jerusalém, se aproximou de um 
tanque chamado em hebraico “ Betesda”, e ele curou um ho-
mem que estava paralítico há 38 anos (Jo 5:1-9), porém as 
escrituras afirmam que ali havia uma multidão de enfermos, 
paralíticos, cegos, coxos (Jo 5:3), porém só um foi curado, 
por quê? Porque a vontade de Deus sempre predomina e não 
há questionamento quanto a isso (Rm 9.14-15, 20-21). Essa é 
uma forma de interpretação absolutamente calvinista de que 
“Deus é Soberano e a nossa fé não move a mão de Deus e ele 
simplesmente faz o que ele quer e nós não devemos questio-
nar o porquê ele é o dono do universo criador de cada um de 
nós, Cabe a ele fazer o que ele mesmo quer da forma que 
quer”. 
Essa interpretação é um tanto quanto radical e equivo-
cada em alguns aspectos, e ainda é uma interpretação relu-
tante com relação ao Arminianismo, há algumas coisas im-
plícitas que precisam ser consideradas a respeito da fé dentro 
da soberania de Deus, como ambos os pontos se encaixam e 
se completam. Se eu acreditar absolutamente de que a minha 
fé não move a mão de Deus, de alguma forma eu estou tam-
bém afirmando que não há necessidade de fazer nem sequer 
uma oração, ou de acreditar em Cristo, porque nós cremos 
em Cristo pela fé se a nossa fé não pode mover a mão de Deus, 
logo a nossa fé em Cristo é vã, Por que a medida que nós 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
74 | P á g i n a 
 
cremos no seu sacrifício, Deus nos responde dando a nós a 
possibilidade de sermos salvos, somos salvos pela fé, se a 
nossa fé não move a mão de Deus ter fé não significa nada, 
sendo assim preciso negar também o texto de (Hb 11:6), que 
nos ensina que sem a fé nós não podemos agradar a Deus. 
 Como posso agradar a Deus tendo algo que aos olhos dele 
é inútil e não muda nada no seu conceito em relação a uma 
ajuda e uma possibilidade de sermos salvos? 
 
O que entendemos a respeito da fé e o seu poder é que ela 
é uma esperança fundamentada em nossa credibilidade em 
Deus, isto é, à medida que cremos em Deus, a proporção que 
confiamos nele e em suas ações esta é a proporção da nossa 
fé (Hb 11:11). É necessário conceituar a atuação eficaz da fé 
aqui - quando exercemos a fé bíblica, nós estamos na ver-
dade colocando em funcionamento a vontade de Deus, isto é, 
a nossa fé não deve ser favorável a nossas necessidades, e 
sim, glorificar a Deus, se nós tentamos fazer uso da fé para 
nos favorecer esta é uma fé fingida e egocêntrica, pois se so-
mos um homem espiritual a nossa fé é a engrenagem que dá 
o funcionamento pleno da nossa vida com o alinhamento da 
vontade divina, de fato nossa fé não move a mão de Deus no 
aspecto de favoritismo pessoal e nem no conceito e forma que 
ele trabalha, mas certamente se estivermos alinhado com sua 
 A SOBERANIA DE DEUS 
 
75 | P á g i n a 
 
vontade nós damos mais espaço para ele fazer o que de ante-
mão tinha planejado, isso resulta em uma junção da nossa fé 
com a bondade de Deus, que é uma ação conjunta. 
 
A proporção da nossa fé e fidelidade a vontade de Deus, 
faz com que ele nos responda nos ingressando em seu plano 
divino fazendo com que eu seja participante do seu plano pré 
estabelecido através da execução da minha fé. Não significa 
dizer que se não tivermos fé o plano de Deus fica inativo, e 
sim o modo que não contribuiu com seu plano faz com que 
ele haja de maneira pré-estabelecida por eles em atuação da 
nossa fé, e isso nos mostra que se temos fé nele ele irá nos 
proporcionar experiências de participação em seu plano 
eterno, no entanto não são dois planos, um conosco e outro 
individual, e sim um plano com duas faces, quase igual a sua 
natureza Triuna, o fato de só alguns serem curados no texto 
citado acima, não nos remete a crer em um Deus determi-
nista. E sim, a fé que curou alguns, glorificou a Deus, e o sim-
ples fato de ele não curar outros, não está no seu decreto de 
não ter compaixão com outros, não obstante fez assim pelo 
motivo de ser essa a resposta às ações humanas, vale ressal-
tar que essas ações que geram milagres, não é precisamente 
a fé e nenhum ato favorável no momento da cura, pode ser 
uma resposta de Deus a uma ação no passado que no “Kairós” 
já tinha acontecido. 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
76 | P á g i n a 
 
 
Como Funciona A Oração Na Soberania De Deus 
 
Entendemos que a nossa fé ela não move a mão de Deus, 
e o que dizer a respeito de nossas orações? As nossas orações 
realmente tem um resultado? Tudo que pedimos ao Senhor 
ele nos concede? De acordo com (Jo 14:14) seremos ouvidos 
e teremos uma resposta ao que pedimos. Só receberemos 
algo, se pedirmos segundo a vontade de Deus (1 Jo 5:14-15), 
para que Deus seja glorificado (Jo 14:13), quando pedimos e 
não recebemos é porque nossa petição não está ligada à von-
tade de Deus, somente ligada ao nosso bel-prazer (Tg 
4:3), quando as petições estão alinhadas com propósito e a 
vontade de Deus, ele concede nosso pedido ( Lc 1:13-17; 1 Sm 
1:10-11;20; 1 Sm 3:14-21; 2 Sm 15:31; 2 Sm 17:14), Ou quando 
simplesmente ele quer mesmo, sem nós pedirmos (Lc 13:10-
13; Lc 14:1-4). Isso não quer dizer que não podemos tomar 
atitudes de fé e fazer nossas petições ao nosso Senhor, e sim 
que só receberemos algo se for a vontade de Deus, o próprio 
Senhor Jesus quando ensinava seus discípulos a orar, ele o 
instrumento a pedir que a vontade de Deus fosse feita e não 
a vontade pessoal de cada um (Mt 6:10). 
Portanto, quando formos orar ao Senhor devemos fazer 
uma oração inteligente e pedir a ele somente aquilo que irá 
satisfazer a sua vontade, devemos buscar o reino dos céus e a 
 A SOBERANIA DE DEUS 
 
77 | P á g i n a 
 
sua justiça, para que as demais coisas possam assim ser 
acrescentadas (Mt 6:33). Se nós temos vontades que gostarí-
amos que fossem cumpridas e objetivos que gostaríamos que 
fossem alcançados e estes não glorificam a Deus, é porque 
nós não estamos dando a devida importância a sua vontade 
e sim, estamos fazendo uso de uma fé e de uma oração que 
são em suma totalmente medíocres. 
 
 
 
 
 
 
 
 
I 
 
 
T 
 
 
 
CAPÍTULO II 
A EXPIAÇÃO LIMITADA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Obre a expiação, ao longo do séculos tem-se discu-
tido a respeito dessa inspiração se ela é limitada ou 
ilimitada, isso acontece porque existem muitos textos que 
nos mostram ângulos diferentes de interpretação, embora 
ambos os textos sejam de cunho sistemáticos, cada texto pos-
sui sua própria característica dentro do seu contexto em que 
S 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico deEquilíbrio e Compatibilidade 
 
 
80 | P á g i n a 
foi escrito. Para entendermos esta questão precisamos ter em 
mente de que Cristo Ele é Supremo e seu sacrifício é extre-
mamente suficiente e eficaz para alcançar qualquer pecador. 
 
A Expiação Só Tem Efeito Para Os Que Creem 
 
O texto de (Jo 3:16), nos deixa bem claro que Deus amou 
o mundo de tal forma que a expressão desse amor mais pro-
fundo foi dar o seu único filho unigênito, para que todo 
aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. De 
acordo com a interpretação calvinista deste versículo diz: Al-
guns insistem na ideia de que Deus enviou Jesus com o pro-
pósito de conceder salvação a todos, sem exceção, mas so-
mente como uma possibilidade. Contudo, Jesus deixa bem 
claro que a salvação daqueles que "o Pai me dá" - e somente 
destes - não é uma mera possibilidade, mas certeza abso-
luta. E "o que vem a mim" (Jo 6.37-40; 10.14-18; 17.19) "de 
modo nenhum o lançarei fora". A Verdade expressa pela pa-
lavra "mundo" é que a obra salvífica de Cristo não é limi-
tada a tempo e lugar, porém aplica-se aos eleitos de todas 
as partes do mundo. 
Os que não recebem o remédio que Deus providenciou em 
Cristo perecerão. Permanece como verdadeiro que aquele 
que crê não morrerá (não será separado de Deus), mas vi-
verá na presença de Deus para sempre. De fato, o que vemos 
 A EXPIAÇÃO LIMITADA 
 
81 | P á g i n a 
neste versículo realmente está ligado diretamente com o 
amor de Deus, a insuficiência humana e a suficiência de 
Cristo que pelo seu sacrifício cumpriu o plano de redenção, 
que Deus elaborou para nos alcançar sabendo pela sua pres-
ciência, que todos iriam pecar e consequentemente ficaria 
destituídos de sua glória, dando-nos assim a oportunidade de 
sermos salvos novamente. Se o pecado afetou toda a huma-
nidade não é justo que somente poucos obtenham essa ex-
tensão de aceitação, e sim justo seria se todos Independente 
de raça ou crença tivessem a oportunidade de serem salvos 
mediante a fé em Cristo e o seu sacrifício vicário. 
Portanto podemos concluir diante deste versículo, que a 
salvação ela é limitada sim, mas essa limitação está ligada a 
crença em Cristo e em seu sacrifício, e não especificamente 
da parte de Deus para com os homens, isto é, a expiação é 
limitada pelos homens à medida que rejeitam o sacrifício de 
Cristo, E não que Deus escolheu somente alguns para outor-
gar essa expiação, o poder de regeneração pelo sacrifício de 
Cristo é dado a todos, mas nem todos recebem porque rejei-
tam e não porque Deus não deu a ele essa possibilidade. Essa 
verdade é fundamentada no texto de (Jo 1:12), que diz que 
todos que o “receberam” e “creram” no nome de Jesus, a es-
ses Deus deu o poder de se tornarem filhos. Embora a expia-
ção seja limitada aos que crerem em Cristo ela é altamente 
suficiente para todos. 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
82 | P á g i n a 
 
A Expiação Oferecida É Suficiente Para O Mundo 
Todo 
 
De um lado a expiação é sim limitada, por outro lado ela é 
ilimitada. Pois o texto de (1 Jo 2:2), nos ensina que ele é a 
propiciação por todos os nossos pecados, não só pelos nossos 
apenas, mas também pelos pecados de toda a humanidade. 
Todos nós acreditamos que o pecado de Adão atingiu toda a 
raça humana, isto é, por um homem ter pecado eu também 
sou pecador, em suma, acreditar nisso é um ato de fé, pois 
como eu posso ser pecador sendo que quem cometeu o pe-
cado não foi eu diretamente? Da mesma forma que eu tenho 
fé que o pecado de um homem foi capaz de alcançar toda raça 
humana, a morte de Cristo, o Santo Filho de Deus, também 
deve merecer a mesma fé. Portanto crer que a expiação é li-
mitada, é questão de fé, se eu acreditar que ela é ilimitada 
assim como o pecado foi ilimitado no seu alcance, eu também 
posso recebe-la, da mesma forma que eu recebi o pecado de 
Adão eu recebo e creio no sacrifício salvífico do meu Senhor 
Jesus. 
É assim que podemos chegar à verdade sobre a expiação, 
na verdade quem limita ela somos nós se não tivermos fé 
para aceita-la. Se a expiação fosse em sua totalidade limitada 
somente a alguns, não seria uma expiação, pois o conceito 
 A EXPIAÇÃO LIMITADA 
 
83 | P á g i n a 
que temos de expiação a luz das escrituras é que todos os po-
vos do Antigo Testamento iam ao templo, e por meio do sa-
cerdote eles ofereciam seu sacrifício a Deus para que assim 
fossem aceitos pelo Pai, e recebessem a regeneração de seus 
pecados de forma simbólica, apontando para o posterior sa-
crifício vicário de Cristo que seria feito fisicamente como já 
havia sido antes da fundação do mundo (1 Pe 1:20). Em (2 Co 
5:14-15) Paulo escreve a respeito desse tratado teológico da 
expiação dizendo que, Cristo morreu por todos os pecados de 
toda a humanidade, e que não há qualquer coisa que façamos 
que não é certamente fruto do amor de Deus, que nos resga-
tou da morte dando a todos a oportunidade de se tornarem 
filhos de Deus, mediante o sacrifício de Cristo e que todos nós 
recebemos a vida eterna Ele diz que Cristo morreu por todos 
que possuem vida, isso abrange todos os pecadores em qual-
quer lugar de qualquer crença de qualquer raça independen-
temente de qualquer obstáculo, a expiação é oferecida a toda 
a humanidade e não somente alguns que Deus de antemão 
tinha eleito. 
 Encontramos novamente a ideia de que Cristo morreu 
por todo o mundo como sendo não apenas uma ideia de lo-
calidade, mas sim especificamente de vidas, de seres huma-
nos em (Hb 2:9), que o autor expressa dizendo que Jesus foi 
feito um pouco menor do que os anjos, por causa do sofri-
mento da morte, coroado com Glória e Honra, para que pela 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
84 | P á g i n a 
graça de Deus pudesse provar a morte no lugar de cada ho-
mem sem exceção. 
 
A Expiação Pode Ser Rejeitada Pelos Pecadores 
 
Embora a expiação seja capaz de alcançar qualquer peca-
dor, existe também por outro lado há possibilidade de que 
este pecador ou aquele, não obtenham a expiação para si fa-
zendo com que a mesma seja rejeitada por eles, sendo assim 
eles estão limitando a expiação para si, e não que ela não 
possa alcançar o seu pecado, mas eles estão rejeitando a 
única oportunidade que tem de serem salvos, que é crer no 
sacrifício de Cristo. Quando o texto de (Mt 20:28) diz que ele 
veio para dar a sua vida em resgate de “muitos”, o texto não 
está limitando o poder de alcance da expiação, mas fala que 
ela é dada em resgate de “muitos” pelo fato de que alguns 
iriam rejeitar, em (Jo 15:13). Nós lemos que Cristo entregou 
a sua vida pelos seus “amigos”, a expressão amigos aqui tam-
bém não limita a expiação somente aqueles que Deus esco-
lheu, mas sim a ideia do escritor é dizer que a expiação pode 
ser rejeitada, e que ela é eficaz na vida daqueles que o aceitam 
se tornando assim “Amigos” de Cristo, por isso ele disse que 
veio para salvar e entregar a sua vida pelos seus amigos, pois 
ele sabia que haveria pessoas que iriam crer em sua expiação, 
e foi justamente pelos que creem nele, que ele veio, com a 
 A EXPIAÇÃO LIMITADA 
 
85 | P á g i n a 
expectativa de que todos iriam crer, e não que somente a al-
guns seria dado o poder de crer em seu nome como Salvador, 
isto é, o sacrifício de Cristo na cruz é dado como meio de sal-
vação aos que crerem nele, significa dizer que os que creem 
nele automaticamente se tornam seus amigos e esses amigos 
são muitos. 
 Por isso os textos dizem que ele veio apresentar o seu sa-
crifício salvífico e expiatório por “muitos” e pelos “amigos”. 
Sendo uma alusão clara de que a inspiração tem alcance ao 
mundo todo, mas que ela poderia ser rejeitada por alguns. 
Podemos observar que em (Jo 11:51-52), o escritor afirma 
que Jesus veio congregarnele todas as nações, mas isso não 
aconteceu, vemos que os judeus o rejeitaram, sendo assim, 
implica dizer que a salvação por meio da expiação pode sim 
ser rejeitada. Jesus veio reunir em si mesmo um povo pecu-
liar, que é um povo incomum, ou seja, aqueles que realmente 
crerem em seu nome e se tornarem seus amigos, esse é um 
povo zeloso e de boas obras que tem a marca de seu Salvador. 
Por isso Nós aprendemos que se quisermos ir morar no céu 
com Deus precisamos ir por meio de Cristo, ele é o único pas-
saporte que temos para chegar no nosso destino tão almejado 
que é o céu, mas para isso precisamos crer nele, nos tornar o 
seu “amigo” isso nos fará membros de “muitos” irmãos que 
também congregam em Cristo com a esperança de uma mo-
rada celestial. 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
86 | P á g i n a 
E é justamente por isso que alguns pereceram não porque 
Deus rejeitou, mas porque esses rejeitaram a expiação de 
Cristo, negando Jesus como Salvador que veio para resgatar 
cada um de seu pecado e condenação de morte eterna, e 
quando ele é recusado, consequentemente os que o recusam 
estão trazendo sobre si repentina destruição (1 Pe 2:1). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
89 | P á g i n a 
I 
 
 
T 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO III 
A LIVRE ESCOLHA 
 
 
 
 
 
 
 
 
obre a escolha é preciso considerar que o homem 
não tem o livre arbítrio, pois o livre arbítrio é o po-
der de escolha sem nenhum tipo de influência, coisa que só 
aconteceu com Adão e Eva, é de saber de todos nós que após 
a queda do homem toda humanidade passou a ser influenci-
ada pelo pecado, consequentemente todos nós temos 
S 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
90 | P á g i n a 
também essa influência, e sim, também temos oportunidade 
de escolher, mas não se trata de um livre arbítrio e sim de 
uma livre agência pois a nossas escolhas elas têm uma in-
fluência, nós somos influenciados de alguma maneira ou pelo 
mal ou pelo bem. 
 
