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Hemoterapia → Área da medicina que regula a obtenção e a administração de hemocomponentes como tratamento de diversas condições de saúde → Atividades desse ramo envolvem: Bancos de sangue; Agências transfusionais; Hemocentros; Serviços que trabalham com células tronco hematopoiéticas (TCTH) Doação de Sangue Princípios → Lei: SINASAN (sistema-nacional de sangue, componentes e hemoderivados) → Política Nacional de Sangue, Componentes e Hemoderivados Universalização do atendimento (todos os pacientes têm direito) Doação voluntária e não remunerada Ato de solidariedade humana e compromisso social Proibição da comercialização: coleta, processamento, estocagem, distribuição e transfusão Permite a remuneração dos custos de insumos, reagentes, materiais, mão-de- obra, honorários médicos Proteção da saúde do doador e receptor Supervisão e assistência médica (desde a doação até pós-transfusão) Direito a informação Segurança (estocagem e transporte) → Portaria 158 de 4 de fevereiro de 2016: a doação é voluntária, anônima e altruísta. O sigilo das informações do doador antes, durante e depois do processo deve ser absolutamente preservado, respeitadas outras determinações previstas na legislação vigente. Resultados dos testes de triagem laboratorial serão fornecidos, mediante solicitação do doador e somente poderão ser entregues ao próprio doador ou, mediante apresentação de procuração, a terceiros E como funciona na prática? → Documentos: oficial com foto Original Fotocopia autenticada → Idade Entre 16 anos e 69 anos 11 meses e 29 dias – se primeira doação até 60 anos 11 meses e 29 dias Menores de 18 anos: consentimento formal do maior responsável → Frequência: Homens: 4 vezes ao ano com intervalo de 2 meses Mulheres: 3 vezes ao ano com intervalo de 3 meses (por conta da perda de sangue mensal da menstruação) → Tipos de doação Alogênica (um doador doa para um paciente) - Espontânea: vontade própria do doador - De reposição: campanha para reposição do hemocentro - Vinculada: sangues raros que são compatíveis com pacientes que necessitam de doação frequente → quem vincula o sangue é o serviço de hemoterapia e não o doador Autóloga (doador doa para si mesmo) → cirurgias extensas com previsão de necessidade de transfusão → Peso ≥ 50 kg Menor que 50 kg devem ser avaliados pelo médico hemoterapeuta e ajustado o volume de anticoagulante da bolsa Não deve haver mais que 10% de perda de peso em 3 meses → Sinais Vitais Frequência Cardíaca 50-100 bpm Pressão Arterial: até 180 x 100 mmhg Temperatura <37 °C → Hematócrito (ou Hemoglobina) → não pode tirar sangue do doador se ele tiver anêmico Homens: ≥ 39% ou 13 g/dl Mulheres: ≥ 38% ou 12,5 g/dl Entrevista → Critérios de inaptidão: Definitiva (neoplasias) Temporária (tatuagem) Indeterminada (piercing em região de língua, região oral) → Termo de consentimento Doar o seu sangue para utilização em qualquer paciente que dele necessite Realização de todos os testes de laboratório exigidos pelas leis e normas vigentes Seu nome seja incorporado a um arquivo de doadores, tanto local quanto nacional Produção de reagentes, hemoderivados ou insumos para outros procedimentos, autorizados legalmente Autoriza a "busca ativa" pelo serviço de hemoterapia ou por órgão de vigilância em saúde para retro vigilância e/ou repetição de testes confirmatórios e de diagnóstico (reação transfusional → bolsa de sangue contaminada) → Voto de autoexclusão Oportunidade de se autoexcluir por motivos de riscos acrescidos não informados ou omitidos durante a triagem Pré coleta → Lanche e hidratação Não doar em jejum Não doar se refeição gordurosa < 3 horas Hidratação, principalmente se uso de diuréticos Coleta → Punção Veia cubital mediana Assepsia em duas etapas Punção única Desvio do fluxo inicial → Volume da coleta Homens – 9ml/kg Mulheres – 8 ml/kg Máximo da bolsa: 450 ml +/- 45 ml → Tempo 12 minutos Máximo de 15 minutos Atentar-se menor que 4 minutos (arterial: muito risco) Pós coleta → Orientações quanto ao local de punção, atividades físicas, atividades laborais → Permanecer no local por pelo menos 15 minutos Lanche Hidratação Observar reações a doação Exames de qualificação – doador → HIV → HBV → HCV → HTLV → Chagas → Sífilis → Malária (apenas em regiões endêmicas) Ciclo do sangue → Mobilizar doadores → triagem → coleta → bolsas de sangue vão para o fracionamento → concentrado de hemácia, concentrado de plaquetas → testes sorológicos e imuno hematológicos para não ter risco de transmissão de infecção e incompatibilidade → armazenar → transfusão → Sangue total → primeira centrifugação: concentrado de hemácias → bolsa → fica o plasma rico em plaquetas → centrifuga novamente → plaquetas → plasma → plaquetas estocadas → plasma: pode centrifugar novamente → criopreciptado → hemoderivados: albumina, globulina, concentrados de fator de coagulação Concentrado de Hemácias (CHC) • Eritrócitos presentes na bolsa depois que esta é centrifugada e o plasma é extraído • Volume: 450ml +/- 45 ml • Conservadas com solução anticoagulantes e soluções aditivas • Durabilidade: 21/35/42 dias (conforme a solução aditiva) • Temperatura de armazenamento deve ser entre 2 e 6 °C Concentrado de Plaquetas (CP) • Obtida através de sangue total chama-se de plaquetas randômicas (sangue total → concentrado de hemácias → plasma rico em plaquetas → centrifuga → tira as plaquetas e sobra o plasma) 1UI = 40-70ml 5,5 x 1010 plaquetas/ unidade • Aférese 1UI = 200-300ml 3 x 1011 plaquetas/ unidade Maior rendimento Apenas 1 doador – plaquetas já saem selecionadas/filtradas Filtração pré estocagem 1 a 2 horas • 1 aférese equivale a 6 randômicas • Validade de 3-5 dias • 20 - 24 °C • Agitação contínua • Bolsa semipermeável • Viabilidade da plaqueta – swirling plaquetário Plasma fresco congelado (PFC) • Obtido por sangue total ou aférese • PFC (até 8 horas) ou PFC24h (congelado em 24 horas) – diferença entre tempo em que é fracionado e congelado • Validade 12 meses a < 20 °C e 24 meses a < 30 °C • Volume aproximadamente 150 ml Plasma Isento de Crio (PIC) • Gerado após remoção de crio • Validade de 12 meses a < 20 °C • Apenas utilizado como fluido de reposição para plasmaférese em PTT (púrpura trombocitopênica trombótica) – pois anticorpos matam as plaquetas Plasma Comum (PC) • Congelado > 24hs ou PFC/ PFC24h/PIC vencidos • Validade de 5 anos • Não utilizado para transfusão • Usado para produção de hemoderivados: Imunoglobulinas Albumina Fatores de coagulação Crioprecipitado • É a fração de plasma insolúvel em frio e obtida a partir do PFC • Contém: Fator VIII Fator vW Fator XIII Fibrinogênio • 10 - 40 ml • Usado para transfusão e para fazer cola de fibrina • Os componentes plasmáticos devem ser descongelados em banho maria até 37º C e após ser transfundido Concentrado de Granulócitos • São suspensões de granulócitos em plasma, obtidos por aférese de um doador único • Volume de até 500 ml • Validade de 24 horas • Armazenado a 20 - 24 °C • Necessário avaliação médica e da enfermagem do doador • Uso de G-CSF e/ou corticoide Indicações de Transfusão 1) Concentrado de hemácias → A oferta de oxigênio é dependente do débito cardíaco, precisa de uma bomba funcionante, é dependente da respiração, da quantidade de oxigênio no sangue, e da concentração de hemoglobina → Indicado transfundir para manter estabilidade hemodinâmica → Choquegrau III/IV → Não baseia-se em Hb/ Ht → Pode dispensar provas de