Buscar

Caderno de Resumos

Prévia do material em texto

Coordenadores: 
Arnaldo Rizzardo Filho 
 Christiane Baladão 
Alexandre Torres Petry 
 
Autores: 
Arnaldo Rizzardo Filho 
Christiane Baladão 
Cristiane de Mello Mascarenhas 
Eduarda Jade Stumer Santos 
Eduardo Teixeira Farah 
Eva Motta 
Fátima Cabeleira Almeida Zucchetto 
Laura Schroder Feijó 
Lucas Uster 
Matheus da Silva Pitaméia 
Renata Pozzi Kretzmann 
Rosângela Souza de Souza 
Sandy Danielle da Silva Fernandes 
Víctor Villamil Ferreira 
Vitor Luís Botton 
Vitória de Bona 
 
 
CADERNO DE RESUMOS DO GRUPO DE ESTUDOS DE REDES 
CONTRATUAIS E ESTRUTURAS DE PLATAFORMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porto Alegre, 2022 
 
 
Copyright © 2022 by Ordem dos Advogados do Brasil 
Todos os direitos reservados 
 
 
Coordenadores 
Arnaldo Rizzardo Filho 
 Christiane Baladão 
 Alexandre Torres Petry 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jovita Cristina Garcia dos Santos – CRB 10ª/1517 
 
 
 
 
A revisão de Língua Portuguesa e a digitação, bem como os conceitos emitidos em trabalhos 
assinados, são de responsabilidade dos seus autores. 
 
Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do Rio Grande do Sul 
Rua Washington Luiz, 1110 –Centro Histórico 
 CEP 90010-460 - Porto Alegre/RS 
C129 
Caderno de resumos do grupo de estudos redes contratuais e 
estruturas de plataforma [recurso eletrônico]. /Arnaldo 
Rizzardo Filho, Christiane Baladão. (Coord).2.ed. -Porto Alegre: 
OABRS, 2022.122. 
ISBN: 978-65-88371-19-0 
1. Contratos. 2. Redes contratuais. 3. Estrutura de plataformas I. 
Rizzardo Filho, Arnando. II. Baladão, Christiane. III. Escola 
Superior de Advocacia/OABRS. 
CDU: 347.44 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
PREFÁCIO........................................................................................................................... 6 
À EDIÇÃO DE 2021 – 1º SEMESTRE .................................................................................... 7 
À EDIÇÃO DE 2022 1º SEMESTRE ....................................................................................... 8 
PLATAFORMAS DIGITAIS ................................................................................................................ 9 
CHRIS BALADÃO ................................................................................................................. 9 
SANDY DANIELLE DA SILVA FERNANDES .......................................................................... 11 
LUCAS USTER ................................................................................................................... 14 
EVA MOTTA ..................................................................................................................... 17 
TEORIA ORGANIZACIONAL .......................................................................................................... 21 
CHRISTIANE BALADÃO ..................................................................................................... 21 
EDUARDA JADE STUMER SANTOS .................................................................................... 24 
FÁTIMA CABELEIRA ALMEIDA ZUCCHETTO ...................................................................... 29 
VITOR LUÍS BOTTON ........................................................................................................ 33 
EVA MOTTA ..................................................................................................................... 38 
CRISTIANE DE MELLO MASCARENHAS ............................................................................. 42 
ROSÂNGELA SOUZA DE SOUZA ........................................................................................ 46 
ECONOMIA .......................................................................................................................................... 49 
LAURA SCHROEDER FEIJÓ ................................................................................................ 49 
ROSÂNGELA SOUZA DE SOUZA ........................................................................................ 52 
EVA MOTTA ..................................................................................................................... 57 
EDUARDO TEIXEIRA FARAH .............................................................................................. 60 
MATHEUS DA SILVA PITAMÉIA ......................................................................................... 66 
DIREITO ............................................................................................................................................. 69 
 
 
EDUARDA JADE STUMER SANTOS .................................................................................... 69 
LAURA SCHROEDER FEIJÓ ................................................................................................ 78 
SANDY DANIELLE DA SILVA FERNANDES .......................................................................... 84 
LAURA SCHRODER FEIJÓ .................................................................................................. 88 
VÍCTOR VILLAMIL FERREIRA ............................................................................................. 90 
SOCIOLOGIA..................................................................................................................................... 96 
ARNALDO RIZZARDO FILHO ............................................................................................. 96 
SANDY DANIELLE DA SILVA FERNANDES ........................................................................ 100 
EDUARDA JADE STUMER SANTOS .................................................................................. 105 
VITÓRIA DE BONA .......................................................................................................... 111 
PALESTRAS ..................................................................................................................................... 115 
RENATA POZZI KRETZMANN .......................................................................................... 115 
 
 
 
 
 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
6 
 
PREFÁCIO 
 
Honra-me os autores com convite de 
prefaciar a segunda edição do Caderno de 
Resumos do Grupo de Estudos Rede 
Contratuais e Estrutura de Plataforma, 
resultado das investigações desenvolvidas 
no Grupo de Estudos Redes Contratuais da 
Escola Superior da Advocacia do Rio Grande 
do Sul e da Comissão da Jovem Advocacia. 
Este livro reflete o trabalho comprometido e 
competente dos moderadores dos Grupos 
de Estudos, atividade esta que proporciona 
à advocacia gaúcha o diálogo e a construção 
de pontes de conhecimento. Por oportuno, 
há que se destacar o papel dos moderadores 
no enfrentamento dos diversos obstáculos 
no período de pandemia da COVID-19 para a 
continuidade das atividades dos Grupos de 
Estudos. Em um momento de extrema crise, 
o trabalho sério e dedicado dos advogados e 
das advogadas na condução dos Grupos de 
Estudos, oportunizou a participação de 
5.277 pessoas nos encontros virtuais e a 
promoção de importantes reflexões acerca 
dos novos desafios que se apresentam para 
a advocacia. 
Aos colegas, Arnaldo Rizzardo Filho, 
Alexandre Torres Petry e Christiane Baladão, 
organizadores deste e-book, registro a 
minha admiração e o meu agradecimento 
pela notável contribuição para o 
aperfeiçoamento da advocacia e para a 
evolução da Ciência do Direito que tive o 
orgulho de testemunhar como Diretora de 
Cursos Permanentes da ESA/RS nesta e na 
gestão anterior. 
Aos leitores e às leitoras, desejamos uma 
boa e profícua leitura e que esta obra sirva 
de inspiração para o debate acerca do 
fenômeno da organização contratual em 
formato de rede que o Grupo de Estudos 
Redes Contratuais, conduzido pelo brilhante 
advogado Arnaldo Rizzardo Filho, desde o 
ano de 2021,nos convida a “parar, respirar, 
observar a sociedade científica a sua volta, e 
entender que existem sentidos congruentes 
em diversas perspectivas sociais”. 
 
 Porto Alegre, setembro de 2022. 
 
 
Fernanda Corrêa Osorio 
Diretora de Cursos Permanentes da ESA-
OAB/RS 
 
 
 
 
 
 
 
 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
7 
 
APRESENTAÇÃO 
 À EDIÇÃO DE 2021 – 1º SEMESTRE 
 
O Grupo de Estudos de Redes Contratuais na 
Escola Superior da Advocacia da Ordem dos 
Advogados do Brasil – Subseção Rio Grande 
do Sul começou seus encontros no segundo 
semestre de 2021, com o intuito de estudar 
o fenômeno da organização contratual em 
formato de rede. No Grupo participam 
pesquisadores, profissionais da área do 
direito, estudantes de graduação e pós 
graduação. 
A partir do Curso de Redes Contratuais 
(quarta edição ocorreu em 2021) e do 
número considerável de inscritos, e tendo 
em vista as discussões realizadas nas aulas, 
mostrou-se necessário a continuidade mais 
aprofundada dos temas multidisciplinares 
do Curso, que abrange Teoria Organizacional 
(Administração de Empresas), Sociologia, 
Economia e Direito. 
Os interessados e o coordenador 
organizaram seminários e discutiram as 
primeiras teses e estudos sobre a origem das 
redes, as motivações, as justificativas de 
décadas atrás e que estão em consenso com 
o tempo atual, o conceito das redes, a 
diversidade da terminologia (redes de 
cooperação, redes interorganizacionais, 
redes de negócios, redes contratuais), a 
compreensão de ferramenta de estratégia, 
as formas de constituição/construção, os 
mecanismos de gestão e de governança, 
dentre outros temas que são de relevância 
para o Direito. 
O Grupo busca a interseccionalidade entre 
as mais diversas teorias de diversas ciências 
que tratam das redes contratuais. 
Entendemos que o Direito, ou melhor, os 
operadores do Direito devem parar, respirar, 
observar a sociedade científica em sua volta, 
e entender que existem sentidos 
congruentes em diversas perspectivas 
sociais. Deve-se tirar a venda dos olhos de 
Themis, afinal de contas, ninguém sabe ao 
certo porque lhe vendaram. 
A cada encontro realizado, integrantes do 
Grupo apresentaram textos e construíram 
resumo dos mesmos. Esses resumos são aqui 
apresentados para aqueles que trabalham 
ou estudam as redes possam, de forma 
célere, pesquisar temas correlatos de seu 
interesse. Este caderno, portanto, almeja ser 
apenas um “catálogo de resumos”, 
interdisciplinar, de literaturas que tratam 
das redes, para que sirva de apoio ao início 
de uma compreensão mais profunda sobre 
as redes contratuais, tanto em termos 
profissionais quanto em termos acadêmicos. 
 
