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Página 16 de 57 conversas por skype, voip, etc. Não se aumentou a possibilidade, apenas mudou o conceito de conversa telefônica no direito. A tecnologia que a transformou. Isto também seria uma interpretação progressiva do próprio conceito de conversa telefônica. 21.05.13 Ação Penal Privada (cont.) PRINCÍPIOS São quase que o oposto dos que vimos na ação penal pública. Ao contrário, portanto da ação penal pública, a privada é regida pelo princípio da oportunidade. Princípio da Oportunidade Na ação penal pública o que rege é o princípio da obrigatoriedade, da indisponibilidade, enfim. Aqui nós teremos exatamente o contrário. Por se tratar de um crime que atinge bens jurídicos disponíveis, o Estado reservou a iniciativa à vítima ou seu representante legal. Portanto, é quase uma questão de política criminal que faz com que a vítima ou seu representante legal é que tenham que dar início a esse procedimento. Daí, a vítima vai esperar e decidir por conveniência e oportunidade se toma ou não as medidas necessárias a percepção criminal. E mesmo depois de proposta a ação penal privada, o titular (vítima ou seu representante legal) poderá dela dispor. Através ou do perdão ou pela omissão, ou seja, deixando de tomar alguma providencia que seria necessária para a continuidade da percepção criminal. Isso vai gerar conseqüências no processo penal principalmente através da perempção. Veremos oportunamente estes dois institutos. Sendo que tanto o perdão quanto a perempção geram a extinção da punibilidade. Princípio da Indivisibilidade Na ação penal pública, há o princípio da Divisibilidade, o MP pode em tese dividir / cindir a ação propondo apenas contra aqueles que já existam indícios de autoria. Podendo depois incluir na ação quaisquer outros contra os quais surjam porventura esses indícios. Aqui na ação privada já é diferente. O que rege aqui é o princípio da Indivisibilidade. Significa que ou a ação privada é proposta contra todos ou contra nenhum. Se a vítima resolver propor a ação penal só contra um ou alguns, deixando outro ou outros de fora, isso vai significar renúncia ao direito de queixa em relação a todos. Agora há também semelhança com a ação pública. Princípio da Intranscendência Este princípio se aplica naquela da mesma forma que se aplica aqui na ação penal privada. Não é possível a propositura de uma ação penal privada, assim como não é possível da pública, contra quem não existam indícios de que seja o autor daquele fato. Prazo. Seis meses para o exercício do direito de queixa. Igualmente contados do dia que o titular toma conhecimento da autoria. Agora cuidado estes seis meses são a regra. Vamos às exceções. A lei pode prever casos em que esse prazo seja diferenciado. Ou o prazo ou a referência para o início de sua contagem. Pode mudar tanto o prazo quanto o parâmetro. Ação Penal Privada # Personalíssima Somente o ofendido pode propor.. NAo eh possivel cadi, procurador, etc. Hoje so eh possivel no caso do 236. No caso do crime de erro essencial, art. 236, CP. induzimento a erro essencial ou ocultação de impedimento. Página 17 de 57 CP Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. Conhecimento prévio de impedimento. Esse prazo embora também de seis meses, o parâmetro para o início da contagem não é o dia do conhecimento da autoria. Mas sim inicia-se a contagem deste prazo a partir do trânsito em julgado da sentença anulatória do casamento. Que é exatamente uma condição específica de procedibilidade que nós já vimos. Além de exceção ao prazo geral de seis meses, este caso do crime de erro essencial é a chamada ação penal privada personalíssima. Que é o único caso existente desse tipo de ação. E nos mais a única diferença da exclusiva é quanto a titularidade, no mais aplicam os mesmo requisitos já vistos, prazo e etc. Uma outra exceção ao prazo de seis meses é nos casos de crime contra a propriedade imaterial. CPP Art. 529 - Nos crimes de ação privativa do ofendido, não será admitida queixa com fundamento em apreensão e em perícia, se decorrido o prazo de 30 (trinta) dias, após a homologação do laudo. Aqui nós temos um prazo e um parâmetro pra início da contagem diferenciados. O prazo portanto é de trinta dias para a propositura da ação penal privada e não de seis meses. E o parâmetro não é o conhecimento da autoria, mas sim a homologação do laudo pericial. São, portanto estas duas exceções. *CUIDADO* Este prazo é decadencial, portanto, é um prazo penal e é contado de acordo com as regras do CP, art. 10. CP Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. Por ser prazo decadencial ele não se interrompe nem se suspende. Alem disso, e essa obs. eu fiz de forma superficial quando falei do prazo de seis meses da representação. Lembrem