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Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Introdução ● Situação em que o pcte apresenta alteração aguda do comportamento, pensamento ou sentimento que: ○ Se ñ tratado pode levar a prejuízos (para si ou para outros) ○ De potencial evolução catastrófica ○ Requer intervenção imediata ⚠Na maioria dos casos a agitação psicomotora não tem uma causa base em psiquiatria ● Tbm são causadas por agravamento da própria patologia por primeiro episódio, abandono de tratamento, falta de resposta à terapêutica, desassistência, fatores estressores, abuso de substâncias, entre outros Objetivo principal no atendimento a uma urgência psiquiátrica ● Excluir causas orgânicas ● Estabilizar a crise aguda ● Evitar medidas coercitivas ● Tratar no ambiente o menos restrito possível ● Formar uma aliança terapêutica ● Assegurar um tratamento adequado e plano terapêutico após a alta ○ Plano pós-alta → encaminhamento ao CAPs, por exemplo ● Garantir segurança e integridade física ● Avaliação psiquiátrica ● Avaliação clínica ● História clínica ● Diagnóstico diferencial ● Uso de mediações ● Uso de drogas ilícitas ● Condições psicossociais Epidemiologia ● Até 50% dos pctes possuem doenças clínicas comorbidades ● Emergências psiquiátricas correspondem a até 6% de todas as visitas de uma emergência clínica ● 25% das emergências psiquiátricas são por agitação psicomotora ● No Brasil, os transtornos psíquicos correspondem a cerca de 10% de todos os atendimentos de emergência e urgência de hospitais gerais e dos serviços de pronto-socorro no SUS Principais emergências psiquiátricas ● Paciente agitado/agressivo ● Transtornos relacionados ao álcool e outras substâncias ○ Intoxicações, síndromes de abstinência, dependência grave e quadros induzidos ● Ideação/tentativa de suicidio ● Primeiro surto/episódio psicótico ● Delirium ou estado confusional agudo ● Paciente ansioso/conversão/somatização ● Distúrbios amnésticos ● Depressão grave Agitação Psicomotora ● Estado de agitação física e psíquica, com inquietação, movimentação excessiva, reatividade aumentada a estímulos externos e por vezes agressividade verbal ou física. ● Em geral, denota desconforto importante para o paciente e para quem presta atendimento, equipe de Saúde; ● Padrão uno modal no homem e binodal na mulher Epidemiologia ● 6-10% das visitas em emergências Quando a agitação não é psiquiátrica??? ● Idade > 30 anos (uma sintomatologia psiquiátrica aguda raramente tem início nesta idade) ● Sem antecedente pessoal prévio de transtorno mental ● História de doença orgânica ou uso/abuso de substância ou medicamento ● Início súbito de sintomas psiquiátricos ● Confusão, alucinações visuais e desorientação no tempo-espaço 1 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Os sintomas não correspondem a um diagnóstico psiquiátrico específico ● Sinais vitais anormais ● Coexistência de sinais de uma doença orgânica específica ● Flutuação repentina dos sintomas psiquiátricos ● Má resposta ao tratamento psiquiátrico Quais são as agitações psicomotoras mais comuns? ● Delirium → lesão cerebral aguda, secundária a uma condição médica, como infecção ○ Inquebrável, impenetrável ○ Se convenço pessoal em quadro delirante que o que ele diz não é real, é um quadro abaixo do delirium ● Mania Bipolar ● Ansiedade (t. pânico, TOC, TEPT, TAG) ● Psicose na esquizofrenia (p.ex.delírios paranóicos) ● Intoxicação ou abstinência de substância de abuso. ● Personalidade (p.ex. anti social, borderline) ● Dor ○ Até mesmo psicológica como luto ○ Benzo piora luto ● Frustração ● Depressão agitada ● Transtorno de personalidade ● Agitação reativa ou situacional (distúrbio adaptativo) ● Transtorno do espectro autista ● Agitação indiferenciada (presumidamente de uma condição médica geral até prova em contrário) ● Agitação por intoxicação/abstinência ○ Álcool ○ Outras drogas ● Agitação de causa médica geral ○ Traumatismo cranioencefálico ○ Encefalite, meningite ou outra infecção ○ Encefalopatia → particularmente de insuficiência hepática ou renal ○ Exposição a toxinas ambientais ○ Distúrbio metabólico →. ex., hiponatremia, hipocalcemia, hipoglicemia ○ Hipóxia ○ Doença da tireoide ○ Período pós-ictal ○ Níveis tóxicos de medicamentos (p. ex., psiquiátricos ou anticonvulsivantes) Métodos não farmacológicos de manejo comportamental ● Intervenção verbal ● De-escalation (atenuação) ● Abordagem sem julgamentos ● Separar o paciente do seu comportamento no momento ● Manejar gatilhos para promover uma resposta (e não uma reação) ● Enquanto estiver lidando com a crise é essencial que cada um dos envolvidos considere a perspectiva do outro ● Perceber as necessidades e experiência emocional daqueles que estão sob nossos cuidados na atenuação Abordagem ● As atitudes verbais e não verbais da equipe devem ser condizentes para uma atenuação eficaz ● Atenuação da crise é basicamente uma comunicação eficaz. ● Exame inicial do estado mental → O + RÁPIDO POSSÍVEL!!! ○ Visa determinar a causa + provável da condição ● Vá de encontro ao paciente para estabelecer um rapport. ● Se possível, principalmente no início da atenuação, minimize o número de pessoas da equipe no local. ● Deixar a equipe de retaguarda quieta e em um local fora da visão do paciente para evitar maior agitação ● O grande desafio é acalmar a pessoa em atendimento ● É importante ter vínculo e sentir-se seguro para abordar ● Caso a abordagem verbal falhe, o próximo passo pode ser a abordagem medicamentosa, novamente, também seguindo a proposta de primeiro utilizar a medida menos invasiva (VO) ○ Se falha→ contenção física e medicação IM ○ Não é recomendado usar medicações IV Nível de Agitação Características Técnica de Atenuação utilizada Nível 1 Ocorre uma mudança ou uma intensificação dos comportamentos → choro, andar de um lado para o outro, inquietação ou elevação do tom de voz Atitude de apoio, empatia e escuta ativa Realizar perguntas abertas, ajudar o paciente a expressar seus pensamentos/sentimentos Reduzir estímulos Reavaliar as abordagens Oferecer medicação 2 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Nível 2 Ocorre um comprometimento da racionalização (descontrole emocional) Delimitar o ambiente de atendimento e isolar a situação Permitir que o paciente expresse suas emoções Perguntar Sobre seu problema e estimular a racionalização Oferecer e negociar opções realistas Fazer perguntas abertas sobre o motivo da irritação do paciente Demonstrar preocupação e atenção Mobilizar a equipe, planejar outras técnicas de atenuação e, se necessário, controle físico Imobilizar fisicamente o paciente Nível 3 Ocorre perda do controle por parte do paciente com necessidade de ação física Realizar contenção mecânica e fazer o uso de medicações Nível 4 Ocorre uma reaquisição do controle Restabelecer o vínculo terapêutico * A partir do nível 3 é difícil interceder Psicofarmacoterapia ● Objetivos → a tranquilização farmacológica rápida e segura de episódios de agitação/agressividade é muitas vezes inevitável → diminuir agitação + permitir continuidade da avaliação clínica/psiquiátrica ● Tratar a causa base ● Antipsicótico ○ Haloperidol 5mg IM ou VO ○ Risperidona 1 mg VO ○ Nunca usar benzo→ se for delirium vai piorar VO IM EV Clorpromazina ✅* ✅* ✅ Haloperidol ✅* ✅* ✅ Risperidona ✅* ❌ ❌ Olanzapina ✅* ✅ ❌ Ziprasidona - ñ tem no Br ✅ ❌ ❌ Diazepam ✅* ✅ ✅* Midazolam ✅ ✅* ✅* Lorazepam - ñ tem no Br ✅ ✅ ✅ Prometazina ✅ ✅* ✅ * Mais utilizados Clorpromazina → alta eficácia histaminérgica (dá sono) e baixa dopaminérgica ● Apresentação e dose ○ VO→ 25 e 100mg ou 1mg/gota ○ IM/EV→ 25mg (ampola) ● Tempo para início da ação ○ VO→ 1-4 horas ○ IM→ 30-60 minutos ● Duração da ação ○ Meia-vida de 24 horas ● Efeitos colaterais ○ + comuns→ Sedação,hipotensão postural ○ + graves→ alteração no ECG Haloperidol ● Apresentação e dose ○ VO→ 1 mg, 5mg ou 0,1mg/gota ○ IM/EV→ 5mg→ pode fazer até 30mg/dia ● Tempopara início da ação ○ VO→ 1-4 horas ○ IM→ 30 minutos ● Duração da ação ○ Meia-vida de 24 horas ● Efeitos colaterais ○ + comuns → sintomas extrapiramidais, sedação ○ + graves → alterações no ECG, sindrome neuroléptica maligna Risperidona ● Apresentação e dose ○ VO→ 1mg, 2mg, 3 mg ou 0,05mg/gota ■ 1-8 mg /doia ● Tempo para início da ação ○ VO→ 1 hora ● Duração da ação ○ Meia-vida de 3 a 23 horas (9-OH-Risperidona) ● Efeitos colaterais ○ + comuns→ sedação ○ + graves→ SEP e SNM Diazepam ● Apresentação e dose ○ VO→ 5mg, 10 mg ○ EV→ 10 mg ● Tempo para início da ação ○ VO→ 30 a 90 minutos ○ EV→ Início imediato ● Duração da ação 3 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ○ Meia-vida de 3 a 30 horas ● Efeitos colaterais ○ + comuns→ sedação ○ + graves → agitação paradoxal, depressão respiratória, abstinência Midazolam ● Apresentação e dose ○ IM/EV→ 15 mg (3mL, 5mg/mL) ■ IM→ 1 a ? amp/dia ■ EV→BIC ● Tempo para início da ação ○ EV→ início imediato ● Duração da ação ○ Meia-vida de 1 a 3 horas ● Efeitos colaterais ○ + comuns→ sedação, amnésia anterógrada ○ + graves → agitação paradoxal, depressão respiratória, abstinência Contenção física ● Medida terapêutica que deve ser usada de forma adequada e específica para que surta o efeito desejado, de maneira segura e ficas, evitando danos aos pctes e aos profissionais envolvidas na técnica ● Deve ser o último recurso ○ Tentar 1º abordagem verbal ○ Informar ao paciente o que vai acontecer ○ 5 pessoas ○ Deixar medicação pronta!111 ● Ato médico!! Técnica ● Faixas resistentes ● Posição lateral com cabeça elevada ● Observar sinais vitais e nível de consciência de meia em meia hora ● Cuidado ao retirar a contenção 4 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Na presença de quadros de agitação ou agressividade de usuários ● Tomar a medida de restringir o paciente, em caso emergencial, prescrevendo a contenção. ● Escalar um técnico de enfermagem para permanecer junto ao paciente e dar cuidados por todo tempo que o paciente permanecer contido. ● Avaliar com inspeção física sempre os locais do corpo do paciente onde foram feitas as contenções. ● Fazer a evolução do estado do paciente, periodicamente, pelo menos a cada 30 minutos observando as condições do mesmo. ● Solicitar avaliação do plantonista médico, quantas vezes forem necessárias, até haver remissão do episódio de agitação. ● Liberar o paciente das contenções, quando houver remissão do quadro. Esta liberação necessariamente não precisa ser só após a avaliação do plantonista, podendo ser avaliada também pelo enfermeiro responsável pela unidade. ● Documentar no prontuário todos os cuidados prestados, manifestações de comportamento e intercorrências, caso houver. ● Observar que o paciente deve ser contido em quarto individual, ou enfermaria pequena, sempre com a porta aberta. 5 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Enquanto estiver internado, deve ter companhia ● É importante manter a abordagem terapêutica durante a contenção física de segurança ● Riscos ○ Asfixia → ocorre devido ao posicionamento, que impede movimentos torácicos (tanto durante a contenção quanto durante o transporte). Ex.: Decúbito dorsal, flexão da cabeça sobre o peito, compressão do pescoço ("chave de pescoço"); ○ Aspiração → pode ocorrer quando há um rebaixamento do nível de consciência, ou como resultado da doença ou secundária a uma medicação. Obs.: Decúbito dorsal em pacientes nesta situação impede-o de proteger suas vias respiratórias, aumentando o risco de aspiração; → Trombose: devido a imobilização por longos períodos; ○ Rush de catecolaminas → devido a agitação física e consequente contenção, pode ocorrer uma grande liberação de catecolaminas, produzindo ritmos cardíacos perturbados, provocado morte súbita; ○ Medicações → o potencial para efeitos adversos a contenção pode ser aumentado para pacientes que receberam algum psicotrópico ou outro tipo de medicação (vale destacar também drogas ilícitas); ○ Rabdomiólise → devido ao esforço físico prolongado. Psicose ● Estado alterado do psiquismo ● Sensações que não correspondem à realidade Causas mais comuns ● Esquizofrenia ● TAB ● Parto→ psicose puerperal ● Reação a alguns medicamentos → anfetaminas e cortisona ● TCE ● Álcool e drogas ● Doenças físicas→ LES, hipertireoidismo ● Doenças neurológicas→AVE, tumores cerebrais ● Alzheimer em sua fase final Conduta ● Haloperidol VO ou IM, prometazina ● Encaminhar ao serviço de psiquiatria Tentativa de Suicidio ● Suicídio → morte provocada pela própria pessoa em decorrência de um ato deliberado em que fica evidente a intenção de morrer. ● Tentativa de suicídio → todo ato não fatal praticado deliberadamente com a intenção de causar morte a si mesmo. ● Comportamento suicida ○ Pensamento de morte → seria melhor se eu morresse, por que Deus não me leva? ○ Pensamento suicida→ e se eu me matasse?; e se eu tomasse todos os meus remédios?, ○ Ideação suicida → agora não tem mais jeito, preciso me matar ○ Planejamento suicida → vou me matar enforcado, decidi tomar veneno até morrer, ○ Ato suicida → comprei a corda para me enforcar”, consegui o veneno para me matar ● No período de 2000 à 2011 a taxa de suicídio aumentou de 4 para 5,1 casos por 100 mil habitantes. ● Estima-se