 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
8 
 
APRESENTAÇÃO 
À EDIÇÃO DE 2022 1º SEMESTRE 
 
O Grupo de Estudos de Redes Contratuais na 
Escola Superior da Advocacia da Ordem dos 
Advogados do Brasil – Subseção Rio Grande 
do Sul foi aberto no segundo semestre de 
2021, com o intuito de estudar o fenômeno 
da organização contratual em formato de 
rede. 
A partir do curso de Redes Contratuais e do 
número de inscritos, considerando as 
discussões que foram realizadas nas aulas, 
os interessados na continuidade dos estudos 
e demais participantes, já estão na terceira 
edição do Grupo, agora coordenados pelo 
Professor Arnaldo Rizzardo Junior e pela 
advogada Christiane Baladão. 
Em uma abordagem atualizada e 
interseccional, as discussões e os estudos 
geraram a elaboração de artigos pelos 
participantes, que abrange a Teoria 
Organizacional (Administração de 
Empresas), Sociologia, Economia e Direito, 
contemplando ainda análise sobre novos 
modelos de negócios. 
Formatação de negócios em rede significa 
pensar no modelo de negócio de cada rede a 
partir dos ativos específicos que pretende 
explorar e a consequente estruturação 
instrumental da rede. Um modelo de 
crescimento orgânico e celular, onde replicar 
é estratégia, é unificação de propósitos e 
interesses. Por meio do 
associativismo/cooperação, colaboração e 
coordenação empresarial, uma modalidade 
estratégica de exponencializar qualquer tipo 
de negócio. 
Por tratar-se de tema que pode ser 
amplamente discutido por várias ciências, os 
participantes a partir de textos selecionados 
em que versavam sobre os conceitos, 
teorias, motivações, fundamentos das redes 
contratuais, complementaram-se com 
estudos envolvendo os atuais modelos de 
negócio em Economia compartilhada, 
Economia colaborativa, Relações negociais 
estabelecidas de forma individual, Drivers do 
Consumo Colaborativo, 
Crowd Companies e Crowdsourcing. 
Dos textos discutidos, os participantes 
apresentaram os resumos que são aqui 
apresentados para aqueles que trabalham 
ou estudam as redes com intuito de ampliar 
o entendimento e a compreensão sobre o 
tema. 
 
 
 
 
 
 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
9 
 
 
PLATAFORMAS 
DIGITAIS 
 
 
Organizações Autônomas Descentralizadas 
(DAOs) 
Chris Baladão1 
 
GUIMARÃES, Alysson. Inteligencia Coletiva, DAOs e 
Teoria Ator-rede. 
 
“A importância das redes está na capacidade de 
ampliar o poder de ferramentas humanas culturais 
relacionadas à sociabilidade, economia e a política 
(MARGOTO e FERNANDES, 2015)2” 
 
Conceituar, colocar em definição, 
determinar os limites é a forma mais 
pragmática de conseguirmos configurar uma 
compreensão sobre determinado tema, 
estratégia está identificada neste texto que 
aborda as semelhanças e as conexões entre 
os estudos sobre um tema tão atual que são 
as Organizações Autônomas 
Descentralizadas. 
Uma nova forma de organização autogerida 
e autônoma mantida por práticas de 
inteligência coletiva, frameworks 
organizacionais a partir de inteligência 
 
1Advogada. Formada em Direito pela PUCRS em 2006. 
Especialista em Direito e Processo do Trabalho e 
cursou especialização de Gestão em Tributos e 
Planejamento Tributário pela mesma universidade. 
distribuída com coordenação em tempo real. 
Estamos falando da inteligência e dos 
mecanismos que surgiram a partir da 
inteligência tecnológica advinda da Web 2.0, 
que compreende a segunda geração de 
comunidades e serviços a partir da internet, 
termo popularizado a partir de 2004 pela 
empresa americana O'Reilly Media. 
Desenvolver soluções de maneira 
compartilhada como soma das capacidades 
individuais, a partir da inteligência coletiva e 
da acessibilidade ilimitada que os pares, as 
partes, os indivíduos passam a ter, por fim, 
uma condução consensual, pressupondo 
sempre que esses indivíduos e esses agentes 
pretendem essa auto-gestão. 
Amparada na capacidade distribuída das 
informações que se apresenta a inteligência 
coletiva, é pela cadeia de blocos - 
Blockchain- que as DAOS - Organizações 
Autonomas Descentralizadas estão em 
ferramenta estabelecidas. Uma série de 
blocos encadeados que formam um registro 
de histórico, chaves públicas e privadas que 
permitem a permanência de um registro 
público. “Um grande livro contábil, público e 
descentralizado, onde constam de forma 
2MARGOTO, Julia B.; FERNANDES, Jorge H. C.. 
Inteligência coletiva, redes sociais e capital social: em 
busca de conexões conceituais. Encontros Bibli: 
revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da 
informação, v. 20, n. 42, p. 93–108, jan. /abr., 2015 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
10 
 
imutável o registro de todas as operações 
ocorridas na rede”3 
A evoluçãoda adoção das práticas em cadeia 
de blocos implicou na formação das DAOS - 
Organizações Autônomas Descentralizadas 
que, portanto, ocorrem e são identificadas 
tão somente no mundo virtual, na internet. 
Estes registros auto executáveis, que 
decorrem de prévias regras estabelecidas a 
partir de um pensar sobre o que vai 
desencadear a formação da ação 
subsequente, há uma auto regulação 
constante. 
Por protocolos, comandos automáticos - os 
contratos inteligentes, onde as ações são 
praticadas a partir de mecanismos de 
consenso, uma assembleia é estabelecida. 
Sim, a lógica da tecnologia aqui discutida 
pode ser facilmente compreendida pela 
configuração desse instituto jurídico 
encontrado em entidades coletivas, órgão 
que compreende a reunião de pessoas que 
têm algum interesse comum, com a 
finalidade de discutir e deliberar sobre 
temas determinados. 
A partir de um token, uma tecnologia 
criptografada que contém em si um poder, 
um comando, para completar uma 
determinada tarefa, com regras e processos 
 
3RODRIGUES, Carlos Alexandre. Blockchain e 
Criptomoedas. 2. ed.rev - Salvador: EDjusPodivm, 
2021, p.26. 
implementados para a estrutura e para a 
operação da organização (on-chain e off-
chain), onde toda a tomada de decisão se 
dará coletivamente. 
O voto aqui é tangibilizado pelo token de 
governança, primando por uma perspectiva 
de negócios em que o consenso é intrínseco 
ao negócio em si, a partir de mecanismos 
centralizados de confiança. E nesse sentido, 
a Teoria ator-rede aborda a forma de evitar 
a hierarquia de agentes, de atores, de 
ajustes que evitem protagonismos, 
primando pelo agir em conjunto, em rede. E 
para tanto tem-se a figura do “assemblages”, 
redes de influência compreendida a partir da 
identidade de causa de cada um dos 
integrantes, pois as ferramentas 
estabelecidas por esta teoria está vinculada 
nas maneiras, motivos e circunstâncias que 
atores e organizações se assemelham, ou 
seja, efeito ou consequência que, a partir das 
Organizações Autônomas Descentralizadas - 
DAOS, são as propriedades algorítmicas que 
correspondem a capacidade de influência. 
Por consequência as Organizações 
Autônomas Descentralizadas- DAO são as 
redes de influências, o próprio assemblage, 
com atores humanos e não humanos, aptos 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
11 
 
e interessados em, coletivamente, alinhar 
soluções para problemas comuns. 
Em inicial experimentação e em aplicação 
muito pontual, já encontram-se registros da 
aplicação das Organizações Autônomas 
Descentralizadas- DAO, a maioria aplicada 
em serviços financeiros descentralizados, 
mas que podem ser identificados em 
coletivos de desenvolvedores, de 
trabalhadores, de arte, de comunicação e de 
entretenimento. 
O que se pretende, por fim, é identificar 
novas formas de relacionamento e de gestão 
de negócios, novas alternativas amparadas 
no ciberespaço, em que a resolução e oferta 
tem a inteligência coletiva como 
instrumento, ou seja, ampliar os estudos, as 
análises e as discussões para além da 
tecnologia em si, mas para as implicações 
sociais da sua adoção. 
 
________________________ 
 
 
 
 
 
 
4 Advogada, Bacharel em Direito pela Universidade da 
Região da Campanha - URCAMP, campus Santana do 
Livramento; Pós-graduada em Direito e Planejamento 
Tributário pela Universidade Estácio de Sá; Mestranda 
Sandy Danielle da Silva Fernandes4 
CAMPOS, César Cunha et al. Cidades Sustentáveis. 
FGV Projetos, 2018. Modelos de negócio em 
economia colaborativa: estruturas e impactos no 
âmbito das cidades, Rossana Pavinelli. 
 
