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F. Tales Massei Miguel L. Albuquerque Janeiro de 2023 A Editora Império Cristão F. Tales Massei Miguel L. Albuquerque Copyright © 2023 Editora Império Cristão Todos os direitos re- servados. Email: editoraimperiocristãoeic@gmail.com Site: http://editoraimperiocristaolivros.blogspot.com Contatos: (11) 91184-5727 – (11) 94202-1709 CNPJ: 49.153.076/0001-46 Todas as interpretações textuais e ideias teológica neste livro é de responsabilidade do autor e não necessariamente refletem o ponto de vista da (EDITORA IMPÉRIO CRISTÃO) Proibida a reprodução por quaisquer meios (mecânicos, eletrônicos, xerográficos, fotográficos, gravação, esto- cagem em banco de dados, etc.), a não ser em citações breves com indicação de fonte. A Editora Império Cristão Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP Brasil) A345l - M394l Massei, Felipe Tales Livre Arbítrio e Predestinação – Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade/ Felipe Tales Massei, Miguel L. Albuquerque. – Jundiaí-SP: Editora Império Cristão, 1ª Edição Janeiro de 2023. 201 p.; Tamanho: 14x21 cm. Bibliografia, pág., 197-199 ISBN: 979-83-736-5385-5 CDU: 23 CDD: 234-9 Índice de catálogo sistemático 1. Bíblia. 2. Predestinação e Livre Arbítrio. 3. Teologia Dogmática. I. Título Diretora Executiva: Jaqueline A. Massei Gerente de Publicação: Jackson S. Fernandes Diagramação: Felipe Tales Massei Revisão: Jamile N. Fernandes Capa: Setor de Designer Impressão: São Paulo Gráfica: Book 2 Todas as referências Bíblicas usadas neste livro são da tradução livre da versão KJA, exceto as que contem indicações da fonte. Dedicatória (F. Tales Massei) Dedico este Livro ao querido irmão em Cristo, meu grande amigo que considero um pai, Pastor Jackson S. Fernandes, um homem piedoso que me ensinou muito sobre a vida cristã, é o servo de Cristo com quem eu tenho prazer de tra- balhar junto tanto no ministério OPCN – (O Poder da Cruz para as Nações) como na Editora Império Cristão. Dedicatória (Miguel L. Albuquerque) Dedico este livro a todos os amantes das Escritura, a todos os expositores Evangelho, mensageiros do Senhor Jesus. Dedico este livro também a minha família e aos meus ami- gos. Sumário INTRODUÇÃO HISTÓRIA ............................................................................................................ 14 Antecedentes ............................................................................................................................... 15 A Influência De João Calvino .............................................................................................. 18 A Diferença Em Relação Ao Luteranismo ..................................................................... 21 A Expansão Calvinista ............................................................................................................ 22 O Sínodo De Dort ...................................................................................................................... 24 A Confissão De Fé De Westminster .................................................................................. 25 DOUTRINA .......................................................................................................... 26 Revelação E As Escrituras ..................................................................................................... 26 Deus ................................................................................................................................................. 28 Criação E Expiação ................................................................................................................... 30 Pecado ............................................................................................................................................ 31 VERTENTES TEOLÓGICAS REFORMADAS ...................................................... 32 O Amiraldismo ........................................................................................................................... 32 O Calvinismo Do Sínodo De Dordt ................................................................................... 33 Aliancismo Calvinista .............................................................................................................. 37 Hipercalvinismo ........................................................................................................................ 38 O Edwardsianismo ................................................................................................................... 39 Barth E O Calvinismo Evangelical .................................................................................... 39 O Novo Calvinismo ................................................................................................................... 40 Interpretação Sociológica ...................................................................................................... 41 ARMINIANISMO ................................................................................................. 42 História .......................................................................................................................................... 45 Contexto Histórico.................................................................................................................... 46 TEOLOGIA ........................................................................................................... 49 Arminianismo Clássico ........................................................................................................... 49 Interpretação Dos Cinco Pontos ........................................................................................ 54 Citações Das Obras De Armínio ......................................................................................... 56 Arminianismo Wesleyano ..................................................................................................... 59 CAPÍTULO I A SOBERANIA DE DEUS OS PLANOS DE DEUS NÃO PODEM SER FRUSTRADOS ................................. 65 COMO FUNCIONA A FÉ NA SOBERANIA DE DEUS ......................................... 72 COMO FUNCIONA A ORAÇÃO NA SOBERANIA DE DEUS .............................. 76 CAPÍTULO II A EXPIAÇÃO LIMITADA A EXPIAÇÃO SÓ TEM EFEITO PARA OS QUE CREEM .................................... 80 A EXPIAÇÃO OFERECIDA É SUFICIENTE PARA O MUNDO TODO ............... 82 A EXPIAÇÃO PODE SER REJEITADA PELOS PECADORES ............................. 84 CAPÍTULO III A LIVRE ESCOLHA O HOMEM TEM DIREITO DE ESCOLHA ......................................................... 90 O RESULTADO DE UMA NATUREZA CAÍDA .................................................... 91 A GRAÇA COMUM ............................................................................................... 92 CAPÍTULO IV INTERVENÇÃO DIVINA DEUS INTERVÉM EM NOSSAS ESCOLHAS? .................................................... 95 A VERDADE SOBRE A INTERVENÇÃO DIVINA ............................................... 96 A COMPATIBILIDADE DA INTERVENÇÃO COM RESPONSABILIDADE HUMANA ............................................................................................................. 98 CAPÍTULO V O CHAMAMENTO GERAL DEUS TEM UM PROPÓSITO QUE É NOS CHAMAR ....................................... 110 DEUS NOS ATRAI A ELE POR MEIO DO SACRIFÍCIO DE CRISTO ................ 111POR MEIO DA PREGAÇÃO ................................................................................ 112 CAPÍTULO VI PROGRESSÃ DA GRAÇA O ALCANCE DA GRAÇA SALVADORA .............................................................. 119 O PROCESSO DE JUSTIFICAÇÃO .................................................................... 122 A Graça É A Fonte Da Justificação ................................................................................. 122 A Obra De Cristo É O Fundamento Da Justificação ............................................... 124 A Fé É O Meio Da Justificação .......................................................................................... 127 O PROCESSO DE REGENERAÇÃO ................................................................... 129 A Necessidade Da Regeneração ........................................................................................ 132 O PROCESSO DE SANTIFICAÇÃO .................................................................... 133 O Que Significa Santificação Ou Santidade? .............................................................. 134 Os Conceitos Acerca Da Santificação ............................................................................. 135 Quem Opera A Santificação, Deus Ou O Homem? .................................................. 136 O Equilíbrio Na Santificação ............................................................................................. 137 Quem Está Apto À Santificação?...................................................................................... 139 Como Ocorre A Santificação? ............................................................................................ 140 As Características Da Santificação .................................................................................. 142 Através Da Santificação É Possível Deixar De Pecar? ............................................ 143 A Santificação Não É Legalismo Ou Uma Aparente Espiritualidade ............. .144 A Importância Da Santificação ......................................................................................... 146 CAPÍTULO VII TORNANDO-SE PARTE DO CORPO DE CRISTO AGORA SOMOS SERVOS DE DEUS .................................................................. 