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1/2 Como a atividade física e sedentarismo afetam a saúde mental dos jovens De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde mental é crucial para o pleno bem- estar dos indivíduos e das sociedades. Portanto, é necessário, desde cedo, como a infância e adolescência, identificar hábitos saudáveis para prevenir o desenvolvimento de transtornos mentais, como depressão ou ansiedade, bem como aumentar os níveis de bem-estar. Deve-se notar que hoje vivemos em uma sociedade cada vez mais sedentária e menos ativa, onde muitos jovens preferem o uso de telas (por exemplo, assistir televisão, jogar videogame ou se conectar à Internet) em vez de jogar no parque ou praticar esportes. Mas que impacto essa mudança de comportamento pode ter na saúde mental dos jovens? Neste contexto, o grupo de pesquisa Profith da Universidade de Granada (UGR) realizou uma revisão sistemática e meta-análise publicada na revista Sports Medicine, com o objetivo de determinar a influência da atividade física e sedentismo na saúde mental dos jovens entre as idades de 2 e 18 anos. María Rodríguez Ayllón, primeira autora do estudo e pesquisadora da Universidade de Granada, enfatiza que a atividade física pode melhorar a saúde mental dos jovens. Embora o efeito pareça relativamente pequeno, poderia ser maior em intervenções bem projetadas e focadas em atender às necessidades dos jovens, promovendo que eles se divirtam e percebem que são fisicamente competentes, ou seja, que sentem que estão bem dados a se mover. Alguns dos mecanismos possíveis através dos quais a atividade física pode melhorar a saúde mental dos jovens são mudanças no cérebro, como aumento do fluxo capilar e sanguíneo, ou a liberação de endorfinas e o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF). Ao mesmo tempo, o estudo sugere que outros mecanismos psicossociais, como o apoio social, que fornece pertencer a um grupo nessas idades, também poderiam explicar essa relação. Os perigos do sedentismo No que diz respeito ao tempo que crianças e adolescentes passam sentados, especificamente usando a tela, observamos que níveis mais altos de sedentarismo estavam associados a maiores sintomas depressivos, além de pior satisfação com a vida e a felicidade, diz María Rodríguez-Ayllón. Estudos futuros que visam analisar a relação entre comportamentos sedentários e saúde mental devem considerar o tipo (ver televisão vs. jogos de vídeo), o contexto (em solo ou com amigos) e o conteúdo (violência versus não-violência) desses comportamentos sedentários. Finalmente, embora os mecanismos pelos quais o sedentismo possa ter um efeito negativo na saúde mental dos jovens não sejam claros, os autores propõem algumas hipóteses. Primeiro, uma vez que diferentes comportamentos sedentários são geralmente realizados sozinhos, o sentimento de solidão e isolamento pode ser parcialmente responsável pelo impacto negativo do sedentismo na saúde mental dos jovens. Em segundo lugar, o comportamento sedentário poderia substituir outros comportamentos 2/2 saudáveis, como a prática de atividade física. Finalmente, alguns comportamentos como o consumo de fast food ou lanches associados a alguns comportamentos sedentários, como assistir televisão, etc., também podem explicar essa relação. Em resumo, os achados deste estudo sugerem que a prática de atividade física tem um efeito positivo na saúde mental dos jovens em idade escolar. Além disso, níveis mais baixos de sedentismo parecem estar associados a uma melhor saúde mental em crianças e adolescentes. No entanto, são necessários mais estudos sobre o tipo, o contexto e o conteúdo de tais comportamentos, aponta o autor. Os pesquisadores pedem às instituições públicas e educacionais que promovam a prática de atividade física regular desde cedo para prevenir o desenvolvimento de transtornos mentais nessas idades. Além disso, eles querem incentivar os pais a controlar que seus filhos durante o tempo de tela não substituem outros comportamentos, como horas de sono ou a prática de atividade física regular.