O Homem Tem Direito De Escolha 
 
Deus sempre quis que o homem o amasse de todo seu co-
ração, mas se ele não tivesse dado ao homem o poder de es-
colha, esse amor não seria verdadeiro, pois o amor verda-
deiro é aquele que parte do desejo pessoal e emocional sem 
que haja qualquer tipo de força maior ou obrigatória para que 
este amor possa florescer, se Deus quer um amor verdadeiro, 
é preciso que esses seres humanos que ele criou, o amem de 
todo coração, e possam fazer isso por vontade livre. Portanto, 
todos nós somos livres para escolher entre servir a Deus ou 
não. Não seria justo da parte de Deus criar seres humanos 
para uma finalidade que estivesse tudo ordenada por ele, sem 
que o ser humano pudesse escolher o que queira fazer, vale 
lembrar que antes da queda, o homem tinha um contato di-
reto com Deus e não conhecia o mal, mas após a queda, o 
pecado entrou no mundo e dominou o homem, portanto o 
homem agora passa a ter que escolher estar na presença de 
Deus lutando contra uma força maior do que ele, pois antes 
 A LIVRE ESCOLHA 
 
91 | P á g i n a 
da queda era da natureza do homem estar próximo de Deus 
e ter intimidade com Deus, depois da queda a sua natureza 
ficou corrompida e para escolher Deus agora era necessário 
passar por uma luta, que era vencer o mal que o influen-
cia, porém o homem não tinha essa força de vencer o mal e 
ir até Deus, a não ser por uma influência do Espírito Santo. 
 
O Resultado De Uma Natureza Caída 
 
De acordo com o que Paulo escreve em (Rm 3:11), Não há 
ninguém que possa escolher estar com Deus pela sua própria 
decisão, embora temos a oportunidade de escolher o que 
queremos todas as nossas escolhas estão continuamente cor-
rompidas pelo mal, e nós não podemos e nem conseguimos 
em hipótese alguma escolher estar com Deus, isso aconteceu 
como resultado da queda do homem, portanto podemos afir-
mar que o homem jamais poderá escolher a Deus por si só 
por conta da sua natureza contaminada e influenciada pelo 
pecado. João também escreve com a mesma finalidade de 
conscientizar o homem de que ele não pode ir a Deus por 
conta do pecado e que este só pode se achegar a Deus se Deus 
o levar (Jo 6:44), não significa dizer que Deus escolhe alguns 
para ir até Ele e outros não. Isso tudo é um processo de graça 
que vai se estendendo de uma forma progressiva, até que o 
homem não resista a bondade de Deus manifesta em sua vida 
o chamando para estar com Ele. Podemos assegurar de que o 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
92 | P á g i n a 
homem tem sim a oportunidade de escolher, mas as suas es-
colhas sempre estão propensas aquilo que é mal e contrário 
à vontade de Deus. 
 
A Graça Comum 
 
Por nossas escolhas sempre estarem propensas ao mal, 
Deus nos outorgou aquilo que chamamos de graça comum, 
Paulo em (Rm 2:1-11), esclarece o que é esta graça comum, 
ele disse que todos os homens que ignoram e desprezam as 
riquezas da bondade de Deus estão acumulando para si uma 
ira futura, que será o julgamento daqueles que não obedecem 
a Deus, Paulo deixa claro que o homem pode escolher obede-
cer a Deus, sendo assim como então entender? Nós temos o 
poder de escolha, mas a nossas escolhas sempre seriam con-
tinuamente más, e nós seremos condenados por essas más 
escolhas, isso acontece pelo fato de que todos nós recebemos 
a graça comum, e esta graça comum é uma graça que Deus 
nos dá equilibrando a balança da influência, fazendo com que 
a mesma influência e proporção que temos do pecado, temos 
agora a de escolhê-lo, pois ele restaurou a capacidade do ho-
mem de escolher segui-lo, pela manifestação de sua bondade. 
Portanto não há desculpa para o homem dizer que será 
condenado porque tem uma natureza pecaminosa que não 
deixou escolher o bem, visto que Deus manifesta sua 
 A LIVRE ESCOLHA 
 
93 | P á g i n a 
bondade a todas as pessoas, um exemplo disso é que nós ve-
mos em diversos momentos da nossa vida, ímpios sendo 
abençoados, por que isso acontece? porque Deus está mani-
festando a eles a sua bondade em uma forma de chamamento 
ao arrependimento, é justamente o que Paulo trata no versí-
culo 4, ele disse: “Ou desprezas tu as riquezas da sua benig-
nidade, e paciência e longanimidade, não sabendo que a be-
nignidade de Deus te leva ao arrependimento”? fica claro 
portanto que Deus devolveu ao homem a capacidade de es-
colher a Ele fazendo com que a bondade alcance todos os ho-
mens de forma proposital para que esses homens sejam atra-
ídos a Ele. Por isso nós somos indesculpáveis, pois Deus ma-
nifestou o seu Ser ao mundo por meio da criação e continua 
manifestando pois tudo que nós vemos, tudo que é visível re-
vela a soberania e o poder de Deus (Rm 1:18-21). Nós vemos 
que Deus não faz acepções de pessoas e Ele não escolhe uns 
e abandona outros e sim, faz chover sobre justos e injustos 
(Mt 5:45) dando a todos a oportunidade de escolher, visto 
que Ele deu a graça comum que é a capacidade de um homem 
conseguir ver que as coisas boas que acontecem em sua vida, 
não parte de si próprio e sim de Deus, não há como negar isso 
pois até os ímpios recebem coisas boas e os que são fiéis a 
Deus não recebem como querem, só há uma justificativa para 
isso, a bondade de Deus manifesta ao homem para que este 
seja levado ao arrependimento. 
 
 
 
 
 
 
95 | P á g i n a 
I 
 
 
T 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO IV 
INTERVENÇÃO DIVINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Deus Intervém Em Nossas Escolhas? 
 
lguns afirmam que Deus intervém em nossas esco-
lhas de forma direta e indireta, portanto precisa de 
uma certa circunspecção para que de uma vez por todas 
possa ser esclarecido essa ideia de intervenção nas escolhas 
A 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um TratadoTeológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
96 | P á g i n a 
humanas vamos ver o que a Bíblia fala sobre a intervenção 
direta e indireta de Deus. 
 
A Verdade Sobre A Intervenção Divina 
 
Sabemos que Deus tem todo controle da história, e suas 
respostas as nossas ações já estão pré-determinadas, alguns 
textos bíblicos nos dá a impressão de que Deus intervém de 
uma forma indireta em nossas escolhas movendo o cenário 
como por exemplo em (Gn 45:4-8; Rt 2:1-3; Ec 2:1-9,16-
17), quando na verdade a intervenção, que aparentemente 
estão presentes nestes textos, é justamente a falta de opção 
para o homem escolher isso ou aquilo, um exemplo notável é 
o de José, que não teve opção de escolher, mas foi vendido 
simplesmente para que cumprisse o propósito divino (Gn 
37:26-28), não significa dizer que houve uma intervenção na 
escolha, e sim que as intervenções diretas ou indiretas é ba-
sicamente o fato do homem não encontrar opções de esco-
lhas (Ex 10:1-2,8-10), algo que não está ao alcance do conhe-
cimento humano – que é o verdadeiro funcionamento desta 
execução do propósito Divino. Um exemplo claro sobre isso 
é o de Abraão, Deus disse que se ele saísse da sua terra e da 
sua parentela e fosse a terra que o Senhor o mostraria, ele 
receberia a promessa, mas foi quando Abraão decide se 
 INTERVENÇÃO DIVINA 
 
97 | P á g i n a 
separar do seu sobrinho Ló, e Ló escolhe seguir pela Campina 
do Jordão, que a promessa foi feita por Deus a Abraão. 
Ele escolheu se separar do seu sobrinho pelo fato de não 
enxergar outra opção, quando observou que estava tendo 
conflito entre seus pastores e os pastores de seu sobrinho Ló, 
não vemos Deus intervindo aqui simplesmente pelo motivo 
de que a escolha do homem anda em conformidade com o 
plano eterno de Deus. As nossas escolhas estão sim determi-
nadas por Deus, mas não de forma que anula a liberdade do 
homem de escolher isso ou aquilo, e sim que tais escolhas es-
tão gabaritados como respostas a uma bondade de Deus. 
Deste modo, nós podemos sim fazer a escolha que for, e essas 
escolhas não irão necessitar de uma intervenção, pois elas 
mesmas em si já são uma resposta de uma intervenção 
quando houve falta de opções para o homem. Considerando 
que às vezes Deus muda as escolhas humanas, isso não é uma 
intervenção, pois somos nós que pensamos e planejamos, po-
rém o poder de executar esses planos vem do próprio Deus, 
assim como nossas escolhas, o poder de executá-las está em 
Deus, quando parece que ele está interferindo na realidade 
está apenas nos dando o poder para colocar em prática e fica 
claro que esse poder de execução é tido como um entusiasmo 
(Ag 1:4). 
Quando estamos entusiasmados para fazer algo, ficamos 
flexíveis para aperfeiçoar e aderir pontos que nos ajudaram a 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
98 | P á g i n a 
ter melhor resultado. Essa é a ação de Deus em favor de seus 
planos, ele nos outorga o poder para executar algo que em 
suma nos dá a sede de obter um resultado preciso (Êx 35:31-
35; 2 Cr 36:22-23; Ed 1:5; Ne 4:6), É por isso que vemos que 
Deus endureceu o coração de Faraó em favor de seu plano, 
na realidade foi Deus dando a ele entusiasmo ou poder de 
execução de sua vontade escolhida (Êx 8:15; Êx 9:12), ou seja 
o Senhor não interveio em sua escolha, mas deu maior poder 
de execução para que essa escolha tivesse o resultado que o 
mesmo queria, e que por ocasião cumpriria o propósito de 
Deus a partir do que ele escolheu ser ou fazer, em sua presci-
ência O Senhor já tinha provido as razões necessárias para 
que Faraó escolhesse fazer o que fez sem que fosse tirado da 
sua escolha, e sim suas escolhas foram feitas de tal 
modo porque Deus já tinha feito com que sua bondade ti-
vesse essa resposta de Faraó e suas ações. Portanto concluí-
mos que existe sim uma intervenção direta ou indireta de 
Deus na história, mas não nas nossas escolhas, e sim antes 
delas ou quando não vemos opções de escolher algo que nem 
sequer sabemos como irá funcionar no plano Divino. 
 
A Compatibilidade Da Intervenção Com Responsa-
bilidade Humana 
 
 INTERVENÇÃO DIVINA 
 
99 | P á g i n a 
Uma outra questão ainda dentro desse assunto que cau-
sam muitas discordâncias, é como entender a compatibili-
dade entre a predestinação e a intervenção de Deus, segundo 
a sua soberania e a nossa responsabilidade pessoal por aquilo 
que já está decretado pela predeterminação? pois vimos que 
nós temos sim oportunidade de escolher e que Deus não in-
tervém na nossas escolhas, mas cada uma dessas escolhas 
que fazemos são uma resposta dada a bondade de Deus, que 
cada uma das nossas respostas tem consequentemente uma 
ação de Deus como também sendo uma resposta a nossa, ou 
seja isso é um ciclo rotativo eu faço em resposta ao que Deus 
já fez e Deus faz em resposta a resposta que eu dei a ele, assim 
fica difícil entender como que ambas as ideias, tanto a minha 
escolha, quanto a minha responsabilidade como a determi-
nação de Deus daquilo que vou fazer se compatibilizam. 
Podemos usar esses textos bíblicos como referência para 
fundamentar a doutrina da determinação de Deus, com base 
na sua soberania em relação ao tempo e as reações que temos 
as suas ações pela sua presciência (Gn 26:1-25; Mc 4:35-41; 
Mc 6: 45-52). 
 Deus tem um gabarito de cada uma de suas respostas às 
ações e questionamentos do ser humano, e no seu tempo de-
terminado ele envia cada uma dessas respostas, seja a al-
guma ação boa ou não do ser humano. Bem sabemos que 
tudo que plantamos nós colhemos (Gl 6:7), ou seja, não tem 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
100 | P á g i n a 
como ficar isento do resultado daquilo que nós ocasiona-
mos, essa é a justiça de Deus o ser humano, age em resposta 
ao Senhor, e ele reage em resposta aos nossos atos, porém 
sua reação pode ser instantânea ou tardia aos olhos humanos 
lembrando que o Senhor sempre age no tempo certo em que 
determinou (Ec 3:1, 8:6), isso ocorre pelo fato de que o 
tempo de Deus é totalmente diferente do nosso, como já foi 
dito anteriormente, que nós seres humanos estamos sujeitos 
ao tempo “Cronos” enquanto que Deus tem o domínio do 
tempo “Kairós”. Deus pode simplesmente, por ser dono do 
tempo, não permitir que vejamos os resultados de algumas 
escolhas certas que fazemos (Hb 11:13; Hb 11:39) ou erradas 
(1 Sm 31:6; 2 Sm 21:1). 
 Há alguns textos que nos trazem a ideia de que realmente 
Deus interveem antes das nossas escolhas ou quando não ve-
mos a opção de escolha. 
Vejamos aqui um exemplo claro de Deus intervindo de 
maneira que mesmo havendo, não foi possível enxergar op-
ções (Gn 26:1-25), Neste texto a Bíblia diz que houve fome na 
terra, o Senhor ordenou a Isaac que ele não descesse ao Egito, 
mas que ficasse na terra que o Senhor o indicaria. Isaac por 
sua vez obedeceu, e permaneceu em Gerar, por pensar que os 
homens daquela cidade o mataria para ficar com sua esposa 
Rebeca, pois ela era muito bonita, ele temeu e mentiu, aqui 
 INTERVENÇÃO DIVINA 
 
101 | P á g i n a 
existia a opção de escolha, porém Isaque não conseguiu en-
xergar, e acabou fazendo uma escolha que colaborou com 
propósito de Deus pois o Rei Abimeleque descobriu a ver-
dade, e Isaque, após mentir, perdeu a confiança do Rei, en-
tão quando Deus o abençoou e começou a prosperar em con-
formidade com sua obediência, Abimeleque o expulsou da 
terra, pois começou a ver Isaac como sendo mais poderoso 
do que ele sendo o próprio Rei. 
Assim Isaac acampou no vale de Gerar, ali tornou a abrir 
os poços de Abraão seu pai, quando o mesmo passou por 
aquelas terras, quando encontrou poço de água nascente, os 
pastores de gerar entrou em conflito dizendo que aquele poço 
já tinha proprietário, então cavou outropoço pois novamente 
não conseguiu enxergar outra opção, mesmo existindo esco-
lha, não a encontrou. Aparentemente a única escolha era 
abrir outro poço, porém mais uma vez houve conflitos, e con-
sequentemente a opção que enxergou foi abrir ainda outro, 
neste não houve conflito, perceba que toda essa falta de op-
ção visível cooperou para consumação do propósito de Deus, 
pois após ter aberto o último poço Isaque foi a Berseba, 
quando chega a Berseba, Deus novamente dirige palavras a 
Isaque, como resposta ele levanta um altar, e invoca o nome 
do Senhor. Note que a primeira vez que Deus falou com Isa-
que, ele disse que iria indicar uma terra que ele deveria habi-
tar, mas veremos adiante que Deus permanece em silêncio, 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
102 | P á g i n a 
porém toda vez que Isaque não encontrava opções e agia con-
forme aquilo que enxergava o que deveria fazer, era Deus in-
tervindo para que se cumprisse o seu propósito Soberano, 
pois mesmo sem indicar a terra em palavras, o Senhor con-
duziu Isaque para Berseba, assim Deus paulatinamente in-
terviu e cumpriu seu propósito sem interferir na escolha hu-
mana, e sem Isaque imaginar que suas próprias escolhas co-
laboraram para se cumprir aquilo que Deus já tinha para ele 
determinado. 
 Vemos outro exemplo em (Mc 4:35-41), pois Jesus age 
dizendo: Vamos para o outro lado do lago, e os discípulos re-
agem subindo no barco e o acompanhando, de repente, o 
vento começa a soprar e as ondas se levantaram com tanta 
força em cima do barco que ele já estava ficando cheio de 
água, em meio à essa circunstância os discípulos de Jesus te-
meram toda essa situação e não conseguiam enxergar outra 
opção a não ser acordar o Senhor Jesus e clamar a ele, em 
resposta ao clamor e a obediência de seus discípulos, Jesus 
simplesmente dá uma ordem ao mar e repreende o vento. 
Isso Serviu de experiência para os discípulos, para que 
quando estivessem diante de alguma situação parecida, eles 
agirem de acordo com a vontade do Senhor sem que ele ti-
vesse que intervir em resposta a um clamor ou antes de uma 
escolha precipitada, foi justamente por isso que quando 
 INTERVENÇÃO DIVINA 
 