Economia colaborativa é o contexto que 
propiciou o crescimento e popularização das 
redes colaborativas: trata-se, muito além de 
um novo modelo econômico, de um modelo 
de negócios onde as estruturas de rede 
formam a base deste, tendo inovação, 
tecnologia e capacidade operacional 
excedente como fundamentos principais 
para sua realização. Primeiramente deve-se 
explicar que economia colaborativa não é 
um conceito exatamente novo, pode-se 
dizer que ele existe desde que trocas e 
compartilhamentos de bens e serviços são 
realizados dentro de uma rede de confiança. 
O artigo aborda a economia colaborativa 
com o contexto tecnológico e seu impacto 
por meio da tecnologia. 
A autora demonstra como inovação e 
colaboração andam lado a lado para causar 
disrupção no mercado, focando 
principalmente na sustentabilidade e no 
consumo racional. A inovação é uma das 
principais engrenagens que move a 
em Direito Tributário pela Pontifícia Universidad 
Católica de Santa Maria de Buenos Aires; Pós-
graduanda em Advocacia Corporativa pela Fundação 
do Ministério Público. 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
12 
 
economia, sendo ela sempre o fator 
principal do aprimoramento de 
performances e resultados. Joseph 
Schumpeter tratava-a em dois formatos: a 
incremental, referindo-se à melhoria em 
processos; e a radical, referindo-se ao 
rompimento dos limites aos quais a inovação 
incremental se encontra, ocasionando o que 
chama de disrupção criativa. A inovação não 
refere-se apenas a inserção de um novo 
produto ou serviço no mercado, mas 
também a novos ou melhorados processos 
ou métodos ou práticas de negócios, desde 
que causem algum tipo de disrupção no 
mercado. 
Como exemplo dos modelos colaborativos 
focados na ideia de open inovation, a autora 
traz os processos de inovação ou de 
produção, realizados a partir de colaboração 
externa, muito comum nas áreas 
tecnológicas, como é o caso da IBM (que 
incentiva competições com o escopo de 
identificar novas soluções para seus 
produtos, abrindo seus laboratórios para 
usuários e programadores), e da Linux (que 
revolucionou o mundo tecnológico ao abrir 
seu código de software e criar um ambiente 
colaborativo entre usuários). 
A colaboração facilita a troca de 
conhecimento e de inovação, e por conta 
disso, a estrutura das redes propicia que 
essas disrupções sejam mais fáceis de serem 
alcançadas. Negócios que são realizados 
pelo modelo da economia compartilhada 
geralmente se debruçam em cima de dois 
grandes apelos dos consumidores: a 
sustentabilidade e o consumo racional. Por 
conta dessas preocupações dos 
consumidores, abre-se espaço para negócios 
mais sustentáveis, utilizando-se da 
capacidade excedente disponível. Por conta 
de sua estrutura e organização, as redes 
facilitam que esses apelos se tornem mais 
acessíveis, tanto para empresas quanto para 
consumidores. 
Um ótimo exemplo disso está na plataforma 
brasileira "Tem Açúcar?", onde se oferece 
um espaço para vizinhos se aproximarem e 
realizarem empréstimos e trocas de bens de 
uso doméstico, sem a necessidade de 
desembolso financeiro para tanto. Como 
muito bem questiona a autora: "para que 
comprar uma furadeira se o uso por ano será 
de apenas alguns minutos?". 
A estrutura das redes também permite que 
a governança das organizações inseridas em 
determinada rede seja diferente daquela de 
organizações mais tradicionais: nas 
organizações tradicionais o objetivo 
principal é o lucro, e as interações internas 
são baseadas em relações hierárquicas; já 
nas redes o lucro não é exatamente o 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
13 
 
principal objetivo, podendo muitas vezes 
estar voltado para os ganhos de eficiência ou 
de escala, ou também na competitividade, 
que posteriormente será revertido em lucro 
para todas as empresas dentro desta rede. 
Alémdisso, os custos de operação podem 
ser diminuídos, uma vez que a estrutura das 
redes facilita a operacionalização do 
modelo. 
Jeremiah Owyang trouxe o conceito 
Honeycomb Grafic, uma colmeia 
colaborativa para representar um conselho 
de inovação, tendo dentro desta colmeia 
grandes nomes que operam em modelo de 
rede. Essas empresas trazem motivações 
sociais (como sustentabilidade, aumento 
populacional e contato social), motivações 
econômicas (como financiamento de 
startups e recursos inexplorados) e 
capacitadores tecnológicos (como 
tecnologias móveis, redes sociais e internet 
das coisas) como suas principais técnicas 
aplicadas aos seus negócios. Na primeira 
edição, a Honeycomb indicava-se empresas 
nos setores de transporte, espaço, serviços, 
alimentação, bens de consumo e dinheiro; 
na segunda edição acrescentou-se os 
setores de saúde e bem-estar, logística, 
corporações, utilidades, municípios e 
educação; e por fim, na terceira e mais atual 
edição acrescentou-se também os setores 
de transporte fragmentada em serviços de 
mobilidade e compartilhamento de veículos 
e a de saúde e bem-estar subdividida em 
saúde e em bem-estar e beleza, análise de 
dados e reputação e o suporte ao 
empreendedor. Isso demonstra como 
progressivamente tem havido um 
crescimento de empresas abraçando a 
estrutura de redes para trazer inovações 
voltadas para diversos segmentos da 
sociedade. 
Por último, a autora traz novas categorias 
para a classificação de modelos de negócios 
em economia colaborativa. Primeiramente 
ela traz compartilhamentos e colaborações 
via pagamento pelo acesso ou pelo uso, 
nessa categoria encontramos apps mais 
populares e conhecidos pelos usuários como 
Uber, AirBnb, TruckPad, entre outros. Nesta 
categoria o usuário não possui posse do bem 
ou serviço oferecido, ele terá apenas o 
acesso e por ele pagará. 
Na segunda categoria traz-se 
compartilhamentos e colaborações com 
custo marginal zero ou próximo de zero, 
onde não há uma troca financeira 
propriamente entre os usuários, mas o lucro 
provém de patrocinadores e da 
comercialização de ações e de espaços 
publicitários dentro do app. Os exemplos 
que a autora traz são as plataformas Tem 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
14 
 
Açúcar? Waze, e as redes sociais Facebook e 
YouTube. Nessa categoria, não há um 
incentivo propriamente para as trocas 
financeiras, mas sim a ideia de oferecer uma 
plataforma para aproximar o 
compartilhamento entre pessoas. 
Na terceira categoria traz-se 
compartilhamentos e colaborações para 
contribuição a questões específicas, com a 
possibilidade de remuneração ou não. Esse 
modelo se refere a produção compartilhada 
e identificação de soluções, como é o caso 
por exemplo da Natura que tem incentivado 
o estabelecimento de trocas por meio de 
competições e ciclos de inovação, trazendo 
diversos representantes da sociedade de 
maneira a impulsionar a produtividade e a 
inovação. 
Todas essas categorias trazem fatores 
críticos de sucesso em comum por conta do 
seu modelo, apesar de operarem de 
maneiras diversas, podemos citar: operação 
em rede; baixos custos de entrada; 
apropriação da chamada capacidade 
operacional excedente; ampliação do 
acesso, seja a bens, serviços ou ao 
conhecimento; estabelecimento de relação 
 
5 Advogado. Mestre em Direito Civil e Empresarial 
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
(UFRGS), Bacharel em Direito pela Universidade 
Federal do Rio Grande do Sul, Pós-graduado em 
Direito da Proteção de Dados (LGPD) pela Legale, Pós-
graduado em Direito Empresarial pela Legale, 
Membro da Associação Brasileira de Lawtechs e 
de confiança, com fornecedores e 
usuários/clientes; qualidade e agilidade. 
 
 
______________________________ 
 
 
Lucas Uster5 
Panorama das plataformas digitais de consumo 
colaborativo no Brasil: uma análise descritiva. 
Bibiana Giudice da Silva Cezar. Marina Valim 
Bandeira. Kathiane Benedetti Corso. Filipe Mello 
Dorneles. Matheus de Mello Barcellos. 
 
 
Considerações iniciais 
 
O artigo consolida o levantamento realizado 
pelos autores acerca das plataformas digitais 
de consumo colaborativo no Brasil. Os dados 
foram extraídos do site Consumo 
Colaborativo 
(https://consumocolaborativo.cc/), sendo o 
intuito apresentar a caracterização das 
plataformas digitais existentes no Brasil, 
suas categorias e frequência de aparição. 
 
Consumo colaborativo 
 
A internet trouxe, como benefício, o 
comportamento do compartilhamento. As 
Legaltechs (AB2L), Membro da Associação Nacional 
dos Profissionais de Privacidade de Dados (ANPPD), 
Ex-técnico judiciário no Tribunal de Justiça do Rio 
Grande do Sul, Ex-Chefe de Serviço na Secretaria de 
Recursos Especiais e Extraordinários no Tribunal de 
Justiça do Rio Grande do Sul. 
https://consumocolaborativo.cc/
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
15 
 
pessoas estão diariamente compartilhando 
coisas. 
A prática do consumo colaborativo ajuda a 
ampliar a vida útil dos produtos. Um 
exemplo de consumo colaborativo é quando 
um comprador usa um produto e, após, 
disponibiliza-o para que outras pessoas 
possam comprá-lo. 
Outra característica do consumo 
colaborativo é que os produtos, ao serem 
vendidos, não são considerados meramente 
“produtos usados”, que ninguém mais quer, 
mas sim “produtos de segunda mão” que 
podem ser adquiridos por outra pessoa a um 
preço mais acessível. 
 
Plataformas digitais 
 
A popularização dos websites ocorreu ao 
final da década de 90, em que as pessoas 
buscavam entretenimento e interação em 
redes sociais virtuais. Nas últimas décadas, 
os smartphones colaboraram para a 
evolução e crescimento do uso das 
plataformas, principalmente em razão das 
possibilidades trazidas pelos aplicativos. 
O grande fator que gerou a expansão dos 
aplicativos foi o surgimento das “lojas de 
aplicativos”, local em que é possível realizar 
o download de diversos aplicativos 
centralizados em um único local. 
É importante destacar que, embora o estudo 
tenha analisado apenas plataformas do tipo 
site e aplicativo, existem outros tipos de 
plataformas digitais, tais como grupos e 
páginas de redes sociais virtuais e blogs. 
Contudo, em razão da dificuldade em 
mapear todas essas plataformas, o estudo 
focou em analisar aquelas já levantadas e 
disponíveis no site Consumo Colaborativo. 
 
