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Divisões do SNC e Anatomia da Medula Espinhal

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1 Divisões do SNC e Anatomia da Medula Espinhal Gabriella Almeida XXIV 
Divisões (Anatômica, Embriológica 
e Funcional) do SNC e Telencéfalo 
FILOGÊNESE DO SISTEMA NERVOSO 
Objetivos: 
• Compreender alguns aspectos da filogênese do 
SN. 
• Reconhecer a evolução dos três neurônios 
fundamentais. 
 
 Os seres vivos devem continuamente se ajustar 
ao meio ambiente para sobreviver. 
 Três propriedades do protoplasma são 
especialmente importantes: 
o Irritabilidade: 
o Condutibilidade 
o Contratilidade. 
o A irritabilidade permite a uma células 
detectar as modificações do meio ambiente. 
Uma célula é sensível a um estímulo quando 
ela reage a ele, por exemplo, dando origem 
a um impulso que é conduzido através do 
protoplasma (condutibilidade), 
determinando uma resposta em outra parte 
da célula. Esta resposta pode se manifestar 
por um encurtamento da célula 
(contratilidade), visando fugir de um 
estímulo nocivo. 
 
 Células Nervosas Unipolares: com um só 
prolongamento denominado axônio, o qual faz 
contato com células musculares situadas mais 
internamente. Na extremidade dessas células 
nervosas localizadas na superfície, desenvolveu-
se uma formação especial denominada receptor. 
O receptor transforma vários tipos de estímulos 
físicos ou químicos em impulsos nervosos, que 
podem, então, ser transmitidos ao efetuador, 
músculo ou glândula. 
 
 
 
 
 Neurônios sensitivos ou aferentes: Neurônios, 
fibras ou feixes de fibras que trazem impulsos a 
uma determinada área do SN (“o que entra”). 
 Neurônios motores ou eferentes: Neurônios que 
levam impulsos desta área (“o que sai de uma 
determinada área do SN”). 
 Neurônio de associação (ou internuncial): faz 
associação de um segmento com outro. 
 
 
 
 
 
 O homem possui o cérebro mais hierarquizado e 
mais diferenciado do mundo animal. 
 
 
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 Filogeneticamente segue a seguinte divisão: 
o Reptiliano: Funções biológicas vitais como 
sono, vigilância, atenção, alerta e respostas 
reflexas. 
o Paleomamífero: Herança dos mamíferos 
inferiores como sensibilidade protopática e 
o sistema límbico que regulam os 
comportamentos de sobrevivência e 
reprodução. Além das funções pré-
alimentares através da procura-fufa, de 
defesa-ataque. 
o Neomamífero: Segundo Rosenthal, o 
neocórtex que é a estrutura mais organizada 
e estruturada, permite uma sensibilidade 
gnóstica e uma programação da motricidade 
voluntária da linguagem. 
 Qualquer sistema nervoso, que se trate de um 
invertebrado ou de um vertebrado, possui um 
conjunto de células com funções receptoras que 
recebem os diferentes tipos de estímulos 
(aferentes), de células que enviam respostas aos 
diversos tipos de músculos (eferentes) e células 
que interligam estas chamadas associativas. 
 Dos peixes aos mamíferos, passando pelos 
anfíbios, pelos répteis e pelas aves, vamos 
observar células diferenciando e se 
compexificando. 
 
 
 
 
Reflexo nos Vertebrados: 
 Reflexo intrasegmentar 
 Reflexo intersegmentar 
 
Evolução dos três neurônios fundamentais do SN 
 Neurônio Aferente (ou sensitivo): Durante a 
filogênese houve uma tendência de centralização 
do corpo do neurônio sensitivo. Essa tendência 
provavelmente resultou da seleção natural, já 
que a posição do corpo de um neurônio na 
superfície não é vantajosa. Ele fica mais sujeito a 
lesões e, ao contrário do axônio, que pode se 
regenerar, as lesões do corpo de um neurônio são 
irreversíveis. 
 
 
 Neurônio eferente (ou motor): O impulso 
eferente determina uma contração ou uma 
secreção. O corpo do neurônio eferente surgiu 
dentro do SNC e a maioria deles permaneceu 
nessa posição durante toda a evolução. Contudo, 
os neurônios eferentes que inervam os músculos 
lisos, músculos cardíacos ou glândulas têm seus 
corpos fora do SNC, em estruturas que são os 
gânglios viscerais. Estes neurônios (pós-
ganglionares) pertencem ao SNA. Já os neurônios 
eferentes que inervam músculos estriados 
esqueléticos, têm seu corpo sempre dentro do 
SNC e são, por exemplo, os neurônios motores 
situados na parte anterior da medula espinhal. 
 