que na representação o prazo de seis meses é exclusivamente para a própria representação, mas que a ação penal mesmo poderia ser proposta fora desse prazo. Aqui na ação penal privada o que deve ser feito dentro desse prazo de seis meses como regra , é a própria ação penal. O que vai gerar um problema. Pq se a vitima tomar conhecimento da autoria ainda na fase de investigação ou mesmo antes disso, e a investigação demorar, enfim, não haverá suspensão nem interrupção desse prazo! Pois é decadencial. Página 18 de 57 O que estou dizendo é que independente das circunstâncias ele terá apenas seis meses para propor a ação penal sob pena da extinção de punibilidade. Então vejam, o prazo aqui não é só para o requerimento para a investigação, enfim, ele é também para a própria propositura da ação penal. Consequências do Princípio da Indivisibilidade *Obrigatoriedade de ajuizamento da ação contra todos os envolvidos, contra todos aqueles cujos indícios de autoria recaiam sobre. Evidente que ele só pode propor ação, segundo o princípio da intranscendência, contra quem existir indícios. E se ele propuser essa ação contra um, e só depois vier a saber que existiam outros autores. Ai então será a hipótese de aditamento da queixa. A discussão que existe na doutrina é saber se o MP pode aditar a queixa-crime. Bem existem três posicionamentos na doutrina e jurisprudência sobre o aditamento da queixa. a. O primeiro deles defende que sim é possível o MP aditar tanto pra incluir fatos / circunstâncias novas, quanto pra incluir autores. b. Um outro posicionamento entende que não é possível de forma nenhuma que o MP adite a queixa. Sob pena de ferir a exclusiva iniciativa da vítima ou de seu representante legal. c. O terceiro , que é o entendimento do STJ, é no sentido de que o MP pode sim aditar. Porem exclusivamente para incluir fatos / circunstâncias que foram conhecidas após a propositura da ação, jamais para a inclusão de co-réus / outros autores. *Outra conseqüência da indivisibilidade, que é muito mais consequência da disponibilidade. Que é a renúncia da ação penal privada. AAAAAAAAAAAAAAAAAAATCHIM :x ⇨ Renúncia CPP Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá. Entende-se por renúncia o ato unilateral por parte do titular da ação penal privada realizado antes da propositura da ação. Então vc renuncia tecnicamente a um direito ainda não exercitado. E desiste dele quando iniciado ou quando exercido a renúncia. Essa renúncia é unilateral como já falei, portanto não depende do aceite, em tese, dos “autores”, ela deverá ser reconhecida como causa extintivada punibilidade independente da concordância dos autores. Ela pode ainda ser expressa ou tácita. CPP Art. 50 - A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais. Parágrafo único - A renúncia do representante legal do menor que houver completado 18 (dezoito) anos não privará este do direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito do primeiro. > (revogado pelo Novo Código Civil) Página 19 de 57 Obviamente o CPP não vai trazer as hipóteses em que pode ocorrer a renúncia tácita, pq se ele trouxesse seria renúncia expressa e deixaria de ser tácita. As hipóteses de renúncia tácita ao direito de queixo são várias. Primeira, quando o ofendido deixar escoar o prazo decadencial sem propor a ação penal, entende-se que houve renúncia. Segunda, quando ele propõe ação penal e se descobre novos fatos ou autores, ele é intimado para aditar a queixa pelo juiz e não faz. Entende-se que houve renúncia tácita em relação a esses que estão de fora e consequentemente extensivo aos demais. Outra hipótese que não é bem uma renúncia tácita. A doutrina coloca como tal, mas eu entendo que não é tácita, pois há previsão legal, que é exatamente o acordo civil feito entre autor e vítima no âmbito do juizado especial criminal. Quando isso acontece a Lei 9.099 prevê de forma expressa que isso acarreta na renúncia do direito de queixa, extinguindo a punibilidade. Portanto seria uma hipótese legal, e não tácita. É expressa, só que não no CPP mas sim na 9.099. Renuncia tacita na acao privada: 1- decurso do prazo; 2: composicao civil de danos; 3: pratica de ato incompativel com o desejo de exercer o direito de queixa Uma outra hipótese que é a mais corriqueira é a prática de condutas por parte do ofendido que são incompatíveis com o direito de queixa. Ex. casar, estar namorando, convidar o autor do crime pra ser padrinho do filho, chamar pra festa de casamento. Enfim, como regra, são atitudes incompatíveis com a vontade de manifestar o desejo pela propositura da ação penal. Ex. a mulher foi casada com o cara, tem dois filhos. Se separaram foram cada um morar na sua casa, mas continuaram namorando. Só que a família dela não gosta dele. Daí se encontravam