Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Coordenadores: Arnaldo Rizzardo Filho Christiane Baladão Alexandre Torres Petry Autores: Arnaldo Rizzardo Filho Christiane Baladão Cristiane de Mello Mascarenhas Eduarda Jade Stumer Santos Eduardo Teixeira Farah Eva Motta Fátima Cabeleira Almeida Zucchetto Laura Schroder Feijó Lucas Uster Matheus da Silva Pitaméia Renata Pozzi Kretzmann Rosângela Souza de Souza Sandy Danielle da Silva Fernandes Víctor Villamil Ferreira Vitor Luís Botton Vitória de Bona CADERNO DE RESUMOS DO GRUPO DE ESTUDOS DE REDES CONTRATUAIS E ESTRUTURAS DE PLATAFORMA Porto Alegre, 2022 Copyright © 2022 by Ordem dos Advogados do Brasil Todos os direitos reservados Coordenadores Arnaldo Rizzardo Filho Christiane Baladão Alexandre Torres Petry Jovita Cristina Garcia dos Santos – CRB 10ª/1517 A revisão de Língua Portuguesa e a digitação, bem como os conceitos emitidos em trabalhos assinados, são de responsabilidade dos seus autores. Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do Rio Grande do Sul Rua Washington Luiz, 1110 –Centro Histórico CEP 90010-460 - Porto Alegre/RS C129 Caderno de resumos do grupo de estudos redes contratuais e estruturas de plataforma [recurso eletrônico]. /Arnaldo Rizzardo Filho, Christiane Baladão. (Coord).2.ed. -Porto Alegre: OABRS, 2022.122. ISBN: 978-65-88371-19-0 1. Contratos. 2. Redes contratuais. 3. Estrutura de plataformas I. Rizzardo Filho, Arnando. II. Baladão, Christiane. III. Escola Superior de Advocacia/OABRS. CDU: 347.44 SUMÁRIO PREFÁCIO........................................................................................................................... 6 À EDIÇÃO DE 2021 – 1º SEMESTRE .................................................................................... 7 À EDIÇÃO DE 2022 1º SEMESTRE ....................................................................................... 8 PLATAFORMAS DIGITAIS ................................................................................................................ 9 CHRIS BALADÃO ................................................................................................................. 9 SANDY DANIELLE DA SILVA FERNANDES .......................................................................... 11 LUCAS USTER ................................................................................................................... 14 EVA MOTTA ..................................................................................................................... 17 TEORIA ORGANIZACIONAL .......................................................................................................... 21 CHRISTIANE BALADÃO ..................................................................................................... 21 EDUARDA JADE STUMER SANTOS .................................................................................... 24 FÁTIMA CABELEIRA ALMEIDA ZUCCHETTO ...................................................................... 29 VITOR LUÍS BOTTON ........................................................................................................ 33 EVA MOTTA ..................................................................................................................... 38 CRISTIANE DE MELLO MASCARENHAS ............................................................................. 42 ROSÂNGELA SOUZA DE SOUZA ........................................................................................ 46 ECONOMIA .......................................................................................................................................... 49 LAURA SCHROEDER FEIJÓ ................................................................................................ 49 ROSÂNGELA SOUZA DE SOUZA ........................................................................................ 52 EVA MOTTA ..................................................................................................................... 57 EDUARDO TEIXEIRA FARAH .............................................................................................. 60 MATHEUS DA SILVA PITAMÉIA ......................................................................................... 66 DIREITO ............................................................................................................................................. 69 EDUARDA JADE STUMER SANTOS .................................................................................... 69 LAURA SCHROEDER FEIJÓ ................................................................................................ 78 SANDY DANIELLE DA SILVA FERNANDES .......................................................................... 84 LAURA SCHRODER FEIJÓ .................................................................................................. 88 VÍCTOR VILLAMIL FERREIRA ............................................................................................. 90 SOCIOLOGIA..................................................................................................................................... 96 ARNALDO RIZZARDO FILHO ............................................................................................. 96 SANDY DANIELLE DA SILVA FERNANDES ........................................................................ 100 EDUARDA JADE STUMER SANTOS .................................................................................. 105 VITÓRIA DE BONA .......................................................................................................... 111 PALESTRAS ..................................................................................................................................... 115 RENATA POZZI KRETZMANN .......................................................................................... 115 Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 6 PREFÁCIO Honra-me os autores com convite de prefaciar a segunda edição do Caderno de Resumos do Grupo de Estudos Rede Contratuais e Estrutura de Plataforma, resultado das investigações desenvolvidas no Grupo de Estudos Redes Contratuais da Escola Superior da Advocacia do Rio Grande do Sul e da Comissão da Jovem Advocacia. Este livro reflete o trabalho comprometido e competente dos moderadores dos Grupos de Estudos, atividade esta que proporciona à advocacia gaúcha o diálogo e a construção de pontes de conhecimento. Por oportuno, há que se destacar o papel dos moderadores no enfrentamento dos diversos obstáculos no período de pandemia da COVID-19 para a continuidade das atividades dos Grupos de Estudos. Em um momento de extrema crise, o trabalho sério e dedicado dos advogados e das advogadas na condução dos Grupos de Estudos, oportunizou a participação de 5.277 pessoas nos encontros virtuais e a promoção de importantes reflexões acerca dos novos desafios que se apresentam para a advocacia. Aos colegas, Arnaldo Rizzardo Filho, Alexandre Torres Petry e Christiane Baladão, organizadores deste e-book, registro a minha admiração e o meu agradecimento pela notável contribuição para o aperfeiçoamento da advocacia e para a evolução da Ciência do Direito que tive o orgulho de testemunhar como Diretora de Cursos Permanentes da ESA/RS nesta e na gestão anterior. Aos leitores e às leitoras, desejamos uma boa e profícua leitura e que esta obra sirva de inspiração para o debate acerca do fenômeno da organização contratual em formato de rede que o Grupo de Estudos Redes Contratuais, conduzido pelo brilhante advogado Arnaldo Rizzardo Filho, desde o ano de 2021,nos convida a “parar, respirar, observar a sociedade científica a sua volta, e entender que existem sentidos congruentes em diversas perspectivas sociais”. Porto Alegre, setembro de 2022. Fernanda Corrêa Osorio Diretora de Cursos Permanentes da ESA- OAB/RS Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 7 APRESENTAÇÃO À EDIÇÃO DE 2021 – 1º SEMESTRE O Grupo de Estudos de Redes Contratuais na Escola Superior da Advocacia da Ordem dos Advogados do Brasil – Subseção Rio Grande do Sul começou seus encontros no segundo semestre de 2021, com o intuito de estudar o fenômeno da organização contratual em formato de rede. No Grupo participam pesquisadores, profissionais da área do direito, estudantes de graduação e pós graduação. A partir do Curso de Redes Contratuais (quarta edição ocorreu em 2021) e do número considerável de inscritos, e tendo em vista as discussões realizadas nas aulas, mostrou-se necessário a continuidade mais aprofundada dos temas multidisciplinares do Curso, que abrange Teoria Organizacional (Administração de Empresas), Sociologia, Economia e Direito. Os interessados e o coordenador organizaram seminários e discutiram as primeiras teses e estudos sobre a origem das redes, as motivações, as justificativas de décadas atrás e que estão em consenso com o tempo atual, o conceito das redes, a diversidade da terminologia (redes de cooperação, redes interorganizacionais, redes de negócios, redes contratuais), a compreensão de ferramenta de estratégia, as formas de constituição/construção, os mecanismos de gestão e de governança, dentre outros temas que são de relevância para o Direito. O Grupo busca a interseccionalidade entre as mais diversas teorias de diversas ciências que tratam das redes contratuais. Entendemos que o Direito, ou melhor, os operadores do Direito devem parar, respirar, observar a sociedade científica em sua volta, e entender que existem sentidos congruentes em diversas perspectivas sociais. Deve-se tirar a venda dos olhos de Themis, afinal de contas, ninguém sabe ao certo porque lhe vendaram. A cada encontro realizado, integrantes do Grupo apresentaram textos e construíram resumo dos mesmos. Esses resumos são aqui apresentados para aqueles que trabalham ou estudam as redes possam, de forma célere, pesquisar temas correlatos de seu interesse. Este caderno, portanto, almeja ser apenas um “catálogo de resumos”, interdisciplinar, de literaturas que tratam das redes, para que sirva de apoio ao início de uma compreensão mais profunda sobre as redes contratuais, tanto em termos profissionais quanto em termos acadêmicos. Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 8 APRESENTAÇÃO À EDIÇÃO DE 2022 1º SEMESTRE O Grupo de Estudos de Redes Contratuais na Escola Superior da Advocacia da Ordem dos Advogados do Brasil – Subseção Rio Grande do Sul foi aberto no segundo semestre de 2021, com o intuito de estudar o fenômeno da organização contratual em formato de rede. A partir do curso de Redes Contratuais e do número de inscritos, considerando as discussões que foram realizadas nas aulas, os interessados na continuidade dos estudos e demais participantes, já estão na terceira edição do Grupo, agora coordenados pelo Professor Arnaldo Rizzardo Junior e pela advogada Christiane Baladão. Em uma abordagem atualizada e interseccional, as discussões e os estudos geraram a elaboração de artigos pelos participantes, que abrange a Teoria Organizacional (Administração de Empresas), Sociologia, Economia e Direito, contemplando ainda análise sobre novos modelos de negócios. Formatação de negócios em rede significa pensar no modelo de negócio de cada rede a partir dos ativos específicos que pretende explorar e a consequente estruturação instrumental da rede. Um modelo de crescimento orgânico e celular, onde replicar é estratégia, é unificação de propósitos e interesses. Por meio do associativismo/cooperação, colaboração e coordenação empresarial, uma modalidade estratégica de exponencializar qualquer tipo de negócio. Por tratar-se de tema que pode ser amplamente discutido por várias ciências, os participantes a partir de textos selecionados em que versavam sobre os conceitos, teorias, motivações, fundamentos das redes contratuais, complementaram-se com estudos envolvendo os atuais modelos de negócio em Economia compartilhada, Economia colaborativa, Relações negociais estabelecidas de forma individual, Drivers do Consumo Colaborativo, Crowd Companies e Crowdsourcing. Dos textos discutidos, os participantes apresentaram os resumos que são aqui apresentados para aqueles que trabalham ou estudam as redes com intuito de ampliar o entendimento e a compreensão sobre o tema. Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 9 PLATAFORMAS DIGITAIS Organizações Autônomas Descentralizadas (DAOs) Chris Baladão1 GUIMARÃES, Alysson. Inteligencia Coletiva, DAOs e Teoria Ator-rede. “A importância das redes está na capacidade de ampliar o poder de ferramentas humanas culturais relacionadas à sociabilidade, economia e a política (MARGOTO e FERNANDES, 2015)2” Conceituar, colocar em definição, determinar os limites é a forma mais pragmática de conseguirmos configurar uma compreensão sobre determinado tema, estratégia está identificada neste texto que aborda as semelhanças e as conexões entre os estudos sobre um tema tão atual que são as Organizações Autônomas Descentralizadas. Uma nova forma de organização autogerida e autônoma mantida por práticas de inteligência coletiva, frameworks organizacionais a partir de inteligência 1Advogada. Formada em Direito pela PUCRS em 2006. Especialista em Direito e Processo do Trabalho e cursou especialização de Gestão em Tributos e Planejamento Tributário pela mesma universidade. distribuída com coordenação em tempo real. Estamos falando da inteligência e dos mecanismos que surgiram a partir da inteligência tecnológica advinda da Web 2.0, que compreende a segunda geração de comunidades e serviços a partir da internet, termo popularizado a partir de 2004 pela empresa americana O'Reilly Media. Desenvolver soluções de maneira compartilhada como soma das capacidades individuais, a partir da inteligência coletiva e da acessibilidade ilimitada que os pares, as partes, os indivíduos passam a ter, por fim, uma condução consensual, pressupondo sempre que esses indivíduos e esses agentes pretendem essa auto-gestão. Amparada na capacidade distribuída das informações que se apresenta a inteligência coletiva, é pela cadeia de blocos - Blockchain- que as DAOS - Organizações Autonomas Descentralizadas estão em ferramenta estabelecidas. Uma série de blocos encadeados que formam um registro de histórico, chaves públicas e privadas que permitem a permanência de um registro público. “Um grande livro contábil, público e descentralizado, onde constam de forma 2MARGOTO, Julia B.; FERNANDES, Jorge H. C.. Inteligência coletiva, redes sociais e capital social: em busca de conexões conceituais. Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, v. 20, n. 42, p. 93–108, jan. /abr., 2015 Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 10 imutável o registro de todas as operações ocorridas na rede”3 A evoluçãoda adoção das práticas em cadeia de blocos implicou na formação das DAOS - Organizações Autônomas Descentralizadas que, portanto, ocorrem e são identificadas tão somente no mundo virtual, na internet. Estes registros auto executáveis, que decorrem de prévias regras estabelecidas a partir de um pensar sobre o que vai desencadear a formação da ação subsequente, há uma auto regulação constante. Por protocolos, comandos automáticos - os contratos inteligentes, onde as ações são praticadas a partir de mecanismos de consenso, uma assembleia é estabelecida. Sim, a lógica da tecnologia aqui discutida pode ser facilmente compreendida pela configuração desse instituto jurídico encontrado em entidades coletivas, órgão que compreende a reunião de pessoas que têm algum interesse comum, com a finalidade de discutir e deliberar sobre temas determinados. A partir de um token, uma tecnologia criptografada que contém em si um poder, um comando, para completar uma determinada tarefa, com regras e processos 3RODRIGUES, Carlos Alexandre. Blockchain e Criptomoedas. 2. ed.rev - Salvador: EDjusPodivm, 2021, p.26. implementados para a estrutura e para a operação da organização (on-chain e off- chain), onde toda a tomada de decisão se dará coletivamente. O voto aqui é tangibilizado pelo token de governança, primando por uma perspectiva de negócios em que o consenso é intrínseco ao negócio em si, a partir de mecanismos centralizados de confiança. E nesse sentido, a Teoria ator-rede aborda a forma de evitar a hierarquia de agentes, de atores, de ajustes que evitem protagonismos, primando pelo agir em conjunto, em rede. E para tanto tem-se a figura do “assemblages”, redes de influência compreendida a partir da identidade de causa de cada um dos integrantes, pois as ferramentas estabelecidas por esta teoria está vinculada nas maneiras, motivos e circunstâncias que atores e organizações se assemelham, ou seja, efeito ou consequência que, a partir das Organizações Autônomas Descentralizadas - DAOS, são as propriedades algorítmicas que correspondem a capacidade de influência. Por consequência as Organizações Autônomas Descentralizadas- DAO são as redes de influências, o próprio assemblage, com atores humanos e não humanos, aptos Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 11 e interessados em, coletivamente, alinhar soluções para problemas comuns. Em inicial experimentação e em aplicação muito pontual, já encontram-se registros da aplicação das Organizações Autônomas Descentralizadas- DAO, a maioria aplicada em serviços financeiros descentralizados, mas que podem ser identificados em coletivos de desenvolvedores, de trabalhadores, de arte, de comunicação e de entretenimento. O que se pretende, por fim, é identificar novas formas de relacionamento e de gestão de negócios, novas alternativas amparadas no ciberespaço, em que a resolução e oferta tem a inteligência coletiva como instrumento, ou seja, ampliar os estudos, as análises e as discussões para além da tecnologia em si, mas para as implicações sociais da sua adoção. ________________________ 4 Advogada, Bacharel em Direito pela Universidade da Região da Campanha - URCAMP, campus Santana do Livramento; Pós-graduada em Direito e Planejamento Tributário pela Universidade Estácio de Sá; Mestranda Sandy Danielle da Silva Fernandes4 CAMPOS, César Cunha et al. Cidades Sustentáveis. FGV Projetos, 2018. Modelos de negócio em economia colaborativa: estruturas e impactos no âmbito das cidades, Rossana Pavinelli. Economia colaborativa é o contexto que propiciou o crescimento e popularização das redes colaborativas: trata-se, muito além de um novo modelo econômico, de um modelo de negócios onde as estruturas de rede formam a base deste, tendo inovação, tecnologia e capacidade operacional excedente como fundamentos principais para sua realização. Primeiramente deve-se explicar que economia colaborativa não é um conceito exatamente novo, pode-se dizer que ele existe desde que trocas e compartilhamentos de bens e serviços são realizados dentro de uma rede de confiança. O artigo aborda a economia colaborativa com o contexto tecnológico e seu impacto por meio da tecnologia. A autora demonstra como inovação e colaboração andam lado a lado para causar disrupção no mercado, focando principalmente na sustentabilidade e no consumo racional. A inovação é uma das principais engrenagens que move a em Direito Tributário pela Pontifícia Universidad Católica de Santa Maria de Buenos Aires; Pós- graduanda em Advocacia Corporativa pela Fundação do Ministério Público. Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 12 economia, sendo ela sempre o fator principal do aprimoramento de performances e resultados. Joseph Schumpeter tratava-a em dois formatos: a incremental, referindo-se à melhoria em processos; e a radical, referindo-se ao rompimento dos limites aos quais a inovação incremental se encontra, ocasionando o que chama de disrupção criativa. A inovação não refere-se apenas a inserção de um novo produto ou serviço no mercado, mas também a novos ou melhorados processos ou métodos ou práticas de negócios, desde que causem algum tipo de disrupção no mercado. Como exemplo dos modelos colaborativos focados na ideia de open inovation, a autora traz os processos de inovação ou de produção, realizados a partir de colaboração externa, muito comum nas áreas tecnológicas, como é o caso da IBM (que incentiva competições com o escopo de identificar novas soluções para seus produtos, abrindo seus laboratórios para usuários e programadores), e da Linux (que revolucionou o mundo tecnológico ao abrir seu código de software e criar um ambiente colaborativo entre usuários). A colaboração facilita a troca de conhecimento e de inovação, e por conta disso, a estrutura das redes propicia que essas disrupções sejam mais fáceis de serem alcançadas. Negócios que são realizados pelo modelo da economia compartilhada geralmente se debruçam em cima de dois grandes apelos dos consumidores: a sustentabilidade e o consumo racional. Por conta dessas preocupações dos consumidores, abre-se espaço para negócios mais sustentáveis, utilizando-se da capacidade excedente disponível. Por conta de sua estrutura e organização, as redes facilitam que esses apelos se tornem mais acessíveis, tanto para empresas quanto para consumidores. Um ótimo exemplo disso está na plataforma brasileira "Tem Açúcar?", onde se oferece um espaço para vizinhos se aproximarem e realizarem empréstimos e trocas de bens de uso doméstico, sem a necessidade de desembolso financeiro para tanto. Como muito bem questiona a autora: "para que comprar uma furadeira se o uso por ano será de apenas alguns minutos?". A estrutura das redes também permite que a governança das organizações inseridas em determinada rede seja diferente daquela de organizações mais tradicionais: nas organizações tradicionais o objetivo principal é o lucro, e as interações internas são baseadas em relações hierárquicas; já nas redes o lucro não é exatamente o Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 13 principal objetivo, podendo muitas vezes estar voltado para os ganhos de eficiência ou de escala, ou também na competitividade, que posteriormente será revertido em lucro para todas as empresas dentro desta rede. Alémdisso, os custos de operação podem ser diminuídos, uma vez que a estrutura das redes facilita a operacionalização do modelo. Jeremiah Owyang trouxe o conceito Honeycomb Grafic, uma colmeia colaborativa para representar um conselho de inovação, tendo dentro desta colmeia grandes nomes que operam em modelo de rede. Essas empresas trazem motivações sociais (como sustentabilidade, aumento populacional e contato social), motivações econômicas (como financiamento de startups e recursos inexplorados) e capacitadores tecnológicos (como tecnologias móveis, redes sociais e internet das coisas) como suas principais técnicas aplicadas aos seus negócios. Na primeira edição, a Honeycomb indicava-se empresas nos setores de transporte, espaço, serviços, alimentação, bens de consumo e dinheiro; na segunda edição acrescentou-se os setores de saúde e bem-estar, logística, corporações, utilidades, municípios e educação; e por fim, na terceira e mais atual edição acrescentou-se também os setores de transporte fragmentada em serviços de mobilidade e compartilhamento de veículos e a de saúde e bem-estar subdividida em saúde e em bem-estar e beleza, análise de dados e reputação e o suporte ao empreendedor. Isso demonstra como progressivamente tem havido um crescimento de empresas abraçando a estrutura de redes para trazer inovações voltadas para diversos segmentos da sociedade. Por último, a autora traz novas categorias para a classificação de modelos de negócios em economia colaborativa. Primeiramente ela traz compartilhamentos e colaborações via pagamento pelo acesso ou pelo uso, nessa categoria encontramos apps mais populares e conhecidos pelos usuários como Uber, AirBnb, TruckPad, entre outros. Nesta categoria o usuário não possui posse do bem ou serviço oferecido, ele terá apenas o acesso e por ele pagará. Na segunda categoria traz-se compartilhamentos e colaborações com custo marginal zero ou próximo de zero, onde não há uma troca financeira propriamente entre os usuários, mas o lucro provém de patrocinadores e da comercialização de ações e de espaços publicitários dentro do app. Os exemplos que a autora traz são as plataformas Tem Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 14 Açúcar? Waze, e as redes sociais Facebook e YouTube. Nessa categoria, não há um incentivo propriamente para as trocas financeiras, mas sim a ideia de oferecer uma plataforma para aproximar o compartilhamento entre pessoas. Na terceira categoria traz-se compartilhamentos e colaborações para contribuição a questões específicas, com a possibilidade de remuneração ou não. Esse modelo se refere a produção compartilhada e identificação de soluções, como é o caso por exemplo da Natura que tem incentivado o estabelecimento de trocas por meio de competições e ciclos de inovação, trazendo diversos representantes da sociedade de maneira a impulsionar a produtividade e a inovação. Todas essas categorias trazem fatores críticos de sucesso em comum por conta do seu modelo, apesar de operarem de maneiras diversas, podemos citar: operação em rede; baixos custos de entrada; apropriação da chamada capacidade operacional excedente; ampliação do acesso, seja a bens, serviços ou ao conhecimento; estabelecimento de relação 5 Advogado. Mestre em Direito Civil e Empresarial pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Pós-graduado em Direito da Proteção de Dados (LGPD) pela Legale, Pós- graduado em Direito Empresarial pela Legale, Membro da Associação Brasileira de Lawtechs e de confiança, com fornecedores e usuários/clientes; qualidade e agilidade. ______________________________ Lucas Uster5 Panorama das plataformas digitais de consumo colaborativo no Brasil: uma análise descritiva. Bibiana Giudice da Silva Cezar. Marina Valim Bandeira. Kathiane Benedetti Corso. Filipe Mello Dorneles. Matheus de Mello Barcellos. Considerações iniciais O artigo consolida o levantamento realizado pelos autores acerca das plataformas digitais de consumo colaborativo no Brasil. Os dados foram extraídos do site Consumo Colaborativo (https://consumocolaborativo.cc/), sendo o intuito apresentar a caracterização das plataformas digitais existentes no Brasil, suas categorias e frequência de aparição. Consumo colaborativo A internet trouxe, como benefício, o comportamento do compartilhamento. As Legaltechs (AB2L), Membro da Associação Nacional dos Profissionais de Privacidade de Dados (ANPPD), Ex-técnico judiciário no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Ex-Chefe de Serviço na Secretaria de Recursos Especiais e Extraordinários no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. https://consumocolaborativo.cc/ Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 15 pessoas estão diariamente compartilhando coisas. A prática do consumo colaborativo ajuda a ampliar a vida útil dos produtos. Um exemplo de consumo colaborativo é quando um comprador usa um produto e, após, disponibiliza-o para que outras pessoas possam comprá-lo. Outra característica do consumo colaborativo é que os produtos, ao serem vendidos, não são considerados meramente “produtos usados”, que ninguém mais quer, mas sim “produtos de segunda mão” que podem ser adquiridos por outra pessoa a um preço mais acessível. Plataformas digitais A popularização dos websites ocorreu ao final da década de 90, em que as pessoas buscavam entretenimento