que as tentativas de suicídio sejam 30 vezes superiores ao ato letal em si→ 1 em 3 morrem Epidemiologia ● 11.000 pessoas tiraram a própria vida, ou seja a cada dia 30 brasileiros cometem suicidio. ● O suicídio é a quarta maior causa de morte na faixa etária de 15 à 29 anos ● Os que foram hospitalizados em algum momento do seu tratamento têm 10 vezes mais chance de cometer suicídio que aqueles que realizaram todo o tratamento de forma ambulatorial. ● Principal fator preditor de risco de suicídio é uma tentativa anterior ● A cada hora, mais de uma morte por suicídio é registrada no Brasil. ● Entre os adultos, as doenças mais associadas ao suicídio são o transtorno bipolar, a depressão unipolar, o transtorno por uso de substâncias, a esquizofrenia e os transtornos da personalidade. ● Em adolescentes, cresce a importância do transtorno do estresse pós-traumático e dos transtornos de ansiedade. ● Dados do Ministério da Saúde revelam que a taxa de mortalidade por suicido tem aumentado, atingindo 5,7 por 100 mil habitantes. 6 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● O suicídio ocupa o posto de quarta maior causa morte entre a população de 15 a 29 anos, sendo a terceira causa entre os homens dessa mesma faixa etária. ● A cada hora, mais de uma morte por suicídio é registrada no Brasil. Somando-se os dados mundiais, esse número é de uma morte a cada 40 segundos Diferenças entre o comportamento de homens e mulheres: ● A maior parte dos suicídios ocorre entre os homens→ 79% dos casos, contra 21% das mulheres, no período entre 2011 e 2016. ● 69% das tentativas foram executadas por mulheres.→ explicado pela letalidade dos métodos utilizados. ● Os homens utilizam mais frequentemente métodos como enforcamento, arma de fogo ou pular de grandes alturas, enquanto as mulheres tentam mais frequentemente por intoxicação medicamentosa ou envenenamento. Fatores de risco→ Sad Person ● S: Male sex→ 1 ● A: Age 15-25 or 59+ years→ 1 ● D: Depression or hopelessness→ 2 ● P: Previous suicidal attempts or psychiatric care→ 1 ● E: Excessive etha ul or drug use→ 1 ● R: Rational thinking loss (psychotic or organic illness) → 2 ● S: Single, widowed or divorced→ 1 ● O: Organized or serious attempt→ 2 ● N: No social support→ 1 ● S: Stated future intent (determined to repeat or ambivalent)→ 2 ● This score is then mapped onto a risk assessment scale as follows: ● 0-5 → May be safe to discharge (depending upon circumstances) ● 6-8→Probably requires psychiatric consultation ● >8→Probably requires hospital admission Fatores de risco em português ● Histórico familiar ou pessoal prévio de transtorno mental ● Agitação ● Ansiedade grave ● Insônia● Perda recente ● Crise pessoal ou causa para vergonha ● Falta de um tto psiquiátrico ativo e mantido ● Idade avançada e adolescentes ● Doença crônica/grave ● Falta ou perda de apoio social ● Encarceramento ● Autolesão não suicida associada a maior frequência de autolesões, desesperança, transtorno da personalidade borderline, impulsividade, TEPT ou depressão ● Baixa função serotonérgica ● Baixa percepção e compreensão de si mesmo ● Bullying ● Desemprego ● Desesperança ● Dificuldades de orientação sexual ● Dor física ● Esquizofrenia 7 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Exposição a pensamentos e comportamentos autolesivos de outras pessoas próximas ● Fatores genéticos* ● Fraca relação com a família ● Frustração ● História familiar de pensamentos ou comportamentos autolesivos ● Ideação de suicídio e planos de suicídio ● Impulsividade ● Maus-tratos na infância ● Não tratamento de doença mental ● Negligência física ● Neuroticismo ● Níveis mais altos de cortisol para pessoas com menos de 40 anos ● Obesidade ● Ruminação ● Ser vítima de violência, principalmente abuso sexual ● Tentativas de suicídio anteriores ● TEPT ● Transtorno dimórfico corporal ● Transtorno psicótico ● Transtornos do humor (bipolar ou depressão) ● Transtornos do sono ● Uso de substâncias (independentemente do padrão) Fatores de proteção ● Conexão com a escola ● Qualidade de sono satisfatória ● Religiosidade ● Tratamento antidepressivo para pacientes com depressão (principalmente adultos e idosos) ● Tratamento com clozapina, na esquizofrenia, e no transtorno esquizoafetivo Avaliação clínica A avaliação da frequência, intensidade e duração do pensamento suicida pode providenciar pistas do risco atual de um dado