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Constitucionalismo ● Origem Segundo Karl loewenstein, o constitucionalismo teve sua fase inicial com o povo hebreu. Segundo ele, naquela época partiram as primeiras manifestações baseadas na ideia de limitação do poder absoluto. No regime teocrático dos hebreus, o detentor do poder (rei), não possuía um poder absoluto, sendo limitado pela lei de Deus, a qual todos eram submetidos de forma igualitária. ● Conceito O constitucionalismo não foi um movimento à favor da elaboração de constituições, tendo em vista que, se há Estado (Sociedade politicamente organizada) há uma constituição. Além disso, o movimento do constitucionalismo antecedeu à existência de constituições escritas, tendo em vista que as constituições surgiram a partir do século XVII, enquanto o constitucionalismo teve suas primeiras fases na antiguidade. O constitucionalismo é um movimento histórico, político e filosófico que reivindicou um modelo de governo sustentado por duas colunas, a limitação do poder dos governantes e o respeito aos direitos dos governados, principalmente a liberdade. Sendo assim, o constitucionalismo tinha como objetivo fazer com que os direitos formais dispostos nas constituições, fossem devidamente assegurados e aplicados. Além disso, o movimento tinha como objetivo fazer com que as constituições tivessem preceitos que assegurassem a limitação do poder estatal. ● Desenvolvimento - Constitucionalismo antigo (Todo esquema de organização político - jurídica que precedeu o constitucionalismo moderno, como o constitucionalismo hebreu, grego, romano e inglês.) Grécia ➡ Foi nas cidades - estado gregas que surgiu a democracia direta. Roma ➡ Na república romana surgiu a ideia de separação de poderes, conhecidos como sistema de freios e contrapesos, que dividia e limitava o poder político. - Constitucionalismo medieval Magna carta. 1215. ➡ Foi na medievalidade que ocorreu a assinatura da magna charta libertatum, de 1215. Essa declaração foi de suma importância, visto que seu texto garantia várias liberdades como, o devido processo legal, a liberdade de locomoção e a garantia da propriedade. - Constitucionalismo moderno (Aspiração a uma constituição escrita que assegura a separação de poderes e os direitos fundamentais, como forma de se opor ao poder absoluto.) Constitucionalismo inglês 1628. Petition of rights. 1679. Habeas corpus act. 1689. Bill of rights. Constitucionalismo norte-americano 1776. Independência das 13 colônias britânicas na América. 1787. Constituição americana. 1° constituição escrita e rígida. A fim de se tornarem uma federação, foi necessário que fosse redigido um documento que formalizasse a união indissolúvel entre os Estados que seriam dotados apenas de autonomia. Constitucionalismo francês Marcado por ideias que foram influenciadas por pensadores contratualistas ingleses como Locke. Tais ideias contratualistas defendiam a separação e controle do poder. 1791. Constituição francesa inspirada na constituição americana. Prezava a liberdade, igualdade e fraternidade. Foi na modernidade, que surgiu o Estado liberal , o qual após a primeira guerra passou a ser Estado social. Constituições sociais: 1917. Constituição mexicana 1919. Constituição alemã de Weimar 1934. Constituição Brasileira -Neoconstitucionalismo O Neoconstitucionalismo se trata de um novo pensamento constitucional voltado a reconhecer a supremacia material e axiológica da constituição, cujo conteúdo dotado de força normativa e expansiva, passou a condicionar a validade e a compreensão de todo o direito e a estabelecer deveres de atuação para os órgão de direção política. Até meados de segunda guerra existia apenas o Estado legislativo de direito que tinha como base o princípio da legalidade para legitimar e validar o direito. Após o genocídio realizado pelos nazistas do governo socialista alemão, que exterminou milhões de judeus, ficou claro que o Estado legislativo de direito fracassou, tendo em vista que todas essas atrocidades eram justificadas pelo princípio da legalidade, ou seja, tudo o que era formalizado como lei era legítimo e válido. Daí surgiu o Estado constitucional de direito Com o Estado constitucional de direito, as condições para validade das leis não dependiam apenas da sua forma de produção, mas da sua compatibilidade com os princípios e valores constitucionais. As constituições também passaram a ser complementadas com valores fundamentais como a dignidade da pessoa humana, liberdade, igualdade, valores