e interação em redes sociais virtuais. Nas últimas décadas, os smartphones colaboraram para a evolução e crescimento do uso das plataformas, principalmente em razão das possibilidades trazidas pelos aplicativos. O grande fator que gerou a expansão dos aplicativos foi o surgimento das “lojas de aplicativos”, local em que é possível realizar o download de diversos aplicativos centralizados em um único local. É importante destacar que, embora o estudo tenha analisado apenas plataformas do tipo site e aplicativo, existem outros tipos de plataformas digitais, tais como grupos e páginas de redes sociais virtuais e blogs. Contudo, em razão da dificuldade em mapear todas essas plataformas, o estudo focou em analisar aquelas já levantadas e disponíveis no site Consumo Colaborativo. Nacionalidade das plataformas digitais e atividades no Brasil das plataformas internacionais Das 111 plataformas digitais de consumo colaborativo que foram identificadas, 76 são nacionais e 35 são internacionais. Ainda, das 35 internacionais, 28 operam no Brasil. Constata-se que o Brasil está acompanhando a tendência mundial de consumo colaborativo e transformando o modo de consumir e fazer negócios. Tipos de plataformas digitais Existem diversos tipos de plataformas digitais. Contudo, o artigo priorizou dois tipos: os aplicativos e os sites. Foi identificado que, das 104 plataformas observadas, 69 atuam por meio de site e 34 por meio de aplicativo móvel. Porém, tem sido percebido o crescimento da concepção de aplicativos em detrimento de sites. Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 16 Sistemas de consumo colaborativo O consumo colaborativo pode ser dividido em três sistemas: a) Sistema de Serviços de Produto; b) Mercados de Redistribuição; c) Estilos de Vida Colaborativos. Das 104 plataformas observadas, 65% são de Estilos de Vida Colaborativos, 18% de Sistemas de Serviços de Produto e 17% de Mercados deRedistribuição. Categorias de consumo colaborativo Há diferentes categorias de consumo colaborativo abrangidas pelos sistemas de consumo colaborativo. Das 30 categorias utilizadas segundo Botsman e Rogers, foram identificadas 16 delas entre as plataformas de consumo colaborativo analisadas. Ainda, os autores acrescentaram 9 categorias e 38 subcategorias. Os autores apresentam o quadro de distribuição das categorias, sendo observado que as principais categorias são as de crowdfunding, aluguel entre pares, mapeamento colaborativo, crowdsourcing e troca livre. Categorias de consumo colaborativo do Sistema de Serviços de Produto O Sistema de Serviços de Produto compreende uma mentalidade de uso que prioriza o pagamento pelo benefício do produto em si, e não por possuí-lo. Em outras palavras, o consumidor paga pela utilização do produto sem que precise adquiri-lo. Alguns exemplos são: aluguel de brinquedos infantis, aluguel de objetos de moda e acessórios, aluguel entre pares e compartilhamento de automóveis. Mercado de redistribuição Consiste na forma de consumo colaborativo baseada na venda ou troca de produtos que não são mais utilizados por alguns, porém que podem ser utilizados por outros. Essa forma de consumo colaborativo colabora para a reutilização dos produtos, reduzindo o desperdício e o consumismo. Alguns exemplos são: plataformas de brechó, sites de troca de livros, sites de troca de brinquedos infantis. Estilos de vida colaborativos Consiste na forma de consumo colaborativo em que não são trocados somente bens tangíveis, mas também ativos intangíveis. As pessoas com interesses semelhantes procuram dividir e trocar ativos intangíveis como tempo, espaço, habilidades e dinheiro. Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 17 Alguns exemplos são: plataformas de crowdfunding, plataformas de mapeamento colaborativo, plataformas de crowdsourcing e espaços de coworking. Considerações finais A maior parte das plataformas digitais analisadas é do tipo website (sem aplicativo) e pertencente ao sistema de Estilos de Vida Colaborativos. As plataformas digitais estão revelando um novo perfil de consumidor: o consumidor que busca a responsabilidade do consumo consciente. Ainda, constatou-se que o consumo colaborativo no Brasil por meio de plataformas digitais está aumentando. _________________________________ Eva Motta6 TAPSCOTT, Don; WILLIAMS, Anthony D. Plataformas para Participação. In: Wikinomics: como a colaboração em massa pode mudar o seu negócio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007. NELE, vemos e sentimos a velocidade das inovações, impulsionadas pelo desenvolvimento de novas tecnologias. 6Graduada em Direito pela Faculdade Meridional- IMED e graduada em Ciências Contábeis pela UFRGS. Vêm, a princípio, para facilitar a vida das pessoas. Entretanto, também traz desconforto, ansiedade e angústia, na medida da impossibilidade de se acompanhar todas as mudanças. A quarta revolução industrial é um amplo sistema de tecnologias avançadas como inteligência artificial, robótica, internet das coisas e computação em nuvem que estão alterando formas de produção/trabalho e os modelos de negócios no Brasil e no mundo. Neste contexto, estão as PLATAFORMAS DIGITAIS, que possibilitaram o surgimento do mercado virtual, marketplace ou e- commerce, muitas vezes formatado como REDES CONTRATUAIS. Estas, por sua vez, inovam também na forma de ADMINISTRAR, alterando conceitos: DE PARA COMPETIÇÃO COLABORAÇÃO INDIVIDUALISMO COLETIVISMO Nessa configuração, em rede, cujos participantes são muitos, coletivismo, é necessária uma COORDENAÇÃO, que fixará regras que disciplinarão estas relações. Em especial, no que se refere a ética, confiança, respeito, comportamento, bem como Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 18 manutenção, padronização de critérios de qualidade de produtos e serviços. As PLATAFORMAS DIGITAIS são modelos de negócios que muitas vezes estão formatados como REDES CONTRATUAIS. Na economia, a expressão é utilizada para representar a organização entre indivíduos com interesses semelhantes que interagem, normalmente por meio de plataformas on-line, sem a presença de tradicionais intermediários do mercado. Não há entre os envolvidos vínculo societário e/ou empregatício. Nova configuração de negócios que são os pilares da Economia Moderna e da Economia Contemporânea. As PLATAFORMAS, também são chamadas de ECONOMIA DE COMPARTILHAMENTO. Compartilhar o que já existe e está sendo subutilizado, diminuindo custos e alavancando negócios. Pela tecnologia de informação conseguem compartilhar as capacidades excedentes de produtos e serviços. Ocorre uma horizontalização das relações contratuais. As plataformas podem ser: VERTICAIS FRANQUIAS HORIZONTAIS ASSOCIAÇÃO COMERCIAL peers to peers – UBER peers inc - REDEMAC 7RIZZARDO Filho, Arnaldo, Curso de Redes Contratuais, Livraria do Advogado, 2022, p.147 O que difere uma da outra é o alto comissionamento para o controlador da REDE. O compartilhamento acontece através de um software chamado Peer to Peer (ponta a ponta) Peers-to-peers representa uma arquitetura de redes de computadores onde cada um dos pontos ou nós da rede funcionam tanto como cliente quanto como servidor, permitindo compartilhamentos de serviços e dados sem a necessidade de um servidor central. Peer-to Peer lending – (plataforma de empréstimo e financiamento coletivo), a primeira em 2005, na Inglaterra7. Para Abramovay 2014, o compartilhamento econômico descentraliza as relações contratuais, reduz os custos de transação e implica em relacionamento de confiança. No Brasil, foram reguladas: Pelo Banco Central – Resoluções 4656 e 4657/2018. Fintechs são empresas que introduzem inovações nos mercados financeiros por meio do uso intenso de tecnologia, com potencial para criar novos modelos de negócios. Atuam por meio de plataformas online e oferecem serviços digitais Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 19 inovadores relacionados ao setor. A Sociedade de Crédito Direto (SCD) e a Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP), cujas operações constarão do Sistema de Informações de Créditos (SCR). Pela CVM – Instrução nº588/2017 Regulamenta o crowdfunding de investimento (oferta pública de valores mobiliários) em sociedades empresárias de pequeno porte para captações públicas de até 5milhões. Negócio formatado como peer-to-peer lending precisa ocorrer por meio de plataformas que passaram pelo processo de autorização junto a CVM. Este software, surgiu da necessidade de um cidadão Americano, conciliar a procura de um imóvel com sua localização. Criou um aplicativo Housingmaps, (combinou serviço online Craigslist com o serviço de mapas do Google) que foi um dos primeiros mashups da web. Para especialistas da área tarefa pouco complicada. Mashups – é um site personalizado ou aplicação web que usa conteúdo de mais de uma fonte para criar um novo serviço completo. (definição Google). O conteúdo usado em mashups é tipicamente código de terceiros através de uma interface pública ou de uma API. API Application Programming Interface (Interface de Programação de Aplicações). Um tipo de ponte que conectam aplicações, podendo ser