150 UM ESTÁGIO DE TRANSFORMAÇÃO .............................................................. 151 NOVA CRIATURA .............................................................................................. 153 CAPÍTULO VIII A ELEIÇÃO COMO FUNCIONA A ELEIÇÃO ........................................................................ 159 A ELEIÇÃO É UMA AÇÃO CONJUNTA ............................................................. 163 ELEITOS EM CRISTO ........................................................................................ 163 CRISTO O ELEITO DE DEUS ............................................................................ 164 CAPÍTULO IX A PRESCIÊNCIA DE DEUS A PRESCIÊNCIA NA BÍBLIA ............................................................................. 170 A PRESCIÊNCIA DE DEUS É SUA VISÃO ACERCA DO FUTURO ................... 170 A PRESCIÊNCIA DE DEUS É MAIS DO QUE COGNIÇÃO ................................ 171 CONCLUSÃO SOBRE A PRESCIÊNCIA DE DEUS ........................................... 173 CAPÍTULO X A PREDESTINAÇÃO QUANDO ACONTECE A PREDESTINAÇÃO .................................................... 178 QUEM É PREDESTINADO ................................................................................ 183 CAPÍTULO XI A JUSTIÇA DE DEUS OS ASPECTOS DA JUSTIÇA DE DEUS ............................................................. 188 A JUSTIÇA DE DEUS NA BÍBLIA ...................................................................... 189 O AMOR E A JUSTIÇA DE DEUS ....................................................................... 191 CRISTO E A JUSTIÇA DIVINA .......................................................................... 192 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 195 BIBLIOGRAFIAS .................................................................................................................. 197 Prefacio Este material tem o objetivo de lhe proporcionar a verda- deira compreensão sobre esse assunto. Produzido com muita oração e dedicação da nossa parte para oferecer ao leitor um bom conteúdo doutrinário solidificado nas Escrituras, um li- vro que pretende retirar as limitações que formaram um campo de divergência e abrir os portões para um campo de formação de um pensamento fiel às Escrituras a partir dos ensinamentos da fé reformada, temos neste livro alguma opi- niões a respeito de tudo que aprendemos ao longo do tempo a respeito do assunto, e em uma unificação de ideias a pro- cura de formas para harmoniza-las ambas as doutrina; che- gamos a algumas conclusões aparte do que é tradicional na forma em quem essas doutrinas se encontram e o momento exato desse encontro. Tenha a certeza de que tem em mãos um dos melhores conteúdos já publicado sobre o assunto. 13 | P á g i n a I T INTRODUÇÃO alar sobre predestinação e livre-arbítrio com certeza ainda é um dos assuntos mais polêmicos que exis- tem na atualidade e o desenvolvimento dessas doutrinas bem como sua formação está profundamente fundamentada nas escrituras, ao longo dos séculos os dois extremismos geraram grandes debates e esses debates perduram as nossas gera- ções. O desenvolvimento dessas doutrinas teve início ainda na Igreja Primitiva, e foram organizadas por alguns homens piedosos que foram levantados por Deus para nos esclarecer F LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 14 | P á g i n a o que as escrituras tem a nos ensinar a respeito de determi- nados assuntos que não ficaram tão claros aos leitores, tanto para um leitor iniciante das escrituras ou ainda para quem é mais dedicado aos estudos. Para entendermos esse assunto nós precisaremos analisar a história por trás de todas essas divergências, de como surgiram esses debates e o por que surgiram tantas discussões e ainda até hoje não há da parte de muitos uma posição de equilíbrio, isso se dá pelo simples fato de colocar os pontos que aparentemente se divergem em ordens erradas. Explicaremos, portanto, qual é o momento exato em que ambas as doutrinas se encontram nas escritu- ras, quando termina uma e quando começa a outra, também veremos quando e como elas se expressam ao mesmo tempo. É necessário lembrar que uma doutrina não anula a outra, e para entendermos essa questão e conseguimos achar o ponto de equilíbrio e compatibilidade é necessário abrir mão do conceito de que uma está certa e a outro está errada. O pro- blema maior para entender essas questões sobre responsabi- lidade humana e Soberania Divina está na questão da exis- tência do pecado como entendemos esse fato e até que ponto o pecado atingiu a humanidade se entendemos essas ques- tões provavelmente entenderemos muitas outras. HISTÓRIA INTRODUÇÃO 15 | P á g i n a Há alguns séculos atrás surgiram muitas contradições doutrinárias dentro da Igreja, e essas contradições levaram alguns a escreverem artigos a respeito das doutrinas que es- tavam sendo expostas de maneira errada, consequente- mente, consideradas heresias. Foi aí então que se deu início ao movimento religioso e teológico que trouxe novamente a verdade que estava sendo obscurecida pelo clero papal, que estava colocando a tradição em pé de igualdade em autori- dade das escrituras a partir daí que começa o desenvolvi- mento e esclarecimento de ambas as doutrinas. Antecedentes Ainda que a Reforma Protestante tenha eclodidoapenas no século XVI, as raízes deste movimento começaram a emergir durante a Baixa Idade Média (séculos XI-XV), quando grupos de cristãos passaram a questionar as normas, práticas e doutrinas da Igreja Católica, os quais ficaram co- nhecidos como aqueles que propagavam as “heresias medie- vais”, ou seja, que se colocavam contrários à doutrina católica romana. Dentre eles estavam os valdenses, grupo religioso fundado pelo mercador Pedro Valdo, no século X. Um movi- mento cristão de caráter ascético, os valdenses já defendiam muitos dos pontos que mais tarde seriam importantes para a Reforma, expostos na Profissão de Fé de Valdo, que sobre- vive até hoje. Dentre outras teses teológicas relevantes, os LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 16 | P á g i n a valdenses pregavam: A suficiência da expiação de Cristo; uma negação do Purgatório como uma “invenção do Anti- cristo”; a queda do homem; a negação da transubstanciação; o sacerdócio universal; a estrita aderência à Bíblia, que foi traduzida para a língua da população; a recusa da veneração aos santos; e a pregação da Palavra por leigos. Intensamente perseguidos pelas autoridades católicas, os valdenses busca- ram se juntar à nascente Reforma Protestante, no século XVI, e com as Resoluções de Chanforan em 12 de setembro de 1532, se tornaram formalmente parte da tradição Calvi- nista. O movimento influenciou significativamente o proemi- nente reformador suíço Heinrich Bullinger, e a primeira ver- são protestante da Bíblia em francês, traduzida por Pierre Robert Olivétan com a ajuda de um ainda jovem e recém- convertido ao Protestantismo João Calvino, foi em parte ba- seada na versão valdense do Novo Testamento, e teve auxílio em seu financiamento e publicação das Igrejas valdenses. Desta forma, é razoável supor que houve significativa in- fluência do movimento valdense no Calvinismo. Entretanto, os personagens que teriam maior influência sobre as refor- mas religiosas seriam o reformador inglês John Wycliffe (1320-1384) e o reformador tcheco Jan Hus (1369-1415). Wycliffe foi padre, doutor e professor de teologia em Oxford, sendo um forte crítico do luxo, abusos e excessos de poder da INTRODUÇÃO 17 | P á g i n a Igreja, e colocando-se contra a existência do poder papal e de qualquer forma de institucionalização da Igreja. Defendia que a mesma deveria adotar uma pobreza apostólica e afir- mava que a verdadeira Igreja era composta pela Assembleia dos Eleitos, que não necessitavam de intermediários, pois possuíam um contato direto com Deus através do acesso às Escrituras, tendo também traduzido a Bíblia para o inglês. Condenou a prática das indulgências, a veneração de ima- gens e santos, a confissão auricular e o celibato clerical. Ape- sar de ter recebido o apoio da Corte inglesa, em especial por condenar o envio de dinheiro inglês para Roma, tendo che- gado a ser conselheiro teológico da Coroa, a reação da Igreja Romana às suas ideias foi dura, e no Concílio de Constança (1415), suas obras foram condenadas como heréticas, seus escritos queimados e proibidos de circular, e ele próprio foi condenado à fogueira póstuma, fazendo com que seus ossos fossem exumados e queimados. Contudo, suas ideias se es- palharam por outras regiões da Europa e influenciaram Jan Hus. Também padre e professor da Universidade de Praga, Hus foi um difusor das ideias de Wycliffe, ao defender a ado- ção da pobreza apostólica por parte do clero e o fim das in- dulgências, e também afirmando a Bíblia como a maior au- toridade cristã, e declarando que o Papa que não a seguisse não deveria ser obedecido, visto que Cristo era o verdadeiro chefe da Igreja. Também antecipou algumas teses Calvinistas LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 18 | P á g i n a importantes, tais como a Depravação Total e a Expiação Li- mitada, em alguns trechos da sua obra. Às vezes, o termo Cal- vinista, sem ser seguido de alguma explicação, significa Cal- vinismo do sínodo de Dordt como em oposição a outras po- sições teológicas, principalmente o arminianismo. A Influência De João Calvino João Calvino exerceu uma influência importantíssima no desenvolvimento da doutrina reformada. Para além da sua influência sobre a doutrina da predestinação, pela qual é mais conhecido, ele era