muito mais na casa dele. E ela o convidou na noite do problema para que ele fosse lá na casa dela, dos familiares. Só que por conta disso ele resolveu sair primeiro sair com os amigos pra beber. Certo é que a mulher ficou injuriada. Ele xaropado batendo na porta às 4h da manhã. O que foi pior, pois todo mundo acordou e foi uma confusão. Certo é que ela chamou a polícia e o cara foi conduzido por invasão de domicílio. Mas ai ficou um clima, e eu pensei tem boi na linha... Resumo da história ela queria apenas que o cara parasse de ir lá pq o pai dela tava mal e odeia ele. No que falei pra ele e pra mãe dele. Resolvemos isso e eu perguntei ainda vão continuar namorando? No que a mulher respondeu que uma coisa não tem nada a ver com a outra. Namorar é namorar... Enfim, essa é uma atitude absolutamente incompatível com a manifestação de vontade de que sejam tomadas providências por conta disso. São esse tipo de atitudes que são incompatíveis com o desejo de que haja persecução criminal. E só o caso concreto pode demonstrar. Pelo menos por parte dela. Se o pai dela que tivesse ido na delegacia, seria outra história. Pq certamente ele não ia querer conversa. E não, o Direito Penal não serve pra fazer com as pessoas “tomem um rumo” na vida. ☺ Ainda assim, os crimes de ação penal privada são como regra crimes de menor ou de médio potencial ofensivo. Não geraria prisão, nem de forma cautelar nem preventiva – uma vez que a maioria não tem pena superior a quatro anos. Nem mesmo depois da condenação, pois haveria substituição de pena; ou ainda haveria suspensão condicional do processo (pq a pena mínima é de até um ano). Foi revogado em 2005 a excludente de punibilidade que era aplicada quando a vítima de estupro casava com o autor do crime. No CPP, pois no CC ainda existe artigo semelhante. O que eu, discordo de ter sido revogado. Concordo muito mais com a disposição civil, pq se existe essa disponibilidade e se era um crime de ação penal privada eu realmente não vejo problema nenhum na vitima que casar com quem praticou crime contra sua dignidade sexual, fazer com que ela renuncie ou perdoe o crime. Que são institutos típicos dos crimes de ação penal privada, o perdão e a renúncia. 22.05.13 ⇨ Perdão Página 20 de 57 Está disciplinado no CPP nos artigos 51 a 59. E também no art. 106 do CP, pois é uma causa extintiva da punibilidade. CPP Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar. Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de perdão poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal, mas o perdão concedido por um, havendo oposição do outro, não produzirá efeito. Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os do querelado, a aceitação do perdão caberá ao curador que o juiz Ihe nomear. Art. 54. Se o querelado for menor de 21 anos, observar-se-á, quanto à aceitação do perdão, o disposto no art. 52. Este dispositivo ta revogado, obviamente o CC o revogou. Se for menor de 21 e maior de 18 isso não tem mais sentido. Isso é só mesmo menor de 18 anos. Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes especiais. Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual expresso o disposto no art. 50. Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de prova. Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará aceitação. Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade. Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo constará de declaração assinada pelo querelado, por seu representante legal ou procurador com poderes especiais. Então vejam, se vcs observarem essas disposições do CPP são relativamente satisfatórias. Dizem basicamente o que é necessário saber. A começar pela natureza jurídica bilateral do perdão. Ao contrário da renúncia, o perdão depende do aceito do querelado, inclusive é uma das últimas disposições. Esse aceite pode ser dado também pelo seu representante legal. Ou no caso de incapacidade por seu curador nomeado pelo juiz. Além disso o querelado será intimado para se manifestar pra dizer se aceita ou não esse perdão no prazo de três dias. E segundo disposição do próprio código o seu silêncio importará em aceite tácito. Então, entender-se-á como aceito o perdão. Depende do aceite, o silencia equivale a este. E mai é bilateral e ninguém é obrigado a aceitar o perdão do outro. Qual o sentido de alguém não aceitar o perdão? Vejam que a conseqüência do perdão é a extinção da punibilidade. Porem é possível que existam efeitos civis. O cidadão pode perdoá-lo no âmbito penal e por ex. querer ressarcimento no âmbito civil. Daí pq existe interesse por parte do querelado de continuar sendo processado para demonstrar a sua inocência. E ai não restariam conseqüências nem no âmbito penal nem no civil.
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