Nacionalidade das plataformas digitais e 
atividades no Brasil das plataformas 
internacionais 
 
Das 111 plataformas digitais de consumo 
colaborativo que foram identificadas, 76 são 
nacionais e 35 são internacionais. Ainda, das 
35 internacionais, 28 operam no Brasil. 
Constata-se que o Brasil está acompanhando 
a tendência mundial de consumo 
colaborativo e transformando o modo de 
consumir e fazer negócios. 
 
Tipos de plataformas digitais 
 
Existem diversos tipos de plataformas 
digitais. Contudo, o artigo priorizou dois 
tipos: os aplicativos e os sites. 
Foi identificado que, das 104 plataformas 
observadas, 69 atuam por meio de site e 34 
por meio de aplicativo móvel. Porém, tem 
sido percebido o crescimento da concepção 
de aplicativos em detrimento de sites. 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
16 
 
Sistemas de consumo colaborativo 
 
O consumo colaborativo pode ser dividido 
em três sistemas: 
a) Sistema de Serviços de Produto; 
b) Mercados de Redistribuição; 
c) Estilos de Vida Colaborativos. 
Das 104 plataformas observadas, 65% são de 
Estilos de Vida Colaborativos, 18% de 
Sistemas de Serviços de Produto e 17% de 
Mercados deRedistribuição. 
 
Categorias de consumo colaborativo 
 
Há diferentes categorias de consumo 
colaborativo abrangidas pelos sistemas de 
consumo colaborativo. 
Das 30 categorias utilizadas segundo 
Botsman e Rogers, foram identificadas 16 
delas entre as plataformas de consumo 
colaborativo analisadas. Ainda, os autores 
acrescentaram 9 categorias e 38 
subcategorias. 
Os autores apresentam o quadro de 
distribuição das categorias, sendo 
observado que as principais categorias são 
as de crowdfunding, aluguel entre pares, 
mapeamento colaborativo, crowdsourcing e 
troca livre. 
 
Categorias de consumo colaborativo do 
Sistema de Serviços de Produto 
 
O Sistema de Serviços de Produto 
compreende uma mentalidade de uso que 
prioriza o pagamento pelo benefício do 
produto em si, e não por possuí-lo. Em 
outras palavras, o consumidor paga pela 
utilização do produto sem que precise 
adquiri-lo. 
Alguns exemplos são: aluguel de brinquedos 
infantis, aluguel de objetos de moda e 
acessórios, aluguel entre pares e 
compartilhamento de automóveis. 
 
Mercado de redistribuição 
 
Consiste na forma de consumo colaborativo 
baseada na venda ou troca de produtos que 
não são mais utilizados por alguns, porém 
que podem ser utilizados por outros. 
Essa forma de consumo colaborativo 
colabora para a reutilização dos produtos, 
reduzindo o desperdício e o consumismo. 
Alguns exemplos são: plataformas de 
brechó, sites de troca de livros, sites de troca 
de brinquedos infantis. 
 
Estilos de vida colaborativos 
 
Consiste na forma de consumo colaborativo 
em que não são trocados somente bens 
tangíveis, mas também ativos intangíveis. As 
pessoas com interesses semelhantes 
procuram dividir e trocar ativos intangíveis 
como tempo, espaço, habilidades e dinheiro. 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
17 
 
Alguns exemplos são: plataformas de 
crowdfunding, plataformas de mapeamento 
colaborativo, plataformas de crowdsourcing 
e espaços de coworking. 
 
Considerações finais 
 
A maior parte das plataformas digitais 
analisadas é do tipo website (sem aplicativo) 
e pertencente ao sistema de Estilos de Vida 
Colaborativos. As plataformas digitais estão 
revelando um novo perfil de consumidor: o 
consumidor que busca a responsabilidade 
do consumo consciente. Ainda, constatou-se 
que o consumo colaborativo no Brasil por 
meio de plataformas digitais está 
aumentando. 
 
 
_________________________________ 
 
Eva Motta6 
TAPSCOTT, Don; WILLIAMS, Anthony D. Plataformas 
para Participação. In: Wikinomics: como a 
colaboração em massa pode mudar o seu negócio. 
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007. 
 
NELE, vemos e sentimos a velocidade das 
inovações, impulsionadas pelo 
desenvolvimento de novas tecnologias. 
 
6Graduada em Direito pela Faculdade Meridional-
IMED e graduada em Ciências Contábeis pela UFRGS. 
Vêm, a princípio, para facilitar a vida das 
pessoas. Entretanto, também traz 
desconforto, ansiedade e angústia, na 
medida da impossibilidade de se 
acompanhar todas as mudanças. 
A quarta revolução industrial é um amplo 
sistema de tecnologias avançadas como 
inteligência artificial, robótica, internet das 
coisas e computação em nuvem que estão 
alterando formas de produção/trabalho e os 
modelos de negócios no Brasil e no mundo. 
Neste contexto, estão as PLATAFORMAS 
DIGITAIS, que possibilitaram o surgimento 
do mercado virtual, marketplace ou e-
commerce, muitas vezes formatado como 
REDES CONTRATUAIS. Estas, por sua vez, 
inovam também na forma de ADMINISTRAR, 
alterando conceitos: 
 
DE PARA 
COMPETIÇÃO COLABORAÇÃO 
INDIVIDUALISMO COLETIVISMO 
 
Nessa configuração, em rede, cujos 
participantes são muitos, coletivismo, é 
necessária uma COORDENAÇÃO, que fixará 
regras que disciplinarão estas relações. Em 
especial, no que se refere a ética, confiança, 
respeito, comportamento, bem como 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
18 
 
manutenção, padronização de critérios de 
qualidade de produtos e serviços. 
As PLATAFORMAS DIGITAIS são modelos de 
negócios que muitas vezes estão formatados 
como REDES CONTRATUAIS. Na economia, a 
expressão é utilizada para representar a 
organização entre indivíduos com interesses 
semelhantes que interagem, normalmente 
por meio de plataformas on-line, sem a 
presença de tradicionais intermediários do 
mercado. Não há entre os envolvidos vínculo 
societário e/ou empregatício. 
Nova configuração de negócios que são os 
pilares da Economia Moderna e da Economia 
Contemporânea. 
As PLATAFORMAS, também são chamadas 
de ECONOMIA DE COMPARTILHAMENTO. 
Compartilhar o que já existe e está sendo 
subutilizado, diminuindo custos e 
alavancando negócios. Pela tecnologia de 
informação conseguem compartilhar as 
capacidades excedentes de produtos e 
serviços. Ocorre uma horizontalização das 
relações contratuais. 
As plataformas podem ser: 
VERTICAIS 
FRANQUIAS 
HORIZONTAIS 
ASSOCIAÇÃO 
COMERCIAL 
peers to peers – UBER peers inc - REDEMAC 
 
 
7RIZZARDO Filho, Arnaldo, Curso de Redes 
Contratuais, Livraria do Advogado, 2022, p.147 
O que difere uma da outra é o alto 
comissionamento para o controlador da 
REDE. 
O compartilhamento acontece através de 
um software chamado Peer to Peer (ponta a 
ponta) 
Peers-to-peers representa uma arquitetura 
de redes de computadores onde cada um 
dos pontos ou nós da rede funcionam tanto 
como cliente quanto como servidor, 
permitindo compartilhamentos de serviços e 
dados sem a necessidade de um servidor 
central. 
Peer-to Peer lending – (plataforma de 
empréstimo e financiamento coletivo), a 
primeira em 2005, na Inglaterra7. 
Para Abramovay 2014, o compartilhamento 
econômico descentraliza as relações 
contratuais, reduz os custos de transação e 
implica em relacionamento de confiança. 
No Brasil, foram reguladas: 
Pelo Banco Central – Resoluções 4656 e 
4657/2018. 
Fintechs são empresas que introduzem 
inovações nos mercados financeiros por 
meio do uso intenso de tecnologia, com 
potencial para criar novos modelos de 
negócios. Atuam por meio de plataformas 
online e oferecem serviços digitais 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
19 
 
inovadores relacionados ao setor. A 
Sociedade de Crédito Direto (SCD) e a 
Sociedade de Empréstimo entre Pessoas 
(SEP), cujas operações constarão do Sistema 
de Informações de Créditos (SCR). 
 