utilizadas para os mais variadostipos de negócio. Aplicativos e softwares de diversos tipos são apenas passíveis de construção por meio dos padrões e especificações disponibilizados pelas APIS. Depois de ter se popularizado este conceito, muitos MASHUPS semelhantes eram apresentados diariamente. Os mashups com o google, por exemplo, surgiram para fazer qualquer coisa, desde identificar a localização de cenas de crimes até identificar casas de celebridades. Assim, estavam entrando em um mundo onde grandes plataformas abertas para participação servem de base para que grandes comunidades de parceiros possam inovar e criar valor. Expandir seus negócios sem precisar aumentar seus custos. Uma plataforma pode ser um serviço de Internet como o google maps, ou como no caso da Amazon, pode incluir um sistema de comércio eletrônico para armazenar, comprar e distribuir bens. As empresas alavancam as plataformas, para parcerias Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 20 com programadores que criam aplicativos para agregar valor. Chamados de ecossistemas de programadores – redes de parcerias de negócios criadas quando uma empresa abre seus serviços de software e seus bancos de dados através de uma Interface de Programação de Aplicativos (API). A exemplo, o upload de 40% dos bens no eBay agora é feito a partir de sistemas de estoque de lojas de terceiros que usam esse site como canal alternativo de vendas. A Amazon permite que 140 mil programadores externos de software acessem seu banco de dados de produtos e seus serviços de pagamento para criar suas próprias ofertas. As plataformas abertas são a colaboração em massa em ação. Quando ocorreu o furacão Katrina, foi criado um site/aplicativo para encontrar pessoas que se distanciaram, desapareceram. Diversos sites foram feitos, mas não interagiam, enfim, era como se nada tivesse. Então, numa sexta-feira, David Geilhufe reuniu voluntários com bons conhecimentos de Tecnologia para ordenar o caos. Começou a vasculhar diversos bancos de dados e Bulletin boards on-line usando processo automatizado “screen scraping”. Na noite de segunda-feira, 50 mil itens haviam sido processados até chegarem a um total de 650mil no site www.katrinalist.net. Mais de um milhão de buscas foram realizadas após o furacão. O notável é que a execução do projeto People Finder poderia ter exigido do estado um vultoso orçamento anual ou até mais. Porém, o grupo People Finder se reuniu para executá-lo em quatro dias sem custo algum para os contribuintes. Foi a colaboração em massa das Plataformas abertas, mostrando tudo que tem de melhor. Participaram três mil pessoas, ligeiramente coordenadas. De fato, enquanto a web permanecer aberta, a inovação prosseguirá de maneira espontânea. Dilemas das Plataformas Os MASHUPS apresentam um problema sério porque não oferece proteção para os donos dos dados. O housingmaps era um aplicativo de grande potencial. Entretanto, Rademacher, seu criador, recuou e aceitou um emprego no Google. Motivos: Não era o dono dos dados que alimentavam o aplicativo; corria o risco de sofrer ações legais do Cariglist por se apropriar de seus dados. O Google é uma empresa de liderança global, repousa, em grande parte, em uma abordagem aberta da inovação. O Google ficou fascinado com a aplicação do Housingmaps – aquilo era publicidade e http://www.katrinalist.net/ Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 21 protótipo de produto gratuitos. Os mashups aumentam a visibilidade do Google. Popularização: As PLATAFORMAS vieram para democratizar o uso da INTERNET. Facilitam e desenvolvem o MARKETPLACE, os negócios virtuais. O Objetivo é permitir que ideias e energias externas desenvolvam produtos inovadores que agreguem valor. A BBC de Londres, que lançou suas próprias iniciativas de serviços de Internet. No seu projeto Backstage, convidou programadores a criar novos modelos de serviços com base nos feeds de seu conteúdo, como meteorologia, notícias e tráfego. O lançamento do projeto foi em junho/2005, e quase cem novos serviços foram enviados ao site Backstage. Nesse projeto, a BBC disponibilizou através de Plataforma, para propósitos não comerciais, o acesso a sua biblioteca televisiva, a maior do mundo. Também a BBC organizou concursos nos quais os participantes eram estimulados a remixar conteúdos gerando novas criações de mídia. 8 Graduada em Direito pela PUC/RS, especialista em Direito e Processo do Trabalho e Especialista em Gestão de Tributos e Planejamento Tributário pela PUC/RS. Co-criadora do “Projeto Empodera”, que visa TEORIA ORGANIZACIONAL Christiane Baladão8 BALESTRIN, Alsones; VERSCHOORE, Jorge Renato; REYES JUNIOR, Edgar. O campo de estudo sobre redes de cooperação interorganizacional no Brasil. Revista de Administração Contemporânea, v. 14, p. 458-477, 2010. “A sociedade se constitui real ou formalmente a partir de indivíduos associais, que devem ser “socializados”, isto é, constrangidos pela inculcação de representações normativas a se comportarem de um modo determinado” Eduardo Viveiros de Castro - A inconstância da alma selvagem Resumo: O paper contempla a compreensão sobre o texto “O Campo de Estudo sobre Redes de Cooperação Interorganizacional no Brasil” datado de 2010 que, com a aplicação de metodologia comparativa ao artigo “Networking Network Studies: An Analysis of Conceptual Configurations in the Study of compartilhar conteúdo e conexões parae entre empreendedoras. Staff e colaboradora na produção do AFRO'NTALK'S, um talk show de entrevistas com afroempreendedores, para inspirar e valorizar, um ato de representatividade e de celebração. Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 22 Inter-organizational Relationships”, de Amalya L. Oliver and Mark Ebers datado de 1998, para reconhecer comportamentos, semelhanças, vínculos, identidades nas redes de cooperação interorganizacional no Brasil. Aldeia pelos Terena de Buriti tem o sentido de uma rede dinâmica de relações sociais, histórica e espacialmente definidas dentro de um mesmo território. E como aldeia, as redes de cooperação tem a capacidade de “facilitar a realização de ações conjuntas e a transação de recurso para alcançar objetivos organizacionais”. Artigos científicos são instrumentos pelos quais o autor, em análise, promove a discussão, apresenta determinado tema e, por meio de métodos aplicados e resultados, submete a comunidade científica a disseminação de determinado conhecimento. E a partir destes artigos, o autor trouxe fotografias, cenários com descritivo de tempo, de participantes e do contexto, pois deste conhecimento disseminado foi possível identificarmos que, no Brasil, os seus indivíduos/atores exercem o que predispostos estão geneticamente: à vida social, pois possuem harmonia de interesses em decorrência da falta, de uma comum falta, de uma restrição da qual estes indivíduos/atores não possuem. O que antecede a rede é a dor. Os estudos mostram que as redes são iniciadas a partir da escassez do mercado específico, da falta de mão de obra qualificada, da insuficiência de recursos básicos, como uma matéria prima específica. A partir dessa constatação de não haver e em igualdade de hierarquia, colhendo aprendizagem e inovação a partir dessa conexão, conexão esta devidamente elaborada, pensada, planejada, por grupos de organizações, com intenção de assim estarem, parte-sedesta escassez para abundância, designados, nomeados, reconhecidos. E as vontades, que antecedentes seriam de escassez, durante as vantagens obtidas através das redes se sobressaem, em razão desse movimento coletivo, já que uma andorinha só não faz verão. Os conceitos e apontamentos, este conhecimento e esta descrição fotográfica das redes foram extraídos da predominância de determinadas correntes teóricas encontradas nas pesquisas sobre redes de cooperação entre organizações, bem como da tríade que estas redes são compostas. Tríade porque são identificados três elementos, três dimensões, três análises que são realizadas para se compreender as redes de cooperação: indivíduos/atores/antecedentes, Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 23 grupos/relação(elo)/processo e as organizações/rede/resultados (ganhos das redes). A partir destes conceitos quanto à composição, cientificamente somos tendenciosos aos porquês, já que os materiais examinados visam, em sua maioria, a compreensão sobre as razões, os motivos, as vontades pelas quais as redes foram realizadas, dando ênfase aos grupos de organizações existentes, ou seja, prepondera-se os estudos sobre as motivações que levaram os indivíduos a se organizarem da forma que estão. É na perspectiva das razões pelas quais as redes são constituídas que as pesquisas são em sua maioria tendenciosas, bem como na intenção que há entre os atores, portanto, dentro da linha do tempo da rede, as redes de cooperação interorganizacionais tem suas origens como foco. O porquê do sucesso, as razões de sucesso das redes, já que os estudos denotam que as redes de cooperação interorganizacional no Brasil possuem maior capacidade de resolução, de alcance dos objetivos pelos quais constituídas. E por essa busca pelas