103 | P á g i n a 
Moisés clamou diante do Mar Vermelho, o Senhor respondeu 
dizendo: porque está clamando a mim? Diga aos filhos de Is-
rael que marchem (Êx 14:15), em outras palavras o Senhor 
estava dizendo: “já não te disse e te mostrei que te escolhi 
para libertar meu povo? Não é hora de reclamar é hora de 
agir conforme a minha vontade”. Tanto Moisés como os dis-
cípulos já tinham experiências com o Senhor, porém, em cer-
tos momentos de dificuldades por não enxergarem opções 
para solucionarem problemas, se fez necessário uma inter-
venção divina, tudo que ocorreu com os discípulos estavam 
de fato predestinado por Deus, pois o seu propósito era pre-
pará-los para aquilo que enfrentariam quando Jesus não es-
tivesse mais entre eles, para que eles pudessem fazer a von-
tade de Deus, sem necessidade de uma intervenção. 
 Para que isso acontecesse, os discípulos precisavam en-
tender que deveriam olhar para as coisas com os olhos da fé, 
pois o modo, a insegurança, dúvida, incerteza e qualquer ou-
tro sentimento contrário vem pelo fato de olharmos para a 
situação com os olhos físicos, e por sermos limitados e im-
perfeitos, o que conseguimos enxergar é somente as coisas 
ruins, por isso que o Senhor Jesus disse que os olhos são a 
lâmpada do corpo se os olhos forem bons o corpo todo será 
luz, mas se forem ruins, o corpo todo será trevas. O nosso fu-
turo depende de como estamos enxergando nosso presente, 
depende de como está a nossa fé e a nossa confiança em Deus 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
104 | P á g i n a 
em paralelo a isso. O próprio Deus disse por intermédio da 
vida do profeta Habacuque: “o meu justo viverá pela fé (Hc 
2:4). 
No Novo Testamento também nos garante isso (Rm 1:17; 
2 Co 5:7; Hb 10:38). Vemos os discípulos algum tempo de-
pois em outra situação parecida (Mc 6:45-52), pós Jesus 
multiplicar 5 pães e 2 peixes ordenou que seus discípulos fos-
sem adiante dele para outro lado, para Betsaida, enquanto 
ele despedia a multidão, os discípulos obedecem e fazem con-
forme lhe fora ordenado, Jesus então despede a multidão, em 
sequência sobe ao monte para orar, ao cair da tarde, o barco 
estava no meio do mar e Jesus sozinho em terra, na quarta 
vigília da noite ou seja de madrugada, Jesus foi ao encontro 
deles caminhando por cima das águas, entenda Jesus os or-
denou que fossem adiante sem Ele para ver se a primeira ex-
periência que passaram com Ele dormindo no barco foi sufi-
ciente para entender o que deviam fazer neste tipo de situa-
ção, o que não é de se admirar é que houvesse um resultado 
positivo, pois quando Jesus desce do monte ainda está de 
tarde, e os discípulos já estavam no meio do mar, de madru-
gada eles ainda remavam mesmo com dificuldade porque 
entenderam que não podiam deixar com que nada que acon-
tecesse pudesse abalar a ponto de olharem com os olhos físi-
cos e temer a situação. Veja que a circunstância era um 
 INTERVENÇÃO DIVINA 
 
105 | P á g i n a 
pouco mais delicada, pois Jesus, diferente da primeira expe-
riência desta vez não estava no barco, porém eles consegui-
ram passar por essa situação olhando pelos olhos da fé, por 
isso perseveraram até o final. 
Em contrapartida, após Jesus descer do monte, acompa-
nhava tudo a distância esperando para ver se a reação doze 
discípulos, se desta vez seria diferente, e realmente foi con-
forme o esperado, quando o Senhor viu que remavam com 
dificuldade porque o vento além de ser forte estava contrário 
a direção que eles estavam remando, ou seja, não consegui-
ram chegar do outro lado pela limitação física, não psicoló-
gica e sentimental, por isso ele interviu e foi ao encontro de-
les. Esse é um exemplo de intervenção de Deus antes das es-
colhas do ser humano pois sem a iluminação de Deus, não há 
como fazer escolhas que nos levará a Deus, pois o ser humano 
após a queda ficou totalmente depravado e corrompido (Rm 
3:9-18,23), e todos, sem Deus somos influenciado pelo pe-
cado, a ponto de sermos escravos do mesmo (Jo 8:34; Rm 
6:16; 2 Pe 2:19), mesmo podendo fazer as suas próprias es-
colhas e ser responsáveis por elas não há como fazer o bem 
(Sl 14:3; Sl 53:3; Ec 7:20), a menos que o Senhor ilumine por 
intermédio de sua palavra (Sl 19:8), quando ocorre essa ilu-
minação, automaticamente acontece um despertamento da 
pessoa de tal forma que aquilo que a impedia de escolher a 
Deus e ao bem, é vencido e neste momento de iluminação 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
106 | P á g i n a 
somos livres da influência do pecado e conseguimos por von-
tade própria se aproximar de Deus, para dar início ao pro-
cesso de regeneração, e quando maior a entrega, mais rápida 
e eficaz é a atuação do Espírito Santo (Rm 12: 12; Ef 4:22-24; 
Ef 5:14). 
Quando se dá início ao processo de transformação a pes-
soa começa a enxergar e exercer a fé, consequentemente 
agradar ao Senhor, como resposta o Senhor recompensa o 
mesmo (Hb 11:6). Assim já não é mais necessária uma inter-
venção, pois Deus age agora diretamente na pessoa (Fp 2:13), 
de modo que o Espírito Santo guia e direciona a pessoa a fa-
zer a vontade do Senhor, e nenhum tipo de situação ou cir-
cunstância o impede de consumar o propósito, pois já não 
vive mais pelo que vê e sim pela fé (2 Co 4:16-18; 2 Co 5:7). 
Portanto podemos concluir que Deus não intervém em nos-
sas escolhas, mas quando nós não vemos a oportunidade de 
escolha, ou antes delas, desta maneira ele cumpre o seu pro-
pósito harmonizando e compatibilizando a sua Soberania e a 
responsabilidadehumana, fazendo com que se completem a 
predestinação e a escolha humana. Pois agora todos podem 
ver pelos olhos da fé a grandeza de Deus manifesta em toda 
a criação, Uma vez que Deus outorgou a todos nós a graça 
comum que nos permite olhar para ele e escolhe-lo. 
 
 
 
 
 
 
 
109 | P á g i n a 
 
I 
 
 
T 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO V 
 O CHAMAMENTO GERAL 
 
 
 
 
 
 
 
chamamento geral é uma forma pertinente ao convite 
que Deus faz a toda a humanidade entre tantas formas 
particulares deste convite, o chamamento é a ideia que esta-
belece esse convite fundamentando-o no grande amor de 
Deus. Esse convite é tratado como chamamento geral, pelo 
fato de que em um todo ele é exatamente a abrangência total 
O 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
110 | P á g i n a 
 
de um plano divino para a salvação da humanidade, que é 
manifesto a todos, sem nenhum tipo de exceção. 
 
Deus Tem Um Propósito Que É Nos Chamar 
 
Deus em sua presciência já sabia que o homem ia pecar e 
consequentemente iria ficar destituído de sua Glória. Por isso 
Ele já tinha um propósito firmado na eternidade que era cha-
mar o pecador ao arrependimento, ao inspirar o apóstolo 
Paulo a escrever aos (Rm 8:28), Ele diz: “E sabemos que to-
das as coisas trabalham juntamente para o bem daqueles 
que amam a Deus, daqueles que são chamados de acordo 
com o seu propósito”. Na segunda parte deste versículo po-
demos notar que a ideia de “chamado” aqui não é específica 
como em outros casos, o texto original aqui sugere um cha-
mado universal e não um chamado particular. Embora Deus 
tenha um chamado particular para todos os cristãos em uma 
integração no corpo de Cristo, o chamado geral é feito a luz 
de seu amor em trazer o pecador ao arrependimento por 
meio do sacrifício de Jesus na Cruz do Calvário, fazendo as-
sim uma abrangência total e não direcionada a alguns. E esse 
chamamento geral é uma extensão de seu amor, bem como é 
uma oportunidade de aceitação de Deus para com os pecado-
res, a partir do momento que nós aceitamos e respondemos 
esse chamado ao arrependimento, Deus nos insere em seu 
 O CHAMAMENTO GERAL 
 
111 | P á g i n a 
 
plano que já está em vigor, por isso esse chamamento geral é 
também uma ação conjunta. 
Não se trata de Deus escolher quem é chamado ou não, 
Ele simplesmente chama a todos e após o seu chamado Ele 
espera uma resposta daqueles que aceitaram esse chamado, 
inserindo cada um em seu plano eterno e divino. Por tanto o 
propósito de Deus é exatamente esse, chamar os pecadores 
ao arrependimento e esse chamado é universal e todos po-
dem aceitar ou recusar, visto que todos têm a oportunidade 
de escolher Deus após Ele mesmo outorgar a graça comum 
que nos dá a perfeita compreensão de sua bondade, nos tor-
nando indesculpável. 
 
Deus Nos Atrai A Ele Por Meio Do Sacrifício De 
Cristo 
 
Em seu eterno plano de Redenção, Deus já tinha elabo-
rado o meio pelo qual atrairia todos os homens a Si. De 
acordo com (Jo 12:32), somos informados que Cristo e seu 
sacrifício é o meio principal que Deus usou para levar toda a 
humanidade ao arrependimento, provando o seu amor em 
dar o seu único Filho para entregar a sua vida por todos. As 
palavras de Jesus no versículo 32 é uma patente, é uma forma 
da autenticidade das palavras ditas pelo profeta Isaías (52: 
13), deixando claro que a Cruz seria a ferramenta para que o 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
112 | P á g i n a 
 
propósito eterno de Deus fosse cumprido ao pé da letra. Por 
isso Jesus diz que quando Ele fosse levantado todos seriam 
atraídos a Ele, levantado aqui é uma referência direta à Cruz. 
 
Por Meio Da Pregação 
 
Muitos dos que viram e ouviram falar do sacrifício de 
Cristo não sabiam o seu real significado, por isso a pregação 
é a extensão do meio principal que Deus usa para atrair todos 
a Ele. A pregação é a exposição deste sacrifício que pertence 
ao plano da Redenção. Em (Mc 16:15), nós temos não uma 
sugestão e sim uma ordem para proclamar a mensagem de 
Deus a toda a humanidade, esta mensagem foi ordenada a 
ser proclamada por meio da pregação esta foi a primeira or-
dem dada aos seus discípulos ligada ao meio pelo qual Deus 
planejou salvar toda a humanidade. Por isso as pregações 
precisam ter a finalidade de persuadir os homens, e ao pre-
garmos o Evangelho precisamos ter muito temor porque es-
tamos fazendo com o objetivo de que os homens tenham em 
sua consciência o verdadeiro sentido da obra da Redenção, 
pois somente assim poderão crer em Cristo como seu Salva-
dor (2 Co 5:11). 
O chamamento geral é feito por Deus por meio da prega-
ção, das manifestações da sua graça comum, que são exata-
mente o resultado do sacrifício de Cristo. E quando ouvimos 
 O CHAMAMENTO GERAL 
 
113 | P á g i n a 
 
a pregação do evangelho e ao observarmos com atenção o sa-
crifício de Cristo, podemos perceber que Deus tanto nos 
amou e ainda tem tanto amor, que mesmo em meio tantos 
problemas e inconveniências, Ele ainda nos chama a cada 
instante por meio de suas bondades, por meio da pregação e 
quando nós aceitamos esse chamamento e decidimos crer em 
Cristo, podemos dizer que esta é uma ação inspirada pelo Es-
pírito Santo, Ele é quem nos ilumina para irmos a Cristo, 
consequentemente estamos dando ao Espírito Santo a legali-
dade de fazer o seu trabalho. A conclusão que podemos ter é 
que ninguém vai a Cristo se Deus não o enviar e quando nós 
vamos a Cristo, embora seja uma ação de Deus, não é o Espí-
rito Santo que nos leva diretamente a Cristo e sim a nossa 
percepção da bondade de Deus que só temos por que Ele 
abriu os nossos olhos e também é a manifestação da sua 
graça, nos dando a oportunidade de escolher. 
 Uma vez que a balança da escolha já está equilibrada e a 
mesma proporção de influência que temos para escolher o 
mal, temos também em escolher o bem que é Deus. Quando 
nós aceitamos esse chamamento geral nós estamos aceitando 
o convite que Deus fez por meio da sua graça comum e agora 
Ele continuará trabalhando para aperfeiçoar cada um que 
aceitou esse convite, desta vez pela obra do Espírito Santo e 
não apenas pela manifestação da sua graça, mas desta vez 
com uma ação direta, que é o trabalho que o Espírito Santo 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
114 | P á g i n a 
 
veio para fazer em todos que aceitarem este sacrifício de 
Cristo. Realmente o Calvinismo está certo em dizer que nós 
só vamos a Deus porque Cristo nos leva, mas isto não implica 
dizer que é uma ação direta do Espírito Santo de forma irre-
sistível nos levando ao arrependimento. Antes do arrependi-
mento existe o chamamento geral, após o chamamento o Es-
pírito Santo trabalha para que aconteça esse arrependimento 
esta é a ordem correta dos fatos (Jo 16:8 -11). Exatamente por 
isso que Deus nos atrai por meio do sacrifício. 
 Quando nós somos atraídos, automaticamente nós ainda 
não cremos. É nesse momento que passamos a ter um inte-
resse em conhecer a eficácia desse sacrifício, e, este conheci-
mento nós não podemos ter a não ser pela ação do Espírito 
Santo, e, quando nós decidimos conhecer este sacrifício e a 
sua essência o Espírito Santo passa a nos fazer crer em Cristo, 
e, quando passamos a crer a partir da obra do Espírito Santo 
este ato é exatamente a condenação do pecado porque o pe-
cado é a falta de crer. Após este processo de aceitação do cha-
mamento e a condução do Espírito Santo em nos levar a co-
nhecer o sacrifício de Cristo, e crer nele, o nosso fardo peca-
minoso é substituído pelo fardo de Cristo (Mt 11:28). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
117 | P á g i n a 
 
I 
 
 
T 
 
 
 
 
CAPÍTULOVI 
 PROGRESSÃ DA GRAÇA 
 
 
 
 
 
 
 
 
á vimos anteriormente que a graça comum é um tri-
buto que Deus nos deu com a finalidade de equili-
brar a balança da capacidade de escolhas, fazendo com que a 
mesma capacidade que temos por natureza de escolher o 
mal, temos agora de escolher o bem, por isso somos indes-
culpáveis (Rm 1:20). Após a graça comum que nos dá o 
J 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
118 | P á g i n a 
 
direito e a oportunidade e capacidade de escolher a Deus, Ele 
também nos convida a vivermos por Ele mediante um cha-
mamento geral. Quando nós aceitamos este chamamento ge-
ral, nós estamos caminhando para um pleno conhecimento 
da verdade e à medida que caminhamos surge a necessidade 
de um crescimento na graça um termo teológico para isso é 
“progressão da graça”, uma vez que a graça comum é dada a 
todos, essa possibilidade de progredir e crescer em graça é 
dada a quem o busca. Este crescimento é necessário para co-
nhecermos Jesus como nosso Salvador. Esse crescimento e 
desenvolvimento da Graça comum tem por finalidade alcan-
çar a graça especial (2 Pe 3:18). 
A graça salvadora ou graça especial, diferentemente da 
graça comum, não é experimentada por todas as pessoas do 
mundo, mas apenas por aquelas pessoas que estão em Cristo. 
O apóstolo Paulo explica essa questão de forma clara em sua 
Carta aos Efésios. Primeiro ele diz que Deus abençoou os 
crentes de forma especial, isto é, Deus os “abençoou com to-
das as bênçãos celestiais em Cristo” (Efésios 1:3). Em se-
guida, o apóstolo explica o motivo disso: “conforme ele nos 
escolheu nele antes da fundação do mundo, que devemos ser 
santos e sem culpa diante dele em amor; e nos predestinou 
para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, se-
gundo a complacência da sua vontade, para louvor da 
 PROGRESSÃO DA GRAÇA 
 
119 | P á g i n a 
 
glória da sua graça, pela qual nos fez aceitáveis a si no 
Amado” (Ef 1:4-6). Esse texto bíblico deixa muito claro que a 
graça salvadora tem a ver com o favor especial de Deus para 
com os redimidos em Cristo. 
A graça salvadora tem a ver com amor redentor de Deus 
que é revelado principalmente em seu Filho amado, e trans-
borda sobre aqueles que estão em Cristo. Nesse sentido, Deus 
tem um amor especial pelos redimidos, um amor que Ele não 
tem pelo resto do mundo “Sproul, 2014”. Ainda na mesma 
Carta aos Efésios, o apóstolo Paulo também explica que o 
grande propósito por trás da graça salvadora é a própria gló-
ria de Deus (Efésios 1:6). Ao expressar seu amor e bondade 
em Cristo na remissão dos pecadores, a incomparável ri-
queza da graça de Deus pode ser mostrada nas eras vindou-
ras (Ef 2:7). 
 