Pela CVM – Instrução nº588/2017 
 
Regulamenta o crowdfunding de 
investimento (oferta pública de valores 
mobiliários) em sociedades empresárias de 
pequeno porte para captações públicas de 
até 5milhões. Negócio formatado como 
peer-to-peer lending precisa ocorrer por 
meio de plataformas que passaram pelo 
processo de autorização junto a CVM. 
Este software, surgiu da necessidade de um 
cidadão Americano, conciliar a procura de 
um imóvel com sua localização. 
Criou um aplicativo Housingmaps, 
(combinou serviço online Craigslist com o 
serviço de mapas do Google) que foi um dos 
primeiros mashups da web. Para 
especialistas da área tarefa pouco 
complicada. 
Mashups – é um site personalizado ou 
aplicação web que usa conteúdo de mais de 
uma fonte para criar um novo serviço 
completo. (definição Google). 
O conteúdo usado em mashups é 
tipicamente código de terceiros através de 
uma interface pública ou de uma API. 
API Application Programming Interface 
(Interface de Programação de Aplicações). 
Um tipo de ponte que conectam aplicações, 
podendo ser utilizadas para os mais variadostipos de negócio. 
Aplicativos e softwares de diversos tipos são 
apenas passíveis de construção por meio dos 
padrões e especificações disponibilizados 
pelas APIS. 
Depois de ter se popularizado este conceito, 
muitos MASHUPS semelhantes eram 
apresentados diariamente. 
Os mashups com o google, por exemplo, 
surgiram para fazer qualquer coisa, desde 
identificar a localização de cenas de crimes 
até identificar casas de celebridades. 
Assim, estavam entrando em um mundo 
onde grandes plataformas abertas para 
participação servem de base para que 
grandes comunidades de parceiros possam 
inovar e criar valor. Expandir seus negócios 
sem precisar aumentar seus custos. 
Uma plataforma pode ser um serviço de 
Internet como o google maps, ou como no 
caso da Amazon, pode incluir um sistema de 
comércio eletrônico para armazenar, 
comprar e distribuir bens. As empresas 
alavancam as plataformas, para parcerias 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
20 
 
com programadores que criam aplicativos 
para agregar valor. Chamados de 
ecossistemas de programadores – redes de 
parcerias de negócios criadas quando uma 
empresa abre seus serviços de software e 
seus bancos de dados através de uma 
Interface de Programação de Aplicativos 
(API). A exemplo, o upload de 40% dos bens 
no eBay agora é feito a partir de sistemas de 
estoque de lojas de terceiros que usam esse 
site como canal alternativo de vendas. 
A Amazon permite que 140 mil 
programadores externos de software 
acessem seu banco de dados de produtos e 
seus serviços de pagamento para criar suas 
próprias ofertas. 
As plataformas abertas são a colaboração 
em massa em ação. 
Quando ocorreu o furacão Katrina, foi criado 
um site/aplicativo para encontrar pessoas 
que se distanciaram, desapareceram. 
Diversos sites foram feitos, mas não 
interagiam, enfim, era como se nada tivesse. 
Então, numa sexta-feira, David Geilhufe 
reuniu voluntários com bons conhecimentos 
de Tecnologia para ordenar o caos. Começou 
a vasculhar diversos bancos de dados e 
Bulletin boards on-line usando processo 
automatizado “screen scraping”. Na noite 
de segunda-feira, 50 mil itens haviam sido 
processados até chegarem a um total de 
650mil no site www.katrinalist.net. Mais de 
um milhão de buscas foram realizadas após 
o furacão. O notável é que a execução do 
projeto People Finder poderia ter exigido do 
estado um vultoso orçamento anual ou até 
mais. Porém, o grupo People Finder se 
reuniu para executá-lo em quatro dias sem 
custo algum para os contribuintes. Foi a 
colaboração em massa das Plataformas 
abertas, mostrando tudo que tem de 
melhor. Participaram três mil pessoas, 
ligeiramente coordenadas. 
De fato, enquanto a web permanecer 
aberta, a inovação prosseguirá de maneira 
espontânea. 
 
Dilemas das Plataformas 
 
Os MASHUPS apresentam um problema 
sério porque não oferece proteção para os 
donos dos dados. O housingmaps era um 
aplicativo de grande potencial. Entretanto, 
Rademacher, seu criador, recuou e aceitou 
um emprego no Google. Motivos: Não era o 
dono dos dados que alimentavam o 
aplicativo; corria o risco de sofrer ações 
legais do Cariglist por se apropriar de seus 
dados. 
O Google é uma empresa de liderança 
global, repousa, em grande parte, em uma 
abordagem aberta da inovação. O Google 
ficou fascinado com a aplicação do 
Housingmaps – aquilo era publicidade e 
http://www.katrinalist.net/
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
21 
 
protótipo de produto gratuitos. Os mashups 
aumentam a visibilidade do Google. 
Popularização: 
As PLATAFORMAS vieram para democratizar 
o uso da INTERNET. Facilitam e desenvolvem 
o MARKETPLACE, os negócios virtuais. 
 O Objetivo é permitir que ideias e energias 
externas desenvolvam produtos inovadores 
que agreguem valor. 
A BBC de Londres, que lançou suas próprias 
iniciativas de serviços de Internet. No seu 
projeto Backstage, convidou programadores 
a criar novos modelos de serviços com base 
nos feeds de seu conteúdo, como 
meteorologia, notícias e tráfego. 
O lançamento do projeto foi em junho/2005, 
e quase cem novos serviços foram enviados 
ao site Backstage. 
Nesse projeto, a BBC disponibilizou através 
de Plataforma, para propósitos não 
comerciais, o acesso a sua biblioteca 
televisiva, a maior do mundo. 
Também a BBC organizou concursos nos 
quais os participantes eram estimulados a 
remixar conteúdos gerando novas criações 
de mídia. 
 
 
 
8 Graduada em Direito pela PUC/RS, especialista em 
Direito e Processo do Trabalho e Especialista em 
Gestão de Tributos e Planejamento Tributário pela 
PUC/RS. Co-criadora do “Projeto Empodera”, que visa 
 
 
 
TEORIA 
ORGANIZACIONAL 
 
 
Christiane Baladão8 
BALESTRIN, Alsones; VERSCHOORE, Jorge Renato; 
REYES JUNIOR, Edgar. O campo de estudo sobre 
redes de cooperação interorganizacional no Brasil. 
Revista de Administração Contemporânea, v. 14, p. 
458-477, 2010. 
 
“A sociedade se constitui real ou 
formalmente a partir de indivíduos associais, 
que devem ser “socializados”, isto é, 
constrangidos pela inculcação de 
representações normativas a se 
comportarem de um modo determinado” 
Eduardo Viveiros de Castro - A inconstância 
da alma selvagem 
Resumo: O paper contempla a compreensão 
sobre o texto “O Campo de Estudo sobre 
Redes de Cooperação Interorganizacional no 
Brasil” datado de 2010 que, com a aplicação 
de metodologia comparativa ao artigo 
“Networking Network Studies: An Analysis of 
Conceptual Configurations in the Study of 
compartilhar conteúdo e conexões parae entre 
empreendedoras. Staff e colaboradora na produção 
do AFRO'NTALK'S, um talk show de entrevistas com 
afroempreendedores, para inspirar e valorizar, um 
ato de representatividade e de celebração. 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
22 
 
Inter-organizational Relationships”, de 
Amalya L. Oliver and Mark Ebers datado de 
1998, para reconhecer comportamentos, 
semelhanças, vínculos, identidades nas 
redes de cooperação interorganizacional no 
Brasil. 
Aldeia pelos Terena de Buriti tem o sentido 
de uma rede dinâmica de relações sociais, 
histórica e espacialmente definidas dentro 
de um mesmo território. E como aldeia, as 
redes de cooperação tem a capacidade de 
“facilitar a realização de ações conjuntas e a 
transação de recurso para alcançar objetivos 
organizacionais”. 
Artigos científicos são instrumentos pelos 
quais o autor, em análise, promove a 
discussão, apresenta determinado tema e, 
por meio de métodos aplicados e resultados, 
submete a comunidade científica a 
disseminação de determinado 
conhecimento. E a partir destes artigos, o 
autor trouxe fotografias, cenários com 
descritivo de tempo, de participantes e do 
contexto, pois deste conhecimento 
disseminado foi possível identificarmos que, 
no Brasil, os seus indivíduos/atores exercem 
o que predispostos estão geneticamente: à 
vida social, pois possuem harmonia de 
interesses em decorrência da falta, de uma 
comum falta, de uma restrição da qual estes 
indivíduos/atores não possuem. 
O que antecede a rede é a dor. Os estudos 
mostram que as redes são iniciadas a partir 
da escassez do mercado específico, da falta 
de mão de obra qualificada, da insuficiência 
de recursos básicos, como uma matéria 
prima específica. A partir dessa constatação 
de não haver e em igualdade de hierarquia, 
colhendo aprendizagem e inovação a partir 
dessa conexão, conexão esta devidamente 
elaborada, pensada, planejada, por grupos 
de organizações, com intenção de assim 
estarem, parte-sedesta escassez para 
abundância, designados, nomeados, 
reconhecidos. 
E as vontades, que antecedentes seriam de 
escassez, durante as vantagens obtidas 
através das redes se sobressaem, em razão 
desse movimento coletivo, já que uma 
andorinha só não faz verão. 
Os conceitos e apontamentos, este 
conhecimento e esta descrição fotográfica 
das redes foram extraídos da predominância 
de determinadas correntes teóricas 
encontradas nas pesquisas sobre redes de 
cooperação entre organizações, bem como 
da tríade que estas redes são compostas. 
Tríade porque são identificados três 
elementos, três dimensões, três análises que 
são realizadas para se compreender as redes 
de cooperação: 
indivíduos/atores/antecedentes, 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
23 
 