compatibilidade → Objetiva a estabilidade hemodinâmica → Reposição de sangue corresponde a uma volemia (75 ml/kg) ou superior, em 24 horas (10U a 12U de concentrados de hemácias em um indivíduo adulto) → Reposição equivalente a 50% da volemia corporal de sangue em 3 horas → Perda de 1,5 ml de sangue por kg/min por pelo menos 20 minutos → Transfusão de mais de 4U de CH em 1 hora → Objetivos: Restauração do volume sanguíneo Correção e manutenção da hemostasia Oferta de O2 para os tecidos → Riscos: Hipotermia (concentrados e hemocomponentes vem mais gelados do que a temperatura do nosso sangue) Coagulopatia Hipocalcemia Alcalose metabólica Hipercalemia: células inseridas através podem ter lise celular, liberando potássio → Indicação de a cada 2CH realizar 10 a 20 ml de gluconato de cálcio de forma empírica → 1 CH : 1 CP : 1 PFC → Sangramento crônico → Doenças hematológicas (SMD, anemia aplásica, anemia falciforme, hemoglobinopatias, falências medulares) → Objetivos – melhora dos sintomas: Cansaço Fadiga Dores Hipotensão Taquicardia Dor no peito → Baseia-se na Hemoglobina/Hematócrito, mas não apenas nisso → Provas de compatibilidade são obrigatórias → Habitualmente transfusão não indicada → Transfusão habitualmente indicada: estudos recentes preconizam a transfusão do paciente para ter uma hemoglobina em torno de 7 (ou 8 se tiver doença cardiovascular ou cirurgia ortopédica) Como transfundir? → Adulto: 1 CH = ↑1g/dl 1 concentrado de hemácia: elevar 1 ponto de hemoglobina → Criança: 10 a 15 ml/kg = ↑3g/dl Aumentar 3 g/dl na hemoglobina → aumenta mais do que no adulto → Velocidade: 2 a 2,5ml/kg/hora – se risco de hipervolemia 1ml/kg/h por no máximo 4 horas (se não terminar, deve transfundir só o que consegue em 4 horas) → Avaliação de resposta: Internados de 1 a 2 horas/Ambulatorial por 30 min → Transfundir preferencialmente no período diurno – menor chance de ter erros → Não deve adicionar medicamentos a bolsa ou infundir na mesma via da bolsa → Monitorar paciente periodicamente para detectar reações de maneira precoce → Risco iminente de vida (qualquer paciente capaz ou incapaz, adulto ou menor de idade) → Responsabilidade médica → Adultos e pacientes capazes, desde que sem risco iminente de vida → Respeitar recusa → Menor de idade, incapaz, desde que estável → Transfundir à revelia dos pais com autorização judicial → Paciente com LMA (quimioterapia intensa que precisa de transfusão → se o paciente não aceitar a transfusão (lúcido e capaz), não faz a quimioterapia 2) Concentrado de plaquetas → A transfusão de plaquetas pode ser profilática, pré-procedimento para evitar um sangramento ou terapêutica para tentar conter esse sangramento. → Sangramento não severo: > 30 mil/mm3 → Sangramento severo: > 50 mil/mm3 → Politrauma, TCR e Hemorragia intracraniana: > 100 mil/mm3 → < 10 mil sempre transfundir profilaticamente (risco aumentado de sangramento em SNC) → < 20 mil + fator de risco • Febre/ infecção • Coagulopatia • Queda rápida • Hiperleucocitose • Sangramentos menores • Uso de drogas que reduzem a meia vida das plaquetas Contraindicações → PTT (púrpura trombocitopênica trombótica) → HIT (trombocitopenia induzida por heparina) → Contraindicação relativa: PTI (purpura trombocitopênica idiopática) Como transfundir? → Randômicas: 1U a cada 10 kg de peso – adulto 5 a 10 ml/kg de peso – criança → Áferese: 0,5 a 1U – adulto 5 a 10 ml/kg – criança → Velocidade: pinça aberta → Avaliação da resposta: 1 a 24hs internados/ 30 min ambulatorial 3) Plasma Fresco Congelado → Indicação: Manejo de coagulopatia TP (TAP/INR) e/ou TTPA > 1,5x LSN → Hemorragia + Deficiência de múltiplos fatores de coagulação (intoxicação cumarínica, hepatopatia, CIVD, deficiência de fator V e XI) → Outras