 Neurônio de Associação: O corpo do neurônio de 
associação permaneceu sempre dentro do SNC e 
seu número aumentou muito durante a 
evolução. Este aumento foi maior na 
extremidade anterior dos animais. O encéfalo 
aumentou consideravelmente durante a 
filogênese dos vertebrados atingindo o máximo 
de desenvolvimento no encéfalo humano. 
o Os neurônios de associação constituem a 
grande maioria dos neurônios existentes no 
SNC dos vertebrados, e recebem vários 
nomes. 
o Em relação aos neurônios de associação 
localizados no encéfalo, surgiram as funções 
psíquicas superiores. Chegamos assim, ao 
ápice da evolução do SN, que é o cérebro do 
homem, com cerca de 86 bilhões de 
neurônios, e é a estrutura mais complexa do 
universo biológico conhecido. 
 
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DIVISÕES DO SNC 
Objetivos: 
• Compreender a disposição anatômica do SN do 
adulto. 
• Compreender a divisão do SN com base nos 
critérios embriológicos, anatômicos e funcionais. 
 
 
 
Formação do SN: 
 Dos três folhetos embrionários, é o ectoderma 
que está em contato com o meio externo e é 
desse folheto que se origina o SN. 
 O primeiro indício de formação do SN consiste 
em um espessamento do ectoderma, situado 
acima da notocorda, formando a chamada placa 
neural por volta do 20º dia de gestação. 
 Para a formação da placa e subsequente 
formação e desenvolvimento do tubo neural, tem 
importante papel a ação indutora da notocorda. 
A notocorda se degenera quase completamente, 
persistindo uma pequena parte que forma o 
núcleo pulposo das vértebras. 
 A placa neural cresce progressivamente, torna-se 
mais espessa e adquire um sulco longitudinal 
denominado sulco neural, que se aprofunda para 
formar a goteira neural. 
 Os lábios da goteira neural se fundem para 
formar o tubo neural. 
 
 
 O ectoderma não diferenciado se fecha sobre o 
tubo neural, isolando-o, assim, do meio externo. 
No ponto em que esse ectoderma encontra os 
lábios da goteira neural, desenvolvem-se células 
que formam de cada lado uma lâmina 
longitudinal denominada crista neural, situada 
dorsolateralmente ao tubo neural. 
 O tubo neural dá origem a elementos do SNC. 
 A crista neural dá origem a elementos do SNP, 
além de elementos não pertencentes ao SN. 
 
Placa Neural → Sulco Neural → Goteira Neural 
 → Tubo neural e Crista Neural 
 
 
 
CRISTA NEURAL: 
 As cristas neurais são contínuas no sentido 
craniocaudal, mas logo se dividem dando 
origem a diversos fragmentos, que vão 
formar os gânglios espinhais, situados na raiz 
dorsal dos nervos espinhais. 
 Neles se diferenciam os neurônios sensitivos, 
pseudounipolares, cujos prolongamentos 
centrais se ligam ao tubo neural, enquanto os 
prolongamentos periféricos se ligam aos 
dermátomos dos somitos. 
 Elementos derivados da crista neural: 
o Gânglios sensitivos; 
o Gânglios do Sistema Nervoso Autônomo; 
o Medula da glândula suprarrenal; 
o Células de Schwann e outras. 
 
 
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TUBO NEURAL: 
 O fechamento da goteira neural e a fusão do 
ectoderma não diferenciado é um processo 
que de inicia no meio da goteira neural e é 
mais lento em suas extremidades. Assim, em 
uma determinada idade, temos tubo neural 
no meio do embrião e goteira nas 
extremidades. 
 O neuróporo rostral e o neuróporo caudal 
são as últimas partes do SN a se fechar. 
 
Fechamento do Tubo Neural:
 
 
 Paredes do Tubo Neural: 
o O crescimento das paredes do tubo 
neural e a diferenciação das células 
nesta parede não são uniformes, dando 
origem às seguintes formações: 
▪ Duas lâminas alares;▪ Duas lâminas basais; 
▪ Uma lâmina do assoalho; 
▪ Uma lâmina do teto. 
 
 
 Dilatações do tubo neural: 
o Desde o início de sua formação, o calibre 
do tubo neural não é uniforme. 
o A parte cranial, que dá origem ao 
encéfalo do adulto, torna-se dilatada e 
constitui o encéfalo primitivo, ou 
arquencéfalo: a parte caudal, que dá 
origem à medula do adulto, permanece 
com calibre uniforme e constitui a 
medula primitiva do embrião. 
 
 
 
 
 
 Cavidades do tubo neural: 
o A luz do tubo neural permanece no SN do 
adulto, sofrendo em algumas partes 
várias modificações. 
 