grupos/relação(elo)/processo e as 
organizações/rede/resultados (ganhos das 
redes). 
A partir destes conceitos quanto à 
composição, cientificamente somos 
tendenciosos aos porquês, já que os 
materiais examinados visam, em sua 
maioria, a compreensão sobre as razões, os 
motivos, as vontades pelas quais as redes 
foram realizadas, dando ênfase aos grupos 
de organizações existentes, ou seja, 
prepondera-se os estudos sobre as 
motivações que levaram os indivíduos a se 
organizarem da forma que estão. 
É na perspectiva das razões pelas quais as 
redes são constituídas que as pesquisas são 
em sua maioria tendenciosas, bem como na 
intenção que há entre os atores, portanto, 
dentro da linha do tempo da rede, as redes 
de cooperação interorganizacionais tem 
suas origens como foco. 
O porquê do sucesso, as razões de sucesso 
das redes, já que os estudos denotam que as 
redes de cooperação interorganizacional no 
Brasil possuem maior capacidade de 
resolução, de alcance dos objetivos pelos 
quais constituídas. E por essa busca pelas 
razões de êxito, a compreensão sobre as 
ações coletivas e a maneira em que foram 
mobilizadas para a obtenção do objetivo em 
comum, ou seja, a teoria sobre as estratégias 
das redes de cooperação, é comum na 
maioria das discussões. 
Não há o que estranhar, porque se os 
estudos em sua maioria estão vinculados as 
causas antecedentes, motivações e 
intenções das partes a se estabelecerem em 
rede, a estratégia é abordada com 
frequência, “em compreender as redes mais 
como estratégia das organizações para 
competirem”, competitividade, agora 
coletiva, impactando positivamente nas 
organizações. 
O texto destaca-se, ainda, a teoria 
institucional sobre as redes de cooperação, 
que trata da teoria quanto ao 
reconhecimento, quanto ao vínculo de 
dependência por pertencimento a 
determinada rede e a teoria dos custos de 
transação, que são frequentemente 
discutidas pelos autores científicos, bem 
como a teoria das redes sociais, laços sociais 
estabelecidos que poderão afetar a rede, 
afinal, somos a média das pessoas das quais 
nos conectamos. 
Pela natureza composta, interseccional e 
interdisciplinar a explicação do cenário das 
redes de cooperação no Brasil torna-se mais 
tangível a partir das principais correntes 
teóricas acima referidas, que não abarcam 
só uma linha de conhecimento por si só mas 
atestar o efetivo sucesso das redes, já que 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
24 
 
possível mensurar a capacidade das redes de 
converter os objetivos antecedentes, 
partindo-se de uma ideia de fenômeno. 
Fenômeno este amplamente estudado pela 
maioria das universidades do sul do país, 
cujos autores dos artigos estão vinculados a 
instituições de ensino que por um período 
estiveram engajadas no Programa Redes de 
Cooperação derivado de uma política 
pública estatal que implicou na criação de 
mais de 200 redes de cooperação. A parceira 
pública e privada nos anos 2000 
proporcionou à pesquisadores, mestrandos 
e doutorando material consistente para 
compreensão sobre. 
Fenômeno ou aldeia, as redes de 
cooperação interorganizacional do Brasil 
ainda demandam de mais estudos científicos 
sobre a sua existência, principalmente 
atuais, diante da tecnologia, da internet das 
coisas, da inteligência artificial, que torna 
exponencial e em potencial rede, qualquer 
tipo de negócio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 Acadêmica de Direito na UFRGS, Pesquisadora em 
Direito Contratual Empresarial e Responsabilidade 
 
Eduarda Jade Stumer Santos9 
TODEVA, Emanuela; KNOKE, David. Strategic 
alliances and models of collaboration. Management 
decision, 2005 
 
Introdução 
 
A literatura internacional já reconheceu um 
número positivo de resultados para 
empresas ativamente engajadas em alianças 
estratégicas, tais como aumento no capital, 
retorno em investimentos e taxas maiores 
de sucesso quando comparadas com 
integração através de fusões e aquisições. 
Aspectos gerais da literatura sobre a aliança 
estratégica são: 
- Elencar as competências do parceiro; 
- Pensar sobre o parceiro como o aliado do 
dia de hoje; 
- Compartilhar poder e recursos 
(compartilhar informação de forma 
inteligente); 
- Estruturar aliança estratégica de forma 
prudente. 
O artigo busca explicar a formação, 
implementação e consequências de alianças 
estratégicas entre atores autônomos no 
campo organizacional. As empresas 
colaboradoras experimentam o aumento da 
integração e formalização da governança de 
Civil na UFRGS, Assistente jurídica voluntária no SAJU 
na área de Direito Civil 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
25 
 
suas relações intraorganizacionais. 
Governança é a combinação de mecanismos 
de controle jurídico e social que visa 
coordenar e salvaguardar os recursos dos 
aliados, elencar responsabilidades 
operacionais e a dividir os retornos das 
atividades em conjunto. 
Uma aliança estratégica envolve no mínimo 
dois parceiros comerciais que: 
- Permanecem juridicamente independentes 
após a formação da aliança; 
- Compartilham os benefícios e controle 
gerencial da performance das tarefas 
estabelecidas; 
- Fazem constantes contribuições em uma 
ou mais áreas estratégicas como tecnologia 
ou produtos. 
A formação de relações em rede é 
intimamente ligada com a criação de normas 
que promovem confiança e reciprocidade 
econômica (social capital). Apesar de 
relações em rede e capital social serem 
conceitos próximos, não são idênticos. 
Relações em rede podem gerar um capital 
social corporativo na forma de prestígio 
organizacional, reputação, status e 
reconhecimento de marca. 
 
Alianças estratégicas como formas híbridas 
 
Quando uma restrição jurídica ou econômica 
impede uma empresa de usar hierarquia ou 
controle total como uma solução, esta pode 
vir a optar por entrar em uma aliança para 
contrariar certas forças do mercado que 
ameaçam seu bem-estar comercial. Alianças 
combinam os ativos e capacidades com as 
incertezas e responsabilidades de todas as 
partes. Cooperação efetiva requer 
comprometimento sério dos parceiros em 
não tirar vantagem do outro quando 
oportunidades surgem. 
 
Motivos estratégicos, intenções e escolhas 
 
Empresas apostam em alianças estratégicas 
por muitos motivos: para aumentar sua 
capacidade produtiva, para reduzir 
incertezas em suas estruturas internas e 
ambientes externos, para adquirir vantagens 
competitivas que permitam a o aumento do 
lucro ou ganhos em futuras oportunidades 
negociais que irão permitir que estes 
comandem valores de mercado mais altos na 
sua comercialização. 
Os motivos estratégicos pelos quais 
empresas embarcam na formação de 
alianças são vários: 
1) Busca por mercado; 
2) Aquisiçãode meios de distribuição; 
3) Ganhar acesso a nova tecnologia; 
4) Aprender e internalizar habilidades 
tácitas, coletivas e embutidas. 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
26 
 
5) Conquistar integração vertical, recriar e 
estender conexões de fornecimento para 
ajuste às mudanças de mercado; 
6) Diversificação em novos negócios; 
7) Reestruturar e melhorar negócios; 
8) Compartilhamento de custos e 
concentração de recursos; 
9) Desenvolvimento de produtos, 
tecnologias e recursos; 
10) Redução de riscos e diversificação de 
riscos; 
11) Alcançar vantagem competitiva; 
12) Cooperação de potenciais rivais ou pré-
esvaziamento de concorrência; 
13) Especialização conjunta; 
14) Superação de barreiras legais e 
regulatórias; 
15) legitimação, bandwagon effect 
(tendência das pessoas fazerem coisas 
porque outras pessoas também estão 
fazendo) e seguir tendências da indústria. 
A decisão de cooperar não é uma ação 
responsiva, mas fundamentalmente uma 
intenção estratégica que busca evoluir as 
circunstâncias futuras para cada empresa 
individual e para a sua relação de 
cooperação conjunta. 
As formas de aliança variam com a posição 
das empresas no mercado (líder e seguidora) 
e a importância estratégica de colaborações 
com o portfolio de trabalho de cada parceiro 
comercial (atividade principal ou 
subsidiária). As empresas tendem a proteger 
sua atividade principal e muitos estão 
dispostos a formar alianças envolvendo 
atividades secundárias que oferecem um 
mais amplo escopo do aprendizado 
organizacional e menos vulnerabilidade no 
compartilhamento de informação 
confidencial. 
 
A implementação de alianças estratégicas 
 
Os problemas da implementação de alianças 
incluem a escolha de mecanismos de 
governança: ressaltando a confiança e a 
reciprocidade entre os parceiros, 
gerenciando a integração de staffs de 
diferentes culturas organizacionais, resolver 
conflitos que surjam entre parceiros com 
expectativas divergentes sobre a 
contribuição para a sua colaboração etc. 
 
Contratação relacional 
 
Um contrato baseado na confiança 
(relational contract) contraria as incertezas 
associadas a envolvimento independente 
em negociações. As formas de governança 
relacional repousam nos diversos 
mecanismos de coordenação como normas 
recíprocas, confiança intraorganizacional e 
capital social enriquecido por muitas trocas 
e interações sociais. Contrato baseado na 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
27 
 
confiança abrange não somente termos não 
especificados e condições em contratos 
complexos e de prazo indeterminado, mas 
também estratégias coletivas 
intraorganizacionais para eliminar rivalidade 
na tácita coordenação. 
Um problema central permanece sendo 
sobre a maneira de melhor balancear a 
interdependência e o controle com formas 
alternativas de governança nas alianças 
estratégicas. A governança se propõe a 
apresentar mecanismos particulares 
importantes para solução de conflitos e 
preservação da relação com parceiros. 
 
Gerenciamento da formação da aliança 
 
A fase de implementação geralmente requer 
que duas empresas autônomas: 
- Reúnam um pouco de recursos humanos e 
ativos materiais; 
- Desenvolvam uma estrutura de governança 
pratica com poder suficiente e controle; e 
- Aprendam a como cooperar para benefício 
mútuo. 
Prudente atenção deve se ter para 
selecionar o staff e líderes do projeto, 
criando uma estrutura formal subsidiária 
com seu próprio quadro de diretores e 
hierarquia de autoridade interna com 
porções igualitárias na divisão de 
participação e controle dos parceiros. 
Mesmo assim, a mais meticulosa 
salvaguarda contratual não providencia 
garantias suficientes para incertezas, 
ambiguidades e disputas que 
frequentemente surgem nas operações 
cotidianas. 
Gerar confiança entre os parceiros é crucial 
para superar as suspeitas iniciais do rival 
sobre uma possível parceria meramente 
oportunista. Desigualdades no poder 
organizacional indicadas por disparidades na 
contribuição de recursos e controladas por 
cada parceiro pode impedir a criação da 
confiança em razão da disparidade dos 
parceiros na capacidade em cumprir suas 
obrigações. Alianças iniciais entre parceiros 
sem experiência prévia frequentemente 
começam com relações contratuais formais 
que expõe os parceiros somente a riscos 
pequenos. A reincidência de alianças 
estratégicas entre parceiros experientes é 
mais prováveis de repousar em 
intraorganizacional confiança do que 
salvaguardas contra um potencial 
oportunismo do parceiro. 
 