um prolífico escritor, produzindo uma ampla obra literária que compõe 59 volumes da coleção conhecida como Corpus Reformatorum, incluindo as famo- sas Institutas da religião Cristã, comentários sobre quase to- dos os livros da Bíblia, sermões, escritos apologéticos, litúr- gicos e catequéticos, panfletos e tratados, além de inúmeras cartas escritas às mais diferentes categorias de pessoas. As Institutas da Religião Cristã, opus magnum (ou grande obra), foram publicadas pela primeira vez em 1536, e atuali- zadas com novas informações e ideias ao longo de 23 anos, sendo a sua última edição publicada em 1559. Em sua pri- meira edição, foi publicada com o propósito de ser uma in- trodução simples (até mesmo rudimentar) ao conhecimento da vida cristã, ou, como dito pelo próprio Calvino: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Calvino https://pt.wikipedia.org/wiki/Predestina%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Institutas_da_Religi%C3%A3o_Crist%C3%A3 INTRODUÇÃO 19 | P á g i n a “Pretendi apenas fornecer algum ensino elementar atra- vés do qual qualquer pessoa que tenha sido tocada por um interesse na religião pudesse ser educada na verdadeira pi- edade. E fui especialmente diligente nessa obra por causa do nosso próprio povo da França. Vi muitos deles com fome e sede de Cristo, mas muito poucos imbuídos com até mesmo um pequeno conhecimento dele. Que é isto que propus, o próprio livro testifica através de sua forma de ensino sim- ples e até mesmo rudimentar”. Esta primeira edição tinha apenas seis capítulos, que tra- tavam dos seguintes temas: 1. A lei: Exposição do Decálogo; 2. A fé: Exposição do Credo dos Apóstolos; 3. A oração: Exposição da Oração Dominical; 4. Os sacramentos; 5. Os cinco falsos sacramentos; 6. A liberdade cristã, o poder eclesiástico e a administra- ção política. Com o tempo, entretanto, a empreitada de Calvino foi ga- nhando contornos mais ambiciosos. Já na segunda edição das Institutas, ele afirmava que: “Minha intenção nesta obra foi preparar e treinar de tal modo na leitura da Palavra Divina os aspirantes à teologia sagrada que eles possam ter fácil acesso à mesma e depois nela prossigam sem tropeçar. Pois penso que abrangi de tal LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 20 | P á g i n a maneira a suma da religião em todas as suas partes, dis- pondo-a em ordem, que todos os que a assimilarem corre- tamente não terão dificuldade em determinar tanto o que devemos buscar de modo especial nas Escrituras quanto para que objetivo devem direcionar tudo o que está contido nas Escrituras”. Ao final, em sua última edição, as Institutas possuíam um volume muito maior que em sua versão original, e abordaram um escopo de assuntos muito mais amplo e complexo. Outra fonte de contribuição de Calvino para o estabelecimento da teologia reformada foi a sua atuação na fundação da Acade- mia de Genebra. Através da sua liderança e com o auxílio de Teodoro de Beza, estabelecido por ele como o primeiro reitor da recém-nascida Universidade, a Academia pôde se tornar um proeminente centro de treinamento para reformadores protestantes, a maioria dos quais eram refugiados franceses, enviando assim missionários e pastores por toda a Europa. Além disso, Calvino buscou exercer um papel conciliador en- tre as diferentes correntes do protestantismo da época, bus- cando conciliar luteranos e zuinglianos no quedizia respeito à sua doutrina sobre a Ceia, e sendo co-autor do Consensus Tigurinos ou Consenso de Zurique, que buscava trazer uni- dade às igrejas protestantes quanto às suas doutrinas sobre os sacramentos. https://pt.wikipedia.org/wiki/Academia_de_Genebra https://pt.wikipedia.org/wiki/Academia_de_Genebra https://pt.wikipedia.org/wiki/Protestantismo INTRODUÇÃO 21 | P á g i n a A Diferença Em Relação Ao Luteranismo O Calvinismo se desenvolveu principalmente a partir da segunda fase da Reforma Protestante, quando as igrejas pro- testantes começaram a se institucionalizar, na sequência da excomunhão de Martinho Lutero da Igreja Católica Romana. Neste sentido, o Calvinismo foi originalmente um movi- mento luterano. O próprio Calvino assinou a versão alterada da Confissão Luterana de Augsburg, a Variata, em 1540. Por outro lado, a influência de Calvino começou a fazer-se sentir na Reforma Suíça, que não foi luterana, tendo seguido a ori- entação conferida por Ulrico Zuínglio, um teólogo da pri- meira geração da Reforma que tinha alguns pontos relevan- tes de divergência com os luteranos, particularmente quanto ao papel dos sacramentos. A doutrina das Igrejas reforma- das, portanto, tomou uma direção independente da de Lu- tero, graças à influência de numerosos escritores e reforma- dores, dentre os quais estavam Ulrico Zuínglio, João Cal- vino, Martin Bucer, William Farel, Heinrich Bullinger, Pie- tro Martire Vermigli, Teodoro de Beza, e John Knox. Calvi- nistas romperam com a Igreja Católica Romana, mas dife- riam de outros reformadores. Em relação aos Luteranos, dis- tinguiam-se na doutrina sobre a presença real de Cristo na Eucaristia, princípio regulador do culto e o uso da lei de Deus para os crentes, entre outras coisas. https://pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_Protestante https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Cat%C3%B3lica https://pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_Su%C3%AD%C3%A7a https://pt.wikipedia.org/wiki/Ulrico_Zu%C3%ADnglio https://pt.wikipedia.org/wiki/Ulrico_Zu%C3%ADnglio https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Cat%C3%B3lica_Romana https://pt.wikipedia.org/wiki/Luteranismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Princ%C3%ADpio_regulador_do_culto LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 22 | P á g i n a A Expansão Calvinista Após a publicação das Institutas, houve um período de in- tenso crescimento do movimento reformado na Europa, cada qual com o seu viés teológico e social distinto. Na Escócia, onde o reformador John Knox liderou um movimento revo- lucionário de cunho religioso, o movimento se desenvolveu em uma direção politicamente muito mais radical do que no Calvinismo original. Knox entrou em conflito com as autori- dades quase imediatamente, embora a Confissão Escocesa seja cuidadosamente contida, em relação à resistência ao po- der, expressa: Portanto, confessamos e declaramos que aque- les que resistem aos poderes supremos, enquanto estiverem agindo em suas próprias esferas, estão resistindo à orde- nança de Deus e não podem ser considerados inocentes. Afir- mamos ainda que, enquanto os príncipes e governantes cum- prirem vigilantemente seu ofício, qualquer pessoa que lhes negue ajuda, conselho ou serviço, o nega a Deus, que por seu lugar-tenente anseia por isso deles. Mesmo assim, a qualifi- cação, enquanto eles estiverem agindo em suas próprias es- feras, representa uma ameaça ao poder; e, em suas entrevis- tas posteriores com a Rainha e em seu debate com Maitland de Lethington, Knox afirmou categoricamente que quando os poderes governantes ultrapassassem suas esferas, o povo ti- nha todo o direito de resistir a eles. No século e meio INTRODUÇÃO 23 | P á g i n a seguinte, a história da Escócia foi dominada pela determina- ção da coroa em dominar a Igreja. As coisas chegaram ao auge com a restauração de 1660, quando Carlos II se arrogou o poder absoluto em todas as questões espirituais e tempo- rais. A luta pela independência espiritual tornou-se então uma luta contra a tirania política; o produto final seria a der- rota do absolutismo e a introdução da monarquia constituci- onal. A base da luta era uma teoria bem desenvolvida da de- sobediência civil, exposta em uma volumosa literatura. En- quanto isso, na Suíça, isolada política e culturalmente após a Reforma de sua proximidade geográfica com a França cató- lica romana e Sabóia, Genebra foi forçada a estabelecer uma rede difusa, mas poderosa, de relações intelectuais e econô- micas com o resto da Europa e com nações no exterior. A Ba- sileia e Genebra tornaram-se, então, além de centros missio- nários, centros de impressão importantes, com uma produ- ção literária igual à de centros históricos como Estrasburgo ou Lyon com a tradição acadêmica suíça geralmente conside- rando a Reforma como o divisor de águas entre a cidade me- dieval e o início da República moderna independente. Na França, a despeito da ampla perseguição aos Huguenotes, em 1555 foram erguidas as primeiras Igrejas Calvinistas, nome- adamente em Paris, Meaux, Angers, Poitiers e Loudun. Nos três anos seguintes surgiram as comunidades de Orleães, Rouen, La Rochelle, Toulouse, Rennes e Lyon. https://pt.wikipedia.org/wiki/Paris https://pt.wikipedia.org/wiki/Loudun https://pt.wikipedia.org/wiki/Rennes LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 24 | P á g i n a O protestantismo francês, a partir de então, experimentou um rápido crescimento. Em 1562, já eram mais de 2.000 Igrejas francesas, com dois milhões de huguenotes. Além desses primeiros locais, o Calvinismo se espalhou pela Ingla- terra, Holanda, Itália, as colônias de língua inglesa da Amé- rica do Norte e por partes da Alemanha e da Europa central. Em muitos destes locais, o Calvinismo tornou-se imediata- mente popular e atraente, para além das fronteiras geográfi- cas e sociais. Na Alemanha, encontrou adeptos entre burgue- ses e príncipes e, na Inglaterra e na Holanda, houve conver- tidos em todos os grupos sociais. No mundo anglo-saxão, as noções Calvinistas encontraram materialização no purita- nismo inglês, cujo éthos provou ser muito influente na Amé- rica do Norte no início do século XVII. No Brasil, os primei- ros registros de