paciente. ● Ideias de morte ● Ideias de suicídio ● Planos de como se matar ● Pesquisa do poder letal, meios e lugares ● Providências Pós-morte ● Grave→ internação voluntária ou involuntária ● Leve → encaminhamento para seguimento ambulatorial ● Moderado → dependerá da situação e de como o profissional sentir em relação à conduta. Encaminhamento " quem, onde e quando" Além da avaliação do comportamento suicida, cabe ao médico a avaliação dos fatores de risco e proteção. ● Ponto-chave que definirá a conduta a ser tomada. ● Anamnese direcionada: 8 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ○ O paciente precisará ser internado ou poderá dar continuidade ao tratamento de forma ambulatorial? ○ O paciente precisará ser avaliado por um psiquiatra ainda no departamento de emergência? ○ A resposta a essas questões será obtida por meio da avaliação do comportamento suicida e dos principais fatores de risco e proteção daquele indivíduo. Alguns pacientes com ideação suicida podem esconder deliberadamente essas informações. ● Se houver insegurança → manter o pcte em observação → reavaliar em diferentes momentos e por diferentes profissionais. ● É preciso que o paciente mantenha um discurso e comportamentos coerentes e estáveis ao longo do tempo a fim de que avaliação seja confiável. Outro fator importante na avaliação do risco de suicídio é a obtenção da história objetiva, aquela que é obtida através de familiares ou cuidadores. ● Informações sobre o comportamento e discurso do paciente no ambiente domiciliar. Exames laboratoriais e de imagem ● Não há exames específicos, sejam laboratoriais ou de imagem, que precisem ser solicitados ● Para a emergência a avaliação complementar é a interconsulta psiquiátrica. → decidir, baseado no comportamento suicida e nos fatores de risco e proteção, se o paciente precisará de uma avaliação complementar do especialista ainda no departamento de emergência. Tratamento Critérios para internação→ alto risco de suicídio ● Ocorre quando os fatores de risco superam os de proteção para aquele indivíduo. ● Ideação suicida e/ou planejamento suicida ● Transtorno psiquiátrico grave → paciente psicótico, depressão grave, transtorno de ansiedade grave ● Baixo suporte social 9 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ● Tentativa violenta, quase fatal ou premeditada, com precauções de resgate. Se o sofrimento aumentar ou o paciente se arrepender de ter sobrevivido ● Paciente do sexo masculino, acima de 45 anos, especialmente com início recente de doença psiquiátrica ou pensamento suicida ● Comportamento impulsivo atual, agitação grave, crítica comprometida ou recusa de ajuda evidentes ● Se o paciente tiver mudança no estado mental com uma etiologia metabólica, tóxica, infecciosa ou de outra natureza que exige mais exames em instalações estruturadas 👪 Quando internado, o paciente deve estar preferencialmente acompanhado em tempo integral por um familiar ou cuidador. ● É difícil manter a vigilância 24h só c/ a equipe do hosp 🍴 A depender da gravidade e do histórico de automutilação, pode-se solicitar que sejam fornecidos apenas talheres plásticos e sem corte, por exemplo, e, em pacientes com alto risco, solicitar que objetos como cintos ou cadarços fiquem retidos com a equipe de saúde durante a internação. 📜 O plano terapêutico é reformulado diariamente durante a evolução do psiquiatra e muitos pacientes recebem alta do departamento de emergência após um período de horas a dias de observação, sem que sejam encaminhados para internação em hospital psiquiátrico ou em leito psiquiátrico de hospital geral. Critérios para tratamento ambulatorial ● O paciente que não apresentar critérios para internação pode receber alta do departamento de emergência com encaminhamento para avaliação psiquiátrica ambulatorial🙃 ● O paciente com comportamento suicida deve receber alta acompanhado de um responsável. ○ Ainda que o risco de suicídio seja baixo, esse procedimento garante que outro indivíduo irá auxiliar o paciente a procurar tratamento necessário e cobrar sua aderência. ● Além disso, o familiar ou cuidador ficará também responsável por exercer alguma vigilância sobre o paciente nos dias seguintes ao atendimento e por assegurar que as medicações estejam guardadas em local seguro. ● Outras orientações na alta incluem guardar objetos que possam servir ao suicídio ou automutilação, como facas, armas