Confiança e reciprocidade 
 
O papel das normas de confiança e da 
reciprocidade na fase de implementação da 
aliança é de sustentar o período de teste 
requerido, que dura entre 6 e 18 meses, no 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
28 
 
qual os parceiros constroem estáveis e 
previsíveis estruturas para governar a sua 
colaboração, sendo uma institucionalização 
de implícitas e explícitas regras e 
procedimentos. 
 
Alcançando objetivos de aprendizagem 
 
Alianças estratégicas podem operar como 
canais institucionalizados para transferir e 
criar novas capacidades organizacionais. O 
aprendizado pode ocorrer pela exploração 
em que uma empresa absorve o know-how 
da outra ou pela experiência comum de 
parceiros na constância da implementação 
de acordos colaborativos. A primeira 
dinâmica de aprendizado traduz 
competição, enquanto a última traduz uma 
maior mutualidade e interdependência. 
Sucesso organizacional em alcançar 
objetivos de aprendizagem depende de 
diversas dimensões de conhecimento e 
estrutura organizacional como um efetivo 
processo de informação, aquisição da 
expertise do parceiro e adoção de inovações. 
 
Impactos das alianças nos parceiros 
 
Uma tarefa mais difícil é demonstrar que as 
alianças produzem substanciais resultados 
não financeiros como o aumento da 
credibilidade organizacional. Alianças 
estratégicas contribuem para melhora na 
performance de produção pelos parceiros. 
Os fatores cruciais não são o número de 
alianças formadas pelos parceiros, mas o 
recurso contributivo do perfil de cada 
parceiro. Tanto a inovação quanto os índices 
de venda aumentam substancialmente se 
uma empresa estiver mais conectada com 
parceiros ligados a inovação tecnológica e 
ricos em receita. Tais efeitos são 
especialmente importantes para empresas 
menores e mais jovens. Assim, empresas 
obtém vantagens do capital social 
corporativo do seu parceiro mesmo que a 
aliança estratégica falhe em atingir os 
objetivos formais estabelecidos. 
As percepções de satisfação da relação de 
parceria inicial e em toda sua extensão 
aumentaram com parceiros que tinham 
melhor reputação no gerenciamento de 
qualidade, com processo de decisão 
compartilhada; com semelhanças 
estratégicas entre ambos os parceiros. 
 
 
 
_______________________________________ 
 
 
 
 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
29 
 
Fátima Cabeleira Almeida Zucchetto10 
 
BALESTRIN, Alsones; VERSCHOORE, Jorge Renato; 
PERUCIA, Alexandre. A visão relacional da estratégia: 
evidências empíricas em redes de cooperação 
empresarial. BASE-Revista de Administração e 
Contabilidade da Unisinos, v. 11, n. 1, p. 47-58, 2014 
 
Introdução 
 
A colaboração interorganizacional é uma 
realidade que atrai o interesse crescente nos 
estudos organizacionais. Tal crescimento é 
significativamente nutrido pela dinâmica 
colaborativa, social e tecnológica,o que 
estimula e propaga a prática de ações 
coletivas entre as organizações (Castells, 
2000). Alianças estratégicas, supply chain, 
redes, joint ventures, distritos industriais, 
consórcios e associações são exemplos de 
configurações organizacionais surgidas 
como consequência desta dinâmica 
colaborativa. Partindo deste cenário 
crescente em que as organizações estão 
inseridas, novos estudos são necessários 
para o entendimento do processo 
competitivo entre as empresas, a partir da 
visão relacional, que observa a cooperação 
como meio para as organizações atingirem 
melhores resultados, diferentemente das 
premissas dominantes na área estrategista, 
preconizada por ações individualistas e de 
 
10 Graduada em Direito e Comércio Exterior pela PUC 
MG, Pós-Graduada em Direito Notarial e Registral 
barganha dentro da cadeia mercadológica 
(Gause, 1934; Barney, 1991). 
Essa nova visão teórica traz consigo a 
necessidade de novas discussões acerca das 
afirmações consagradas no campo da 
estratégia. Segundo alguns autores (Child et 
al., 2005; Zaheer et al., 2010), o 
entendimento de entidades autônomas 
lutando, isoladamente, para sua 
sobrevivência no mercado, abre a 
possibilidade, no campo das estratégias 
coletivas, de uma cooperação mútua com 
foco no alcance de seus objetivos 
estratégicos (Ibarra e Hansen, 2011). 
Diante desse cenário, o estudo trazido pelo 
presente artigo desenvolve evidências 
teóricas e empíricas que permitem 
demonstrar a forma como algumas 
organizações têm conquistado vantagens 
competitivas por meio de práticas de 
cooperação. 
Assim, o artigo parte da teorização acerca de 
três perspectivas dominantes no campo da 
estratégica, quais sejam, estrutura da 
indústria, visão baseada em recursos e 
custos de transação. Exploram-se essas 
perspectivas sob a ótica relacional da 
estratégia. 
 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
30 
 
 
A visão dominante do campo da estratégia 
Estrutura da indústria 
 
O alcance da harmonia entre cooperação e 
estratégia, com base na visão dominante do 
campo da estratégia, apresenta certa 
dificuldade, haja vista o posicionamento 
doutrinário majoritário. Para Benkler (2011), 
a competição entre as empresas é elemento 
principal no campo da estratégia (Benkler, 
2011). O princípio da exclusão competitiva 
trazido por Gause (1934) é base para muitas 
teorias dispostas acerca da perspectiva 
clássica de competição em matéria de 
estratégia. Este autor diz que uma espécie 
existente em um ambiente de igualdade 
deve excluir a concorrência e se posicionar 
como líder, do contrário, não sobreviverá. 
Partindo dessa premissa, diversos estudos 
surgiram baseados na visão dominante, mais 
precisamente, via três perspectivas, quais 
sejam: estrutura da indústria, visão baseada 
em recursos e custos de transação (Gulati et 
al, 2000). 
O maior expoente na década de 1980, 
Michael Porter, trouxe conceitos focados na 
estrutura da indústria e consolidou a ideia de 
que uma estratégia advém de análise 
sistemática da indústria ou seu segmento. A 
partir da observância das cinco forças 
competitivas (Porter, 1986), que são: (I) 
ameaça de novos entrantes; (II) poder de 
barganha dos fornecedores; (III) poder de 
barganha dos compradores; (IV) ameaça de 
produtos substitutos e (V) nível de rivalidade 
concorrencial, constatou-se a influência que 
estas exercem na formação de preços, 
custos e investimentos necessários às 
empresas. Com isto, quanto maior a 
rivalidade entre os concorrentes, menor a 
possibilidade de margens superiores de 
lucro (Porter, 1986). 
 
Visão baseada em recursos 
 
Na visão baseada em recursos, o foco está na 
administração dos recursos intangíveis ou 
exclusivos que uma empresa detém, 
trazendo para essa uma vantagem 
competitiva. Para Barney (1991), estes 
recursos devem possuir quatro propriedades 
a fim de proporcionar vantagem 
competitiva, que são: valor, raridade, 
imperfeita imitabilidade e dificuldade de 
substituição, podendo ser divididas em três 
categorias: recursos físicos, recursos 
humanos e recursos organizacionais. 
Custos de transação 
 
A terceira perspectiva, conhecida como 
custos de transação, se dedica a entender o 
custo de produção de uma empresa. 
Apurando o custo, pode-se tomar decisões 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
31 
 
em relação à produção interna ou 
contratação no mercado. 
Largamente estudada, essa perspectiva foi 
abordada pela teoria econômica, que 
destacou duas formas de governança das 
atividades econômicas: mercado e 
hierarquia. Segundo Coase (1937), o meio 
mais eficiente para produção de 
determinado produto seria direcionar a 
produção de seus componentes às empresas 
especializadas, no entanto, essa não é a 
realidade de muitas empresas, uma vez que 
essa prática gera custos de transação 
(Williamsom, 1975). 
Sempre que uma empresa precisar definir e 
gerenciar suas transações com outra, haverá 
custo de transação, muitas vezes não 
tratados pelas empresas, seja na negociação 
e formalização de contratos, seja no 
gerenciamento de clientes. Com isto, a 
questão central na existência de custos de 
transação tem liame com a confiança nas 
relações interorganizacionais (Bachmann e 
Zaheer, 2008). 
Por fim, pode-se notar que as perspectivas 
dominantes no campo da estratégia, através 
da estrutura de indústria, da visão baseada 
em recursos e dos custos de transação, 
dizem respeito à busca da vantagem 
competitiva entre empresas, onde 
necessariamente deve existir um ganho de 
um lado e uma perda de outro (Axelrod, 
1984). 
Assim, faz-se necessária uma compreensão 
teórica mais abrangente dos postulados 
essenciais das perspectivas dominantes, por 
meio de uma visão relacional, a fim de 
discutir possibilidades, como a existência de 
resultados positivos para ambos os lados da 
relação. 
 