5 Divisões do SNC e Anatomia da Medula Espinhal Gabriella Almeida XXIV 
o A luz da medula primitiva forma, no 
adulto, o canal central da medula, ou 
canal do epêndima, que no homem é 
muito estreito e parcialmente 
obliterado. 
o A cavidade dilatada do rombencéfalo 
forma o IV ventrículo. 
o As cavidades do diencéfalo e da parte 
mediana do telencéfalo formam o III 
ventrículo. 
o A luz do mesencéfalo permanece 
estreita e constitui o aqueduto cerebral 
que une o III ao IV ventrículos. 
o A luz das vesículas telencefálicas laterais 
forma, de cada lado, os ventrículos 
laterais, unidos ao III ventrículo pelos 
dois forames interventriculares. 
o Todas essas cavidades são revestidas por 
um epitélio cuboidal denominado 
epêndima e, com exceção do canal 
central da medula, contêm o 
denominado líquido cérebro-espinhal, 
ou líquor. 
 
 Correlações Anatomoclínicas: 
o O período fetal é importantíssimo para a 
formação e desenvolvimento do SNC. 
Fatores externos como substâncias 
teratogênicas, irradiação, alguns 
medicamentos, álcool, drogas e 
infecções congênitas podem afetar 
diretamente as diversas etapas deste 
desenvolvimento. 
o Quando ocorrem no primeiro trimestre 
de gestação podem afetar a proliferação 
neuronal, resultando na redução do 
número de neurônios e microcefalia. 
o No segundo ou terceiro trimestres 
podem interferir na fase de organização 
neuronal, redução do número de 
sinapses e ocasionar quadros de atraso 
no desenvolvimento neuropsicomotor e 
retardo mental. 
o A desnutrição materna ou nos primeiros 
anos de vida da criança, agravada pela 
falta de estímulos do ambiente, pode 
interferir de maneira direta no processo 
de mielinização. Esta etapa está 
diretamente relacionada à aquisição de 
habilidades e ao desenvolvimento 
neuropsicomotor normal da criança, a 
qual poderá sofrer atrasos muitas vezes 
irreversíveis. 
 
 Defeitos de Fechamento: 
o O fechamento da goteira neural para 
formar o tubo neural é uma etapa 
importante para o desenvolvimento do 
SN, e ocorre muito precocemente na 
gestação (22 dias). 
o Os defeitos do fechamento do tubo 
neural são 1 em 500 nascimentos, e 
ocasionam grave comprometimento 
funcional. 
o Falhas no fechamento da porção 
posterior ocasionam malformações, tais 
como as espinhas bífidas e as 
mielomeningocele. 
o Na espinha bífida, a meninge dura-
máter e a medula são normais. A porção 
dorsal da vértebra, no entanto, não está 
fechada. (Quadro geralmente 
assintomático). 
o Nas meningoceles ocorre um déficit 
ósseo maior. A dura-máter sobressai 
como um balão e necessita de correção 
cirúrgica. 
o Na mielomeningocele, além da dura-
máter, parte da medula e das raízes 
nervosas é envolvida. Mesmo após a 
correção cirúrgica, irão permanecer 
déficits neurológicos variáveis de acordo 
com o nível e extensão da lesão. Podem 
ocorrer desde distúrbios no controle 
vesical até a paraplegia. 
o O fechamento da porção anterior do 
tubo neural é bastante sensível a 
teratógenos ambientais. Sua ação pode 
dar origem a defeitos de fechamento 
muito graves, como a anencefalia, com 
incidência aproximada de 1:1000 
nascimentos. Caracteriza-se pela 
ausência do prosencéfalo e do crânio, e 
é sempre fatal. 
o O uso de ácido fólico de rotina nas 
mulheres com intensão de engravidar 
 
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vem reduzindo a incidência dos 
distúrbios de fechamento do tubo 
neural. 
 
 
 
 
DIVISÕES DO SN COM BASE EM 
CRITÉRIOS: 
 
 ANATÔMICOS: 
 
o SNC (dentro do esqueleto axial – 
cavidade craniana e canal vertebral); 
o SNP (fora do esqueleto axial). 
 
o Encéfalo: Parte do SNC situada dentro 
do crânio; 
o Medula: Se localiza dentro do canal 
vertebral (SNC). 
o Nervos: São cordões esbranquiçados 
que unem o SNC aos órgãos periféricos. 
▪ Cranianos: união com o encéfalo. 
▪ Espinhais: união com a medula. 
▪ Gânglios: dilatações constituídas de 
corpos de neurônios. 
 
 
 EMBRIOLÓGICOS: 
 
o As partes do SNC do adulto recebem o 
nome de vesícula encefálica primordial 
(prosencéfalo, mesencéfalo e 
rombencéfalo). 
 
 
 CRITÉRIOS FUNCIONAIS: 
 
o Vida de relação (somático): 
▪ Relaciona o organismo com o meio 
ambiente. 
▪ Apresenta um componente aferente 
e outro eferente. 
o Vida vegetativa (visceral): 
▪ Relaciona-se com a inervação e 
controle das estruturas viscerais. 
 
 
 SEGMENTAÇÃO OU METAMERIA: 
o SN segmentar: 
▪ Todo o SNP; 
▪ Medula espinhal; 
▪ Tronco encefálico. 
o SN suprassegmentar: 
▪ Cérebro; 
▪ Cerebelo. 
 
 
 
 
 
 
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