de fogo e cordas. Devo ou não prescrever medicações psiquiátricas como antidepressivos ou hipnóticos na alta?? ● Se o paciente já estiver em tratamento psiquiátrico e em uso de medicação, é recomendável manter a medicação e orientar que solicite um retorno ambulatorial mais precoce. ● No caso de pacientes que pararam abruptamente o uso da medicação, mas estavam prescritos anteriormente, refazer as receitas e entregá-las a um cuidador responsável por administrá-las. ● Para os pacientes que estiverem pela primeira vez no serviço ou que estão há muitos meses sem acompanhamento para o transtorno psiquiátrico, deve-se evitar prescrever medicações antes da avaliação especializada, que deve ser antecipada da forma mais breve possível. ○ Se necessário pq atendimento especializado demora ou ñ tem posto perto → necessário iniciar um tratamento adequado de acordo com o diagnóstico, para evitar que o paciente fique sem tratamento por longo período após a alta, porém essa conduta deve ser considerada de exceção. Seguimento ● Pacientes que apresentam comportamento suicida, independentemente da gravidade do quadro ou do risco de suicídio atual, devem estar em seguimento especializado. ● Quando o paciente for de alta do departamento de emergência ele deve necessariamente ser encaminhado ao psiquiatra ou a USF → prosseguimento ao tratamento, julgando posteriormente ser necessário ou não acompanhamento psiquiátrico ambulatorial Plano de segurança ● 1ᵃ semana: ○ Explicação do programa ao paciente e estabelecimento de relacionamento. ○ Obtenção da história → comportamento psiquiátri co e suicida ○ Avaliação do estado atual → risco de suicídio, psiquiátrico, cuidadores. ○ Se necessário, desenvolvimento/revisão do Plano de Segurança. ○ Trabalho com o paciente na construção de valorese no começo de uma vida baseada nesses valores. ● 2ᵃ semana: 10 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA ○ Avaliação do estado atual do paciente→ risco de suicídio, aumento dos sintomas psíquicos e identificação de provedores de tratamento e adesão ○ Se necessário, revisão do Plano de Segurança. ○ Continuação da discussão sobre a vida baseada em valores. ○ Ajuda ao paciente no desenvolvimento de um “Plano de Vida” para monitorar e reduzir ou eliminar os fatores de risco potenciais identificados. ○ Obtenção de permissão do paciente para entrar em contato com outras pessoas significativas, bem como dos dados necessários para tal contato. ○ Ênfase na importância do monitoramento colaborativo e da resolução de problemas com outras pessoas importantes. ● 3ᵃ semana: ○ Explicação do programa ao paciente e estabelecimento de relacionamento. ○ Levantamento de outras preocupações em relação ao paciente. ○ Realização de psicoeducação breve em relação ao suicídio e fatores de risco. ○ Apresentação de plano de vida/segurança a outras pessoas. ● 4ᵃ, 10ᵃ, 22ᵃ, 34ᵃ e 48ᵃ semanas: ○ Avaliação do risco de suicídio e da presença de sintomas psiquiátricos. ○ Revisão do Plano de Segurança e adesão do paciente ao tratamento. ○ Discussão/resolução informal dos problemas/fatores de risco identificados. ● 8ᵃ, 20ᵃ e 32ᵃ semanas: ○ Revisão de outras preocupações e percepções significativas do paciente. ○ Revisão do Plano de Segurança e adesão do paciente ao tratamento. ○ Discussão/resolução informal dos problemas/fatores de risco identificados. ● O momento em que o indivíduo chega ao serviço por compor tamento suicida, independentemente de o momento ser de curta duração, pode representar uma oportunidade de reflexão e aprendizagem, durante a qual o indivíduo pode estar mais suscetível à discussão sobre o Plano de Segurança e outras intervenções específicas para ele. ● Um Plano de Segurança deve incluir a eliminação do acesso a armas de fogo e a outros meios de suicídio, incluindo objetos cortantes, mangueiras, cordas ou fios, e a garantia de armazenamento ou distribuição segura de medicamentos como alta prioridade. Psicoterapias: ● Não há abordagem psicoterápica que substitua por si só o tratamento individualizado e o seguimento dentro do Plano de Segurança. 