evangelização Calvinista começaram já du- rante o período colonial, mas só houve crescimento susten- tado dos membros desta corrente religiosa a partir do século XIX, com o advento da liberdade religiosa. O Sínodo De Dort De 1618 a 1619, ocorreu um sínodo internacional que teve lugar em Dordrecht, na Holanda. Este sínodo, promovido pela Igreja Reformada Holandesa, com o objetivo de regular uma séria controvérsia nas Igrejas Holandesas, gerada pela https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADnodo INTRODUÇÃO 25 | P á g i n a ascensão do Arminianismo, contou com representantes re- formados de alguns estados da Alemanha, Inglaterra, Suíça e Holanda, sem contar com representantes reformados de ou- tras nações alemãs, Hungria e França. Em 1610, os seguido- res de Jacobus Arminius apresentaram aos Estados Gerais uma admoestação remonstrante, em cinco artigos que conti- nham seus pontos de vista teológicos; assim, os Arminianos holandeses também eram chamados de remonstrantes. Em- bora o sínodo originalmente objetivasse trazer acordo sobre a doutrina da predestinação entre todas as Igrejas reforma- das, ele acabou com os remonstrantes sendo expulsos, uma vez que recusaram-se a aceitar as regras que então foram es- tabelecidas. Em resposta à controvérsia teológica, foram pro- duzidos os Cânones de Dort, descrevendo os pontos básicos de uma das vertentes da doutrina reformada. A Confissão de Fé de Westminster A Confissão de Westminster foi produzida pela Assem- bleia de Westminster, convocada pelo Parlamento inglês em 1643, durante a Guerra Civil Inglesa. A Confissão foi conclu- ídaem 1646 e apresentada ao Parlamento, que a aprovou após algumas revisões em junho de 1648. Foi adotada pela Igreja da Escócia em 1647, por vários corpos Presbiterianos americanos e ingleses com algumas modificações e por al- guns Congregacionais e Batistas. https://pt.wikipedia.org/wiki/Assembleia_de_Westminster https://pt.wikipedia.org/wiki/Assembleia_de_Westminster LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 26 | P á g i n a Baseada nos Artigos de Religião Irlandeses (1615), ela também se baseou fortemente na tradição reformada do con- tinental e na herança dos credos da Igreja Cristã primitiva. Um consenso teológico do Calvinismo internacional em sua formulação clássica, consiste em 33 capítulos, e fornece uma visão dos pontos de vista reconhecidos pela ortodoxia refor- mada da época, tais como a autoridade das Escrituras, as doutrinas quanto à Trindade e a Cristo, bem como as visões Calvinistas quanto às alianças de Deus com o homem, os sa- cramentos e o sacerdócio. DOUTRINA O termo doutrina pode ser definido como o conjunto de princípios que servem de base a um sistema, seja ele religi- oso, político, filosófico, militar, pedagógico, entre outros. Revelação E As Escrituras Todos os teólogos reformados plenamente acreditamos que Deus comunica o conhecimento de Si mesmo para as pessoas através da Sua Palavra. As pessoas não são capazes de saber nada sobre Deus, exceto através desta auto-revele- ção. A especulação sobre qualquer coisa que Deus não reve- lou através de sua Palavra não se justifica. Todavia, os Calvi- nistas entendem que Deus é infinito, e as pessoas finitas são INTRODUÇÃO 27 | P á g i n a incapazes de compreender um Ser infinito. Enquanto o co- nhecimento revelado por Deus nunca está incorreto, ele tam- bém nunca é completo. De acordo com a teologia reformada, a auto-revelação de Deus é sempre através de Seu Filho Jesus Cristo, porque Cristo é o único mediador entre Deus e as pes- soas (1 Tm 2:5). A revelação de Deus através de Cristo vem por meio de dois canais básicos. 1. A Criação e Providência, a chamada revelação natural, que é criar e continuar a trabalhar no mundo de Deus. Esta ação de Deus dá a todos o conheci- mento sobre Ele, mas esse conhecimento só é sufici- ente para fazer todos os seres humanos culpados por seus pecados, porque ele não inclui conhecimento do Evangelho. 2. A Redenção, que é o Evangelho da salvação da condenação que é castigo pelo pecado, esta é a reve- lação especial. Na teologia reformada, a Palavra de Deus assume diversas formas. O próprio Jesus Cristo é o Verbo encarnado. As profecias sobre Ele podem ser encontradas no Antigo Testamento e no ministé- rio dos apóstolos que o viram e comunicaram a sua mensagem, também são a Palavra de Deus. Além disso, a pregação dos ministros sobre Deus é a pró- pria Palavra de Deus, porque Deus é considerado fa- lando através deles. Deus fala também através de https://pt.wikipedia.org/wiki/Jesus_Cristo https://pt.wikipedia.org/wiki/Jesus_Cristo https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_cria%C3%A7%C3%A3o_no_G%C3%AAnesis https://pt.wikipedia.org/wiki/Divina_Provid%C3%AAncia LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 28 | P á g i n a escritores humanos na Bíblia, que é composta de tex- tos separados por Deus para a auto-revelação. Teó- logos reformados enfatizam a Bíblia como um meio excepcionalmente importante pelo qual Deus se co- munica com as pessoas. Teólogos reformados afir- mam que a Bíblia é verdadeira, mas as diferenças surgem entre eles sobre o significado e a extensão de sua veracidade. Seguidores da escola de Princeton, tais como a Igreja Presbiteriana do Brasil, Igreja Presbiteriana Nacional no México e Igreja Presbite- riana na América, consideramos que a Bíblia é ver- dadeira e infalível, ou incapaz de erro ou falsidade, em todos os aspectos. Um outro ponto de vista, in- fluenciado pelo ensino de Karl Barth e a Neo-Orto- doxia, é encontrado na Confissão de 1967 da Igreja Presbiteriana (EUA). Aqueles que tomam este ponto de vista acreditam que a Bíblia é a principal fonte de nosso conhecimento de Deus. Neste ponto de vista, Cristo é a revelação de Deus, e as Escrituras testemu- nham desta revelação ao invés de ser a própria reve- lação. Deus https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Presbiteriana_do_Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Presbiteriana_Nacional_no_M%C3%A9xico https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Presbiteriana_Nacional_no_M%C3%A9xico https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Presbiteriana_na_Am%C3%A9rica https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Presbiteriana_na_Am%C3%A9rica https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Presbiteriana_(EUA) https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Presbiteriana_(EUA) INTRODUÇÃO 29 | P á g i n a Para a maior parte da tradição reformada não houve mo- dificação do consenso medieval sobre a doutrina de Deus. O caráter de Deus é descrito usando principalmente três adje- tivos: Eterno, Infinito e Imutável. Teólogos reformados como Shirley Guthrie propuseram que em vez de conceber a Deus em termos de Seus atributos e liberdade para fazer o que qui- ser, a doutrina de Deus deve ser baseada no trabalho de Deus na história e sua liberdade para viver com e capacitar as pes- soas. Tradicionalmente, teólogos reformados também segui- ram a tradição medieval que remonta aos conselhos da Igreja primitiva de Nicéia e Calcedônia na doutrina da Trindade. Deus é um Deus em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. O Filho (Cristo) é detido para ser eternamente gerado pelo Pai e o Espírito Santo procede eternamente do Pai e Filho. No entanto, os teólogos contemporâneos têm sido críticos nos aspectos de pontos de vista ocidentais. Com base na tra- dição cristã oriental, estes teólogos reformados propuseram uma "Trindade Social", na qual as pessoas da Trindade só existem em sua vida juntos como pessoas em relação. Con- fissões reformadas contemporâneas como a Confissão de Barmen e as declarações da Igreja Presbiteriana (EUA) têm evitado a linguagem sobre os atributos de Deus e têm enfati- zado seu trabalho de reconciliação e de capacitação das pes- soas. O Teólogo novo Calvinista Michael Horton, no entanto, argumentou que o trinitarianismo social é insustentável https://pt.wikipedia.org/wiki/Confiss%C3%A3o_de_Barmen https://pt.wikipedia.org/wiki/Confiss%C3%A3o_de_Barmen https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Presbiteriana_(EUA) https://pt.wikipedia.org/wiki/Novo_calvinismo LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 30 | P á g i n a porque abandona a unidade essencial de Deus em favor de uma comunidade de seres separados em comunidade. Criação e Expiação Teólogos reformados afirmam a crença cristã histórica de que Cristo é eternamente uma pessoa com uma natureza di- vina e uma natureza humana. Reformadores cristãos especi- almente enfatizam que Cristo verdadeiramente se tornou hu- mano para que as pessoas pudessem ser salvas. A natureza humana de Cristo tem sido um ponto de discórdia entre a cristologia Reformada e Luterana. De acordo com a crença de que os seres humanos finitos não podem compreender a Divindade infinita, teólogos reformados asseguram que o corpo humano de Cristo não pode estar em vários locais ao mesmo tempo. Porque os luteranos creem que Cristo é corpo presente na Eucaristia, eles sustentam que Cristo é corpo presente em muitos locais simultaneamente. Para os cristãos reformados, tal crença nega que Cristo realmente se tornou humano. João Calvino e muitos teólogos reformados que o seguiram descrevem a obra da redenção de Cristo, em termos de três ofícios: Profeta, Sacerdote e Rei. Cristo é dito ser um profeta que ensina a doutrina perfeita, sacerdote que inter- cede ao Pai emfavor dos crentes e se ofereceu como sacrifício pelo pecado, e um rei que governa a Igreja e luta pelos INTRODUÇÃO 31 | P á g i n a crentes. O ofício tríplice vincula a obra de Cristo com a obra