O Alcance Da Graça Salvadora 
 
Sem dúvida a graça salvadora é suficiente para suprir, se 
fosse o caso, todas as pessoas de todas as épocas e lugares. 
Mas a Bíblia realmente não diz que todas as pessoas do 
mundo experimentam essa graça especial. Se isso fosse ver-
dade, então todos seriam salvos, pois a graça de Deus não fa-
lha. Muita gente se pergunta se Deus ama todas as pessoas 
incondicionalmente, a resposta para essa pergunta deve 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
120 | P á g i n a 
 
observar a verdade bíblica a respeito da graça comum e da 
graça salvadora. Com base na graça comum, podemos dizer 
que Deus se relaciona e ama a todos os indivíduos sem exce-
ção. Já com base na graça salvadora, podemos dizer que Deus 
se relaciona e ama de forma especial apenas aqueles que es-
tão unidos a Cristo e pertencem ao seu povo. Inclusive, tam-
bém é verdade que embora esse amor especial de Deus reve-
lado em sua graça salvadora não esteja sobre todas as pes-
soas, ele alcança todos os tipos de pessoas. Isso significa que 
apesar de ninguém ser qualificado para merecer o amor de 
Deus, em sua graça salvadora Ele amou e purificou para si 
um povo especial que reúne pessoas de todos os tipos; judeus 
e gentios, homens e mulheres, velhos e jovens, ricos e pobres, 
senhores e servos (Tt 2:1-15). 
Outra dimensão do alcance da graça salvadora diz res-
peito à sua extensão na vida do redimido que desfruta dela. 
A graça salvadora é completa! Ela provê ao pecador uma 
nova posição ao ressuscitá-lo de sua morte espiritual, provê 
justificação, capacitação para uma vida zelosa e de acordo 
com os preceitos de Deus, e uma herança inviolável (Ef 1:14; 
2:1-10; 1 Pe 2:4-10). Precisa considerar que a graça salvadora 
ou graça especial, nos favorece com um amor especial da 
parte de Deus para conosco não pelo motivo de que Deus não 
ama outras pessoas como Ele nos ama, a questão é que 
 PROGRESSÃO DA GRAÇA 
 
121 | P á g i n a 
 
aqueles que correspondem a graça comum e aceitam o cha-
mamento geral caminham para uma graça especial. E neste 
estágio de progressão é necessário um tratamento diferente 
e não mais um tratamento atrativo da parte de Deus para 
com os pecadores, uma vez que esta graça nos fornece a ca-
pacidade de sermos salvos, nos fazendo conhecer a Cristo e 
as suas obras para que possamos chegar ao completo conhe-
cimento de Deus a partir do que Ele se revela nas escrituras. 
Portanto não se deve entender que Deus ama as pessoas de 
formas diferente Ele ama todos com o mesmo amor, porém 
aqueles que buscam estar em um estágio de aceitação diante 
dEle o seu cuidado é diferente, e, o seu amor se manifesta de 
formas diferentes. Já o amor manifesto por meio da graça co-
mum é um amor atrativo, é o meio pelo qual Deus nos atrai a 
Ele para que possamos nos entregar completamente a sua 
vontade salvadora. 
 Quando Ele percebe que nós estamos observando que as 
coisas criadas a nossa volta são a sua manifestação de bon-
dade, nos convidando a Ele, aí então Ele faz o chamamento 
geral, e, quando respondemos esse chamamento passamos 
para um segundo estágio agora não mais um estágio de ser 
convidado e sim um estágio de ser salvo. Uma vez que somos 
inseridos nesta busca pela progressão da graça nós passamos 
por processos pertinentes a finalidades que caracterizam a 
essência e a necessidade desta graça. 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
122 | P á g i n a 
 
O Processo De Justificação 
 
Em (Tt 3:7), é apresentada a nós a primeira característica 
desta graça que é a justificação. Podemos perceber que a 
graça é a fonte primária da justificação, visto que a mesma é 
dada pelo sacrifício de Cristo que é a expressão do amor de 
Deus. Para entendermos a justificação precisamos nos apro-
fundar um pouco em sua fonte, fundamento, e o meio pela 
qual a mesma se torna completa. 
A Graça É A Fonte Da Justificação 
Os romanos não encontrariam em si próprios a fonte da 
justificação. Por isso, deveriam tirar os olhos deles mesmos e 
se voltarem em outra direção, para outra fonte, a graça de 
Deus (Rm 2:24). 
A realidade humana 
Culpado. O apóstolo Paulo já havia discorrido sobre a si-
tuação espiritual do ser humano, gentio ou judeu. Todos es-
tavam debaixo da ira de Deus (Rm 1:18), pois eram igual-
mente culpados (Rm 1:20; 2:1,23; 3:23). 
Incapaz. Outra realidade é a incapacidade que o homem 
tem de se auto justificar diante de Deus com algum mérito ou 
justiça própria (Jr 13:23; Is 64:6). Ninguém será justificado 
diante de Deus por obras da lei (Rm 3:20). 
 PROGRESSÃO DA GRAÇA 
 
123 | P á g i n a 
 
Rebelde. O ser humano não só está em situação de deses-
pero espiritual e sem condições próprias de sair dela, como 
também, não tem esse desejo (Rm 3:10,11). É um pecador 
condenado, incapaz de se auto justificar, e rebelde. A obra de 
Cristo é o fundamento da justificação. 
A iniciativa de Deus 
É fato que nós não poderíamos ir até Deus se não fosse 
pela manifestação da sua graça, logo podemos definirque Ele 
nos amou primeiro e que a sua graça comum é o meio pelo 
qual Ele se revela a nós. Isso deixa claro que a iniciativa para 
pertencermos ao seu plano de salvação mediante Cristo e seu 
sacrifício é inteiramente dEle, uma vez que nós não podería-
mos ir até Ele se Ele não nos levasse pelo seu infinito e ex-
celso amor. Aqui começa a mudança radical. “Ninguém será 
justificado por obras da lei” (Rm 4:20), mas é possível ser 
justificado pela graça de Deus (Rm 3:24). Tudo o que o ho-
mem não consegue por esforço próprio, Deus lhe concede de 
graça (Ef 2:8,9). E por que graça? 
Primeiro. Porque não merecíamos ser salvos, pois éramos 
todos culpados aos olhos de Deus. Só merecíamos condena-
ção. Mesmo assim, Ele resolveu nos salvar. 
Segundo. Essa salvação é de graça, porque Jesus fez o que 
não poderíamos fazer para adquiri-la. Ele viveu uma vida de 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
124 | P á g i n a 
 
perfeição que não poderíamos viver (Mt 3:17; 17:5; Fp 2:8; 
Hb 4:15) e ainda pagou por uma culpa que não tínhamos con-
dições de pagar (Is 53:5,6). Por último, é graça, porque Ele 
tomou a iniciativa de nos buscar, enquanto estávamos total-
mente desgarrados e fugitivos (Mt 1:21; Lc 19:10). Ele nos en-
controu e nos amou primeiro (1 Jo 4:10). Não esperou que 
fôssemos ao seu encontro, a verdade é que (nunca faríamos 
isso), mas nos alcançou como um pastor que busca a sua ove-
lha perdida (Lc 15:4-6). 
A Obra De Cristo É O Fundamento Da Justificação 
Paulo toma emprestado um termo dos tribunais de justiça 
e descreve a ação de um juiz em absolver um acusado. A jus-
tificação é um termo legal que se refere ao ato ou efeito de 
declarar justa uma pessoa. Mas, em primeiro lugar, isso não 
significa que o pecador passa a ser essencialmente justo, 
puro ou sem nenhum pecado. Essa é uma declaração judicial 
do tribunal de Deus. E como é que um Deus santo, justo e 
irado contra os pecadores pode olhar para pessoas culpadas 
e declará-las justas, ou seja, absolvê-las diante do seu tribu-
nal? Não seria contraditório? (Dt 25:1; Pv 17:15) seria, se as 
nossas próprias obras fossem a base da nossa justificação. 
Porém, Deus nos declara justificados com base na obra de 
Cristo, que pode ser assim descrita: 
 PROGRESSÃO DA GRAÇA 
 
125 | P á g i n a 
 
Redenção. Somos “justificados … mediante a redenção 
que há em Cristo” (Rm 2:24). Redenção era um termo comer-
cial e no Antigo Testamento era usado para escravos compra-
dos para serem libertados. Dizia-se que esses escravos ha-
viam sido redimidos ou resgatados (Lv 25:47-49). O termo 
foi também usado com referência ao povo de Israel, “remido” 
ou “resgatado” do cativeiro, primeiro do Egito (Êx 6:6) e de-
pois na Babilônia (Is 43:1), e em seguida restaurado à sua 
própria terra. Nós também fomos resgatados (Mc 10:45; Is 
53:10), pois Cristo pagou para deixarmos de ser escravos do 
pecado e sermos seu povo e propriedade (1 Co 6:20; 7:23; 1 
Pe 2:9; Ap 5:9). Logo, tudo o que foi pago, não foi com o 
nosso próprio esforço e sim com o sangue de Cristo. 
Propiciação. Outro termo usado para se referir a obra de 
Cristo é propiciação. A nossa justificação foi, “por sua graça, 
mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus 
propôs, no seu sangue, como propiciação” (Rm 2:24,25). A 
palavra propiciação significa primariamente “aplacar a ira”. 
No Tabernáculo do Antigo Testamento, o propiciatório era a 
tampa da arca da aliança (Êx 37:6-9; Lv 16:1-3, 11-14, 30, 34). 
Uma vez por ano, o sangue da expiação era aspergido sobre 
o propiciatório pelo sacerdote. Esse ritual mostrava que a 
culpa do pecado do povo havia sido expiada e que a ira de 
Deus havia sido aplacada. No contexto em que Paulo 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
126 | P á g i n a 
 
escreveu, o termo propiciação também pode ser entendido 
como o lugar onde a ira de Deus foi derramada ou aplacada. 
Em outras palavras, Cristo assumiu o nosso lugar debaixo da 
ira de Deus, poupando-nos assim de sermos condenados. Ele 
foi o nosso propiciatório. Logo, Deus pode ser favorável (pro-
pício) a nós, porque a sua ira já foi aplacada por Jesus (Hb 
2:27; 1 Jo 2:2; 4:10). 
Manifestação. Deus não anulou sua justiça e simples-
mente absolveu pecadores culpados. Pelo contrário, ele a ma-
nifestou de modo claro. Por meio da morte de Jesus a sua 
justiça foi satisfeita. Nenhum pecado do seu povo ficou sem 
condenação. Todas as iniquidades que nos separavam de 
Deus e nos faziam seus inimigos foram castigadas em Cristo 
(Is 53:5; 1 Co 11:24). Não houve impunidade para Deus nos 
declarar justificados, as nossas culpas precisavam antes ser 
pagas, para que pudéssemos nos apresentar diante de Deus 
e sermos tratados como inocentes, a nossa dívida precisaria 
estar quitada. Logo, ainda que não sejamos inocentes e não 
deixemos de ser pecadores, agora, tão somente por causa da 
obra de Cristo, Deus nos declara justificados. Essa é a res-
posta para o pecador que precisa de salvação. Aquilo que ele 
não pode fazer por si mesmo, que é apresentar uma justiça 
própria, Deus já manifestou em Jesus. Por isso, Deus não é 
injusto quando nos recebe como filhos, estende a sua 
 PROGRESSÃO DA GRAÇA 
 
127 | P á g i n a 
 
misericórdia e graça até nós, pois a sua justiça já foi mani-
festa no seu Filho. 
A Fé É O Meio Da Justificação 
Agora passamos de toda a obra que Cristo realizou fora de 
nós, no tempo e no espaço, para a maneira como nos apro-
priamos dela e dos seus benefícios. É somente por meio da fé 
que somos justificados. Paulo a menciona oito vezes em Ro-
manos 3:21-31. Podemos acrescentar aqui algumas caracte-
rísticas da verdadeira fé em Cristo que ainda não foram men-
cionadas, pois o nosso destaque da fé no capitulo 1 era exclu-
sivo e pertinente ao assunto de seu funcionamento e não de 
seus benefícios. 
 A fé não é uma obra em particular no lugar das boas 
obras, também não é um sentimento meritório que nos justi-
fica diante de Deus. A fé é um instrumento por meio do qual 
desfrutamos de todos os benefícios da obra consumada de 
Cristo, a própria fé é uma dádiva de Deus (Ef 2:8,9), ela é o 
nosso estender de mãos vazias para receber o presente da sal-
vação que há somente em Cristo. Mas o que é essa fé? Há um 
consenso entre os estudiosos da Bíblia que a genuína fé tem 
três elementos básicos: conhecimento, aceitação ou convic-
ção e compromisso. 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
128 | P á g i n a 
 
Conhecimento. A fé à qual a Bíblia se refere não é uma 
crença cega ou uma submissão passiva a uma igreja ou grupo 
religioso. Muitos dizem ter fé em Deus ou em Cristo, mas 
nada sabem a respeito deles. Muitos se filiam às igrejas só 
porque a mensagem que ouvem os fazem se sentir melhores, 
gostam da música ou lá possuem amigos. Nada sabem a res-
peito do pecado e da salvação. Jesus, em muitos ambientes, 
é muito mais um símbolo do que o Salvador. Mas temos de 
saber em quem temos crido, assim como Paulo sabia (2 Tm 
1:12 b). Jesus mesmo disse que a vida eterna era conhecê-lo 
e conhecer o único Deus verdadeiro (Jo 17:3). Só podemos 
crer em quem conhecemos. Antes do evangelho chegar ao 
nosso coração, o seu conteúdo tem de passar pela nossa 
mente. 
Aceitação. A fé como conhecimento é o primeiro ele-
mento, porém não é o único, há também a necessidade de 
aceitação ou convicção de que a mensagem do evangelho é 
algo pessoal, devo não somente conhecer o evangelho, mas 
crer que ele é verdadeiro. Temos que estar persuadidos das 
nossas ofensas pessoais a Deus, de que somos particular-
mente pecadores, e de que Cristo morreu por nós, alguns até 
têm um conhecimento intelectual das doutrinas centrais da 
Bíblia, mas falam delas como se fossem ideias abstratasou 
um sistema filosófico qualquer. Um físico é capaz de se sentir 
 PROGRESSÃO DA GRAÇA 
 
129 | P á g i n a 
 
muito mais emocionado e motivado com suas fórmulas ma-
temáticas do que essas pessoas com as verdades eternas de 
salvação, isso é decepcionante. Devemos não somente con-
fessar, mas crer de todo o nosso coração (Rm 10:9). 
Compromisso. O terceiro elemento da fé é o compro-
misso. Tiago, falando da importância do compromisso, disse 
que os demônios conheciam e criam em Deus (Tg 2:19). Mas 
devemos nos comprometer com Cristo, obedecendo-o (Jo 
14:21,23; 15:10,14), sendo seus discípulos (Mt 28:19,20) e 
submetendo-nos a Ele não somente como Salvador, mas 
também como Senhor, pois se Ele não for o Senhor da nossa 
vida, certamente alguém ou alguma coisa assumirá esse pa-
pel (Mt 6:24). O evangelho envolve mudança de valores, 
compromisso com Reino de Deus e com o seu Rei e o desejo 
intenso de seguir e obedecer a Jesus. Essa é a fé da qual a 
Bíblia fala que é o instrumento dado por Deus para que seja-
mos justificados. Tudo o que Jesus conquistou na cruz é co-
municado a nós por meio da fé, somos declarados justifica-
dos somente pela fé, com base na obra de Cristo somente e 
como fruto somente da graça de Deus. 
 
O Processo De Regeneração 
Após o processo de justificação nós passamos pelo processo 
de regeneração (Jo 3:3). O substantivo assim traduzido 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
130 | P á g i n a 
 
significa renascimento no grego, “palingenesia”. Ele se refere 
à renovação criativa operada pelo poder de Deus e ocorre por 
duas vezes. Em (Mt 19:28), refere-se à vindoura renovação 
do cosmos, no fim das épocas aquilo que Pedro chama de 
“restauração de todas as cousas” (At 3:21). Porém, em (Tt 
3:5), onde Paulo refere-se a Deus como nos tendo salvo “me-
diante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo”, 
está claramente em foco a vivificação espiritual do crente. 
Essa é a referência à palavra “regeneração” que nos interessa 
no momento. O contexto ao qual pertence a ideia da regene-
ração é o conceito bíblico do aspecto subjetivo da redenção 
como uma renovação. 
No Antigo Testamento, encontramos Deus prometendo que 
daria ao seu povo um coração novo e que poria neles um es-
pírito novo (Ez 36:26) a fim de circuncidar seus corações, por 
gravar neles as suas leis, e, desta forma, levá-los a conhecer, 
a amar e a obedecê-lo. (Dt 30:6; Jr 31:31-34; Ez 36:25-27). 
No Novo Testamento, essa renovação prometida torna-se 
uma realidade por meio da união com Cristo. Pois, “se al-
guém está em Cristo, é nova criatura” (2 Co 5:17; Gl 6:15). 
Vale a pena fazermos aqui uma pausa, a fim de considerar-
mos a análise exposta por B. B. Warfield, sobre essa mu-
dança, como “uma radical e completa transformação operada 
na alma (Rm 12:2; Ef 4:23) pelo Espírito Santo (Tt 3:5; Ef 
 PROGRESSÃO DA GRAÇA 
 
131 | P á g i n a 
 
4:24), em virtude da qual nos tornamos ‘novos homens’ (Ef 
4:24; Cl 3:10), não mais conformados com este mundo (Rm 
12:2; Ef 4:22; Cl 3:9), mas antes, em santidade e conheci-
mento da verdade, criados segundo a imagem de Deus (Ef 
4:24; Cl 3:10; Rm 12:2)” (Biblical and Theological Studies 
Estudos Bíblicos e Teológicos p. 351). 
Essa obra de renovação acompanha o crente por toda a sua 
vida terrena, pois o homem interior “se renova de dia em dia” 
(2 Co 4:16), num processo contínuo, comumente chamado de 
“santificação”. A regeneração é o ato inicial pelo qual esse 
processo é começado. No Novo Testamento, o principal ex-
positor da regeneração é o apóstolo João. O termo grego por 
ele usado para exprimir a ideia é “gennaõ”, que pode signifi-
car tanto “gerar” quanto “dar à luz”. Nicodemos compreen-
deu que nosso Senhor estava falando de um novo nascimento 
(Jo 3:4). Em sua primeira carta, João claramente tinha em 
mira uma nova geração (1 Jo 3:9). O homem é gerado, ou 
nascido “de novo” – ou, mais provavelmente, nascido “do 
alto” (Jo 3:3, 7) – ou “do Espírito” (Jo 3:8; cf. v. 5), ou sim-
plesmente “de Deus” (Jo 1:13; nove vezes em 1 João). O verbo 
“nascer”, no grego, em cada instância, é usado no aoristo ou 
no perfeito, a fim de denotar o caráter decisivo e completo da 
regeneração. 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
132 | P á g i n a 
 
 Com o devido respeito a Calvino, a regeneração não pode ser 
considerada um processo inacabado. Tal como o nascimento 
natural, se a regeneração ocorreu, ela ocorreu completa-
mente, a pessoa nasce de novo em um certo momento e a 
partir de então está espiritualmente viva. De acordo com 
João, o que é o novo nascimento? Não é uma alteração ou 
adição à substância ou às faculdades da alma, e, sim, uma 
drástica mudança operada sobre a natureza humana caída, 
que leva o homem a ficar sob o domínio eficaz do Espírito 
Santo e o torna sensível a Deus, o que ele previamente não 
era. Não é uma mudança produzida pelo próprio homem, da 
mesma forma que os infantes nada fazem a fim de induzir ou 
contribuir para sua própria procriação e nascimento. Trata–
se de um livre ato de Deus, não provocado por qualquer mé-
rito ou esforço humano (Jo 1:12,13; Tt 3:3-7), por ser total-
mente um dom da graça divina. 
 