razões de êxito, a compreensão sobre as ações coletivas e a maneira em que foram mobilizadas para a obtenção do objetivo em comum, ou seja, a teoria sobre as estratégias das redes de cooperação, é comum na maioria das discussões. Não há o que estranhar, porque se os estudos em sua maioria estão vinculados as causas antecedentes, motivações e intenções das partes a se estabelecerem em rede, a estratégia é abordada com frequência, “em compreender as redes mais como estratégia das organizações para competirem”, competitividade, agora coletiva, impactando positivamente nas organizações. O texto destaca-se, ainda, a teoria institucional sobre as redes de cooperação, que trata da teoria quanto ao reconhecimento, quanto ao vínculo de dependência por pertencimento a determinada rede e a teoria dos custos de transação, que são frequentemente discutidas pelos autores científicos, bem como a teoria das redes sociais, laços sociais estabelecidos que poderão afetar a rede, afinal, somos a média das pessoas das quais nos conectamos. Pela natureza composta, interseccional e interdisciplinar a explicação do cenário das redes de cooperação no Brasil torna-se mais tangível a partir das principais correntes teóricas acima referidas, que não abarcam só uma linha de conhecimento por si só mas atestar o efetivo sucesso das redes, já que Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 24 possível mensurar a capacidade das redes de converter os objetivos antecedentes, partindo-se de uma ideia de fenômeno. Fenômeno este amplamente estudado pela maioria das universidades do sul do país, cujos autores dos artigos estão vinculados a instituições de ensino que por um período estiveram engajadas no Programa Redes de Cooperação derivado de uma política pública estatal que implicou na criação de mais de 200 redes de cooperação. A parceira pública e privada nos anos 2000 proporcionou à pesquisadores, mestrandos e doutorando material consistente para compreensão sobre. Fenômeno ou aldeia, as redes de cooperação interorganizacional do Brasil ainda demandam de mais estudos científicos sobre a sua existência, principalmente atuais, diante da tecnologia, da internet das coisas, da inteligência artificial, que torna exponencial e em potencial rede, qualquer tipo de negócio. 9 Acadêmica de Direito na UFRGS, Pesquisadora em Direito Contratual Empresarial e Responsabilidade Eduarda Jade Stumer Santos9 TODEVA, Emanuela; KNOKE, David. Strategic alliances and models of collaboration. Management decision, 2005 Introdução A literatura internacional já reconheceu um número positivo de resultados para empresas ativamente engajadas em alianças estratégicas, tais como aumento no capital, retorno em investimentos e taxas maiores de sucesso quando comparadas com integração através de fusões e aquisições. Aspectos gerais da literatura sobre a aliança estratégica são: - Elencar as competências do parceiro; - Pensar sobre o parceiro como o aliado do dia de hoje; - Compartilhar poder e recursos (compartilhar informação de forma inteligente); - Estruturar aliança estratégica de forma prudente. O artigo busca explicar a formação, implementação e consequências de alianças estratégicas entre atores autônomos no campo organizacional. As empresas colaboradoras experimentam o aumento da integração e formalização da governança de Civil na UFRGS, Assistente jurídica voluntária no SAJU na área de Direito Civil Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 25 suas relações intraorganizacionais. Governança é a combinação de mecanismos de controle jurídico e social que visa coordenar e salvaguardar os recursos dos aliados, elencar responsabilidades operacionais e a dividir os retornos das atividades em conjunto. Uma aliança estratégica envolve no mínimo dois parceiros comerciais que: - Permanecem juridicamente independentes após a formação da aliança; - Compartilham os benefícios e controle gerencial da performance das tarefas estabelecidas; - Fazem constantes contribuições em uma ou mais áreas estratégicas como tecnologia ou produtos. A formação de relações em rede é intimamente ligada com a criação de normas que promovem confiança e reciprocidade econômica (social capital). Apesar de relações em rede e capital social serem conceitos próximos, não são idênticos. Relações em rede podem gerar um capital social corporativo na forma de prestígio organizacional, reputação, status e reconhecimento de marca. Alianças estratégicas como formas híbridas Quando uma restrição jurídica ou econômica impede uma empresa de usar hierarquia ou controle total como uma solução, esta pode vir a optar por entrar em uma aliança para contrariar certas forças do mercado que ameaçam seu bem-estar comercial. Alianças combinam os ativos e capacidades com as incertezas e responsabilidades de todas as partes. Cooperação efetiva requer comprometimento sério dos parceiros em não tirar vantagem do outro quando oportunidades surgem. Motivos estratégicos, intenções e escolhas Empresas apostam em alianças estratégicas por muitos motivos: para aumentar sua capacidade produtiva, para reduzir incertezas em suas estruturas internas e ambientes externos, para adquirir vantagens competitivas que permitam a o aumento do lucro ou ganhos em futuras oportunidades negociais que irão permitir que estes comandem valores de mercado mais altos na sua comercialização. Os motivos estratégicos pelos quais empresas embarcam na formação de alianças são vários: 1) Busca por mercado; 2) Aquisiçãode meios de distribuição; 3) Ganhar acesso a nova tecnologia; 4) Aprender e internalizar habilidades tácitas, coletivas e embutidas. Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 26 5) Conquistar integração vertical, recriar e estender conexões de fornecimento para ajuste às mudanças de mercado; 6) Diversificação em novos negócios; 7) Reestruturar e melhorar negócios; 8) Compartilhamento de custos e concentração de recursos; 9) Desenvolvimento de produtos, tecnologias e recursos; 10) Redução de riscos e diversificação de riscos; 11) Alcançar vantagem competitiva; 12) Cooperação de potenciais rivais ou pré- esvaziamento de concorrência; 13) Especialização conjunta; 14) Superação de barreiras legais e regulatórias; 15) legitimação, bandwagon effect (tendência das pessoas fazerem coisas porque outras pessoas também estão fazendo) e seguir tendências da indústria. A decisão de cooperar não é uma ação responsiva, mas fundamentalmente uma intenção estratégica que busca evoluir as circunstâncias futuras para cada empresa individual e para a sua relação de cooperação conjunta. As formas de aliança variam com a posição das empresas no mercado (líder e seguidora) e a importância estratégica de colaborações com o portfolio de trabalho de cada parceiro comercial (atividade principal ou subsidiária). As empresas tendem a proteger sua atividade principal e muitos estão dispostos a formar alianças envolvendo atividades secundárias que oferecem um mais amplo escopo do aprendizado organizacional e menos vulnerabilidade no compartilhamento de informação confidencial. A implementação de alianças estratégicas Os problemas da implementação de alianças incluem a escolha de mecanismos de governança: ressaltando a confiança e a reciprocidade entre os parceiros, gerenciando a integração de staffs de diferentes culturas organizacionais, resolver conflitos que surjam entre parceiros com expectativas divergentes sobre a contribuição para a sua colaboração etc. Contratação relacional Um contrato baseado na confiança (relational contract) contraria as incertezas associadas a envolvimento independente em negociações. As formas de governança relacional repousam nos diversos mecanismos de coordenação como normas recíprocas, confiança intraorganizacional e capital social enriquecido por muitas trocas e interações sociais. Contrato baseado na Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 27 confiança abrange não somente termos não especificados e condições em contratos complexos e de prazo indeterminado, mas também estratégias coletivas intraorganizacionais para eliminar rivalidade na tácita coordenação. Um problema central permanece sendo sobre a maneira de melhor balancear a interdependência e o controle com formas alternativas de governança nas alianças estratégicas. A governança se propõe a apresentar mecanismos particulares importantes para solução de conflitos e preservação da relação com parceiros. Gerenciamento da formação da aliança A fase de implementação geralmente requer que duas empresas autônomas: - Reúnam um pouco de recursos humanos e ativos materiais; - Desenvolvam uma estrutura de governança pratica com poder suficiente e controle; e - Aprendam a como cooperar para benefício mútuo. Prudente atenção deve se ter para selecionar o staff e líderes do projeto, criando uma estrutura formal subsidiária com seu próprio quadro de diretores e hierarquia de autoridade interna com porções igualitárias na divisão de participação e controle dos parceiros. Mesmo assim, a mais meticulosa salvaguarda contratual não providencia garantias suficientes para incertezas, ambiguidades e disputas