de Deus no antigo Israel. Acreditam que a morte e ressurreição de Jesus torna pos- sível para os crentes alcançar o perdão dos pecados e recon- ciliação com Deus por meio da expiação. Reformados Calvi- nistas subscrevem-se a diversas posições sobre a expiação. Uma posição surgida com Calvino é chamada Expiação Substitutiva, o que explica a morte de Cristo como um paga- mento de sacrifício pelo pecado. Acredita-se que Cristo mor- reu no lugar do crente, que é considerado justo como resul- tado desse pagamento sacrificial. Pecado Na teologia cristã, as pessoas são criadas boas e à imagem de Deus, mas nos tornamos corrompidos pelo pecado, o que faz com que sejamos imperfeitos e excessivamente propensos à desobedecer o Criador. Cristãos reformados, seguindo a tradição de Agostinho de Hipona, acreditamos que esta cor- rupção da natureza humana foi causada pelo primeiro pe- cado de Adão e Eva, a doutrina chamada Pecado original. Teólogos reformados enfatizam que este pecado afeta toda a natureza de uma pessoa, incluindo a sua vontade. Sob esta visão o pecado domina as pessoas de forma que são incapazes de evitar o pecado, tem sido chamado de Total Depravity. Em Português, o termo “Depravação Total” pode ser https://pt.wikipedia.org/wiki/Expia%C3%A7%C3%A3o_(vis%C3%A3o_substitucion%C3%A1ria) https://pt.wikipedia.org/wiki/Expia%C3%A7%C3%A3o_(vis%C3%A3o_substitucion%C3%A1ria) https://pt.wikipedia.org/wiki/Agostinho_de_Hipona LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 32 | P á g i n a facilmente mal interpretado para significar que as pessoas estão ausentes de qualquer bondade ou incapazes para fazer qualquer bem. No entanto, pelo ensino Reformado enquanto as pessoas continuam a suportar algo da imagem de Deus, podem fazer coisas que são exteriormente boas, mas suas in- tenções pecaminosas afetam toda a sua natureza e ações pelo que eles não são totalmente agradáveis a Deus. Talvez, em português, fosse melhor usar a expressão “depravação GE- RAL” ao invés de “total”, para entender que toda a natureza foi afetada, que é o que pretende a expressão original. VERTENTES TEOLÓGICAS REFORMADAS O Calvinismo não é um sistema doutrinário uniforme. Não é definido por um conjunto doutrinário distintivo, mas por um anseio de ser uma Igreja sempre em contínua re- forma, algo expresso pelo lema latino “Ecclesia Reformanda semper reformata est”. Dentre as principais vertentes estão as seguintes. O Amiraldismo O Amiraldismo são as correntes reformadas que não fo- ram influenciadas pelas reinterpretações que Teodoro de Beza fez sobre Calvino. Encontrou adeptos entre huguenotes e vários calvinistas moderados de língua inglesa. Parte da INTRODUÇÃO 33 | P á g i n a premissa de que Deus tornou os benefícios da redenção de Cristo disponíveis a todos sem distinção. No entanto, como ninguém acreditaria por si mesmo se Deus não interviesse na primeira pessoa para suscitar a fé, Ele elege aqueles a quem pretende levar à fé em Cristo. O Calvinismo do Sínodo de Dordt A Escolástica Protestante e o Hipercalvinismo reinterpre- tam a teologia reformada com base nos Cânones do Sínodo de Dordt. Lembrados pelo mnemônico, isto é, uma técnica com o objetivo de auxiliar a memória. “TULIP”, diz-se po- pularmente que os cinco pontos resumem os Cânones de Dort; no entanto, não há nenhuma relação histórica entre eles, e alguns estudiosos argumentam que sua linguagem dis- torce o significado dos Cânones, da teologia de Calvino e da teologia da Ortodoxia Calvinista do século XVIII, particular- mente na linguagem sobre a Depravação Total e a Expiação Limitada. Os cinco pontos foram mais recentemente popula- rizados no livreto de 1963, “Os Cinco Pontos do Calvinismo Definidos, Defendidos e Documentados” por David N. Steele e Curtis C. Thomas. As origens dos cinco pontos e do acrô- nimo são incertas. As primeiras menções aos pontos parecem estar delineadas na contra remonstrância de 1611, uma res- posta reformada menos conhecida aos arminianos que ocor- reu antes dos Cânones de Dort. A sigla foi usada por Cleland https://pt.wikipedia.org/wiki/Cinco_pontos_do_calvinismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Cinco_pontos_do_calvinismo https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2nones_de_Dort https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2nones_de_Dort LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 34 | P á g i n a Boyd McAfee já por volta de 1905. Uma das primeiras apari- ções impressas do acrônimo T-U-L-I-P está no livro de Lo- raine Boettner de 1932, “The Reformed Doctrine of Predes- tination”. A sigla foi muito cautelosamente usada por apolo- gistas e teólogos Calvinistas antes do livreto de Steele e Tho- mas. A afirmação central desses pontos é que Deus salva toda pessoa de quem tem misericórdia, e que seus esforços não são frustrados pela injustiça ou incapacidade dos seres hu- manos. 1. A Depravação Total, também chamada de “incapa- cidade total”, afirma que, como consequência da queda do homem, toda pessoa está escravizada pelo pecado. Nos Cânones de Dort, a expressão Depravação Total não aparece, mas há a exposição de uma ideia similar: “Portanto, todos os homens são concebidos no pecado, e ao nascer como filhos da ira, incapazes de qualquer bem são ou salvífico, e inclinados ao mal, mortos em pecados e escravos do pecado; e eles não querem e nem podem voltar a Deus, nem corrigir sua natureza corrompida, e nem melhorá-la por si mesmos, sem a graça do Espírito Santo, que é aquele que regenera”. 2. A Eleição Incondicional, afirma que Deus esco- lheu os seus Eleitos desde a eternidade, não com base INTRODUÇÃO 35 | P á g i n a na virtude, mérito ou fé previstos para essas pessoas; ao contrário, a sua escolha é incondicionalmente fun- damentada somente em sua misericórdia. Deus esco- lheu desde a eternidade estender misericórdia aos que escolheu e reter misericórdia aos não escolhidos. Os es- colhidos recebem a salvação somente por meio de Cristo. Aqueles não escolhidos recebem a ira, que é jus- tificada por seus pecados contra Deus. 3. A Expiação Limitada, também chamada de “re- denção particular” ou “expiação definida”. Apesar de os cânones de Dordt e muitos de seus participantes cre- rem na expiação geral, porém com eficácia limitada, a recepção posterior por uma vertente hipercalvinista afirma que a expiação substitutiva de Jesus foi definida e certa em seu propósito e no que ela realizou. Isso im- plica que apenas os pecados dos eleitos foram expiados pela morte de Jesus. Muitos intérpretes dos cânones de Dort não acreditam, no entanto, que a expiação seja li- mitada em seu valor ou poder, mas sim que a expiação é limitada no sentido de que se destina a alguns e não a todos. Ou, como é exposto nos Cânones de Dort: “Pois este foi o soberano conselho, e a mais graciosa vontade e propósito de Deus Pai, que a eficácia vivificante e sal- vífica da morte mais que preciosa de seu Filho se es- tendesse a todos os Eleitos, para conceder a eles, e https://pt.wikipedia.org/wiki/Expia%C3%A7%C3%A3o_limitada LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 36 | P á g i n a somente a eles, o dom da fé justificadora, e assim, trazê-los infalivelmente à salvação”. 4. A Graça Irresistível, também chamada de “graça eficaz”, afirma que a graça salvadora de Deus é efetiva- mente aplicada àqueles a quem Ele determinou salvar (isto é, os Eleitos) e supera a sua resistência natural em obedecer ao chamado do Evangelho, trazendo-os para a fé salvadora. Isso significa que quando Deustem o propósito soberano de salvar alguém, esse indivíduo certamente será salvo. A doutrina sustenta que esta in- fluência intencional do Espírito Santo de Deus não pode ser resistida, mas que o Espírito Santo, “graciosa- mente faz com que o pecador eleito coopere, creia, ar- rependa-se, e vá livre e espontaneamente a Cristo”. 5. Perseverança dos Santos, também conhecida como “perseverança de Deus com os santos” e “a pre- servação dos crentes”, a palavra “santos” é usada para se referir a todos os que são separados por Deus, e não àqueles que são excepcionalmente santos, canonizados ou no céu, a doutrina afirma que, visto que Deus é so- berano e a sua vontade não pode ser frustrada por hu- manos ou por qualquer outra coisa ou ser, aqueles a quem Deus chamou à comunhão com Ele continuarão na fé até o fim. Aqueles que aparentemente caem ou INTRODUÇÃO 37 | P á g i n a nunca tiveram fé verdadeira para começar (1 Jo 2:19), ou, se eles são salvos, mas não andam no Espírito, eles serão divinamente castigados (Hb 12:5-11) e serão leva- dos ao arrependimento (1 Jo 3:6–9). Alguns dos pontos citados acima estão muito bem coloca- dos e fundamentos nas escrituras, mas ficou algumas lacunas entre a verdades e as supostas exposições dessas verdades, como se tivesse sido ocultado o sentido da mensagem doutri- nária de Deus ao homem, criando assim uma possibilidade de ver como uma controvérsia a luz de outros versículos. Por isso o Calvinismo é tão criticado, mas para aqueles que o aceita esses tornam-se consequentemente radicais naquilo que creem. Aliancismo Calvinista O teólogo reformado holandês Johannes Cocceius, propôs um conceito de pacto ou aliança para descrever a maneira como Deus entra em comunhão com as pessoas na história. O conceito de aliança é tão proeminente na teologia refor- mada que às vezes é chamada de "teologia da aliança". No entanto, teólogos do século XVII desenvolveram um sistema teológico particular chamado "teologia da aliança" ou "teo- logia federal" que muitas igrejas reformadas continuam a afirmar nos dias de hoje. Esse sistema estabelece uma divisão LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 