A Necessidade Da Regeneração 
Por que o homem precisa da regeneração? Porque, conforme 
nosso Senhor explicou a Nicodemos, enquanto o homem per-
manece na “carne” (Jo 3:6) isto é, permanece pecador como 
nasceu, não é capaz de entrar no reino de Deus. Sem a rege-
neração, não existem atividades espirituais. Quem não nas-
ceu do alto não pode ver, isto é, compreender o Reino de 
 PROGRESSÃO DA GRAÇA 
 
133 | P á g i n a 
 
Deus que em suma é o Reino da salvação, nem pode entrar 
nele pela fé no Salvador, pois tem que haver um novo nasci-
mento (Jo 3:3,5). O que fica implícito no fato que alguns re-
cebem a Cristo é que nasceram de Deus (Jo 1:12,13); pois não 
poderiam tê-lo feito de outra maneira. Paulo coloca a questão 
nestes termos: “Ora, o homem natural [isto é, o não-regene-
rado] não aceita as cousas do Espírito de Deus, porque lhe 
são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discer-
nem espiritualmente” (1 Co 2:14). O diálogo de Jesus com Ni-
codemos constitui um eloquente comentário sobre esse 
texto. 
 Os pecadores, incluindo os mais cultos e religiosos não po-
dem receber as cousas do Espírito, que são as verdades ati-
nentes a Cristo, enquanto o próprio Espírito de Deus não os 
tiver tornado em novas criaturas. Eis a razão pela qual Nico-
demos e seus amigos judeus precisavam do novo nascimento. 
Jesus lhe disse: “Não te admires de eu te dizer: Importa-vos 
[plural] nascer de novo” (Jo 3:7). 
 
O Processo De Santificação 
 
Santificação é um processo progressivo e contínuo ope-
rado por Deus na vida daquele que foi justificado e regene-
rado, que consequentemente se tornou convertido. No 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
134 | P á g i n a 
 
processo da santificação o cristão é ensinado e moldado a vi-
ver cada vez mais para Cristo, numa vida de retidão conforme 
a vontade do Senhor. Assim também a santificação o leva a 
morrer dia após dia para o pecado. Vivendo em santidade, o 
crente é capaz de vencer as tentações e as concupiscências de 
sua velha natureza. Através da santificação, nosso ser é mu-
dado gradualmente. Desse modo somos habilitados a resistir 
aos hábitos e práticas pecaminosas da nossa carne e buscar 
diligentemente um modo de vida semelhante a Cristo. 
 
O Que Significa Santificação Ou Santidade? 
Palavras como “santificação”, “santificar” e “santidade”, 
derivam do vocábulo latino “sanctus”, (santo). Por sua vez, 
esse vocábulo geralmente traduz o termo hebraico “qadash”, 
(separado), (consagrado); e o termo grego “hagiasmos”,(consagração) e (purificação). O termo hebraico é utilizado 
no Antigo Testamento, aparecendo também como substan-
tivo e adjetivo. Acredita-se que esse termo seja derivado de 
uma raiz hebraica que significa “separar” ou “cortar”. Alguns 
também sugerem que existe outro aspecto no significado 
dessa raiz que transmite o sentido de “brilhar”. Se isto estiver 
correto, então esse termo tanto pode enfatizar a ideia bíblica 
de separação quanto à ideia de pureza. Seja como for, real-
mente ambas pertencem ao conceito de santidade. Já o 
 PROGRESSÃO DA GRAÇA 
 
135 | P á g i n a 
 
substantivo grego “hagiasmos”, e o verbo “hagiazo”, são os 
mais utilizados no Novo Testamento para se referir à santifi-
cação e santidade. Eles derivam do termo “hagios”, que tam-
bém transmite a ideia de separação e consagração, assim 
como o termo hebraico empregado no Antigo Testamento. 
De forma geral, quando tais termos são aplicados pelos 
autores bíblicos para se referir à santificação, o objetivo prin-
cipal é enfatizar o sentido de separação das práticas pecami-
nosas. Mas ao mesmo tempo, também apontam para a ideia 
de consagração e dedicação ao serviço de Deus. Tudo isso re-
sulta no princípio de viver aquilo que é justo e que está de 
acordo com a vontade divina. 
 
Os Conceitos Acerca Da Santificação 
Ao longo da História da Igreja, muito já se foi discutido 
sobre o conceito de justificação segundo a Bíblia, especial-
mente durante e após a Reforma Protestante. Algumas linhas 
teológicas afirmam que a santificação ocorre de uma única 
vez, especialmente por meio do sacramento do batismo. Ou-
tras insistem em confundir a santificação com a regeneração 
e a própria justificação. Há também aquelas que defendem o 
perfeccionismo na santificação. Essas pessoas entendem que 
o cristão pode chegar, ainda nesta vida terrena, a um estado 
de plena santificação que se traduz em um tipo de perfeição 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
136 | P á g i n a 
 
onde ele não pecará mais. Contudo, o ensino que mais se 
mostra fiel às Escrituras é aquele adotado pelos reformado-
res. Nele, a santificação é vista como um processo progres-
sivo e inacabado nesta vida terrena. Dentro deste conceito, a 
santificação então pode ser entendida em três aspectos: 
Posicional. Onde aquele que foi regenerado e justificado é 
visto por Deus como totalmente santificado em Cristo. Isto 
significa que ocorre uma separação instantânea e definitiva. 
Neste sentido, os cristãos são descritos na Bíblia como santos 
e perfeitos, mas isto não significa que eles estejam imunes ao 
pecado. Então essa verdade revela a santificação como um 
processo longo e inacabado durante esta vida. 
Experimental. A santificação que tem seu início com a re-
generação e encontra sua base judicial na justificação, desen-
volve-se como um processo gradual durante toda a vida do 
cristão. 
Final. A santificação só alcançará seu estado pleno e per-
feito quando a velha natureza for finalmente removida dos 
redimidos. Isto acontecerá na glorificação, quando os salvos 
receberão seus corpos glorificados, semelhantes ao de Cristo. 
 
Quem Opera A Santificação, Deus Ou O Homem? 
A santificação é uma obra do Deus Triúno, mas geral-
mente atribuída nas Escrituras especialmente à pessoa do 
 PROGRESSÃO DA GRAÇA 
 
137 | P á g i n a 
 
Espírito Santo (Rm 8:11; 15:16; 1 Pe 1:2). No entanto, o ho-
mem que foi regenerado também participa desse processo. 
Mas isso não ocorre de forma independente! Na verdade, o 
homem serve como um instrumento pela qual, em parte, o 
Espírito de Deus efetua essa obra, ao mesmo tempo em que 
a Bíblia afirma que a santificação é uma obra sobrenatural de 
Deus (Ef 3:16; Cl 1:11; 1 Ts 5:23; Hb 13:20,21), ela também 
aponta em várias exortações para a cooperação do homem 
nesse processo (Rm 12:9,16,17; 1 Co 6:9,10; Gl 5:16-23). Es-
sas duas verdades não se anulam e nem se contradizem. Den-
tro do campo da teologia sistemática nós chamamos de “an-
tnomio”, isto é, quando duas verdades parecem se contradi-
zer entre si, mas na verdade elas se completam de uma forma 
paradoxal. Elas se completam em perfeita harmonia, ainda 
que não possamos compreender completamente. Essa 
mesma questão acontece em outras doutrinas bíblicas, como 
a soberania de Deus e a responsabilidade humana, cuja qual 
já falamos anteriormente. 
 
O Equilíbrio Na Santificação 
A verdade bíblica de que Deus é quem opera a santificação 
e que o redimido também participa desse processo, exige que 
entendamos que deve haver um equilíbrio nessa relação, 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
138 | P á g i n a 
 
infelizmente algumas pessoas priorizam ou supervalorizam 
um lado e ignoram o outro. 
Por exemplo: Há quem pense que como a santificação é 
uma obra operada por Deus, nós não precisamos fazer abso-
lutamente nada com relação ao nosso desenvolvimento espi-
ritual. Outros, por sua vez, enfatizam tanto a participação do 
próprio homem em seu crescimento espiritual, que acabam 
fazendo da santificação uma tentativa de justiça própria. 
O primeiro grupo sem dúvida induz a irresponsabilidade 
e a falta de diligência na conduta cristã. O segundo grupo ine-
vitavelmente conduz o cristão a um legalismo que distorce as 
doutrinas da graça. 
Em sua Carta aos Filipenses, o apóstolo Paulo escreve exa-
tamente sobre o equilíbrio que deve existir nesse processo. 
Ele diz: “[…] assim também operai a vossa salvação com te-
mor e tremor; porque Deus é o que opera em vós tanto o 
querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade” (Fp 
2:12,13). Perceba que o apóstolo aconselha acerca da neces-
sidade do compromisso e esforço do crente em ter uma vida 
santa (“operai a vossa salvação com temor e tremor”). Mas 
ao mesmo tempo, imediatamente ele também aponta para a 
verdade de que é Deus quem opera a obra, por mais que o 
homem esteja agindo. Por isto ele diz: “porque Deus é o que 
opera em vós tanto o querer como o efetuar”. Aqui 
 PROGRESSÃO DA GRAÇA 
 
139 | P á g i n a 
 
basicamente o apóstolo está ensinando que a santidade exige 
esforço por parte do cristão em ser santo. Porém, até mesmo 
esse esforço na verdade está diretamente ligado ao soberano 
controle de Deus. O cristão trabalha, mas é Deus quem opera 
nele, de modo que o poder de Deus se manifesta inclusive em 
seu esforço. 
Um exemplo prático dessa relação ocorre quando oramos 
a Deus ou meditamos em sua Palavra. Somos nós que ora-
mos, assim como também somos nós que estudamos as Es-
crituras. No entanto, foi o Espírito de Deus quem nos levou a 
amar as Escrituras e a se derramar em sua presença em ora-
ção. Da mesma forma, quando demonstramos em nossas vi-
das as virtudes que nos assemelham ao caráter de Cristo, 
como a fidelidade, longanimidade, mansidão, temperança e 
outras; ao mesmo tempo percebemos que tais virtudes não 
têm origem em nós mesmos, mas provém do fruto do Espí-
rito Santo gerado em nós (Gl 5). 
 
Quem Está Apto À Santificação? 
Somente poderá ser santificado aquele que foi regene-
rado. Aqui é muito importante entender a diferença básica 
entre a santificação e a regeneração. Infelizmente muita 
gente confunde esses dois estágios distintos da obra da re-
denção. 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
140 | P á g i n a 
 
A regeneração é uma obra operada exclusivamente por 
Deus no pecador, e que acontece uma única vez e de forma 
imediata. A regeneração é o novo nascimento, é quanto Deus 
vivifica o pecador que está morto em delitos e pecados (Ef 
2:1-4). Como não há como alguém ser mais ou menos nas-
cido, então a regeneração é uma obra definitiva e completa. 
Por outro lado, como vimos, a santificação é um processo 
gradual, que inclusive tem seuinício a partir da regeneração. 
 Uma boa maneira de entender a diferença entre a rege-
neração e a santificação, é saber que a regeneração é um novo 
nascimento, enquanto que a santificação é um crescimento. 
Obviamente só poderá crescer e se desenvolver aquele que 
nasceu. Portanto, só poderá se santificar aquele que foi rege-
nerado. Essa verdade também nos leva a rejeitar um enten-
dimento que infelizmente é muito popular entre os cristãos 
da atualidade, muitos pensam que a santificação é a causa da 
salvação, no sentido de que é necessário se santificar para ser 
salvo. No entanto, é exatamente o contrário, ou seja, o cristão 
é santificado não para ser salvo, mas porque é salvo. Ele 
cresce espiritualmente não para nascer de novo, mas porque 
já nasceu de novo. 
 
Como Ocorre A Santificação? 
 PROGRESSÃO DA GRAÇA 
 
141 | P á g i n a 
 
Já falamos que a santificação é uma obra operada por 
Deus e o cristão é participante desse processo. Assim, a san-
tificação ocorre na vida interior do homem, de modo que ela 
naturalmente afeta o homem por inteiro, ou seja, corpo e 
alma, intelecto, vontade e afetos. 
A Bíblia expõe a santificação sob duas linhas simultâneas: 
1. A mortificação do velho homem, isto é, a natureza pe-
caminosa: Mesmo após ter sido regenerado, a natureza 
pecaminosa não é retirada do cristão. Mas é através da 
santificação que essa velha natureza é subjugada e mor-
tificada. 
2. O revestimento do novo ser criado em Cristo para as 
boas obras: Enquanto que a velha natureza vai sendo 
mortificada, crucificada com Cristo, o redimido é con-
duzido a um modo de vida em Cristo que agrada a Deus 
(Ef 4:25-5:1). 
Além disto, a santificação é realizada na vida do cristão 
através de vários meios que o Espírito Santo emprega. Por 
exemplo: a leitura e o estudo da Palavra de Deus; a oração; 
os sacramentos; a comunhão entre os redimidos no Corpo de 
Cristo; a adoração; e o direcionamento providencial de Deus 
na vida do cristão. 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
142 | P á g i n a 
 
 
As Características Da Santificação 
O autor “Louis Berkhof”, em sua Teologia Sistemática, 
destaca de forma objetiva algumas das principais caracterís-
ticas da santificação, das quais podemos citar resumida-
mente: 
• Deus é o autor da santificação, ainda que o 
homem tenha participação como instru-
mento através dos meios que Ele colocou a 
seu dispor. 
• A santificação tem lugar tanto na vida sub-
consciente como na vida consciente do ho-
mem. Na primeira, ela é uma operação ime-
diata do Espírito Santo. Já na segunda, ela é 
um processo que depende do uso do exercício 
da fé e dos meios de graça durante a vida 
cristã. 
• A santificação é um processo longo, que per-
durará toda a vida do cristão. Por isso esse 
processo ficará inacabado aqui. Isso significa 
que nesta vida terrena o cristão jamais alcan-
çará a perfeição. 
 PROGRESSÃO DA GRAÇA 
 
143 | P á g i n a 
 
• A santificação encontrará sua plena perfeição 
quando a vida do redimido tiver fim ou no re-
torno de Jesus Cristo. A Bíblia diz que os re-
dimidos que já morreram encontram-se in-
teiramente santificados. O escritor do livro de 
Hebreus fala deles como “justos aperfeiçoa-
dos” (Hb 12:23). Todavia, será por ocasião da 
ressurreição dos mortos que a santificação 
com relação ao corpo será completa. 
Nesse momento Cristo “transformará o 
nosso corpo de humilhação, para ser igual 
ao corpo de sua glória” (Fp 3:21). 
 
Através Da Santificação É Possível Deixar De Pe-
car? 
Apesar de a santificação ir mortificando a nossa natureza 
pecaminosa, ela não a exclui completamente. Os cristãos já 
foram libertos da culpa e do poder do pecado, mas ainda es-
tão sujeitos a ele. O apóstolo João fala exatamente sobre isto. 
Ele escreve que “se dissermos que não pecamos, fazemo-lo 
mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1 Jo 1:10). 
Qualquer doutrina que ensine o perfeccionismo terreno não 
se sustenta à luz das Escrituras (1 Rs 8:46; Pv 20:9; Ec 7:20; 
Tg 3:2; 1 Jo 1:8). Portanto, há uma luta constante na vida do 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
144 | P á g i n a 
 
cristão entre a carne e o Espírito (Rm 7:7-26; Gl 5:16-24; Fp 
3:10-14). Apesar disso, agora, como nova criatura, o cristão 
vive uma vida de santificação conforme a vontade de Deus. 
Assim, o pecado não é mais o padrão em sua vida! O pecado 
não é mais aquilo que o caracteriza, pois ele não sente mais 
prazer na prática do pecado. Então podemos dizer que o pe-
cado ocorre na vida do redimido como um acidente de per-
curso em sua caminhada cristã. É por isso que os verdadeiros 
cristãos confessam e oram a Deus em arrependimento pelo 
perdão de seus pecados (1 Jo 1:9). A boa notícia é que a graça 
de Deus, através das Escrituras, ensina, repreende e corrige 
os redimidos, para que estes sejam aperfeiçoados (Tt 2:11-15; 
cf. 2 Tm 3:16). Saiba mais sobre como vencer o pecado. 
 