A visão relacional da estratégia 
 
A partir da década de 1980, a visão relacional 
da estratégia surgiu com maior força. 
Direcionada às relações de estratégia de 
cooperação entre as organizações, a “visão 
relacional da estratégia” engloba uma 
quantidade de termos, como “estratégias 
coletivas”, “cooperação empresarial” e 
“relações interorganizacionais”, entre 
outros, muitas vezes entendidos como 
sinônimos, porém, não podem ser 
confundidos (Cropper et al., 2008). 
A consolidação do conceito de estratégias 
coletivas foi fruto de estudos de Astley 
(1984) e de Astley e Fombrun (1983), que 
possibilitou entender que as estratégias das 
empresas não necessariamente devem 
acontecer por meio de ambientes 
competitivos, traçando várias alternativas 
de ações colaborativas de curta e longa 
duração. 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
32 
 
Astley (1984) identificou três visões 
organizacionais, resumidas em: “cavaleiro 
solitário” (empresa é pioneira e luta contra 
condições impostas), “orientação 
egocêntrica’ (empresa é autossuficiente e 
toma ações independentes) e “orientação 
militar da estratégia” (organizações vistas 
como inimigas, lutando em ambiente voraz a 
fim de conquistar posição estratégica no 
campo de batalha). 
Em oposição a essas visões, Astley (1984) 
idealiza a colaboração como conceito de 
negócios, convertendo o conceito de 
competição para o de cooperação, de única 
organização para grupo de organizações e de 
separação para união. 
No decorrer da década de 1980, surgiram 
novos estudos acerca da compreensão da 
visão relacional. Nalebuff e Brandenburger 
(1996), colocaram em discussão as 
consequênciasdas estratégias competitivas 
e colaborativas, pois uma vez que a visão 
individualista e competitiva pode trazer 
perdas às organizações, como guerra de 
preços, a visão coletiva e colaborativa pode 
atrair oportunistas e competidores desleais, 
como o furto de segredos, por exemplo. As 
empresas devem conhecer os pontos 
positivos e negativos das estratégias 
individuais e coletivas para, então, tomar 
suas decisões com base no ambiente em que 
se inserem e as empresas participantes do 
negócio (Luo, 2004). Fornecedores e 
fabricantes dispostos a colaborar colherão 
maiores benefícios, uma vez que alcançarão 
maiores vendas e lucros, como no caso da 
Toyota e seus parceiros (Dyer e Nobeoka, 
2000). 
Com o passar do tempo, ambientes 
dinâmicos dificultam a manutenção da 
propriedade ou o controle dos recursos 
valiosos. Assim, os estudos de Hall (1992, 
1993) apontam que a cooperação é o 
caminho mais rápido para as empresas 
conquistarem recursos intangíveis em 
ambientes exigíveis em conhecimento. 
Powell (1998), destaca que a 
competitividade de uma empresa 
dependerá muito mais da habilidade em 
gerir e coordenar recursos junto a parceiros 
do que procurar dominar os recursos 
estratégicos. 
Conforme a visão relacional, a estratégia 
coletiva traz uma vasta fonte de recursos por 
meio de uma rede de acesso com valiosas 
informações, compartilhamento de 
conhecimento, investimentos específicos de 
relacionamento e efetiva governança. Com 
isto, a rede cria um recurso competitivo de 
difícil imitação, potencializando novas ações 
conjuntas de seus integrantes (Dyer e Singh, 
1998); Gulati, 1999). 
 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
33 
 
Considerações finais 
 
Com base nas evidências constatadas nas 
iniciativas adotadas no Estado do Rio Grande 
do Sul, foi possível consolidar as teorias 
estudadas. Consoante ao exposto, a visão 
relacional de estratégia permite melhor 
entendimento das perspectivas de estrutura 
da indústria, da visão baseada em recursos e 
dos custos de transação. A colaboração 
entre clientes, fornecedores e concorrentes 
é impulsionada pelas redes 
interorganizacionais, via ações coletivas, 
promovendo o aprendizado mútuo, 
coespecialidade, escala e aumento dos 
ganhos individuais dos agentes envolvidos. 
A visão relacional de estratégias estudada no 
presente artigo infere alguns 
questionamentos, quais sejam: a abordagem 
da competição individual da empresa, 
baseada na estrutura da indústria, que 
sugere a possibilidade de alcançar maior 
competitividade partindo de ações coletivas 
(Jarillo, 1988; Dyer e Nobeoka, 2000). As 
estratégias coletivas auxiliam na visão 
baseada em recursos, uma vez que ativos 
construídos em conjunto também podem 
gerar estratégia competitiva eficiente (Hall, 
1992, 1993; Powell, 1998). Ainda, a 
 
Graduado em Direito pela Universidade Regional 
Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus 
Frederico Westphalen/RS, Pós-Graduado em nível de 
confiança pode permitir a redução de custos 
de transação, complementando a teoria dos 
custos de transação, conforme práticas nas 
redes do Rio Grande do Sul. 
 
 
_______________________________________ 
 
 
 
Vitor Luís Botton11 
 
ANTUNES, Junico; BALESTRIN, Alsones; 
VERSCHOORE, Jorge. Práticas de gestão de redes de 
cooperação. São Leopoldo: Unisinos, 2010 
 
Inicialmente, para fins de introdução, o livro 
aborda sobre um projeto realizado em 
conjunto pelo Governo do Estado do Rio 
Grande do Sul, por meio da Secretaria de 
Desenvolvimento e dos Assuntos 
Internacionais, referente às redes de 
cooperação de empresas estudadas e do 
Grupo de Estudos em Relações 
Interorganizacionais (GeRedes). 
 
 
 
 
 
 
 
Especialização em Direito Contratual pela Faculdade 
Cers, Mestrando do PPGDireito da Faculdade 
Meridional – IMED. 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
34 
 
PARTE 1 – A gestão de redes de cooperação 
empresarial 
 
Capítulo 1 – Gestão de redes de cooperação 
empresarial 
 
O universo dos negócios está cada vez mais 
conectado à nível global, sendo assim, a 
ideia de redes de cooperação está embasada 
nos conceitos de cooperação e de rede, 
tendo por objetivo potencializar as 
organizações a responderem de forma mais 
eficaz as mudanças no ambiente e/ou no 
mercado, reduzindo incertezas associadas à 
diferentes operações. 
As redes de cooperação reúnem 
empreendimentos que possuem objetivos 
comuns. São dedicadas a desenvolver 
ganhos coletivos, sem que as empresas 
participantes venham a perder a sua 
autonomia de gestão. Assim, unem aspectos 
ligados a flexibilidade e agilidade, e 
aumentam a escala no mercado, priorizando 
a ideia de ganhos coletivos na cooperação 
em rede. 
É cediço que as pequenas empresas 
apresentam dificuldades de competição com 
empresas maiores, em razão de custos 
elevados de produção, pequena escala, 
desconhecimento de mercado, deficiência 
em tecnologia, capacitação, obtenção de 
crédito, entre outros. 
Desta forma, as redes de cooperação 
empresarial são uma ferramenta 
organizacional eficaz para a evolução das 
empresas, principalmente as de menor 
porte, eis que tem o poder de aumentar a 
competitividade para as empresas 
associadas, por meio de ações uniformizadas 
e padronizadas, que possibilitam o ganho de 
escala relacionado com as várias formas de 
união entre as empresas, melhorando a sua 
fatia de participação no mercado, mantendo 
a ação flexível das empresas que constituem 
a rede, na qual cada membro mantém sua 
individualidade legal. 
Em linhas gerais, o processo de gestão é 
democrático, em que existe uma 
participação horizontal e ativa entre as 
empresas envolvidas, abrindo espaço para a 
participação optativa dos membros nas 
decisões da rede. Ademais, a direção, 
formada por representantes dos próprios 
associados, assume as decisões operacionais 
e de controle. No entanto, nada impede que 
em redes mais maduras e de maior porte se 
profissionalize a gestão executiva da rede. 
Outrossim, os associados devem observar 
que a rede de cooperação deve ser 
percebida como uma “nova empresa”, e que 
um ponto essencial neste processo de 
gestão é que os ganhos gerados em conjunto 
pelas empresas integrantes sejam 
Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 
 
 
35 
 
distribuídos da forma mais igualitária 
possível. 
A rede, como uma “nova empresa”, deve 
traçar objetivos e estratégica de longo prazo, 
baseada em elementos como: o valor da 
reputação; a interdependência dos recursos 
e das empresas; a complementaridade de 
recursos; a comunicação relacional; a busca 
permanente da flexibilidade; o 
comprometimento e a ênfase coletiva no 
planejamento nas ações; estratégia; o 
planejamento; a direção; e o staff. 
A ideia central para a formação de redes está 
no fato de que as relações de cooperação 
possam resultar em ganhos para todos os 
envolvidos, quais sejam: a possibilidade de 
ampliar a capacidade de ação de uma 
determinada empresa individual a partir de 
uma perspectiva coletiva; ganhos de escala e 
os ganhos relativos ao poder de mercado; 
geração de soluções coletivas que tende a 
permitir a geração e disponibilização de 
soluções a partir da rede na qual a empresa 
se insere; redução dos custos e riscos 
assumidos pelas empresas associadas; 
acúmulo de capital social, ganhos de 
aprendizagem coletiva. 
Deve-se destacar, ainda, a importância dos 
instrumentos de gestão das redes, que 
podem ser classificados em quatro grandes 
grupos: i) contratuais; ii) estratégicos; iii) 
decisão; e iv)

Continue navegando