38 | P á g i n a sobre a relação de Deus com as pessoas principalmente em dois pactos: O “pacto das obras"” e o “pacto da graça”. O pacto das obras é feito com Adão e Eva no Jardim do Éden, onde Deus proveria uma vida abençoada no Jardim com a condição de que Adão e Eva obedecessem à lei Divina perfei- tamente, lei que esta, por natureza implantada no homem, mais conhecida como “lei moral”. Como Adão e Eva quebraram o pacto ao comer o fruto proibido, eles ficaram sujeitos à morte, foram banidos do jar- dim e o pecado foi transmitido a toda a humanidade. Teólo- gos federais geralmente inferem que Adão e Eva teriam ga- nho a imortalidade caso tivessem obedecido perfeitamente. O segundo pacto, chamado o pacto da graça, é dito ter sido feito imediatamente após o pecado de Adão e Eva. Nele, Deus graciosamente oferece a salvação da morte sob a condição de fé em Jesus Cristo. Este pacto é administrado em formas di- ferentes em todo o Antigo e Novo Testamentos, mas mantém a substância de ser livre de uma exigência de perfeita obedi- ência. Hipercalvinismo O hipercalvinismo é um ramo fatalista da teologia calvi- nista. Para os hipercalvinistas, a humanidade não tem o de- ver universal de crer em Cristo para a salvação de suas almas, https://pt.wikipedia.org/wiki/Ad%C3%A3o_e_Eva https://pt.wikipedia.org/wiki/Jardim_do_%C3%89den https://pt.wikipedia.org/wiki/Hipercalvinismo INTRODUÇÃO 39 | P á g i n a pois Deus já determinou quem vai ser salvo ou não. O hiper- calvinismo difere do calvinismo tradicional na “suficiência e eficiência” da expiação de Cristo. A predestinação no calvi- nismo tradicional sustenta que somente os eleitos são capa- zes de compreender a expiação de Cristo, mas que a suficiên- cia da expiação se estende a toda a humanidade, enquanto o hipercalvinismo sustenta que a expiação é suficiente apenas para os eleitos. Entre os teólogos hipercalvinistas estão John Gill, Arthur Pink e R.C. Sproul. O Edwardsianismo A teologia da Nova Inglaterra ou “Edwardsianismo” de- signa uma escola de teologia que cresceu por influência do avivalista Jonathan Edwards na época colonial dos Estados Unidos colonial. Nessa vertente, Deus é considerado sob as- pectos mais éticos; por uma nova ênfase na liberdade, habi- lidade e responsabilidade do homem; pela restrição da qua- lidade moral à ação em distinção da natureza; e pela teoria de que o princípio constitutivo da virtude é a benevolência. Considera que o pecado original não é herdado, mas que os descendentes de Adão foram co-participantes da primitiva transgressão. Diferente de boa parte dos outros calvinistas, essa vertente adota a visão governamental de expiação. Barth e o Calvinismo Evangelical https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Gill https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Gill https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Arthur_Pink&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/R.C._Sproul https://pt.wikipedia.org/wiki/Jonathan_Edwards_(te%C3%B3logo) LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 40 | P á g i n a Uma reformulação contemporânea da teologia reforma ocorreu pela teologia dialética do teólogo reformado suíço Karl Barth, Emil Brunner e Thomas F. Torrance. Para Barth, nenhum outro fundamento pode haver além de Jesus Cristo. Desse modo, a compreensão da exatidão e valor das Escrituras só pode emergir adequadamente ao considerar o que significa para elas serem verdadeiras testemunhas da Pa- lavra encarnada, Jesus Cristo. Tudo ao contrário disso seria a idolatria: a deificação do pensamento humano, falsos deu- ses, bloqueando assim a verdadeira voz do Deus vivo. Isso, por sua vez, levaria a teologia a se tornar prisioneira das ide- ologias humanas. A complexidade do pensamento de Barth teve recepção diversa. Sob a designação de teologia neo-or- todoxa é examinado por teólogos de outras tradições, sobre- tudo luteranos e católicos. Entre reformados de tendência evangelical, com base nos Cinco Solas da teologia neo-ortodoxa surgiriam teólogos como Donald G. Bloesch, Alvin Plantinga, Alister McGrath, Kevin Vanhoozer e James A. K. Smith que combinam filoso- fia, ciência e a tradição histórica do cristianismo em questões e métodos teológicos reformados. O Novo Calvinismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Evangelicalismo INTRODUÇÃO 41 | P á g i n a O Novo Calvinismo é uma reinterpretação não denomina- cional das doutrinas aliancistas e hipercalvinistas sob uma ótica cultural dos Estados Unidos da América, surgido nas últimas décadas do século XX e primeiras décadas de século XXI. Interpretação Sociológica Sociólogos como Max Weber e Ernest Gellner analisaram a teoria e as consequências práticas desta doutrina e chega- ram à conclusão de que os resultados são paradoxais. Em parte, explicam o precoce desenvolvimento do capitalismo nos países onde o calvinismo foi popular: “Holanda, Escócia e Estados Unidos”, sobretudo, Para Weber, o calvinista acre- dita que Deus é Soberano em todas as coisas, e, portanto, o homem não tem participação alguma na própria salvação, logo, Deus predestinou os seus escolhidos para a salvação, uma vez que a humanidade após o pecado não teria condi- ções de se voltar ao Criador por estarem mortos em seus pe- cados e delitos. Buscando serem bons cristão, trabalhando muito, seguindo sempre todos os princípios bíblicos, o calvi- nista faz tudo para a glória de Deus. Com essa cosmovisão, por meio do trabalho a sociedade se desenvolveu economica- mente fazendo com que houvesse uma ligação com o capita- lismo. Os holandeses, os escoceses e os americanos ganha- ram,então, a fama de serem sovinas, pouco generosos, https://pt.wikipedia.org/wiki/Novo_Calvinismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_Unidos_da_Am%C3%A9rica https://pt.wikipedia.org/wiki/Max_Weber https://pt.wikipedia.org/wiki/Ernest_Gellner LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 42 | P á g i n a interessados apenas no dinheiro. Estas características são na vida moderna quase um dado adquirido em qualquer cultura, mas nos tempos da Reforma Protestante, o calvinismo terá instituído uma nova e revolucionária forma de relação com a riqueza. Ocorre que o uso dos ideais calvinistas para o ala- vancar da sociedade capitalista é equivocadamente relacio- nado a ideais capitalistas intrínsecos ao calvinismo. Calvino em sua obra afirma que a riqueza não tem razão de ser, se não para ajudar aos que necessitam, e critica a avareza ao di- zer que o fruto do trabalho só é digno se útil ao próximo: “Da mão de Deus tens tu o que possuis. Tu, porém, deve- rias usar de humanidade para com aqueles que padecem necessidades. És rico? Isso não é para teu bel prazer. Deve a caridade faltar por isso? Deve ela diminuir? Não está ela acima de todas as questões do mundo? Não é ela o vínculo da perfeição?”; “Condena o Profeta a estes ladrões e assal- tantes que lhe parecia deterem o poder de oprimir a gente pobre e o pequeno trabalhador, uma vez que eram eles que tinham grande abundância de trigo e grãos;... é o mesmo como se cortassem a garganta dos pobres, quando os fazem assim sofrer fome”. ARMINIANISMO https://pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_Protestante INTRODUÇÃO 43 | P á g i n a O arminianismo é uma escola de pensamento soterioló- gica que refere-se à “doutrina da salvação”, baseada nas ideias do holandês Jacó Armínio (1560-1609) e seus segui- dores históricos, os remonstrantes. A aceitação doutrinária se estende por boa parte do cristianismo desde os primeiros argumentos entre Atanásio e Orígenes, até a defesa de Agos- tinho de Hipona do “pecado original”. O arminianismo ho- landês foi originalmente articulado na Remonstrância (1610), uma declaração teológica assinada por 45 ministros e apresentado ao estado holandês. O Sínodo de Dort (1618–19) foi chamado pelos estados gerais para mudar a Remonstrân- cia. Os cinco pontos da Remonstrância afirmam que: 1. A eleição “e condenação no dia do julgamento” foi condicionada pela fé racional ou não-fé do ho- mem; 2. A expiação, embora qualitativamente suficiente a todos os homens, só é eficaz ao homem de fé; 3. Sem o auxílio do Espírito Santo, nenhuma pessoa é capaz de responder à vontade de Deus; 4. A graça é resistível; e 5. Os crentes são capazes de resistir ao pecado, mas não estão fora da possibilidade de cair da graça. O ponto crucial do arminianismo remonstrante reside na afirmação de que a dignidade humana requer a liberdade LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 44 | P á g i n a perfeita do arbítrio. Desde o século XVI, muitos cristãos in- cluindo os batistas (A History of the Baptists terceira edição por Robert G. Torbet) têm sido influenciados pela visão ar- miniana. Também os metodistas, os congregacionalistas das pri- meiras colônias da Nova Inglaterra nos séculos XVII e XVIII, e os universalistas e unitários nos séculos XVIII e XIX. O termo arminianismo é usado para definir aqueles que afir- mam as crenças originadas por Jacó Armínio, porém o termo também pode ser entendido de forma mais ampla para um agrupamento maior de ideias, incluindo as de Hugo Grotius, John Wesley e outros. Há duas perspectivas principais sobre como o sistema pode ser aplicado corretamente: arminia- nismo clássico, que vê em Armínio o seu representante; e ar- minianismo wesleyano, que vê em John Wesley o seu repre- sentante. O arminianismo wesleyano é por vezes sinônimo de metodismo. Além disso, o arminianismo é muitas vezes mal interpretado por alguns dos seus críticos que o incluem no semipelagianismo ou no pelagianismo, ainda que os defen- sores de ambas as perspectivas principais