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Delirium Declínio agudo (início repentino de horas ou dias) do nível de consciência associado á perda das funções cognitivas, além de comprometimento da atenção, atividade psicomotora anormal e prejuízo no ciclo de sono-vigília. Apresenta flutuação dos sintomas, curso breve e geralmente é um quadro reversível quando há tratamento rápido da causa do delirium. Indicam um prognóstico desfavorável · Costuma ser mais comum em idosos (redução da atividade colinérgica, dos sentidos e das múltiplas comorbidades) e crianças, indicando o papel da maturação do SNC na instalação da doença · A fisiopatologia não é bem conhecida, mas está relacionada a redução da produção da acetilcolina devido a queda do metabolismo oxidativo, que afetam principalmente a formação reticular no tronco encefálico (trato tegmental dorsal – do mesencéfalo ao tálamo) As causas envolvem doenças que afetam no SNC, doenças sistêmicas, uso ou abstinência de substâncias farmacológicas ou tóxicas e causas metabólicas. A avaliação das drogas e fármacos utilizadas pelo paciente torna-se importante para determinar uma possível etiologia Para o diagnóstico de delirium: · Perturbação na atenção (incapacidade de manter o foco ou mudar a atenção para algo) e do nível de consciência · Surgem em um breve espaço de tempo (horas a dias) e dura também de forma breve (dias a semanas), com sintomas flutuantes ao longo do dia · Outras perturbações na cognição (memoria, linguagem, percepção – ilusões, alucinações -, desorientação) · Os sintomas não são explicados por nenhum outro transtorno cognitivo ou não estão num contexto de alta gravidade de alteração do nível de consciência · A história e o exame físico indicam uma consequência fisiológica direta para o quadro clínica, sendo uma condição clínica, intoxicação ou abstinência · Subtipos: por abstinência, por intoxicação, induzido por medicamento, por outra condição médica ou por múltiplas etiologias · Deve ser especificado se é agudo ou persistente, além de se o paciente está hiperativo (agitação, estado mais alerta, labilidade emocional – delirium tremens), hipoativo (apatia, lentificação de fala e pensamento, letargia e sonolência) ou com nível misto de atividade. · Outros sintomas são: · Perturbação do ciclo de sono-vigília (sono entrecortado em pequenos períodos, com ou sem sonolência diurna) · Memoria anterógrada (esquecimento de fatos recentes) · Desorientação em tempo e espaço (esquecimento de datas e confusão quanto ao lugar onde o paciente está) · Alteração na organização do pensamento (falas incoerentes, desorganizadas e lentificadas – falas vazias, frases cortadas ao meio) · Delírios persecutórios (pouco estruturados e flutuantes) · Alucinações visuais (vividas e ricas em detalhes), com a convicção de que elas reais · Humor: varia quanto a ansiedade, depressão, apatia, irritabilidade, euforia... Prognóstico: dependem da condição geral do paciente, da causa base e da intervenção terapêutica; os sintomas permanecem enquanto a causa do delirium estiver ativa. Em geral, o transtorno se dissipa em 3 a 7 dias após o tratamento da causa, mas varia de acordo com a idade e o tempo de duração dos sintomas. Epidemiologicamente, há um índice alto de mortalidade para paciente que apresentaram delirium dentro de um ano Tratamento: o foco primario esta em eliminar a causa subjacente do delirium. Apos isso, deve se fornecer apoio fisico, sensorial e ambiental, como evitar privação sensorial e estiímulo exagerado, manter um acompanhante com o paciente, ou outros estimulos leves que deixem o paciente confortável (como um relógio e um calendário). O tratamento farmacoterápico esta baseado no uso de antipsicóticos como: · Haloperidol: age como antagonista dos receptores D2 dopaminérgicos na via mesolímbica, foco dos sintomas positvos de psicose --- 0,5-1 mg via