A Santificação Não É Legalismo Ou Uma Aparente 
Espiritualidade 
Infelizmente a santificação é vista por muita gente sob as 
lentes distorcidas do legalismo. Geralmente esse legalismo se 
expressa por meio de usos e costumes, e outras práticas que 
apenas possuem aparência de piedade (Cl 2:23). Na verdade, 
a santificação não é simplesmente se abster de uma série de 
coisas consideradas impróprias e abraçar outras. Por exem-
plo: tem gente que acha que a santificação é adotar o paletó 
e a gravata como uniforme, andar com saias e vestidos que 
 PROGRESSÃO DA GRAÇA 
 
145 | P á g i n a 
 
arrastem no chão, manter o comprimento adequado do ca-
belo e outras coisas mais. Além disso, a santidade também 
não está implícita na ostentação de vários dons espirituais. 
Do que adianta andar de terno o tempo todo, mas ser um 
mentiroso? Andar com uma saia três vezes maior que o seu 
tamanho, mas ter a mente dominada por pensamentos im-
puros? Ter aparência de espiritual desmaiando de tanto je-
juar, mas ser alguém que promove discórdias, inimizades e 
dissensões? Alegar revelar e profetizar em nome de Deus, 
mas ser um invejoso, ganancioso e destemperado? É claro 
que alguém que nasceu de novo e vive uma vida que agrada 
a Deus, jamais agirá ou se vestirá de uma maneira lasciva, 
sensual ou reprovável que contradiz sua nova natureza. 
 Nem mesmo será achado em lugares ou situações impró-
prias para aquele que busca ser cada vez mais parecido com 
Cristo. Essa pessoa é guiada pelo Espírito Santo e nunca será 
por Ele conduzido a tais lugares ou situações. É preciso en-
tender que a santificação é mortificar o velho homem, e não 
maquiá-lo com uma aparente espiritualidade. Se vestir de 
cristão, pregar em nome de Jesus, expulsar demônios e rea-
lizar milagres, até mesmo os não regenerados conseguem fa-
zer (Mt 7:23). Mas “revestir-se do novo homem, criado para 
ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenien-
tes da verdade”, é apenas para aqueles que verdadeiramente 
nasceram de novo (Ef 4:24). 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
146 | P á g i n a 
 
A Importância Da Santificação 
O escritor de Hebreus destaca que sem a santificação nin-
guém verá o Senhor (Hb 12:14). Já falamos que isso não sig-
nifica que alguém pode alcançar a salvação porque se santi-
fica, mas que a santificação é inevitável na vida dos cristãos 
genuínos. Isto acontece “porque desde o princípio Deus os 
escolheu para serem salvos mediante a obra santificadora 
do Espírito Santo” (2 Ts 2:23). O apóstolo Pedro também es-
creve que os redimidos foram “eleitos segundo a presciência 
de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência 
e aspersão do sangue de Jesus Cristo” (1 Pe 1:2). Da mesma 
forma, o autor de Hebreus diz que Cristo é quem santificaos 
santificados (Hb 2:11). Portanto, a santificação reflete de 
forma visível a regeneração! Ela demonstra de forma clara 
que alguém nasceu de novo e agora é nova criatura conforme 
à imagem de Cristo. 
 Através da santificação, o regenerado segue os passos de 
Cristo, ele deseja ardentemente o dia em que finalmente po-
derá contemplar a sua face. Podemos então dizer que a graça 
salvadora ou a graça especial é um nível de renúncia que atin-
gimos mediante uma obra ou um trabalho conjunto em que 
eu me entrego a Cristo e Ele faz em mim o que é necessário 
para que eu alcance este crescimento que Ele mesmo oferece 
 PROGRESSÃO DA GRAÇA 
 
147 | P á g i n a 
 
para que eu possa conhecê-Lo melhor. Podemos notar que a 
graça é muito mais abrangente e eficaz na vida de qualquer 
um que corresponde ao chamado e a manifestação primária 
que é a graça comunicação que Deus estabelece em forma de 
um relacionamento para atrair o pecador a Si do que nós 
imaginamos. 
 
 
 
 
 
149 | P á g i n a 
 
I 
 
 
T 
 
 
 
 
 CAPÍTULO VII 
 TORNANDO-SE PARTE DO 
CORPO DE CRISTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
processo de eleição ainda continua. Desta vez so-
mos inseridos no corpo de Cristo, já vimos que pri-
meiro é manifesto a graça comum da parte de Deus para nos 
atrair a Ele, quando somos atraídos a Ele, então Ele faz o cha-
mamento geral para todos aqueles que reconhecem a sua 
bondade e a capacidade de escolher por mais que ele é quem 
O 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
150 | P á g i n a 
 
nos atrai a ele. Irmos a Deus é uma questão volitiva do pró-
prio amor de Deus, a ação de irmos até ele é inteiramente 
dele e não nossa pelo fato de que a graça comum foi dada a 
nós. 
Após recebermos esta graça e desfrutarmos dos benefícios 
que ela nos oferece de poder escolher a Deus, nós passamos 
para o processo em que somos chamados a pertencê-los, 
quando aceitamos este chamado aí surge a necessidade de 
crescermos na graça de Deus, e neste crescimento em busca 
do alcance da Graça especial passamos por três proces-
sos. Primeiro pelo processo da justificação, subsequente-
mente pelo processo da Regeneração e por fim desta etapa o 
processo de santificação. Agora após passarmos por esses 
processos nós chegamos em uma outra etapa já tendo desen-
volvido e crescido na graça e alcançado a graça especial nós 
agora somos inseridos no corpo de Cristo. 
 
Agora Somos Servos De Deus 
 
 É exatamente no momento em que passamos a participar 
do corpo de Cristo que podemos nos considerar servos de 
Deus (Hb 9:12,14), Pois foi pelo sangue de Cristo uma vez que 
Ele efetuou a eterna Redenção, que nós agora podemos nos 
aproximar de Deus por meio de seu sacrifício. E este sacrifí-
cio uma vez aceito por nós como sendo a propiciação dos 
 TORNANDO-SE CORPO DE CRISTO 
 
151 | P á g i n a 
 
nossos pecados nos leva a ter comunhão com Deus por meio 
da fé que temos em Cristo e sua obra. Enquanto estamos pas-
sando pelo processo de justificação, Regeneração e santifica-
ção nós ainda não somos considerados membros do corpo de 
Cristo porque este processo em suma é a purificação para a 
integração no corpo. Nós nos tornamos servos de Deus 
quando aceitamos completamente o trabalhar do Espírito 
Santo em nós, nos levando a crer e conhecer a pessoa de 
Cristo, a partir do propósito eterno que é o plano da Reden-
ção, elaborado por Deus e realizado em Cristo o Seu Filho. E 
quando nós somos inseridos no corpo de Cristo, Deus nos 
torna uma nova criatura. 
 
Um Estágio De Transformação 
 
A Bíblia diz que aquele que está em Cristo, nova criatura 
é. Isso diz respeito à regeneração que ocorre na vida do peca-
dor e às bênçãos resultantes de sua união com Cristo. É im-
possível alguém permanecer o mesmo estando em Cristo, 
porque sua vida é transformada radicalmente por Ele. Sua 
posição em relação a Deus e ao mundo é alterada, pois agora 
ele torna-se participante da nova criação. Foi o apóstolo 
Paulo quem escreveu que se alguém está em Cristo, nova cri-
atura é (2 Co 2:17). Ao apresentar uma defesa contra os ata-
ques dos falsos mestres que tentavam introduzir ensinos 
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LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
152 | P á g i n a 
 
estranhos ao Evangelho de Cristo e descredenciar sua pessoa 
e ministério, Paulo esclareceu aos coríntios quais eram suas 
motivações para anunciar o Evangelho. Nesse sentido ele 
destaca o temor ao Senhor, o amor de Cristo e a realidade da 
nova criação. Antes de dizer que “se alguém está em Cristo, 
nova criatura é”, Paulo fala sobre o amor de Cristo. Ele diz 
que “o amor de Cristo nos constrange”, pois esse amor sacri-
fical foi revelado em sua morte na cruz em nosso lugar. Como 
consequência, Paulo basicamente diz que aqueles que foram 
alvos do amor de Cristo e receberam as bênçãos resultantes 
de sua morte e ressurreição, desfrutando da graça comum, 
aceitando o chamamento geral e passando pelo processo tri-
plo já mencionado anteriormente da justificação, regenera-
ção e santificação, ao ser inseridos no corpo de Cristo “já não 
vivem mais para si mesmos, mas para aquele que por eles 
morreu e ressuscitou” (2 Co 5:15). 
Então partindo desse princípio, Paulo fala sobre o resul-
tado dessa comunhão. Ele diz que a relação dos redimidos 
com o mundo ao seu redor muda, pois eles passam a enxer-
gar todas as coisas de uma perspectiva espiritual (2 Co 5:16). 
Isso acontece porque essas pessoas agora estão “em Cristo”. 
Paulo aplica a expressão “em Cristo” mais de vinte vezes em 
suas epístolas. Para o apóstolo, “estar em Cristo” significa 
desfrutar de uma íntima comunhão com Ele. Na verdade, 
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 TORNANDO-SE CORPO DE CRISTO 
 
153 | P á g i n a 
 
estar em Cristo é ser parte do Seu corpo (1 Co 12:27). Essa 
união com Cristo expressa tudo o que envolve a redenção do 
crente desde a eleição, justificação, santificação até a glorifi-
cação (Rm 8:1; 1 Co 1:2 3:8; Ef 1:4,11). 
Aquele que está em Cristo desfruta da segurança da obra 
infalível de Cristo que aplacou em nosso lugar a ira de Deus 
contra o pecado. Aquele que está em Cristo encontra conforto 
em saber que agora ele é aceito por Deus pelos méritos de 
Cristo. Quem está em Cristo possui a plena certeza de sua he-
rança futura, pois já é participante da nova criação em Cristo. 
 
Nova Criatura 
 
Quando Paulo diz que “se alguém está em Cristo, nova 
criatura é” ele não tem em mente apenas as implicações in-
dividuais da salvação de uma pessoa, mas ele tem em mente 
algo mais amplo e profundo. A expressão “nova criatura é”, 
traduz o texto bíblico que no grego diz literalmente que se 
alguém está em Cristo “é nova criação”. Obviamente aquele 
que faz parte de uma nova criação é também uma nova cria-
tura, mas o ensino bíblico aqui não está limitado apenas a 
esse sentido pessoal da redenção. Em outras palavras, o que 
Paulo diz é que se alguém está unido a Cristo pela fé, essa 
pessoa agora faz parte da nova humanidade que está sendo 
criada em Cristo Jesus, ou seja, ela faz parte do povo de Deus. 
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LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
154 | P á g i n a 
 
Isso quer dizer que quem está em Cristo não mais é contado 
entre a velha humanidade que tem como seu representante o 
primeiro Adão, mas é contato entre a nova humanidade que 
tem na pessoa de Cristo, o último Adão, o seu representante. 
Portanto, isso muda por completo a vida da pessoa. Ela não 
se relaciona mais com o mundo e com as pessoas à suavolta 
da mesma forma que antes. Isso porque ela faz parte da nova 
criação e possui um novo entendimento; sua orientação mu-
dou e agora essa pessoa enxerga todas as coisas a partir da 
perspectiva de sua união com Cristo. É claro que isso impacta 
diretamente em sua experiência prática de vida, mas essa 
mudança prática resulta da transformação total que a pessoa 
experimenta ao estar unida com Cristo, ao conhecer a Cristo 
de outra maneira e ser participante da nova criação. Então se 
alguém está em Cristo e faz parte da nova criação, conse-
quentemente as coisas velhas já estão no passado, e agora 
tudo é novo. Agora nós podemos desfrutar o labor de ser um 
participante do corpo de Cristo (Rm 12:5), Sendo membros 
um dos outros. Significa dizer que nós sendo muitos somos 
apenas um e comemos de um mesmo pão, somos a composi-
ção de um grupo que pertence a um único Rei, Jesus Cristo 
nosso salvador (1 Co 10:17; 1 Co 12:20,27). 
 
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 TORNANDO-SE CORPO DE CRISTO 
 
157 | P á g i n a 
 
I 
 
 
T 
 
 
 
 
 
 CAPÍTULO VIII 
A ELEIÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 questão da eleição tem sido muito discutida princi-
palmente em nossos dias, é um assunto que por al-
guns é definido de uma forma radical e outros intérpretes 
aderem uma definição totalmente oposta a essa radicalidade. 
O calvinismo ensina que há um absolutismo na questão da 
eleição, dizem que Deus simplesmente escolhe quem será 
A 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
158 | P á g i n a 
 
salvo e não deve satisfação alguma para o ser humano por 
isso Ele é quem decide, Ele é quem faz e não há quem possa 
questioná-lo. Confesso ser essa uma interpretação um tanto 
quanto vaga, embora sabemos que Deus é soberano e tem o 
governo e controle de toda a história, a questão da eleição vai 
um pouco além da realidade do alcance dos nossos pensa-
mentos. Se quisermos entender essa questão precisamos for-
çar um pouco a nossa mente e voltarmos um pouco no tempo, 
a Bíblia nos ensina que nós fomos eleitos antes da fundação 
do mundo (Ef 1:4), o que este texto está dizendo é que nós 
estávamos inseridos no plano Divino de salvação que 
abrange especificamente a eleição, visto que a eleição é o re-
sultado das nossas respostas ao sacrifício de Cristo, quando 
Cristo morreu na cruz isso aconteceu no “Cronos” de forma 
literal, mas no “Kairós” isso já tinha acontecido porque Deus 
já havia planejado, e, como isso tudo já estava dentro do 
plano de Deus obviamente nós fomos eleitos antes da funda-
ção do mundo, uma vez que Cristo é o próprio Deus e Ele es-
tava antes da fundação do mundo em Glória junto ao pai (Jo 
17:5). O fato de Deus nos escolher nele ou nos eleger nele traz 
a ideia da eleição por Deus cuja origem encontra-se no im-
portante tema da união espiritual pois a eleição é “em 
Cristo”. 
 A ELEIÇÃO 
 
159 | P á g i n a 
 
A doutrina da eleição é um dos ensinamentos mais impor-
tantes também mais mal compreendido da Bíblia. Expondo 
da forma mais simples possível, a eleição diz respeito ao 
plano pelo qual Deus realiza a sua vontade, é mais apropri-
ado entender o significado da eleição como a iniciativa Sobe-
rana de Deus de trazer pessoas a fé em Cristo, criando um 
relacionamento especial de impacto com ele. Este tema é a 
base para toda a abertura de Efésios, que inclui as expres-
sões: nos “escolheu”, nos “predestinou” e fomos predestina-
dos conforme o propósito de Deus. O foco de Paulo no cará-
ter Cristocêntrico da eleição é vital. Deus nos escolheu em 
Cristo antes da fundação do mundo, isso mostra que o Evan-
gelho é central no plano de Deus para a história. Fomos es-
colhidos para que fossemos santos e sem culpa. Santidade e 
a pureza são os resultados, e não a base da eleição de Deus. 
 
Como Funciona A Eleição 
 
Antes de colocarmos em questão a escolha de Deus para o 
seu povo eleito, precisamos considerar alguns fatores anteri-
ores que nos revelam o porquê e como funciona a eleição. 
Alguns questionamentos surgem a respeito da eleição que 
confunde alguns leitores, é pelo fato de que ao mesmo tempo 
que Deus escolhe alguns, estes, ao pecarem continuam ainda 
pertencendo o seu povo, alguns dizem que isso é uma 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
160 | P á g i n a 
 
injustiça, outros que isso é a prova de que a eleição parte ex-
clusivamente e inteiramente de Deus, e, que nós não temos 
participação em sermos eleitos e que somente Deus é quem 
escolhe, independente das nossas escolhas e decisões em se-
gui-lo ou não. Por isso alguns definem que a escolha do ho-
mem não é livre e que se ele for eleito ou não, isso não de-
pende dele e sim de Deus, logo o homem não pode fazer nada 
para ser salvo uma vez que Deus é quem decide se ele será ou 
não salvo. Para entendermos e resolvermos essa questão da 
divergência de como funciona a eleição, vamos fazer uma cir-
cunspecção dos fatos relatados nas escrituras a respeito da 
eleição de Deus com relação ao seu povo e as vontades livres 
de seu povo. 
Deus criou o homem para lhe adorar (Gn 3:1-23), porém 
houve a corrupção (Gn 6:5), depois disso todos eram pecado-
res por hereditariedade da natureza humana, depois de al-
gum tempo surgiu Noé (Gn 6:9), a expressão bíblica é que 
Noé era o único “justo”. Considerando isso, conseguimos en-
tender o porquê ao decorrer da história houve um povo esco-
lhido, foi justamente porque Noé decidiu ser justo, e a res-
posta de Deus em relação aos que seguiram o exemplo de Noé 
foi guia-los como sendo o seu povo ao que Ele tinha prome-
tido. Quanto aos Rebeldes que não escolheram segui-lo, 
Deus simplesmente não o conduziu a pertencerem a 
 A ELEIÇÃO 
 
161 | P á g i n a 
 
promessa e quanto aos que se rebelaram dentro do povo que 
Deus escolheu conduzir, em resposta a retidão dos mesmos, 
vemos Ele mesmo castigando, como os filhos de Eli (1 Sm 2: 
30-34), Corá, Datã e Abirão (Nm 6:31-33), entre outros. 
Agora aos que mesmo sendo rebelde não deixaram de per-
tencer a promessa e ao povo eleito, é por que sua rebeldia não 
o fizeram perder o temor (Jz 10:10-16), isto é, ainda existia 
algo neles que para Deus funcionava de forma aprazível a sua 
vontade. Como acontece conosco quando erramos, temos 
medo de perder a presença de Deus (Sl 51:11-12), mas sabe-
mos que sua misericórdia ainda não foi retirada de nós, em 
paralelo a isso sabemos que nossos erros foram espontâneos 
e não fazemos o que queremos fazer às vezes, e sim, aquilo 
que não queremos isso fazemos com facilidade (Rm 7 :15-
20). Mas isso não reduz o temor que temos a Deus isso fica 
claro, porque imediatamente nos entristecemos e nos arre-
pendemos diante de Deus por termos cometido tal erro (Rm 
7:24). 
O fundamento desta ideia está no fato de que Jesus após 
a sua morte, desceu às profundezas da terra (Ef 4:8-9), e foi 
confirmar que a pregação de Noé era a mais sublime resolu-
ção da preparação para a salvação (1 Pe 3:19-20; 4:6), e quem 
não aceitou, pereceu, quer dizer que todos que seguiram Noé, 
seguiram o próprio Senhor Jesus em sua manifestação de 
oportunidade de salvação e na pessoa de Noé ele manifestou 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
162 | P á g i n a 
 
a sua justiça (Mt 24.37), pois não é era o pregoeiro da justiça 
(2 P 2:5). Concluímos então que Deus tem sim um povo que 
escolheu, mas essa escolha é conjunta, isto é, na medida 
que decidimos segui-lo, ele escolhe nos conduzir (2 Cr 15:2), 
e os que fazem o oposto disso é simplesmente os que não de-
cidem segui-lo e o resultado dessa rebeldia é a morte, e o 
meio que isso acontece é o próprio Deus usando suas ferra-
mentas (2 Rs 9 e 10). Mesmo Deus sendomisericordioso e 
não querendo que nós nos afastemos dele e tome-nos deci-
sões que irá resultar nas manifestações da sua Ira, Ele não 
força ninguém a escolhe-lo (Ap 3;20), por isso nós temos a 
oportunidade de uma escolha livre embora temos a influên-
cia tanto do mal quanto a influência da Graça comum que 
nos revelam a bondade de Deus, pois ele sendo amoroso ele 
exige que este amor seja espontâneo e não forçado, por isso 
ele não pode simplesmente abolir a sua justiça e nos obrigar 
a amá-lo e a servi-lo. Consequentemente aqueles que esco-
lhem servi-lo, fazem por vontade própria e não por obriga-
ção, mesmo que a iniciativa para irmos a Deus parte dele, no 
aspecto de que vamos pela manifestação da Graça comum, 
que equilibra a balança das influências, nós é quem decidi-
mos se queremos ir ou não, a graça comum é apenas uma luz 
no meio da escuridão degradante da cegueira do pecado cau-
sada pela queda do homem. 
 A ELEIÇÃO 
 
163 | P á g i n a 
 
A Eleição É Uma Ação Conjunta 
 
Precisamos entender que a eleição é uma ação conjunta, e 
esta eleição ela segue um processo. Primeiro Deus nos ou-
torga a Graça comum que nos ilumina para podermos vê-lo 
e termos a oportunidade de escolher, em segundo lugar acon-
tece o processo subsequente de chamamento geral, nesse es-
tágio nós decidimos se vamos responder o Chamado de Deus 
de pertencê-lo como sendo seu povo ou não, se escolhermos 
pertencer a ele passamos desta vez pelo processo de justifi-
cação regeneração e santificação quando passamos por estes 
processos nós somos inseridos no corpo de Cristo, e ao ser-
mos inseridos no corpo de Cristo nós nos tornamos eleitos 
justamente porque Cristo é eleito. Isso mostra que a eleição 
ela é uma ação conjunta e não unicamente da vontade de 
Deus, embora a sua vontade seja nos salvar, Ele não pode nos 
forçar a isso mesmo tendo controle de toda a história, de todo 
o tempo, e de todas as coisas e decisões do homem isso acon-
tece pelo fato de Ele ser presciente e não por ser determi-
nante em nossas escolhas. 
 