morais, democráticos entre outros. Nessa fase, o princípio da legalidade sai do centro do sistema normativo, dando lugar ao princípio da constitucionalidade, tendo em vista que a constituição passaria a ter supremacia material, eficácia jurídica vinculante e obrigatória. O Neoconstitucionalismo começou, na Europa com a constituição alemã de 1949, e no Brasil com a constituição cidadã de 1988. ● Marcos do neoconstitucionalismo Marco histórico ➡ Pós 2° guerra mundial. Formação do Estado constitucional de direito. Marco filosófico ➡ Pós positivismo. As normas passaram a ter conteúdo baseado nos direitos fundamentais e houve uma aproximação entre direito e ética. O direito passou a ser material Marco teórico ➡ Normatividade (Aplicação) direta das constituições. Supremacia da constituição. As leis passaram a depender da sua consonância com a constituição. Houve o fortalecimento e expansão da jurisdição constitucional, o que fortaleceu a proteção dos direitos fundamentais. Teoria da constituição ● O que é? É a conformação política, jurídica e social de uma organização estatal. Se trata de um conjunto de normas jurídicas supremas que estabelecem os fundamentos de organização do Estado e da sociedade, dispondo e regulando a forma de estado, a forma e o sistema de governo, seu regime político, limites de atuação, responsabilidades do dirigente, entre outros, fixando uma declaração de direitos e garantias fundamentais e as principais regras de convivência A constituição de um Estado não deve ser reduzida apenas ao sentido de lei fundamental, visto que possui outros sentidos importantes. ● Sentidos da constituição Sentido sociológico (Ferdinand Lassale) ➡ Para Lassale, a verdadeira constituição emerge dos fatos sociais. Trata-se da soma dos fatores reais do poder que regem uma determinada sociedade. É a sociedade que determina e constrói a constituição. Segundo Lassale, essa constituição que vem da sociedade é real e efetiva e não deve se confundir com a constituição jurídica. A constituição jurídica deve estar em consonância com a constituição real, caso contrário, ela se tornaria um mero pedaço de papel sem valor. Sentido Político (Carl Schmitt) ➡ Para Schmitt, a constituição era a vontade do povo a partir do seu líder. Era a decisão política fundamental tomada pelo povo acerca do modo concreto de existência da sua comunidade. Então, para ele, não importava se a constituição não refletisse os fatores reais de poder da sociedade. Sentido jurídico (Hans Kelsen) ➡ Essa teoria encabeçada por Kelsen tem a constituição como norma fundamental, que deve ser dissociada de qualquer fundamento sociológico, político ou filosófico. Ela possui maior força hierárquica no ordenamento e fundamenta todas as normas infraconstitucionais. Sentido cultural ➡ Para essa teoria o direito é entendido como objeto cultural, pois assim como a cultura, o direito é produto da atividade humana, logo, a constituição também é um objeto cultural, que interage com os demais campos culturais. Segundo Meirelles Teixeira, a constituição se apresenta como expressão da cultura total, em determinado momento histórico, e, em segundo lugar, como elemento configurante das demais partes da cultura, influindo sobre a evolução cultural com determinados sentidos. Para Meirelles, constituição é um conjunto de normas jurídicas fundamentais, condicionadas pela cultura total, e ao mesmo tempo condicionantes desta, emanadas da vontade existencial da unidade política, e reguladoras da existência, estrutura e finsdo Estado e do modo de exercício limites do poder político Classificação das constituições Quanto ao conteúdo: - Material: Se limita a dispor apenas sobre matéria essencialmente constitucional. Seu texto possui apenas aspectos fundamentais e organizacionais do Estado - Formal: Conjunto de normas escritas reunidas em um documento elaborado por uma assembleia constituinte. Seu texto não possui apenas matéria tipicamente constitucional, visto que o que caracteriza o texto como constitucional é sua formalidade. Quanto à forma: - Escrita: Texto constitucional escrito, codificado e sistematizado em um texto único e solene, elaborado por uma assembleia constituinte. - Não escrita ou costumeira: Aquelas cujas normas constitucionais não estão em um texto único, mas podem estar em textos esparsos, costumes e jurisprudências. (ex. const.inglesa) Quanto à origem: - Democrática ou promulgada: Elaborada por representantes legítimos do povo, que compõem por eleição, um órgão constituinte. No