indicações: • Plasmaférese • Protocolo de transfusão maciça • Plasma convalescente (covid 19) Contraindicações → Expansor volêmico → Sangramentos sem coagulopatia → Alteração dos testes de coagulação sem sangramento → Imunodeficiências → Hipoproteinemias Como transfundir? → Dose: 10-20 ml/kg → Tempo infusão: 1 hora → Objetivo: Corrigir sangramento/ TAP e/ou TTPA < 1,5x do limite superior da normalidade. → Intervalo de doses depende do fator que você quer corrigir 4) Crioprecipitado → Fator VIII → Fator vW → Fator XIII → Fibrinogênio Indicação: Fibrinogênio abaixo de 100 mg/dl → Hemorragia + Hipofibrinogenemia (100mg/dl) Disfibrinogenemia Terapia Trombolítica Deficiência de Fator XIII → Se usar para deficiência de fator VIII e vW comunicar ao ministério da saúde → Fibrinogênio abaixo de 100 mg/dl + Cirurgia de ALTO risco Vascular Cardíaca Neurocirurgia Como transfundir? → Dose: 1U para cada 10 kg – adultos 5 a 10 ml/kg – crianças → Tempo de infusão: pinça aberta → Objetivo: Correção do sangramento/ Fibrinogênio acima de 100 mg/dl → Em geral 1U aumenta o fibrinogênio em 5 a 10 ml/dl 5) Concentrado de Granulócitos → Usado para manejo de neutropenia severa (neutrófilos abaixo de 500/mm3) → Neutropenia severa reversível + Infecção bacteriana ou fúngica documentada e Refratária ao tratamento antimicrobiano Modificações dos Hemocomponentes Filtração (Desleucocitação) → Filtro acoplado a uma bolsa de sangue que gruda todos os leucócitos do paciente (ofertar sangue sem leucócitos para evitar reação febril não hemolítica transfusional) → Prevenção de aloimunização HLA → Prevenção de transmissão de citomegalovírus Irradiação → Objetivo: Remover linfócitos → Prevenção de DECH transfusional → Dose 15-50Gy Lavagem → Objetivo: Eliminar proteínas do plasma • Prevenção de reações anafiláticas • Deixar o hemocomponentes com < 500g de proteínas • Após lavar dura 24hs → Reações alérgicas recorrentes → Prevenção de reações alérgicas em pacientes com hipoproteinemias específicas (Ex.: Deficiência de IgA – maior risco de reação anafilática) Fenotipagem → Objetivo: Conhecer o fenótipo eritrocitário do paciente e selecionar doador com fenótipo compatível → Prevenir aloimunização eritrocitária Transfusões crônicas Reações Transfusionais → A transfusão é um evento irreversível que acarreta benefícios e riscos potenciais ao receptor. → As reações transfusionais podem ocorrer apesar da administração e indicação correta da hemotransfusão e quando ocorrer o profissionais de saúde prescritores devem estar capacitados para identificar e manejar tais intercorrências. Definição → Toda e qualquer intercorrência que ocorra como consequência da transfusão, durante ou após sua administração → Pode ser imediata (até 24hs após transfusão) ou tardia (após 24h) Sinais e Sintomas → Febre com ou sem calafrio → Dor no local da infusão, dor torácica ou abdominal → Alterações agudas da pressão arterial → Alterações respiratórias como dispneia, taquipneia, hipóxia e sibilos → Alterações cutâneas como prurido, urticária, edema localizado ou generalizado → Náuseas e/ou vômitos Conduta → Interromper/suspender a transfusão → Manter acesso venoso com SF0,9% → Checar sinais vitais (registrar em prontuário) → Verificar a identificação do paciente e do hemocomponente → Contactar o médico responsável → Coletar amostras do paciente para as provas pós transfusionais → Comunicar o banco de sangue (notificação da reação) e enviar o hemocomponente ao banco de sangue → Não retransfundir o hemocomponente → Reiniciar a transfusão apenas nos casos de reação alérgica leve/moderada, podendo ser continuada após a resolução do quadroclínico e do consentimento médico.
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