neguem veemen- temente essas alegações. Dentro do vasto campo da história da teologia cristã, o arminianismo está intimamente relacio- nado com o calvinismo “ou teologia reformada”, sendo que os dois sistemas compartilham a mesma história e muitas https://pt.wikipedia.org/wiki/Batistas https://pt.wikipedia.org/wiki/Metodista https://pt.wikipedia.org/wiki/Congregacionalismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Universalismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Unitarismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_teologia_crist%C3%A3 https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_teologia_crist%C3%A3 INTRODUÇÃO 45 | P á g i n a doutrinas. No entanto, eles são frequentemente vistos como rivais dentro do evangelicalismo por causa de suas divergên- cias sobre os detalhes das doutrina da predestinação e da sal- vação. História Embora tenha sido discípulo do notável calvinista Teo- doro de Beza, Armínio defendeu uma forma evangélica de si- nergismo “crença de que a salvação do homem depende da cooperação entre Deus e o homem”, que é contrário ao mo- nergismo, do qual faz parte o calvinismo “crença de que a sal- vação é inteiramente determinada por Deus, sem nenhuma participação livre do homem”. O sinergismo arminiano di- fere substancialmente de outras formas de sinergismo, tais como o pelagianismo e o semipelagianismo, como se de- monstrará adiante. De modo análogo, também há variações entre as crenças monergistas, tais como o supralapsaria- nismo e o infralapsarianismo. Armínio não foi o primeiro e nem o último sinergista na história da Igreja. Certo é que, há dúvidas quanto ao fato de que ele tenha introduzido algo de novo na teologia cristã. Os próprios arminianos costumavam afirmar que os Padres da Igreja grega dos primeiros séculos da era cristã e muitos dos teólogos católicos medievais eram sinergistas, tais como o re- formador católico Erasmo de Roterdã. Até mesmo Philipp https://pt.wikipedia.org/wiki/Predestina%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Salva%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Salva%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Teodoro_de_Beza https://pt.wikipedia.org/wiki/Teodoro_de_Beza https://pt.wikipedia.org/wiki/Sinergismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Sinergismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Pelagianismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Semipelagianismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Infralapsarianismo LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 46 | P á g i n a Melanchthon (1497-1560), companheiro de Lutero na re- forma alemã, era sinergista, embora o próprio Lutero não fosse. Armínio e seus seguidores divergiram do monergismo cal- vinista por entenderem que as crenças calvinistas na eleição incondicional e especialmente na reprovação incondicional, na expiação limitada e na graça irresistível: • seriam incompatíveis com o caráter de Deus, que é amoroso, compassivo, bom e deseja que todos se salvem. • violariam o caráter pessoal da relação entre Deus e o homem. • levariam à consequência lógica inevitável de que Deus fosse o autor do mal e do pecado. Contexto Histórico Para compreender os motivos que levaram à aguda con- trovérsia entre o calvinismo e o arminianismo, é preciso compreender o contexto histórico e político no qual se inse- riam os Países Baixos à época. De acordo com historiadores, tais como Carl Bangs, autor de “Arminius: A Study in the Dutch Reformation (1985)”, as igrejas reformadas da região eram protestantes, em sentido geral, e não rigidamente cal- vinistas. Embora aceitassem o catecismo de Heidelberg como INTRODUÇÃO 47 | P á g i n a declaração primária de fé, não exigiam que seus ministros ou teólogos aderissem aos princípios calvinistas, que vinhamsendo desenvolvidos em Genebra, por Beza. Havia relativa tolerância entre os protestantes holandeses. De fato, havia tanto calvinistas quanto luteranos. Os seguidores do siner- gismo de Melanchthon conviviam pacificamente com os que professavam o supralapsarianismo de Beza. O próprio Armí- nio, acostumado com tal “unidade na diversidade”, mostrou- se estarrecido, em algumas ocasiões, com as exageradas rea- ções calvinistas ao seu ensino. Essa convivência pacífica co- meçou a ser destruída quando Franciscus Gomarus, colega de Armínio na Universidade de Leiden, passou a defender que os padrões doutrinários das Igrejas e universidades ho- landesas fossem calvinistas. Então, lançou um ataque contra os moderados, incluindo Armínio. De início, a campanha para impor o calvinismo não foi bem sucedida. Tanto a igreja quanto o Estado não considera- vam que a teologia de Armínio fosse heterodoxa. Isso mudou quando a política passou a interferir no processo. Na época, os países baixos, liderados pelo príncipe Maurício de Nas- sau, calvinista, estavam em guerra contra a dominação da Espanha, a católica. Alguns calvinistas passaram a convencer os governantes dos Países Baixos, e especialmente o príncipe Nassau, de que apenas a sua teologia proveria uma proteção segura contra a influência do catolicismo espanhol. De fato, https://pt.wikipedia.org/wiki/Maur%C3%ADcio,_pr%C3%ADncipe_de_Orange https://pt.wikipedia.org/wiki/Maur%C3%ADcio,_pr%C3%ADncipe_de_Orange LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 48 | P á g i n a caricaturas da época apresentavam Armínio como um jesuíta disfarçado. Nada disso foi jamais comprovado. Depois da morte de Armínio, o governo começou a interferir cada vez mais na controvérsia teológica sobre predestinação. O prín- cipe Nassau destituiu os arminianos dos cargos políticos que ocupavam. Um arminiano foi executado e outros foram pre- sos. O conflito teológico atingiu tamanha proporção que le- vou a Igreja a convocar o Sínodo Nacional da Igreja Refor- mada, em Dort, mais conhecido como o Sínodo de Dort, onde os arminianos, conhecidos como “remonstrantes”, tiveram a oportunidade de defender seus pontos de vista perante as au- toridades, partidárias do calvinismo. As discussões ocorre- ram em 154 reuniões iniciadas em 13 de novembro 1618 e en- cerrada em 9 de maio de 1619, cujo assunto era a predestina- ção incondicional defendida pelo calvinismo e a predestina- ção condicional defendida pelo arminianismo. Os arminia- nos acabaram sendo condenados como hereges, destituídos de seus cargos eclesiásticos e seculares, tiveram suas propri- edades expropriadas e foram exilados. Logo que Maurício de Nassau morreu, os calvinistas perderam o seu poder na re- gião e os arminianos puderam retornar ao país, onde funda- ram Igrejas e um seminário, o qual até hoje existe na Ho- landa (Remonstrants Seminarium). Em síntese, as igrejas protestantes holandesas continham diversidade teológica, à INTRODUÇÃO 49 | P á g i n a época de Armínio. Tanto monergistas quanto sinergistas eram ali representados e conviviam pacificamente. O que le- vou a visão monergista à supremacia foi o poder do Estado, representado pelo príncipe Maurício de Nassau, que perse- guiu os sinergistas. Para Armínio e seus seguidores, sua teo- logia também era compatível com a reforma protestante. Em sua opinião, tanto o calvinismo quanto o arminianismo são duas correntes inseridas na reforma protestante, por serem, ambas, compatíveis com o lema dos reformados: Sola Scrip- tura, Solus Christus, Sola Gratia, Sola Fide, Soli Deo Gloria. TEOLOGIA A teologia arminiana geralmente cai em um dos dois gru- pos: 1. Arminianismo clássico, elaborado a partir do ensino de Jacó Armínio; 2. Arminianismo wesleyano, com base princi- palmente nos ensinos de Wesley. Ambos os grupos se sobrepõem consideravelmente. Arminianismo Clássico O arminianismo clássico, às vezes chamado de “arminia- nismo reformado”, é o sistema teológico que foi apresentado por Jacó Armínio e mantido pelos remonstrantes; sua https://pt.wikipedia.org/wiki/Jac%C3%B3_Arm%C3%ADnio LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 50 | P á g i n a influência serve como base para todos os sistemas arminia- nos. A lista de crenças é dado abaixo: • A depravação é total: Armínio declarou: “Neste estado [caído], o livre-arbítrio do homem para o verdadeiro bem não está apenas ferido, en- fermo, inclinado e enfraquecido; mas ele está tam- bém preso, destruído e perdido. E os seus poderes não só estão debilitados e inúteis a menos que seja assistido pela graça, mas não tem poder algum ex- ceto quando é animado pela graça divina”. • A expiação destina-se a todos: Jesus morreu para todas as pessoas, Jesus atrai todos a si mesmo, e todas as pessoas têm oportunidade de se salvarem pela fé. • A morte de Jesus satisfaz a justiça de Deus: A penalidade pelos pecados dos eleitos é paga in- tegralmente através da obra de Jesus na cruz. As- sim, a expiação de Cristo é destinada a todos, mas requer a fé para ser efetuada. Armínio declarou que: “Justificação, quando usada para o ato de um juiz, também é exclusivamente a imputação da jus- tiça através da misericórdia... ou esse homem é justificado diante de Deus... de acordo com o rigor da justiça sem qualquer perdão”. Stephen Ashby https://pt.wikipedia.org/wiki/Deprava%C3%A7%C3%A3o_total https://pt.wikipedia.org/wiki/Expia%C3%A7%C3%A3o_(vis%C3%A3o_de_satisfa%C3%A7%C3%A3o) INTRODUÇÃO 51 | P á g i n a esclarece: “Armínio só considera duas maneiras possíveis em que o pecador pode ser justificado: (1) pela nossa adesão absoluta e perfeita à lei, ou (2) exclusivamente pela divina imputação da jus- tiça de Cristo”. • A graça é resistível: Deus toma a iniciativa no processo de salvação e a sua graça vem a todas as pessoas. Esta graça muitas vezes chamada de “pre- veniente ou pré-graça regeneradora” age em todas as pessoas para convencê-las do Evangelho, chamá-las fortemente à salvação, e capacitar a possibilidade de uma fé sincera. Picirilli declarou que “realmente esta graça está tão próxima da re- generação que ela leva inevitavelmente à regene- ração, a menos que, por fim, seja resistida”. A oferta de salvação por graça não age irresistivel- mente em um simples causa-efeito (i.e num mé- todo determinístico), mas sim de um modo de in- fluência e resposta, que tanto pode ser livremente aceita e livremente negada. • O homem tem livre arbítrio para respon- der ou resistir: O livre-arbítrio é limitado pela soberania de Deus, mas a soberania de Deus per- mite que todos os homens tenham a opção de LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 52 | P á g i n a aceitar o Evangelho de Jesus através da fé, simul- taneamente, permite que todos os homens resis- tam. • A eleição é condicional: Armínio define elei- ção como “o decreto de Deus pelo qual, de Si mesmo, desde a eternidade, decretou justificar em Cristo, os crentes, e aceitá-los para a vida eterna”. Só Deus determina quem será salvo e a sua deter- minação é que todos os que crêem em Jesus atra- vés da fé sejam justificados. Segundo Armínio, “Deus a ninguém preza em Cristo, a menos que se- jam enxertados nele pela fé”. • Deus predestina os eleitos a um futuro glo- rioso: A predestinação não é a predeterminação de quem irá crer, mas sim a predeterminação da herança futura do crente. Os eleitos são, portanto, predestinados à filiação pela adoção, glorificação, e vida eterna. • A justiça de Cristo é imputada ao crente: A justificação é sola fide. Quando os indivíduos se ar- rependem e creem em Cristo “fé salvífica”, eles são regenerados e trazidos a união com Cristo, pela qual a morte e a justiça de Cristosão imputadas a eles, para sua justificação diante de Deus. https://pt.wikipedia.org/wiki/Elei%C3%A7%C3%A3o_condicional INTRODUÇÃO 53 | P á g i n a • A segurança eterna é também condicional: Todos os crentes têm plena certeza da salvação com a condição de que eles permaneçam em Cristo. A salvação é condicional à fé, portanto, a perseverança também é condicional. A apostasia “desvio de Cristo” só é cometida por uma delibe- rada e proposital rejeição de Jesus e renúncia da fé. Os cinco artigos da remonstrância que os seguidores de Armínio formularam em 1610 o estado acima de crenças re- lativas (1) eleição condicional, (2) expiação ilimitada, (3) de- pravação total, (4) e a graça resistível, e (5) possibilidade de apostasia. Note, entretanto, que o artigo quinto não nega completamente a perseverança dos santos, Armínio mesmo, disse: “Nunca me ensinaram que um verdadeiro crente pode cair ... longe da fé ... ainda não vou esconder que há passa- gens da Escritura que parecem-me usar este aspecto, e as respostas a elas que me foi permitido ver, não são como a gentileza de aprovar-se em todos os pontos para o meu en- tendimento”. Além disso, o texto dos artigos da Remons- trância diz que nenhum crente pode ser arrancado da mão de Cristo, e à questão da apostasia, “a perda da salvação” é ne- cessário mais estudos antes que pudesse ser ensinada com plena certeza. As crenças básicas de Jacó Armínio e os https://pt.wikipedia.org/wiki/Preserva%C3%A7%C3%A3o_condicional_dos_santos LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 54 | P á g i n a remonstrances estão resumidos como tal pelo teólogo Stephen Ashby: 1. Antes de ser chamado e capacitado, alguém é in- capaz de crer... somente capaz de resistir. 2. Depois de ter sido chamado e capacitado, mas an- tes da regeneração, alguém é capaz de crer... e também capaz de resistir. 3. Após alguém crer, Deus o regenera, alguém é ca- paz de continuar crendo... também capaz de resis- tir. 4. Após resistir ao ponto de descrer, alguém é inca- paz de acreditar... só capaz de resistir. Interpretação dos Cinco Pontos O terceiro ponto sepulta qualquer pretensão de associar o arminianismo ao pelagianismo ou ao semipelagianismo. De fato, a doutrina de Armínio é perfeitamente compatível com a Depravação Total calvinista. Ou seja, em seu estado origi- nal o homem é herdeiro da natureza pecaminosa de Adão e totalmente incapaz, até mesmo, de desejar se aproximar de Deus. Nenhum homem nasce com o “livre-arbítrio”, ou seja, com a capacidade de não resistir a Deus. O quarto ponto demonstra claramente que é a graça pre- veniente que restaura no homem a sua capacidade de não https://pt.wikipedia.org/wiki/Deprava%C3%A7%C3%A3o_total https://pt.wikipedia.org/wiki/Gra%C3%A7a_preveniente https://pt.wikipedia.org/wiki/Gra%C3%A7a_preveniente INTRODUÇÃO 55 | P á g i n a resistir à Deus. Portanto, para Armínio, a salvação é pela graça somente e por meio da fé somente. Nesse sentido, os arminianos do coração concordam com os calvinistas no sen- tido de que a capacitação, por meio da graça, precede a fé, e que até mesmo a fé salvadora seja um dom de Deus. A dife- rença está na compreensão da operação dessa graça. Para os calvinistas, a graça é concedida apenas aos eleitos, que a ela não podem resistir. Para os arminianos, a expiação por meio de Jesus Cristo é universal e comunica essa graça preveni- ente a todos os homens; mas ela pode ser resistida. Assim como o pecado entrou no mundo pelo primeiro Adão, a graça foi concedida ao mundo por meio de Cristo, último Adão (Rm 5:18; Jo 1:9). Nesse sentido, os arminianos entendem que (2 Tm 4:10) aponta para duas salvações em Cristo: uma univer- sal e uma especial para os que creem. A primeira corresponde à graça preveniente, concedida a todos os homens, que lhes restaura o arbítrio, ou seja, a capacidade de não resistir a Deus. Ela é distribuída a todos os homens porque Deus é amor (1 Jo 4:8, Jo 3:16) e deseja que todos os homens se sal- vem (1 Tm 2:4; 2 Pedro 3:9), conforme defendido no segundo ponto do arminianismo. A segunda é alcançada apenas pelos que não resistem à graça salvadora e creem em Cristo. Estes são os predestinados, segundo a visão arminiana de predes- tinação. Portanto, embora a expressão “livre-arbítrio” seja comumente associada ao arminianismo, ela deve ser https://pt.wikipedia.org/wiki/Calvinistas https://pt.wikipedia.org/wiki/Expia%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Primeiro_Ad%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Salva%C3%A7%C3%A3o_universal&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Salva%C3%A7%C3%A3o_universal&action=edit&redlink=1 https://pt.wikisource.org/wiki/Tradu%C3%A7%C3%A3o_Brasileira_da_B%C3%ADblia/I_Jo%C3%A3o/IV#4:8 https://pt.wikipedia.org/wiki/Predestina%C3%A7%C3%A3o LIVRE ARBÍTRIO & PREDESTINAÇÃO Um Tratado Teológico de Equilíbrio e Compatibilidade 56 | P á g i n a entendida como “arbítrio liberto”, “livre agência” ou “von- tade liberta” pela graça preveniente, convencedora, ilumina- dora e capacitante que torna possíveis o arrependimento e a fé. Sem a atuação da graça, nenhum homem teria livre-arbí- trio. Ao contrário dos calvinistas, os arminianos creem que essa graça preveniente, concedida a todos os homens, não é uma força irresistível, que leva o homem necessariamente à salvação. Para Armínio, tal graça irresistível violaria o caráter pessoal da relação entre Deus e o homem. Assim, todos os homens continuam a ter a capacidade de resistir à Deus, que já possuíam antes da operação da graça (At 7:51; Lc 7:30; Mt 23:37). Portanto, a responsabilidade do homem em sua sal- vação consiste em não resistir ao Espírito Santo. Este é o co- ração do sinergismo arminiano, o qual difere radicalmente dos sinergismos, pelagiano e semipelagiano. No que tange à perseverança dos santos, os remonstrantes não se posiciona- ram, já que deixaram a questão em aberto. Citações Das Obras De Armínio Os textos a seguir transcritos, escritos pelo próprio Armí- nio, são úteis para demonstrar algumas de suas ideias. […] Mas em seu estado caído e pecaminoso, o homem não é capaz, de por si mesmo, pensar, desejar, ou fazer aquilo que é realmente bom; mas é necessário que ele seja regenerado https://pt.wikipedia.org/wiki/Gra%C3%A7a_irresist%C3%ADvel https://pt.wikipedia.org/wiki/Esp%C3%ADrito_Santo https://pt.wikipedia.org/wiki/Sinergismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Semipelagianismo INTRODUÇÃO 57 | P á g i n a e renovado em seu intelecto, afeições ou vontade, e em todos os seus poderes, por Deus em Cristo através do Espírito Santo, para que ele possa ser capacitado corretamente a en- tender, avaliar, considerar, desejar, e executar o que quer que seja verdadeiramente bom. Quando ele é feito partici- pante desta regeneração ou renovação, eu considero que, visto que ele está liberto do pecado, ele é capaz de pensar, desejar e fazer aquilo que é bom, todavia não sem a ajuda contínua da Graça Divina. Com referência à Graça Divina, creio, (1.) É uma afeição imerecida pela qual Deus é ama- velmente afetado em direção a um pecador miserável, e de acordo com a qual ele, em primeiro lugar, doa seu Filho, “para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna”, e, depois, ele o justifica em Cristo Jesus e por sua causa, e o admite no direito de filhos, para salvação. (2.) É uma infu- são (tanto no entendimento humano quanto na vontade e afeições), de todos aqueles dons do Espírito Santo que per- tencem à regeneração e renovação do homem, tais como a fé, a esperança, a caridade, etc.; pois, sem estes dons graci- osos, o homem não é capaz de pensar, desejar, ou fazer qual- quer coisa que seja boa. (3.) É aquela perpétua assistência e contínua ajuda do Espí- rito Santo, de acordo com a qual Ele age sobre
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