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Página 51 de 57 [Não transeunte = DEIXA vestígio.]☺ Como já expliquei, é possível exame de corpo de delito direto e indireto. Obs.: indício já pressupõe os vestígios. Via de regra o indicio é um fato que é provado e que a partir desse fato, por indução, leva o perito ou delegado ou qq autoridade a chegar a conclusões. Isso via de regra se dá partir de vestígios. Não necessariamente vestígios materiais, existem vestígios lógicos que permitem essa conclusão. O indício seria o conhecimento por parte da polícia desse vestígio. Voltando, não esqueçam o CPP estabeleceu uma ordem sucessiva de provas quando o crime deixa vestígios. É a seguinte. 1. Exame de corpo de delito direto; não sendo possível 2. Exame de corpo de delito indireto; e se ainda este não for possível é que vai ser substituído pelo 3. Depoimento. As regras sobre o procedimento probatório estão previstas nos seguintes artigos do CPP: ❖ Art. 158 a 161 ❖ Art. 167 a 170 ❖ Art. 176 a 184 São as disposições relativas a perícia. Como eu já disse cabe ao delegado ou juiz nomear o perito. Se for uma perícia judicial tanto o juiz quanto as partes poderão apresentar quesitos. Se for feita na fase preliminar o delegado também tem o dever de quesitar. Quesitar = são exatamente as perguntas que os peritos deverão responder. Se as partes apresentarem estes quesitos, também na fase preliminar, deverá o delegado encaminhá-los, se admitidos, aos peritos. Só se admitidos pq na fase preliminar não tem o delegado a obrigação como o é na fase processual, a análise de conveniência é feita pelo delegado. CPP Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da diligência. Esses quesitos, como regra, são facultativos. Não a presença dos quesitos, mas o teor deles. Pq vai depender do crime. excepcionalmente a lei vai estabelecer quesitos legais, ou seja, chamada quesitação mínima necessária. É o ex. do seguinte artigo: CPP Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado. Então essas respostas, essa indicação, já exige a necessidade de quesitos. O meio utilizado, quais vestígios foram utilizados, que altura, se houve rompimento de obstáculo, enfim, estes quesitos são obrigatórios. Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato. Página 52 de 57 O laudo deve ser elaborado por expressa previsão legal (art. 160, parágrafo único), no prazo de 10 dias. Esse prazo pode ser prorrogado em casos excepcionais e de forma justificada. CPP Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados. Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. Da juntada do laudo ao processo - e aqui obviamente, me refiro a perícia judicial – as partes devem ser intimadas. Exatamente para que possam contraditá-los, para que peçam esclarecimento, para eu façam nova quesitação, etc. Até 2008 nós não tínhamos a figura do assistente técnico. Só o que havia era o assistente de acusação. Infelizmente essa previsão legal que houve a partir de 2008, é de que o momento para a nomeação do assistente técnico – que nada mais é que um perito nomeado pela parte pra fazer uma outra perícia ou ainda para quesitar / questionar de forma técnica, aquele laudo - isso nada mais é que exercício da ampla defesa e do contraditório. Mas é interessante uma crítica que Badaró faz quanto ao momento que o CPP estabelece para a nomeação desse assistente de acusação, que é após a confecção do laudo pelo perito oficial. E ele diz isso pq via de regra em diversas perícias a identificação de um problema, com a a participação do assistente técnico, deveria ser desde o início da realização da perícia. Por ex. na fase preliminar que via de regra não se repetem. O assistente já poderia estar presente nesse momento. Contudo ele só poderá ser nomeado nesse momento, depois da realização da perícia, e após a confecção do laudo pelo perito oficial. Mas de qq forma essa é a disposição legal. CPP Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. § 3º Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. § 4º O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. O documento confeccionado pelo assistente técnico é o parecer técnico, bem como o documento confeccionado pelo perito é o laudo pericial. O valor probatório Como qq prova o laudo pericial possui valor probatório relativo. E alem de relativo ele não vincula (ao contrário do que muitos pensam) o juiz. O juiz pode decidir contrário ao que consta no laudo. Obviamente que ele tem que fazer um cotejamento com as demais provas. Essa não vinculatividade está prevista de forma expressa: CPP Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. Página 53 de 57 Essa vinculação ou essa rejeição pode ser, portanto, parcial ou total por parte do juiz.. Interrogatório É colocado pelo CPP como meio de prova. Mas depois de muitas discussões na doutrina atualmente identifica-se natureza mista do interrogatório. Seria mista, pois tanto é meio de defesa como meio de prova. É meio de defesa exatamente pq é a chamada auto defesa, onde no interrogatório ele pode falar (auto defesa ativa) ou pode ficar em silêncio (auto defesa passiva). Características *Personalíssimo. Somente o investigado / réu pode ser interrogado. *Judicialidade. Interrogatório considerado como tal, somente é aquela oitiva realizada pelo juiz. O interrogatório que nós chamamos de interrogatório policial, não é tecnicamente um interrogatório. É uma oitiva da pessoa que está sendo investigada que é feita na mesma forma do interrogatório. Se vcs observarem o dispositivo legal que faz referência a oitiva do investigado, ele vai dizer que ele será ouvido na forma do dispositivos tais (exatamente os referentes a interrogatório). *Oralidade. É feito de forma oral e reduzido a termo. *Possibilidade de realização em qq momento. Embora exista um procedimento previsto de interrogatório, via de regra após a instrução, após a oitiva das testemunhas, independente do momento em que se encontra o processo poderá ser realizado o interrogatório. Inclusive em segundo grau de jurisdição, em grau de recurso. CPP Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processo penal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado. Portanto, em qq momento no curso do processo entende-se que é possível o interrogatório. E ainda o re-interrogatório. É possível interrogar sempre que necessário, sempre que o juiz julgar necessário até o trânsito em julgado da sentença condenatória. *Obrigatoriedade. É obrigatório que o juiz realize o interrogatório do réu. Local Como regra é sala de audiência em juízo. Excepcionalmente pode ser feito no próprio estabelecimento prisional. E em determinadas circunstâncias previstas de forma expressa, pelo CPP, no artigo 185, §º ao §6º, em que pode ser feito por videoconferência como já mencionamos anteriormente.Existem regras especificas quando houver possibilidade de perigo a uma das partes é possível que não seja feito na presença de outras pessoas. Mas sempre na presença do defensor. Segundo o art. 187 o interrogatório é composto de duas partes. Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos. Um que é chamado de interrogatório de qualificação. § 1º Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre a residência, meios de vida ou profissão, oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida pregressa, notadamente se foi preso ou processado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do processo, se houve suspensão condicional ou condenação, qual a pena imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e sociais. Página 54 de 57 Indica quais as perguntas referentes a pessoa do acusado. Que será perguntado sobre residência, meios de vida, profissão, oportunidades sociais que teve, lugar onde exerce sua atividade, vida pregressa, se já foi preso, onde, se houve suspensão condicional do processo, qual foi a pena, enfim, qq outros dados que se julgar importantes sobre a pessoa do acusado. E a outra parte é o interrogatório de mérito, que diz respeito ao fato investigado. § 2º Na segunda parte será perguntado sobre: I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita; II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime, e quais sejam, e se com elas esteve antes da prática da infração ou depois dela; III - onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta; IV - as provas já apuradas; V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que alegar contra elas; VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer objeto que com esta se relacione e tenha sido apreendido; VII - todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos antecedentes e circunstâncias da infração; VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa. Olha só, como o próprio dispositivo, a partir de 2008, faz expressa referência a defesa. Se ele tem mais alguma coisa pra alegar em sua defesa. Então o interrogatório é também de forma expressa, um meio de defesa. Bem, vcs devem lembrar de um princípio que nós trabalhamos que é o nemo tenetur. Lembram também que esse princípio é conseqüência do direito ao silêncio. Pergunto a vcs, o direito ao silencia é aplicado a todo o interrogatório ou somente a uma das partes. De forma mais direta o interrogado pode se omitir ou mentir sobre sua qualificação, sobre os dados referentes a primeira parte do interrogatório? A questão é a seguinte apesar de existir divergência na doutrina, prevalece de forma absoluta sobre ele poder omitir ou silenciar apenas no interrogatório de mérito, ou seja na segunda parte. Na primeira parte, no interrogatório de qualificação, ele não pode fazer isso. não seria aqui bem a falsidade ideológica, na verdade é uma contravenção penal que consiste exatamente em deixar de fornecer ou fornecer elementos falsos sobre seu estado, que entra a qualificação, o seu nome, estado civil, etc. Resumindo, só incide o direito ao silencio na segunda fase do interrogatório (de mérito), o que diz respeito a apuração do fato. Valor probatório É como todos os demais meios de prova. É relativo. Alias é até bastante relativo, é escasso. Pq se ele disser que é inocente não tem valor probatório nenhum. Exatamente pq não está sendo meio de prova, está sendo aqui meio de defesa. Agora se ele não se diz inocente o juiz vai ter que analisar todas as outras provas pra no final avaliar. Confissão Página 55 de 57 É estabelecida pelo CPP como outro meio de prova. Já o Badaró entende que não é um meio de prova, ele entende que a natureza jurídica da confissão é o resultado eventual do interrogatório. Se a pessoa confessar por escrito, por ex. aquele documento entra nos autos como prova documental. E a confissão vai ser resultado daquela prova. O meio de prova vai ser documental. Se ele confessa para uma testemunha, a testemunha vai ser ouvida, a prova será testemunhal. E a confissão vai estar inserida dentro destes meios de prova. Aqui a testemunha vai dizer olha ele confessou o crime pra mim. Se a pessoa confessa no seu próprio interrogatório, igualmente é resultado eventual do interrogatório – pois ele poderia não confessar. Este sim será meio de prova e meio de defesa. Portanto o Badaró não entenda como meio de prova, apesar de estar no CPP como meio de prova. Elementos Essa confissão deve ser formal, expressa, voluntaria – portanto não se admite métodos como a hipnose :x, soros da verdade, a tortura então nem se fala (meio totalmente ilegítimo). Alem disso é um ato personalíssimo, somente a pessoa do investigado / réu pode confessar. Classificação *Quanto ao objeto. o Simples Quando o réu confessa a prática de um só crime. o Complexa Quando ele confessa a prática de mais de um crime. o Qualificada Quando ele apesar de confessar, ele alega algum fato / circunstância que modifica sua situação, que pode vir a beneficiá-lo. Como por ex. a excludente de atipicidade, de antijuricidade , culpabilidade e até mesmo da punibilidade. Ex. olha eu realmente matei mas foi pq ele tava me agredindo e eu só me defendi. *Quanto a natureza. o Judicial Quando produzida em juízo, com contraditório. o Extrajudicial Necessariamente ela deverá ser introduzida no processo através de depoimentos ou de documentos. E o meio de prova ainda será contraditado, que é o documento ou depoimento. Características *Retratabilidade. Isso comumente acontece. O réu pode se retratar e via de regra ele se retrata em juízo, daquilo que confessou a polícia por ex. alega que foi torturado, pressionado ou coisa parecida. *Cindibilidade/ Divisibilidade. Que significa que o juiz pode aceitar no todo ou em parte a confissão. Valor probatório
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