11 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Transtorno Depressivo Maior A importância do TDM nos serviços de emergência se dá nas seguintes situações: ● Paciente sem diagnóstico prévio de TDM, com sintomas depressivos moderados/graves, catatonia ou ideação suicida. ● Pacientes que já possuem diagnóstico de TDM e que chegam ao serviço com alguma emergência psiquiátrica ou clínica → cabe o manejo de situações como ideação suicida e efeitos colaterais relacionados aos psicofármacos. Catatonia→DSM-5 ● Ao menos três dos seguintes critérios devem estar presentes para o diagnóstico: ○ Estupor→ ausência de atividade motora ○ Catalepsia → indução passiva de uma postura mantida contra a gravidade ○ Flexibilidade cérea → resistência leve ao posicionamento pelo examinador ○ Mutismo ○ Negativismo → oposição ou resposta ausente a instruções ou a estímulos externos ○ Postura → manutenção espontânea e ativa de uma postura contrária a gravidade ○ Maneirismo → caricatura esquisita e circunstancial de situações normais ○ Estereotipia → movimentos repetitivos, anormalmente frequentes e não voltados a metas ○ Agitação não influenciada por estímulos externos, caretas, ecolalias e ecopraxia (imitação dos movimentos de outra pessoa). Exames laboratoriais e de imagem→ considerar em: ● Pacientes com primeiro episódio depressivo, independentemente da idade. ● Pacientes com sintomatologia psicótica. ● Pacientes após tentativa de suicídio. ● Pacientes idosos, independentemente da gravidade ou sintomatologia psiquiátrica. ● Pacientes com suspeita de comorbidades clínicas, independentemente da sintomatologia psiquiátrica. ● Pacientes com quadros de catatonia. ● Pacientes já em uso de estabilizadores de humor, alguns utilizados como potencializadores na depressão unipolar, e que apresentem sinais e sintomas sugestivos de intoxicação medicamentosa. Tratamento O paciente apresenta alguma emergência clínica (como intoxicação exógena, efeito colateral grave de medicação ou síndrome serotoninérgica) ou psiquiátrica (como catatonia, ideação suicida ou agitação psicomotora)? ● Se a resposta for negativa, o paciente deve ser orientado a procurar seu psiquiatra ambulatorialmente, não havendo condutas a serem tomadas no serviço de emergências. Intoxicação exógena ou efeito colateral grave de medicação ● Deve-se suspender a droga em questão até a reavaliação do psiquiatra. ● Se o paciente estiver estável, essa avaliação pode ser feita ambulatorialmente de maneira precoce, mas caso apresente sintomas depressivos clinicamente significativos, é recomendável que seja reavaliado pelo psiquiatra antes da alta. ● Nos casos de suspensão da medicação, um cuidado especial deve ser tomado com medicações de meia-vida curta, com destaque para a paroxetina e a venlafaxina, com as quais é frequente a apresentação de uma síndrome de retirada com a suspensão abrupta do uso. ○ Queixa de ansiedade, náuseas, vômitos e prostração → quadro autolimitado → não se estende além de 7 dias, com o seu manejo realizado com o uso de sintomáticos, como benzodiazepínicos e antieméticos. 🚨 Não havendo emergências clínicas ou psiquiátricas, não é recomendado o ajuste das medicações do TDM em um serviço de emergência, ainda que o paciente se queixe de apresentar piora dos sintomas depressivos. 12 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Transtorno Bipolar 13 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA Delirium ● Definido como uma síndrome neurocognitiva marcada pela alteração da consciência (obnubi lação, redução da clareza quanto ao ambiente) e da atenção (redução da capacidade de direcionar, focalizar, manter ou deslocar a atenção) acompanhada de déficit cognitivo (como déficit de memória, desorientação, transtorno da linguagem) que não pode ser explicado por um quadro demencial preexistente. ● A síndrome se desenvolve em curto período, e a intensidade de sintomas tende a flutuar durante o dia. Epidemiologia ● Sua prevalência na comunidade é baixa (1 a 2%), mas aumenta com a idade, chegando a 14% entre pessoas com mais de 85 anos. ● Atinge entre 10 e 30% das pessoas idosas que vão a setores de emergência, e sua presença pode indicar uma doença clínica de base ● A prevalência em pacientes admitidos em hospitais varia de 14 a 24%, com estimativas da incidência dessa condição durante a hospitalização variando de 6 a 56% em hospitais em geral. ● Ocorre em 15 a 53% dos idosos no pós-operatório e em 70 a 87% daqueles em unidades intensivas; em até 60% das pessoas em instituições para idosos ou em locais de atendimento pós-agudo; e em até 83% de todas as pessoas no fim da vida. Fatores de risco ● Ambientais ○ Prejuízo funcional, imobilizações, história