Eleitos em Cristo 
 
Nós sabemos que somos eleitos, se permanecermos como 
fiéis membros e participantes do corpo de Cristo. E isso inclui 
ser santo e fiel a ele aos seus mandamentos, e em tudo que 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
164 | P á g i n a 
 
diz respeito às práticas cristãs morais que refletem o caráter 
de Cristo (Cl 3:12; 1:2). Devemos imaginar que a eleição, ela 
é uma pequena semente plantada que ainda enquanto se-
mente é apenas a graça comum, à medida que nós regamos 
essa semente e desejamos o seu crescimento ela crescerá e 
florescerá. E quando nos tornamos eleitos em Cristo, essa 
flor se abre, e o abrir desta flor é o que caracteriza a essência 
de um verdadeiro cristão, como sendo o eleito em Cristo, e o 
que compõe essas características são um caráter e comporta-
mento irrepreensível diante dEle em amor (Ef 1:4b). 
 
Cristo o Eleito de Deus 
 
 Nós somos eleitos não porque Deus nos escolheu indivi-
dualmente, e sim porque Ele escolheu Cristo, Cristo é o eleito 
de Deus (1 Pe 2:4), para entendermos essa questão vamos fa-
zer uma alegoria aqui: 
 Imagina um quadro criado para montar um quebra-ca-
beça, as peças estão espalhadas, mas o quadro permanece 
ali. Este quadro deve comportar cada peça, completando 
uma perfeita paisagem, este quadro foi determinado e esco-
lhido para ser o suporte das peças, para que a imagem te-
nha um enquadramento perfeito, no entanto as peças estão 
espalhadas, e quando essas peças se juntam formando a 
imagem inseridas no quadro, elas passam a ser parte da 
 A ELEIÇÃO 
 
165 | P á g i n a 
 
ideia principal do quebra-cabeça, que é refletir uma ima-
gem. As peças que compõem esse quebra-cabeça se comple-
tam e se encaixam no quadro porque o quadro foi eleito 
para comportar essas peças. Assim funciona a eleição 
Cristo, Ele foi eleito, Ele é o quadro, nós somos as peças e 
quando nós seguimos o passo a passo e os processos neces-
sários para pertencemos ao seu corpo, nós estamos nos in-
serindo neste quadro e assim estamos nos tornamos eleitos, 
não porque somos eleitos especialmente e individualmente, 
mas porque estamos inseridos dentro de um quadro que foi 
planejado para comportar tal imagem e à medida que nos 
enquadramos a este, completando uma imagem somos elei-
tos, isso porque o quadro foi eleito, o quadro foi escolhido 
como a base para sustentar a ideia de uma paisagem per-
feita. 
Cristo nosso Senhor foi morto antes da fundação do 
mundo (Ap 13:8), o que este versículo está dizendo é que, 
Deus em seu plano eterno de Redenção, já havia planejado 
como iria fazer para regenerar o homem, e foi Cristo que Ele 
escolheu para executar este plano, por Cristo e em Cristo o 
seu plano Divino de Redenção foi realizado e completo. Isso 
tudo aconteceu na eternidade passada antes que o mundo 
existisse, Cristo dentro do plano de Deus já havia mor-
rido, portanto ao vir a terra e morrer pela humanidade, 
Cristo estava apenas cumprindo algo que já tinha sido 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
166 | P á g i n a 
 
definido na eternidade. Este sacrifício, esta obra Redentora 
foi elaborada por Deus e executada em Cristo para sermos 
posteriormente edificados nEle (1 Pe 2:5). 
 Por isso nós saímos das trevas para nos tornarmos uma 
geração eleita (1 Pe 2:9), implica dizer que o tornar-se gera-
ção eleita é uma etapa ou um estágio avançado do processo 
de ser salvo, podemos definir que quando saímos das trevas 
e fomos transportados para o reino da luz, nos tornando ge-
ração eleita, nós estamos caminhando para a salvação eterna 
e uma morada eterna com Deus. É nesse momento que pas-
samos a ter a certeza da nossa salvação, quando nós estamos 
sendo edificados sobre os fundamentos de Cristo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
169 | P á g i n a 
I 
 
 
T 
 
 
 
 
 
 CAPÍTULO IX 
 A PRESCIÊNCIA DE DEUS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 significado da palavra presciência na Bíblia tem le-
vado a diversos debates entre os cristãos. A questão 
discutida é o que ela quer dizer quando aplicada a Deus. A 
grande pergunta é: Como entender a presciência de Deus? 
Basicamente há duas interpretações diferentes sobre o que é 
a presciência de Deus. Uma delas procura manter o signifi-
cado estrito da palavra presciência como “pré-conheci-
mento”, a outra entende que, à luz do texto bíblico, o 
O 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
170 | P á g i n a 
significado da presciência de Deus é mais profundo, e trans-
mite as ideias de relacionamento e escolha. A dificuldade em 
entender este tema fez com que muitos passassem a limitar, 
ou mesmo negar, a presciência de Deus. Normalmente quem 
assim o faz, entende que Deus declinou de sua presciência 
para preservar a liberdade de suas criaturas. Sob essa pers-
pectiva, Ele não conhece o futuro, mas o descobre junta-
mente com o homem à medida que a história avança. É claro 
que essa interpretação é completamente antibíblica. 
 
A Presciência na Bíblia 
 
A palavra “presciência”, ou seu termo equivalente, apa-
rece apenas no Novo Testamento. Aplicada a Deus, a ideia de 
presciência ocorre em cinco ocasiões (At 2:23; Rm 8:29; 11:2; 
1 Pe 1:2,20). Em todas elas o objetivo é traduzir os termos 
gregos “prognosko” e “prognosis”. Dentre as passagens cita-
das, as mais conhecidas e utilizadas para debater o signifi-
cado da presciência de Deus são: (Rm 8:29), onde lemos que 
Deus predestinou os que dantes conheceu; e (1 Pe 1:2), onde 
o apóstolo saúda os eleitos segundo a presciência de Deus 
pai. Dissemos que duas interpretações principais são sugeri-
das sobre o significado da presciência de Deus. Conhecere-
mos cada uma delas a seguir.A Presciência De Deus É Sua Visão Acerca Do Fu-
turo 
 A PRESCIÊNCIA DE DEUS 
 
171 | P á g i n a 
Esta interpretação afirma que a presciência de Deus sig-
nifica simplesmente seu pré-conhecimento de todas as coi-
sas. Ele conhece o futuro antes que ele ocorra em nosso 
tempo. Porém, esse conhecimento de Deus acerca dos acon-
tecimentos futuros se baseia sem sua contemplação. Isso sig-
nifica, por exemplo, que Ele conhece cada ação que cada uma 
de suas criaturas tomará. Porém, essa presciência não é cau-
sativa, ou seja, o fato de Ele conhecer tais ações não implica 
numa interferência de sua parte. Em outras palavras, a pres-
ciência de Deus não é o que determina que algo aconteça. Ele 
age como observador, apenas. Portanto, são os acontecimen-
tos futuros que causam o pré-conhecimento de Deus. Ele 
apenas os conhece, porque de fato eles acontecerão em algum 
momento. O principal objetivo desta interpretação, segundo 
quem a defende, é tentar preservar a liberdade das criaturas 
em relação à soberania de Deus. Assim, quando Deus predes-
tina e elege, por exemplo, Ele o faz com base em sua presci-
ência. Portanto, Deus conhece antecipadamente as decisões, 
ações e comportamento de suas criaturas. Então Ele decide e 
faz com base no que foi previsto. 
 
A Presciência De Deus É Mais Do Que Cognição 
Esta interpretação também afirma que Deus conhece to-
das as coisas. Porém, Ele conhece o futuro não apenas porque 
Ele o observou, mas porque Ele o determinou. Isto significa 
que a presciência de Deus está diretamente relacionada aos 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
172 | P á g i n a 
seus decretos. Ele não age como um espectador da história, 
mas Ele é aquEle que constrói e conduz a história. A presci-
ência, em si, não é causativa, mas está intimamente ligada ao 
conselho soberano de Deus. Ele não toma decisões com base 
no que Ele previu, mas simplesmente sob o fundamento de 
sua vontade (Rm 8:28,29); onde os que dantes Deus conhe-
ceu foram aqueles que Ele chamou segundo o seu propósito, 
que é o chamamento geral. Esta interpretação afirma que a 
chave para entender a presciência de Deus é saber que o foco 
da questão é o próprio conhecimento divino. Como foi dito, 
Deus conhece todas as coisas, então a palavra “conhecer” 
aplicada a Deus não pode significar simplesmente “cogni-
ção”. Quando Ele diz que conhece ou desconhece alguém, 
isso indica afeição, isto é, um relacionamento especial, ou a 
falta dele (Êx 33:17; Dt 9:24; Os 8:4; Am 3:2; Mt 7:23). Com 
base nisso, o significado de dizer que Deus pré-conheceu al-
guém não pode ser outro a não ser o de que Ele se relacionou 
de forma especial com esse alguém. Esta interpretação tam-
bém chama a atenção para o fato de que o significado de um 
determinado termo deve ser analisado à luz de seu contexto. 
Um exemplo disto é a palavra “carne” que aparece muitas ve-
zes na Bíblia. Num significado simples, ela pode indicar o 
corpo físico, mas em vários textos ela se refere à velha natu-
reza pecaminosa do homem. O mesmo princípio pode ser 
aplicado com relação à palavra “presciência”. há uma 
 A PRESCIÊNCIA DE DEUS 
 
173 | P á g i n a 
corrente de interpretação que indicam que os termos gregos 
traduzidos por “presciência”, ainda podem ser traduzidos 
como “conheceu de antemão”, desde que se entenda que o 
“conheceu” não é mera cognição. Assim, uma boa tradução 
seria “de antemão se relacionou”, “de antemão amou” ou “de 
antemão escolheu”. Isso parece harmonizar os versículos 2 e 
20 de 1 Pedro 1. O apóstolo utiliza o mesmo termo grego para 
se referir à eleição dos salvos e à escolha de Cristo como re-
dentor. Então, parece óbvio que não é uma simples cognição 
antecipada que está em questão. 
Também é preciso considerar que em todas as vezes que a 
palavra “presciência” é aplicada a Deus no Novo Testamento, 
ela sempre indica o pré-conhecimento de pessoas, e não de 
fatos, escolhas, ações ou obras. Claro que Ele conhece todas 
essas coisas, mas o foco do texto bíblico que fala de presciên-
cia é sempre em indivíduos. Esta posição também afirma que 
não há, nesse caso, uma violação da liberdade e da responsa-
bilidade dos indivíduos. Ela afirma a soberania de Deus e a 
responsabilidade humana como agentes livres, como duas 
verdades bíblicas que não se excluem, mas que caminham 
juntas. 
 
Conclusão Sobre A Presciência De Deus 
Seja como for, é impossível não se render diante dos mis-
térios acerca de nosso Deus. É impossível não reconhecer 
quão inescrutáveis são os seus desígnios. O significado da 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
174 | P á g i n a 
presciência de Deus não deve ser um motivo de discórdia en-
tre os cristãos, mas de admiração. Visto que a sua presciência 
sendo um aspecto da sua onisciência ela colabora com a nos-
sas escolhas (1 Sm 23:11- 12), Isso significa que a pré-ciência 
de Deus não pode anular ou interferir em nossas escolhas em 
obedecer ou não a sua vontade, pois a eleição a luz de (1 Pe 
1:2), é feita através da Santificação do Espírito para a obedi-
ência e aspersão do sangue de Jesus Cristo e não através da 
presciência de Deus, significa dizer que a pré-ciência citado 
no versículo de Pedro tem o significado de relacionamento, 
pois é através do relacionamento que nós nos santificamos, e 
isso acontece através do Espírito Santo trabalhando e ope-
rando em nós, a sua obra, portanto a pré-ciência de Deus não 
é a base da nossa eleição, e sim, a nossa eleição é o outro lado 
da moeda. A presciência de Deus e a eleição se completam, 
uma não é a causa da outra, mas ambas são efeitos causados 
por um processo de resposta ao Chamado de Deus a santifi-
cação. Em (At 2:23), A declaração de Pedro articula o impor-
tante paradoxo da vida cristã: a morte de Jesus ocorreu em 
decorrência do plano e da pré-ciência de Deus, mas foram os 
atos livres e pecaminosos de seres humanos que executaram 
esse projeto, a Bíblia afirma com frequência a realidade da 
Soberania Divina, e da genuína escolha humana, sem expli-
car como as duas podem atuar em conjunto sem qualquer 
conflito, mas o que podemos definir é que se elas não se 
 A PRESCIÊNCIA DE DEUS 
 
175 | P á g i n a 
contradizem, certamente elas se completam de uma forma 
paradoxal. Em sua pré-ciência Deus providenciou nossa Re-
denção em Cristo (1 Pe 1:20), e ao aceitarmos o chamado para 
irmos a Cristo, nós estamos então fazendo a nossa parte na 
eleição, pois Deus já fez a parte dEle em dar o seu Filho a 
morrer pelos nossos pecados, e ele não pode simplesmente 
nos obrigar aceitarmos esse sacrifício. Portanto Deus elabo-
rou o plano e nos outorgou a graça comum, e ao executar o 
seu plano em Cristo, nos chamou para ir a Ele, e quando acei-
tamos este chamado o Espírito Santo nos convence nos le-
vando ao arrependimento, consequentemente ao aceitarmos 
somos justificados por meio da Fé que temos no sacrifício de 
Cristo (Rm 5:1). Após sermos justificados somos redimidos e 
santificados e então passamos a nos tornar eleitos em Cristo, 
e isso tudo aconteceu não com base na pré-ciência de Deus, 
mas completando a sua pré-ciência que foi por ela que Ele 
elaborou o plano de salvação portanto ao alcançarmos a sal-
vação pela graça mediante a fé em Cristo (Ef 2:8), nós esta-
mos automaticamente nos juntando as peças do quebra-ca-
beça para completar uma imagem perfeita. 
 
 
 
 
 
177 | P á g i n a 
I 
 
 
T 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO X 
 A PREDESTINAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 calvinismo afirma que a predestinação é determi-
nante, assim como é a eleição, que todas as coisas 
estão pré-ordenadas a acontecerem e todas elas devem seguir 
o cronograma de Deus. Embora seja uma doutrina bíblica a 
predestinação, ela é vista por muitos expositores em uma or-
demequivocada. Existe um momento em que a predestina-
ção acontece, eu não posso usar um texto que trata da 
O 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
178 | P á g i n a 
predestinação como sendo abrangente a todas as coisas ex-
cluindo as vontades humanas pois a predestinação não con-
fronta a vontade humana e sim ela acontece após essa esco-
lha. A predestinação à luz das escrituras tem muito mais a ver 
com Deus do que conosco. 
 