Brasil, 4 constituições foram promulgadas, as de 1891, 1934, 1946 1988 - Outorgada: São impostas pelo governante e são elaboradas por um regime autoritário, sem qualquer participação do povo. * Cesaristas: São constituições impostas, mas dependem da ratificação popular por meio de referendo. - Pactuada: Oficializa um compromisso político instável de duas forças políticas opostas. Quanto à estabilidade - Imutável: Não prevê em seu texto nenhuma possibilidade de alteração de suas normas, independentemente das mudanças sociais. - Fixa: Só pode ser alterada pelo poder constituinte originário. - Rígida: Não pode ser alterada com a mesma facilidade que se altera uma lei. Para que haja reforma, existem procedimentos formais rígidos que devem ser cumpridos. - Flexível: Pode ser alterada pelos mesmos procedimentos de alteração das outras leis ordinárias. Não há rigidez no processo de alteração. - Semirrígida ou semiflexível: Parte do seu texto possui rigidez para alteração e outra parte não possui. Ela é parte rígida e parte flexível. Quanto à extensão: - Sintética: Breve, sucinta e reduzida. Regulam apenas os aspectos básicos da organização estatal e aspectos essencialmente constitucionais. - Analítica: Extensas, que disciplinam de forma minuciosa as particularidades do Estado e da sociedade, definindo de forma extensa os fins atribuídos ao Estado. Quanto à finalidade: - Garantia: Garante as liberdades públicas individuais com o objetivo de limitar o poder do Estado. - Dirigente: Estado intervencionista. Possui em seu texto deveres e intervenções que o Estado deve cumprir para com a sociedade. Estabelece ordens ao Estado a fim de alcançar a dignidade material da constituição. Quanto ao modo de elaboração: - Dogmática ou sistemática: Consiste em um documento escrito e sistematizado, elaborado por um órgão constituinte, seguindo os dogmas e ideais fundamentais dominantes na época em que foi escrita - Histórica: Não é escrita. Sua elaboração é lenta e influenciada pelos costumes e mudanças sociais. Se forma seguindo a evolução das tradições de um povo que se protrai no tempo. Quanto à ideologia: - Ortodoxa: Resulta da consagração de uma só ideologia. Ex. constituições da união soviética de 1923, 1936 e 1977 - Eclética ou pluralista: Contempla várias ideologias aparentemente contrapostas, de forma democrática, como ocorreu na assembleia constituinte. Quanto ao modo de ser (ontológica): - Normativa: Possui valor jurídico que domina e regula o processo político e a sociedade. - Nominal: Não possui valor jurídico, portanto não regula os processos sociais e políticos. - Semântica: Não é um instrumento de limitação do poder, mas sim à serviço do poder do governante. Classificação da constituição de 1988: Quanto ao conteúdo: Formal Quanto à forma: Escrita Quanto à origem: Democrática Quanto à estabilidade: Rígida Quanto à finalidade: Dirigente Quanto à elaboração: Dogmática Quanto à ideologia: Eclética Estrutura das constituições ● Preâmbulo Parte introdutória. Sintetiza a carga ideológica da constituição e afirma os valores que por ela serão desempenhados. Apesar do seu conteúdo social e igualitário, ela não possui força normativa. ● Parte dogmática (Artigos 1° a 250) Texto articulado que reúne os direitos civis, políticos, sociais e econômicos por ela veiculados. ● Parte transitória (ADCT) Ato das disposições constitucionais transitórias. Possuem a função de realizar a integração entre a nova ordem constitucional e a que foi substituída e possuem vigência temporária. Elementos da constituição - Visto que as constituições possuem normas com diversas finalidades e de variadas matérias, elas são separadas por elementos, sendo estes: I. Orgânicos: Contidos nas normas que regulam o Estado e o poder estatal (Título III, e IV CF88) II. Limitativos: Formam o catálogo de direitos e garantias fundamentais, que limitam o poder estatal (Art. 5° CF88) III. Sócio ideológicos: Revelam o comportamento das constituições modernas entre o Estado individual e o social. (Direitos sociais, Art. 6° e 7° CF88. títulos VII e VIII CF88) IV. Estabilização constitucional: Visam garantir a solução dos conflitos constitucionais, a defesa da constituição, do Estado e das instituições democráticas. (art. 34/36 intervenção nos estados membros e municípios.) (Art. 60, processo legislativo das emendas constitucionais) Art. 102, I, controle direto de constitucionalidade) V. Elementos formais de aplicabilidade: Prescrevem regras de aplicação das constituições. (Preâmbulo, ADCT) Poder