oral 2 vezes ao dia (também pode ser ministrado a cada 4-6 horas conforme necessário). Os sintomas extrapiramidais com sinais hipercinéticos podem ocorrer por interferir na via nigroestriatal (parkinsonismos induzidos por fármaco) · Risperidona: age como antagonista das receptores de dopamina (D2) e serotonina (5HT2A), essa função dupla faz com que os sintomas colaterais extrapiramidais sejam amenizados devido ao antagonismo dos receptores 5HT2A nos neurônios piramidais corticais glutamatérgicos --- 0,5-1g uma vez ao dia Meningite É um processo infeccioso das meninges e do espaço delimitado por essas membranas, que acomete também o liquor, contido no espaço subaracnóideo Meningites bacterianas agudas · Adquiridas na comunidade: prevalencia de meningococcos (37% de 2007-2021) e pneumococcos (16%); hemofilos-b em queda após vacina para essa bactéria (Vacina Haemophilus influenzae tipo b – Hib). Por Listeria prevalece me pacientes imunossuprimidos · Hospitalares: geralmente bactérias com alta resistência ao tratamento. Mais comum em pacientes em UTI, com internação de alto período, imunossuprimidos (corticoterapia, AIDS, HIV, neoplasia, alcoolismo) e com neurocirurgia recente · Em home-care: pacientes idosos geralmente, com curso de evolução mais prolongado, relacionado a pacientes neurocirúrgicos, fistulas liquóricas, procedimentos invasivos, fraturas de base do crânio, infecções a distância. São por gram-negativos, pneumococos e estafilococos Aspectos etiopatogênicos: · Quadro inflamatório com migração de neutrófilos e quebra da barreira hematoencefálica, com passagem de agua, eletrólitos, albumina (proteínas), complemento e anticorpos – há exsudato fibroso para as meninges da convexidade e seroso para a base do crânio. Pode haver hipertensão craniana e edema cerebral · Lesão cerebral por bactérias, infartos cerebrais por trombose e redução da perfusão (isquemia) por desidratação e por aumento da PI Quadro clínico: é dividido em 3 síndromes principais · Síndrome de hipertensão intracraniana: cefaleia intensa, vômitos em jato precedidos de náuseas e confusão mental. · Síndrome toxêmica: febre alta, delirium e mal-estar · Síndrome de irritação meníngea: 1. rigidez de nuca (resistência a flexão do pescoço devido a espasticidade reflexa) 2. Sinal de Brudzinski (leve flexão do joelhos ao realizar pesquisa da rigidez de nuca) 3. Sinal do desconforto lombar (flexão da coxa em decúbito dorsal – positivo quando o paciente sente dor na lombar) 4. Sinal de Kernig (paciente em decúbito dorsal com flexão da coxa em 90 graus, faz-se a extensão da perna – positivo quando o paciente oferece resistência e relata dor) O aparecimento de duas síndromes sugere um forte diagnostico para meningite bacteriana aguda. Deve-se também estar atento para: otites, sinusites pneumonias para pneumocócicas; rash cutâneo para meningocócicas; e sintomas gastrointestinais para Listeria Em crianças, a febre, irritabilidade, prostração, vômitos, convulsões e abaulamento de fontanela. já em idosos, os sintomas mais comuns envolvem a confusão mental, que é menos em adultos; nestes, cefaleia e sinais de irritação meníngea são mais comuns. Ainda no caso de idosos, a rigidez de nuca deve ser testada tanto em sentido anteroposterior quanto na rotação lateral, pois devido a idade, a rigidez pode ser mais comum Diagnóstico é feito principalmente pelo exame de liquor. Na punção, devem ser analisados (de acordo com o caso): · Contagem de células – normal abaixo de 5 · Dosagem de proteínas · Glicose – sempre comparar com a glicemia · Contagem de polimorfonucleares (neutrófilo) e linfomononucleares (linfócitos e monócitos)] · ADA – pesquisa de encefalite · Exame de cultura · Exames de triagem – para sífilis e cisticercose · Prova do látex – para pneumococos, meningococos, Hemophilus-b e Streptococcus-b ·
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