de quedas, baixos níveis de atividade e uso de drogas e medicamentos com propriedades psicoativas (em especial, álcool e anticolinérgicos). ● Genéticos e fisiológicos ○ Transtornos neurocognitivos maiores e leves. ○ Em concomitância com demência, é referido como delirium sobreposto à demência (DSD). ● Outros ○ Baixo nível de escolaridade, idade avançada, presença de muitas comorbidades, deficiência visual, imobilidade, história de abuso de álcool, depressão, desnutrição e uso abusivo de opióides e benzodiazepínicos. Avaliação ● Abordagem do paciente deve incluir a identificação de fatores predisponentes e precipitantes, bem como intervenções adequadas visando à resolução do quadro de base. ● O diagnóstico depende de avaliação clínica cuidadosa, envolvendo uma coleta de história ampla (doenças, medicações, início e curso dos sintomas), exames físico, neurológico e psíquico acurados. ○ Pode progredir até estupor, coma, convulsões ou morte, emespecial quando a causa subjacente continua sem tratamento!!!! ● Ver todos os medicamentos pq uma das principais causas de delirium, principalmente em idosos, são medicamentos, seja devido ao uso incorreto das doses prescritas, seja de origem iatrogênica. ● Confusion Assessment Method (CAM)→ instrumento para o diagnóstico de delirium baseado nos critérios da terceira edição do Manual diagnóstico e estatístico de 14 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA transtornos mentais (DSM-III). → avalia nove aspectos do delirium ○ Início abrupto, alteração da atenção, pensamento desorganizado, alteração do nível de consciência, desorientação, prejuízo da memória, dis túrbio da percepção, agitação ou retardo psicomotor e alteração do ciclo sono-vigília. ○ Diagnóstico exige a presença de início agudo e distúrbio da atenção associados a alteração do nível de consciência ou pensamento desorganizado. Abordagem ● Tto dirigido à correção da etiologia, mas também abordando os fatores agravantes. ● A maioria das evidências apoia o uso de haloperidol, sendo as doses mais elevadas associadas a efeitos adversos. Uso e Abuso de Substâncias ● Intoxicações, a síndrome de absti nência, a dependência grave e os sintomas induzidos (como psicose e mania). Intoxicações, ● Prioridade é o suporte de vida, iniciando primeiro pela abordagem clássica da permeabilidade das vias aéreas, respiração, circulação e tratamento de condições clínicas adversas que venham a surgir secundariamente aos efeitos da substância. ● Caso seja pertinente, algumas drogas podem ter seus efeitos amenizados pelo uso de algumas medicações. ● Diagnóstico de outras condições de saúde mental só poderá ser realizado após passadas 48 horas do uso da substância, não sendo prudente o diagnóstico imediato de sintomas psicóticos, maniformes, risco de suicídio, depressão e transtorno ansioso logo na admissão da intoxicação] Síndrome de abstinência ● Algumas substâncias promovem sintomas exacerbados, enquanto outras têm sintomas mais brandos. ● Casos leves geralmente requerem somente orientação (com algumas exceções). ● Casos graves, como o delirium tremens, requerem observação e monitoramento. Dependência ● Casos com preservação da consciência e crítica sem repercussões físicas severas devem ser encaminhados ao ambulatório. ● Casos modera dos, mas com certa colaboração do paciente podem ser encaminhados para centros especializados, como hospital-dia, ambulatórios para dependência química ou centros de atenção psicossocial (CAPS). ● Qualquer encaminhamento deve ocorrer somente após avaliação clínica e do estado mental, de forma cuidadosa, descartando certas emergências ou indicações de internação, como desnutrição grave, infecções, delirium, distúrbios metabólicos, traumas, surtos (psicótico ou maniforme), ideação suicida, cardiopatias, entre outros Independentemente da condição de intoxicação, abstinência, dependência, etc., os pacientes com certo grau de comprometimento nutricional devem sempre receber reposição de tiamina, por VO ou parenteral, antes de qualquer aporte de glicose para evitar o desenvolvimento de síndrome deWernicke ou futuro desenvolvimento de síndrome de Korsakoff. Sintomas psiquiátricos induzidos, como mania e psicose, devem receber o tratamento específico, além da abordagem relacionada ao abuso de substância. 15 Sandy Vanessa Med 08 - UFPE-CAA 16
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