constituinte Manifestação democrática e soberana da vontade do povo de estabelecer os fundamentos de organização do Estado. ● Espécies - Poder constituinte originário: Poder fonte de uma constituição. Possibilita a elaboração de uma nova constituição. - Poder constituinte derivado: Deriva do poder constituinte originário, ou seja a própria constituição habilita a existência do poder constituinte derivado. Existem dois tipos de poder constituinte derivado, são eles: I. Reformador: Se destina à reforma parcial da constituição, que ocorre por meio das emendas constitucionais feitas pelo congresso nacional. II. Decorrente: Atribui autonomia aos estados - membros para criarem sua própria constituição, por meio das assembleias legislativas, que obviamente devem se sujeitar à supremacia da Constituição Federal (Ocorre apenas em federações). ● Características: Poder constituinte originário: - Inicial, pois inaugura uma nova ordem jurídica, revogando a constituição anterior e todas as outras normas infraconstitucionais que sejam incompatíveis com o novo texto. (Poder constituinte e desconstituinte) - Autônomo, cabe apenas ao constituinte fixar os termos em que a nova constituição será estabelecida e qual direito será implantado. - Ilimitado, pois não sofre nenhum tipo de limitação de qualquer tipo na sua elaboração, gozando de soberania. - Incondicionado, visto que não é subordinado a nenhum tipo de formalidade imposto por qualquer outra lei. - Permanente, pois pretende ser eterno Poder constituinte derivado: - Secundário, pois não realiza inovações. - Dependente, visto que o poder constituinte originário que habilita sua existência - Limitado, visto que a constituição lhe impõe diversas limitações. - Derivado, Porque é fundado no poder originário. - Condicionado, pois só pode se manifestar se atender às formalidades impostas pela constituição. - Temporário. ● Limitações ao poder derivado I. Temporais: Aquelas que vedam as reformas durante determinado período de tempo. Exemplo: A constituição do império que proibiu qualquer alteração durante os 4 primeiros anos. II. Circunstanciais: Limita o poder derivado durante a vigência de determinada circunstância. As hipóteses são, quando ocorre intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio, Art. 60 §1° CF/88. III. Materiais ou substanciais: Cláusulas pétreas. Proíbem a reforma de determinadas matérias consideradas relevantes, o que visa proteger o conteúdo mínimodessas matérias, que não deve ser reduzido. Portanto, a reforma dessas matérias pode ocorrer, desde que seja para reforçar o seu conteúdo, nunca para suprimir. Tais limitações ocorrem de forma explícita, expressamente prevista no texto constitucional(Art. 60 §4), ou de forma implícita, que não está prevista expressamente no texto (Titularidade do poder constituinte) Formais: Limitações que estabelecem os parâmetros do poder derivado. Submetem as propostas de emenda constitucional à observância das formalidades do procedimento legislativo previsto na constituição. ● Processo legislativo de emenda à constituição Possui três fases: I. Apresentação das propostas de emenda à constituição (PEC)Art. 60 Deve ser feita por: ⅓ dos deputados federais, ou por ⅓ dos senadores, ou pelo presidente da república, ou por mais da metade das assembleias legislativas da federação. II. Discussão e votação da PEC. A proposta deverá ser discutida e votada em cada casa do congresso nacional, em dois turnos, considerando aprovada se obtiver três quintos dos votos em ambos os turnos. A votação é iniciada na casa em que o processo legislativo foi iniciado. A votação só vai para o segundo turno se tiver quórum de ⅗ no primeiro, além disso, a votação só vai para a outra casa se obtiver a aprovação da primeira. Havendo aprovação pelas duas casas, a proposta se torna uma emenda constitucional, caso não seja aprovada ela será arquivada. III. Promulgação e publicação da EC A promulgação ocorre pelas mesas da câmara dos deputados e do senado com o respectivo número de ordem (Estamos na 131), depois será publicada no Diário oficial da União. ● Mutação constitucional. Poder constituinte difuso. Processo não formal de mudança das constituições rígidas, por meio dos costumes, interpretação judicial e doutrinária. Altera os sentidos, significados e alcance do texto normativo, adaptando o texto constitucional às mudanças e novas realidades sociais. O texto não é alterado, o que muda é o sentido dado ao texto.
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