que frequentemente surgem nas operações cotidianas. Gerar confiança entre os parceiros é crucial para superar as suspeitas iniciais do rival sobre uma possível parceria meramente oportunista. Desigualdades no poder organizacional indicadas por disparidades na contribuição de recursos e controladas por cada parceiro pode impedir a criação da confiança em razão da disparidade dos parceiros na capacidade em cumprir suas obrigações. Alianças iniciais entre parceiros sem experiência prévia frequentemente começam com relações contratuais formais que expõe os parceiros somente a riscos pequenos. A reincidência de alianças estratégicas entre parceiros experientes é mais prováveis de repousar em intraorganizacional confiança do que salvaguardas contra um potencial oportunismo do parceiro. Confiança e reciprocidade O papel das normas de confiança e da reciprocidade na fase de implementação da aliança é de sustentar o período de teste requerido, que dura entre 6 e 18 meses, no Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 28 qual os parceiros constroem estáveis e previsíveis estruturas para governar a sua colaboração, sendo uma institucionalização de implícitas e explícitas regras e procedimentos. Alcançando objetivos de aprendizagem Alianças estratégicas podem operar como canais institucionalizados para transferir e criar novas capacidades organizacionais. O aprendizado pode ocorrer pela exploração em que uma empresa absorve o know-how da outra ou pela experiência comum de parceiros na constância da implementação de acordos colaborativos. A primeira dinâmica de aprendizado traduz competição, enquanto a última traduz uma maior mutualidade e interdependência. Sucesso organizacional em alcançar objetivos de aprendizagem depende de diversas dimensões de conhecimento e estrutura organizacional como um efetivo processo de informação, aquisição da expertise do parceiro e adoção de inovações. Impactos das alianças nos parceiros Uma tarefa mais difícil é demonstrar que as alianças produzem substanciais resultados não financeiros como o aumento da credibilidade organizacional. Alianças estratégicas contribuem para melhora na performance de produção pelos parceiros. Os fatores cruciais não são o número de alianças formadas pelos parceiros, mas o recurso contributivo do perfil de cada parceiro. Tanto a inovação quanto os índices de venda aumentam substancialmente se uma empresa estiver mais conectada com parceiros ligados a inovação tecnológica e ricos em receita. Tais efeitos são especialmente importantes para empresas menores e mais jovens. Assim, empresas obtém vantagens do capital social corporativo do seu parceiro mesmo que a aliança estratégica falhe em atingir os objetivos formais estabelecidos. As percepções de satisfação da relação de parceria inicial e em toda sua extensão aumentaram com parceiros que tinham melhor reputação no gerenciamento de qualidade, com processo de decisão compartilhada; com semelhanças estratégicas entre ambos os parceiros. _______________________________________ Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 29 Fátima Cabeleira Almeida Zucchetto10 BALESTRIN, Alsones; VERSCHOORE, Jorge Renato; PERUCIA, Alexandre. A visão relacional da estratégia: evidências empíricas em redes de cooperação empresarial. BASE-Revista de Administração e Contabilidade da Unisinos, v. 11, n. 1, p. 47-58, 2014 Introdução A colaboração interorganizacional é uma realidade que atrai o interesse crescente nos estudos organizacionais. Tal crescimento é significativamente nutrido pela dinâmica colaborativa, social e tecnológica,o que estimula e propaga a prática de ações coletivas entre as organizações (Castells, 2000). Alianças estratégicas, supply chain, redes, joint ventures, distritos industriais, consórcios e associações são exemplos de configurações organizacionais surgidas como consequência desta dinâmica colaborativa. Partindo deste cenário crescente em que as organizações estão inseridas, novos estudos são necessários para o entendimento do processo competitivo entre as empresas, a partir da visão relacional, que observa a cooperação como meio para as organizações atingirem melhores resultados, diferentemente das premissas dominantes na área estrategista, preconizada por ações individualistas e de 10 Graduada em Direito e Comércio Exterior pela PUC MG, Pós-Graduada em Direito Notarial e Registral barganha dentro da cadeia mercadológica (Gause, 1934; Barney, 1991). Essa nova visão teórica traz consigo a necessidade de novas discussões acerca das afirmações consagradas no campo da estratégia. Segundo alguns autores (Child et al., 2005; Zaheer et al., 2010), o entendimento de entidades autônomas lutando, isoladamente, para sua sobrevivência no mercado, abre a possibilidade, no campo das estratégias coletivas, de uma cooperação mútua com foco no alcance de seus objetivos estratégicos (Ibarra e Hansen, 2011). Diante desse cenário, o estudo trazido pelo presente artigo desenvolve evidências teóricas e empíricas que permitem demonstrar a forma como algumas organizações têm conquistado vantagens competitivas por meio de práticas de cooperação. Assim, o artigo parte da teorização acerca de três perspectivas dominantes no campo da estratégica, quais sejam, estrutura da indústria, visão baseada em recursos e custos de transação. Exploram-se essas perspectivas sob a ótica relacional da estratégia. Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 30 A visão dominante do campo da estratégia Estrutura da indústria O alcance da harmonia entre cooperação e estratégia, com base na visão dominante do campo da estratégia, apresenta certa dificuldade, haja vista o posicionamento doutrinário majoritário. Para Benkler (2011), a competição entre as empresas é elemento principal no campo da estratégia (Benkler, 2011). O princípio da exclusão competitiva trazido por Gause (1934) é base para muitas teorias dispostas acerca da perspectiva clássica de competição em matéria de estratégia. Este autor diz que uma espécie existente em um ambiente de igualdade deve excluir a concorrência e se posicionar como líder, do contrário, não sobreviverá. Partindo dessa premissa, diversos estudos surgiram baseados na visão dominante, mais precisamente, via três perspectivas, quais sejam: estrutura da indústria, visão baseada em recursos e custos de transação (Gulati et al, 2000). O maior expoente na década de 1980, Michael Porter, trouxe conceitos focados na estrutura da indústria e consolidou a ideia de que uma estratégia advém de análise sistemática da indústria ou seu segmento. A partir da observância das cinco forças competitivas (Porter, 1986), que são: (I) ameaça de novos entrantes; (II) poder de barganha dos fornecedores; (III) poder de barganha dos compradores; (IV) ameaça de produtos substitutos e (V) nível de rivalidade concorrencial, constatou-se a influência que estas exercem na formação de preços, custos e investimentos necessários às empresas. Com isto, quanto maior a rivalidade entre os concorrentes, menor a possibilidade de margens superiores de lucro (Porter, 1986). Visão baseada em recursos Na visão baseada em recursos, o foco está na administração dos recursos intangíveis ou exclusivos que uma empresa detém, trazendo para essa uma vantagem competitiva. Para Barney (1991), estes recursos devem possuir quatro propriedades a fim de proporcionar vantagem competitiva, que são: valor, raridade, imperfeita imitabilidade e dificuldade de substituição, podendo ser divididas em três categorias: recursos físicos, recursos humanos e recursos organizacionais. Custos de transação A terceira perspectiva, conhecida como custos de transação, se dedica a entender o custo de produção de uma empresa. Apurando o custo, pode-se tomar decisões Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 31 em relação à produção interna ou contratação no mercado. Largamente estudada, essa perspectiva foi abordada pela teoria econômica, que destacou duas formas de governança das atividades econômicas: mercado e hierarquia. Segundo Coase (1937), o meio mais eficiente para produção de determinado produto seria direcionar a produção de seus componentes às empresas especializadas, no entanto, essa não é a realidade de muitas empresas, uma vez que essa prática gera custos de transação (Williamsom, 1975). Sempre que uma empresa precisar definir e gerenciar suas transações com outra, haverá custo de transação, muitas vezes não tratados pelas empresas, seja na negociação e formalização de contratos, seja no gerenciamento de clientes. Com isto, a questão central na existência de custos de transação tem liame com a confiança nas relações interorganizacionais (Bachmann e Zaheer, 2008). Por fim, pode-se notar que as perspectivas dominantes no campo da estratégia, através da estrutura de indústria, da visão baseada em recursos e dos custos de transação, dizem respeito à busca da vantagem competitiva entre empresas, onde necessariamente deve existir um ganho de um lado e uma perda de outro (Axelrod, 1984). Assim, faz-se necessária uma compreensão teórica mais abrangente dos postulados essenciais das perspectivas dominantes, por meio de uma visão relacional, a fim de discutir possibilidades, como a existência de resultados positivos para ambos os lados da relação. A visão relacional da estratégia A partir da década de 1980, a visão relacional da estratégia surgiu com maior força. Direcionada às relações de estratégia de cooperação entre as organizações, a “visão relacional da estratégia” engloba uma quantidade de termos, como “estratégias coletivas”, “cooperação empresarial” e “relações interorganizacionais”, entre outros, muitas vezes entendidos como sinônimos, porém, não podem ser confundidos (Cropper et al., 2008). A consolidação do conceito de estratégias coletivas foi fruto de estudos de Astley (1984) e de Astley e Fombrun (1983), que possibilitou entender que as estratégias das empresas não necessariamente devem acontecer por meio de ambientes competitivos, traçando várias alternativas de ações colaborativas de curta e longa duração. Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 32 Astley (1984) identificou três visões organizacionais, resumidas em: “cavaleiro solitário” (empresa é pioneira e luta contra condições impostas), “orientação egocêntrica’ (empresa é autossuficiente e toma ações independentes) e “orientação militar da estratégia” (organizações vistas como inimigas, lutando em ambiente voraz a fim de conquistar posição estratégica no campo de batalha). Em oposição a essas visões, Astley (1984) idealiza a colaboração como conceito de negócios, convertendo o conceito de competição para o de cooperação, de única organização para grupo de organizações e de separação para união. No decorrer da década de 1980, surgiram novos estudos acerca da compreensão da visão relacional. Nalebuff e Brandenburger (1996), colocaram em discussão as consequênciasdas estratégias competitivas e colaborativas, pois uma vez que a visão individualista e competitiva pode trazer perdas às organizações, como guerra de preços, a visão coletiva e colaborativa pode atrair oportunistas e competidores desleais, como o furto de segredos, por exemplo. As empresas devem conhecer os pontos positivos e negativos das estratégias individuais e coletivas para, então, tomar suas decisões com base no ambiente em que se inserem e as empresas participantes do negócio (Luo, 2004). Fornecedores e fabricantes dispostos a colaborar colherão maiores benefícios, uma vez que alcançarão maiores vendas e lucros, como no caso da Toyota e seus parceiros (Dyer e Nobeoka, 2000). Com o passar do tempo, ambientes dinâmicos dificultam a manutenção da propriedade ou o controle dos recursos valiosos. Assim, os estudos de Hall (1992, 1993) apontam que a cooperação é o caminho mais rápido para as empresas conquistarem recursos intangíveis em ambientes exigíveis em conhecimento. Powell (1998), destaca que a competitividade de uma empresa dependerá muito mais da habilidade em gerir e coordenar recursos junto a parceiros do que procurar dominar os recursos estratégicos. Conforme a visão relacional, a estratégia coletiva traz uma vasta fonte de recursos por meio de uma rede de acesso com valiosas informações, compartilhamento de conhecimento, investimentos específicos de relacionamento e efetiva governança. Com isto, a rede cria um recurso competitivo de difícil imitação, potencializando novas ações conjuntas de seus integrantes (Dyer e Singh, 1998); Gulati, 1999). Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 33 Considerações finais Com base nas evidências constatadas nas iniciativas adotadas no Estado do Rio Grande do Sul, foi possível consolidar as teorias estudadas. Consoante ao exposto, a visão relacional de estratégia permite melhor entendimento das perspectivas de estrutura da indústria, da visão baseada em recursos e dos custos de transação. A colaboração entre clientes, fornecedores e concorrentes é impulsionada pelas redes interorganizacionais, via ações coletivas, promovendo o aprendizado mútuo, coespecialidade, escala e aumento dos ganhos individuais dos agentes envolvidos. A visão relacional de estratégias estudada no presente artigo infere alguns questionamentos, quais sejam: a abordagem da competição individual da empresa, baseada na estrutura da indústria, que sugere a possibilidade de alcançar maior competitividade partindo de ações coletivas (Jarillo, 1988; Dyer e Nobeoka, 2000). As estratégias coletivas auxiliam na visão baseada em recursos, uma vez que ativos construídos em conjunto também podem gerar estratégia competitiva eficiente (Hall, 1992, 1993; Powell, 1998). Ainda, a Graduado em Direito pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Frederico Westphalen/RS, Pós-Graduado em nível de confiança pode permitir a redução de custos de transação, complementando a teoria dos custos de transação, conforme práticas nas redes do Rio Grande do Sul. _______________________________________ Vitor Luís Botton11 ANTUNES, Junico; BALESTRIN, Alsones; VERSCHOORE, Jorge. Práticas de gestão de redes de cooperação. São Leopoldo: Unisinos, 2010 Inicialmente, para fins de introdução, o livro aborda sobre um projeto realizado em conjunto pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul, por meio da Secretaria de Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais, referente às redes de cooperação de empresas estudadas e do Grupo de Estudos em Relações Interorganizacionais (GeRedes). Especialização em Direito Contratual pela Faculdade Cers, Mestrando do PPGDireito da Faculdade Meridional – IMED. Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 34 PARTE 1 – A gestão de redes de cooperação empresarial Capítulo 1 – Gestão de redes de cooperação empresarial O universo dos negócios está cada vez mais conectado à nível global, sendo assim, a ideia de redes de cooperação está embasada nos conceitos de cooperação e de rede, tendo por objetivo potencializar as organizações a responderem de forma mais eficaz as mudanças no ambiente e/ou no mercado, reduzindo incertezas associadas à diferentes operações. As redes de cooperação reúnem empreendimentos que possuem objetivos comuns. São dedicadas a desenvolver ganhos coletivos, sem que as empresas participantes venham a perder a sua autonomia de gestão. Assim, unem aspectos ligados a flexibilidade e agilidade, e aumentam a escala no mercado, priorizando a ideia de ganhos coletivos na cooperação em rede. É cediço que as pequenas empresas apresentam dificuldades de competição com empresas maiores, em razão de custos elevados de produção, pequena escala, desconhecimento de mercado, deficiência em tecnologia, capacitação, obtenção de crédito, entre outros. Desta forma, as redes de cooperação empresarial são uma ferramenta organizacional eficaz para a evolução das empresas, principalmente as de menor porte, eis que tem o poder de aumentar a competitividade para as empresas associadas, por meio de ações uniformizadas e padronizadas, que possibilitam o ganho de escala relacionado com as várias formas de união entre as empresas, melhorando a sua fatia de participação no mercado, mantendo a ação flexível das empresas que constituem a rede, na qual cada membro mantém sua individualidade legal. Em linhas gerais, o processo de gestão é democrático, em que existe uma participação horizontal e ativa entre as empresas envolvidas, abrindo espaço para a participação optativa dos membros nas decisões da rede. Ademais, a direção, formada por representantes dos próprios associados, assume as decisões operacionais e de controle. No entanto, nada impede que em redes mais maduras e de maior porte se profissionalize a gestão executiva da rede. Outrossim, os associados devem observar que a rede de cooperação deve ser percebida como uma “nova empresa”, e que um ponto essencial neste processo de gestão é que os ganhos gerados em conjunto pelas empresas integrantes sejam Caderno de resumos do grupo de estudos de redes contratuais e estruturas de plataforma 35 distribuídos da forma mais igualitária possível. A rede, como uma “nova empresa”, deve traçar objetivos e estratégica de longo prazo, baseada em elementos como: o valor da reputação; a interdependência dos recursos e das empresas; a complementaridade de recursos; a comunicação relacional; a busca permanente da flexibilidade; o comprometimento e a ênfase coletiva no planejamento nas ações; estratégia; o planejamento; a direção; e o staff. A ideia central para a formação de redes está no fato de que as relações de cooperação possam resultar em ganhos para todos os envolvidos, quais sejam: a possibilidade de ampliar a capacidade de ação de uma determinada empresa individual a partir de uma perspectiva coletiva; ganhos de escala e os ganhos relativos ao poder de mercado; geração de soluções coletivas que tende a permitir a geração e disponibilização de soluções a partir da rede na qual a empresa se insere; redução dos custos e riscos assumidos pelas empresas associadas; acúmulo de capital social, ganhos de aprendizagem coletiva. Deve-se destacar, ainda, a importância dos instrumentos de gestão das redes, que podem ser classificados em quatro grandes grupos: i) contratuais; ii) estratégicos; iii) decisão; e iv)
Compartilhar