Quando Acontece a Predestinação 
 
Como já vimos anteriormente Deus nos chama por meio 
da sua graça comum e de um chamamento geral, e quando 
respondemos a este chamamento, ao atingir o estágio da 
graça especial ou graça salvadora, que por sua vez nos in-
gressa ao corpo de Cristo, nos tornando eleitos por meio do 
próprio Senhor Jesus, isso tudo é uma resposta positiva que 
damos a Deus em relação ao seu convite. Após aceitarmos 
esse convite e passarmos por todos esses processos descritos 
nos textos anteriores, nós estamos caminhando para a fase 
em que o apóstolo Paulo fala que é uma predestinação. De 
acordo com (Rm 8:29), Deus nos predestinou para sermos a 
imagem de seu Filho. Isso significa que a predestinação só 
acontece após o processo descrito nos capítulos anteriores, 
que é o de justificação, regeneração e santificação. Portanto 
a predestinação não é algo relacionado diretamente a nós e 
sim é algo ligado inteiramente a Deus, Ele escolheu manifes-
tar o seu amor por meio da sua graça comum e um 
 A PREDESTINAÇÃO 
 
179 | P á g i n a 
chamamento geral, após aceitarmos esses convites que nos 
levam a pertencer o corpo de Cristo, nós passamos a perten-
cer a este conceito de predestinação, não significa que a pre-
destinação anula a nossas escolhas, e sim, é porque escolhe-
mos estar em Cristo. Quando cedemos à vontade de Deus é 
que somos predestinados. A predestinação não é uma deci-
são decretada por Deus, a predestinação é um estágio de acei-
tação e de condução a vida eterna. Imaginemos que um mar, 
neste mar existe um barco, e todos que conseguirem nadar 
até este barco estão predestinados a chegarem na margem do 
mar, isso porque o barco foi predestinado a chegar na mar-
gem, não as pessoas. Portanto, eu sou predestinado a algo 
quando eu passo a pertencer aquilo, pelo motivo de que 
aquele algo já está destinado a ao seu resultado final. Aí surge 
uma questão por que alguns estão então predestinados a de-
sobediência (1 Pe 2:8)? Na verdade, este versículo nos ensina 
que Jesus Cristo, foi para muitos uma pedra de tropeço, e a 
rocha que fez com que alguns caíssem, e ainda cairão, esses 
tropeçaram e ainda irão tropeçar, porque não entenderam a 
palavra de Deus, e nem obedeceram. Portanto o mal que re-
ceberam é o resultado da sua desobediência, pois já está de-
cretado que aqueles que rejeitarem a Deus, esses irão receber 
a sua ira, não significa que esses que receberam a ira estão 
destinados a receber, e sim que somente receberam porque 
não creram e porque foram desobedientes. Portanto esta 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
180 | P á g i n a 
queda e punição eterna, é o resultado de seus atos pecamino-
sos, e a negligência ao chamado de Deus, visto que Deus 
chama a cada um por meio da sua graça comum que é o ponto 
de partida do convite de Deus (Rm 1:20). 
Em (2 Tm 2:19), Nós podemos perceber que existe um 
selo de Deus naqueles que são seus e este selo é na verdade 
uma característica. Aqueles que são de Deus tem o selo de 
Deus implantado no seu caráter, que é por instinto de uma 
natureza restaurada afastar-se do pecado, e de todos os tipos 
de iniquidade, proferindo o nome de Cristo como salva-
dor. Este versículo deixa claro que a predestinação na ver-
dade, não é um fato determinante direcionado ao homem, e 
sim uma verdade do plano de Deus, isto é a predestinação, é 
um estado em que o homem chega. Vale notar que o esforço 
do homem para pertencer a este estado de predestinação, 
não é inteiramente por méritos humanos e sim todos os mé-
ritos são de Cristo, a única participação que o ser humano 
tem, é de poder se entregar, ou recusar este chamamento de 
Deus. E até quando o ser humano aceita este chamamento, 
ele só aceita porque houve uma iniciativa de Deus, em mani-
festar a sua graça comum, equilibrando a balança das in-
fluências de escolhas. Ainda em (Rm 8:30), fica claro que 
Deus predestinou todos para receberem este chamado de 
morar com ele na eternidade. Deus tem um plano que se 
 A PREDESTINAÇÃO 
 
181 | P á g i n a 
estende desde a eternidade passada a eternidade futura, e 
neste plano ele decidiu chamar todas as pessoas, mas ele sa-
bendo quem é que iria aceitar esse chamado a esses ele justi-
ficou, e estes que foram justificados ou serão justificados, e 
chegarão ao estágio final que é glorificação. Podemos con-
cluir que a predestinação é sim uma doutrina bíblica, isso é 
inquestionável, mas a verdade é que existe o momento certo 
em que ela é aplicada ao ser humano, e ela parte exclusiva-
mente de Deus, ela parte do kairós e ela é um aspecto da sua 
onisciência que completa a sua presciência, não podemos se-
parar a predestinação da presciência, ambas se completam 
porque ambas são características do Poder soberano de 
Deus. 
 Parece ser complexa a doutrina da predestinação e da 
eleição porque fomos ensinados e habituados a olhar para 
ambos os lados na perspectiva de debate e não com um olhar 
de equilíbrio portanto podemos dizer que ambas as doutrinas 
tanto a Soberania de Deus, quanto à escolha humana, funci-
onam como peças de um quebra-cabeça, devem ser estuda-
das e analisadas em paralelo, e jamais usando uma para con-
frontar a outra, a complexidade de ambas as doutrinas estão 
na limitação da nossa ignorância, em não olhar com as len-
tes da compatibilidade e perfeição de Deus. Todos que fo-
ram predestinados a esta chamada para morar na eternidade 
e respondem positivamente a este convite, recebem um 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
182 | P á g i n a 
chamado eficaz que é o chamado a justificação (Rm 3:24). A 
esses que também estão agora predestinados a glorificação 
que é o estágio final do processo de completude do plano de 
Deus, estão também predestinados a serem santos e inculpá-
veis (Ef 1:4), Pois ao nos inserir ao grupo dos que foram in-
gressados ao estágio da predestinação, nós estamos ren-
dendo glórias a Deus porque nos tornamos filhos de adoção 
por Jesus Cristo, esta é a vontade de Deus para toda a huma-
nidade (Ef 1:5). 
Podemos concluir que a predestinação é um estado que 
pertence a um conjunto de processos, que nos levam a morar 
na eternidade, e esta predestinação é uma ação coletiva a par-
tir da fé e crença em Cristo, a medida que ouvimos a palavra 
de Deus e cremos em Cristo, aceitando o evangelho da nossa 
salvação, nós somos selados para o dia em que a promessa da 
eternidade se cumprirá, devemos considerar que o Espírito 
Santo é o penhor desta promessa, ele é a garantia de que ire-
mos morar na eternidade com Deus (Ef 1:13). Ainda na sua 
carta aos Efésios no capítulo 1 e versículo 11 Paulo discute o 
resultado final da Redenção de um ponto de vista que vai da 
eternidade passada a eternidade futura. Os Herdeiros são 
pessoas que Deus escolheu e predestinou. Eles não vieram a 
fé em Cristo por acaso, a força ou por escolha sem ajuda, e 
sim pela capacitação do Espírito Santo de Deus. 
 A PREDESTINAÇÃO 
 
183 | P á g i n a 
Quem É Predestinado 
 
Todos aqueles que aceitam a verdade do plano da salva-
ção, crendo no evangelho. Todos aqueles que passam pelos 
processos de aceitar o chamamento geral, ao ser iluminado 
pela graça comum e alcançando a graça especial, sendo pos-
teriormente ingressados ao corpode Cristo, tornando-se 
eleito nEle, é predestinado por Deus para ser salvo, pois a 
salvação é o estado final do plano de redenção de Deus, que 
para alcança-lo é necessário passar pelo estado anterior que 
é a justificação, somada a regeneração, somada a santificação 
que resulta na eleição e que somada a predestinação é igual a 
salvação. 
Lucas deixa patente esta ideia em seu registro em (At 
2:39), ao dizer que a promessa é para nós e para nossos filhos 
e para todos que estão longe, todos quanto o Senhor nosso 
Deus chamar, o verbo chamar que Lucas usa é o verbo tran-
sitivo direto e traz a ideia de um convite permanente e abran-
gente e não específico. 
Este é o conceito bíblico de predestinação, não que outros 
autores interpretaram e fundamentar as suas ideias de uma 
forma errada, mas que esta é a forma que nos ajuda a enten-
der melhor as duas verdades da soberania de Deus e respon-
sabilidade humana, não anulando nenhum aspecto da justiça 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
184 | P á g i n a 
de Deus e nem um aspecto do seu amor facilitando a compre-
ensão dessa complexidade. 
 
 
 
 
 
 
 
187 | P á g i n a 
I 
 
 
T 
 
 
 
 
 
 
 CAPÍTULO XI 
 A JUSTIÇA DE DEUS 
 
 
 
 
 
 
 
 
justiça de Deus é o seu atributo, o que significa que 
Ele é perfeitamente justo. Não há qualquer injustiça 
em Deus e em seus feitos, pois Ele é plenamente correto e 
íntegro. O próprio Deus é o padrão final do que é justo e 
certo, e Ele sempre age de acordo com esse padrão. Justiça é 
aquilo que está em conformidade com o que é reto, é a 
A 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
188 | P á g i n a 
qualidade do que está de acordo com o cumprimento da lei. 
No estudo bíblico-teológico, frequentemente o atributo da 
justiça de Deus é também chamado de “retidão de Deus”. O 
ensino bíblico sobre a justiça divina é muito claro, assim 
como também o é o ensino a respeito dos demais atributos 
de Deus. Por toda a Bíblia há inúmeras passagens que mos-
tram a indignação divina diante do pecado do homem e a pu-
nição da injustiça. 
 
Os Aspectos Da Justiça De Deus 
 
Muitas vezes é exposto à justiça de Deus em dois aspectos 
diferentes, mas diretamente interligados. O primeiro é cha-
mado de “justiça interna”, e diz respeito a quem Deus é. Em 
seu próprio caráter Deus é absolutamente justo, ou seja, Ele 
não é justo meramente porque pratica a justiça, mas Ele pra-
tica a justiça porque em si mesmo Ele é justo. Já o segundo 
aspecto é chamado de “justiça externa”, e diz respeito ao que 
Deus faz. Por ser justo, Ele só faz o que é reto. Então sendo 
inteiramente justo, Deus manifesta Sua justiça em Seu go-
verno do mundo, impondo às suas criaturas uma exigência 
moral de acordo com a retidão da Sua vontade. Relacionado 
a isso, a teologia também fala da justiça de Deus no sentido 
distributivo. Deus aplica Sua lei de forma justa e imparcial, 
recompensando o justo e punindo o injusto. Deus 
 A JUSTIÇA DE DEUS 
 
189 | P á g i n a 
recompensa homens e anjos que andam em retidão. Esse ato 
de Deus recompensar os obedientes é chamado de “justiça 
remunerativa”. Mas considerando que ninguém, por seus 
próprios méritos, é capaz de ser absolutamente justo diante 
do padrão moral de Deus, a justiça remunerativa é também 
uma expressão do amor divino (Lc 17:10; 1 Co 4:7). Como ex-
plica “Louis Berkhof”, as recompensas que Deus concede às 
Suas criaturas são frutos da Sua graça e resultam de uma re-
lação pactual estabelecida por Ele. Por um lado, intrinseca-
mente o homem não merece a recompensa que recebe de 
Deus, mas por outro ele é sempre merecedor do castigo que 
recebe. Então se a justiça remunerativa trata das recompen-
sas para os justos, a justiça retributiva trata da punição aos 
injustos. Por ser justo, Deus castiga àqueles que andam na 
transgressão da Sua lei (Rm 1:32; 12:19; 2 Ts 1). A justiça di-
vina exige que o pecado seja punido, pois se não fosse assim, 
então não haveria justiça. Se a justiça remunerativa expressa 
o amor divino, a justiça retributiva expressa a ira divina. 
 
A Justiça De Deus Na Bíblia 
 
Logo no primeiro livro bíblico vemos a manifestação da 
justiça de Deus em alguns eventos emblemáticos como na 
maldição após a queda (Gn 3); no dilúvio (Gn 6-9); e na des-
truição das cidades de Sodoma e Gomorra (Gn 18). Ainda no 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
190 | P á g i n a 
livro de Gênesis encontramos a enfática declaração de 
Abraão sobre a justiça de Deus. No contexto do derrama-
mento do juízo de Deus sobre Sodoma, Abraão argumenta 
que jamais Deus trataria de igual forma o justo e o ímpio, pois 
isso resultaria numa injustiça. Então na sequência ele diz: 
“Não faria justiça o Juiz de toda a terra?” (Gn 18:25). Tam-
bém no Pentateuco Deus é chamado de justo repetidas vezes, 
enfatizando o fato de que Ele é fiel, reto e não comete erros 
(Êx 9:27; Dt 32:4). Essa verdade se estende pelos livros his-
tóricos, poéticos e proféticos do Antigo Testamento. Inclu-
sive, no livro de Salmos o ensino bíblico explica que a justiça 
de Deus é manifestada em toda parte e também é a causa da 
preservação dos homens e dos animais (Sl 36:6). Através do 
profeta Isaías, o próprio Deus fala sobre Sua justiça: “[…] Eu 
sou o Senhor, que falo a justiça e anuncio coisas retas” (Is 
45:19). Perfeito em Sua retidão, Deus não precisa dar qual-
quer satisfação ao homem sobre Sua justiça, e todo questio-
namento do homem nesse sentido é uma tentativa louca de 
colocar em dúvida a justiça de Deus (Jó 40:8). No Novo Tes-
tamento esse mesmo princípio é mantido, onde fica claro que 
Deus é o Criador e o homem é a criatura que não tem o direito 
de questionar os padrões divinos (Rm 9:14-22). Mas sem dú-
vida a maior conexão acerca da justiça de Deus no Antigo e 
no Novo Testamento encontra-se na pessoa de Cristo. No 
 A JUSTIÇA DE DEUS 
 
191 | P á g i n a 
Antigo Testamento Cristo é o Renovo Justo prometido por 
Deus (Jr 23; Zc 9:9); Ele é o Juiz anunciado que haveria de 
julgar não pelo que os olhos veem, mas pela reta justiça (Is 
11:3-5). 
 
O Amor e a Justiça De Deus 
 
Algumas pessoas pensam que há uma tensão entre o amor 
e a justiça de Deus. Elas dizem que o atributo da justiça revela 
um Deus severo e irado, que não combina com o atributo do 
amor que revela um Deus misericordioso e longânimo. Inclu-
sive, muitas dessas pessoas acabam criando para si a imagem 
de um deus cuja justiça é negligenciada em favor do amor. 
Mas definitivamente esse não é o Deus da Bíblia. Obviamente 
não há qualquer incompatibilidade entre a justiça e o amor 
de Deus. Em primeiro lugar, o castigo divino pelo pecado não 
é uma arbitrariedade por parte de Deus, mas é uma preser-
vação de Sua justiça. Se Deus deixasse o pecado impune Ele 
não seria justo, e se Ele não fosse justo Ele também não seria 
verdadeiramente amoroso, pois que garantia haveria no 
amor de um ser injusto? Em segundo lugar, Deus não é uma 
soma de atributos, como se fosse metade justiça e metade 
amor. Deus é um ser uno; Ele é totalmente amor e totalmente 
justiça, e seus atributos definem uns aos outros. Dessa forma, 
Deus é amorosamente justo e justamente amoroso. Então a 
LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO 
Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 
 
 
192 | P á g i n a 
justiça de Deus é expressa em Seu amor, bem como o amor 
de Deus é expresso em Sua justiça. Isso fica claro quando 
olhamos para Cristo. O apóstolo Paulo explica que Deus en-
viou a Cristo “como sacrifício para a propiciação mediante 
a fé, pelo seu sangue, demonstrando a sua justiça” (Rm 
3:25). 
 
Cristo e a Justiça Divina 
 
As pessoas frequentemente olham para Cristo e enxergamapenas o amor de Deus, quando também deveriam enxergar 
a Sua justiça. Em Cristo vemos que Deus é tão amoroso a 
ponto de entregar seu próprio Filho para morrer por pecado-
res, ao mesmo tempo em que vemos que Ele é tão justo a 
ponto de não poupar nem mesmo o seu próprio Filho, que 
assumiu o lugar dos pecadores, pois para que o pecado fosse 
pago, alguém sem pecado deveria morrer para satisfazer a 
justiça de Deus (Hb 10:4-7). Portanto, como diz “H. Bavink” 
em sua Dogmática Reformada, a manifestação da justiça de 
Deus é simultaneamente a manifestação de Sua graça (Sl 
116:5). Então até mesmo o perdão de pecados é devido à jus-
tiça divina (1 Jo 1:9). Além do mais, pelos méritos de Cristo 
os redimidos são justificados pela justiça de Deus e colocados 
numa posição de honra e bem-aventurança na família celes-
tial. 
 A JUSTIÇA DE DEUS 
 
193 | P á g i n a 
Por tudo isso a justiça de Deus jamais deve ser um motivo 
de descontentamento para os crentes, mas um motivo de 
conforto e gratidão. Se Deus não fosse justo, não teríamos 
qualquer base para confiar nEle, e não haveria qualquer es-
perança de que o bem triunfará por toda a eternidade. Mas a 
boa notícia é que Deus é perfeitamente reto, e todos os seus 
caminhos são justos (Dt 32:4). Então louvemos ao Senhor to-
dos os dias por Sua justiça perfeita; e que jamais esqueçamos 
que a vontade de Deus para nós é que também sejamos justos 
(Mq 6:8). 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Ao dizer que nós temos uma parcela de participação em 
alguns aspectos do nosso futuro, não estamos dizendo que a 
salvação tem participação do ser humano pois é inteiramente 
obra de Deus, a nossa participação é somente em escolher e 
aceitar ser justificado. Não somos justificados por nossas de-
cisões; a justificação é exclusivamente obra de Deus, mas 
para que essa obra seja eficaz em nós, precisamos aceitar ser 
justificados, não significa dizer que participamos da justifi-
cação em si, o fato é que a justificação vem depois de nossa 
escolha, e ela é aparte das escolhas. Pois eu escolhendo ou 
não ela ainda será a justificação, no entanto, será uma justi-
ficação não aplicada a minha pessoa. Quando eu escolho ser 
justificado eu estou me inserindo pela minha própria von-
tade em uma obra que já está pronta, isto é, eu me visto com 
essas vestes, porém não foi eu que fiz essa veste. Essa ideia se 
aplica em cada lição deste livro. A soberania de Deus é a en-
grenagem de tudo, por isso eu não tenho participação em ab-
solutamente em nada, a obra conjunta que falamos aqui é o 
fato de que a nossa escolha faz com que tais coisas como: 
Eleição, Justificação, Regeneração Predestinação...etc. se 
aplique em nossa vida. O nosso estado atual e posteriormente 
o estado final do nosso ser, é o resultado da nossa participa-
ção ao convite para ser salvo, feito por Deus mediante seu 
amor, pela pessoa de Cristo, do Espírito Santo e suas obras. 
 
 
 
 
 
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16; corpo do Texto: Normal, 16. 
Tópico: Itálico; T – 16

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